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| pÁGINAs 8 e 9
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton PaivaNº 58 | Março de 2014
jornal
DE SARNEY A COLLOR
AS ETERNAS
DINASTIAS
POLÍTICAS
A DUrA rotINA
Dos roDoVIÁrIos
| pÁGINAs 10 e 11
o GÊNero MUsICAL
eLeIto peLo poVo
| pÁGINAs 3 À 5
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton PaivaJornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton Paiva
jornal
LINCE
2 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
Cor res pon dên Cia
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Este é um jor nal-la bo ra tó rio da
dis ci plina la bo ra tó rio de jorna lismo ii.
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gos as si na dos e per mite a re pro du ção
to tal ou par cial das ma té rias, desde
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SugEStõES dE pautaS?participE do jornal lincE.
uma publicação feita pelos alunos do curso de jornalismo do centro universitário newton.
E-Mail: sugestoeslince@hotmail.com
presidente do Grupo spliCeAntônio Roberto Beldi
reitorJoão Paulo Beldi
ViCe-reitoraJuliana Salvador Ferreira de Mello
Coordenadora dos Cursos de CoMuniCaÇÃoJuliana Lopes Dias
Coordenador da Central de produÇÃo JornalistiCa - CpJPro fes sor Eus tá quio Trin dade Netto (DRT/MG 02146)
Conselho editorialProfessor Menoti Andreotti
pro Jeto Grá fiCo e direÇÃo de arteHelô Costa (Registro Profissional 127/MG)
MonitoresJoão Paulo Freitas e Caíque Rocha
reportaGensAlu nos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário New ton
diaGraMaÇÃo Márcio JúnioEstagiários do Curso de Jornalismo
ExpedienteOpiniãOjornal
LINCEJornal laboratório
do Curso de Jornalismo
do Centro universitário
newton
fora das mídIas CoNvENCIoNaIs
ar
qu
ivo p
es
so
al
a rEportagEm
RogeR Leon
3º período
Para se contrapor ao estilo
enxuto das reportagens da
época, um grupo de jornalistas
dos anos 1950-1970 criou o
estilo literário conhecido como
“New Journalism’’. Incluindo
uma narrativa literária que
seduz o leitor, a notícia passava a
ser mais interessante e aprofun-
dada, criando uma leitura mais
leve e agradável. Inicialmente
publicadas apenas com textos
mais longos, em revistas como a
“Squire’’ e a “New Yorker’’, sem
t a n t a p r o f u n d i d a d e n o
tema, hoje já passam a ser de
domínio das editoras e podem
ser adquiridas em livrarias con-
vencionais.
O pioneiro no estilo narra-
tivo foi “A sangue frio”, de Tru-
man Capote, que investigou a
fundo a história da chacina de
uma família em uma cidade no
interior dos EUA. O autor, que
não chegou nem a utilizar gra-
vadores, conversou direta-
mente com os assassinos antes
mesmo de serem descobertos,
deixando a trama mais concisa e
com uma leitura mais instigante
— Capote usava sua memória
para lembrar cada palavra pro-
ferida pelas testemunhas. O
mais famoso livro reportagem
até hoje é “Hiroshima”, de John
Hersey, um retrato minucioso
sobre seis sobreviventes à explo-
são mais famosa da história,
feita após um ano do ocorrido,
no Japão. Apresar de triste, a
história se mantém como uma
lição de vida de pessoas que
passaram por um dos maiores
atentados da história.
No Brasil, o gênero chegou
no final dos anos 1970, pelas
mãos de Fernando Moraes, com
o livro “A Ilha”, o primeiro sobre
Cuba, no auge da Era Fidel Cas-
tro. Porém, sem muito sucesso,
o gênero só caiu nas graças do
público no início dos anos 1990,
quando Ruy Castro falou sobre a
bossa nova em “Chega de sau-
dade”, sucesso de público e crí-
tica, e “A Estrela Solitária”, bio-
grafando a lenda Mané Garrin-
cha. A partir daí, a prática virou
comum e vários jornalistas se
lançaram no mercado editorial.
Caco Barcellos é um exemplo da
grande aceitação do gênero,
com suas reportagens em forma
literária — “Rota 66”. Dráuzio
Varela, com “Carcereiros” e
“Estação Carandiru”, sendo o
último adaptado para o cinema,
também obteve sucesso. De
certa forma, quase um século
antes, Euclides da Cunha,
então repórter do jornal O
Estado de São Paulo, fez o
mesmo com “Os Sertões”,
cobrindo a Guerra de Canudos.
O livro não ficção mais ven-
dido do ano passado foi exata-
mente um livro reportagem
feito com maestria por Daniella
Arbex, o “Holocausto Brasi-
leiro”, história do manicômio de
Barbacena, onde morreram
mais de sessenta mil pessoas.
Um dos melhores livros de
2013, “Holocausto’’ choca e
enche seus leitores de compai-
xão pelos internos, e causa
revolta em saber que as autori-
dades não fizeram nada para
barrar um dos maiores absurdos
da história do Brasil. O gênero
ganha pontos positivos por
desenvolver ao máximo um
assunto que pode ser polêmico
ou que já foi até esquecido do
grande público. O gênero
amplia os conceitos de reporta-
gem e de grande reportagem dos
Jornais diários, a partir do
momento em que faz profunda
pesquisa na vida das persona-
gens’ envolvidas.
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 3
DA M
pBo
Cam
aLEÃ
oCOMpORTAMEnTO Rotulado de cafona,
gênero musical se reinventa a todo o
momento e, apesar do preconceito, mostra
sua força e influencia cada vez mais a música brasileira
4 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014Março de 2014Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -4 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -
caMiLa chagas e MaRcus soaRes
5º período
Que o Brasil é um país de múltipla
musicalidade, todos já sabem. Mas há
alguns gêneros que nunca saem da moda.
Um deles, o que é definido como “música
brega”. Ao longo do tempo, o estilo se rein-
ventou, incluiu novas sonoridades em um
amplo arsenal que vai de baladas românti-
cas a batidas eletrônicas, em canções que
falam de amores, traições, dores de coto-
velo, da vida das empregadas e prostitutas,
em letras, às vezes até bizarras, mas de
melodias fáceis, que todo mundo sabe
cantar. Mesmo quando diz que não gosta.
Um dos segredos do brega é sua incrí-
vel capacidade de mudar e de se adaptar.
Sempre que teve a morte declarada, con-
seguiu renascer. Mais do que isso, ressur-
gir como novidade. Por isso, há uma lista
extensa de artistas que são referência
dentro do brega. Ela vai de Reginaldo
Rossi a Odair José, passando por Sidney
Magal, Nelson Ned, Fernando Mendes,
Waldik Soriano, Grupo Molejo, Karame-
tade e Diana, mas agrega novos bregas,
como a Banda Calypso e Gaby Amarantos,
numa invejável mostra de vitalidade.
status de cLÁssico
Ninguém, em um primeiro momento,
assume que gosta de música brega, mas,
dois drinks a mais, põe as músicas pra
tocar em festas, canta o repertório inteiro
e, por fim, admite que o brega, apesar de
tudo, tem lá seus encantos. Afinal, as
letras são fáceis de serem entendidas,
falam de amor com palavras que estão no
dia a dia da maior parte da população. Não
é à toa que uma das músicas mais famosas
do rei do brega, Reginaldo Rossi — “Gar-
çom” (“aqui, nessa mesa de bar, você já
cansou de escutar centenas de casos de
amor”) — já está a um passo de conseguir
o status de clássico.
Reza a lenda que a música brega teve
início nas décadas de 1940 e 1950, mas
suas origens, a bem da verdade, se perdem
no tempo, de quando o jogo era liberado
no país, e os cassinos tinham portas aber-
tas para artistas do mundo inteiro — fran-
ceses, americanos e, principalmente lati-
nos, vindos do México — a influência mais
forte, possivelmente, é a dos boleros
românticos mexicanos e cubanos, que
vieram a influenciar, décadas depois,
autores como Orlando Dias, Odair José ou
Lindomar Castilho e até os sertanejos
Bruno e Marrone. O gênero, que um dia
habitou prostíbulos (que no nordeste têm
sinônimo de brega), hoje frequenta os
mais finos ambientes.
MetaMoRFose aMBuLante
O sucesso do gênero pode ser atribu-
ído, em grande parte, à sua capacidade de
se transformar e se adaptar aos modismos
musicais de cada época. Num processo de
selvagem antropofagia, o brega se apossou
do bolero, da jovem guarda, do samba, do
forró, do sertanejo, do pop rock, do samba
(que transformou em pagode) e até da
batida eletrônica, inventando o techno-
brega. É tal e qual prega a Lei de Lavoisier,
o brega renasce das cinzas e, em sua natu-
reza, se nada se cria, nada também se
perde: tudo se transforma.
— Muitas vezes, o adolescente chega
querendo determinada música, mas
quando escuta uma coletânea e vê que
existem outras canções conhecidas,
acaba gostando do cantor e comprando
mais produtos dele — revela Maria Apare-
cida Calvo, vendedora da Discoplay, a
mais sofisticada loja de discos de Belo
Horizonte, mas que também mantém em
seu acervo diversos títulos da nação brega.
Ao contrário do que acontece com
artistas da elite, o brega ostenta cifras
invejáveis tanto no que diz respeito a ven-
das de discos quanto à agenda de seus
interpretes mais famosos. Amado Batista
ou Eduardo Costa fazem mais shows em
uma semana do que Adriana Calcanhoto
em três meses. Além de tudo, tocam mais
nas emissoras de rádios de todo o país e já
dominam as trilhas sonoras das novelas e
séries de televisão. “Ex mai Love”, da
trilha sonora de “Cheias de Charme”,
exibida pela Rede Globo, em 2012, foi um
dos maiores sucessos da paraense Gaby
Amarantos.
Para o radialista, poeta, letrista e crí-
tico de música, Kiko Ferreira, o sucesso
desse tipo de composição se refere ao
empobrecimento intelectual de uma
população que não tem acesso a arte e
cultura nas escolas. “Mas Gaby e a banda
Calypso são altamente profissionais,
sabem o que estão fazendo, assim como o
pessoal do axé e do funk”, reconhece.
— Eles sabem apelar para o que
Fausto Fawcett chamava de baixos instin-
tos... Gaby é uma estrela ao nível de uma
Célia Cruz, mas a música de Célia Cruz é
muito, muito melhor e mais sofisticada
— compara Kiko.
RegRaVaÇÕes BRegas
A maioria dos artistas desse estilo vem
do nordeste do Brasil, região que sofre
com as secas e falta de chuvas. São lugares
mais pobres, em que o acesso a produtos
culturais mais sofisticados é difícil. Há
artistas que não saem do nordeste porque
fazem tanto sucesso em suas regiões de
origem, que nem têm pretensão de serem
reconhecidos no resto do país. Um deles é
o megabrega Reginaldo Rossi, que jamais
deixou seu Recife natal. Da mesma forma
que outro pernambucano, Adilson Ramos
e o potiguar Gilliard.
Hoje, não é heresia afirmar que o
brega passou, inclusive, a influenciar a
MPB. Para Kiko Ferreira, esta lição é
antiga. O Tropicalismo já dava sinal disso
desde o início dos anos de 1970.
— Nem tudo que é brega é ruim; nem
tudo que é popular é dispensável. Artistas
como Caetano Veloso e Arnaldo Antunes
conseguiram identificar estas pérolas e dar a
elas uma sofisticação que soa convincente.
Segundo Kiko, detalhes em um
arranjo podem valorizar ou destruir uma
música. “Os caminhões de gás e as espe-
ras telefônicas conseguiram transformar
a erudita ‘Für Elise’, de ninguém menos
que Ludwig Van Beethoven, numa coisa
irritante”, observa.
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 5
Um girassol na lapela
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 Março de 2014 5Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva -
Marcondes Falcão Maia. Quem
seria esse? Conhecido apenas como o
Falcão, ganhou fama e conquistou o
público com suas letras bem humora-
das, figurino extravagante e um estilo
que é tão pessoal que já independe do
brega. Nascido no Ceará, em 1957, o
artista se prepara para lançar seu novo
álbum de carreira e atuar no cinema.
Procurado pelo Lince, falou um pouco
da sua história com o estilo brega, car-
reira e novos projetos.
Lince - coMo coMeÇou seu inteResse PeLo
estiLo BRega?
FaLcÃo - Foi uma coisa em que eu não
pensava. Quando vi, já estava fazendo
canções, pois meu pai sempre ouvia esse
tipo de música. Quando eu quis ser com-
positor foi mais fácil do que eu pensei, não
foi nada planejado.
Lince - de onde o senhoR tiRou insPi-
RaÇÃo?
FaLcÃo - Do improviso. Muito do que
você está sentindo na hora, o que vai apare-
cendo a gente vai fazendo, músicas de brega
sempre falam de corno, chifre e traição com
pitadas de humor e irreverência. O figurino
foi meio que sem querer, quando eu partici-
pei de um festival no Ceará, me deram a
ideia de me inspirar no Waldick Soriano, e
nunca mais tirei. Mas, com o tempo foi pio-
rando. Fui acrescentando adereços e pen-
duricalhos até chegar no que é hoje. E a
tendência é só piorar.
Lince – o senhoR se incoModa coM o
títuLo de cantoR BRega?
FaLcÃo – Não, acho muito interessante,
porque a música brega é muito popularizada
e talvez toda música brasileira seja brega.
Música tem um apelo popular, uma música
bem humorada, com um clichê de drama
pessoal e passional. É claro que tem muita
gente que confunde, que acha que brega é
uma coisa mal feita, música de lixo e de mau
gosto. Só que na verdade, o brega transmite
na música e na cultura, fatos populares.
Lince - PoR que o senhoR nÃo seguiu coM
a aRquitetuRa?
FaLcÃo – Trabalhei um tempo como
arquiteto, mas foi na mesma época que
comecei a gravar meus discos. Eu tive que
optar por um dos dois, ou a música ou arqui-
tetura. No caso foi a música, era o que estava
dando mais dinheiro e trabalho.
Lince - coMo conseguiu se toRnaR nacio-
naLMente conhecido?
FaLcÃo - O brega, no geral, é meio
esquematizado. No meu caso foi diferente,
veio com uma dose de humor e irreverência,
mostrando mais uma caricatura do que é o
brega. Então, ficou mais fácil. Assim, as pes-
soas veem pelas letras, a mensagem que eu
estou levando. Na verdade, eu não tive
muito trabalho; eu me tornei o que as pes-
soas queriam ver.
Lince - quais sÃo os seus PRoJetos
FutuRos?
FaLcÃo – Vou lançar o nono disco da
minha carreira, que inclusive já está gra-
vado. Tenho alguns projetos de televisão,
vou fazer um programa no Ceará e quero
fazer uma coisa nacional também. E no
cinema, participei do filme “Cine Holli-
údy”... A partir daí, devo fazer mais alguma
participação este ano também.
Brega é um conceito Hoje, as festas universitárias não tocam
somente pop rock, sertanejo universitário ou
músicas eletrônicas; investem também em can-
ções bregas que viram temas da própria comemo-
ração. Hits de Sidney Magal, como “Sandra Rosa
Madalena” ou “Meu sangue ferve por você” agitam
as baladas dos estudantes da classe média e nin-
guém reclama. “Fogo e Paixão”, do Wando, é outra.
Da mesma forma que ninguém reclamou quando
a rebolativa “Conga, La Conga”, da Gretchen, foi
recriada num palco pela diva Marisa Monte.
“Às vezes, a festa está desanimada e é só
começar a tocar as músicas de Sidney Magal e
Reginaldo Rossi, que crianças e pessoas mais
velhas vão para as pistas de dança”, revela o
músico Saulo Tecladista. É importante ressaltar
que o brega não tem nada a ver com pobreza.
Gênios como Cartola, Nelson Cavaquinho ou Nel-
son Sargento foram criados em favelas e nem por
isso fizeram música mal feita; muito pelo contrá-
rio. Assim como o nosso Flávio Renegado, simples
e inteligente. “Logo, pobreza de recursos não pre-
cisa, necessariamente, rimar com música de má
qualidade“, filosofa Kiko Ferreira.
Foto
s: d
ivu
lGa
ÇÃ
o
6 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
EDUCAÇãO
caMiLa chagas e
RaqueL duRÃes
5º período
Quando se fala no portu-
guês, as pessoas automatica-
mente pensam em Brasil, Por-
tugal e nas suas variações lin-
guísticas e escritas. Visando
reunificar a ortografia, desde
1990 os acordos ortográficos
vêm sendo sugeridos nos paí-
ses de língua portuguesa. Ape-
sar disso, só depois de 18 anos ,
após a assinatura do então
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em setembro de 2008, o
Brasil decidiu finalmente
ceder às novas regras de orto-
grafia. De início, o prazo para a
oficialização do acordo era
para janeiro deste ano. Entre-
tanto, a decisão foi revogada e
só será obrigatório a partir do
início de 2016.
Além de Brasil e Portugal,
a Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa é formada
por Angola , Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique,
São Tomé e Príncipe e Timor-
-Leste, totalizando oito mem-
bros. Com exceção de Angola e
Moçambique, todos já passa-
ram pela primeira fase do tra-
tado, a assinatura. Temos hoje
então, o acordo totalmente
ingressado no Brasil e, em
parte, em Portugal. Os demais
vão aos poucos ratificando e se
adaptando às mudanças.
o acoRdo
A unificação oficial passa
por três etapas: assinatura,
ratificação e implementação.
“A ratificação é necessária
porque o acordo tem o esta-
tuto de um Tratado Interna-
cional entre os países, e, por-
tanto, necessita de um pro-
cesso de internalização da
norma”, explica Gilvan Mül-
ler de Oliveira, diretor execu-
tivo do Instituto Internacio-
nal da Língua Portuguesa
(IILP). Sobre o posiciona-
mento dos demais, Gilvan
Oliveira esclarece que “todos
também já passaram pela
segunda fase, menos Angola,
que ainda tem dúvidas se
ratifica ou não, e Moçam-
bique, que já encaminhou a
confirmação da assinatura
para o Parlamento e aguarda
por medidas para concluir o
processo”.
Mesmo que a maioria já
tenha aceitado o novo acordo,
muitos ainda discordam ou
têm dúvidas sobre o assunto.
“O que me incomoda mais é o
fato de ser um acordo só no
nome. Acho que, se é portu-
guês, deveria haver algum tipo
de padrão”, afirma Bárbara
Lourenço da Costa Dantas,
revisora de textos na Editora
UFMG. Para completar, a pro-
fissional cita um exemplo de
linguagem e escrita similar.
“Veja pelo lado dos EUA e da
Inglaterra. Há algumas dife-
renças na grafia de determina-
das palavras, mas nada muito
discrepante como é com Por-
tugal e Brasil”, questiona.
rEforma Na“vELha” ortografIa
Mudanças na ortografia
devem simplificar e facilitar
a vida das pessoas. Por outro
lado, as dificuldades com as
novas regras gramaticais
complicam ainda mais o
aprendizado. “O texto da
reforma deveria ter sido
mais debatido, como, aliás,
pediram, durante anos,
vários estudiosos de nossa
língua”, afirma Douglas
Tufano, autor de diversos
livros da Editora Moderna,
entre eles, a segunda edição
da Gramática fundamental,
que vem acompanhado do
Tira-dúvidas: conjugação
verbal, que ao final apre-
senta um apêndice com a
nova ortografia resumida.
Apesar das adaptações
na escrita ainda não serem
obrigatórias, milhares de
editoras já se adaptaram às
reformulações. O medo de
muitas é que o acordo não se
concretize, e cause prejuí-
zos à economia das empre-
sas. “Uma ortografia única
possibilita nossa circulação
e atuação internacional.
Digo, com segurança, que o
processo é irreversível”,
defende Gilvan Oliveira.
Entretanto, para Douglas
Tufano, não é tão simples
assim. “Não vejo como esse
acordo pode trazer benefí-
cios econômicos relevantes
que justifiquem os gastos”.
Além disso, a integração
cultural de países que falam
português “deveria ser bem
melhor e essa suposta ‘unifi-
cação da linguagem escrita’
pouco faz por essa integra-
ção”, analisa o autor.
Na economia
Acordos, reformas e mudanças
são feitas na grafia dos
países de língua portuguesa.
Para que serve tudo isso?
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 7
Novas regras
Novas regrasNovas regras
Reformas ortográficas
acontecem para formalizar uma
mudança que já está em uso. Se
não fossem por elas, ainda
escreveríamos ‘êle› ou ‹êste›. Por
mais que isso se torne motivo de
polêmicas e discussões, não há
como negar que, se houve uma
necessidade de reformular cer-
tas palavras. Isso prova que a
língua é viva e está em constante
mudança. Além disso, vale lem-
brar que o português é o quinto
idioma mais falado no mundo.
“O governo brasileiro assi-
nou, ratificou e implementou a
nova ortografia, prevista no
Acordo Ortográfico. O processo
está concluído e podemos para-
benizar o Brasil pela rapidez,
segurança e eficiência com que
o conduziu”, afirma Gilvan
Oliveira. Por outro lado, tal
eficiência no procedimento
pode ser reavaliada, visto que
já são mais de 18 anos de dis-
cussão sobre a aceitação, ou
não, das medidas.
Para os jornalistas, escrito-
res, revisores e outros profissio-
nais da área, o conhecimento
do português correto é indis-
pensável. Afinal, são profissio-
nais que têm como instru-
mento de trabalho a língua
escr i ta . Ass im como um
médico deve saber as novida-
des da medicina, um revisor
deve saber o que há de novo na
língua. “Quem lê um livro,
além da informação do conte-
údo propriamente dito, está
adquirindo conhecimentos
sobre a ortografia da língua,
mesmo sem perceber”, garante
a revisora Bárbara Lourenço.
“Se quem formou em um curso
especifico não está acompa-
nhando as mudanças, então
esse não é um bom profissio-
nal”, conclui.
Como revisora, Bárbara
admite ter a obrigação de
es tar bem infor-
mada, mas sabe
que ainda tem
m u i t o a
a p r e n d e r
s o b r e a s
novas regras.
“As pe s soa s
têm mania de
achar que quem
forma em Letras é
um dicionário ambu-
lante”, brinca. “Se um
médico não souber da nova
vacina de Gripe, mesmo que
ele discorde dela, então não é
um bom médico. Se eu ,
mesmo que discorde do novo
acordo ortográfico, não souber
do que se trata, então não sou
boa profissional”.
Após toda essa discussão,
estão sendo desenvolvidos
diversos projetos educacionais
que visam o aprendizado e a
assimilação das mudanças na
escrita. O Instituto Interna-
cional da Língua Portuguesa
coordena o processo de elabo-
ração do VOC, Vocabulário
Ortográfico Comum da Lín-
gua Portuguesa. O VOC é uma
base de dados digital de uso
aberto e gratuito, com mais de
300.000 palavras, nas quais se
aplica o Acordo Ortográfico, e
que permite ao usuário escla-
recer qualquer dúvida sobre a
e s c r i t a d e
determinada palavra.
Sendo assim, o VOC,
quando integralizado, será a
soma de oito vocabulários orto-
gráficos nacionais (VON) e terá
uma grande importância para o
futuro da língua, como a maior
base de dados lexicais digitais
existentes, e como instru-
mento normativo reconhecido
pelos países. “O Acordo Orto-
gráfico, o Vocabulário Ortográ-
fico Comum da Língua Portu-
guesa e o próprio IILP, apon-
tam para um novo momento
da língua portuguesa, que só
têm a ganhar com a colabora-
ção entre os Estados para ela-
borar o futuro do portu-
guês”, afirma Gilvan
Oliveira.
Gilvan mÜller de
oliveira, diretor
eXeCutivo do instituto
internaCional da línGua portuGuesa
Trata-se menos de uma Reforma Ortográfica e mais de um Acordo Ortográfico, como o próprio nome já diz.
““
Língua viva O que é o VOC?
Na prática
Se as pessoas ainda têm dificuldade com a atual escrita, já imaginou o momento em que a nova ortografia se tornar obriga-
tória? Para aqueles que ainda não se acostumaram com a idéia (ou ideia, conforme as novas regras), será um Deus nos acuda.
Para tentar esclarecer algumas dúvidas, veja algumas das regras básicas.
O trema (¨), como era em “lingüiça”, está fora de uso. O sinal permanece apenas nas palavras estrangeiras e suas derivadas.
Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
sílaba). Por exemplo, “alcatéia” passar a ser “alcateia”.
Não se emprega o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s). Ex: “enjôo” vira “enjoo”.
Sempre se usa o hífen diante de “H”, como em anti-higiênico e super-homem. Esta é a regra básica, entretanto, existem exce-
ções neste caso.
Para o uso do hífen, as regras são extensas e possuem muitas variações. A dica é pesquisar em referências especializadas em
ortografia e conferir.
Foto: arQuivo pessoal
8 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
pOLÍTiCA
FRedeRico VieiRa e ManueL caRVaLho
5º período
Dinastia é o período de sucessão,
geralmente longo, em que membros per-
tencentes a uma mesma família perma-
necem no poder. Um exemplo disso
aconteceu em Minas Gerais, com a
família Ferraz. Começou com Adalberto
Dias Ferraz da Luz, que foi o primeiro
prefeito de Belo Horizonte, em 1897.
Posteriormente, dois irmãos foram
deputados estaduais por várias legisla-
turas consecutivas: Jorge Ferraz (de
1959 a 1971) e João de Araújo Ferraz (de
1967 à 1987). Em Barbacena, as famí-
lias Bias Fortes e Andradas se rivaliza-
ram na política local desde o fim do
século XIX até 1930.
Outros casos podem ser citados pelo
Brasil afora: na Bahia, a família Maga-
lhães está no poder há mais de 50 anos.
No Maranhão, a dinastia Sarney admi-
nistra o estado há mais de 40; enquanto
em Maceió, a família Collor se mantêm
há mais de 30. No Distrito Federal, a
família Roriz se mantêm no poder há
mais de duas décadas.
— Percebo que em diversos estados
existem oligarquias que se perpetuam
no poder, mas vão deixando de ter aos
poucos densidade eleitoral e até repre-
sentação política — constata o deputado
estadual Fred Costa (PEN), lembrando
que a política necessita de uma renova-
ção constante para o bem da democra-
cia. Vale destacar que a perpetuação
também ocorre fora do Brasil. Em Cuba,
a ditadura militar da família Castro já
vem desde 1976.
poLítICosObcecados, eles não abandonam suas posições e, de pai para filho, as dinastias políticas se eternizam no poder legislativo
dINossauros
Existem “medalhões políticos” em
praticamente todos os estados brasilei-
ros. Alguns surgem como “heróis”, como
aponta o jornalista Paulo Henrique
Lobato, do jornal O Estado de Minas.
— O José Sarney, quando surgiu lá
no Maranhão, há muitos anos, apare-
ceu com o discurso de que era algo de
novo, mas agora ele não é mais.
Sarney já foi presidente da Repú-
blica, senador, governador, deputado,
dentre outros cargos políticos. Tem dois
filhos na política: a atual governadora do
Maranhão, Roseana Sarney, e o deputado
federal Sarney Filho, também conhecido
como Sarneyzinho. Para não disputar
voto com a filha, José Sarney já mudou até
de estado — foi candidato e acabou eleito
senador lá no distante Amapá.
Sarneylândia
Há uma crescente pressão por
mudanças no processo eleitoral, para
incentivar e aperfeiçoar a participação polí-
tica no país. Uma forma de aumentar o
controle da população sobre os políticos
seria o voto distrital. Desta maneira, o
estado (ou cidade) seria dividido em peque-
nas regiões, os distritos. Cada partido apre-
sentaria um candidato por distrito, e o mais
votado seria o eleito. O voto distrital ajuda-
ria a minimizar a força das dinastias, aca-
bando com a distribuição de votos dentro de
partidos ou coligações. O vereador Fred
Costa é a favor desta medida. “Sou a favor
completamente do voto distrital. Acho que
nos remeteria a representações mais legíti-
mas e maior fiscalização”.
O Brasil tem as campanhas eleitorais
mais caras do mundo. Um fundo partidá-
rio foi criado para repassar aos partidos
políticos, valores para financiamento de
campanhas públicas. “O fundo partidário
é um dos maiores responsáveis pelas
dinastias, mas não o maior. Existe uma
coisa chamada caixa dois”, denuncia
Lobato — “Não quer dizer que a dinastia
acabaria, mas seria mais transparente”.
Com o voto distrital os candidatos não
precisariam percorrer todo o estado (ou
cidade) atrás de votos, diminuindo os gas-
tos com campanhas. Mas a não aprovação
do voto distrital é de interesse dos que
atualmente exercem o poder. No ano de
1600, ao ser queimado pela Inquisição, o
filósofo dominicano Giordano Bruno des-
tacou que não há nada mais ingênuo do
que “pedir aos donos do poder a reforma
do poder”. Não há mudanças, pelo contrá-
rio. A tendência é as dinastias continua-
rem a se perpetuar no poder.
Voto distrital
Historicamente, o Brasil sempre teve
problemas relacionados à política. A ima-
gem dos políticos, por causa dos escânda-
los, costuma ser diretamente relacionada
à de pessoas de baixo caráter e na maioria
dos casos, de corruptos. O processo eleito-
ral em nosso país é democrático. E,
mesmo sendo obrigatório, a escolha do
voto é livre. Mas, uma minoria mantém-se
interessada em votar com sabedoria, tra-
tando com seriedade necessária o pro-
cesso eleitoral. Somos responsáveis por
quem é eleito em nossas cidades, nossos
estados e nosso país. Mesmo assim, há os
que não dão o valor necessário ao voto e
não têm a consciência da sua importância.
O tempo em que esses políticos permane-
cem em seus respectivos cargos tem rela-
ção com a facilidade de se reelegerem.
— Se determinadas famílias são per-
petuadas no poder durante várias déca-
das, significa dizer que foi o povo quem
escolheu essas pessoas. Bem ou mal,
acredito que seja uma escolha democrá-
tica — completa o vereador Vilmo
Gomes (PT do B). A pergunta é: será que
somos capazes de escolher alguém poli-
ticamente correto e realmente prepa-
rado para nos representar?
Direito ao voto
Pilares da corrupçãoSão poucos os eleitores que acompa-
nham o histórico dos candidatos antes de
ir às urnas, e tampouco se preocupam em
conhecer a proposta do que vai se pro-
mete para o futuro. O descaso para com a
política é refletido em escândalos estam-
pados com frequência em jornais e pro-
gramas de televisão.
— A população tem a sua parcela de
responsabilidade; o mandato é representa-
tivo político. Se lá estão, significa que uma
parcela votou neles — adverte Fred Costa.
Em contra partida, a escassez de políticos
íntegros é um dos pilares da corrupção no
poder legislativo do Brasil.
escândaLos
Nossos políticos usam do poder aquisi-
tivo para comprar votos como se fossem
mercadorias, e — o pior —, a uma fila
extensa prontinha para vender.
— Infelizmente, ainda é uma realidade.
Se há políticos que compram votos, também
tem os eleitores que vendem, alerta Fred Costa.
Ainda existem aqueles que, mesmo
depois de venderem o tão precioso voto, vão
às ruas para manifestar, clamando por uma
reforma política e econômica. A consequên-
cia é clara, mas invisível aos olhos da maioria
da população, que prefere pagar impostos
altíssimos a fazer um voto consciente. O
vereador Vilmo Gomes cobrou “do brasi-
leiro” o sentimento cidadão de fiscalizar o
candidato que ele elegeu.
— Se nós formos perguntar ao “brasi-
leiro” em quem ele votou na última eleição,
muito provavelmente ele não saberá dizer.
ReFoRMa uRgente
Em 2005, estourou o escândalo do
mensalão, e mesmo assim, os deputados
acusados, que haviam sido eleitos três anos
antes, acabaram sendo reeleitos em 2006, e
alguns em 2010.
— A verdade é que há uma brecha nas
leis brasileiras, que atrasam e postergam
julgamentos contra políticos para mantê-los
nos cargos — reivindica Lobato.
Com os casos dos mensalões e dos des-
vios milionários dos cofres públicos, a classe
política perdeu credibilidade dentro e fora
do território nacional. A população está
cada vez mais desanimada com a classe.
— Há um amadurecimento da demo-
cracia que provoca cada vez mais um senti-
mento de indignação das pessoas — aponta
Fred Costa, observando que, “se os escânda-
los são pertinentes, o processo eleitoral
falho, e a política corrupta, é necessária uma
reforma urgente”.
10 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
CiDADE
trILhos urbaNos para o INfErNo
Conheça a dura rotina dos profissionais que atuam no transporte público de Belo Horizonte, os motoristas e cobradores
caíque Rocha thiago caLdeiRa
3º período e 5º período
A “Revolta dos 20 Centavos” e o Movi-
mento Passe Livre, que tomaram propor-
ções imensas em nosso país no ano de
2013, bateram de frente contra o preço
abusivo do transporte coletivo, mas
esqueceram de personagens importantes.
Quando entramos em um ônibus,
logo percebemos a escassez de uma boa
estrutura para facilitar o trabalho dos
motoristas e cobradores. O risco de vida,
vulnerabilidade a assaltos, a poluição
sonora e a proximidade com o motor
superaquecido são exemplos.
— Sinto falta de um bebedouro com
água gelada no final das viagens.
Estas palavras, carregadas de indigna-
ção, ilustram desafios enfrentados por
Ricardo Evangelista, 35. Ele é motorista de
uma das linhas de ônibus mais longas da
capital mineira — a pedido do motorista, a
mesma não será revelada — cada viagem
costuma durar mais de uma hora.
desPRoPoRÇÃo
De acordo com o presidente do Sindi-
cato dos Trabalhadores em Transportes
Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH),
Ronaldo Batista de Morais, o salário de um
motorista de ônibus em BH independe do
número de viagens ou da duração das mes-
mas. É um valor fixo de R$ 1.585,18,
enquanto o dos responsáveis pela cobrança
das passagens é de R$ 792,59. Outro deta-
lhe, não há o benefício da insalubridade.
— Juntamente com outros sindica-
tos, federações e entidades classistas,
estamos na luta há anos por esse benefí-
cio. Inclusive, o texto do projeto que
regulamentou a profissão do motorista
em 2012, continha o direito de insalubri-
dade e da aposentadoria especial, mas foi
retirado do texto quando passou pela
avaliação no senado — relatou Morais.
estRutuRa
Nem mesmo durante os intervalos
entre uma viagem e outra, os profissio-
nais do transporte público não têm vida
fácil. De acordo com Ricardo, os pontos
finais da linha em que trabalha são
extremamente precários.
— Não temos um lugar para almoçar,
geralmente comemos dentro dos ônibus ou
em algum restaurante próximo. E o mais
básico de tudo, que são banheiros separa-
dos, para homens e mulheres, não há.
O Sindicato afirma que a falta de
banheiros é um dos problemas mais reivin-
dicados e que está sempre na pauta das
lutas da classe para melhorar suas condi-
ções de trabalho. Vale lembrar que,
segundo o presidente do Sindicato, esta é
uma luta que não se restringe às discussões
durante a campanha salarial. “Ela se
estende ao debate com os poderes públicos
em busca de melhores condições de traba-
lho para os Rodoviários”, afirma.
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 11
Ainda no primeiro semestre deste ano,
a prefeitura de Belo Horizonte irá inaugurar
o BRT - “Bus Rapid Transit” — em portu-
guês, Trânsito Rápido de Ônibus —, que
recebeu o nome de MOVE. Com a intenção
de tornar as viagens entre algumas regiões e
o centro da cidade mais rápidas e, principal-
mente, melhorar o tráfego em geral, princi-
palmente em relação aos automóveis, o
projeto ainda coloca algumas interrogações
na cabeça da população belo-horizontina.
Para muitos, os problemas irão persistir.
“Em relação a mobilidade urbana,
acredito que a novidade chegou um pouco
tarde e pouca coisa irá mudar”, Afirma o
presidente do Sindicato, destacando que os
investimentos no metrô seriam a grande
saída para desafogar o trânsito e melhorar,
de fato, o transporte público. É importante
ressaltar que muitos ônibus, segundo a Pre-
feitura de Belo Horizonte, serão retirados
em função do MOVE. Com isso, muitos
cobradores também ficarão sem emprego,
uma vez que no novo meio de transporte os
passageiros pagarão os bilhetes nas platafor-
mas de embarque.
“Eu tenho um pouco de receio; afinal,
minha linha passa em uma das principais
avenidas onde o MOVE irá circular. Ainda
não sei qual será o destino das empresas que
passam nesses locais, mas tenho esse
receio, sim”, preocupa-se Débora, confusa
em relação ao futuro de seu emprego.
Tanto física quanto psicologica-
mente, a saúde dos motoristas é muito
prejudicada. Por ficar dentro de um ôni-
bus por mais de oito horas, diariamente,
com todos os problemas já citados, esses
trabalhadores ainda têm que lidar com a
falta de paciência e o descaso de alguns
passageiros. “Me incomoda a falta de edu-
cação das pessoas”, reclama a cobradora
Débora Ferreira, 29, que trabalha na
mesma linha que o motorista Ricardo
Evangelista.
— Nem imagino quantas pessoas pas-
sam por dia pela roleta, mas menos de um
terço delas me cumprimenta... Às vezes,
fico na dúvida se devolvi o troco correta-
mente e peço pra conferir; aí, sou chamada
de burra, lerda, entre outros nomes.
Os próprios passageiros reconhecem
essa falta de respeito. Ana Luiza Oliveira
tem 22 anos e é auxiliar administrativa. Ela
usa o ônibus como meio de transporte todos
os dias, para ir ao trabalho. Mesmo tendo
consciência das dificuldades dos motoristas
e cobradores, Ana afirma não ter o costume
de cumprimentá-los. “Sei que isso é errado,
mas, ás vezes, com cansaço do final do dia e
a preguiça no início do mesmo, acabo não
me preocupando com isso”.
— Passarei a tratá-los com mais cari-
nho; desejar bom dia, boa noite, afinal,
não custa nada: eles estão na mesma luta
que eu — promete.
O motorista Ricardo Evange-
lista conta que outro problema,
além da carga horária alta, é que às
vezes é necessário cobrir a ausên-
cia de algum motorista. “A empresa
nos liga, quando estamos na última
viagem, pedindo para rodarmos no
lugar de a lguém que fa l tou .
Quando isso ocorre, chegamos a
trabalhar de dez a 12 horas no
mesmo dia, ininterruptamente”.
Em um artigo escrito para o
Jornal Lince, Mônica Aparecida
Bruno — médica de família e
comunidade — explica que esse
desgaste físico e psíquico está
muitas vezes além do limite de
tolerância, com longas jornadas
de trabalho, condições precárias
de higiene, alimentação não sau-
dável e estado precário de conser-
vação das estradas e dos ônibus.
Com isso, explica a médica, existe
um risco maior de distúrbios psi-
quiátricos que podem levar até ao
suicídio.
— É necessário discutir mais
sobre esse assunto, procurando
melhorar a qualidade do trabalho e
da vida desses profissionais. A pro-
fissão de motorista é uma das mais
estressantes e causadoras de doen-
ças que existem.
BRT MOVEDESGASTE ALÉM DO LIMITE
Foto: artHur vieira
12 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
COMpORTAMEnTO
mENINa,
NEm tE CoNto!
Quem é a mais nova famosa grávida? Quem se separou? Quem foi a atriz mais mal vestida na festa de premiação do Oscar? Ficou curioso para saber as respostas? Então, admita: você adora uma fofoca
RaqueL duRÃes e sueLi azeVedo
5º período
Há os que acham que isso não é jorna-
lismo. Mas há revistas, colunas, progra-
mas de rádio e de TV, blogs e sites que só
falam disso. E tem gente que não conse-
gue ficar sem isso. Por isso, somos diaria-
mente bombardeados com fofocas e boa-
tos sobre a vida de pessoas famosas,
mesmo que notícias assim não tenham a
menor importância Mas afinal, por que
tanto interesse na vida alheia?
Para Bruno Paiva, professor de Socio-
logia no Centro Universitário Newton, a
curiosidade que as pessoas têm sobre a
vida das celebridades é desenvolvida pela
própria Indústria Cultural, que cria estas
necessidades. Segundo o sociólogo, a for-
mação cultural, responsável pela constru-
ção do senso crítico, se transformou em
uma pseudoformação.
— O indivíduo está tão alienado, que
não percebe a ideologia em torno desses
produtos e do interesse na vida das dessas
pessoas: o mais preocupante é a aceitação
sem nenhuma resistência desses jornais,
revistas ou programas de TV, com baixa
qualidade.
a Vida do outRo
Toda essa curiosidade em torno do dia
a dia das estrelas chega a ter um quê de
voyeurismo. Mas qual é a utilidade em
acompanhar um cotidiano tão distante?
Para a jornalista Rafaela Freitas, é uma
forma de pessoas comuns buscarem pro-
ximidade com seus ídolos, muitas vezes
intangíveis social, econômica e geografi-
camente.
— Acho que há um certo prazer em
acompanhar os momentos de fraquezas
dos famosos. Isso os humaniza e mostra
que por trás de todo o glamour, essas pes-
soas são tão miseráveis quanto nós — alfi-
neta.
Além do mero interesse, há casos de
pessoas que desenvolvem sérias síndro-
mes em acompanhar celebridades. “Elas
acreditam que precisam viver cada vez
mais próximas do ídolo; criam relaciona-
mentos imaginários com pessoas céle-
bres, em vez de dedicar a pensar em rela-
cionamentos reais, o que, segundo muitos
psicólogos, pode chegar a ser um sinal de
depressão e de ansiedade”, afirma a asses-
sora de imprensa e jornalista Juliana Pio.
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 13
O sociólogo e psicólogo Renato
Pereira de Vasconcellos acredita que há
“outros impulsos” que levam o público a
perder tanto tempo com reality shows.
“Nos Estados Unidos, desde os anos da
Grande Depressão, por volta da década
de 1930, já havia um ensaio desses reality
shows de hoje — a diferença é que era
tudo ao vivo e a plateia participava inten-
samente”. Uma dessas práticas foi explo-
rada pelo cineasta Sidney Pollack em um
de seus filmes mais elogiados, “A Noite
dos Desesperados” (They Shoot Horses,
Don’t They?” – 1969), em que casais se
inscreviam em maratonas de dança que
duravam dias, dançando numa arena,
o nde eram cercados por centenas de fãs,
que apostavam e torciam, sem se impor-
tar com o sofrimento deles. “Era uma
prática de extrema crueldade; que se
assemelha muito a esses programas atu-
ais, onde as pessoas são submetidas a
testes físicos exaustivos, passam fome e
sofrem humilhações”.
Segundo Renato, a maioria das
pessoas se dedica a esses programas
porque sente prazer em ver o sofri-
mento dos outros.
— É uma forma de compensar sua
própria infelicidade ou a ideia do anoni-
mato, de saber que no fundo tem inveja
de quem é famoso, mesmo que os famo-
sos sejam esses coitados desses rapazes
e moças que aparecem no Big Brother e
que não têm nada além de uma aparên-
cia bonita.
É por isso que, na opinião de
Renato, notícias sobre separações ou até
doenças de gente famosa chamam tanta
atenção e viram temas de piadinhas
infames — “infames e cheias de veneno
e de crueldade”.
— São bonitos, ricos, famosos, mas
também sofrem, se separam e morrem,
enquanto eu que não sou bonito, nem rico,
nem famoso continuo vivo. Pensar assim é
uma forma de criar uma espécie de auto-
compensação para a mediocridade.
Noite dos desesperados
Quem quer saber?Não existe um segmento com um
perfil determinado daqueles que ficam
de olho na vida das estrelas. Seja com Big
Brother ou por notas de sites de entrete-
nimento, a maioria da população con-
some tais produtos, em menor ou maior
escala. Há quase três anos, o jornalista
Felipe Pedrosa trabalha com TV e notí-
cias das estrelas.
— Achava que a maior audiência pro-
vinha das donas de casa ou dos jovens que
assistem novela ou programas do tipo,
mas cheguei à conclusão que tudo é muito
amplo. Não existe classificação de faixa
etária ou classe social.
Entretanto, a promotora e produ-
tora de eventos Adria Castro vai além
desse contexto. “Suponho que os
espectadores assíduos do BBB, por
exemplo, sejam pessoas que talvez
queiram entrar no Reality Show, ou que
não têm nenhum programa melhor
para fazer”. Existem também aqueles
que se espelham na vida dos ídolos e
acabam se esquecendo do próprio coti-
diano. “Infelizmente nossa cultura é a
da fofoca. Falar da vida dos outros é
melhor do que olhar a nossa e analisar
se estamos fazendo algo de produtivo”,
afirma Adria.
“Os veículos de comunicação divul-
gam esses assuntos porque sabem do
enorme interesse das pessoas; se existe
uma demanda, eles querem atingi-la”,
afirma o repórter dos jornais O Tempo e
Super Notícia, Felipe Pedrosa. Certamente
a repercussão dessas notícias é muito
lucrativa, basta olhar a enorme quantidade
de revistas e programas de fofocas espalha-
dos pela mídia em todo país.
Um exemplo é o reality show Big
Brother Brasil, que já está em sua
décima quarta temporada e é, “estre-
lado”, por pessoas que nem são celebri-
dades. Mais uma vez, as mídias refletem
um problema delicado na sociedade, a
transformação do que é privado em
público e vice versa. “Ora, não é por
acaso que programas de Reality Show
fazem tanto sucesso com o público bra-
sileiro”, ironiza o sociólogo. Vale lem-
brar que também nos Estados Unidos e
na Europa os reality shows fazem grande
sucesso na televisão.
Divulgação e lucro
14 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
é rEI!pOLiTiCA
Em “tErra” dIgItaL, quEm tEm faCEbooK
PâMeLa Matos e RaqueL duRÃes
4º período
“Uma mesa de bar virtual”. Assim que
a ministra Carmen Lúcia descreve o twit-
ter, rede social com mais de 140 milhões
de contas ativas, onde pelo menos 20 mil
são de cunho político. No facebook, são
1,1 bilhão de usuários, sendo que 30%
desse número são relacionados a partidos
e candidatos. Com tantas plataformas de
divulgação, podem as redes sociais ser
aliadas positivas na hora de se promover e
lançar carreira política?
“As campanhas nas redes sociais são
inevitáveis. Na era digital, é impossível
impedir que a internet seja utilizada na
campanha eleitoral”, afirma o cientista
político e professor do Centro Universitá-
rio Newton, Rodney Souza Pereira. Mas
ressalta que é muito difícil controlar o que
é postado no meio digital. “Se alguém lan-
çar conteúdo eleitoral na rede, pode ale-
gar que o fez sem o conhecimento do par-
tido ou candidato ou simplesmente por
gostar das suas propostas”, completa.
Entretanto, se promover em um
espaço tão livre, onde todos falam o que
pensam, traria um resultado benéfico ao
candidato? No Brasil, metade da popula-
ção está ligada à rede, mas nem todos se
interessam por política. “As redes sociais
na campanha obrigam candidatos e parti-
dos a criar um aparato para utilizá-las,
forçam os políticos a se mostrarem e a
responderem de forma rápida certas
demandas”. Rodney também ressalta o
fato de que o candidato não pode deixar
apenas a tecnologia fazer o trabalho: é
necessário manter o corpo a corpo presen-
cial, o comício, o discurso e o contato com
o eleitor. “Nem todos querem se comuni-
car pelo virtual, mas ele é fundamental na
campanha moderna”.
o que dizeM as RegRas?
Em princípio, as regras para a veicu-
lação de propaganda eleitoral na internet
continuarão as mesmas. Assim, após o dia
5 de julho, serão permitidas propagandas
em sites de partidos e candidatos, desde
que comunicados à Justiça Eleitoral e
hospedados em provedores estabelecidos
no Brasil. “Após essa data é permitida tam-
bém a veiculação de propaganda eleitoral
por meio de blogs, sites de relacionamento
e sites de mensagens instantâneas”,
afirma Diogo Cruvinel, responsável pela
área de propaganda eleitoral no TRE-MG
(Tribunal Regional Eleitoral de Minas
Gerais). “É permitida ainda a reprodução
do jornal impresso (contendo a propa-
ganda eleitoral) na internet, desde que
seja feita no sítio do próprio jornal, respei-
tado integralmente o formato e o conte-
údo da versão impressa”, conclui.
— Não será permitido qualquer tipo
de propaganda eleitoral paga. Nem pro-
paganda em sites de pessoas jurídicas,
com ou sem fins lucrativos, e em sites
oficiais ou hospedados por órgãos ou
entidades da administração pública.
Serão aplicadas aos provedores de con-
teúdo ou de serviços multimídia as
penalidades previstas em lei caso não
cumpram, no prazo estipulado, a deter-
minação da Justiça Eleitoral para cessar
a divulgação de propaganda irregular
veiculada sob sua responsabilidade,
desde que comprovado seu prévio
conhecimento.
é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!é rEI!PâMeLa Matos e RaqueL duRÃes
Vai chegando a época das eleições e, com elas, as não tão aceitas propagandas políticas.
Afinal de contas, para o candidato, as redes sociais são uma boa alternativa?
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 15Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 15
Uma das páginas mais famosas da
internet e do twitter é o perfil fictício da
Presidenta Dilma Rousseff, chamado
Dilma Bolada. Os perfis são mantidos
pelo humorista Jeferson Monteiro, sem
fins lucrativos e sem nenhum vínculo
com o governo. O que não deixa de ser
uma tamanha plataforma de propa-
ganda para a presidenta, já que o humo-
rista manda recados desaforados para o
presidente Obama, decreta feriados,
reclama e fala do seu “governo maravi-
lhoso”. As piadas feitas por ele chamam
a atenção da população e não só a vir-
tual, uma vez que em outubro desse ano,
a Presidenta se encontrou com Jeferson
no Palácio do Planalto para uma “con-
fraternização entre Dilmas”. Neste
mesmo dia, a Presidenta voltou a usar
sua conta no twitter e interagiu com sua
sósia, fazendo piadas e revelando infor-
mações aos usuários.
Um dos momentos mais engraçados
se deu quando, em conversa descontraída
e muito informal, Dilma Bolada pergun-
tou se o perfil oficial «vai ou fica». A Presi-
denta respondeu: «Eu voltei, voltei para
ficar. Porque aqui, aqui é meu lugar».
“Rainha da Nação” e “Soberana das Amé-
ricas” são as hastags mais utilizadas pelos
usuários para se referir a Dilma. O perfil
Dilma Bolada no twitter tem mais de 145
mil seguidores e foi criado em 2010. No
site oficial, Jeferson Monteiro se apre-
senta como carioca, estudante de publici-
dade, de 23 anos. Neste ano, foi premiado
pela segunda vez consecutiva na categoria
Melhor Uso das Redes Sociais no Brasil
em votação de público no Shorty Awards,
o Oscar das redes sociais.
Como já foi esclarecido, o uso das
redes sociais não é proibido aos candida-
tos. O que a legislação veda é a veiculação
de qualquer tipo de propaganda eleitoral
antes do dia 6 de julho, seja pela internet
ou por qualquer outro meio. “Assim, se
algum candidato já faz uso de redes sociais,
nada impede que continue fazendo, desde
que não poste mensagem, antes da data
permitida, com elementos que possam
caracterizá-la como propaganda eleito-
ral”, explica Diogo. A fiscalização da propa-
ganda eleitoral na internet será feita pelos
servidores da Justiça Eleitoral e, principal-
mente, pelos eleitores e pelos próprios
candidatos, que poderão contribuir na
tarefa de informar ao TRE sobre a ocorrên-
cia de possíveis irregularidades.
Quem identificar alguma propaganda
em desacordo com a lei poderá denunciá-la
de três maneiras; pelo sistema Denúncia
Online, que ficará disponível no site do
TRE-MG (www.tre-mg.jus.br) durante
todo o período eleitoral; pessoalmente,
perante qualquer cartório eleitoral do
Estado; ou perante o Ministério Público
Eleitoral, pessoalmente ou via internet.
“Uma vez recebida a notícia de irregulari-
dade, o Juiz Eleitoral determinará ao can-
didato ou partido beneficiado que, no
prazo de 48h, a regularize, se for possível,
ou a retire”, explica Cruvinel.
o BRasiL Foi Às Ruas... e agoRa?!
Quando as manifestações estouraram
em todo o Brasil no meio deste ano, muito se
disse à respeito do papel fundamental da
população nas redes sociais, convocando as
pessoas a irem protestar por seus direitos e
fazer valer a sua vontade. Mas toda essa
mobilização digital vai influenciar na aber-
tura de discussões políticas na rede? “Não,
a política já está na internet há muito
tempo”, afirma Rodney. Para ele, o que as
manifestações trouxeram de novo foi a mobi-
lização social pela rede. Porém, há uma
dúvida: até quando esses grupos continuarão
se mobilizando? Até que ponto esse ímpeto vai
se manter? “As redes podem mobilizar, mas
qual é o objetivo da mobilização: Mudar o
governo, o mundo?”, questiona.
“Êta Presidenta moderna”
O povo fala? O povo fala mesmo!
“Fiscalização”
Quando se trata de eleição, o cidadão é o principal agente desse
processo. Mas, quando política e redes sociais se misturam...
Sou a favor. Vivemos em uma época onde rede social é a sala de estar da massa. E, se
queremos politizar o maior número de pessoas, então vale qualquer veículo para isso. É claro
que campanhas eleitorais trazem discussões políticas e, particularmente, penso que falar
sobre o assunto é uma prática saudável para o crescimento da cidadania e da democracia”
nathÁLia cRuz, 21, estudante de Medicina
“
“
As redes sociais, diferente dos outros
meios de comunicação, proporcionam
uma relação bilateral entre as partes inte-
ressadas, além de serem um meio livre
para a propagação de ideias”
PauLa RoBeRta, 19
estudante de JoRnaLisMo
“ Sou a favor porque as redes sociais são
a melhor forma de divulgação. E, como
muitos jovens são alienados, é bom para
eles verem outros jovens expressando
seus pontos de vista em discussões assim”
MiRza oLiVeiRa, 20
estudante de diReito
“
Invasão de privacidade. Acho que
quando temos o direito de recusar se quere-
mos ou não receber esse tipo de mensagem,
tudo bem. Mas, quando isso não acontece, é
um desrespeito e algo muito invasivo”
cLaudiLene Viana, 39,
adMinistRadoRa
“Sou totalmente contra e acho um
absurdo. Na maioria das vezes, entro na
internet para fugir dessas propagandas
chatas, e ter isso nas redes sociais é o
cúmulo”
FeRnanda santos, 21
estudante de nutRiÇÃo
16 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
pERF
iL
thiago caLdeiRa
5º período
Julio César de Souza, 38, é um exemplo
para os jovens de hoje. Vindo de família
humilde, foi criado na comunidade do
Morro do Papagaio, Zona Sul de Belo Hori-
zonte e, para ajudar seus parentes, começou
a trabalhar cedo em uma gráfica fazendo
serviços gerais. Tinha tudo para ser o orgu-
lho da família, mas aos 13 anos de idade,
começou a cheirar tíner, o primeiro passo
para entrar no mundo obscuro e quase sem-
pre sem volta das drogas. Aos 17 anos, se
envolveu com o crack, que o levou à prisão e
quase acabou com a sua vida.
“A criminalidade não compensa”, reco-
nhece Julio, que chegou a ser preso algumas
vezes por assalto à mão armada e tráfico de
drogas. “Dentro da prisão, fiquei ao lado dos
maiores bandidos que existiam em Belo
Horizonte”, afirma.
— O tempo que passei lá dentro serviu
para refletir que eu estava jogando meus
sonhos fora e acabando com a minha pró-
pria vida. Resolvi mudar.
Mesmo envolvido com a criminalidade,
Julio continuou recebendo ajuda, pois sem-
pre foi uma pessoa do bem, pela criação
familiar que teve. Ele conta que, mesmo
“enfrentando todas as dificuldades da vida”,
sua mãe jamais deixou de batalhar para dar
educação e um pouco conforto a seu filho
— “Ajudar as pessoas é uma arte que nos
permite crescer na escola da vida, e vermos
que não conseguimos chegar a lugar algum
sem que tenhamos uma pessoa ao lado para
nos dar forças e incentivos”, ensina.
Pedido de aJuda
Nos quase oito anos em que esteve
preso, Julio nunca desistiu do seu sonho de
ajudar o próximo, uma maneira de retribuir
um pouco do que as pessoas fizeram por ele.
Foi então que surgiu a ideia de pedir ajuda
aos amigos que estavam fora, mas que sem-
pre iam visitá-lo na prisão.
“Conversei com o Cris do Morro. Ele é
um amigo de longa data aqui na favela, e um
dos integrantes do projeto ‘Fica Vivo’, que é
um programa do governo dirigido a jovens
de 12 a 24 anos residentes em áreas com
altos índices de criminalidade no Estado.
— Cris me estendeu a mão e resolveu
me ajudar. Surgiu a ideia da oficina de silk
manual na comunidade
VoLta PoR ciMa
Julio ganhou a oportunidade de dar
aulas em uma oficina de silk manual, na
favela do Morro do Papagaio. O público-alvo
escolhido por Julio para participar da oficina
são jovens entre 12 e 24 anos de idade. O
horário noturno também foi pensado cuida-
dosamente, pois a noite é o momento em
que os jovens estão mais vulneráveis, uma
vez que a maioria dos participantes estuda
de manhã e à tarde.
“Buscamos preencher esse espaço vago
com o nosso curso, além de promover bate-
-papos”, explica.
Júlio hoje oferece aos jovens da comu-
nidade a oportunidade de aprender uma
profissão. O primeiro passo foi dado para
abrir e conscientizar a mente desses jovens.
Além do Morro do Papagaio, a oficina tam-
bém é realizada toda semana na favela da
Ventosa, também na região Oeste. Já existe
um projeto para levar a oficina a outros luga-
res fora da favela. A intenção é trazer tam-
bém os jovens de classe média para apren-
der a arte dos desenhos e do silk .
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
em momentos difíceis da vida é
que conseguimos ver quem são nos-
sos verdadeiros amigos. Muitos só
querem estar ao nosso lado em
momentos felizes, em confraterni-
zações etc. Júlio ressalta a impor-
tância das verdadeiras amizades.
— Meus amigos foram funda-
mentais para o desenvolvimento da
oficina e também para minha recu-
peração. eles acreditaram em mim
e me deram uma chance de correr
atrás do tempo perdido.
Julio faz questão de citar os
nomes desses amigos: alexandre
souza, que ensina corte e cabelo
aqui na região Centro-sul; Cris do
Morro, e o outro que me ajudou
financeiramente, Cacá, que é dono
de uma agência de publicidade cha-
mada perfil.
Julio César não esconde seu
passado, mas procura usar sua his-
tória de vida para tocar no coração e
na mente das pessoas. afinal, che-
gar ao fundo do poço e conseguir
dar a volta por cima não é para qual-
quer pessoa. Constantemente con-
vidado para palestras e oficinas, o
vencedor do crack deixa suas men-
sagens para os jovens e também
para quem está na luta diária para
se livrar do vício.
— a droga é um obscuro e arris-
cado caminho que quase sempre
não tem volta.
IMPORTÂNCIA DOS AMIGOS
o VeNCeDoro VeNCeDoro VeNCeDorDo CrACKEx-traficante supera o vício e ensina uma profissão para os jovens da comunidade
Foto: arQuiVo pESSoal
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 17
CULTURAum brINdE À
INdEpENdÊNCIa!Com quase 30 anos de carreira, a maior banda independente
do Brasil ultrapassa, mais uma vez, as barreiras do mercado,
da mídia e do politicamente correto, lançando novo CD
Foto
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Ão
18 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
caíque Rocha
3º período
Não é fácil viver da música no Bra-
sil. Se até os anos 1980 a censura foi
uma pedra no sapato dos artistas, de lá
pra cá o grande “vilão” tem sido a mani-
pulação da indústria fonográfica. Não
são todas as pessoas que têm coragem de
escutar as verdades da vida e nenhuma
gravadora quer intermediar isso. Ou
você abandona seus ideais em nome do
“Senhor Sucesso” e do dinheiro ou
enfrenta o caminho mais difícil: a inde-
pendência. Mas, sem o reconheci-
mento, prestígio e, muitas vezes, até
sem lugar para tocar, são poucas as ban-
das que sobreviveram sem o apoio de
empresários e de grandes gravadoras.
Porém, desde 1986, uma banda
paulista vem conseguindo essa façanha.
Com bom humor, sinceridade, sarcasmo
e muito rock’n’roll, a Banda das Velhas
Virgens construiu um legado dentro do
cenário da música independente nunca
antes atingido por nenhum outro artista
desse tipo.
O porta-voz é Paulo de Carvalho, o
“Paulão”. Juntamente com Alexandre
“Cavalo” Dias, ele carrega a bandeira do
grupo por décadas, com muito suor e
trabalho, sendo sempre a “banda da
esquina”. Paulão conversou com o
Lince e comentou sobre alguns assuntos
referentes à banda.
noVo tRaBaLho
O primeiro semestre de 2014 marcou
o lançamento de mais um CD das Velhas
Virgens. “Todos os dias a cerveja salva a
minha vida” é o nome do novo álbum, que
sai do forno com muitas novidades.
— Falaremos da importância dos
gays no rock. Temos uma balada que fala
do lado obscuro do artista e outra
música que conta a saga de lutador de
boxe chamado Kid Marreta. Há também
a história de uma matadora de aluguel
que se vinga do marido violento. Acho
que é nosso disco mais variado.
Esse CD retorna às origens da
banda. É o primeiro desde 2009 que
conta apenas com músicas inéditas, só
de rock. De lá pra cá, eles haviam lan-
çado dois CDs da série “Carnavelhas”
— projeto da banda que mistura rock
com marchinhas de carnaval/samba
(saiba mais no fim da matéria).
“Foi o disco que envolveu mais
intensamente todos os integrantes”,
conta Paulão, lembrando que “o resul-
tado ficou pesado, criativo e denso”.
Segundo ele, alguns acham que está
mais maduro e amplo.
— Eu acho, modestamente, que é
um ótimo disco de rock e a turnê será
incendiária. Vamos pra estrada, e que ela
nos leve a muitos lugares onde nunca
tocamos. Vamos lançar novos sabores de
cerveja, multiplicar nossos bares, lançar
livros e criar nossos filhos. Estamos feli-
zes. E nos divertindo com o que fazemos.
Paulão conta que, hoje, 19 anos
após a gravação do primeiro, é mais fácil
chegar ao resultado final de um disco
independente. Segundo ele, as ferra-
mentas para registrar o som estão mais
acessíveis. “Produzir um trabalho ficou
mais fácil, mas a maior dificuldade con-
tinua sendo a divulgação”. Nesses 28
anos de carreira, a banda nunca recebeu
propostas de grandes gravadoras.
— Nunca nos procuraram. Acho que
eles pensam que somos muito difíceis de
manipular. Empresários já sugeriram
que a gente mudasse de nome, para uma
coisa mais popular e fizéssemos um som
mais pra “Claudinho e Buchecha”. Jesus
Cristo já falou sobre isso: “perdoai-os,
eles não sabem o que dizem!”.
O grande diferencial desse novo
CD foi, com certeza, o apoio dos aman-
tes e fiéis seguidores da banda. O
método usado pelas Velhas Virgens
para arrecadar o dinheiro necessário
para a produção — algo em torno de R$
60 mil — foi o crowdfunding. Por meio
da internet, as pessoas puderam con-
tribuir com uma quantia para ajudar a
banda a alcançar a meta.
“Terá um sabor especial, sim. Eu
mesmo tive dúvidas se íamos conse-
guir atingir a meta. Estamos extrema-
mente orgulhosos dos nossos fãs”,
exclama o vocalista, lembrando sem-
pre do carinho que o público tem pela
banda. “É pra eles que a gente toca”.
“VAQUINHA” ONLINE
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 19
guitarras, surdo e pandeiro – 10 anos do “carnavelhas”
em 2014, completam-se dez anos
de um projeto um tanto quanto inusi-
tado, no qual as Velhas Virgens “radi-
calizaram” mais uma vez. Com a
intenção de comemorar a principal
festa do nosso país, os criativos
roqueiros tiveram a ideia de misturar
o som pesado da banda com samba.
sim, rock com carnaval!
“raul seixas misturou sons nor-
destinos com rock. os Virgulóides
também misturaram cavaco com
guitarra antes da gente. estão aí os
caras do sambô fazendo versões de
clássicos de rock numa levada sam-
bista”, explica paulão, mostrando
que misturas desses tipo sempre
estiveram presente em nossa cul-
tura. “não acho que sejamos invento-
res da coisa; acho que criamos espe-
cificamente a mistura da marcha com
a guitarra, mas é apenas uma varia-
ção do que outros já haviam feito ins-
pirada na anarquia do raul”.
Mas há, claro, um desafio por trás
disso. a banda teve que convencer os
fãs mais tradicionalistas.
— houve resistência e ainda há.
alguns roqueiros são muito radicais e
não aceitam estas misturas. Mas, com
o tempo, e sacando que não se tratava
de uma coisa oportunista, mas sim de
um trampo musical consistente,
começaram a abraçar a ideia. tem
muita música por trás e uma vontade
enorme de criar uma coisa roqueira
com algo brasileiro.
para comemorar a primeira
década de folia, a banda fez, durante o
período do carnaval, a já tradicional
turnê, espalhando confetes e serpen-
tinas pelo Brasil. e, pegando carona
na Copa do Mundo, que acontecerá no
meio do ano, a banda lançou duas
“hard marchinhas” — termo usado
pelo cantor para nomear a mistura —,
“Ganha esta Copa, Brasil!” e “perder
em casa nunca mais”.
azuL da coR do MaR marina CarvalHo
U m ro m a n c e
c o m v á r i a s
re v i r a v o l t a s
escr i tas pe la
m i n e i r a
Marina Carva-
lho, que conse-
gue uma apro-
ximação muito
grande com o público. Sem dúvida, o
melhor livro da autora — e ncanta dos
mais jovens até os mais velhos.
aMoR VeRíssiMoluis Fernando veríssimo
Crônicas a té
para quem não
gosta de ler crô-
nicas. Dia a dia
re t r a t a d o d e
uma maneira
bem simples e
direta que ins-
p i r o u a t é a
série homônima do canal de TV paga
GNT. Livro ganha pontos desde o
ambíguo título
o LiVRo do Boniboni
Uma completa
autobiografia
p a r a t o d o
mundo que se
interessa por
comunicação,
p o r u m d o s
maiores gesto-
res da comuni-
cação. Interessante ver como José
Bonifácio passou de uma infância
humilde a diretor geral da Rede Globo
de Televisão.
dICas
20 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
EnTREViSTA
um uNIvErso dE CuLtura E LaZEr
Evidentemente o livro impresso no papel
ainda é o preferido e acredito que deva
continuar sendo por muito tempo .
Luis Matos
Foto: arQuivo pessoal
“
”
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 21Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 21
RogeR Leon
3º período
O mercado editorial está cada vez maior e mais abrangente no Brasil. A ânsia por novas histórias
faz com que os leitores estejam sempre buscando por novidades nas livrarias. Um exemplo da força
que tem a literatura contemporânea é o fato de editoras recentes já serem grandes sucessos de
vendas. A editora Universo dos Livros é uma delas. Lançada em 2006, já tem mais de cinco milhões
de cópias vendidas e emplacou inúmeras vezes sucessos na lista dos mais vendidos da Veja. Em uma
conversa com Luis Matos, diretor editorial, o Lince ficou a par de novidades, próximos lançamentos e
um pouco da história da editora que a cada dia que passa conquista seus fiéis leitores.
Lince: no início, a editoRa tinha uM
Foco Muito gRande eM LiVRos tÉcnicos e de
auto aJuda. hoJe os RoMances e BiogRaFias
teM Mais esPaÇo do que os tÉcnicos. essa
MudanÇa Foi PRoPositaL ou Foi FLuindo de
acoRdo coM o gosto dos LeitoRes?
Luis Matos: Quando criamos a Uni-
verso dos Livros, nós publicávamos revis-
tas de informática, tecnologia e qualidade
de vida. Então, o caminho inicial mais
simples era lançar livros técnicos e de
autoajuda, já que tínhamos em nossas
mãos as revistas para divulgar todos os
livros da editora, o que trouxe um sucesso
inicial para nossa operação de livros.
Porém, desde o começo sabíamos que
essas áreas seriam apenas a porta de
entrada da Universo dos Livros no mer-
cado editorial. Nosso projeto previa que
em poucos anos começaríamos a editar
livros com potencial de «best-seller», dei-
xando de lado a segmentação inicial. E foi
exatamente o que fizemos.
Lince: a editoRa suRgiu eM 2006 coM
gRande Foco nos LiVRos de BoLso, que Ven-
deRaM Mais de uM MiLhÃo de cÓPias. atuaL-
Mente nÃo se encontRaM Muitos LiVRos de
BoLso da uniVeRso nas LiVRaRias. a editoRa
VeM aBandonando esse FoRMato?
Luis Matos: Como tínhamos grande
experiência em bancas de jornais, por
conta de virmos do mercado de revistas,
visamos inicialmente as bancas de jor-
nais como canal prioritário de distribui-
ção e venda. Porém, da mesma maneira
que nossa linha editorial, o modelo de
negócios também previa uma segunda
etapa focada em outro ponto de venda, no
caso, as livrarias. Hoje lançamos poucos
títulos com foco em banca e, assim, o
número de pockets em nosso catálogo é
bem reduzido.
Lince: hoJe eM dia, a editoRa teM uM
PÚBLico aLVo esPecíFico?
Luis Matos: Não temos um público
alvo específico, mas sabemos que nossos
títulos têm aceitação maior pelo público
feminino com faixa etária acima de 20
anos.
Lince: coM a onda dos ‘’seX-seLLeRs’’,
VÁRios RoMances FoRaM PuBLicados coM
sucesso PeLa editoRa — coMo o ‘’cRetino
iRResistíVeL’’ e o ‘’ 9/2 seManas de aMoR’’. a
editoRa ainda teM PLanos de LanÇaMentos
nesse segMento?
Luis Matos: Hoje, a Universo dos
Livros é a editora que mais vende livros
neste gênero e tem em seu portfólio as
principais autoras como Sylvia Day, Chris-
tina Laurent, J. R. Ward, Lara Adrian,
Christine Feehan, Emma Chase, Alice
Clayton, entre outras. Continuaremos
lançando neste segmento e a tendência é
de expansão de nosso catálogo nesta área.
Lince: o senhoR acha que as Mídias
digitais estÃo Fazendo coM que os LeitoRes
MigReM PaRa os e-BooKs, ou o BoM e VeLho
PaPeL ainda É o PReFeRido?
Luis Matos: É inegável que as mídias
digitais facilitam o acesso ao livro no for-
mato digital, e que este é um mercado em
franca expansão. Evidentemente o livro
impresso no papel ainda é o preferido e
acredito que deva continuar sendo por
muito tempo.
Lince: PaRa FinaLizaR, quaL LiVRo da
editoRa É o seu PReFeRido e coMo o senhoR
conVidaRia os LeitoRes a conheceReM a uni-
VeRso dos LiVRos?
Luis Matos: Para o editor, cada livro é
como um filho, cada um tem sua história e
representatividade para a editora. Tal
como um filho é impossível dizer qual é o
preferido. Felizmente temos muitos livros
de qualidade, o que nos traz muito orgu-
lho. Para aqueles que ainda não conhece
boa parte deles, convido a se juntarem as
mais de 100 mil pessoas que acessam o
conteúdo do facebook da editora em face-
book.com/universodoslivros. Vale ainda
ressaltar que no último mês, o novo
sucesso da editora, ‘’Satiagraha’’, entrou
na lista dos mais vendidos das revistas Veja
e Época, com a história de uma operação
da Polícia Federal Brasileira contra a cor-
rupção e o desvio de verbas públicas.
22 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014
Com a consolidação do esporte no país,
estrangeiros buscam seu lugar no vôlei
brasileiro
João Vitor Cirilo e Pâmela matos
4º período
Os americanos Brian Ivie, Salmon
e Holmes são nomes sempre lembrados
no Minas Tênis Clube. Talvez nem
tanto quanto a romena Cristina Pirv,
que virou ídolo da torcida. A cubana
Daymi Ramirez, a russa Ekatherina, os
argentinos Pereyra, Quiroga, Uriarte,
Daniel Castellani e Esteban Martinez
também não são nomes desconhecidos
para o público do vôlei mineiro. A pre-
sença dos estrangeiros no vôlei mineiro
vem de longa data.
Se a chegada a outro país, com cul-
tura e costumes diferentes, algumas vezes
pode se tornar uma missão um pouco
complicada, no meio esportivo está cada
vez mais comum, sobretudo no Brasil,
país onde as ligas se fortalecem a cada ano.
Um bom exemplo é o voleibol, que cresceu
em popularidade nos últimos anos, e que
hoje tem uma das competições mais fortes
do mundo, a Superliga. Por isso, dezenas
de estrangeiros desembarcam aqui a cada
ano, apostando na consolidação do tor-
neio. No entanto, como se pode ver acima,
este não é um fenômeno recente. Vem
desde os anos de 1980.
Minas Gerais, terra que já teve
grandes comandantes, como o coreano
Young Wan Sohn — treinador minas-
-tenista nos gloriosos anos de 1980 e
que faleceu há três anos —, tem em
uma das suas principais equipes mas-
culinas, o Sada Cruzeiro, um técnico
argentino. Marcelo Méndez tem total
confiança do grupo de atletas e vem
real izando bom trabalho. Horacio
Dileo, seu compatriota, esteve no
comando do Vivo/Minas até o início
desta temporada, quando uma sequên-
cia negativa contra adversários de nível
não tão alto o derrubou do cargo.
Nossa quadra é
esporte
dos griNgos
Fotos: renato araúJo
Jornal laboratório do Curso de Jornalismo do Centro universitário newton paiva - Março de 2014 23
tRaBaLho consoLidado
Marcelo Méndez já está em sua
quinta temporada à frente do Sada Cru-
zeiro, e carrega em seu currículo três
finais de Superliga e um caneco levan-
tado, além do último Mundial de Clubes,
disputado em Betim, em outubro, núme-
ros de respeito para o comandante argen-
tino. Ele também conquistou o último
Sul-Americano, disputado em fevereiro.
Méndez já havia trabalhado em outro
clube mineiro antes de assumir o
comando do Sada. Ele foi o treinador do
Montes Claros na temporada 2008/2009,
quando o clube teve sua melhor fase.
— Sempre o desejo de todo treinador é
fazer um trabalho como se está fazendo
aqui. Me deram toda a liberdade para con-
tratar jogadores e me ofereceram uma
estrutura que inveja a todos. Dentro dessas
condições, pudemos fazer um grande traba-
lho, conquistar um título da Superliga,
ganhar diversos mineiros, chegar a várias
finais em quase todos os torneios que dispu-
tamos. Temos que ser agradecidos por isso.
Mas o Sada não tem apenas o treina-
dor estrangeiro. O cubano Leal, ponteiro
de qualidade, chegou ao Cruzeiro na
última temporada, após ficar dois anos
sem jogar, por ter saído de seu país.
“Quando eu cheguei, não sabia falar bem
o português, mas todo o time me ajudou
muito. Fiquei um mês sem entender, mas
agora estou bastante bem”, conta o atleta,
que foi destaque da sua seleção, e ainda
“enrola” no português.
“Todos me ajudaram muito, inclusive
o próprio Marcelo Méndez. Foi uma grande
experiência sair de Cuba pela primeira vez
e jogar em um clube. Tive que treinar
muito. Ficar dois anos parado não é fácil,
né?”, continua Leal. “Jogar por um clube
como o Sada Cruzeiro representa muito.
Temos sempre que ir bem”, acrescenta.
O Cruzeiro também conta com o pon-
teiro venezuelano Luis Diaz, que chegou
nesta temporada. Diferente de Leal, Diaz
já havia jogado no Brasil, em 2002,
quando defendeu o time de Suzano, e é
um jogador bastante rodado, que já pas-
sou pela Turquia, Itália e Espanha.
“gente Boa”
Filip Rejlek, oposto, saiu da Repú-
blica Tcheca e jogou na França antes de
v i r pa ra o Minas , na t emporada
2011/2012. Em seu primeiro ano pelo
clube da capital, o então técnico da
equipe, Marcelo Fronckowiak, que
havia trabalhado com ele na Europa,
dava instruções em francês. Mas o joga-
dor tratou logo de contratar uma profes-
sora para auxiliá-lo na adaptação.
– O Minas é um clube muito impor-
tante, e encontrei muita coisa diferente
num lugar onde não havia trabalhado.
Tive que fazer um trabalho de adapta-
ção profissional. Humanamente, não.
As pessoas me receberam muito bem e
não tive problema nenhum. Todos
foram muito gente boa —, diz Filip, que
não leva sua família em suas viagens
pelo mundo. Todos ficam lá pela Repú-
blica Tcheca mesmo.
Além de Filip, o Minas também tem o
central sérvio Novica Bjelica, que chegou
nesta temporada. O time feminino tem a
oposta americana Alania Bergsma, e a
porto-riquenha Lynda Morales. Outro
representante mineiro na Superliga Femi-
nina é o Banana Boat/Praia Clube, que
contratou a experiente ponteira cubana
Herrera, além de Kim Glass, jogadora da
seleção norte-americana.
“o jogador brasileiro é extrema-
mente técnico, tem uma técnica depu-
rada, trabalhada, principalmente nos
jogadores mais experientes. Coisa
que na europa é mais difícil. talvez o
potencial físico em alguns países
europeus seja melhor do que aqui,
mas aqui se joga um bom voleibol, que
permite formar uma boa tática com o
grupo”, opina Méndez. o argentino
também ressaltou a falta de uma
Champions league no Brasil, torneio
que envolve as grandes equipes do
continente europeu.
de todas as perguntas feitas, uma
foi unanimidade para todos os entrevis-
tados. “pra mim, aqui (é o melhor lugar
para se trabalhar). fiquei cinco anos na
república tcheca, seis anos na frança,
mas me senti muito bem no Brasil”,
afirma filip. horacio dileo, que foi seu
treinador, concorda. “o melhor país
onde trabalhei é, sem dúvida, o Brasil,
pela qualidade da liga e dos jogadores”,
fala dileo. “aqui trabalhamos muito
com a imprensa, somos sempre o centro
das atenções de todos, e temos que ter
muito cuidado com o que falamos, como
procedemos, pois pode ser muito peri-
goso”, acrescenta o argentino.
DIFERENÇA EM QUADRA
horácio dileo - ex-técnico do Minas Luis diaz - Ponteiro do sada Marcelo Méndez - técnico do sada
Foto
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lan
do
ben
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40 ANOS DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS
DA NEWTON.
PRODUTO DE QUALIDADE ATRAVESSA DÉCADAS.
4º Período - 2013/2 do Curso dePublicidade e Propaganda