Post on 21-Jul-2015
Gir Leiteiro CAMPO ALEGRE.
O Dr. Joao Batista de Figueiredo Costa nasceu em Vargem Grande do Sul‐SP em 1880. Em 1912 foi para Suíça onde se formou em medicina, tomou parte como cirurgião na 1º guerra mundial, foi médico humanitário em São João da Boa Vista onde casou‐se com Dona Gabriela de Oliveira Costa (Beloca).
Pioneiro na seleção de zebuínos para leite em nosso país, visionário também foi evoluído selecionador em Casa Branca‐SP na fazenda Campo Alegre.
Na fazenda Campo Alegre, quando ainda pouco se falava sobre a capacidade de produzir leite do gado zebuíno o Dr. João viu no Gir o papel preponderante que esse gado iria desempenhar no futuro. Em meados da década de 1930, com o declínio do café e o aumento da demanda por leite na região de Casa Branca‐SP, sentiu a necessidade de aumentar sua produção de leite a partir de um gado que produzisse leite em um ambiente tropical, como o nosso, compreendeu e aconselhou a todos que analizassem a capacidade de transformar as forragens grosseiras em leite, acreditou, lançou a pedra fundamental da pecuária de leite do Brasil, nasceu assim o GIR LEITEIRO.
Fatos e formação do Plantel (ordem cronológica)
O plantel foi iniciado em 1932 quando foram adquiridos o touro Gaiolão e um lote de vacas importadas da índia pelo Sr. Ravísio Lemos, Gaiolão serviu na fazenda deixando lá a base inicial da seleção Campo Alegre, entre eles os touros Paulista e Topázio.
Gaiolao Paulista Topázio x Zé Araújo
Estes dois touros, Paulista e Topázio chamararam atenção pela alta capacidade de produção leiteira que imprimiram em suas filhas, este fato chamou atenção do Dr. João, que rapidamente iniciou o trabalho de pesagem de leite semanal e anotação(controle particular). No ano de 1948 já se fazia o controle leiteiro oficial, a seleção foi feita com base na escrituração zootécnica eficiente que era feita na fazenda Campo Alegre.
Barcelona Ficha individual Barcelona
Em 1950, o Dr. João Batista adquiriu em Franca o touro Astuto, filho de Camélia e neto paterno de Maxixe II, acasalado com as filhas de Topázio e Paulista, deixou um bom número de vacas com boa produção de leite.
Astuto
Filhas importantes do Astuto
C.A Piorrinha C.A Gelatina
C.A Toscana C.A Surpresa
C.A Luminosa C.A Iara
C.A Cachoeira C.A Juta
Em 1950 Dr. João Batista não mediu esforços para continuar melhorando seu plantel, sabedor da existência de um antigo núcleo de gado gir na cidade de Curvelo, teve a
informação de que as filhas dos touros do Sr. Evaristo Soares de Paula estavam produzindo bem. Logo entrou em contato com o Sr. Evaristo que lhe atendeu, então Dr. João enviou de trem a vaca Barcelona e sua filha Toscana, a primeira coberta por Wate (White x Gondoleira) deu origem a Califa, touro consagrado como melhorador, suas filhas impressionaram pela força leiteira além da bela caracterização racial. A segunda foi coberta por White, e originou o touro Curvelo, que notabilizou pela excelência de suas filhas, posteriormente foi vendido ao Sr. José Fernandes de Carvalho.
Filhas importantes de C.A Curvelo:
C.A Gelatina II C.A Jarrinha II
C.A Italiana (Curvelo x Piorrinha) Ficha individual (C.A Italiana)
C.A Califa e suas filhas mais importantes:
C.A Califa Ficha individual (C.A Andaluza)
C.A Ava C.A Castanhola
Em 1964 Dr. João Batista atravéz de seu filho Antônio José Lúcio de Oliveira Costa, enviou quatro de suas melhores vacas, para o estado do Paraná, na fazenda Cachoeira do Sr. Celso Garcia Cid, foram cobertas pelo touro Vijaya, o importado, entre elas estavam C.A Piorra, C.A Malaguenha e C.A Juta, essas deram origem a três importantes matrizes do rebanho Campo Alegre, C.A bailarina (4 livros de mérito), C.A Braza e C.A Briza (3 livros de mérito).
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Vijaya imprtado Ficha individual (C.A Bailarina)
Em maio de 1964 o controle leiteiro passou a ser realizado pelo serviço de controle leiteiro da Associação Paulista de Criadores de Bovinos.
Neste mesmo ano, foi adquirido o touro considerado o reprodutor Gir de melhor ascendência leiteira até hoje saído daquele país, presente nas maiores linhagens produtoras de leite até esta data, Naidu RG 5131 era filho da melhor vaca gir leiteiro da Índia, a vaca 55 da Granja Hossur, que em sua terceira lactação produziu 4698,9 kg de leite em 342 dias de lactação, e neto da vaca 31 de Hossur que em 366 dias produziu 4767 kg.
Sua progênie possuía úberes com ótimos ligamentos, largos e muito produtivos, tetos pequenos e costelas muito arqueadas.
Naidu e Fernando Martinatti (tratador)
Naidu foi um touro que modernizou o rebanho C.A, observando as filhas de Naidu, qualquer criador notava a semelhança de sua prole, em suas filhas se via o formato ideal desejado para um animal produtor de leite. Corpo em forma de cunha, anguloso,costelas bem arqueadas, úberes volumosos e muito bem ligados, veias mamárias grossas e salientes. Produziu filhas que se revelaram as melhores produtoras, com várias lactações superiores a 4500 kg de leite, como, C.A Dulce, C.A Benzina e C.A Dulcora (a primeira a produzir mais de 6000 kg), nas décadas de 60 e 70.
C.A DULCORA (6007 Kg) Ficha individual (C.A Dulcora)
Vale a pena lembrar que na fazenda Campo Alegre as vacas em lactação eram submetidas ao regime de duas ordenhas diárias, e recebiam, quando no estábulo, uma ração de capim verde picado, milho triturado, farelo de algodão e sal mineralizado, sua criação era a campo em pastagens de Jaraguá e capim pangola e gordura. O manejo simples submetia as vacas a condições muito próximas de produção, dessa forma o controle leiteiro semanal revelava quem eram as melhores vacas, notou‐se que muitas delas eram filhas de Naidu.
C.A Dulce (5179 kg) C.A Benzina (5224 Kg)
C.A Cashemira (5032 Kg) C.A Colina (4857 Kg)
A Perda
Em março de 1965, a Revista dos criadores anunciava em reportagem:
“Perde a pecuária nacional uma de suas figuras mais expressivas, doublé de médico humanitário e evoluído selecionador”
Dr. João Batista de Figueiredo Costa x C.A Paulista
O pioneirismo do Dr. Joào Batista tem em seu filho Antônio José Lúcio, um continuador firme e eficiente que soube e sabe se dedicar com amor, e essa foi a condição indispensável para evoluirmos até os dias de hoje.
Lúcio se dedicava ao trabalho da fazenda desde antes da morte do seu pai, estava sentado na cadeira de mestre desde o começo, onde permanece até hoje, apenas na vigília de seus sobrinhos, já na década de 60 já imaginava que o trabalho de seleção deveria ser feito
com seriedade, como era feito na Fazenda Campo Alegre, junto com seus companheiros saiu a luta para fundar o Serviço de Controle Leiteiro para Zebuínos.
1‐ Francisco Barretto ‐ Gir Leiteiro FB ‐ Mococa‐SP; 2‐ Allýrio Jordão de Abreu ‐ selecionador de Guzerá ‐ Cantagalo‐RJ; 3‐ Jair ‐ Fazenda Calciolândia; 4‐ José Maria do Couto Sampaio ‐ Chefe da Fazenda Experimental do Ministério da Agricultura em Cruz das Almas‐BA. 5‐ Antônio José Lúcio de Oliveira Costa ‐ Gir Leiteiro CAMPO ALEGRE ‐ Casa Branca‐SP. 6‐ Gabriel Donato de Andrade ‐ Fazenda Calciolândia; 7‐ Hugo Prata ‐ técnico da APCB ‐ Assoc. Paulista dos Selecionadores de Bovinos ; 8‐ João Carlos Pedreira de Freitas ‐ selecionador de Sindi em Arceburgo‐MG; 9‐ Roberto Andrade ‐ Fazenda Calciolândia.
No início da década de 70 Lúcio adquiriu 15 vacas na liquidação de um famoso criatório de Franca‐SP, algumas delas se tornaram importantes matrizes.
A associação
No fim da década de 70 Antonio José Lucio estava preocupado com os rumos que o gir leiteiro estava tomando, os criadores eram poucos e estavam dispersos, em conversa com o companheiro José João, resolveu fundar uma associação, a qual reunisse todos os poucos criadores em prol do fortalecimeto da raça Gir Leiteiro e elaboração de um teste de progênie, pois queria achar no rebanho nacional as famílias mais leiteiras. Os amigos acreditaram na idéia, pois também eram apaixonados pela raça, e desta forma, atravéz de um esforço enorme dos pioneiros em favor a raça Gir, surge no dia 17 de setembro de 1980 a ABCGIL.
A divisão
No ano de 1979 iniciou‐se o processo de sucessão na família do Dr. João Batista, por iniciativa de D. Gabriela Oliveira Costa (Beloca), no processo da partilha a fazenda Campo Alegre juntamente com o rebanho Gir Leiteiro foi dividida entre cinco herdeiros (os filhos de Dr. João e D. Beloca).
O rebanho Gir Leiteiro foi então dividido em quatro lotes, e depois sorteado, sendo que das quatro partes, em três das partes os herdeiros continuaram a seleção, Sendo eles Antonio José Lúcio, e os filhos de suas imãs Angelina e Umbelina, a parte que coube a Maria Genoveva foi cedida à Antonio José Lúcio.
Coube então aos netos de Dr. João, José Eduardo Costa Mancini (filho de Angelina), José Afonso Costa Noronha, João Gabriel da Costa Noronha e Joaquim José da Costa Noronha, (filhos de Umbelina) a sequência dos processos de melhoramento e seleção, 5 dos 13 fundadores da hoje entidade máxima do Gir Leiteiro, a ABCGIL, seguiram seus caminhos e se dedicaram continuadamente ao melhoramento do rebanho.
Dr. João Batista, D. Beloca, filhos e netos, se tornariam os continuadores da marca C.A
Antônio José Lúcio levou o gado para a fazenda Tabarana, de sua propriedade, no município de Casa Branca‐SP, sua série única é a marca TCA (Tabarana/Campo Alegre)
1º leilão nacional do Gir Leiteiro
Continuou a seleção com a mesma seriedade que vinha trazendo o gado de seu pai, produzindo então algumas das melhores vacas do prefixo C.A.
Afastou‐se das pistas de julgamento e resignou‐se ao trabalho de seleção dentro da fazenda, onde obtém grande sucesso no melhoramento das matrizes e produção de touros melhoradores. Seu sobrinho Joaquim José da Costa Noronha durante anos ficou com a tarefa de “mostrar” o gado de seu tio.
C.A Quiosque (touro provado da seleção TCA)
José Eduardo Costa Mancini levou suas matrizes para a fazenda Bela Vista, no município de Vargem Grande do Sul‐SP.
José Eduardo continuou utilizando a marca de seu avô, a marca “B”.
Sua série única é C.A J.E (Campo Alegre/José Eduardo)
José Eduardo continuou sua seleção na fazenda Bela Vista, onde no início da década de 80 teve a “primeira vaca gir do Brasil a ser aspirada para a técnica de Transferência de Embriões”.
Em 1980 e 1981 consagrou‐se produzindo duas campeãs do torneio leiteiro em Uberaba‐MG, C.A Mentira e C.A Jarra.
Os filhos de Maria Umbelina O. Costa Noronha, João Gabriel, José Afonso, Joaquim José Costa Noronha, continuaram a seleção, onde o proprietário atual é Joaquim José da Costa Noronha (Kinkão).
Primeiro leilão ainda na fazenda Campo Alegre
Kinkão transferiu seu gado para sua propriedade, fazenda Terra Vermelha, em Vargem Grande do Sul‐SP . Sua série única, a KCA (Kinkão/Campo Alegre), se tornou famosa por produzir grandes campeões de pista e torneios leiteiros, além de possuir vários touros provados nos testes de progenie, entre eles está o líder do ranking o C.A Sansão.
C.A Sansão
A continuidade
No início da década de 2010, o Sr. Antônio José Lúcio, diminuiu seus trabalhos de seleção, e transferiu parte de seu rebanho para seus herdeiros, os netos Cristiano, e Daniel da Costa Mendes.
Daniel da Costa Mendes a partir de então passou a representar os interesses seu avô diante das marcas TCA e da nova série única DCAD (Daniel/Campo Alegre).
Continua o controle leiteiro, com a mesma perícia de seu avô, em sua propriedade na cidade de São João da Boa Vista‐SP
Anualmente envia touros para o teste de Progênie, segue então os passos de seu avô, o Sr. Antônio José Lúcio de Oliveira Costa.
C.A Czar (em teste de progênie) propriedade de Daniel Costa Mendes
O surgimento da Marca C.A.C.C
No final da década de 1990, os netos de Dr. João Batista e D. Beloca, Cristiano Lúcio Costa Censoni, Marcelo Costa Censoni e Marta Costa Censoni, pela grande admiração à raça Gir Leiteiro, e com intuito de recomeçar o processo terminado em 1979, fizeram uma parceria com José Eduardo Costa Mancini (C.A.J.E).
Deram sequência nos registros da série C.A.J.E e fundaram a marca C.A.C.C, e hoje registram nas duas séries.
Também participam da formação do rebanho C.A.C.C matrizes K.C.A e T.C.A de ponta gentilmente cedidas por seu primo Joaquim José da Costa Noronha, o Kinkão, e por seu tio Antônio José Lúcio O. Costa, o querido Tio Lúcio.
Levaram o rebanho para suas propriedades no município de Paracatu‐MG (faz. São José) e Leme‐SP (faz. Amazonas) , e assim iniciou‐se um processo de retomada genética em cima das matrizes C.A.J.E, ultilizando dos mais avançados processos de reprodução existentes no mercado, trabalham no intuito de aumentar e melhorar o rebanho, sem nunca perder de vista os critérios e diretrizes da seleção, a produção de leite, com funcionalidade e longevidade.
Continuam com o mesmo processo simples herdado de seu avô, a lida diária nos currais, os processos de pesagem e anotação, ou seja, o controle leiteiro semanal de todas as matrizes em lactação.
“LEITE NO BALDE, BALDE NA BALANÇA”
C.A.J.E C.A.C.C
Texto:
Fernando Censoni, com base em relatos de seus familiares.