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IV Seminário de Trabalho e Gênero
Protagonismo, ativismo, questões de gênero revisitadas
ST7 - Gênero, reestruturação e precarização das relações de trabalho
Análise de gênero e precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção: um
estado da arte (1990 - 2011)
Autora: Coimbra, Melissa Gabriela 1
Coautor: Coimbra, Eric Araújo Dias 2
1 Cientista Social formada pela UFSC, especialista em Educação Sociedade e Cultura pela Fundação
Universidade Regional de Blumenau – FURB e Mestranda em Sociologia Política pela Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC. 2 Graduado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, graduado em Relações
Internacionais pela UNIVALI, especialista em Políticas Públicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina
- UDESC e doutorando em Sociologia Política pela UFSC.
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Análise de gênero e precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção: um
estado da arte (1990 - 2011)
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”
(Simone de Beauvoir)
Resumo
Este artigo analisa 27 trabalhos acadêmicos (dentre dissertações, teses e artigos) que enfocam
a reestruturação produtiva e a precarização do trabalho feminino nas indústrias têxteis e de
confecção no Brasil. O levantamento realizado para a elaboração deste artigo contou com os
bancos de dados da Capes e de revistas eletrônicas no Brasil, entre os anos de 1990 e 2011.
Verificamos através das pesquisas, que a força de trabalho massiva encontrada nas indústrias
têxteis-confeccionistas é predominantemente de mulheres. As mudanças na economia global,
como o processo de financeirização da economia junto com as reformas neoliberais, afetam o
mundo do trabalho, acarretando no processo de reestruturação produtiva. As pesquisas
permitem explicar que, com a intensificação da flexibilização no processo produtivo, ocorreu
o crescimento das terceirizações de mão-de-obra, demandadas pelas indústrias do segmento
têxtil-confeccionista, assim como o aumento do trabalho informal (a domicílio). Verifica-se
também que os salários pagos às trabalhadoras internas (que atuam nas fábricas) são
inferiores aos salários pagos aos homens. O estudo referente à precarização do trabalho na
indústria têxtil-vestuarista, associado à questão de gênero, ganha maior contundência no
momento em que o trabalho feminino constitui-se na “espinha dorsal” da força de trabalho
global.
Palavras-chave: gênero, precarização do trabalho; estado da arte.
1. Introdução
Elaboramos esta pesquisa na forma de “estado da arte”, enfocando a questão de gênero
e a precarização do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção. Consideramos este tema
relevante, não apenas para as ciências humanas em geral, mas também para outras áreas do
conhecimento, como a saúde e as ciências sociais aplicadas. Verificamos que inúmeras
pesquisas com esta temática estão sendo realizadas nas universidades brasileiras,
especialmente a partir da década de 1990.
Escolhemos o marco histórico dos anos 1990 por esta ser uma década caracterizada
pelos impactos das políticas internacionais de cunho neoliberal que afetaram o mundo do
trabalho nos países da América Latina, além de outras regiões do globo, acarretando o
processo de reestruturação produtiva. Veremos no decorrer deste artigo, que no Brasil, tais
mudanças de cunho estrutural impactaram de forma torrencial as indústrias do polo têxtil-
vestuarista.
O principal objetivo deste artigo é conhecer o debate acumulado da produção discente
e de artigos científicos elaborados no Brasil sobre a temática em questão, principalmente entre
os anos de 1990 e 2011. Para isso, foi feito um levantamento que contou com os bancos de
dados da base Capes de teses e dissertações e da Electronic Library Online – Scielo, os
principais periódicos científicos no Brasil. As palavras-chave que foram utilizadas para
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localizar as pesquisas foram: gênero e trabalho; indústria têxtil-vestuarista e trabalho
feminino.
Para atingir a meta da proposta deste artigo, foram estudados 27 trabalhos acadêmicos,
entre dissertações, teses e artigos, de variadas áreas do conhecimento, que priorizam a
temática da precarização do trabalho e problematizam empírica e teoricamente a questão de
gênero e a divisão sexual do trabalho nas indústrias têxteis e de confecção no Brasil. As
metodologias aplicadas nestas pesquisas são de predominância qualitativa, como estudos de
caso, histórias de vida, narrativas e etnografias, com aplicação de entrevistas estruturadas e
semiestruturadas; algumas pesquisas trazem resultados de ordem quantitativa obtidas pelo
RAIS, IBGE, OIT e outros órgãos oficiais.
2. Os impactos da reestruturação produtiva nas indústrias têxteis-confeccionistas
Verificamos neste item de que modo à reestruturação produtiva se faz presente nas
análises das pesquisas científicas escolhidas para a elaboração deste trabalho. Nossa intenção
não é detalhar como ocorre este processo, nem analisá-lo de forma aprofundada, pois seria
preciso um trabalho a parte, mas entender que o processo de reestruturação produtiva decorre
das mudanças estruturais na área política e econômica no plano nacional e internacional e que
impacta substancialmente as relações trabalhistas em geral, inclusive no setor têxtil-
vestuarista.
Estudos realizados de âmbito macrossociológico consideram que as grandes
transformações do mundo do trabalho, ocorridas nos países de capitalismo avançado,
repercutiram nas formas de organização da estrutura produtiva e nas esferas de representação
sindical e política no final dos anos 1970, e em particular, nos anos de 1980. Essas
transformações do capitalismo aconteceram com maior intensidade no Brasil, a partir dos
anos 1990, com o início das políticas definidas pelo Consenso de Washington, desencadeando
processos de desregulamentações em diferentes esferas do mundo do trabalho (ANTUNES,
2006).
A subcontratação tem sido uma das características desse processo. Segundo Araújo e
Amorim (2001), as empresas, em busca de maior flexibilidade produtiva e mudanças nas
relações trabalhistas, têm constantemente feito uso das estratégias de subcontratação e do
aumento crescente do trabalho a domicílio. Para as autoras, o crescimento explosivo de
pequenas e micro empresas faz parte de um processo mundial de informalização e produção
descentralizada, característicos da reestruturação produtiva. A redução dos custos com a
produção e a crescente competitividade entre as empresas são fatores que ajudam a explicar o
componente da flexibilização na produção e nas relações trabalhistas. No entanto, outras
questões de ordem política são importantes para o entendimento deste processo, como a
necessidade de rever as práticas trabalhistas e reduzir o poder dos sindicatos.
A terceirização surge como uma forma mais atual de subcontratação, que se
caracteriza pela transferência para outra parte (pessoa ou empresa contratada) de serviços ou
atividades que antes eram desenvolvidos pela empresa contratante, em suas próprias
instalações. Os contratos, em alguns casos, admitem que a produção ocorra no interior da
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empresa contratante, mas sem que a terceira parte (seja empresa ou trabalhadores autônomos)
se insira nas condições contratuais e regimentais dos trabalhadores da empresa contratante. 3
Araújo e Amorim (2001) diferenciam subcontratação parcial, em que a empresa
contratante oferece matérias-primas e/ou produtos semimanufaturados necessários à
produção, de subcontratação completa, em que a empresa contratante transfere à
subcontratada a completa fabricação do produto. A subcontratação assimétrica ocorre entre
grandes e pequenas empresas e envolve relações de poder e subordinação desiguais. Já a
subcontratação equivalente ocorre entre empresas de portes semelhantes em que as relações
de poder entre elas também são semelhantes. As autoras enfatizam que no Brasil, existem dois
tipos de terceirização, sendo que um deles está associado à melhoria da qualidade, da
produtividade e da competitividade, na medida em que as tecnologias são transferidas para as
empresas subcontratadas. Já o outro tipo, que tem se expandido de forma generalizada, tem
como objetivo central a redução de custos, transferindo às subcontratadas os gastos e os riscos
da produção e os custos da mão de obra.
Empregada na maioria dos casos como expediente de redução de custos, a
terceirização tem imposto aos trabalhadores relações de empregos instáveis, redução
de salários e benefícios e condições de trabalho degradadas, que tem como
consequência o aumento dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Além
disto, ela tem levado ao desalojamento de uma parcela dos/as trabalhadores/as para a
economia informal, submetendo-os/as a condições precárias de trabalho e excluindo-
os/as dos benefícios assegurados por lei e da representação sindical. (ARAÚJO E
AMORIM, 2001, p. 275)
A reestruturação produtiva causou uma reorganização sócioespacial da produção,
levando ao processo de desterritorialização da produção e uma redefinição da divisão
internacional do trabalho e do próprio capital.4 O setor têxtil e de calçados exemplificam tais
tendências, sobretudo no que diz respeito às redefinições da divisão sexual do trabalho. Com
o advento das mudanças em curso, o modelo fordista-taylorista de produção não é o único no
universo do trabalho. Esse modelo cedeu lugar ou mesclou-se com o Toyotismo, também
conhecido como modelo japonês. No lugar da produção em série difundida no modelo
fordista de produção, o toyotismo diferencia-se pela flexibilização da produção; são
experenciadas novas formas de gestão da força de trabalho, que incluem o trabalho
polivalente e o trabalho em equipe. Os CCQS (círculos de controle de qualidade) são práticas
adotadas não apenas no Japão, mas em inúmeros países de capitalismo avançado e em países
periféricos industrializados.
A pesquisa realizada por Jinkings e Amorim (2006, p. 346), sobre a reestruturação
produtiva das indústrias do setor têxtil de fiação e tecelagem de Santa Catarina, constata que
houve uma inserção geral de novas formas de tecnologia, que levaram a significativas
mudanças nas etapas e na organização do sistema produtivo. A automatização do processo
produtivo têxtil ocorreu nas seguintes linhas de produção: a) na malharia, a partir dos teares
circulares automáticos computadorizados, b) no corte de malhas, com as máquinas de
estender e amontoar o tecido para o corte em uma máquina automatizada, c) nas tecelagens de
tecidos lisos, em que são usados teares a jato de ar com componentes microeletrônicos, d) o
sistema CAD/CAM, presente no setor de estilismo, sendo direcionado para a máquina de
corte (por meio desses sistemas também se faz o bordado). A confecção, que corresponde à
3 Ibid, 2001, p.273-274.
4 Ibid, 2006
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última fase do processo produtivo têxtil, é a atividade menos automatizada desse processo, o
que demanda nesta etapa mais força de trabalho.
Nota-se que determinadas etapas do processo produtivo são mais influenciadas pelo
toyotismo, caracterizadas pela utilização de novas tecnologias e pouca mão de obra,
necessitando menor número de trabalhadoras no processo de produção, já que as máquinas de
tecnologia de ponta substituem o trabalho humano. Por outro lado, outras etapas ainda estão
inseridas na lógica do fordismo, necessitando um amplo número de trabalhadoras para
executarem trabalhos repetitivos. O setor da confecção é um dos mais vinculados à lógica
fordista, pois é um setor pouco automatizado, demandando maior número de trabalhadoras.
A indústria de confecção, por ser um ramo industrial baseado no uso intensivo de
mão de obra, cuja produção se desenvolveu com poucas inovações técnicas,
limitadas à máquina de costura industrial e ao trabalho manual, caracterizou-se
desde seus primórdios pelo uso contínuo de diversas formas de trabalho
subcontratado, principalmente do trabalho a domicílio. (ARAÚJO E AMORIM,
2001, p. 270).
Cabe observar que a costura é uma das principais etapas do processo de produção e o
baixo custo desta mão de obra é um dos fatores de maior importância estratégica das
empresas, pois permite situar a sua localização industrial, assim como a subcontratação e a
terceirização de pessoal. A indústria direciona recurso de transferência de atividades para
outras unidades de produção, sobretudo para trabalhadores no domicílio (LINS, 2000).
Conforme Neves e Pedrosa (2007) a informalidade (que envolve o trabalho a domicílio) é útil
no processo de reestruturação produtiva e se expande cada vez mais (existência de facções e
terceirizações no setor têxtil-vestuarista). As autoras explicam que tais tendências da
informalidade são coerentes com sistema de produção capitalista, porque são pautadas na
precarização e na flexibilização do trabalho feminino. Cabe lembrar que hoje, na cadeia têxtil-
vestuarista brasileira, grande parte das indústrias utilizam-se das duas atividades, as formais e
informais, elas coexistem, porque muitas indústrias terceirizam alguma parte do seu processo
de produção.
Concluímos analisando como os processos de financeirização da economia junto com
as reformas neoliberais afetaram o mundo do trabalho, acarretando no processo de
reestruturação produtiva. Nas palavras de Neves e Pedrosa, em seu artigo “Gênero,
flexibilidade e precarização: o trabalho a domicílio na indústria de confecções” (2007, p.11),
esses processos de mudança “reconfiguraram as relações de gênero no trabalho”. As pesquisas
permitem explicar que com a intensificação da flexibilização no processo produtivo ocorreu o
crescimento das terceirizações de mão-de-obra, demandadas pelas indústrias do segmento
têxtil-confeccionista, assim como o aumento do trabalho informal (a domicílio) realizado,
muitas vezes, por famílias inteiras. Os salários pagos às trabalhadoras internas (que atuam nas
fábricas) tendem a serem inferiores em relação aos salários pagos aos homens.
3. A Questão de Gênero e a Divisão Sexual do Trabalho
Algumas pesquisas têm como foco especificamente os impactos da reestruturação
produtiva para os trabalhadores, assim como os efeitos sobre a qualificação e os processos de
desqualificação do trabalho, sem problematizar teoricamente as questões de gênero e da
divisão sexual do trabalho. No entanto, a questão de gênero, ainda que não seja o foco central
em todas as pesquisas, está implícita em todos os trabalhos acadêmicos pesquisados, pois o
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campo permite constatar que a força de trabalho massiva, encontrada nas indústrias têxteis-
confeccionistas no Brasil, é predominantemente de mulheres. Conforme Hirata (1998),
(...) as repercussões da especialização flexível e dos novos modelos de organização e
desenvolvimento industriais não são as mesmas quando se consideram os pontos de
vista dos homens e das mulheres. Da mesma maneira os impactos das
reestruturações produtivas sobre a qualificação – ou sobre a formação profissional –
não tem a mesma extensão, a mesma significação e nem o mesmo alcance segundo
se trate de trabalhadores homens ou mulheres. (HIRATA, 1998, p. 6)
Segundo Hirata e Kergoat (2007), a divisão sexual do trabalho é modulada histórica e
socialmente, tendo como característica a relação do homem com a esfera produtiva, e a das
mulheres, com a esfera reprodutiva. Consequentemente, os homens têm se apropriado de
funções consideradas de maior valor social (como a dos políticos, religiosos, militares, etc.).
Para Hirata e Kergoat, esta divisão social baseia-se no princípio da separação (trabalho de
homem x trabalho de mulher) e no princípio da hierarquização (trabalho de homem vale mais
que trabalho de mulher). Estes princípios correspondem à ideologia naturalista, que rebaixa o
gênero ao sexo biológico. Kergoat (1996) considera as relações sociais de sexo e a divisão
social do trabalho como dados indissociáveis que formam um único sistema.
Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho são duas proposições
indissociáveis que formam um sistema. A reflexão em termos de relações sociais de
sexo é, ao mesmo tempo, anterior e posterior à reflexão em termos de divisão sexual
do trabalho. Ela é preexistente como noção, mas posterior como problemática. É
preexistente, pois foi uma aquisição do feminismo, por meio da emergência de
categorias de sexo como categorias sociais, de mostrar que os papéis sociais de
homens e mulheres não são produto de um destino biológico, mas que eles são, antes
de tudo, construções sociais que têm uma base material. (KERGOAT, 1996, p.1)
Conforme Bruschini (1993), o debate teórico acerca do trabalho feminino no Brasil
revela de forma gradativa uma maior preocupação e sensibilidade para os fatores culturais e
simbólicos, o que permite explicar a subordinação feminina no espaço de reprodução familiar.
Nos anos 1970, o estudo sobre a mulher e o mundo do trabalho se ateve nas questões de
“segregação salarial”. Os ângulos pelos quais a atividade das mulheres foi percebida
acompanham tendências sobre a análise do trabalho feminino, tal como se expressaram nos
estudos sobre a mulher, enfocando inicialmente as análises macrossociais da participação
feminina no mercado de trabalho, para só mais tarde incorporar a necessária articulação entre
trabalho e família. 5
O debate nos anos 1980 perpassa pela questão da divisão sexual do trabalho, a
presença e a inserção da mulher no mercado de trabalho, assim como a pré-existência “das
relações sociais entre os sexos, presentes em todos os espaços sociais, entre eles a fábrica e a
família”. Como observa Bruscchini, este ponto da análise é defendido por Hirata e Humphrey
e permitem explicar as relações de poder e a dominação masculina nas esferas sociais
diversas. As análises também buscam romper com as velhas dicotomias e buscam articular a
esfera da produção com a da reprodução, assim como as relações sociais entre os gêneros. 6
5 Ibid,p.19
6 Ibid,p.21
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Hirata observa (2003, p. 18) que houve inúmeras mudanças no mercado de trabalho
desde os anos de 1970, tanto no Brasil como na França. A autora questiona as reais mudanças
na divisão do trabalho entre homens e mulheres, em que o panorama “continua sendo de um
flagrante de injustiça se comparar os salários, as condições de trabalho e de emprego das
mulheres em todo o mundo aos níveis de escolaridade, formação e qualificação que elas
adquiriram nos anos recentes”. Hirata e Kergoat (2003, p. 111) discutem no campo teórico e
empírico a entrada do mercado de trabalho de mulheres em grande escala: há de um lado a
ideia de “repartição do trabalho”, ou seja, o status social entre os sexos são iguais, havendo
conciliação dos papéis. De outro a lado, há a ideia de “relações antagônicas entre os sexos”,
em que as autoras chamam a atenção sobre esta abordagem, na qual se questiona o trabalho e
emprego, trabalho e sem-trabalho - é justamente nesse contexto que surgem reivindicações.
Chies (2010, p. 507) traz alguns questionamentos em relação à entrada em grande
escala das mulheres no campo de trabalho. No decorrer das transformações sociais que
levaram as mulheres ao campo de trabalho assalariado, foram criadas profissões específicas a
elas, ou seja, foram desenvolvidas ocupações que detém uma porcentagem maior de mulheres
e, muitas vezes, são estereotipadas como femininas. Exemplos desse caso podem ser
visualizados em profissões, a princípio, não regulamentadas, que se apresentam como
continuidade da vida doméstica, tais como: bordadeiras, costureiras, babás, etc. Por outro
lado, as transformações sociais aliadas às mudanças no sistema produtivo levaram a
construção de novos espaços, e ambos, homens e mulheres, passaram a ocupar setores e
postos de trabalho antes exclusivos ao mundo masculino. No entanto, conforme estudo
realizado por Neves (2000, p.174), no relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil,
(...) as mulheres apresentam 48% da força de trabalho do setor terciário e apenas
20% nos casos da agricultura e da indústria”. Em 16 ocupações do setor formal, elas
comparecem com mais 50%, ressaltando-se alguns deles como verdadeiros
guetos femininos, como: costura, 94%7 , magistério do 1º grau, 90%; secretariado,
89%; telefonia/telegrafia, 86%; enfermagem, 84%; recepção, 81%. (PNUD e IPEA,
1996, p.33).
Segundo dados referentes à indústria têxtil no Brasil, publicados pela Associação
Brasileira da Indústria Têxtil – ABIT em 2012, a soma de trabalhadores (as) que atuam na
cadeia têxtil-vestuarista no Brasil é de 1,7 milhão de empregados (as) diretos e de oito
milhões se adicionarmos os indiretos e efeito de renda; dos quais 75% são de mão de obra
feminina. O setor têxtil-vestuarista, que conta com 30 mil empresas formais, é também: o 2º
maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para o setor de alimentos e
bebidas; o 2º que mais gera o primeiro emprego; constitui-se como o quarto maior parque
produtivo de confecção do mundo e o quinto maior produtor têxtil do mundo.
Apesar dos dados informados acima, o desenvolvimento econômico de tal indústria de
transformação caminha lado a lado com a precarização do trabalho. O trabalho feminino
ganha força no momento em que se constitui na “espinha dorsal” da força de trabalho global.
Conforme as palavras de David Harvey (2011, p. 55), o trabalho feminino representa “uma
piscina enorme de força de trabalho para a expansão capitalista”. Cabe lembrar que o aumento
dos efetivos femininos que sucederam o “milagre econômico” brasileiro (1969-1972)
multiplicou-se, principalmente em setores como a construção civil, o transporte coletivo e a
7 Grifo nosso.
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indústria de transformação. Entretanto, o recrutamento feminino efetuado pelas empresas
representou uma diminuição de custos.
Observamos também, na literatura sobre o tema, que com as inovações tecnológicas e
computadorizadas, propiciadas pela reestruturação industrial, foram abertas novas
oportunidades para cargos de supervisão e chefia para as mulheres, no entanto são poucas as
vagas para tais cargos. Percebemos, todavia, que as demissões em massa, terceirizações,
subcontratações e precarização do trabalho são muito mais intensas e significativas que os
esparsos benefícios que tais inovações no processo de reestruturação produtiva eventualmente
podem oferecer.
4. Panorama geral das Dissertações e Teses
Seguimos as análises da produção discente sobre o tema de forma cronológica, de
modo que possamos analisar como a temática e as suas respectivas análises vão se
transformando com o passar dos anos.
A primeira dissertação localizada (Corder, 1994), investiga os impactos das inovações
tecnológicas sobre as qualificações dos trabalhadores e a eliminação gradativa dos postos de
trabalho por conta das novas tecnologias. No entanto, a pesquisa de Corder não problematiza
a questão de Gênero e da divisão sexual do trabalho.
Morábito (1997) elabora um estudo de caso que busca articular a vida cotidiana de um
grupo de mulheres operárias dentro e fora da fábrica têxtil. O autor enfoca as recentes
mudanças no mundo trabalho, os impactos das novas tecnologias no setor e o início das
práticas de terceirizações.
A pesquisa de Rabelo (1997) é direcionada a um setor de confecção da região de
Criciúma – SC. O autor analisa as principais inovações tecnológicas, junto aos processos de
precarização no setor, como o trabalho polivalente e o início do processo das terceirizações. É
difundida no setor uma “educação para a competitividade”, direcionada às trabalhadoras no
interior da fábrica, assim como uma política antisindical.
Caleffi (2008), doze anos depois, volta à mesma fábrica em que Rabelo realizou a sua
pesquisa na cidade Criciúma – SC. A autora verificou que 95% da força de trabalho encontra-
se terceirizada, em decorrência do processo de reestruturação no setor. Caleffi também
constatou que atualmente os processos de educação difundidos no interior da fábrica
perpassam mais no nível comportamental do que técnico.
Alcântara (1998) elabora um estudo sobre o salário e a qualidade do emprego
feminino na indústria têxtil e de tecelagem da Paraíba. São avaliados aspectos como a função,
a qualificação e os salários das operárias, constatando que há diferenças salariais e de
qualidade do emprego entre homens e mulheres. Tal pesquisa de metodologia qualitativa e
quantitativa traz dados do RAIS do período de 1986-1995, que permite identificar as
disparidades salariais entre os sexos.
A dissertação de Moura (2001) consiste numa análise feita a partir de uma perspectiva
histórica, resgatando o movimento sindical e operário da região. São enfocados diretamente
os impactos da reestruturação produtiva nas indústrias do segmento têxtil-vestuarista em
Franca-SP, a precarização do trabalho feminino, a diminuição dos salários nas fábricas e o
fortalecimento do trabalho domiciliar.
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As pesquisas de Jinkings (2002) e Amorim (2003) analisam os impactos da
reestruturação produtiva sobre o setor. A primeira pesquisa é feita nas indústrias da região
Norte de SC e segunda na macrorregião de Campinas-SP. Jinkings realiza um trabalho quali-
quantitativo, com entrevistas aos trabalhadores, representantes sindicais e empresariais.
Também são analisados dados econômicos referentes ao perfil e a evolução do setor. Amorim
(2003) elabora uma problematização teórica sobre a questão de gênero e o processo de
terceirização.
As dissertações de Pereira (2004) e Pedrosa (2005) citam a pesquisa de Amorim
(2003) e enfocam o setor têxtil-vestuarista de Divinópolis-MG. Os autores analisam o
desenvolvimento socioeconômico do município e os impactos da reestruturação produtiva no
setor vestuarista. Pedrosa analisa as demissões no setor nos anos de 1980 e 1990, os baixos
níveis de remuneração, a inserção feminina das fábricas no decorrer desta década, assim como
aumento desenfreado do trabalho a domicilio.
Junior (2006) analisa as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores na indústria
do vestuário de Colatina-ES. O estudo de método qualitativo utiliza uma amostra aleatória de
entrevistas e questionários com 432 trabalhadores (as), dos quais 66,35% são mulheres. A
pesquisa de Junior não teoriza a categoria gênero, pois o seu aporte teórico centra-se nas
análises de Saúde e Trabalho. Os resultados obtidos mostram que as tarefas fragmentadas e
repetitivas, com ritmos excessivos, prejudicam o trabalhador, assim como a pouca valorização
de seu intelecto. As dores apresentadas pelos trabalhadores foram musculares e lombares,
além de problemas cardiovasculares e LER – lesão por esforço repetitivo. Junior (2006), ao
retomar Dejours, mostra que os efeitos do trabalho sobre a saúde muitas vezes são silenciosos
e não identificados pelos médicos.
Teixeira (2006) elabora um estudo sobre os sentidos do trabalho na vida das
mulheres, a partir da análise dos discursos de estudantes e profissionais do vestuário de
Divinópolis – MG. No campo teórico a autora resgata Haraway e Foucault para analisar que o
discurso não é apenas um instrumento de dominação, mas também de luta política.
Silva (2008) e Freitas (2009) investigam o circuito e a experiência social (trajetórias
sociais e urbanas) de ex-operários (as) de fábricas têxteis, que atualmente atuam em oficinas
de costura em regiões periféricas da cidade de São Paulo. Nesse circuito aparece o fluxo da
migração clandestina boliviana, que com suas famílias e amigos vão à capital paulista em
busca de trabalho.
A primeira tese de doutorado localizada por meio do banco de dados da Capes é a de
Roy (1996). Tal como as primeiras dissertações, trata-se de um estudo que analisa as recentes
mudanças no mundo do trabalho e a questão da qualificação da mão-de-obra na fiação nos
anos de 1990, na cidade de Americana-SP. Roy constatou maior participação das mulheres
nos programas de “qualidade total” das empresas, assim como no gerenciamento de operações
de máquinas “desmasculinizando alguns setores”. De acordo com o autor, essa inserção
gradativa das mulheres nos novos setores pode vir a contribuir com um olhar mais crítico no
processo de trabalho, democratizar as relações de gênero e elevar a escolaridade das
trabalhadoras.
A tese de Nunes (2002) trata do estudo sobre a vida, o trabalho e a saúde de mulheres
que realizam em seus domicílios, de forma simultânea, serviços para a indústria do vestuário e
os afazeres domésticos. Trata-se de um estudo teórico e empírico sobre o trabalho a domicilio
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que data desde os primórdios da revolução industrial até os dias de hoje, envolvendo a
questão de gênero e relação trabalho/saúde com uma análise ergonômica do trabalho. Em face
aos resultados obtidos, o autor constatou que as condições de vida deste tipo de trabalho
levam ao desgaste e a deterioração da saúde de mulheres que são operárias e donas de casa.
Já nas duas outras teses localizadas, Lima (2009) e Guiraldelli (2010), percebemos um
salto nas análises, pois trata diretamente da intensidade dos impactos da reestruturação
produtiva no setor têxtil-vestuarista, que tem como característica a massiva terceirização de
mão-de-obra e a presença marcante do trabalho feminino no mercado da informalidade. A
escolaridade dessas trabalhadoras é de no máximo até o do Ensino Médio (esta constatação
aparece de forma homogênea no resultado das pesquisas).
A pesquisa de Lima (2009), intitulada “As faces da subcontratação do trabalho: um
estudo com as trabalhadoras e trabalhadores da confecção de roupas de Cianorte-PR e
região”, problematiza as terceirizações nas facções e constata que o processo de
reestruturação produtiva flexibilizou e modernizou o setor de confecções na região, ao mesmo
tempo em que intensificou a precarização do trabalho, especificamente o de mulheres, por
meio de estratégias de novas formas de organização que mantiveram formas antigas de
trabalho.
Guiraldelli (2010) trabalha com histórias de vida e analisa quais as estratégias de
sobrevivência de mulheres que atuam no espaço domiciliar. O autor analisa teoricamente a
questão de gênero e a divisão sexual do trabalho no contexto da reestruturação produtiva à luz
de autoras como Hirata, Kergoat, Sorj e Nogueira. Guiraldelli analisa também os impactos da
reestruturação produtiva para as trabalhadoras formais e informais da indústria de confecção
de Divinópolis – MG. São analisadas as estratégias de sobrevivência das trabalhadoras frente
a precarização das relações de trabalho. Guiraldelli cita as pesquisas de Amorim (2003); Lima
(2009); Pereira (2004) e Pedrosa (2005). Os dois últimos realizaram suas pesquisas também
em indústrias de Divinópolis – MG.
5. Panorama geral dos Artigos
O artigo de Abreu (1993) problematiza a desqualificação do trabalho como
consequência do processo de modernização industrial, enfocando a questão de gênero na
divisão do trabalho sobre ocupações ditas qualificadas e não qualificadas. A autora pesquisa
três diferentes situações de trabalho na indústria de confecções do Brasil: costureiras a
domicílio, operárias fabris e assalariadas em uma pequena empresa de confecção de roupa
feminina. A autora conclui que apesar das diferenças no processo de trabalho e na estrutura de
qualificações que as três situações apresentam, a atomização (extrema personalização das
relações) aparece nitidamente nos três casos, impedindo a construção de movimentos
coletivos e organizados para a solução de conflitos.
Gazzona (1997) elabora um artigo sobre uma indústria de grande porte do setor de
vestuário no Estado do Rio Grande do Sul. A autora analisa as mudanças na indústria no que
tange as suas formas de ocupação, controle e qualificação da mão de obra feminina. O
recebimento de baixos salários e a baixa escolaridade são comuns entre as trabalhadoras. A
precarização é intensificada com a organização do trabalho baseada no parcelamento de
tarefas. No entanto, a utilização de novas formas de gestão de mão de obra e as novas
tecnologias na área de microeletrônica tem contribuído para a abertura de novas
oportunidades de treinamento e contratação para algumas mulheres.
11
O artigo de Holzmann (2000) versa sobre as condições da mão de obra feminina frente
às inovações tecnológicas. A autora destaca a importância do movimento feminista na luta
pela emancipação da mulher nas últimas décadas e dos grandes avanços já conquistados no
sentido de desmistificar a suposta “essência feminina” e a naturalização da condição de
subordinação da mulher em relação ao homem. Holzmann lembra que a classe operária tem
dois sexos e embora ambos sejam oprimidos e explorados pelo capital, esta relação de
opressão e exploração não ocorre indistintamente. Para a autora, a classe trabalhadora não
deve ser vista como um todo homogêneo, mas como um coletivo formado por uma
multiplicidade racial, étnica, cultural, de gênero, de nacionalidade, de condição legal. A
compreensão desta multiplicidade é importante para explicitar as estratégias do capital em
explorar o trabalho.
Brito (2000) faz uma análise das condições de saúde dos (as) trabalhadores (as) no
contexto da reestruturação produtiva, considerando a divisão sexual do trabalho e as relações
de gênero. A autora adota o paradigma da transversalidade e analisa as condições do trabalho
feminino nas empresas multinacionais nos países pobres e emergentes. Verifica-se o aumento
crescente do trabalho feminino precarizado nas empresas multinacionais que se instalam em
locais onde o custo da produção é menor. O mesmo processo ocorre no setor informal, seja
em modalidades baseadas em contratos temporários, seja em outros regimes atípicos. Por fim,
a autora utiliza exemplos de extensas jornadas de trabalho feminino empregados na indústria
e no setor da educação.
Araújo e Amorim (2001) discutem as redes de subcontratação e os novos usos do
trabalho a domicílio, tendo como base o processo de reestruturação no setor de confecções
iniciado nos anos 1990 e seus impactos sobre as condições de trabalho e a saúde das
trabalhadoras. As autoras realizam suas pesquisas na região de Campinas-SP, onde foram
pesquisadas empresas de confecção de médio e pequeno porte. Além destas empresas, elas
pesquisam uma ampla rede de subcontratação, cuja característica é o trabalho a domicílio. A
força de trabalho tradicionalmente subcontratada é feminina, além disso, as mulheres ocupam
posições inferiores e mais vulneráveis na cadeia produtiva. Araújo e Amorim demonstram
que o trabalho a domicílio constitui-se num instrumento central de aumento de produtividade
a baixos custos e funciona como estratégia para enfrentar a concorrência entre as grandes
empresas do setor têxtil-vestuarista.
Foram localizados dois artigos de Leite (2004). “Tecendo a precarização: trabalho a
domicilio e estratégias sindicais na indústria de confecção em São Paulo”, trata-se de um
estudo sobre as transformações das relações sociais e de trabalho no contexto da
reestruturação produtiva. O processo acirrado das terceirizações, envolvendo as antigas
formas de trabalho, agora revitalizadas no contexto de acumulação do capital, atinge mais
mulheres do que homens, dificultando a ação dos sindicatos. Trata-se de um estudo de caso
em algumas empresas de confecção em SP e um panorama quali-quantitativo sobre o setor no
Brasil. Outro artigo de Leite (2009), “As bordadeiras de Ibitinga: trabalho a domicilio e
prática sindical”, trata de um estudo com uma abordagem histórica sobre a cidade de Ibitinga,
interior de SP, e a indústria de confecção de bordados. O destaque da pesquisa é o papel do
sindicato na luta por melhores condições de trabalho e pelo registro em carteira das
trabalhadoras.
Neves e Pedrosa (2007) enfocam a influência do processo de reestruturação produtiva
nas relações de gênero e trabalho. O artigo destaca a entrada cada vez mais intensa da mão de
12
obra feminina no mercado de trabalho e suas consequências para a esfera produtiva, a vida
privada e social. As autoras constatam que a dinâmica flexível, enquanto componente da
reestruturação produtiva, têm provocado a ampliação do trabalho informal. O objetivo do
artigo é analisar o trabalho a domicílio realizado por mulheres para a indústria de confecção
numa cidade de porte médio em Minas Gerais. São discutidos os problemas da precarização
do trabalho em consequência da desregulamentação do trabalho e da perda de direitos sociais.
Dentre os problemas relacionados à precarização do trabalho, são apontados: flexibilização do
contrato de trabalho, das condições de trabalho, da jornada de trabalho e uma extensão entre o
espaço privado/doméstico e o espaço econômico/produtivo.
O artigo de Polizelli e Leite (2010) tem como foco o problema da lombalgia no
cotidiano das trabalhadoras das indústrias têxteis da cidade de Blumenau-SC. O artigo contou
com pesquisas qualitativas de três trabalhadoras do setor têxtil. Com base nos dados obtidos,
as autoras chegaram a duas categorias interpretativas: a dor lombar sob o aspecto da
normalidade e a dor sentida. Neste artigo, são verificados os conflitos envolvendo as
trabalhadoras sob o prisma da dor normal e da dor sentida. A primeira faz parte do dia-a-dia
do trabalho, sem maiores problemas, a segunda trás sofrimentos e angústias. As autoras
concluem constatando que a dor reflete o contexto cultural da região, em que as trabalhadoras
em questão se esforçam para dar continuidade a seus trabalhos como se nenhuma dor existisse
(não se permite o direito de ficar doente). Segundo a expressão de uma trabalhadora, “é
preciso relevar”.
6. Análise quantitativa das teses, dissertações e artigos
As regiões do Brasil em que foram realizadas as pesquisas foram basicamente Sudeste,
que representou o campo da maior parte dos trabalhos, e Sul, cujo destaque é Santa Catarina.
Em São Paulo, as pesquisas ocorreram na capital (a maior parte) e nas cidades de Franca,
Campinas e Ibitinga. Em Minas Gerais, as pesquisas ocorreram na cidade de Divinópolis. No
Espírito Santo, uma pesquisa foi realizada na cidade de Colatina. Em Santa Catarina,
ocorreram pesquisas em Criciúma e nas regiões do Vale do Itajaí e Norte Catarinense. No
Paraná foi realizada uma pesquisa em Cianorte. No Estado do Rio Grande do Sul foram
realizadas duas pesquisas. Na região Nordeste foi realizada apenas uma pesquisa no Estado da
Paraíba.
No banco de dados de domínio público, Scientific Eletronic Library on line - Scielog,
foram encontrados artigos das seguintes revistas: Sociedade e Estado, Sociologias, Educação
& Sociedade, Cadernos Pagu, Trabalho, Educação e Saúde, Cadernos de Saúde Pública,
Saúde e Sociedade, Estudos Feministas.
Na elaboração desta pesquisa, foram localizados e estudados 4 teses de doutorado
(15%), 14 dissertações de mestrado (52%) e 9 artigos (33%), totalizando 27 trabalhos
acadêmicos, conforme mostra o gráfico abaixo.
13
Considerando as datas de publicação dos artigos, teses e dissertações, os anos de 1997,
2002 e 2009, foram os que obtiveram maior número de trabalhos publicados (três cada).
Em relação às áreas do conhecimento, elaboramos um levantamento considerando os
artigos, teses e dissertações, e constatamos que a área que constitui maior número de trabalhos
acadêmicos é a de Sociologia, representando nove trabalhos (30% do total), seguido pela área
de Educação e Saúde, com cinco trabalhos (16%) cada.
15%
52%
33%
Gráfico 01 - Trabalhos Científicos por Tipo de Produção
Tese Dissertação Artigo
1997, 2002,2009
1998,2000,2004, 2006,2008, 2010
1993, 1994,1996, 2003,2005, 2007
3 2
1
Gráfico 02 - Número de Teses, Dissertações e Artigos Produzidos por Ano
0
5
10
Gráfico 03 - Trabalhos Científicos por Área de Conhecimento
14
Verificamos que o maior número de Teses e Dissertações tem sua procedência na
UNICAMP (quatro trabalhos), seguido pela UFSC (três trabalhos), UFMG, USP, UFSCAR e
UFPB (dois trabalhos) e as demais instituições, UFES, PUC-Minas, UNESP-Franca, com um
trabalho cada.
As palavras-chave mais citadas dentre teses e dissertações foram: Indústria Têxtil e
Trabalho (cinco citações cada), gênero (quatro citações), Indústria, Vestuário, Trabalhadores
Têxteis, Trabalho Feminino (três citações cada).
7. Conclusão
Constatamos que a temática em questão não se apresenta como prioridade de pesquisa
em apenas uma área de conhecimento, ao contrário, está presente no campo da Saúde,
Educação, Engenharia de Produção e nas principais áreas das Ciências Sociais e Humanas.
Esta pesquisa nos permitiu verificar que houve, com o passar dos anos, uma transformação do
debate sobre o trabalho feminino no setor têxtil-confeccionista. Para facilitar a compreensão
destas transformações, resolvemos dividir os trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e
artigos) em dois grandes grupos, os da década de 1990 e os da década de 2000.
UNICAMP UFSC UFMG, USP,UFSCAR, UFPB
UFES, PUC-Minas, UNESP-
Franca
4 3
2 1
Gráfico 04 - Número de Teses e Dissertações por Instituições de Ensino
Indústria têxtil,Trabalho
Gênero Indústria,Vestuário,
TrabalhadoresTexteis, Trabalho
Feminino
Indústria deConfecções,
Saúde, Indústriado Vestuário
5 4
3 2
Gráfico 05 - Relação de Palavras-chave mais citadas em Teses e Dissertações
15
As pesquisas que datam a década de 1990 têm como foco os impactos das inovações
tecnológicas sobre as qualificações das trabalhadoras, a eliminação dos postos de trabalho e as
mudanças no mundo do trabalho por conta da crise do setor têxtil-vestuarista no Brasil, os
impactos das novas tecnologias no setor e o início das práticas de terceirizações. Os processos
de qualificação versus desqualificação da força de trabalho estão presentes em praticamente
todas as pesquisas realizadas nos anos de 1990, assim como os impactos das novas formas de
gestão do trabalho nas empresas, que tendem a “desmasculinizar” determinados setores.
Alguns autores viram com certo otimismo a constatação da ampliação da participação
das mulheres nos programas de “qualidade total” das empresas, assim como a ampliação da
presença feminina no gerenciamento de operações de máquinas, “desmasculinizando alguns
setores”. Para Roy (1996), essa inserção gradativa das mulheres nos novos setores poderia vir
a contribuir com um olhar mais crítico no processo de trabalho, assim como democratizar as
relações de gênero e elevar a escolaridade das trabalhadoras. No entanto, as pesquisas
subsequentes constataram a escolaridade baixa das trabalhadoras, tanto formais, quanto
informais.
Já nas pesquisas que datam da década de 2000, há uma mudança no foco das análises:
elas enfatizam os processos de terceirizações de mão de obra e a intensificação do trabalho a
domicílio8. Se nos anos de 1990 a reestruturação produtiva afetava mais os processos de
modernização das fábricas, e consequentemente, a qualificação das trabalhadoras, nos anos
2000, a intensificação da reestruturação industrial reflete de forma impactante nas
terceirizações e na desterritorialização das fábricas têxteis-vestuaristas.
Na década de 2000 aparecem pesquisas sobre as condições de trabalho e saúde das
trabalhadoras, como as pesquisas de Nunes (2002) e Junior (2006), que analisam o processo
de deterioração da saúde das trabalhadoras por conta da dupla jornada e das condições
insalubres de trabalho, Brito (2000), que faz uma análise das condições de saúde dos (as)
trabalhadores (as) no contexto da reestruturação produtiva, considerando a divisão sexual do
trabalho e as relações de gênero, Polizelli e Leite (2010), que em seu artigo, pesquisam a
lombalgia, uma doença que se faz presente no cotidiano das trabalhadoras das indústrias
têxteis da cidade de Blumenau-SC.
Além da temática envolvendo a saúde das trabalhadoras, aparecem neste período
pesquisas que enfocam a questão da migração, como as de Silva (2008) e Freitas (2009), que
investigam o circuito e a experiência social das trajetórias sociais e urbanas de ex-operários
(as) de fábricas têxteis, atuando em oficinas de costura, em regiões periféricas da cidade de
São Paulo, que recebe muitos imigrantes bolivianos.
Costa e Rocha (2009), em sua pesquisa sobre o panorama da cadeia produtiva têxtil e
de confecções, constataram a existência de polos regionais de produção. Os principais estão
divididos por região. Na região Sudeste e também nacionalmente São Paulo está em primeiro
lugar, destacando-se como o mais importante centro produtor, o maior centro intelectual e
financeiro do setor, concentrando os ativos intangíveis, moda, marketing e o controle das
atividades produtivas nacionais. Rio de Janeiro vem a seguir, com destaque a cidade de Nova
Friburgo (não foram localizadas pesquisas nesta cidade).
8 Este dado aparece em praticamente todas as pesquisas da década de 2000.
16
Na região Sul, destaca-se o Estado de Santa Catarina, especificamente o Vale do Itajaí
e Norte Catarinense. Dentre as cidades catarinenses, a principal é Blumenau, que conta com
um dos polos têxteis mais avançados na distribuição regional da produção e do consumo. 9
No Nordeste, o destaque é o Estado do Ceará, cujo processo de deslocamento regional
das grandes empresas, motivadas por incentivos fiscais, obras de infraestrutura oferecidas
pelo governo estadual e a presença de mão de obra de baixo custo, relacionada a baixos
índices de sindicalização, têm acontecido de forma crescente. Todos estes fatores fazem com
que o Estado e a região Nordeste do Brasil aumentem a sua participação produtiva no cenário
nacional.10
Mediante o cenário da cadeia têxtil-vestuarista, verificamos que ainda são poucas
e incipientes as pesquisas sobre o setor e as trabalhadoras na região do nordeste do Brasil,
tendo em vista o deslocamento e a abertura de filiais têxteis-confeccionistas nesta região.
Mediante as discussões teóricas presentes, podemos analisar que vivenciamos hoje
uma crise da sociedade salarial, o enfraquecimento dos sindicatos e a intensificação da
precarização do trabalho feminino. Nas palavras de Leite (2004, p. 241), “É neste contexto
que se multiplicam novas e velhas formas de trabalho que, ao invés de marginais ao
desenvolvimento econômico, se mostram altamente funcionais, como o trabalho temporário,
em domicílio, part time, etc”. O que parece em voga é que o processo de intensificação da
acumulação capitalista sobrevive à custa da classe que vive do trabalho, utilizando
mecanismos de controle estatais, jurídicos e morais a fim de solapar cada vez mais as
possíveis contestações de um mundo do trabalho, cada vez mais precarizado. Relembrando
Sennett (1999, p.10), no capitalismo flexível, “pede-se aos trabalhadores que sejam ágeis,
estejam abertos a mudanças em curto prazo, assumam riscos continuamente, dependam cada
vez menos de leis e procedimentos formais”. É nessa lógica que mulheres trabalhadoras e
famílias inteiras encontram-se em situação de risco e insegurança social no modelo de
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9 Ibid, 2009.
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