Post on 22-Nov-2015
Metodologia da Pesquisa CientficaDaniela Erani Monteiro Will
CrditosUniversidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educao Superior a Distncia
ReitorAilton Nazareno Soares
Vice-Reitor Sebastio Salsio Heerdt
Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corra Mximo
Pr-Reitor de Ensino e Pr-Reitor de Pesquisa, Ps-Graduao e InovaoMauri Luiz Heerdt
Pr-Reitora de Administrao AcadmicaMiriam de Ftima Bora Rosa
Pr-Reitor de Desenvolvimento e Inovao InstitucionalValter Alves Schmitz Neto
Diretora do Campus Universitrio de TubaroMilene Pacheco Kindermann
Diretor do Campus Universitrio da Grande FlorianpolisHrcules Nunes de Arajo
Secretria-Geral de EnsinoSolange Antunes de Souza
Diretora do Campus Universitrio UnisulVirtualJucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
Diretor AdjuntoMoacir Heerdt
Secretaria Executiva e CerimonialJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina
Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendona
Assessoria de Relao com Poder Pblico e Foras ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Flix Cardoso Junior
Assessoria DAD - Disciplinas a DistnciaPatrcia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCludia Berh V. da SilvaConceio Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil
Assessoria de Inovao e Qualidade de EADDenia Falco de Bittencourt (Coord.)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani Pandini
Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Jnior (Coord.)Felipe FernandesFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpoTamara Bruna Ferreira da Silva
Coordenao Cursos
Coordenadores de UNADiva Marlia FlemmingMarciel Evangelista CatneoRoberto Iunskovski
Auxiliares de CoordenaoAna Denise Goularte de SouzaCamile Martinelli SilveiraFabiana Lange PatricioTnia Regina Goularte Waltemann
Coordenadores GraduaoAlosio Jos RodriguesAna Lusa MlbertAna Paula R.PachecoArtur Beck NetoBernardino Jos da SilvaCharles Odair Cesconetto da SilvaDilsa MondardoDiva Marlia FlemmingHorcio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanana Baeta NevesJorge Alexandre Nogared CardosoJos Carlos da Silva JuniorJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoJoseane Borges de MirandaLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatneoMaria Cristina Schweitzer VeitMaria da Graa PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaaNlio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrcia FontanellaRoberto IunskovskiRose Clr Estivalete Beche
Vice-Coordenadores GraduaoAdriana Santos RammBernardino Jos da SilvaCatia Melissa Silveira RodriguesHorcio Dutra MelloJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJos Carlos Noronha de OliveiraJos Gabriel da SilvaJos Humberto Dias de ToledoLuciana ManfroiRogrio Santos da CostaRosa Beatriz Madruga PinheiroSergio SellTatiana Lee MarquesValnei Carlos DenardinSmia Mnica Fortunato (Adjunta)
Coordenadores Ps-GraduaoAlosio Jos RodriguesAnelise Leal Vieira CubasBernardino Jos da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora Dayse NunesLetcia Cristina Bizarro BarbosaLuiz Otvio Botelho LentoRoberto IunskovskiRodrigo Nunes LunardelliRogrio Santos da CostaThiago Coelho SoaresVera Rejane Niedersberg Schuhmacher
Gerncia AdministraoAcadmicaAngelita Maral Flores (Gerente)Fernanda Farias
Secretaria de Ensino a DistnciaSamara Josten Flores (Secretria de Ensino)Giane dos Passos (Secretria Acadmica)Adenir Soares JniorAlessandro Alves da SilvaAndra Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceioJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering MartinsLuana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuza Koing ZumblickMaria Jos Rossetti
Marilene de Ftima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosngela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt
Gesto DocumentalLamuni Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosJaliza Thizon de BonaGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarlia Locks Fernandes
Gerncia Administrativa e FinanceiraRenato Andr Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandr PrudncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot Back Thais Helena BonettiValmir Vencio Incio
Gerncia de Ensino, Pesquisa e ExtensoJanana Baeta Neves (Gerente)Aracelli Araldi
Elaborao de ProjetoCarolina Hoeller da Silva BoingVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte
Reconhecimento de CursoMaria de Ftima Martins
ExtensoMaria Cristina Veit (Coord.)
PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)
Ps-GraduaoAnelise Leal Vieira Cubas (Coord.)
BibliotecaSalete Ceclia e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaMarlia Ignacio de EspndolaRenan Felipe Cascaes
Gesto Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)
Capacitao e Assessoria ao DocenteAlessandra de Oliveira (Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane Surian (Capacitao)Elizete De MarcoFabiana PereiraIris de Souza BarrosJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoSimone Zigunovas
Tutoria e SuporteAnderson da Silveira (Ncleo Comunicao)Claudia N. Nascimento (Ncleo Norte-Nordeste)Maria Eugnia F. Celeghin (Ncleo Plos)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDbora Cristina SilveiraEdnia Araujo Alberto (Ncleo Sudeste)Francine Cardoso da SilvaJanaina Conceio (Ncleo Sul)Joice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniKelin BussLiana FerreiraLuiz Antnio PiresMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosMichael Mattar
Patrcia de Souza AmorimPoliana SimaoSchenon Souza Preto
Gerncia de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidticosMrcia Loch (Gerente)
Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Ps/Ext.)Aline Cassol DagaAline PimentelCarmelita SchulzeDaniela Siqueira de MenezesDelma Cristiane MorariEliete de Oliveira CostaElosa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGeovania Japiassu MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJoo Marcos de Souza AlvesLeandro Roman BambergLygia PereiraLis Air FogolariLuiz Henrique Milani QueriquelliMarcelo Tavares de Souza CamposMariana Aparecida dos SantosMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMirian Elizabet Hahmeyer Collares ElpoPmella Rocha Flores da SilvaRafael da Cunha LaraRoberta de Ftima MartinsRoseli Aparecida Rocha MoterleSabrina BleicherVernica Ribas Crcio
Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letcia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria RodriguesVanesa Montagna
Avaliao da aprendizagem Claudia Gabriela DreherJaqueline Cardozo PollaNgila Cristina HinckelSabrina Paula Soares ScarantoThayanny Aparecida B. da Conceio
Gerncia de LogsticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)
Logsitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardo da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens AmorimYslann David Melo Cordeiro
Avaliaes PresenciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti
Gerncia de MarketingEliza B. Dallanhol Locks (Gerente)
Relacionamento com o Mercado Alvaro Jos Souto
Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)Jeferson Pandolfo
Karine Augusta ZanoniMarcia Luz de OliveiraMayara Pereira RosaLuciana Tomado Borguetti
Assuntos JurdicosBruno Lucion RosoSheila Cristina Martins
Marketing EstratgicoRafael Bavaresco Bongiolo
Portal e ComunicaoCatia Melissa Silveira RodriguesAndreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoRafael Pessi
Gerncia de ProduoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias
Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Alberto Regis EliasAlex Sandro XavierAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonalves RibeiroDaiana Ferreira CassanegoDavi PieperDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFernanda FernandesFrederico TrilhaJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaNoemia Souza MesquitaOberdan Porto Leal Piantino
MultimdiaSrgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares LimaJosu Lange
Conferncia (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa
Produo IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)
Gerncia Servio de Ateno Integral ao AcadmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Ana Paula Batista DetniAndr Luiz Portes Carolina Dias DamascenoCleide Incio Goulart SeemanDenise FernandesFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandoJenniffer CamargoJessica da Silva BruchadoJonatas Collao de SouzaJuliana Cardoso da SilvaJuliana Elen TizianKamilla RosaMariana SouzaMarilene Ftima CapeletoMaurcio dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani Trentin
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Universidade do Sul de Santa Catarina
PalhoaUnisulVirtual
2012
Metodologia da Pesquisa Cientfica
Livro Digital
Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul
001.4W67 Will, Daniela Erani Monteiro
Metodologia da pesquisa cientfica : livro digital / Daniela Erani Monteiro Will ; Design instrucional Daniela Erani Monteiro Will; Joo Marcos de Souza Alves 2a Ed. Rev. e atual. Palhoa: UnisulVirtual, 2012.
126 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-208-4
1. Pesquisa - Metodologia. 2. Pesquisa cientfica. 3. Redao tcnica. I. Ttulo.
Copyright UnisulVirtual 2011
Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.
Edio Livro Digital
Professor ConteudistaDaniela Erani Monteiro Will
Design InstrucionalDaniela Erani Monteiro Will Joo Marcos de Souza Alves
Projeto Grfico e CapaEquipe Design Visual
DiagramaoFernanda Fernandes
RevisoDiane Dal Mago
ISBN 978-85-7817-208-4
PalhoaUnisulVirtual
2012
Designer InstrucionalJoo Marcos de Souza Alves
(2a Edio Rev. e atual.)
Daniela Erani Monteiro Will
Metodologia da Pesquisa Cientfica
Livro Digital
7 Apresentao
9 Palavras do professor
11 Plano de Estudo
15 Unidade 1Introduo pesquisa cientfica
39 Unidade 2O planejamento da pesquisa
59 Unidade 3Os tipos de pesquisa e as tcnicas de coleta de dados
95 Unidade 4O desenvolvimento e a comunicao da pesquisa
115 Para concluir os estudos
117 Minicurrculo
119 Respostas e comentrios das atividades de autoaprendizagem e colaborativas
123 Referncias
Sumrio
Caro/a estudante,
O Livro Digital desta disciplina foi organizado didaticamente, de modo a oferecer a
voc, em um nico arquivo pdf, elementos essenciais para o desenvolvimento dos
seus estudos.
Constituem o livro digital:
Palavras do professor (texto de abertura);
Plano de estudo (com ementa, objetivos e contedo programtico da disciplina);
Objetivos, Introduo, Sntese e Saiba mais de cada unidade;
Leituras de autoria do professor conteudista;
Atividades de autoaprendizagem e gabaritos;
Enunciados das atividades colaborativas;
Para concluir estudo (texto de encerramento);
Minicurrculo do professor conteudista;
Referncias.
Lembramos, no entanto, que o Livro Digital no constitui a totalidade do material
didtico da disciplina. Dessa forma, integram o conjunto de materiais de estudo:
webaulas, objetos multimdia, leituras complementares (selecionadas pelo
professor conteudista) e atividades de avaliao (obrigatrias e complementares),
que voc acessa pelo Espao UnisulVirtual de Aprendizagem.
Tais materiais didticos foram construdos especialmente para este curso, levando
em considerao as necessidades da sua formao e aperfeioamento profissional.
Atenciosamente,
Equipe UnisulVirtual
Apresentao
Caro/a ps-graduando/a,
Com a disciplina Metodologia da Pesquisa Cientfica, voc inicia uma importante
etapa do seu curso de especializao. Voc vai aprender como se desenvolve um
projeto de pesquisa cientfica, para que, mais frente, possa desenvolver o seu
trabalho de concluso de curso, em forma de monografia ou artigo cientfico.
Para comear a disciplina, vamos fazer uma reflexo: o que a pesquisa representa
para voc?
Em primeiro lugar, a pesquisa vai ajud-lo/a a compreender o assunto que estar
estudando, de um modo muito melhor do que qualquer outro tipo de trabalho. O
aprendizado das tcnicas de pesquisa e de redao o/a capacitar a trabalhar por
conta prpria mais tarde, pois coletar informaes, organiz-las de modo coerente
e apresent-las de maneira confivel e convincente so habilidades indispensveis
numa poca chamada de Era da Informao.
Em qualquer rea de conhecimento, voc vai precisar das tcnicas que s a
pesquisa capaz de ajud-lo a dominar. As tcnicas de pesquisa e de redao so
tambm importantes para quem utiliza pesquisas de outras pessoas, e, hoje em
dia, isso inclui todos ns. Mais do que nunca, a sociedade precisa de pessoas com
esprito crtico, capazes de examinar uma pesquisa, fazer suas prprias indagaes
e encontrar as respostas.
Ao redigir o seu trabalho de concluso de curso, voc descobrir, em primeira
mo, como o conhecimento se desenvolve a partir das respostas encontradas
por meio da pesquisa.
Mas, para que voc possa desenvolver o seu trabalho de concluso de curso,
primeiramente, torna-se necessrio que aprenda a elaborar um projeto de pesquisa e
todas as demais atividades inerentes ao seu desenvolvimento. Essas so as aes que
sero aprendidas e exercitadas na disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientfica.
Um abrao e bons estudos!
Professora Daniela
Palavras do professor
O plano de estudos visa a orient-lo/a no desenvolvimento da disciplina. Possui
elementos que o/a ajudaro a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o
seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que
se articulam e se complementam, portanto, a construo de competncias se d sobre a
articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.
So elementos desse processo:
o livro digital;
o Espao UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);
as atividades de avaliao (a distncia, presenciais e de autoavaliao);
o Sistema Tutorial.
Objetivo Geral
Oferecer subsdios tericos e metodolgicos relativos ao desenvolvimento de
pesquisa cientfica.
Ementa
Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa. Mtodos e tcnicas de pesquisa
cientfica. A coleta e a anlise dos dados. O projeto de pesquisa.
Plano de Estudo
Ps-graduao
Contedo Programtico/objetivos
A seguir, as unidades que compem o livro digital desta disciplina e os seus
respectivos objetivos. Esses se referem aos resultados que voc dever alcanar
ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o
conjunto de conhecimentos que voc dever possuir para o desenvolvimento de
habilidades e competncias necessrias a esse nvel de estudo.
Unidades de estudo: 4
Unidade 1 Introduo pesquisa cientfica
Nesta unidade, voc ir conhecer melhor as caractersticas da cincia, de forma a
compreender por que a pesquisa cientfica difere das demais formas de pesquisa.
Alm disso, sero apresentados os modelos tericos historicamente utilizados
para fundamentar as pesquisas cientficas, assim como as etapas e caractersticas
do mtodo cientfico.
Unidade 2 O planejamento da pesquisa
Na Unidade 2, voc ir conhecer, em detalhes, a primeira fase do mtodo
cientfico referente ao planejamento da pesquisa. Alm de contemplar as
explicaes acerca dos procedimentos relacionados ao desenvolvimento de um
projeto, a unidade ir abordar, ainda, a classificao das pesquisas quanto ao
nvel de profundidade do estudo.
Unidade 3 Os tipos de pesquisa e as tcnicas de coleta de dados
Vamos conhecer, nesta unidade, quais so os principais tipos de pesquisa
existentes e como podem ser utilizados. Tambm vamos estudar a
caracterizao das pesquisas quanto s tcnicas e aos procedimentos utilizados
para a coleta dos dados.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
Unidade 4 O desenvolvimento e a comunicao da pesquisa
Nesta unidade, sero apresentadas as aes relativas ao desenvolvimento,
aplicao das aes em etapas anteriores. Ser conhecida, ainda, a importncia
da comunicao da pesquisa, assim como os meios e critrios para que tal
comunicao seja efetuada.
Carga horria: 30 horas
Introduo pesquisa cientfica
Objetivos de Aprendizagem Compreender a importncia da pesquisa cientfica.
Conhecer os diferentes modelos tericos que podem ser utilizados como fundamento de uma pesquisa.
Conhecer as diferentes etapas que constituem o desenvolvimento de uma pesquisa cientfica.
Conhecer as principais caractersticas da redao cientfica.
Introduo
Atualmente, o termo pesquisa tem sido utilizado de diversas formas. Mesmo
nas universidades, onde a atividade de pesquisa deveria ser realizada com rigor,
esse termo confundido com uma simples consulta ou leitura de algum material
bibliogrfico. Com o uso intenso e o cotidiano da internet, pesquisar tem sido
empregado crescentemente como sinnimo de busca de informao. Quem
de ns no costuma dizer, por exemplo, Vou fazer uma pesquisa de preos na
internet.? De forma geral, este conceito no est incorreto.
Porm, no que se refere produo de conhecimento cientfico sobre um
determinado tema, a ao de pesquisar deve apresentar algumas caractersticas
prprias. Assim, a pesquisa de carter cientfico diferencia-se das demais formas
de pesquisa.
Nesta unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre as caractersticas do
mtodo da cincia, incluindo a pesquisa e a redao cientfica. Alm disso, sero
apresentados os modelos tericos historicamente utilizados para fundamentar as
pesquisas cientficas.
Unidade 1
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Ps-graduao
Conhecimento cientfico e pesquisa: relao indissocivel
Daniela Erani Monteiro Will
Como voc sabe, os seres humanos produzem diversos tipos de conhecimento,
que so representaes da realidade em um determinado momento histrico.
Portanto, podemos afirmar que a produo de conhecimento social e,
tambm, histrica. Outra caracterstica refere-se coletividade, pois o homem
vive em sociedade e, por isso, o conhecimento por ele produzido nunca
totalmente individual, refletindo, sim, a troca de ideias entre os seus pares.
Podemos dizer, ainda, que o conhecimento produzido pelos seres humanos
transmitido e comunicado dentro de um mesmo grupo e tambm de gerao a
gerao. Essa transmisso possibilita o acmulo de conhecimentos, primordial
para que se d continuidade construo de novos conhecimentos e para que se
questionem os conhecimentos anteriormente produzidos. Assim, podemos dizer,
tambm, que o conhecimento dialtico.
O carter coletivo do conhecimento reflete no s o fato de que o homem no
produz conhecimento sozinho, como o fato de que o conhecimento, uma vez
produzido, interfere na vida do prprio homem. (MOROZ; GIANFALDONI, 2006,
p. 10). Ou seja, ao mesmo tempo em que o homem modifica a histria por meio
da produo do conhecimento, ele tambm modificado por ela. O homem , ao
mesmo tempo, produtor e produto da realidade em que vive.
As caractersticas apresentadas at aqui se referem a todos os tipos de
conhecimento, mas apenas um deles pode receber o adjetivo cientfico. Entre as
diversas formas de conhecimento, a cincia aquela que se prope a desvendar a
realidade de modo preciso e sistemtico.
A cincia uma das maiores construes do homem em sua realidade existencial.
O conhecimento cientfico foi, aos poucos, possibilitando humanidade descobrir
as estruturas e o funcionamento do mundo em suas vrias manifestaes da
vida, propiciando enormes progressos nas formas de medir, avaliar e controlar
a existncia humana. No entanto, preciso destacar que, ao mesmo tempo em
que a cincia proporcionou ao homem esclarecimento, libertao de antigos
mitos, alargamento dos saberes e domnio sobre o ambiente, tambm produziu
situaes de opresso e problemas para a humanidade.
Alm dessas caractersticas, o que mais torna a cincia diferente dos demais
tipos de conhecimento? Antes de prosseguir, anote suas consideraes
iniciais sobre conhecimento cientfico.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
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Para Moroz e Gianfaldoni (2006), o adjetivo cientfico designa o conhecimento que:
fruto do questionamento de uma rea de saber;
usa procedimentos passveis de reproduo por outra pessoa;
divulgado comunidade de pesquisadores da rea de saber em questo, para que possa haver a interlocuo entre os pares.
No h unanimidade entre os estudiosos da rea, ao indicarem as caractersticas
da cincia. Mas h procedimentos que todos eles destacam dominantemente:
o planejamento da produo do conhecimento cientfico, o mtodo a ser
utilizado e a comunicao do conhecimento construdo, todos tidos como sendo
indissociveis da ao mais importante, que a pesquisa.
O que pesquisa cientfica? Antes de continuar a leitura, anote suas ideias
preliminares sobre esse conceito.
A pesquisa, principalmente, visa produo de conhecimento novo, relevante,
terica e socialmente e fidedigno. (LUNA, 2002, p. 15). O conhecimento
produzido pela pesquisa visa a preencher uma lacuna importante no
conhecimento disponvel em uma determinada rea do conhecimento.
Conhea agora alguns exemplos de objetivos a serem atingidos por uma pesquisa, que o(a) ajudaro a entender melhor o que estamos discutindo.
Uma pesquisa pode ter como objetivo:
demonstrar a existncia (ou a ausncia) de relaes entre diferentes fenmenos;
estabelecer a consistncia interna entre conceitos dentro de uma dada teoria;
desenvolver novas tecnologias ou demonstrar novas aplicaes de tecnologias j conhecidas;
aumentar a generalidade do conhecimento;
descrever as condies sob as quais um fenmeno ocorre. (LUNA, 2002).
Gatti (2007) destaca que a pesquisa cientfica reveste-se de algumas caractersticas
peculiares, para que possamos ter certa segurana quanto ao conhecimento
gerado. Note que a autora cita certa segurana, e no segurana total, pois, na
produo do conhecimento cientfico, no possvel ter uma certeza absoluta.
Para o pesquisador, no devem existir dogmas ou verdades absolutas, pois a
cincia apenas um dos conhecimentos existentes, e no o nico verdadeiro.
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Ps-graduao
H que se considerar, tambm, como voc j leu, que o conhecimento social e
histrico e, portanto, produzido sob certas condies ou circunstncias (teoria,
mtodo e tema escolhidos, situao da realidade a ser investigada etc.) que
interferem nos resultados obtidos. Alm disso, o conhecimento cientfico no
deve ser tomado como verdade absoluta, pois pode sempre ser modificado,
questionado ou refutado. Portanto, trata-se de um conhecimento provisrio.
No conhecimento cientfico, a verdade no est nem pronta
nem acabada, mas consiste num processo de desconstruo,
construo e reconstruo porque os problemas, ao passo que
so resolvidos, trazem novas problemticas e novas possibilidades
de aprofundamento. (GHEDIN; FRANCO, 2008, p. 28).
Para se realizar uma pesquisa, preciso promover o confronto entre as evidncias
e os dados; e, as informaes coletadas acerca de determinado assunto e o
conhecimento terico acumulado a respeito dele. Isso se faz a partir do estudo
de um problema que, ao mesmo tempo, desperta o interesse do pesquisador e
limita a sua atividade de pesquisa a uma determinada poro de saber, a qual ele
se compromete a construir naquele momento. Trata-se, assim, de uma ocasio
privilegiada, o esforo de elaborar o conhecimento de aspectos da realidade que
devero servir para a composio de respostas aos seus problemas.
Esse conhecimento , portanto, fruto da curiosidade, da inquietao, da inteligncia
e da atividade investigativa dos indivduos, a partir e em continuao do que j foi
elaborado e sistematizado pelos que trabalharam o assunto anteriormente. Tanto
pode ser confirmado como negado pela pesquisa aquilo que se acumulou a respeito
desse assunto; mas o que no pode ser ignorado. (LUDKE; ANDR, 1986).
Assim, podemos dizer que a pesquisa um processo de busca por respostas e
explicaes sobre determinada realidade. Pode objetivar tanto a complementao
e a confirmao de estudos j realizados sobre determinado tema quanto o
questionamento de um conhecimento tido como consolidado num dado momento
histrico. Para atingir esses objetivos, a pesquisa composta por algumas
atividades: a escolha do tema e do problema, o planejamento (projeto de pesquisa),
a coleta, a anlise e a interpretao dos dados e a comunicao da pesquisa.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
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Referncias
GATTI, Bernadete Angelina. A construo da pesquisa em educao no Brasil. Braslia:
Lber Livro, 2007.
GHEDIN, Evandro; FRANCO, Maria Amlia Santoro. Questes de mtodo na construo da
pesquisa em educao. So Paulo: Cortez, 2008.
LUDKE, Menga; ANDR, Marli E. D. A. Pesquisa em educao: abordagens qualitativas. So
Paulo: EPU, 1986.
LUNA, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introduo. So Paulo:
EDUC, 2002.
MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mnica Helena T. A. O processo de pesquisa: iniciao. 2.
ed. Braslia: Lber Livro, 2006.
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Ps-graduao
Relao sujeito-objeto a partir de trs modelos tericos
Daniela Erani Monteiro Will
Acreditamos que a produo de conhecimento um processo objetivo e subjetivo
ao mesmo tempo. objetivo, porque est vinculado a um dado objeto de
investigao, e subjetivo, porque envolve um sujeito que planeja, desenvolve,
analisa, interpreta, comunica: o pesquisador. Isso significa que, ao produzir o
conhecimento, o sujeito se transforma, ao mesmo tempo em que transformado
pelo processo que est vivenciando (relao dialtica).
Podemos dizer que a produo do conhecimento d-se a partir da construo,
pelo sujeito, do objeto a ser investigado. Sem objeto e sujeito, no h produo de
conhecimento cientfico.
Como se trata de uma atividade humana e social, a pesquisa traz consigo,
inevitavelmente, a carga de valores, preferncias, interesses e princpios que
orientam o pesquisador. Como membro de um determinado tempo histrico e
de uma especfica sociedade, o pesquisador ir refletir em seu trabalho os valores
e princpios considerados importantes naquela sociedade e poca. Assim, a sua
viso de mundo, os pontos de partida, os fundamentos para a compreenso
e explicao desse mundo iro influenciar a maneira como ele prope suas
pesquisas ou, em outras palavras, os pressupostos que orientam seu pensamento
vo tambm nortear sua abordagem de pesquisa. (LUDKE; ANDR, 1986).
Dessa forma, importante conhecermos as diferentes perspectivas de anlise da
relao sujeito-objeto no processo de pesquisa e optarmos por uma delas.
Em geral, a relao sujeito-objeto interpretada a partir de trs diferentes
modelos tericos que, conforme Ghedin e Franco (2008), so os que seguem.
Modelo objetivista
Neste modelo, a relao estabelece-se a partir do objeto, pressupondo um sujeito
passivo, que registra os estmulos advindos do ambiente. Alguns princpios desse
modelo so:
a exterioridade da realidade;
a viso de uma realidade composta de fatos isolados, ilhados;
a pressuposio de que a pesquisa cientfica deva pautar-se na busca de relaes causais entre os fatos;
Metodologia da Pesquisa Cientfica
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a busca da neutralidade cientfica que, alm de isolar o sujeito do objeto, se abstm de envolvimentos e compromissos com o social, com o coletivo;
a associao entre verdade e comprovao emprica;
o pressuposto de que tanto os fenmenos da natureza quanto os sociais so regidos pelas mesmas leis;
a crena de que os fatos sociais s podero ser conhecidos, se forem diludos em variveis que, depois de operacionalizadas, podero ser
observadas, classificadas, medidas;
a validade de apenas duas formas de conhecimento: o emprico e o lgico;
a aferio do o rigor cientfico por meio de medies, pois conhecer significa quantificar;
a busca da reduo da complexidade, na crena de que o todo se compe da somatria de partes e que basta dividi-lo para entender a totalidade;
o foco na busca do funcionamento das coisas em detrimento de sua finalidade;
a pressuposio de que o mundo ordenado e estvel;
a percepo dos fatos sociais como desprovidos de historicidade, movimento e contradio.
Ainda segundo Ghedin e Franco (2008), os princpios do modelo objetivista, na
busca da objetividade cientfica, separaram, como se possvel fosse, o sujeito
do conhecimento de seu objeto. Para que tais pressupostos funcionassem na
pesquisa em cincias humanas e sociais, foi preciso acreditar na ideia de que
o mundo imutvel, rejeitar o imprevisto, reduzir o real esfera do aparente,
do superficial, do previsvel, como se a realidade pudesse ser controlada. Essa
situao marcou profundamente as produes cientficas das cincias humanas
at a dcada de 1970 (e continua presente, em alguns casos).
Tais princpios tambm influenciam a questo metodolgica. Com base neles,
acredita-se que a metodologia de uma pesquisa deva funcionar como um
instrumento que retire da suposta realidade apenas o que ali se encontra presente,
o que observvel diretamente, o emprico, o aparente. Assim, a realidade deve
ser fotografada, jamais interpretada. (GHEDIN; FRANCO, 2008). Esse modelo est
vinculado aos filsofos empiristas e ao positivismo.
22
Ps-graduao
Modelo subjetivista
Nesse modelo, h uma inverso do modelo objetivista. Defende-se a supremacia
do sujeito sobre o objeto de conhecimento. A realidade , dessa forma, percebida
como criao do sujeito. O objeto de conhecimento apenas a elaborao
cognitiva realizada pelo sujeito, sendo desprezada sua dimenso material.
(GHEDIN; FRANCO, 2008).
Ainda de acordo com Ghedin e Franco (2008), os princpios fundadores desse
modelo so:
a supremacia do sujeito sobre o objeto de conhecimento;
a valorizao da subjetividade do pesquisador;
a considerao de que o objeto de conhecimento aquilo que significativo para o sujeito, mesmo que no tenha nenhuma relevncia
social (coletiva);
o sujeito o criador da realidade (penso, logo existo);
o descaso com a importncia do objeto de conhecimento;
a preocupao com processos e condies existenciais;
o desinteresse pela recuperao histrica dos fenmenos sociais estudados;
a pressuposio de que as pessoas ajam com base em suas crenas, percepes e valores e que todo comportamento tenha um sentido, o
qual, para ser compreendido, precisa ser desvelado;
a categoria epistemolgica a descrio interpretativa.
Em relao pesquisa em cincias humanas e sociais, esse modelo trouxe tona a
questo da nfase nos processos em desenvolvimento, dos significados e sentidos
que organizam a vida cotidiana coletiva. Realou-se a questo do no aparente,
do no observvel, do aspecto oculto das representaes objetivas. O principal
elemento metodolgico o prprio pesquisador, o qual deve entrar em contato
contnuo e prolongado com seu objeto de conhecimento. Disso decorre a nfase
na busca de dados qualitativos que venham a denotar significados, elementos
importantes na compreenso do fenmeno. (GHEDIN; FRANCO, 2008).
Em relao metodologia, esse modelo busca abolir o uso de procedimentos
quantificveis, diferente do modelo objetivista, que os privilegia.
Ghedin e Franco (2008) analisam que os pesquisadores iniciantes, na nsia
de no serem positivistas (objetivistas), muitas vezes se equivocaram, o que
Metodologia da Pesquisa Cientfica
23
acarretou falta de rigor cientfico. A valorizao da subjetividade foi confundida
com subjetivismo, e qualquer avaliao do pesquisador acerca do problema de
pesquisa era considerada vlida. Outras vezes, ocorria a identificao excessiva do
pesquisador com o prprio ambiente de trabalho, transformado-o em ambiente
de pesquisa, sem o devido distanciamento.
O anseio de manter a originalidade da fala dos pesquisados produziu um
trabalho sob o ponto de vista de um sujeito, sem se estabelecerem as relaes
e confrontaes necessrias com a teoria j existente. Assim, os pesquisadores
confundiram relatos pessoais com interpretaes significativas da cultura
do contexto de um fenmeno, como pode acontecer no caso das pesquisas
denominadas histria de vida, por exemplo.
Onde, afinal, fica a linha divisria entre fazer pesquisa e relatar dados
apreendidos na esfera do senso comum? [...] O questionamento
fundamental para que se evite produzir, como suposta pesquisa,
conhecimentos j conhecidos antes de seu incio; ou seja, para que a
pretendida pesquisa no se torne um estudo que apenas referende
aquilo que o pesquisador j sabia. (GHEDIN; FRANCO, 2008, p. 115).
Outra consequncia do uso acrtico desse modelo terico o fato de, por priorizar
o estudo do cotidiano na busca de significados que a cultura local atribui aos
fenmenos, a pesquisa acaba pecando por irrelevncia, pois os pesquisadores
deixam de contextualizar o problema de pesquisa em cenrio histrico-terico
mais amplo, impossibilitando que os resultados da investigao possam ser
utilizados em qualquer outra situao ou relacionados a resultados de outras
pesquisas. (GHEDIN; FRANCO, 2008). Tal situao impede o avano da cincia, pois
o conhecimento cientfico construdo coletiva e historicamente.
O importante que, cada vez mais, vrias reas das cincias vm sendo
compreendidas como fenmenos complexos e, por isso, foram necessitando
de novas formas de pesquisa que dessem conta dessa caracterstica. Ao mesmo
tempo, foi-se percebendo que a neutralidade do pesquisador, exigida pelo
paradigma positivista, alm de impossvel, deturpa a essncia dos objetos de
pesquisa em cincias humanas e sociais, por exemplo.
Assim, podemos afirmar que, pelo menos em cincias humanas e sociais, o
paradigma tradicional positivista no oferece suporte para a absoro das
especificidades de alguns complexos objetos de estudo.
Buscando superar tais problemas, emerge outro modelo terico nas discusses
acerca da pesquisa cientfica, que vamos conhecer a seguir.
24
Ps-graduao
Modelo dialtico
Esse modelo advm da superao da dicotomia estabelecida pelas duas
abordagens anteriores. Basicamente, admite o carter scio-histrico e dialtico
da realidade social, compreendendo o ser humano como transformador e criador
de seus contextos. Os princpios bsicos dessa concepo so a historicidade
como condio para a compreenso do conhecimento e a realidade como um
processo histrico constitudo, a cada momento, por mltiplas determinaes,
fruto das foras contraditrias existentes no interior da prpria realidade.
Portanto, sujeito e objeto esto em contnua e dialtica formao, evoluem
por contradio interna, no de modo determinista, mas como resultado da
interveno humana na prtica. (GHEDIN; FRANCO, 2008).
Os princpios desse modelo, de acordo com Ghedin e Franco (2008), so:
privilegia-se a dialtica da realidade social, a historicidade dos fatos e fenmenos, as contradies, as relaes com a totalidade, a ao dos
sujeitos sobre suas circunstncias;
o homem um ser social e histrico, determinado por seus contextos, criador da realidade social e transformador de suas condies de vida;
a prxis concebida como mediao bsica na construo do conhecimento e vincula teoria e prtica, pensar e agir;
a prtica social o critrio fundamental para se aproximar da verdade;
a realidade emprica o ponto de partida na construo do conhecimento, e no o ponto de chegada;
no h como separar o sujeito que conhece (pesquisador, aprendiz) do objeto a ser conhecido (conhecimento, realidade), pois o sujeito tambm
faz parte daquela realidade;
o processo de conhecimento no se restringe mera descrio (de estatsticas, por exemplo), mas busca a explicao;
a interpretao dos dados s pode realizar-se a partir de um contexto;
o saber produzido necessariamente transformador dos sujeitos e das circunstncias (prxis).
Cabe destacar que o uso desse modelo terico abre grandes perspectivas para o
estudo adequado das complexidades dos fenmenos, especialmente em cincias
humanas e sociais. Portanto, pode e deve ser explorado pelos pesquisadores
dessa rea.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
25
A partir da apresentao desses diferentes modelos tericos, reflita sobre as suas
concepes a respeito do processo de produo de conhecimento, ressignifique-as e
integre-as ao seu modo de organizar a sua pesquisa!
Referncias
GHEDIN, Evandro; FRANCO, Maria Amlia Santoro. Questes de mtodo na construo da
pesquisa em educao. So Paulo: Cortez, 2008.
LUDKE, Menga; ANDR, Marli E. D. A. Pesquisa em educao: abordagens qualitativas. So
Paulo: EPU, 1986.
MEKSENAS, Paulo. Pesquisa social e ao pedaggica: conceitos, mtodos e prticas. So
Paulo: Loyola, 2002.
26
Ps-graduao
As fases do desenvolvimento de uma pesquisa: o mtodo cientfico
Daniela Erani Monteiro Will
Para se desenvolver uma pesquisa, necessrio realizar algumas aes e seguir
algumas etapas: trata-se do mtodo cientfico. Nem todos os autores nomeiam as
fases e etapas da mesma forma. Mas, em geral, concordam que as aes a serem
desempenhadas por um pesquisador so estas:
Fase 1 - Identificao do tema e problema
Fase 2 - Planejamento
Fase 3 - Desenvolvimento da
pesquisa
Fase 4 - Comunicaoda pesquisa
Diagrama 1 Fases da pesquisa cientfica Fonte: Elaborado pela autora, 2009.
Cada uma dessas fases e etapas constituda por aes e escolhas terico-
metodolgicas (abordagens, correntes de pensamento, tipos de pesquisa,
instrumentos de coleta de dados etc.).
Conhea, a seguir, de forma geral, cada uma das fases que compem o ciclo de produo do conhecimento cientfico.
Fase 1 Identificao do tema e do problema
Todo processo de pesquisa comea com uma dvida (problema) levantada pelo
pesquisador em determinada rea de conhecimento (tema). Nessa fase inicial,
o pesquisador, ento, reconhece o seu problema de pesquisa, que se insere
dentro de um tema. nessa fase, tambm, que o pesquisador deve iniciar o
levantamento bibliogrfico.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
27
Fase 2 Planejamento
Aps a identificao do problema, deve-se iniciar a elaborao do projeto de
pesquisa.
O projeto uma ferramenta imprescindvel para o desenvolvimento da pesquisa
de cunho cientfico, pois d ao pesquisador uma viso antecipada do que ir
ocorrer. o momento de traar o caminho que ser percorrido para a obteno
dos dados, assim como as condies necessrias para percorr-lo, evitando o risco
de se perder. Um projeto de pesquisa composto pelos seguintes itens:
Tema;
Formulao do problema;
Objetivos;
Justificativa;
Referencial terico;
Metodologia;
Cronograma;
Referncias.
Fase 3 Desenvolvimento da pesquisa
Esta fase deve ser iniciada, apenas, aps a concluso da fase 2, pois compreende
as etapas de coleta, anlise dos dados e interpretao das informaes.
A Coleta o momento em que o pesquisador realiza a captao dos dados por meio das fontes e tcnicas definidas no projeto de pesquisa. Tais definies esto
totalmente relacionadas ao problema de pesquisa e aos objetivos pretendidos
com a investigao.
No momento de Anlise, o pesquisador organiza os dados coletados, agrupando-os, comparando-os, representando-os, descrevendo-os. A forma com que os
dados sero analisados tambm dever ter sido prevista no projeto e estar
relacionada com o problema e os objetivos da pesquisa. Organizar os dados,
transformando-os, em informao, uma ao fundamental para se proceder
Interpretao.
A ao de interpretar as informaes consiste em dar um significado aos
resultados obtidos pela pesquisa, tendo como base o referencial terico adotado.
Nesse momento, possvel perceber mais claramente as possveis respostas
encontradas para o problema proposto.
28
Ps-graduao
Fase 4 Comunicao da pesquisa
Conforme voc j estudou, um processo cientfico finaliza a partir da comunicao
de seus resultados. o momento de o pesquisador tornar pblica sua pesquisa e
coloc-la em discusso pela comunidade cientfica. H vrias formas de divulgar o
resultado de uma pesquisa (artigo, relatrio, tese, dissertao, monografia etc.),
as quais variam de acordo com a finalidade com a qual ela foi produzida.
Referncias
BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. 2. ed.
So Paulo: Martins Fontes, 2005.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construo do saber: manual de metodologia da
pesquisa em cincias humanas. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul; Belo Horizonte: Editora
UFMG, 1999.
MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mnica Helena T. A. O processo de pesquisa: iniciao. 2.
ed. Braslia: Lber Livro, 2006.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
29
Na pesquisa, escrever imprescindvelDaniela Erani Monteiro Will
A comunicao, especialmente a escrita, faz parte do processo de produo da cincia e, por meio dela, possvel a continuao desse processo. Se no houvesse
pesquisas confiveis publicadas, seramos prisioneiros do que vemos e ouvimos, confinados s opinies do momento. (BOOTH e outros, 2005, p. 9).
Booth e outros (2005, p. 9) afirmam, ainda, que s quando sabemos que
podemos confiar na pesquisa de outros somos capazes de nos libertar daqueles
que, controlando nossas crenas, controlariam nossa vida.
Esses autores apresentam trs fatores que justificam a importncia da escrita em
uma pesquisa. Acompanhe.
Escrever para lembrar: todas as leituras e aes realizadas no processo de pesquisa devem ser registradas por escrito, simplesmente para que o
pesquisador no se esquea das informaes, quando precisar delas.
Escrever para entender: o exerccio da escrita possibilita ver com maior clareza as relaes entre nossas ideias. Ao organizar e reorganizar
os resultados de uma pesquisa, o pesquisador v novas relaes e
contrastes, complicaes e implicaes que, do contrrio, poderiam ter
passado despercebidos.
Escrever para ter perspectiva: quando projetamos nossos pensamentos no papel, ns os vemos sob uma nova luz, que sempre mais clara
e mais humilde. Todos ns tendemos a achar que nossas ideias so
mais coerentes em nossa mente do que quando as transpomos para a
forma escrita, concorda? Mas podemos melhorar nossa capacidade de
pensar, quando estimulamos a mente com anotaes, esboos, resumos,
comentrios e outras formas de pr pensamentos no papel (ou na
tela do computador). Mas s podemos refletir claramente sobre esses
pensamentos, quando os separamos do rpido fluxo do pensamento e
os fixamos numa forma escrita coerente.
A escrita, alm de ser importante para o pesquisador durante o desenvolvimento
de sua pesquisa, tambm ao imprescindvel aps a finalizao do trabalho.
por meio da escrita que a pesquisa ser divulgada comunidade cientfica.
Lembre-se de que o conhecimento cientfico possui algumas caractersticas
prprias, como o fato de ser metdico, coletivo e construdo social e
historicamente. Entre outras implicaes, a forma de comunicar a cincia deve
expressar essas caractersticas.
30
Ps-graduao
Mas, o que isso significa, exatamente?
Significa que escrever um texto cientfico (ou acadmico) no o mesmo que escrever qualquer
outro tipo de texto, devido s caractersticas
peculiares da cincia, como a racionalidade.
Um texto potico, por exemplo, no necessita ser racional. Nesse caso, a emoo
acaba prevalecendo, observe:
[...] Neste papel pode teu sal virar cinza
Pode o limo virar pedra;
o sol da pele, o trigo do corpo virar cinza [...]
Fonte: NETO, Joo Cabral de Melo. Psicologia da composio. MORICONI, talo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Alm do critrio de racionalidade, a comunidade cientfica e acadmica precisa ter
uma identidade. Tal identidade construda, entre outros aspectos, por meio da forma pela qual o conhecimento divulgado: isso a redao cientfica.
Caractersticas como racionalidade, objetividade, preciso e termos como citaes e referncias costumam estar presentes em uma pesquisa cientfica e em trabalhos acadmicos. Para Castro (2006), a linguagem prpria da cincia distante do
nosso cotidiano como costuma ser um dos seus mais poderosos instrumentos
de trabalho. Mas, infelizmente, tambm o mais notrio refgio para aqueles que
desejam disfarar sua ignorncia, m-f ou impressionar os imprudentes.
medida que uma rea de conhecimento torna-se independente, seja da discusso
leiga, seja de alguma outra cincia da qual ela derivou (como o caso da educao),
imediatamente sentida a necessidade de proceder a certos
reajustes na linguagem utilizada. O sentido usual de certas
palavras, tal como apresentado no dicionrio, no tem a
preciso requerida. Torna-se necessrio redefini-las.
As palavras de uso comum so vagas para o rigor lgico
exigido pelo discurso cientfico. (CASTRO, 2006).
Importante destacar que os trabalhos realizados pelos alunos na Universidade tambm podem ser considerados cientficos, desde que cumpram os critrios de cientificidade.
Isso tambm acontece quando algum passa a fazer parte de uma determinada rea de conhecimento. Voc, por exemplo, um/a estudioso/a de uma rea de saber e, por isso, deve aprender a utilizar a linguagem especfica dessa rea, distanciando-se da linguagem do cotidiano, do senso comum.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
31
No desenvolvimento de um trabalho acadmico-cientfico sobre lgica, por exemplo, o conceito de lgica apresentado pelo autor do trabalho no pode ser aquele que se encontra no dicionrio. Pode-se recorrer definio expressa no
dicionrio apenas para que sejam feitas comparaes e anlises, mas a perspectiva
do autor do trabalho deve ser a cientfica.
Alm desse aspecto da linguagem, h algumas consideraes a serem feitas em relao
ao estilo do texto cientfico. Acompanhe as orientaes baseadas em Gil (2002).
Impessoalidade: o texto cientfico dever ser impessoal, ou seja, redigido na terceira pessoa. Referncias pessoais como meu projeto, minha
pesquisa devem ser evitadas. Prefira expresses como este projeto,
a presente pesquisa etc.
Objetividade: o texto deve ser escrito em linguagem direta, evitando-se que a sequncia seja desviada com consideraes irrelevantes. A
argumentao deve apoiar-se em outros estudos j realizados sobre o
tema, e no em consideraes pessoais.
Exemplo: texto sem objetividade
Cumpre aos executivos de segurana pblica, o sacerdcio de
transformar o momento que vivemos em ambiente de permanncia,
com certa segurana, de modo a permitir que as pessoas esperem,
compreendam e aceitem o controle social ser exercido em prol do
convvio em sociedade, somente pelos organismos estatais.
Clareza: as ideias devem ser apresentadas sem ambiguidade, para evitar interpretaes diversas. Deve-se utilizar um vocabulrio adequado, sem
expresses com duplo sentido, e evitar palavras suprfluas, repeties e
detalhes prolixos.
Exemplo: texto sem clareza
A temtica proposta audaciosa, porque a construo de
uma sociedade mais justa e igualitria pressupe, portanto, o
enfrentamento desse fenmeno para alm da punio aos que
perpetram e perpetuam a violncia.
Preciso: cada palavra ou expresso deve traduzir com exatido o que se quer transmitir, em especial no que se refere a registros de observaes
e anlises. O redator dever recorrer a obras que auxiliem na obteno
de preciso conceitual.
32
Ps-graduao
Coerncia: as ideias devem ser apresentadas numa sequncia lgica e ordenada. Podero ser utilizados tantos ttulos e subttulos quantos
forem necessrios para o relatrio ou projeto de pesquisa. A redao
deve ser uniforme, iniciando-se os captulos/ttulos com verbos ou
substantivos. O texto deve ser elaborado de maneira harmoniosa. D
ateno especial criao de pargrafos. Cada pargrafo deve referir-
se a um nico assunto e iniciar-se, de preferncia, com uma frase que
contenha a ideia-ncleo do pargrafo. A essa ideia bsica associam-se,
pelo sentido, outras ideias secundrias, mediante outras frases.
Observe o exemplo de um texto com coerncia (trecho de um artigo cientfico):
Os artigos consistem em publicaes mais sintticas, mesmo sendo assuntos bem
especficos, com uma abordagem mais enxuta do tema em questo, apesar da
relativa profundidade na sua anlise. Possuem mais versatilidade que os livros,
por exemplo, sendo facilmente publicveis em peridicos ou similares, atingindo
simultaneamente todo o meio cientfico. Como diz Tafner et al. (1999, p. 18, grifo
meu), esses artigos so publicados, em geral, em revistas, jornais ou outro peridico
especializado que possua agilidade na divulgao.
Por esse motivo, o artigo cientfico no extenso, totalizando, normalmente,
entre 5 e 15 pginas, podendo alcanar, dependendo de vrios fatores (rea do
conhecimento, tipo de publicao, natureza da pesquisa, normas do peridico etc.),
at 20 ou 25 pginas, garantindo-se, em todos os casos, que a abordagem temtica
seja o mais completa possvel, com a exposio dos procedimentos metodolgicos
e discusso dos resultados nas pesquisas de campo, caso seja necessria a repetio
das mesmas por outros pesquisadores. (LAKATOS; MARCONI, 1991; MEDEIROS,
1997; SANTOS, 2000).
Alm disso, recomenda-se uma determinada normalizao para essas publicaes,
tanto na estrutura bsica quanto na uniformizao grfica, como tambm na redao
e organizao do contedo, diferenciando-se, em vrios aspectos, das monografias,
dissertaes e teses, que constituem os principais trabalhos acadmicos.
Fonte: Weiss (2007, p. 2).
Conciso: o texto deve expressar as ideias com poucas palavras. Cada frase deve ter em torno de duas ou trs linhas. Frases longas, que
envolvem vrias oraes subordinadas, dificultam a compreenso e
tornam pesada a leitura. Quando as frases longas forem inevitveis,
convm colocar na primeira metade as palavras essenciais: sujeito, verbo
e adjetivo principal.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
33
Simplicidade: constitui uma das qualidades mais difceis de ser alcanadas. comum as pessoas escreverem mais para impressionar do
que para expressar. Devem ser utilizadas apenas as palavras necessrias.
O uso de sinnimos pelo simples prazer da variedade deve ser evitado.
Conhecidas algumas orientaes a respeito do estilo do texto, preciso tambm estar atento/a apresentao de citaes e referncias em um trabalho acadmico ou cientfico.
Nos trabalhos cientficos, necessitamos apresentar a todo momento textos
de outros autores referentes a pesquisas realizadas anteriormente, pois,
conforme j referimos, o conhecimento cientfico coletivo, acumulado social e
historicamente. Essa referncia a outros textos o que chamamos de citao.
Em um texto, as citaes devem ser utilizadas para sustentar uma ideia ou para
fundamentar um raciocnio. Elas podem ser diretas ou indiretas. A citao direta se refere transcrio literal das palavras do autor referenciado. J a citao
indireta significa a apresentao das ideias do autor referenciado, transcritas com as suas palavras. Na citao indireta, o texto de sua autoria; mas a ideia, no.
Ao utilizar citaes diretas ou indiretas preciso que elas sejam referenciadas,
ou seja, precisamos apresentar, no texto que estamos escrevendo, o autor da
publicao que est sendo citada, assim como as informaes referentes sua
localizao. Por isso, junto a cada citao, preciso informar o sobrenome do autor
e o ano da publicao (no caso de citao indireta), e tambm devemos acrescentar
a pgina, no caso de citao direta. Alm disso, a referncia completa das obras
citadas e consultadas no trabalho deve estar listada ao final, de acordo com as
normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).
Para saber mais sobre o uso de citaes e a apresentao de referncias,
consulte o guia Trabalhos Acadmicos na Unisul, disponvel no site da Biblioteca Universitria e tambm na Midiateca, na sala virtual da disciplina no EVA.
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Ps-graduao
Referncias
BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. 2. ed.
So Paulo: Martins Fontes, 2005.
CASTRO, Claudio de Moura. A prtica da pesquisa. 2. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall,
2006.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002.
WEISS, Silvio Luiz Indrusiak. Artigo cientfico: orientaes para sua elaborao. 2007.
Caminhos da Histria: Revista Discente do Programa de Mestrado em Histria Social. Ano III, N. 2, 2007. Disponvel em: . Acesso em: 25 abr. 2011.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
35
Atividades de Autoaprendizagem
Identifique, nas citaes a seguir, quais so diretas e quais so indiretas. Assinale,
adequadamente, com um X.
1. Na mesma linha de pensamento, Bakhtin (1985), em seu ltimo texto escrito,
Por uma metodologia das cincias humanas, provocador de uma reflexo
inspiradora de uma nova atitude em relao pesquisa. Nele, Bakhtin diz que
as cincias humanas no podem, por ter objetos distintos, utilizar os mesmos
mtodos das cincias exatas. As cincias humanas estudam o homem em sua
especificidade humana, isto , em processo de contnua expresso e criao.
Considerar o homem e estud-lo independentemente dos textos que cria
significa situ-lo fora do mbito das cincias humanas.
( ) Citao direta ( ) Citao indireta
2. Nas cincias humanas, portanto, ao se trabalhar com a interpretao das
estruturas simblicas, faz-se necessrio ir infinitude dos sentidos simblicos.
E por isso que no se pode pretender, nas cincias humanas, chegar
cientificidade prpria das cincias exatas. Essa interpretao dos sentidos
profundamente cognoscitiva: h que se reconhecer que a simbologia no uma
forma no cientfica do conhecimento, seno uma forma outra do conhecimento
que tem suas leis internas e seus critrios de exatido. (BAKHTIN, 1985, p.382,
traduo nossa).
( ) Citao direta ( ) Citao indireta
3. Essa proposio metodolgica coerente com toda sua teoria dialtica de
compreenso dos fenmenos humanos. Partindo da premissa bsica de que
as funes mentais superiores so constitudas no social, em um processo
interativo possibilitado pela linguagem e que antecede a apropriao pessoal,
Vygotsky tambm v a pesquisa como uma relao entre sujeitos, relao
essa que se torna promotora de desenvolvimento mediado por um outro. Sua
posio tem importantes consequncias para a pesquisa, em seus prprios
experimentos e nos de seus colaboradores: possvel perceber a mediao
do pesquisador provocando alteraes de comportamento que possibilitam a
compreenso de seu desenvolvimento. Seus estudos sobre o desenvolvimento
dos conceitos na criana revelam como a palavra mediadora do adulto influi
no prprio processo de formao de conceitos. Nos dilogos de Luria (1990)
36
Ps-graduao
com seus sujeitos, nas pesquisas efetuadas na sia Central, e tambm nos
seus experimentos sobre a construo da escrita em crianas, percebe-se
o pesquisador desafiando o sujeito, questionando suas respostas, o que
possibilita entrever o comportamento afetado pela interferncia de uma outra
pessoa e tambm observar os processos psicolgicos em sua dinmica de
transformao. (OLIVEIRA, 1999).
( ) Citao direta ( ) Citao indireta
4. Os estudos qualitativos com o olhar da perspectiva scio-histrica, ao valorizarem
os aspectos descritivos e as percepes pessoais, devem focalizar o particular
como instncia da totalidade social, procurando compreender os sujeitos
envolvidos e, por seu intermdio, compreender tambm o contexto. Adota-se,
assim, uma perspectiva de totalidade que, de acordo com Andr (1995), leva
em conta todos os componentes da situao em suas interaes e influncias
recprocas.
( ) Citao direta ( ) Citao indireta
Atividade colaborativa
Escolha um tema que pertena rea do curso e que seja do seu interesse. A partir
desse tema, elabore um texto dissertativo com, pelo menos, cinco pargrafos (um
para a introduo, trs para o desenvolvimento e o ltimo para a concluso).
Cabe lembrar que um texto dissertativo construdo por meio de ideias que
se encadeiam umas s outras. Nesse tipo de texto, h relaes de coerncia e
consequncia lgica, de contradio ou de afirmao entre uma ideia e outra. O texto
deve ter coerncia, objetividade, clareza e coeso. Alm disso, neste texto, deve haver,
pelo menos, o uso de uma citao, que pode ser direta ou indireta. Ao final do texto,
deve ser devidamente apresentada a referncia (autor) utilizada na citao.
Publique o texto elaborado na Exposio, para a troca de ideias entre os colegas.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
37
Sntese
Como a escrita uma ao essencial a todo o trabalho de pesquisa, exercite-a elaborando a sntese da unidade.
Saiba Mais
Texto Andamento da pesquisa: o trabalho da citao. Fonte: MARQUES, Mario Osrio. Escrever preciso: o princpio da pesquisa. 5. ed.
Iju/Braslia: Uniju/INEP, 2006. p. 109 a 115.
Texto Usando fontes bibliogrficas: sugestes teis. Fonte: BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 108 a 111.
UNISUL. Trabalhos acadmicos na Unisul: apresentao grfica para TCC,
monografia, dissertao e tese. 3. ed. rev. e ampl. Tubaro: Ed. Unisul, 2010.
O planejamento da pesquisa
Unidade 2
Objetivos de Aprendizagem Compreender a importncia do planejamento na pesquisa cientfica.
Conhecer os itens que compem um projeto de pesquisa.
Conhecer os diferentes tipos de pesquisa, classificados quanto ao nvel de profundidade do estudo.
Entender o significado do levantamento bibliogrfico para o desenvolvimento de uma pesquisa.
Identificar a primeira fase da produo de uma pesquisa.
Compreender o significado do problema em um projeto de pesquisa.
Exercitar a definio do tema e da identificao da questo-problema para uma pesquisa.
Introduo
Na cincia h um processo sistemtico de busca do conhecimento, denominado
mtodo cientfico. Ele composto por quatro fases, que so: escolha do tema e
problema, planejamento, desenvolvimento e comunicao da pesquisa.
Nesta unidade, vamos conhecer em detalhes a fase referente ao planejamento,
que compreende as etapas da elaborao de um projeto de pesquisa. Mas, para
que o projeto possa ser desenvolvido, antes se torna necessrio que o futuro
pesquisador saiba como chegar ao tema e ao problema de pesquisa, assim como
conhea a classificao das pesquisas quanto ao nvel de profundidade do estudo.
40
Ps-graduao
Tipos de pesquisa quanto ao nvel de profundidade do estudo
Daniela Erani Monteiro Will
Os critrios de classificao de uma pesquisa no so mutuamente excludentes.
Assim como uma pessoa, por exemplo, pode ser, ao mesmo tempo, mulher,
casada, jovem, negra, me etc., igualmente os mtodos de investigao podem
classificar-se em distintas categorias, segundo o critrio de classificao.
Como possvel perceber, as pesquisas cientficas podem ser classificadas
de vrias formas, em conformidade com critrios diversos. Em relao ao
aprofundamento realizado pelo pesquisador, podemos identificar diferentes
nveis, os quais variam de acordo com a histria do tema em estudo.
Estudos iniciais, com pouco aprofundamento e maior abrangncia, por exemplo,
geralmente so feitos sobre temticas mais recentes, ainda pouco exploradas.
medida que as pesquisas sobre determinada temtica vo tornando-se
mais numerosas, a tendncia que o nvel de aprofundamento das pesquisas
correspondentes tambm seja maior. O contexto que envolve o estudo de
determinada temtica e a situao atual do conhecimento cientfico j produzido
sobre ela so fatores que influenciam a escolha de determinado tipo de pesquisa
pelo pesquisador.
Assim, quanto ao nvel de profundidade do estudo a ser realizado (ou objetivo
geral), uma pesquisa pode ser exploratria ou explicativa. Acompanhe, a seguir, a distino entre cada uma delas.
Exploratria
Tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo.
utilizada quando o pesquisador no encontrou na literatura os conhecimentos
necessrios para formular adequadamente um problema. Os problemas de
pesquisas exploratrias geralmente no apresentam relao entre variveis. O
pesquisador apenas constata e estuda a ocorrncia de uma varivel.
No seria relevante, por exemplo, realizar um estudo exploratrio sobre a
evaso escolar, que um tema j bastante explorado pela comunidade cientfica
educacional. No entanto, um estudo exploratrio poderia ser realizado para
mapear o uso das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem em
escolas pblicas do Estado do Paran, que um tema relativamente recente.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
41
Observe alguns exemplos de pesquisas exploratrias:
conhecer o perfil dos estudantes dos cursos de graduao da UnisulVirtual;
avaliar a produo acadmica do Programa de Ps-Graduao em Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), dos anos de
2001 a 2003;
conhecer as estratgias de estudo utilizadas pelos alunos dos cursos de ps-graduao da UNISUL.
A seguir, veja um exemplo mais abrangente de pesquisa exploratria.
FORMAO DE PROFESSORES: O ESTADO DA QUESTO Ione Ribeiro Valle
Este trabalho se prope a analisar a produo acadmica de dois Grupos de
Trabalho: Formao de Professores e Sociologia da Educao, a partir de estudos
apresentados nas Reunies Anuais da ANPEd e o Seminrio da Regio Sul (1998).
O objetivo consiste em investigar o interesse que os temas formao de professores
e profissionalizao do corpo docente tm despertado entre os socilogos da
educao, assim como a influncia de socilogos estrangeiros sobre a produo
socioeducacional brasileira.
Para tanto, sero examinados, inicialmente, todos os trabalhos e comunicaes
apresentados entre 1995 e 2000, a partir de um levantamento preliminar minucioso
que permitir uma classificao preliminar por tema central e a seleo de alguns
trabalhos, os quais merecero um estudo mais aprofundado. Em seguida, ser
efetuado a elaborao de uma sntese apoiada nos resultados de alguns estudos
selecionados, privilegiando trs aspectos bsicos, a saber: um novo perfil de
professor, a profissionalizao e a formao de professores.
Espera-se que este estudo torne possvel a elaborao de uma sntese crtica dos
temas sobre formao de professores e profissionalizao do corpo docente e a
construo de algumas categorias de anlise que podero orientar outras pesquisas
em curso, nessa mesma rea do conhecimento.
Fonte: Valle (2002, p. 1).
Note, especialmente pela descrio apresentada no ltimo pargrafo, que o
pesquisador tem a inteno de que o resultado do seu estudo auxilie outros
pesquisadores a realizarem suas pesquisas, agora mais familiarizados com o tema.
Essa uma das caractersticas da pesquisa exploratria.
42
Ps-graduao
Explicativa
A pesquisa explicativa aquela que tem como objetivo geral analisar e
correlacionar aspectos que envolvem fatos ou fenmenos, podendo tambm
explicar as razes da ocorrncia de determinados fatos. Possui um nvel
de aprofundamento maior do objeto de estudo, se comparada pesquisa
exploratria. Observe o exemplo a seguir.
A PRODUO E CIRCULAO DE SABERES SOBRE O FINANCIAMENTO DA
EDUCAO NO BRASIL (1991 2005) Adriana Incio Yanaguita
Esta dissertao, produzida com base nas idias desenvolvidas por Roger Chartier
no campo da Histria Cultural, buscou compreender e analisar a produo e
a circulao de saberes sobre o financiamento da educao, principalmente
dos docentes de cursos de formao de professores. Assim, estudaram-se as
conjunturas do campo educacional e do mercado editorial brasileiro e os prprios
livros que contriburam para o delineamento desses saberes nos perodos de
1991-1996 e 1997-2005. As anlises dessas conjunturas realizaram-se por meio da
investigao das polticas e da legislao da educao, por meio do estudo do
mercado editorial, e a anlise dos livros executou-se mediante o estudo de aspectos
de suas materialidades. No primeiro perodo (1991-1996), o campo educacional e
o mercado editorial no favoreceram a produo e circulao dos saberes sobre o
financiamento da educao elaborados pelos docentes dos cursos de formao de
professores e, consequentemente, esses saberes foram identificados em apenas
nove livros de primeira edio. Paradoxalmente, no perodo seguinte (1997-2005),
tendo encontrado condies propcias no campo educacional e no mercado
editorial, os saberes referentes ao financiamento da educao tiveram a produo e
a circulao expandidas, alcanando um nmero de 32 livros. A partir do estudo das
formas materiais desses volumes, concluiu-se que na materialidade dos livros que
se pode compreender seus significados, pois nela esto inseridas as identificaes
explcitas da designao e classificao dos textos, de modo a criar, em relao a
eles, expectativas de leitura e antecipaes de compreenso.
Fonte: Yanaguita (2008, p. 8).
Perceba, por meio desse exemplo, que o pesquisador fez anlises mais
aprofundadas e especficas, propondo explicaes acerca do problema em estudo.
Agora que voc j sabe que uma pesquisa pode ser exploratria ou explicativa, analise o seu problema de pesquisa e pense que tipo de pesquisa ser a sua. Essa definio
ficar ainda mais clara, depois que voc elaborar o objetivo geral da sua pesquisa.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
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Referncias
VALLE, Ione Ribeiro. Formao de professores: o estado da questo. In: Seminrio de Pesquisa em Educao da Regio Sul. Florianpolis: UFSC/NUP/CED, 2002.
WILL, Daniela Erani Monteiro. Pesquisa em Educao. Livro didtico. Palhoa: UnisulVirtual,
2009.
YANAGUITA, Adriana Incio. A produo e circulao de saberes sobre o financiamento
da educao no Brasil (1991 2005). 2008. Dissertao (Mestrado em Educao)
Universidade Estadual Paulista, Marlia, 2008.
44
Ps-graduao
Tema e problema de pesquisaDaniela Erani Monteiro Will
Quando se inicia uma pesquisa? Pela escolha do tema ou pela identificao de um
problema? Tanto faz... No h uma regra especfica para isso. No posso pedir a
voc para que, primeiro, escolha um tema e, depois, identifique nele um problema,
pois voc poder no encontr-lo. Tambm no posso pedir a voc que reconhea
um problema de pesquisa, pois pode no saber por onde comear a procurar...
Estamos apenas no incio da disciplina e talvez voc nem saiba muito bem o
que , de fato, um problema de pesquisa. No se preocupe, pois conheceremos melhor o que significa um problema no decorrer deste texto e com as atividades
da disciplina. Neste momento, porm, importante saber que um problema de
pesquisa algo que voc ainda no identificou dentro de determinado tema ou
assunto. Trata-se de um questionamento que o/a desafia a encontrar a resposta,
pois, sem uma dvida, no h conhecimento cientfico.
So exemplos de tema: racismo, educao infantil, economia internacional,
tecnologia da informao, ensino fundamental de nove anos, traduo, modelos
interpretativos, lgica, filosofia da cincia, violncia urbana, adoo, direito
tributrio, histria medieval, modelos matemticos etc.
A definio do problema deve estar relacionada com o seu nvel de conhecimento
sobre a rea temtica onde ele est inserido, sobre a sua relevncia e atualidade.
Alm disso, deve estar relacionada, tambm, ao seu entusiasmo pelo assunto, pois
muito difcil fazer uma boa pesquisa, se no estivermos apaixonados por ela.
Para Groppo e Martins (2007), a boa escolha aquela que acontece levando-
se em conta a vida do pesquisador. O problema de pesquisa deve surgir das
experincias vividas por voc, que inquieto/a por algo que o/a desafia em seu
cotidiano profissional, acadmico, social, econmico, histrico ou cultural, resolve
se aventurar na busca de uma resposta para suas indagaes.
Escolher um problema de pesquisa observar bem o seu contexto (trabalho,
estudos realizados no seu curso etc.), de modo atento e crtico, para ver se nele
no se acha uma situao qualquer que cause problema, situao que a pesquisa
permitiria compreender.
O que tambm o/a ajudar na definio do seu tema-problema a leitura. Faa um levantamento de textos que apresentem resultados de pesquisas (artigos,
teses, dissertaes, monografias, relatrios de pesquisa) relativos aos temas
que mais o/a interessam. O conhecimento das diferentes vertentes tericas e
metodolgicas o /a auxiliar a escolher o tema-problema da sua pesquisa.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
45
Uma forma de se colocar um problema de pesquisa por meio de uma interrogao.
No entanto, saiba que uma questo, em si, no caracteriza um problema, nem
mesmo aquela pergunta cuja resposta desconhecida. Mas, uma questo cuja
resposta se desconhece e se necessita conhecer, eis a um problema. Algo que no
sei no um problema; mas, quando eu ignoro alguma coisa que eu preciso saber,
estou, ento, diante de um problema. (SAVIANI apud GROPPO; MARTINS, 2007).
Importante
muito comum entre os pesquisadores iniciantes elencar como
problema de pesquisa uma pergunta para a qual j saibam a resposta.
Mas, se j tm a resposta, no h por que fazer uma pesquisa para
descobri-la e, muito menos, fazer um projeto que a descreva em
detalhes, certo? Lembre-se de que pesquisar buscar respostas s
perguntas que formulamos, para as quais ainda no temos a resposta.
Assim, a clareza em relao ao problema um passo fundamental dentro do
processo de pesquisa, pois dela dependero todas as demais decises tomadas
pelo pesquisador. Todas as etapas da pesquisa esto condicionadas tentativa de
encontrar resposta ao problema colocado.
Booth e outros (2005) apresentam algumas formas de se chegar a um problema
de pesquisa. Acompanhe.
Procure problemas medida que l. Voc sempre pode encontrar um problema
de pesquisa, quando l criticamente. Consultando uma fonte, localize possveis
contradies, inconsistncias, explicaes incompletas. Em que ponto gostaria
que uma fonte fosse mais explcita, que oferecesse mais informaes? Se no ficar
satisfeito/a com uma explicao, se algo lhe parecer estranho, confuso ou incompleto,
voc pode ter encontrado um problema novo. Se decidir fazer da sua discordncia o
centro do seu projeto, releia a fonte, para ter certeza de que a entendeu. O problema
talvez tenha sido resolvido de uma maneira no informada pela fonte. Quando
pensar que encontrou um verdadeiro enigma ou erro, experimente fazer mais do que
simplesmente indic-los. Se uma fonte diz X e voc pensa Y, s haver um problema
de pesquisa caso voc possa afirmar que os leitores que continuarem acreditando em
X iro enganar-se a respeito de algo ainda mais importante. Por fim, leia as pginas
finais de suas fontes. ali que muitos pesquisadores localizam mais perguntas que
precisam de resposta, mais problemas espera de soluo.
Procure problemas no que voc escreve. Leia criticamente seus prprios
rascunhos iniciais. Quando redige os rascunhos, voc quase sempre pensa melhor
ao chegar perto do fim, nas ltimas pginas. ali que voc comea a formular
46
Ps-graduao
sua afirmao final, que, muitas vezes, pode ser transformada na soluo de
um problema de pesquisa o qual ainda no foi inteiramente formulado. Ao
terminar seu primeiro rascunho (pode parecer que estamos adiantando, mas
o/a advertimos de que o processo de pesquisa no linear), voc deve analisar
atentamente as ltimas duas ou trs pginas. Procure o ponto principal de seu
trabalho, uma frase ou duas que representariam sua afirmao mais importante.
Pea ajuda. Faa o que os pesquisadores mais experientes tambm fazem,
quando no tm certeza a respeito do problema: converse com outras pessoas.
Fale com professores, colegas de trabalho e da turma sobre seu tema e sua
pergunta de pesquisa.
Groppo e Martins (2007) tambm indicam alguns procedimentos bsicos para uma
boa delimitao do problema de pesquisa. Esto na sequncia, para a sua anlise.
a. O problema deve ser formulado como pergunta. Deve-se expressar o
problema em forma de uma ou mais perguntas sobre o tema escolhido,
cuja resposta se desconhece. Essa ser buscada pela pesquisa a ser
realizada pelo pesquisador, que deve estar motivado para tanto, ou
seja, o problema deve ser algo que lhe desafie a capacidade cognitiva.
Tomando como exemplo o tema evaso escolar, o que no se sabe e
se quer saber sobre ela? Ao se refletir sobre esta questo, tendo por base
os referenciais tericos, poder surgir um problema cientfico.
b. O problema deve estar situado no tempo e no espao. Esse
procedimento importante para treinar o pesquisador na preciso e
na coerncia lgica, que so prprias da cincia e dos procedimentos
acadmicos. Isso evita tambm divagaes sobre o tema escolhido.
muito comum o orientador ter de cercear as divagaes do pesquisador,
que, ao investigar um tema delimitado por um problema, perde o foco
e comea a tratar de outras questes. Voltando ao exemplo da evaso
escolar, preciso identificar de qual escola ou de qual rede de escolas
se est falando e, tambm, em que perodo de tempo (um ano, vrios
anos etc.). Ou seja, situar a evaso escolar no tempo e no espao.
c. O problema deve ser uma pergunta cuja busca de resposta seja vivel. Um
problema deve ser uma pergunta cuja resposta se possa buscar, tendo em
vista as condies disponveis ao pesquisador. Seria muito interessante,
por exemplo, fazer uma pesquisa comparando os ndices de evaso escolar
e os motivos que levaram a eles em cinco pases subdesenvolvidos de cada
um dos continentes, mas nem sempre o tempo e os recursos disponveis
possibilitam realizar uma pesquisa como essa.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
47
d. O problema deve manifestar uma dvida com um mnimo de
originalidade. No basta que a dvida seja s do pesquisador, mas que a resposta manifeste algo que vem sendo perseguido pelos demais
pesquisadores do mesmo tema. A pesquisa exploratria o principal
instrumento de que o pesquisador iniciante dispe para conseguir
formular um projeto com um mnimo de originalidade. Mas nem sempre
suficiente, de modo que uma conversa com especialistas na rea
investigada sempre um mtodo interessante para evitar de fazer uma
pesquisa cuja resposta j esteja disponvel.
Considerando-se essas orientaes, podemos formular, por exemplo, o seguinte
problema sobre a evaso escolar: qual a influncia da situao econmica do
aluno sobre os nveis de evaso escolar nas escolas pblicas municipais e estaduais
de Americana, durante os anos 1990? (GROPPO; MARTINS, 2007).
Uma boa pergunta de pesquisa, segundo Laville e Doille (1999), deve ser:
Significativa: a funo de uma boa pergunta ajudar o pesquisador a progredir em sua pesquisa; ela lhe fornece um fio condutor para
o desenrolar de seu trabalho, guia-o nas operaes futuras. Deve,
portanto, deixar claro o que se pode esperar como soluo, quer se
trate da aquisio de conhecimentos lacunares (pesquisa pura) ou de
possibilidade de interveno (pesquisa aplicada). Voltando ao exemplo
da evaso escolar, ningum duvida de que se trate de um problema.
Apesar disso, uma pergunta como Considerando os custos sociais e
individuais da evaso escolar, dever-se-ia estigmatizar os evadidos? no
uma boa pergunta de pesquisa. Nesse caso, mesmo com a pesquisa,
pode apenas permanecer uma questo de opinio cujos critrios de
resposta so morais, variando conforme os valores adotados, ou seja,
no conduz procura de informaes que permitiriam melhor conhecer
e compreender o problema ou intervir para modificar a situao. Para ser
significativa, preciso ainda que a pesquisa seja original. No servir para
nada refazer mil vezes o mesmo estudo.
Clara: uma pergunta de pesquisa deve ser clara. Primeiro, para o prprio pesquisador, que dela se serve para pesquisar seu problema e traar seu
itinerrio posterior; e, em seguida, para aqueles aos quais ser comunicada
(a comunidade acadmica ou cientfica). Imagine que um pesquisador
tivesse chegado seguinte pergunta de pesquisa: Como conter o impacto
da evaso escolar sobre a sociedade brasileira? O que compreendemos,
lendo-a? Trata-se da evaso no ensino fundamental, mdio, na
universidade? E a sociedade? De que sociedade se trata? Como voc pode
ver, a pergunta bem ampla e vaga, no dizendo precisamente em qual
direo se deve procurar a informao que permitir responder a ela.
48
Ps-graduao
Exequvel: o pesquisador deve se assegurar de que dispe dos meios (tempo, instrumentos etc.) para fazer a pesquisa que est propondo. preciso
considerar, inclusive, as diversas dificuldades prticas que podem surgir na
coleta das informaes. Limitar a abrangncia de sua pesquisa pode lhe
parecer frustrante, mas, em contrapartida, pode permitir que proceda com
mais segurana s aprendizagens de base da metodologia da pesquisa.
A escolha do tema e a definio do problema so aes fundamentais ao
planejamento da pesquisa. Mas no se preocupe, pois quase todos ns comeamos um projeto de pesquisa, sem estarmos inteiramente certos de qual o problema.
O que considerar na formulao do problema de pesquisa
Pesquisa pura (fundamental), ou pesquisa aplicada?
Saiba, inicialmente, que h vrias formas de abordagem de um problema. Uma
pesquisa pode ser, por exemplo, pura ou aplicada.
A pesquisa pura (ou fundamental) caracteriza-se como um tipo de estudo que tem a curiosidade intelectual como primeira motivao, sendo a compreenso de determinado fenmeno o seu principal objetivo. As consequncias desse tipo de
pesquisa so conceituais (tericas), e ela define o que o pesquisador quer conhecer.
A pesquisa aplicada uma investigao motivada pela necessidade de resolver problemas concretos. As consequncias desse tipo de pesquisa so palpveis, e
ela define o que pesquisador quer fazer.
Observe, a seguir, exemplos de pesquisa pura e aplicada:
Exemplo de objetivo geral de uma pesquisa pura
Entender a radicalidade crtica e poltica nos textos de juventude de Walter
Benjamin, escritos entre 1916 e 1925.
Exemplo de objetivo geral de pesquisa aplicada
Desenvolver uma metodologia de avaliao de objetos de aprendizagem digitais para a UnisulVirtual.
Metodologia da Pesquisa Cientfica
49
No centro da maioria das pesquisas em cincias humanas, por exemplo,
encontram-se indagaes cujas respostas no tm nenhuma aplicao direta
na vida diria. Na verdade, em muitas disciplinas tradicionais, os pesquisadores
valorizam mais a pesquisa pura do que a pesquisa aplicada. Eles buscam o
conhecimento pelo conhecimento, refletindo a mais elevada vocao da
humanidade saber mais e entender melhor no por dinheiro ou poder, mas
pelo bem que o conhecimento pode proporcionar. (BOOTH et. al, 2005).
A discusso sobre qual tipo de pesquisa melhor premente e depende da rea na
qual a pesquisa est inserida. H pesquisadores que valorizam mais a pesquisa pura; e
outros, a aplicada. Na maioria dos programas de ps-graduao em cincias humanas
e sociais do Brasil, por exemplo, valoriza-se e defende-se a pesquisa pura contra o
que pode ser chamado de funcionalizao da pesquisa (PAIVA, 1998, p. 127).
Paiva (1998) critica a pesquisa aplicada, pois ela pode diminuir o espao para
criao e crtica, empobrecendo a pesquisa e amesquinhando a vida intelectual.
Alm disso, afirma que esse tipo de pesquisa atende a critrios empresariais e
no acadmicos, levando ao utilitarismo. Defende que a pesquisa no deve viver
s de seus resultados, mas de seu processo; no forma apenas pesquisadores,
mas cidados potencialmente portadores de futuro. (PAIVA, 1998, p. 133).
No entanto, em outras reas como as cincias exatas e engenharias, por exemplo,
as pesquisas mais desenvolvidas so as aplicadas, devido especificidade dos seus
objetos de estudo.
Pesquisa terica ou pesquisa emprica?
Voc j sabe que o problema de pesquisa guia o trabalho do pesquisador, certo?
Dependendo das questes que forem levantadas, vai variar a forma de se obterem
as respostas. Assim, podemos afirmar que a produo do conhecimento cientfico
pode ser realizada por meio de pesquisas empricas ou tericas.
Uma das formas de se distinguir a pesquisa emprica da pesquisa terica
mediante a identificao do tipo de dado utilizado: na pesquisa emprica, o
pesquisador coleta as informaes diretamente sobre os fatos (no mesmo
momento em que ocorrem), ou indiretamente (por meio do relato de algum
ou de consulta a documentos); na pesquisa terica, as informaes a serem
analisadas so obtidas a partir da literatura produzida numa dada rea de
conhecimento. A pesquisa terica aquela cujo questionamento incide sobre
um determinado arcabouo terico-conceitual, vigente numa dada rea de
conhecimento. (MOROZ; GIANFALDONI, 2006).
50
Ps-graduao
Observe, a seguir, alguns exemplos:
Exemplo de pesquisa emprica
Objetivo da pesquisa: Conhecer e analisar como se constitui o incio da trajetria docente de pedagogos recm-formados pela Universidade do Sul de Santa Catarina,
considerando suas trajetrias de formao e o contexto de trabalho.
Exemplo de pesquisa terica
Objetivo da pesquisa: Analisar o conceito de gesto oramentria nas obras de Roberto de Oliveira.
Para auxili-lo/a na elaborao do problema de pesquisa, o quadro a seguir
apresenta alguns exemplos de tema e o seu respectivo problema.
TEMA ESPECFICO PROBLEMAA tecnologia da informao nas empresas do ramo hoteleiro de Palhoa, SC
Qual o impacto da implantao do Sistema Tecnolgico de Planejamento Oramentrio na empresa do ramo hoteleiro Alfa, de Palhoa, SC?
Qualidade na administrao pblica municipal de Palhoa, SC
Qual o nvel de qualidade existente na administrao pblica na Prefeitura Municipal de Palhoa, SC, no ano de 2006, segundo parmetros do Manual para Avaliao da Gesto Pblica, Programa Qualidade no Servio Pblico - PQSP?
Administrao pblica municipal de Palhoa, SC
De que forma a administrao pblica municipal de Palhoa, SC, trabalhou em 2006 a gesto de segurana pblica?
Perfil dos gestores das empresas A, B, C Qual o perfil de qualificao dos gestores das empresas A, B e C, situadas em Palhoa, SC?
Balano social na cooperativa Alfa Como so organizadas as informaes do balano social na cooperativa Alfa, de Palhoa, SC?
Experincia da insero internacional das pequenas empresas industriais do ramo de confeces de Palhoa, SC
Como o profissional de comrcio exterior contribuiu para a insero no mercado internacional da empresa industrial Beta, de Palhoa, SC?
Motivao no trabalho no ramo hoteleiro do municpio de Palhoa, SC
Qual o nvel de motivao dos funcionrios do Hotel X, do municpio de Palhoa, SC?
Quadro 1 Exemplos de tema e problema Fonte: Cavalcanti; Moreira (2010, p. 70).
Metodologia da Pesquisa Cientfica
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Referncias
BOOTH, Wayne C.; COLOMB, Gregory G.; WILLIAMS, Joseph M. A arte da pesquisa. 2. ed.
So Paulo: Martins Fontes, 2005.
CAVALCANTI, Marcelo; MOREIRA. Enzo. Metodologia para Estudo de Caso. 5. ed. Palhoa:
UnisulVirtual, 2010.
GROPPO, Lus Antonio; MARTINS, Marcos Francisco. Introduo pesquisa em educao.
2. ed. Piracicaba: Biscalchin Editor, 2007.
MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mnica Helena T. A. O processo de pesquisa: iniciao. 2.
ed. Braslia: Lber Livro, 2006.
PAIVA, Vanilda. Pesquisa Educacional e Deciso Poltica. In: WARDE, Mirian Jorge (Org.).
Novas polticas educacionais: crticas e perspectivas. So Paulo: Programa de Estudos
Ps-Gr