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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
KAROLINE SOEK
LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO
CURITIBA
2012
KAROLINE SOEK
LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professora orientadora: Profa. Dra. Ana Laura Angeli Orientador profissional: José Tavares da Silva
CURITIBA
2012
TERMO DE APROVAÇÃO
KAROLINE SOEK
LEPTOSPIROSE CANINA - REVISÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Bacharelado em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 28 de novembro de 2012.
______________________________________
Bacharelado em Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná.
Orientador: ______________________________________ Profa. Dra. Ana Laura Angeli Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profa. MSc. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns Universidade Tuiuti do Paraná ______________________________________ Profa. MSc. Fabiana dos Santos Monti Universidade Tuiuti do Paraná
À minha mãe, Marilene Vonsowicz Soek, ao meu
pai José Soek, que apesar de não estar de corpo
presente, mora no meu coração, ao meu padrasto
João Barbosa Mendes Filho, ao meu irmão Diego
José Soek e a todos aqueles que sempre me
apoiaram e incentivaram em todas as minhas
decisões.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me destinar uma vida tão maravilhosa e
cheia de surpresas.
Agradeço à minha família, pela paciência de me ajudar durante os cinco anos
de faculdade. Em especial à minha mãe que sempre seguiu me apoiando e
incentivando a dar o melhor de mim em tudo o que faço. Obrigada.
Ao Ricardo Luiz Reolon, que me acompanhou por toda essa jornada,
passando por momentos de alegria e tristeza, mas sempre me apoiando e me dando
conselhos para seguir em frente e enfrentar os desafios que a vida oferece. Te amo.
À professora Ana Laura Angeli, por ter me aceito como sua orientada e pela
dedicação, orientação e amizade durante o decorrer do trabalho. E também pela
paciência de ouvir e explicar detalhadamente todos os passos dessa caminhada.
Sou imensamente grata.
À minha cunhada Michele Aparecida Mendes que me ajudou muito
principalmente na tradução dos artigos em inglês.
Aos professores, pelas maravilhosas aulas ministradas e orientações que vão
servir para a vida toda.
Aos meus queridos amigos Haline Joiane Ribeiro, Mariane Miranda
Gonçalves, Marcelo Andrey Coradin e Tawnny Kim Karasawa, pelos momentos
inesquecíveis que passamos juntos. Com certeza, nunca apagarei vocês de minha
memória e do meu coração.
Aos demais colegas de turma, pelas boas risadas e brincadeiras. E também
pelo companheirismo por parte deles. Saudades.
Às minhas cachorrinhas Bibi e Susi, e à minha gata, Preta, que me deram
muito carinho nas horas que não cabiam palavras.
Ao Dr. José Tavares da Silva e ao Dr. Frederico José Retzlaf, pela paciência
de me ensinar a realizar os procedimentos de rotina da clínica.
À minha grande amiga Vera, da Clínica, onde passei momentos de risos,
muita alegria, brincadeiras e companheirismo, tristezas, mas também momentos de
seriedade e dedicação pelo que estávamos realizando durante a rotina. E aos
demais colegas da clínica que sempre me apoiaram e me incentivaram em todas as
minhas decisões. Sou muito grata a vocês todos.
E aos animais que acompanhei durante o estágio obrigatório, pelos gestos de
carinho e compreensão e que me possibilitaram um melhor aprendizado prático.
E aos meus amigos aqui de Mandi, que sempre me incentivaram a seguir em
frente nos momentos que eu queria jogar tudo para o alto, e compreendiam quando
eu precisava ficar horas estudando em uma tarde de domingo.
"Jamais creia que os animais sofrem menos do que os
humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Talvez
pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos".
Louis J. Camuti
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo descrever as atividades
realizadas durante o estágio curricular obrigatório de Karoline Soek, na Clínica
Veterinária Tavares em Fazenda Rio Grande - PR, durante o segundo semestre de
2012. O estágio foi na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, no
período de 06 de agosto a 10 de outubro de 2012, sob a orientação do Médico
Veterinário José Tavares da Silva, totalizando 376 horas. O estágio curricular foi
realizado com supervisão integral da Profa. Dra. Ana Laura Angeli. Descreve-se o
local de estágio, as atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada. A
Leptospirose canina é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira, que
é muito importante no ponto de vista de saúde pública, pois é uma zoonose de
ocorrência mundial, que acomete o homem e animais domésticos, tendo como
reservatório os animais silvestres, estes que podem eliminar a bactéria pela urina
por toda a sua vida. Os principais tipos de tratamentos incluem a administração de
antimicrobianos que eliminem tanto a fase de multiplicação do agente na corrente
circulatória e em vários órgãos, como também, a fase de imunidade, que é
caracterizada pela formação crescente de anticorpos com estabelecimento de
leptospiras em locais de difícil acesso aos mesmos. E, principalmente, o essencial é
o controle e a prevenção, utilizando-se de vacinas multivalentes, eliminação de
roedores e melhorias em condições sanitárias.
Palavras chave: TCC, Estágio Curricular Obrigatório, Clínica Médica, Clínica
Cirúrgica, Leptospirose.
ABSTRACT
This course conclusion work aims to describe the activities performed during the
traineeship made mandatory Karoline Soek in Tavares Veterinary Clinic in Fazenda
Rio Grande - PR, during the second half of 2012. The stage was in the area of
Medical and Surgical Clinic of Small Animals, in the period from 06 August to 10
October 2012, under the guidance of veterinarian Jose Tavares da Silva, totaling 376
hours. The traineeship was conducted with full supervision of Professor Ana Laura
Angeli. We describe the local stage, the activities and the series followed. Canine
Leptospirosis is a disease caused by bacteria of the genus Leptospira, which is very
important from the viewpoint of public health, it is a zoonosis of worldwide occurrence
that affects humans and domestic animals, and wild animals as reservoirs, such that
can eliminate the bacteria in the urine throughout his life. The main types of
treatments include administration of antibiotics which eliminate both the multiplication
phase of the agent in the blood stream and in various organs, and also, the phase of
immunity, which is characterized by increased formation of antibodies to leptospira
establishing in local difficult access. And especially, what is essential is the control
and prevention, using multivalent vaccine, elimination of rodents and improvements
in sanitary conditions.
Keywords: CBT, Compulsory Internship, Internal Medicine, Surgery, Leptospirosis.
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS
BID: Duas vezes ao dia
CID: Coagulação intravascular disseminada
CK: Creatino-cinase
CVT: Clínica Veterinária Tavares
DAPE: Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas
DNA: Ácido desoxirribonucléico
DRC: Doença Renal Crônica
DITUIF: Doença Inflamatória do Trato Urinário Inferior dos Felinos
ELISA: Ensaio Imunossorvente Ligado à Enzima (enzyme-linked
immunosorbent assay)
EMJH: Ellinghausen-McCullough-Johnson-Harris
FeLV: feline leukemia virus (Vírus da Leucemia Felina)
FIV: Vírus da Imunodeficiência Felina
gl: Glândula
IgG: Imunoglobulina G
IgM: Imunoglobulina M
IM: Intramuscular
IRA: Insuficiência Renal Aguda
IV: Intravenoso
Kg: Quilogramas
MAT: Teste de Aglutinação microscópica
mg: Miligramas
ml: Mililitros
mm3: Milímetros cúbicos
MPD: Membro pélvico direito
MPE: Membro pélvico esquerdo
MTD: Membro torácico direito
MTE: Membro torácico esquerdo
OMS: Organização Mundial de Saúde
PCR: Reação em Cadeia de Polimerase
pH: Potencial hidrogeniônico
PIF: Peritonite Infecciosa Felina
SID: Uma vez ao dia
TID: Três vezes ao dia
TVT: Tumor Venéreo Transmissível
UI: Unidades Internacionais
VO: Via oral
ºC: Graus centígrados
%: Porcentagem
≥: Maior ou igual
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - ENTRADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES EM FAZENDA RIO
GRANDE, PR, 2012 _________________________________________________ 13
Figura 2 - CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTOS GERAIS, CLÍNICA
VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 _______________ 15
Figura 3 - ÁREA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES,
FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 ____________________________________ 16
Figura 4 - PET SHOP PARA CÃES E GATOS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES,
FAZENDA RIO GRANDE, PR, 2012 ____________________________________ 17
Figura 5 - AGROPECUÁRIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO
GRANDE, PR, 2012 _________________________________________________ 18
LISTA DE GRÁFICOS
GRAFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO POR AFECÇÕES DOS 141 CASOS
ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE
OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 24
GRAFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO ENTRE OS MACHOS E FÊMEAS DOS 141 CASOS
ACOMPANHADOS NO CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE
OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 25
GRAFICO 3 - DISTRIBUÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES CANINA E FELINA DOS 141
CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE O6 DE AGOSTO A 10
DE OUTUBRO DE 2012______________________________________________ 25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - CASUÍSTICA DE ACORDO COM OS 141 CASOS ACOMPANHADOS
DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO - CVT - 06 DE AGOSTO A 10 DE
OUTUBRO DE 2012 ________________________________________________ 21
Tabela 2 – TABELA MOSTRANDO AS ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA
SAÚDE QUANTO AO TIPO DE DIAGNÓSTICO DA LEPTOSPIROSE, TIPO DE
MATERIAL A SER ENCAMINHADO AO LABORATÓRIO, COM A QUANTIDADE
NECESSÁRIA, RECIPIENTE CORRETO, TRANSPORTE E ESTOCAGEM _____ 40
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _________________________________________ 12
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO _____________________ 13
2.1 Clínica Veterinária Tavares _____________________________________________________ 13
2.1.1 Instalações e funcionamento__________________________________________________ 13
2.1.2 Atividades desenvolvidas ____________________________________________________ 19
2.1.3 Casuística ________________________________________________________________ 19
3. LEPTOSPIROSE CANINA – REVISÃO _____________________ 26
(LEPTOSPIROSIS CANINE – REVIEW) _______________________ 26
Resumo ________________________________________________________________________ 26
Abstract ________________________________________________________________________ 27
3.1 História _____________________________________________________________________ 28
3.2 Introdução ___________________________________________________________________ 28
3.3 Transmissão _________________________________________________________________ 29
3.4 Patogenia ___________________________________________________________________ 30
3.5 Sinais Clínicos _______________________________________________________________ 31
3.6 Diagnóstico __________________________________________________________________ 33
3.6.1 Hemograma completo _______________________________________________________ 33
3.6.2 Urinálise__________________________________________________________________ 33
3.6.3 Perfil Bioquímico Sérico _____________________________________________________ 34
3.6.4 Imagem Diagnóstica ________________________________________________________ 34
3.6.5 Soroaglutinação microscópica ________________________________________________ 35
3.6.6 Teste de ELISA ____________________________________________________________ 36
3.6.7 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) _______________________________________ 37
3.6.8 Isolamento e cultivo do agente ________________________________________________ 37
3.6.9 Microscopia de Campo Escuro ________________________________________________ 38
3.6.10 Diagnóstico anatomo-patológico ______________________________________________ 39
3.7 Diagnóstico Diferencial ________________________________________________________ 41
3.8 Tratamento __________________________________________________________________ 41
3.9 Complicações da Leptospirose canina ___________________________________________ 42
3.10 Profilaxia ___________________________________________________________________ 43
3.11 Saúde Pública _______________________________________________________________ 44
3.12 Manifestação da Leptospirose em Curitiba-PR____________________________________ 46
3. 13 Considerações Finais ________________________________________________________ 47
4. CONCLUSÃO _________________________________________ 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________ 50
12
1. INTRODUÇÃO
O estágio curricular obrigatório é muito importante para que o aluno
desenvolva as atividades que aprende em sala de aula, visando ao aprendizado de
competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular,
sempre objetivando o desenvolvimento para a vida cidadã e para o trabalho.
Além disso, proporciona aplicar os conhecimentos técnicos adquiridos no
decorrer do curso, na identificação clínica das enfermidades dos animais
domésticos, sugerir tratamentos a serem aplicados em cada caso, efetuar colheita
de material biológico, realização de medidas profiláticas, enfim, há muitas outras
atividades que podem ser desenvolvidas pelo aluno estagiário, porém, todas com
um único objetivo, adquirir experiência para enfrentar os desafios da carreira
profissional. Todas as atividades foram realizadas com a supervisão do médico
veterinário responsável.
O objetivo deste estudo foi reunir em um único documento informações sobre
o estágio realizado e uma revisão de literatura a respeito da leptospirose, tendo
como enfoque a doença nos cães, e deste modo contribuir para um melhor
conhecimento desta zoonose de grande importância mundial.
13
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
2.1 CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES
2.1.1 Instalações e funcionamento
A Clínica Veterinária Tavares está localizada na rua Tenente Sandro Luiz
Kampa, 65, Bairro Pioneiros, Fazenda Rio Grande, Paraná. Foi projetada e
estruturada para oferecer atendimento especializado a pequenos animais, em
especial cães e gatos (FIGURA 1).
FIGURA 1 - ENTRADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES EM FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012.
14
O setor de clínica médica de pequenos animais funciona de segunda-feira a
sábado. De segunda a sexta-feira, o horário de atendimento é de 8:00 às 18:00
horas. Aos sábados, o horário de funcionamento é de 8:00 às 14:00 horas. A clínica
também dispõe de plantão, portanto os pacientes que necessitam de internamento
no período noturno não precisam ser encaminhados para outro local.
A clínica possui dois consultórios, sendo que um deles é para atendimento
geral e outro é utilizado como sala de vacina (FIGURA 2). A clínica conta ainda com
internamento para cães e gatos (FIGURA 3), sala de Raio-X, sala de cirurgia,
farmácia, área de espera de caninos e felinos, recepção, cozinha e lavanderia.
15
FIGURA 2 - CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTOS GERAIS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012
16
FIGURA 3 - ÁREA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012
Há ainda, anexo à clínica, o pet shop com banho e tosa para cães e gatos
(FIGURA 4) e loja agropecuária com múltiplos produtos destinados à área animal
(FIGURA 5).
17
FIGURA 4 - PET SHOP PARA CÃES E GATOS, CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012
18
FIGURA 5 - AGROPECUÁRIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA TAVARES, FAZENDA RIO GRANDE, PR FONTE: SOEK, 2012
Os atendimentos são realizados por dois médicos veterinários, com a ajuda
dos estagiários e funcionários que trabalham na clínica, sempre intercalando os
profissionais para que não tumultue o consultório.
Os pacientes que chegam à clínica ficam na área de espera, enquanto o
responsável é encaminhado para a recepção, a fim de abrir ficha de consulta. Os
atendimentos ocorrem por ordem de chegada, porém as emergências têm
prioridade.
19
2.1.2 Atividades desenvolvidas
O estagiário inicia as consultas, realizando anamnese completa e exame
físico de novos casos ou retornos. Em seguida, entra em contato com o médico
veterinário responsável pelo caso, que conduz o restante da consulta encaminhando
o paciente para realizar exames complementares, se necessário. O estagiário ainda
acompanha o paciente até o fim de todos os procedimentos, sendo assim, auxilia
também em radiografias e colheita de material biológico para exames e demais
procedimentos a serem realizados em cada paciente. Se o paciente precisar de
internamento e medicações parenterais, o estagiário pode preparar os frascos de
fluidoterapia, fazer o acesso venoso e aplicar as medicações, sempre
supervisionado pelo médico veterinário responsável.
Foi possível acompanhar testes de Shirmer e de fluoresceína nas consultas
de oftalmologia, bem como testes neurológicos e ortopédicos nas consultas de
neurologia e ortopedia, realizados junto ao médico veterinário.
Ao final de cada consulta, o estagiário auxilia a prescrever receitas, sempre
sob orientação, com carimbo e assinatura de médico veterinário responsável.
Durante os casos de emergência, o estagiário ajuda, quando requerido, na
fluidoterapia, oxigenoterapia, colheta de material para exame ou qualquer outra
atividade determinada pelo veterinário responsável. Após a estabilização do
paciente, o estagiário realiza a anamnese junto ao proprietário, bem como a
monitoração constante do paciente, repassando as informações ao veterinário.
O estagiário também pode auxiliar o cirurgião em determinados
procedimentos, pode instrumentá-lo e acompanhar o anestesista, desde a
medicação pré-anestésica até o retorno das funções normais do paciente.
Demais atividades envolveram colheita de material biológico, como sangue ou
urina, acompanhamento em quimioterapias, ajuda na contenção de pacientes e
realização de requisição de cada exame solicitado.
2.1.3 Casuística
Durante o período de estágio, foram acompanhados 141 casos, sendo que a
maioria deles foram afecções do trato digestório, seguido pelas afecções
ortopédicas (GRÁFICO 1). Todos os casos acompanhados estão listados abaixo
conforme o sistema afetado, de acordo com o diagnóstico presuntivo ou definitivo
20
(TABELA 1). Estão listados nos gráficos a seguir, a proporção entre os gêneros
(GRÁFICO 2) e entre as espécies canina e felina (GRÁFICO 3).
21
Dos 141 casos acompanhados durante o estágio, a maioria foram digestórios,
seguido pelas afecções ortopédicas. Todos estão listados conforme o sistema
afetado, de acordo com o diagnóstico presuntivo ou definitivo, conforme a tabela 1.
TABELA 1 - CASUÍSTICA DE ACORDO COM O DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO OU DEFINITIVO DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO - CVT - 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012 AFECÇÕES Nº DE CASOS %
Cardiovasculares Cardiomiopatia dilatada
Insuficiência cardíaca congestiva
1
1
0,71%
0,71%
Cutâneas
DASP
Demodiciose
Dermatite atópica
Dermatite úmida aguda
Escabiose
Esporotricose
Miíase
Otohematoma
Otite fúngica
Otite externa
1
2
2
1
2
1
1
2
1
2
0,71%
1,42%
1,42%
0,71%
1,42%
0,71%
0,71%
1,42%
0,71%
1,42%
Digestórias
Corpo estranho linear
Estomatite
Fecaloma em cólon
Gastroenterite não hemorrágica
Gastroenterite hemorrágica
Intussuscepção
Pancreatite
Prolapso retal
1
2
1
10
5
1
1
1
0,71%
1,42%
0,71%
7,1%
3,55%
0,71%
0,71%
0,71%
Endócrinas
Diabetes mellitus
Hiperadrenocorticismo
1
1
0,71%
0,71%
Genitourinárias
Aborto prematuro
Cesariana
Cistite intersticial
Consulta eletiva para castração
Controle gestacional
DRC
1
2
1
7
1
1
0,71%
1,42%
0,71%
4,97%
0,71%
0,71%
22
DITUIF
IRA
Piometra
Piometra de coto
2
1
3
1
1,42%
0,71%
2,13%
0,71%
Hérnias
Hérnia diafragmática
Hérnia escrotal
Hérnia inguinal
Hérnia perineal
Hérnia umbilical
1
1
1
1
2
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
Imunomediadas Fístula perianal 1 0,71%
Infecto-
contagiosas
Cinomose
Felv
Leptospirose
Poliartrite infecciosa (Cabrito)
Tétano
3
1
2
1
1
2,13%
0,71%
1,42%
0,71%
0,71%
Neoplásicas
Linfoma
Metástase pulmonar
Neoplasia esplênica
Neoplasia hepática
Neoplasia mamária
Neoplasia mandibular
Neoplasia renal
Neoplasia testicular
Osteossarcoma
Tumor de subcutâneo
TVT
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
2
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
Neurológicas Neuropatia a esclarecer
Trauma em crânio
1
1
0,71%
0,71%
Oftalmológicas
Catarata
Ceratoconjuntivite seca
Conjuntivite
Enucleação
Glaucoma
Proptose de globo ocular
Protrusão da gl. da 3ª pálpebra
Úlcera de córnea
3
2
1
1
1
2
1
1
2,13%
1,42%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
0,71%
0,71%
23
Odontológicas
Abscesso dentário
Doença periodontal grau II
Doença periodontal grau III
1
2
1
0,71%
1,42%
0,71%
Ortopédicas
Amputação de cauda
Amputação de cauda e MTE
Amputação de MTD
Amputação de MPD
Amputação de 4ª falange MPE
Displasia coxofemoral
Fratura de fêmur
Fratura de íleo
Fratura de íleo e ísquio
Fratura de rádio e ulna
Fratura de tíbia e fíbula
Luxação vertebral
1
1
1
1
1
2
2
2
1
3
2
3
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
1,42%
1,42%
0,71%
2,13%
1,42%
2,13%
Outras
Check-up
Espinho de ouriço
Envenenamento por picada de
abelha
Picada de Loxosceles spp
Feridas por mordedura de outros
cães
1
1
1
1
2
0,71%
0,71%
0,71%
0,71%
1,42%
Total 141 100%
24
Dentre as afecções observadas durante o período de estágio, a maior
prevalência (15,6%) foram de digestórias, seguidas por ortopédicas (14,89%) e
gênitourinárias (14,18%).
GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO POR AFECÇÕES DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012
Casuística
Digestórias 15,60%
Gênitourinárias 14,18%
Cutâneas 10,64%
Neoplásicas 10,64%
Oculares 8,52%
Infecto-contagiosas 4,96%
Hérnias 4,25%
Outras 4,25%
Respiratórias 4,25%
Odontologia 2,85%
Imunomediadas 1,42%
Endócrinas 1,42%
Cardiovasculares 1,42%
Neurológicas 0,71%
Ortopédicas 14,89%
25
Dos 141 casos atendidos, 82 (58,16%) foram machos e 59 (41,84%) fêmeas,
conforme o gráfico 2.
GRAFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO ENTRE OS MACHOS E FÊMEAS DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NO CVT, PR, NO PERÍODO DE 06 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012
Dos 141 casos atendidos, 105 (74,47%) foram caninos e 36 (25,53%) felinos, conforme o gráfico 3. GRAFICO 2 - DISTRIBUÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES CANINA E FELINA DOS 141 CASOS ACOMPANHADOS NA CVT, PR, NO PERÍODO DE O6 DE AGOSTO A 10 DE OUTUBRO DE 2012
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Machos Fêmeas
Fêmeas
Machos
59
82
0
20
40
60
80
100
120
Câes Gatos
Gatos
Cães
105
36
26
3. LEPTOSPIROSE CANINA – REVISÃO
(LEPTOSPIROSIS CANINE – REVIEW)
RESUMO
A Leptospirose é doença zoonótica bacteriana que acomete homens e animais
domésticos, de ocorrência mundial, sendo mais comum em países tropicais e
subtropicais, tendo como portador ou servindo como reservatórios de Leptospiras
spp. os animais silvestres. Dentre os animais silvestres estão os roedores
sinantrópicos comensais, principalmente o Rattus norvegicus, pois neles as
Leptospiras causam uma infecção sem sinais clínicos, porém eliminam a bactéria
pela urina por toda a sua vida. A leptospirose tornou-se uma das causas de
epidemias, principalmente em comunidades carentes dos países em
desenvolvimento, assumindo grande importância como problema de saúde
pública. Os sinais clínicos desenvolvem-se aproximadamente sete dias após a
exposição. As infecções podem ser de forma aguda ou crônica, porém, as
Leptospiras têm predileção por túbulos renais e os sinais clínicos mais comuns
são a insuficiência renal aguda, disfunção hepática e diátese hemorrágica. O
diagnóstico é baseado em uma combinação de sinais clínicos, patologia clínica e
exames laboratoriais. Porém, o teste de eleição para a confirmação da doença é a
técnica de PCR, pois mostrou-se mais rápida, específica e sensível,
proporcionando um diagnóstico precoce da leptospirose. Seu tratamento consiste
na administração de antimicrobianos que eliminem a fase leptospirêmica, e
subsequentemente, a fase leptospirúrica. O controle e a prevenção baseiam-se
em ações de educação em saúde da população, melhorias nas suas condições
sanitárias e monitoramento dos reservatórios envolvidos no ciclo da doença. E
também na utilização de vacinas multivalentes, que contém mais sorotipos de
Leptospiras, propiciando um amplo espectro de proteção aos animais.
Palavras-chave: Cães, Leptospirose, Insuficiência renal, Zoonose, Roedores.
27
ABSTRACT
Leptospirosis is a zoonotic disease that affects bacterial men and domestic animals,
occurring worldwide and is most common in tropical and subtropical countries, with
the carrier or serving as reservoirs of Leptospira spp. wild animals. Among the wild
animals are rodents synanthropic diners, mainly Rattus norvegicus, for in them the
leptospires cause an infection without clinical signs, but eliminate the bacteria in the
urine throughout his life. Leptospirosis has become one of the causes of epidemics,
especially in poor communities in developing countries and of great importance as a
public health problem. Clinical signs develop in approximately seven days after
exposure. Infections can be acute or chronic, however, leptospires have a
predilection for renal tubules and the most common clinical signs are acute renal
failure, hepatic dysfunction and bleeding diathesis. The diagnosis is based on a
combination of clinical signs, clinical pathology and laboratory tests. However, the
test of choice for confirmation of the disease is the PCR technique therefore was
more rapid, specific and sensitive, providing an early diagnosis of leptospirosis. Their
treatment is the administration of antibiotics which eliminate the phase
leptospirêmica, and subsequently, the phase leptospirúrica. The control and
prevention actions based on health education of the population, improvements in
their health conditions and monitoring of reservoirs involved in the disease cycle. And
also the use of multivalent vaccines containing more serotypes of Leptospira,
providing a wide range of animal protection.
Keywords: Dogs, Leptospirosis, Renal failure, Zoonosis, Rodents
28
3.1 HISTÓRIA
Em 1866 Weil, descreveu uma enfermidade no homem que se caracterizava
por febre, icterícia e hemorragias, ainda com comprometimento hepático e renal.
Trinta anos após, dois pesquisadores japoneses levantaram a hipótese de se tratar
de uma enfermidade causada pela L. interrogans sorovar icterohaemorrhagiae.
Foram descritas em 1951, no Japão, aglutininas específicas em cães para os
sorovares icterohaemorrhagiae, canicola, hebdomadis e autumnalis. Na Iugoslávia
em 1955, foi descrito o sorovar serjöe. Davies, na Inglaterra em 1957, encontrou em
cães a predominância dos sorovares icterohaemorrhagiae e canicola. Darcoso Filho
em 1940, e Azevedo em 1945, foram os primeiros a estudar a enfermidade no Brasil.
Guida, por sua vez, em 1948, encontrou os sorotipos icterohaemorrhagiae em 13
cães com sintomatologia da enfermidade. E por fim, em 1962, Santa Rosa e
Pestana de Castro comprovaram em cães os sorovares: australis, bataviae,
pomona, icterohaemorrhagiae e canicola (CORRÊA, 1992).
3.2 INTRODUÇÃO
A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira, família
Treponemataceae, ordem Spirochaetiales (JESUS, 2009). São bactérias flexíveis,
delgadas e filamentosas em espiral, e possuem suas extremidades em forma de
anzol (BIAZZOTI, 2006). Podem medir cerca de 0,1 a 0,2 µm de largura por 6 a 12
µm de comprimento (LAPPIN, 2006). Seu crescimento é de forma aeróbia e
deslocam-se em movimentos giratórios. O gênero Leptospira é dividido em
Leptospira interrogans que compreende todos os sorotipos patogênicos, e
Leptospira biflexa, compreendendo as leptospiras saprófitas isoladas do ambiente
(RODRIGUES, 2008).
A leptospirose é considerada uma doença infecto-contagiosa, de importância
mundial em muitos animais. Atuam como reservatórios potenciais de infecção para
os humanos e outros hospedeiros, os animais domésticos e selvagens (GREENE,
2004).
As características fisiológicas ideais para o seu crescimento são: temperatura
entre 28ºC e 30ºC, pH entre 7,2 - 7,6, e são bactérias que possuem baixa resistência
(BIESDORF et al, 2008).
29
Há descrição de mais de 200 sorovares de Leptospira, todos com uma
característica universal, que é a capacidade em colonizar os túbulos renais
proximais, fazendo do hospedeiro um portador renal crônico, com excreção de
bactérias pela urina (SHERDING, 2008).
Os cães são infectados por L. australis, L. autumnalis, L.ballum, L. bratislava,
L. bataviae, L. canicola, L. grippotyphosa, L. hardjo, L. icterohaemorrhagiae, L.
pomona e L.tarassovi, pertencentes ao gênero Leptospira interrogans. Os felinos
podem ser infectados por L. bratislava, L. canicola, L. grippotyphosa e L. pomona,
mas os relatos clínicos são raros, pois parecem ser resistentes à doença clínica
(LAPPIN, 2006).
Segundo Greene (2004), a L. grippotyphosa, L. pomona e a L. bratislava são
os sorotipos mais comuns isolados de cães infectados ou sorologicamente
detectados entre esses cães. Entretanto, McDonough (2008), não considera o
sorotipo L. bratislava entre os mais comuns.
De acordo com Bartges (2005) e Greene (2004), devido à vacinação, a L.
icterohaemorrhagiae e a L. canicola são menos frequentes, a partir disso, existem
indícios crescentes de que outros sorovares estão se tornando mais prevalentes
entre a espécie canina.
3.3 TRANSMISSÃO
Os animais silvestres podem atuar como reservatórios de Leptospira spp
para outros animais silvestres ou domésticos e mesmo para o homem. Entre eles,
estão os roedores sinantrópicos comensais, principalmente o Rattus norvegicus, que
é o mais importante reservatório natural da doença. Nos ratos, as leptospiras
causam uma infecção sem sinais clínicos, mas estes eliminam a bactéria pela urina
por toda a sua vida (JORGENS, 2011).
O contato direto geralmente se dá pela manipulação com sangue e/ou urina
de animais doentes, transmissão venérea, placentária ou através da pele
(JORGENS, 2011). Já a transmissão indireta, mais frequente, ocorre por meio da
exposição de animais suscetíveis a um ambiente contaminado, por exemplo, água
tépida de movimentação lenta ou estagnada (GREENE, 2004).
Segundo Sherding (2008), a contaminação ocorre pelo contato muco-cutâneo
com a Leptospira no ambiente, principalmente com superfície de água contaminada,
30
mas também com alimentos, material de cama, solo, vegetação ou fômites
contaminados. Os microrganismos podem penetrar na mucosa ou na pele com
escoriação, mediante ferimento ou mordida, ou ainda pode ocorrer a transmissão
venérea.
A infecção pode ocorrer tanto no meio rural quanto no urbano nas regiões
semi tropicais do mundo onde existam o solo em condições alcalinas (LAPPIN,
2006). A prevalência é mais elevada no início de outono e final de verão e a taxa de
infecção aumenta após períodos de chuva e inundação (SHERDING, 2008).
De acordo com Gaschen (2008) e Sherding (2008), os cães de grande porte,
machos, de meia-idade e criados em ambientes externos, em áreas periurbanas,
são os mais acometidos. Todos podem se infectar, porém os animais que trabalham
como cães de caça ou pastoreio estão em maior risco de desenvolvimento de
leptospirose em comparação aos cães que ficam dentro de casa.
A água é considerada o meio de propagação mais prevalente, principalmente
em hábitats onde a água é morna e estagnada e o pH do solo é alcalino, condições
que favorecem ainda mais a sobrevivência da Leptospira (GREENE, 2008).
A infecção pode se desenvolver de três formas, podendo ser assintomática,
sub-clínica ou ocasionar quadros clínicos graves, anictéricos ou ictéricos, com alta
letalidade. Aproximadamente 60 a 70% dos casos ocorrem de forma anictérica
(CARMO et al, 2004).
3.4 PATOGENIA
Os hospedeiros que entrarem em contato com a Leptospira e possuírem
títulos de anticorpos preexistentes, eliminarão o microrganismo rapidamente e
permanecerão subclinicamente infectados. As bactérias replicam-se em múltiplos
tecidos de hospedeiros que não são imunes ou naqueles que forem infectados por
espécies não específicas (LAPPIN, 2006).
O agente multiplica-se em diferentes órgãos parenquimatosos, sangue, linfa e
líquor, o que caracteriza o quadro agudo da doença, denominado de leptospiremia.
Quando essa multiplicação ocorre no endotélio vascular determina uma quadro de
vasculite generalizada. Após a fase aguda, o agente permanecerá nos túbulos
contornados renais, sendo eliminado pela urina de forma intermitente, também
chamado de leptospirúria, podendo ocorrer desde 72 horas após a infecção e
31
permanecendo de semanas a meses nos animais domésticos e por toda a vida nos
roedores (JORGENS, 2011).
A replicação inicial da espiroqueta causa uma inflamação que provoca lesão
nos rins e no fígado (GREENE,2004). No epitélio do túbulo renal, causa uma lesão
tubular aguda e insuficiência renal, ocasionando prolongada colonização renal e
excreção de Leptospiras na urina. Já no fígado lesiona células hepáticas, podendo
ocasionar disfunção de hepatócitos, colestase, necrose hepática aguda, icterícia e
hepatite crônica com fibrose hepática, principalmente o sorotipo L. grippotyphosa
(SHERDING, 2008).
Aproximadamente sete dias após a exposição desenvolvem-se os sinais
clínicos. Normalmente sobrevivem os cães que são tratados ou que desenvolvem
resposta imune. Alguns vão eliminar a infecção 2 a 3 semanas após a exposição,
sem tratamento, mas desenvolvem hepatite crônica ou doença renal crônica. Os
gatos geralmente são acometidos subclinicamente, mas podem eliminar o
microrganismo por períodos de tempo variáveis (LAPPIN, 2006).
A severidade das lesões vai variar conforme a virulência da Leptospira spp e
a suscetibilidade do hospedeiro (BIESDORF et al, 2008). Segundo os mesmos
autores, o clima, a densidade populacional e o grau de contato entre os
reservatórios e hospedeiros acidentais é o que vai determinar a viabilidade da
Leptospira spp.
3.5 SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos da leptospirose, mesmo quando característicos, não são
patognomônicos, o que impede que o diagnóstico clínico seja conclusivo (ANZAI,
2006).
Os sinais clínicos vão depender da idade e da imunidade do hospedeiro, mas
também dos fatores ambientais e da virulência do sorotipo infectante (GREENE,
2004). Cães com menos de seis meses são os mais sensíveis e muitas vezes
podem demonstrar marcada disfunção hepática (LOBETTI, 2007). O início agudo
pode incluir sinais de anorexia, depressão, febre, vômito, desidratação, andar rígido
e relutância em se movimentar, também chamada de mialgia generalizada e
congestão de membranas mucosas (SHERDING, 2008). A presença de petéquias,
equimoses, melena e epistaxe pode frequentemente acontecer em consequência da
32
trombocitopenia e coagulação intravascular disseminada. Infecções superagudas
podem rapidamente evoluir para a morte antes mesmo da doença hepática ou renal
acentuada ser identificada (LAPPIN, 2006).
A leptospirose é considerada uma doença bifásica, ou seja, dispõe de uma
fase aguda ou leptospirêmica, seguida por uma fase imune, que é caracterizada pela
produção de anticorpos e presença de leptospirúria. A fase aguda pode persistir até
uma semana após a infecção (BIESDORF et al, 2008).
A bactéria tem predileção por túbulos renais e os sinais clínicos mais comuns
são aqueles consequentes à insuficiência renal aguda, disfunção hepática, e diátese
hemorrágica (LANGSTON e HEUTER, 2003).
De acordo com Jesus (2009), e Biesdorf et al (2008), a infecção causada pela
L. interrogans, sorovar icterohaemorrhagiae caracteriza-se por doença hemorrágica
aguda, insuficiência hepática e renal, resultando em febre, mialgia, prostração e
diferentes graus de comprometimento renal. Já na doença causada pela L.
interrogans, sorovar canicola, há o comprometimento renal, sem haver sinais
hepáticos. São sinais predominantes de insuficiência renal progressiva e uremia:
perda de peso, poliúria, desidratação, emese, diarréia (nem sempre), ulcerações na
cavidade oral e necrose da língua, em casos mais avançados. A L. kirschneri
sorovar grippotyphosa e a L. interrogans sorovar pomona, também estão
associadas à insuficiência renal grave e lesões hepáticas em cães. A L. interrogans
sorovar bratislava causa insuficiência renal aguda, podendo ou não ser grave. Em
infecção experimental com os sorovares Pomona e Bratislava da L. interrogans,
associam-se lesões inflamatórias e hemorrágicas em pulmões, rins e fígado,
enquanto que na infecção com L. kirschneri, sorovar Grippotyphosa, associam-se
nefrite intersticial, com degeneração tubular e necrose, podendo causar hemorragia
pulmonar.
A forma urêmica acomete em geral, animais mais velhos e apresenta os
seguintes sinais: febre, apatia, inapetência, vômito e diarréia, sensibilidade renal,
mucosas congestas, úlceras orais e de língua, que tendem a necrose, e o exame de
urina mostra-se com alterações, como densidade baixa, glicosúria, proteinúria,
bilirrubinúria, entre outras (SILVA et al, 2006).
A fase subaguda é caracterizada por febre, depressão e sinais clínicos ou
achados do exame físico compatíveis com síndrome hemorrágica, doença hepática,
doença renal ou uma combinação de doença hepática e renal. Ocasionalmente pode
33
ocorrer, ainda, conjuntivite, rinite, tonsilite, tosse e dispnéia (LAPPIN, 2006). A
deterioração progressiva na função renal vai resultar em oligúria ou anúria. Pode
ainda ocorrer icterícia em alguns cães (GREENE, 2004).
A maioria das infecções pela Leptospira spp é crônica ou subclínica, mas os
animais podem apresentar insuficiência renal aguda (GREENE, 2004). Os cães que
sobrevivem à fase subaguda desenvolvem nefrite intersticial crônica ou hepatite
crônica. As manifestações mais comuns são: poliúria, polidipsia, perda de peso,
ascite e sinais de encefalopatia hepática causada por insuficiência hepática
(LAPPIN, 2006).
Nos cães com febre idiopática, insuficiência renal e/ou doença hepática,
poliúria, polidipsia ou uveíte, deve ser realizada a sorologia para leptospirose. Além
disso, devem ser rastreados e monitorados os cães saudáveis de canis, cães
domésticos, de bairros ou outras áreas onde tenha a infecção e que apresentem os
sinais de leptospirose (BARTGES, 2005).
3.6 DIAGNÓSTICO
3.6.1 Hemograma completo
Segundo Greene (2004), Biazotti (2006), Jesus (2009), e Sherding (2008), as
alterações hematológicas envolvem leucopenia na fase superaguda, em resposta
inicial à leptospiremia, evoluindo para leucocitose neutrofílica com desvio à
esquerda, e trombocitopenia, em casos mais graves, decorrente das anormalidades
de coagulação ou CID.
Pode ocorrer ainda anemia regenerativa, por provável perda de sangue ou
hemólise ou anemia arregenerativa, pela doença hepática ou renal crônica (LAPPIN,
2006).
3.6.2 Urinálise
As alterações na urinálise de cães com leptospirose geralmente são:
densidade baixa, glicosúria, proteinúria, bilirrubinúria, que normalmente precede
34
hiperbilirrubinemia, acompanhadas de presença de cilindros granulosos, e elevação
de leucócitos e eritrócitos no sedimento urinário (BIAZOTTI, 2006).
De acordo com Sherding (2008) e Lappin (2006), o microrganismo não é visto
no sedimento urinário pelo microscópio óptico, portanto, por não ser confiável, a
microscopia de campo escuro de urina não é recomendada.
3.6.3 Perfil Bioquímico Sérico
A bioquímica sérica revela azotemia, que é o aumento da uréia e creatinina
(varia de acordo com a gravidade da lesão renal), hiponatremia, hipocalemia,
hiperfosfatemia, hipoalbuminemia, hipocalcemia, níveis elevados de alanina
aminotransferase, aspartato aminotransferase, fosfatase alcalina e do teor sérico de
bilirrubina e ácidos biliares, resultantes da doença hepática, doença renal, perdas
gastrintestinais e acidose metabólica (SHERDING, 2008 e JESUS, 2009).
A hiperglobulinemia pode ser detectada em alguns cães com leptospirose
crônica. Os cães com miosite podem ter a atividade da creatino-cinase (CK)
aumentada (LAPPIN, 2006).
3.6.4 Imagem Diagnóstica
O rim pode estar com tamanho normal ou aumentado. O ultrassom mostra o
aumento em 75% da ecogenicidade cortical dos rins e pielectasia em quase 50%
dos casos. Alguns cães podem apresentar demarcação ecogênica da margem
cortico-medular (SHERDING, 2008). Na leptospirose crônica pode ocorrer
mineralização da pelve e do córtex renal (LAPPIN, 2006 e GASCHEN 2008).
No fígado geralmente não se percebe mudanças pelo ultrassom, mas
alterações inespecíficas na ecogenicidade podem ser visualizadas (SHERDING,
2008).
As radiografias de tórax não são muito precisas, mas podem revelar infiltrado
alveolar reticulonodular irregular ou infiltrado intersticial pulmonar generalizado, com
distribuição dorsocaudal indicativa de pneumonia, vasculite ou hemorragia pulmonar
(SHERDING, 2008 e LAPPIN, 2006).
35
3.6.5 Soroaglutinação microscópica
Segundo Greene (2004) e Sherding (2008), o teste de aglutinação
microscópica é considerado o método sorológico padrão para o diagnóstico
presuntivo de leptospirose. Constitui uma técnica imprecisa e depende do contato
prévio com o agente, detectando os anticorpos a partir do sétimo dia de infecção
(BIESDORF et al, 2008). É ainda, recomendado pela OMS e amplamente utilizado
como prova-padrão tanto no diagnóstico da leptospirose animal, como humana
(JESUS, 2009).
Esta técnica consiste principalmente na reação entre anticorpos presentes no
soro contra os antígenos encontrados na superfície da lepstospira. Fatores
importantes na interpretação dos resultados laboratoriais são as reações cruzadas
entre sorovares, títulos vacinais e o início da fase aguda da enfermidade, sendo
assim, os testes sorológios devem ser realizados levando em consideração dados
epidemiológicos, bem como as informações obtidas na anamnese e no exame físico
(ANZAI, 2006).
Muitas vezes é necessária a elevação de quatro vezes no título para a
confirmação sorológica da doença. Os títulos frequentemente são negativos na
primeira semana, sendo necessária a obtenção de uma segunda ou terceira amostra
a intervalos de duas a quatro semanas. Vale lembrar que são essenciais para a
identificação das leptospiras a escolha do momento oportuno e da técnica
apropriada. A amostragem deve anteceder a instituição da terapia antimicrobiana
(GREENE, 2004).
Os títulos de anticorpos no teste de aglutinação microscópica podem ser
negativos em animais em doença superaguda; em duas a quatro semanas cães
soronegativos, mas com doença clássica devem ser retestados (LAPPIN, 2006). A
administração de vacinas de reforço dois a três meses antes do teste pode
ocasionar um título alto. O título pós-vacinal varia de 1:100 a 1:400, mas raramente
haverá título tão elevado quanto 1:3.200 três meses após a vacinação (SHERDING,
2008).
Um único título não tem valor diagnóstico definitivo para infecção ativa,
porém, um título em MAT de 1:400, ou superior, é indicativo de infecção, título 1:800,
ou superior, é altamente indicativo de leptospirose (SHERDING, 2008).
36
As vacinas que são aplicadas rotineiramente nos cães domésticos contra a
leptospirose, são capazes de protegê-los contra a doença, mas não contra o estado
de portador renal (JESUS, 2009).
Os sorovares de Leptospira spp: Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo,
Castellonis, Bataviae, Brasiliensis, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Djasiman,
Sentot, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica,
Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Shermani e Tarassovi são os que
normalmente são utilizados na soroaglutinação microscópica, segundo as normas do
Ministério da Saúde (SILVA et al, 2006).
3.6.6 Teste de ELISA
Com o soro de animais suspeitos pode ser feita a pesquisa de anticorpos
específicos através do teste de ELISA. O princípio da técnica consiste na
imobilização de um dos reagentes (anticorpo ou antígeno) em uma fase sólida. O
outro reagente ligado a enzima, após a edição da amostra, reagirá com o complexo
antígeno-anticorpo. Os imunocomplexos são revelados ao adicionar o substrato da
enzima e um cromógeno até formar um produto colorido. Não dependendo de
leituras subjetivas, os resultados do exame são expressos objetivamente pelas
absorbâncias obtidas de espectrofotômetros (JESUS, 2009).
Títulos combinados de imunoglobulina IgM e IgG obtidos pelo teste de ELISA,
permitem diferenciar a resposta inicial de IgM, que está situada na fase aguda da
doença da resposta mais tardia de IgG, que se encontra na fase de recuperação, ou
no caso de infecção ou vacinação prévia. O título de IgM torna-se positivo na
primeira semana, podendo obter valor máximo em duas semanas, enquanto que o
título de IgG torna-se positivo em duas a três semanas e persiste durante meses
(SHERDING, 2008).
Segundo Jesus (2009) e Sherding (2008), o teste de ELISA pode ser de
grande ajuda quando o teste de aglutinação microscópica produz um resultado
confuso, porém, não distingue os diferentes sorovares e não é tão facilmente
disponível quanto o MAT.
Na fase aguda da Leptospirose os cães desenvolvem título elevado de IgM
maior que 1:320. A proporção de anticorpos IgM e IgG na fase convalescente, após
a imunoestimulação, varia dependendo do sorovar (JESUS, 2009).
37
3.6.7 Reação em Cadeia de Polimerase (PCR)
Segundo Anzai (2006), o método consiste na amplificação exponencial 'in
vitro' de regiões específicas de DNA em curto espaço de tempo. Cada ciclo consiste
de três fases: 1. desnaturação das fitas de DNA; 2. anelamento dos
oligonucleotídeos iniciadores específicos ao DNA molde; 3. síntese do DNA
específico utilizando a enzima Taq DNA polimerase. As moléculas amplificadas pela
técnica podem ser facilmente detectadas e identificadas pela eletroforese.
O PCR vem sendo utilizado de forma crescente para o diagnóstico precoce da
leptospirose em diversas espécies animais e também no homem, por ser um meio
eficaz de diagnóstico antes do desenvolvimento do título do anticorpo ou quando os
títulos estão baixos e o curso clínico confuso. A técnica apresenta alta sensibilidade
e especificidade, e permite amplificar quantidades mínimas do DNA do
microrganismo em diversos tipos de amostras biológicas, entre elas o humor
aquoso, soro sanguíneo, líquor, urina e tecidos (ANZAI, 2006 e SHERDING, 2008).
É possível ter um diagnóstico precoce com essa técnica, pois Jesus (2009) e
Biesdorf (2008), afirmam que a leptospirúria pode ocorrer já nos primeiros dias da
infecção, antes mesmo dos anticorpos serem detectáveis no soro, portanto a
leptospira é passível de detecção pela PCR na urina logo no início da doença.
Segundo Anzai (2006), na leptospirose canina são poucos os trabalhos que
utilizam a técnica de PCR no diagnóstico ante-mortem e post-mortem dessa
enfermidade. Mas vários autores já demonstraram que a PCR é uma técnica
bastante eficaz no diagnóstico precoce da leptospirose canina e permite, com maior
antecedência, que condutas adequadas de tratamento e de saúde pública sejam
adotadas.
3.6.8 Isolamento e cultivo do agente
A cultura para identificação de Leptospira spp raramente é utilizada pois é
tecnicamente difícil e apresenta baixa taxa de detecção. Os microrganismos são
fastidiosos e seu crescimento pode demorar várias semanas. A principal amostra é a
urina fresca obtida preferencialmente por cistocentese antes da administração de
antibióticos. Em cães hidratados, pode-se utilizar uma baixa dose de furosemida
(0,5mg/kg, IV) antes da colheita para permitir um maior volume de urina
(SHERDING, 2008).
38
Após a colheita, o material deve ser alcalinizado até atingir pH ≥ 8, colocado
em um frasco estéril e transportado para o laboratório o mais rápido possível, para
que o agente não entre em lise. A leptospiremia pode ser de curta duração e a
eliminação do microrganismo na urina pode ser intermitente, gerando resultados
falso-negativos (CORRÊA, 1992; LAPPIN, 2006 e BIESDORF et al, 2008).
Segundo Jesus (2009), as Leptospiras pode ser isoladas a partir do sangue
durante os primeiros sete a dez dias da infecção e a partir da urina durante
aproximadamente duas semanas após a infecção inicial.
Os meios de cultivo das Leptospiras são o líquido, semi-sólido ou sólido. E os
mais utilizados são o Ellinghausen, McCullueg, Johnson, Harris (EMJH) e Fletcher.
As culturas devem ser incubadas em temperatura de 28º a 30ºC e, para a
confirmação do diagnóstico, devem ser examinadas semanalmente por microscopia
de campo escuro durante no mínimo, dois meses (JESUS, 2009).
De acordo com Sharma e Kalawat (2008), para o isolamento das leptospiras é
necessário tempo e técnica apropriados e, como os resultados não são tão
confiáveis, é necessário a realização de um exame paralelo para a confirmação do
diagnóstico.
3.6.9 Microscopia de Campo Escuro
Segundo Jesus (2009), a microscopia de campo escuro aplica-se a
observação de microrganismos vivos, sem preparação prévia. Formando uma
imagem com contorno brilhante no campo microscópico, os raios luminosos são
projetados obliquamente sobre o preparado pela ação do condensador cordióide e,
quando encontram obstáculos com capacidade de desviá-los, como bactérias, são
refratados e atingem a objetiva.
Até o 4º dia de infecção pode-se observar a Leptospira spp examinando uma
gota de sangue entre lâmina e lamínula. Mais constante, entretanto, é seu encontro
na urina (CORRÊA, 1992).
Utiliza-se para esse exame a amostra de urina fresca ou tecidos, como
amostras de rim ou fígado que podem ser obtidas por biópsia ou por citologia.
Emprega-se o corante Giemsa ou Fontana-Tribondeaux, corantes para
imunohistoquímica ou pesquisa de anticorpos fluorescentes (SHERDING, 2008).
39
A amostra de urina durante a fase de leptospirúria permite a visualização
direta de Leptospiras em microscópio de campo escuro, porém esta técnica
apresenta limitações como: baixa sensibilidade, necessidade de experiência por
parte do observador e principalmente a eliminação de Leptospiras de forma
intermitente pela urina e lise pelo pH ácido da urina, que vão contribuir para um
resultado falso. Contudo, resultados negativos desse exame não excluem a
possibilidade do diagnóstico (ANZAI, 2006).
3.6.10 Diagnóstico anatomo-patológico
O exame pos-mortem pode ser extremamente valioso no diagnóstico da
Leptospirose em cães, porém os achados anatomo-patológicos variam de acordo
com a sintomatologia clínica desenvolvida (BIAZOTTI, 2006).
Segundo Greene (2004), nos cães mortos de forma aguda as lesões incluem
icterícia, formação de petéquias sobre a superfície de muitos órgãos e tumefação
difusa dos pulmões, fígado e rins. Em animais cronicamente infectados, as
alterações da função renal nem sempre se correlacionam com a gravidade das
alterações histológicas.
Após a necropsia dos animais, os rins e o fígado são considerados os órgãos
de escolha para a identificação do agente, pois a partir de fragmentos desses órgãos
que será realizado o diagnóstico histopatológico, corados por técnicas de
impregnação pela prata (JESUS, 2009).
Segundo o Ministério da Saúde, para a colheita e conservação de materiais
para diagnóstico é necessário seguir alguns requisitos muito importantes para que
estes não entrem em lise, conforme mostra a TABELA 2.
40
TABELA 2 – TABELA MOSTRANDO AS ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE QUANTO AO TIPO DE DIAGNÓSTICO DA LEPTOSPIROSE, TIPO DE MATERIAL A SER ENCAMINHADO AO LABORATÓRIO, COM A QUANTIDADE NECESSÁRIA, RECIPIENTE CORRETO, TRANSPORTE E ESTOCAGEM Tipo de diagnóstico
Tipo de material
Quantidade Nº amostra
Período da coleta Recipiente Transporte Estocagem longo prazo
Cultura Sangue 1, 2 e 3 gotas por tubo Total= 3 tubos por paciente)
1 Fase aguda (preferencialmente antes de tratamento antibiótico, ideal até o 7º dia do início dos sintomas).
Meio semi-sólido ou líquido de cultura EMJH ou Fletcher
Temperatura ambiente
Uma a duas semanas nos meios adequados em temperatura ambiente e no escuro
Micro-aglutinação Soro (sem hemólise)
3,0 ml 2 Amostras pareadas nas fases aguda e convalescente: a primeira no primeiro atendimento e a segunda após um intervalo de 14 a 21 (máximo 60 dias)
Frasco adequado para congelamento (tubo de ensaio) sem anticoagulante
No gelo (4ºC)
Congelado (-20ºC)
ELISA-IgM Soro (sem hemólise)
3,0 ml 1 ou 2 Fase aguda (no primeiro atendimento); se for negativo, coleta uma segunda amostra em 5-7 dias.
Frasco adequado para congelamento (tubo de ensaio) sem anticoagulante
No gelo (4ºC)
Congelado (-20ºC)
PCR Plasma ou soro
1,0 ml 1 Fase aguda. Início dos sintomas: 1-10 dias
Frasco adequado para congelamento
Congelado (-20ºC) ideal: (-70ºC)
Histopatologia e Imuno-histoquímica
Blocos em Parafina ou tecidos em formalina tamponada
Conforme manuais de patologia
1 Post-mortem Frasco adequado para transporte de blocos de parafina ou frascos com a solução de preservação
Temperatura ambiente
Temperatura ambiente
Fonte: ARSKY, M.L.N.S. et al; Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2009.
41
3.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Os diagnósticos diferenciais da leptospirose no cão podem ser a dirofilariose;
anemia hemolítica; imunomediada, bacteremia/sepse (ferimentos por mordedura,
prostatite, endocardite, doença dentária); hepatite canina infecciosa e herpesvirose
canina; neoplasia hepática, traumatismo, lúpus eritematoso sistêmico, febre
maculosa das montanhas rochosas, erliquiose, toxoplasmose, neoplasia renal e
cálculos renais (McDONOUGH, 2008).
3.8 TRATAMENTO
Evitando a seleção da resistência aos antimicrobianos, o papel destes na
leptospirose inclui terapia para infecção aguda e prevenção de doença clínica com
profilaxia recomendada apenas para humanos (GREENE, 2004). Devido à
toxicidade, contra-indicação, custo ou administração complexa, um pequeno número
de agentes antimicrobianos que provaram ser efetivos, através de estudos
controlados, tem aplicação limitada em certas populações de pacientes. Uma grande
dificuldade em avaliar a eficácia do tratamento com antimicrobiano resulta na
apresentação tardia de vários pacientes com doença grave, após as leptospiras já
terem se localizado nos tecidos (OLIVEIRA, 2010). A terapia antimicrobiana é
direcionada inicialmente para resolver a fase leptospirêmica e, subsequentemente, a
fase leptospirúrica, ou de portador renal (LANGSTON e HEUTER, 2003 e
SHERDING, 2008).
Segundo Greene (2004), a terapia de suporte para os animais com
leptospirose vai depender da gravidade da infecção, da presença ou não da
disfunção renal ou hepática e de outros fatores complicantes.
Em um tratamento intensivo, a taxa de sobrevida pode ser de 75 a 90%. A
maioria dos cães recupera-se completamente, porém a insuficiência renal crônica
residual é uma consequência potencial (SHERDING, 2008).
Para evitar o choque e a desidratação, os fluidos devem ser administrados
intensivamente; a diurese química com agentes osmóticos (glicose a 10% em
5ml/kg) ou diuréticos tubulares (furosemida - lazix®) é necessário para animais
oligúricos (GREENE, 2004).
42
Inicialmente, para a leptospiremia, são administrados antibióticos por via
parenteral, como a penicilina G (25.000 a 40.000 UI/kg, BID, IV) ou ampicilina
(22mg/kg, TID, IV).Quando cessado o vômito, devem ser substituídos por
amoxicilina (22mg/kg, BID, VO) e manter o tratamento durante duas semanas
(LAPPIN, 2006 e SHERDING, 2008).
Para eliminar a condição de portador renal, uma vez concluído o tratamento
com amoxicilina, deve ser administrado doxiciclina (5mg/kg, BID, VO) durante duas
semanas. Outras alternativas incluem os macrolídeos (eritromicina, azitromicina),
fluoroquinolonas ou aminoglicosídeos, este último que deve ser evitado em cães
com disfunção renal (GREENE, 2004 e SHERDING, 2008).
Durante a fase aguda da infecção, algumas quinolonas têm efeito contra
Leptospiras e podem ser usadas em combinação com penicilina. A ampicilina e a
enrofloxacina foram concomitantemente usadas em estudos, no qual 83% dos
caninos infectados obtiveram cura (LAPPIN, 2006).
Um dos principais objetivos da vacinação contra a leptospirose em cães, que
é uma doença zoonótica, é a prevenção do sistema urinário e o derramamento de
Leptospiras interrogans spp. por cães infectados cronicamente (SCHREIBER, 2005).
3.9 COMPLICAÇÕES DA LEPTOSPIROSE CANINA
Os achados clínicos no momento da consulta são muito importantes para
saber se o animal precisa de um tratamento de emergência. Insuficiência renal
oligúrica e CID são complicações de leptospirose com risco de morte, que
necessitam de atenção e cuidados mais urgentes (SHERDING, 2008).
Em casos de enterorragia e de púrpura cutânea, deve ser administrada a
vitamina K (1mg/kg, SID, IM) e vitamina C (10-20mg/kg, SID, IM) durante três a cinco
dias. A primeira como fator de coagulação e a segunda como fator fibroblástico e de
regeneração do tecido conectivo, pois os vasos estão com a permeabilidade
aumentada (CORRÊA, 1992).
O gluconato de cálcio a 20-25%, também pode ser administrado na dose de
1ml/kg, (BID, VO), procurando com o cálcio complementar os fatores de coagulação
e com o gluconato oferecer energético (CORRÊA, 1992).
Após cinco dias, se a hepatite e a nefrite atingirem um alto grau, e em casos
de vasculite, pode-se associar elixir de dexametasona na dose de 0,1mg/kg, (SID,
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IV) durante três a cinco dias, a fim de diminuir a inflamação. Não se deve administrar
antes o corticóide, pois o mesmo pode agravar as hemorragias (CORRÊA, 1992).
Segundo Corrêa (1992), há casos em que após a hidratação é necessário
fazer uma transfusão, pois a hemodiluição mostra grave anemia, geralmente quando
o número de hemácias está a 3.000.000/mm3 ou menos. A dieta deverá ser
energética, evitando ao máximo as gorduras, que só fariam sobrecarregar e agravar
o estado hepático, e as proteínas que, aumentando a albuminúria e a uréia
sanguínea, agravam o estado renal e a condição geral do paciente.
3.10 PROFILAXIA
Segundo Sherding (2008), a prevenção à exposição não é uma perspectiva
realística, pois são os animais selvagens os reservatórios da doença, e com isto,
abrigam e excretam Leptospiras, que contaminam o ambiente. Porém, a vacinação
de rotina contra a leptospirose auxilia a reduzir a prevalência e a gravidade de
leptospirose canina e também a minimizar o risco da doença aos proprietários de
animais domésticos.
A prevenção da leptospirose envolve a eliminação do estado de carreador.
Como é impossível controlar a liberação de Leptospiras pelos animais selvagens, a
vacinação dos cães é essencial. As bactérias bivalentes que contém dois sorotipos
principais, a L. canicola e a L. icterohaemorrhagiae, estão disponíveis para os cães.
Pelo fato dos títulos superiores serem produzidos por múltiplas injeções, vacinações
semestrais devem ser administradas aos cães em áreas endêmicas, e todos os cães
devem receber no mínimo três doses, com intervalo de três a quatro semanas, em
seu programa de vacinação inicial (GREENE, 2004 e LAPPIN, 2006).
As vacinas bivalentes não propiciam reação cruzada contra outros sorovares,
que atualmente respondem pela maior parte das infecções por Leptospira, em cães.
Com isso, a melhor escolha é utilizar as vacinas multivalentes, que contém os
sorovares L. pomona, L. grippotyphosa, L. canicola e L. icterohaemorrhagiae, de
modo a propiciar amplo espectro de proteção (SHERDING, 2008).
Segundo Sherding (2008), a aplicação de bacterinas de Leptospiras pode
desencadear reações anafiláticas (edema facial, prurido, hipotensão ou dispnéia); a
incidência pode ser maior em raças de pequeno porte e em filhotes com menos de
nove semanas de idade. As vacinas mais recentes, povavelmente apresentam um
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menor risco de reações alérgicas, pois foram melhoradas e derivadas de
subunidades antigênicas de Leptospira spp.
Os gatos geralmente não são vacinados, pois são muito resistentes e até
refratários às Leptospiras, apesar de serem estimulados pelo antígeno,
desenvolvendo título sorológico (CORRÊA, 1992).
3.11 SAÚDE PÚBLICA
A leptospirose é considerada uma zoonose disseminada e potencialmente
fatal (SHERDING, 2008). A urina contaminada é altamente contagiosa para os
humanos e para as espécies animais suscetíveis, portanto, deve ser evitado o
contato com mucosas ou abrasões cutâneas (GREENE, 2004).
Devem ser considerados como zoonóticos para os humanos todos os
sorotipos que infectam os mamíferos. Devem ser evitados o contato com a urina
infectada, água contaminada e hospedeiros reservatórios. Superfícies contaminadas
devem ser limpas com detergentes e desinfetantes para eliminar o agente (LAPPIN,
2006).
Os médicos veterinários e tratadores de animais são pessoas em risco, pois o
contato direto da membrana mucosa ou de lesão cutânea com a urina de animais
infectados representa um risco potencial de infecção, portanto devem tomar cuidado
e manter higiene rigorosa durante o tratamento de animais infectados (SHERDING,
2008).
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Segundo Bartges (2005), Sherding (2008) e Carmo et al (2004), para evitar a
infecção com as Leptospiras, são recomendadas as seguintes medidas preventivas:
Assistência médica adequada e oportuna ao paciente;
Fazer a notificação, busca e confirmação de dados do paciente, investigar a
epidemiologia de casos, fazer a detecção de áreas de risco para desencadear
ações de controle;
Oferecer proteção à população: alertá-la em períodos que antecedem chuvas,
para que evitem entrar em áreas alagadas sem as medidas de proteção
individual;
Objetos contaminados com urina devem ser considerados material de risco
biológico;
Tratadores e pessoas que manuseiam animais infectados devem
obrigatoriamente dispor de luvas de borracha;
Não fazer a lavagem de gaiolas ou canis contaminados por aspersão, para
que a urina não se torne um aerossol; e retirar sobras alimentares dos
animais antes do anoitecer, pois servem de atrativos a roedores;
Durante a limpeza da gaiola devem ser utilizados óculos de proteção e
máscara facial;
Em locais contaminados com urina utilizar iodóforo com desinfetante;
Em animais suspeitos ou que sabidamente excretam Leptospiras deve se
administrar doxiciclina;
Eliminar principalmente a infestação de roedores.
Além dos canis que devem ser higienizados rigorosamente para evitar o
contato com a urina infectada, devem ser controlados os roedores, monitorar e
remover os cães portadores até que estes sejam tratados e isolar os animais
acometidos durante o período de tratamento (McDONOUGH, 2008).
O contato com a urina de um cão infectado com leptospirose é a fonte mais
provável de infecção para os seres humanos, especialmente pelos donos do animal
de estimação e para os funcionários e médicos do hospital ou clínicas que cuidam
dos animais durante o tratamento (BARTGES, 2005).
O principal fator de risco na leptospirose humana para a ocorrência de surtos
epidêmicos ainda são as inundações durante os períodos de chuvas, principalmente
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em grandes cidades. Localidades com más condições de saneamento básico são
mais acometidas por surtos devido a presença de esgoto a céu aberto e lixões,
proximidade com córregos, os quais propiciam o contato direto com as águas
contaminadas com urina de roedores (ratos e camundongos) e cães errantes
(CORRÊA, 1992).
A leptospirose humana pode se manifestar de forma leve ou moderada, ou de
forma ictérica, sendo grave e fatal. O período de incubação varia de 24 horas a 30
dias, numa média de sete a 14 dias, sendo os sintomas iniciais semelhantes aos da
gripe, que depois evoluem para alterações específicas (CARMO et al, 2004).
3.12 MANIFESTAÇÃO DA LEPTOSPIROSE EM CURITIBA-PR
O mapeamento de doenças, a identificação de variáveis e a avaliação de
fatores de risco à saúde, que podem revelar estruturas ambientais, sociais e
econômicas, podem ser realizados pela utilização da análise espacial de
informações sobre o ambiente e saúde. A base da análise espacial constitui o
mapeamento da distribuição geográfica de determinada doença, fazendo parte de
um levantamento de monitoramento epidemiológico ou formando hipóteses para
futuras investigações (MORIKAWA, 2010). Esta técnica busca descrever os padrões
existentes nos dados espaciais e, portanto, estabelecer de forma quantitativa, os
relacionamentos entre as diferentes variáveis geográficas (BIER, 2012).
Em 2007, foram examinadas 598 amostras de soro sanguíneo de cães
assintomáticos, em várias regiões de Curitiba, com isso obteve-se o resultado 193
(32,27%) amostras reagentes para os seguintes sorovares de Leptospira spp.: L.
copenhageni (71,50%), L. canicola (6,74%), e L. icterohaemorrhagiae (2,08%). E
alguns cães apresentaram infecções mistas: L. copenhageni e icterohaemorrhagiae
(10,36%), L. copenhageni e canicola (7,76%), L. canicola, copenhageni e
icterohaemorrhagiae (1,04%), L. canicola e icterohaemorrhagiae (0,52%)
(TESSEROLLI et al, 2008).
Segundo Morikawa (2010), a Vila Pantanal, situada na região sudeste de
Curitiba, apresenta condições precárias de saneamento, ocorrência de constantes
alagamentos e grande acúmulo de lixo. Em estudo realizado na região, foram
coletadas 379 amostras de sangue de cães, sendo que 35 destas foram reagentes
para dez sorovares pelo teste de soroaglutinação microscópica. A prevalência
47
encontrada foi de 9,2% e os sorovares mais prevalentes foram o L. canicola (27,7%),
L. bratislava (21,3%) e L. icterohaemorrhagiae (15,0%).
Porém Bier, (2012) ao realizar o mesmo experimento na região da Vila
Pantanal, coletou 378 amostras de sangue de cães, e obteve um resultado de 105
reagentes positivos para pelo menos um dos dez sorovares amostrados. A
soroprevalência encontrada dessa vez foi de 27,8%, onde os sorovares mais
prevalentes foram L. canicola (48,8%), L. bratislava (10,6%) e L.
icterohaemorrhagiae (10,2%)
Em decorrência do processo de urbanização acelerada, a cidade de Curitiba,
a partir dos anos 70, apresenta cada vez mais ocupações de áreas irregulares,
especialmente na periferia da cidade, onde surgem as comunidades urbanas
carentes ou favelas. Nesses locais ocorre um número muito alto de pessoas
infectadas pela leptospirose, pois faltam condições de habitação e há uma grande
deficiência de saneamento básico. Os animais que vivem nessa área apresentam
um maior risco de adquirirem e de disseminarem a doença. Os dados encontrados
nas pesquisas, com significativa frequência de animais soropositivos, condizem com
a realidade do local, demonstrando a necessidade de investimentos no setor de
saneamento básico, bem como de conscientizar a população dos riscos e da forma
de prevenção (BIER, 2012).
3. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leptospirose é uma zoonose de extrema importância para a saúde pública e
dos animais, portanto, a vacinação é imprescindível como método de controle.
Porém, as medidas sanitárias gerais, como: controle de roedores; limpeza do
ambiente; remoção de resíduos sólidos e líquidos; restrição de acesso dos cães do
domicílio ao ambiente externo, principalmente em períodos de maior precipitação
pluviométrica, onde ocorrem enchentes e formação de coleções líquidas residuais
nas quais as Leptospiras spp. permanecem viáveis por um maior período de tempo;
e outras medidas importantes para reduzir as chances de contaminação, as quais
foram citadas no trabalho acima.
As informações obtidas neste trabalho mostram a importância do diagnóstico,
tratamento e prevenção da leptospirose canina. Foram descritas as diferentes
formas de apresentação da infecção, assim como a eficácia do tratamento na
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eliminação do estado de portador renal e possíveis alterações laboratoriais que
poderiam auxiliar na triagem dos animais contaminados.
Atualmente há inúmeras técnicas para diagnosticar a Leptospirose canina,
porém, no presente trabalho foi relatado que entre os testes confirmatórios, nenhum
associa as exigências de sensibilidade, especificidade e praticidade.
As manifestações clínicas inespecíficas da leptospirose encontradas nos
animais que chegam à clínica mostram a necessidade de técnicas que possibilitem a
rapidez no diagnóstico da doença e adoção, com a maior antecedência possível, de
medidas adequadas de tratamento e saúde pública. A técnica da PCR, entre as
descritas neste estudo, apresenta os requisitos necessários para a adoção das
medidas citadas. Além de que, o diagnóstico precoce também é de extrema
importância para instituir o melhor tratamento.
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4. CONCLUSÃO
O estágio curricular obrigatório foi muito importante para minha formação
acadêmica e também pelo conhecimento adquirido, onde pude acompanhar várias
consultas, todas com diagnósticos bem diferentes e também aprimorar meus
conhecimentos e pôr em prática as aulas ministradas durante o curso, sempre
dentro dos limites da profissão.
A casuística de uma clínica é bastante diversificada e devemos estar sempre
preparados para poder proporcionar um melhor atendimento ao proprietário e
principalmente contribuir para o bem estar animal.
Além de ser um primeiro contato com a rotina profissional, o estágio
obrigatório faz o aluno observar as situações de um modo diferente, interpretá-las e
até mesmo a tomar decisões mais coerentes, que vão levar para a vida toda. Há
muito o que descobrir e aprender na Medicina Veterinária, basta o aluno ter força de
vontade e querer sempre aprimorar ainda mais os seus conhecimentos.
Durante esse período, pude desempenhar várias atividades e analisar sobre
coisas que eu mesma nunca tinha parado para pensar, por exemplo, quando entrei
na faculdade tinha o sonho de abrir uma enorme clínica veterinária com vários
setores para atendimentos. Hoje, já tenho uma visão totalmente diferente, não
gostaria de ficar presa a um consultório esperando que o proprietário traga seu
animal de estimação para uma consulta. Estou gostando cada vez mais da Saúde
Pública, que abrange muitas áreas e é de um interesse muito grande pela
população. Por isso a extrema importância do estágio curricular obrigatório, faz com
que o aluno tenha pelo menos uma noção do rumo que vai seguir carreira e mostrar
que a vida profissional é bem diferente daquela que achamos ser a mais correta
possível.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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