História da Família APTF Família: uma História Leandro Karnal: 01/12/2012.

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APTFAPTFFamília: uma HistóriaFamília: uma História

Leandro Karnal: Leandro Karnal: 01/12/201201/12/2012

Introdução Introdução

Uma história da famíliaUma história da família

Ideia de História: Ideia de História:

ORIGEM e ORIGEM e DESENVOLVIMENTODESENVOLVIMENTO

Questão inicial: a Questão inicial: a ideia de famíliaideia de família

A palavraA palavra

Famulus: empregado ou Famulus: empregado ou escravo doméstico em escravo doméstico em

RomaRoma

FunçõesFunçõesVariáveis ao longo da históriaVariáveis ao longo da história

DefesaDefesa

Mão-de-obraMão-de-obra

Transmissão de bensTransmissão de bens

Amparo à criançaAmparo à criança

Amor/afetoAmor/afeto

Identidade social e culturalIdentidade social e cultural

NATURE vs NATURE vs NURTURENURTURE

Conservadores: ênfase no biológico Conservadores: ênfase no biológico e na distinção clara de gênero e na distinção clara de gênero

Não-conservadores: ênfase no Não-conservadores: ênfase no cultural e pouca clareza de limites cultural e pouca clareza de limites de gênerode gênero

A leitura A leitura biologizantebiologizante

O Gene Egoísta O Gene Egoísta (Richard Dawkins ) (Richard Dawkins )

O Culturalismo O Culturalismo moderno: moderno: Foucault Foucault

Exemplo:Exemplo: identidade de identidade de

gênero ao nascergênero ao nascer

Exemplo: Amor Exemplo: Amor MaternoMaterno

Primeira PartePrimeira Parte

A Família PatriarcalA Família Patriarcal

Família clâmica Família clâmica ou gentílicaou gentílica

EM TORNO DE ANCESTRAL COMUMEM TORNO DE ANCESTRAL COMUM

Ideia dilatada de parentescoIdeia dilatada de parentesco

Conceitos Conceitos variáveisvariáveis

Co-residênciaCo-residência

ConsanguinidadeConsanguinidade

AfinidadesAfinidades

CorporativasCorporativas

Família nuclear Família nuclear patriarcalpatriarcal

Nossos adesivosNossos adesivos

E se...E se...

AproximaçõesAproximações

Reprodução vs Reprodução vs

Estrutura familiarEstrutura familiar

Michel de Michel de FoucaultFoucault

História da SexualidadeHistória da Sexualidade

Século XVII e XVIII: certa Século XVII e XVIII: certa liberalidade e franqueza sexual liberalidade e franqueza sexual

(mas cresce a repressão) (mas cresce a repressão)

Mudança: XIXMudança: XIXO sexo restrito a sua função de O sexo restrito a sua função de reprodução dentro do casamentoreprodução dentro do casamento

Desvios?Desvios?Prostíbulos e Casas PsiquiátricasProstíbulos e Casas Psiquiátricas

Para FoucaultPara FoucaultNecessidade do CapitalismoNecessidade do Capitalismo

Aprisionamento do sexo pelos discursos Aprisionamento do sexo pelos discursos competentes: medicina, moral etccompetentes: medicina, moral etc

O simples imoral vai dando origem ao : O simples imoral vai dando origem ao : sádico, masoquista, voyeur, onanista sádico, masoquista, voyeur, onanista crônico, sodomita etc.crônico, sodomita etc.

Como sempreComo sempreA nova ordem do XIX é revestida de discursos:A nova ordem do XIX é revestida de discursos:

NaturalNatural

Desejada por DeusDesejada por Deus

Garantida por leisGarantida por leis

TradicionalTradicional

A outra ordem seria a destruição de tudo que A outra ordem seria a destruição de tudo que conhecemos e prezamosconhecemos e prezamos

FalocentrismoFalocentrismo

São Francisco de São Francisco de SalesSales

1567-16221567-1622

Modelo para os Modelo para os casais: ELEFANTEcasais: ELEFANTE

Século XIXSéculo XIX

Novo conceito: VIDA PRIVADA/VIDA Novo conceito: VIDA PRIVADA/VIDA ÍNTIMAÍNTIMA

Fonte: História da Vida Privada (v. 4 ) Fonte: História da Vida Privada (v. 4 ) Philippe Ariès e Georges Duby(org.) Philippe Ariès e Georges Duby(org.) ed. Cia das Letras. ed. Cia das Letras.

Desde o fim do Desde o fim do século XVIIIséculo XVIII

Ascensão do Ascensão do habeas-corpushabeas-corpus, , inviolabilidade do lar (art. 184 do inviolabilidade do lar (art. 184 do código penal francês) em função da código penal francês) em função da Rev. Francesa Rev. Francesa

Palavras em Palavras em ascensãoascensão

Home, Baby, Home, Baby, ConfortConfort

James Tissot: James Tissot: o jogo de o jogo de esconde-esconde-escondeesconde

Nova Nova personagepersonage

mm

A CRIANÇAA CRIANÇA

Mary Louise Mary Louise McMonnies: McMonnies: Visita a um Visita a um parqueparque

Louise Élisabeth Louise Élisabeth Vigée Le BrunVigée Le Brun

A vitória da da criança: A vitória da da criança: RenoirRenoir

Claude Monet: Claude Monet: Le DéjeneurLe Déjeneur

19081908Dia das mães nos EUADia das mães nos EUA

Apogeu do culto à Apogeu do culto à infânciainfância

Crescimento da resistência à Crescimento da resistência à ideia de qualquer ideia de qualquer

comportamento que implique comportamento que implique trauma ou dano físicotrauma ou dano físico

Criança como Criança como núcleo totalnúcleo total

Declínio do castigo Declínio do castigo físico nas cidadesfísico nas cidades

No campo permanecem as “sovas” No campo permanecem as “sovas” (TANNÉES)(TANNÉES)

Representação da Representação da maternidadematernidade

Mary Louise McMonnies: Rosas e LíriosMary Louise McMonnies: Rosas e Lírios

NOVO MODELO NOVO MODELO MORALMORAL

A Classe A Classe Média: a Média: a vida vida privada privada deve ser deve ser exemplarexemplar

Novidade: ideia de amor no Novidade: ideia de amor no casamento e diminuição da casamento e diminuição da

idade de casamentoidade de casamento

O novo masculinoO novo masculinoSobriedadeSobriedade, , racionalidaracionalidade, forçade, força

Barba e Barba e bigodebigode

A mulher: A mulher: senhora do larsenhora do lar

Modelo da classe Modelo da classe média: idealização média: idealização

da aristocraciada aristocracia

Partos Partos em casaem casa

2 homens 2 homens (marido e (marido e médico). médico). Clínicas só Clínicas só depois de 1945 depois de 1945

Quadro de Quadro de Victor LecomteVictor Lecomte

A casaA casaGanha espaços públicos e privadosGanha espaços públicos e privados

Lenta ascensão do banheiroLenta ascensão do banheiro

Em resumoEm resumo

Novos atores: criançaNovos atores: criança

Novos espaços: intimidade do larNovos espaços: intimidade do lar

Novas cenas: roupa escura do homemNovas cenas: roupa escura do homem

Novos modelos: aristocraciaNovos modelos: aristocracia

Base de tudoBase de tudo

Ascensão da MORAL Ascensão da MORAL da Classe Médiada Classe Média

Inimigos desta moral: Inimigos desta moral: OUTSIDERSOUTSIDERS

Final: Defensores Final: Defensores e detratorese detratores

A ideia de família: proteção A ideia de família: proteção das instituições religiosas e das instituições religiosas e

do Estadodo Estado

Igrejas, Estado e sociedade: Igrejas, Estado e sociedade: defesa da famíliadefesa da família

Indivíduo estávelIndivíduo estável

Indivíduo com Indivíduo com famíliafamília

Indivíduo com 60 anos e Indivíduo com 60 anos e sem família: estereótipo sem família: estereótipo

construído de...construído de...

Solitário e problemáticoSolitário e problemático

Solteirão e solteironaSolteirão e solteirona

Dificuldades profissionaisDificuldades profissionais

Suicida potencialSuicida potencial

Não cumprimento de uma missão humanaNão cumprimento de uma missão humana

Ranzinza, cheio de manias, intolerante...Ranzinza, cheio de manias, intolerante...

Detratores da Detratores da famíliafamília

EvangelhosEvangelhos

AnarquistasAnarquistas

Porém: IGREJASPorém: IGREJAS

Luc FerryLuc FerryLivro: Famílias, amo Livro: Famílias, amo

vocêsvocês"No Ocidente, não se "No Ocidente, não se aceita mais morrer por aceita mais morrer por um deus, uma pátria ou um deus, uma pátria ou uma revolução. Mas não uma revolução. Mas não conheço pai que não conheço pai que não arriscaria a vida pela arriscaria a vida pela prole"prole"

Seria um projeto Seria um projeto do feminino? do feminino?

Segunda parteSegunda parteO PAIO PAI

Ponto de partida: HOUAISSPonto de partida: HOUAISSpai – substantivo masculinopai – substantivo masculino

1    homem que deu origem a outro; genitor, 1    homem que deu origem a outro; genitor, progenitor 2    Rubrica: religião. Uso: sentido progenitor 2    Rubrica: religião. Uso: sentido absoluto.      Deus      Obs.: inicial maiúsc 3    o absoluto.      Deus      Obs.: inicial maiúsc 3    o que faz com que (algo) exista ou aconteça; causa; que faz com que (algo) exista ou aconteça; causa; causador, autor Ex.: ele é o p. da ideia 4    aquilo causador, autor Ex.: ele é o p. da ideia 4    aquilo que causa ou determina alguma coisa; motivo, que causa ou determina alguma coisa; motivo, origem Ex.: o ciúme é o p. de inúmeros origem Ex.: o ciúme é o p. de inúmeros assassinatos 5    iniciador, fundador ou assassinatos 5    iniciador, fundador ou organizador de (escola artística, literária, organizador de (escola artística, literária, doutrina, religião etc.) Ex.: p. do modernismo 6    doutrina, religião etc.) Ex.: p. do modernismo 6    Derivação: por extensão de sentido (Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1).      da acp. 1).      animal do sexo masculino que deu origem a outro animal do sexo masculino que deu origem a outro 7    tratamento que alguns fiéis dão aos padres7    tratamento que alguns fiéis dão aos padres

8    aquele que pratica o bem, que 8    aquele que pratica o bem, que beneficia, ajuda ou favorece algo ou alguém; beneficia, ajuda ou favorece algo ou alguém; benfeitor, protetor Ex.: p. das crianças benfeitor, protetor Ex.: p. das crianças abandonadas 9    tratamento afetuoso que abandonadas 9    tratamento afetuoso que se dava aos idosos, esp. aos escravos Ex.: p. se dava aos idosos, esp. aos escravos Ex.: p. Tomás 10    Regionalismo: Brasil.      ver Tomás 10    Regionalismo: Brasil.      ver morubixaba 11    Rubrica: religião.      para morubixaba 11    Rubrica: religião.      para os católicos, a primeira pessoa da os católicos, a primeira pessoa da Santíssima Trindade      Obs.: inicial maiúsc. Santíssima Trindade      Obs.: inicial maiúsc. Pais substantivo masculino plural 12    o Pais substantivo masculino plural 12    o casal formado pelo pai e pela mãecasal formado pelo pai e pela mãe

Dia dos paisDia dos paisBrasil: segundo domingo de agostoBrasil: segundo domingo de agosto

Portugal: 19 de marçoPortugal: 19 de março

EUA: terceiro domingo de junho EUA: terceiro domingo de junho (oficializado apenas por Nixon, em (oficializado apenas por Nixon, em 1972) . Data dominante no mundo1972) . Data dominante no mundo

Questão: invenção posterior ao dia das Questão: invenção posterior ao dia das mãesmães

Mitologia: a Mitologia: a violência contra o violência contra o

paipaiUrano castra Urano castra

SaturnoSaturno

XVII – Saturno de XVII – Saturno de RubensRubens

XIX - XIX - GoyaGoya

Cristianismo: Cristianismo: Deus-PAIDeus-PAI

Irrelevância e Irrelevância e ascensão de Joséascensão de JoséGuido ReniGuido Reni

PresépiosPresépios

Idade Moderna: Idade Moderna: Sagrada FamíliaSagrada Família

Morte de São José Morte de São José

A transformaçãoA transformaçãoSociedade Sociedade antiga: antiga: PATRIARCALPATRIARCAL

ABRAÃOABRAÃO

Roma: Pátrio Roma: Pátrio poderpoder

Pater familias: poder de vida e morte Pater familias: poder de vida e morte sobre os filhos (dos que estão sub sobre os filhos (dos que estão sub manu: filhos, escravos, esposa por manu: filhos, escravos, esposa por vezes) vezes)

Não precisa ser o pai biológico, mas Não precisa ser o pai biológico, mas pertence a um homem sempre. pertence a um homem sempre.

Poder do pai é o Poder do pai é o poder do masculino poder do masculino

e do Estadoe do Estado

AssimAssimO pai é um cidadão romanoO pai é um cidadão romano

Seu poder é político tambémSeu poder é político também

Seu poder é a base do EstadoSeu poder é a base do Estado

Cultura judaicaCultura judaicaInício: o judeu era judeu porque o PAI Início: o judeu era judeu porque o PAI era judeuera judeu

Depois: passa a ser judeu porque a MÃE Depois: passa a ser judeu porque a MÃE é judia (Saque de Jerusalém ou na é judia (Saque de Jerusalém ou na Primeira Cruzada) Primeira Cruzada)

Idade ModernaIdade Moderna

Ascensão do Ascensão do

““pai- professor-patrão”pai- professor-patrão”

Joshua Reynolds: Joshua Reynolds: XVIIIXVIII

Robert Clive e sua Robert Clive e sua famíliafamília

Mr and Mrs Mr and Mrs William William Hallett ('The Hallett ('The Morning Morning Walk') 1785Walk') 1785

Thomas Thomas Gainsborough Gainsborough (1727-1788)(1727-1788)

• The Marsham The Marsham Children 1787Children 1787

• Staatliche Staatliche Museen, Museen, BerlinBerlin

Século XIX: AFETOSéculo XIX: AFETOFriedrich von Amerling, Friedrich von Amerling,

18851885

Engels (1884) Engels (1884) • Origem da Família, da propriedade Origem da Família, da propriedade

privada e do Estadoprivada e do Estado

• Família burguesaFamília burguesa

• Família propriedade e herançaFamília propriedade e herança

Carta ao Pai: Carta ao Pai: Kafka 1919Kafka 1919

Trecho Trecho • Tu me perguntaste recentemente por que afirmo Tu me perguntaste recentemente por que afirmo

ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o que te responder, em parte justamente pelo o que te responder, em parte justamente pelo medo que tenho de ti, em parte porque existem medo que tenho de ti, em parte porque existem tantos detalhes na justificativa desse medo, que tantos detalhes na justificativa desse medo, que eu não poderia reuni-los no ato de falar de modo eu não poderia reuni-los no ato de falar de modo mais ou menos coerente. E se procuro mais ou menos coerente. E se procuro responder-te aqui por escrito, não deixará de responder-te aqui por escrito, não deixará de ser de modo incompleto, porque também no ato ser de modo incompleto, porque também no ato de escrever o medo e suas consequências me de escrever o medo e suas consequências me atrapalham diante de ti e porque a grandeza do atrapalham diante de ti e porque a grandeza do tema ultrapassa de longe minha memória e meu tema ultrapassa de longe minha memória e meu entendimento.entendimento.

• Naturalmente não quero dizer que me tornei o que Naturalmente não quero dizer que me tornei o que sou apenas através da tua ascendência. Isso seria sou apenas através da tua ascendência. Isso seria por demais exagerado (e eu até me inclino a esse por demais exagerado (e eu até me inclino a esse exagero). É bem possível que eu, mesmo se tivesse exagero). É bem possível que eu, mesmo se tivesse crescido totalmente livre da tua influência, não crescido totalmente livre da tua influência, não pudesse me tornar um ser humano na medida em pudesse me tornar um ser humano na medida em que o teu coração o desejava. É provável que mesmo que o teu coração o desejava. É provável que mesmo assim eu me tornasse um homem débil, assim eu me tornasse um homem débil, amedrontado, hesitante, inquieto (…) , mas de todo amedrontado, hesitante, inquieto (…) , mas de todo diferente do que hoje sou, e nós poderíamos diferente do que hoje sou, e nós poderíamos suportar um ao outro de forma maravilhosa. Eu teria suportar um ao outro de forma maravilhosa. Eu teria sido feliz em ter a ti como amigo, como chefe, como sido feliz em ter a ti como amigo, como chefe, como tio, como avô, até mesmo (embora já mais tio, como avô, até mesmo (embora já mais hesitante) como sogro. Mas justamente como pai tu hesitante) como sogro. Mas justamente como pai tu foste demasiado forte para mim, sobretudo porque foste demasiado forte para mim, sobretudo porque meus irmãos morreram ainda pequenos, minhas meus irmãos morreram ainda pequenos, minhas irmãs só vieram muito depois e eu tive, portanto, de irmãs só vieram muito depois e eu tive, portanto, de suportar por inteiro e sozinho o primeiro golpe, e suportar por inteiro e sozinho o primeiro golpe, e para isso eu era fraco demais.para isso eu era fraco demais.

Ambiguidade Ambiguidade freudianafreudiana

Pai deriva IDENTIDADE E Pai deriva IDENTIDADE E LIMITELIMITE

Ex: pátria/ fatherlandEx: pátria/ fatherland

Ao longo do Ao longo do século XXséculo XX

• Carência de pai como signo de ordemCarência de pai como signo de ordem

Nova famíliaNova família• Esvaziamento do conteúdo tradicional Esvaziamento do conteúdo tradicional

do paido pai

Século XXISéculo XXI

• Abertura do signo paterno a muitas Abertura do signo paterno a muitas funçõesfunções

• Interferências externasInterferências externas

• Insegurança Insegurança

Parte 3Parte 3A mãeA mãe

Amor é um Amor é um conceito a-conceito a-histórico?histórico?• Eros e PsiquêEros e Psiquê

(Canova)(Canova)

O casal O casal Arnolfini Arnolfini

(Van (Van Eick)Eick)

Estética de Estética de feminino feminino no amor: no amor: RubensRubens

Críticos religiosos Críticos religiosos e platônicose platônicos

• Verdadeiro Verdadeiro amor é por Deusamor é por Deus

• Amor não pode Amor não pode ser material ser material

Bernini: Beata Bernini: Beata AlbertoniAlbertoni

Outros Críticos: Outros Críticos: Oscar WildeOscar Wilde

• ““Amar a si mesmo é iniciar um romance Amar a si mesmo é iniciar um romance para a vida inteira...”para a vida inteira...”

Resposta inicialResposta inicial

•O amor depende de O amor depende de concepções de época concepções de época e suas práticas estão e suas práticas estão inseridas na História.inseridas na História.

As mutações do conceito As mutações do conceito de amorde amor

• Renascimento:Renascimento:

• A paixão vem acompanhada A paixão vem acompanhada de de HYBRISHYBRIS, desequilíbrio, desequilíbrio

• Exemplo: ShakespeareExemplo: Shakespeare

Exemplo: Romeu Exemplo: Romeu e Julietae Julieta

• Romeu inicia a peça apaixonado por Romeu inicia a peça apaixonado por RosalindRosalind

• Horas depois encontra Julieta e esquece Horas depois encontra Julieta e esquece por completo Rosalindpor completo Rosalind

• Entre o encontro, o casamento, a Entre o encontro, o casamento, a primeira relação e a morte transcorre primeira relação e a morte transcorre menos de uma semana ( é puro olhar e menos de uma semana ( é puro olhar e fala)fala)

• O amor leva à tragédia e à morteO amor leva à tragédia e à morte

PerguntaPergunta• É um louvor ou uma crítica ao É um louvor ou uma crítica ao

Amor?Amor?

Sociedade Sociedade aristocráticaaristocrática

• Casamento é uma questão política, Casamento é uma questão política, material e socialmaterial e social

• Amor é obtido fora deleAmor é obtido fora dele

Novo Novo modelo: modelo: Vigée Le Vigée Le

Brun Brun (1755-(1755-1842)1842)

17881788Maria Maria

AntonietAntonieta e os a e os filhosfilhos

•1838 : 1838 : Medeia Medeia prestes a prestes a matar seus matar seus filhosfilhos

•Delacroix e Delacroix e a mudançaa mudança

Em pleno XIXEm pleno XIX• Madame Bovary (Flaubert) 1857Madame Bovary (Flaubert) 1857

Texto de Texto de referênciareferência

• Élizabeth Élizabeth Badinter: Um Badinter: Um amor amor conquistado- o conquistado- o mito do amor mito do amor maternomaterno

• (1980: (1980: L'Amour L'Amour en plus : histoire en plus : histoire de l'amour de l'amour maternel ) maternel )

Temas do livroTemas do livro• O amor materno não existiu em todas O amor materno não existiu em todas

as épocasas épocas

• As crianças não eram amadas ao nascerAs crianças não eram amadas ao nascer

• O amor materno faz parte de um O amor materno faz parte de um processo de invenção de um ideal de processo de invenção de um ideal de mulher, de criança e de família que só mulher, de criança e de família que só se torna vitorioso no XIXse torna vitorioso no XIX

Élisabeth Élisabeth BadinterBadinter

Para a autoraPara a autora• O mito do amor materno é um peso O mito do amor materno é um peso

porque cria o mito da mãe perfeita e porque cria o mito da mãe perfeita e não humana que só causa culpanão humana que só causa culpa

De novo: natureza De novo: natureza vs culturavs cultura

Dialética da Dialética da maternidadematernidade

• Cuidado extremo vs Capacidade críticaCuidado extremo vs Capacidade crítica

Os filhotes da coruja e da Os filhotes da coruja e da águiaáguia

ESOPOESOPO

FINALFINALO FILHOO FILHO

Até aqui: FamíliaAté aqui: Família

A dialética da A dialética da filiaçãofiliação

Idade Média: Idade Média: indiferença relativa indiferença relativa

à infânciaà infância

Porém: Cruzada Porém: Cruzada das Crianças 1212das Crianças 1212

Conto do Flautista Conto do Flautista de Hamelin, sobre de Hamelin, sobre episódio de 1286episódio de 1286

Hänsel e Gretel Hänsel e Gretel Irmãos Grimm, 1812Irmãos Grimm, 1812

Do conto é Do conto é possível deduzirpossível deduzir

• Questão da infânciaQuestão da infância

• Questão da velhiceQuestão da velhice

• Superação de geraçõesSuperação de gerações

• Violência camponesaViolência camponesa

• Desconfiança com estranhosDesconfiança com estranhos

• Desestímulo à glicoseDesestímulo à glicose

• Imperativo material da existênciaImperativo material da existência

Ambiguidade de Ambiguidade de JesusJesus

Destacada por Destacada por SaramagoSaramago

• Evangelho Segundo Jesus CristoEvangelho Segundo Jesus Cristo

A mudança A mudança relativarelativa

• Jeans Jacques Rousseau: “Emílio” (Jeans Jacques Rousseau: “Emílio” (Émile Émile ou de l'éducation), 1762ou de l'éducation), 1762 ) )

"L'éducation de "L'éducation de l'homme commence l'homme commence

à sa naissance" à sa naissance"

Esforço da arteEsforço da arte• Virgem românicaVirgem românica

CimabueCimabue

GiottoGiotto

Rafael Rafael

EsforçoEsforço• Artistas: pintando cenas maternasArtistas: pintando cenas maternas

• Autores: escrevendo sobre amor Autores: escrevendo sobre amor maternomaterno

• Igreja: defendendo o cuidado com as Igreja: defendendo o cuidado com as crianças e a dedicação das mãescrianças e a dedicação das mães

Philippe Ariès (1914-Philippe Ariès (1914-1984)1984)

• Caráter histórico da infânciaCaráter histórico da infância

• Invenção da “criança”: História social da Invenção da “criança”: História social da Criança e da FamíliaCriança e da Família

• Idéia central:não existem crianças até a Idéia central:não existem crianças até a Idade ModernaIdade Moderna

LiteraturaLiteratura• Montaigne “Montaigne “"perdi dois ou três filhos "perdi dois ou três filhos

pequenos, não sem tristeza, mas sem pequenos, não sem tristeza, mas sem desesperodesespero “ “

Romantismo do Romantismo do XIX: CasimiroXIX: Casimiro

• Oh! que saudades que tenhoOh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vidaDa aurora da minha vida

Da minha infância queridaDa minha infância queridaQue os anos não trazem, mais!Que os anos não trazem, mais!

Que amor, que sonhos, que flores,Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasNaquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!Debaixo dos laranjais!Como são belos os diasComo são belos os dias

Do despontar da existência!Do despontar da existência!—Respira a alma inocência—Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;Como perfumes a flor;O mar é — lago sereno,O mar é — lago sereno,

O céu — um manto azulado, O céu — um manto azulado, O mundo — um sonho dourado,O mundo — um sonho dourado,

A vida — um hino d'amor! A vida — um hino d'amor!

Obra de FreudObra de Freud

Legislação Legislação específicaespecífica

Exemplo: ECA no BrasilExemplo: ECA no Brasil

Apogeu do culto à Apogeu do culto à infânciainfância

• Hoje: resistência à ideia Hoje: resistência à ideia de qualquer de qualquer

comportamento que comportamento que implique trauma ou dano implique trauma ou dano

físicofísico

Hoje: apogeu da Hoje: apogeu da infânciainfância

• Resistência ao trabalho infantilResistência ao trabalho infantil

• Roupas, literatura, linguagem e Roupas, literatura, linguagem e programas para criançasprogramas para crianças

• Pedofilia como objeto de execração Pedofilia como objeto de execração totaltotal

Pedofilia e outras Pedofilia e outras parafiliasparafilias

• EfebofiliaEfebofilia

• Coprofagia/CoprofiliaCoprofagia/Coprofilia

• HomossexualidadeHomossexualidade

• SadomasoquismoSadomasoquismo

• FrotteurismoFrotteurismo

• EtcEtc

Imagem de 1905Imagem de 1905

Produto comercialProduto comercial

Ascensão da Ascensão da fralda descartávelfralda descartável

Natal infantilNatal infantil

CuriosamenteCuriosamente

• Hoje: Diminuição da infânciaHoje: Diminuição da infância

• Exemplo: crescente limite do teto Exemplo: crescente limite do teto cronológico para o brinquedo com cronológico para o brinquedo com bonecasbonecas

Segundo Segundo Contardo Contardo CalligarisCalligaris• Transferência da ideia de eternidade de Transferência da ideia de eternidade de

Deus para os filhosDeus para os filhos

Dialética do filhoDialética do filho• Dependência vs independênciaDependência vs independência

Oscilação Oscilação históricahistórica

Antes: indiferença ao traumaAntes: indiferença ao trauma

VsVs

Agora: horror absoluto ao Agora: horror absoluto ao traumatrauma

Novidades: caso Novidades: caso dos EUAdos EUA

• 27 % das pessoas até 18 anos moram com 27 % das pessoas até 18 anos moram com apenas um responsávelapenas um responsável

• Mães solteiras passaram de 3 milhões para Mães solteiras passaram de 3 milhões para 10 milhões entre 1970 e 200010 milhões entre 1970 e 2000

• 50 % dos casamentos terminam em divórcio 50 % dos casamentos terminam em divórcio em 2010em 2010

• 2 milhões de crianças criadas por pais gays2 milhões de crianças criadas por pais gays

• 2009: 794 mil crianças tiveram abusos 2009: 794 mil crianças tiveram abusos relatadosrelatados

BRASIL IBGEBRASIL IBGE

Filhos por família/ Filhos por família/ regiãoregião

TiposTipos

Mulheres chefes Mulheres chefes de famíliade família

Modelos resistemModelos resistem• Embalagens de produtosEmbalagens de produtos

PropagandaPropaganda

Aumento da Aumento da perspectiva perspectiva

individual urbanaindividual urbana

Pós-modernidadePós-modernidade• Quebra de paradigmas e incertezaQuebra de paradigmas e incerteza

Nós: geração de Nós: geração de bordaborda

Para saber maisPara saber mais• Philippe Ariès História social da criança e Philippe Ariès História social da criança e

da família (Jorge Zahar) da família (Jorge Zahar)

• Carla Pinsky: Nova História das Mulheres Carla Pinsky: Nova História das Mulheres (Contexto) (Contexto)

• Mary del Priore História das crianças no Mary del Priore História das crianças no Brasil (Contexto) Brasil (Contexto)

• Jon Savage: A criação da Juventude Jon Savage: A criação da Juventude (Rocco) (Rocco)

• Luc Ferry: Famílias, amo vocês (Objetiva) Luc Ferry: Famílias, amo vocês (Objetiva)

FIMFIM