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EIXO TEMÁTICO: ( ) Acessibilidade e Mobilidade Urbana ( ) Ambiente Construído e Sustentabilidade ( ) Arquitetura da Paisagem ( ) Arquitetura, Patrimônio e a Identidade Cultural ( ) Cidade e Meio Ambiente ( ) Cidades Inteligentes e Sustentáveis ( ) Espaços Livres de Uso Público ( ) Mudanças Climáticas e a Resiliência Urbana ( ) Plano Diretor e os Instrumentos de Política Urbana ( ) Políticas Públicas e Programas Habitacionais ( ) Projetos, Intervenções e Requalificações na Cidade Contemporânea ( ) Rios e Paisagens Urbanas ( x) Saneamento Ambiental ( ) Inovações e Tecnologias Sustentáveis
Geração e composição física e gravimétrica de resíduos de escritório em instituto de pesquisa
Generation and physical and gravimetric composition of office waste in a research
institute
Generación y composición física y gravimétrica de residuos de oficina en instituto de investigación
Fernanda Peixoto Manéo Pesquisadora Assistente Mestre, IPT, Brasil.
fpeixoto@ipt.br
Taciana Freire de Oliveira
Estagiária, IPT, Brasil. tacianafreire@ipt.br
Camila Camolesi Guimarães
Pesquisadora Assistente Mestre, IPT, Brasil. camilacg@ipt.br
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RESUMO Em 2010, foi implantada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010) a fim de enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais do manejo de resíduos sólidos sem o planejamento técnico adequado. Essa medida propõe a prática de hábitos de consumo sustentável e incentiva a reciclagem e a reutilização dos resíduos sólidos, assim como a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Para a realização de um plano de gestão de resíduos de um determinado local, é necessário primeiramente conhecer sua composição, uma vez que esta varia de acordo com o perfil estudado. A composição gravimétrica é empregada para esta finalidade, permitindo assim gerar informações a respeito da composição e proporção em massa de cada categoria de material no resíduo. Neste contexto, esse estudo visa a determinação da composição gravimétrica de resíduos gerados em escritórios de instituto de pesquisa, a fim de reforçar a importância de estudos dessa natureza. A metodologia utilizada baseou-se na norma NBR 10.007, que trata da amostragem de resíduos sólidos (ABNT, 2004). Os resultados obtidos mostraram uma porcentagem considerável de recicláveis e rejeitos e baixas porcentagens de orgânicos. Quanto aos recicláveis, foi realizada uma estimativa do valor gerado pela comercialização desses materiais como opção de destinação para esse resíduo. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos sólidos. Composição Gravimétrica. Instituto de pesquisa.
ABSTRACT In 2010, the National Solid Waste Policy (PNRS) was implemented to address the social, economic and environmental consequences of solid waste management without technical planning. This policy proposes the practice of sustainable consumption habits and encourages the recycling and reuse of solid waste, as well as the environmentally properly disposal of residues. In order to carry out a waste management plan for a particular site, it is first necessary to know its composition, since it varies according to the studied profile. The gravimetric composition is used for this purpose, allowing to generate information about the composition and mass proportion of each category of material. In this context, this study aims to gravimetric composition determination of waste generated in research institute offices, in order to reinforce the importance of studies of this nature. The methodology used was based on standard NBR 10.007, which deals with solid waste sampling (ABNT,2004). The results obtained showed a considerable percentage of recyclables and wastes and low percentage of organics. Considering the recyclables fraction, an estimate was made of the value generated by the commercialization of these materials as a disposal option for this waste. KEY WORDS: Solid Wast, Gravimetric Composition. Research Institut RESUMEN En 2010, se implantó la Política Nacional de Residuos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010) para enfrentar las consecuencias sociales, económicas y ambientales del manejo de residuos sólidos sin la planificación técnica adecuada. Esta medida propone la práctica de hábitos de consumo sostenible e incentiva el reciclado y la reutilización de los residuos sólidos, así como la destinación ambientalmente adecuada de los desechos. Para la realización de un plan de gestión de residuos de un determinado lugar, es necesario primero conocer su composición, ya que ésta varía de acuerdo con el perfil estudiado. La composición gravimétrica es empleada para este propósito, permitiendo así generar informaciones acerca de la composición y proporción en masa de cada categoría de material en el residuo. En este contexto, este estudio tiene como objetivo la determinación de la composición gravimétrica de residuos generados en oficinas de instituto de investigación, a fin de reforzar la importancia de estudios de esa naturaleza. La metodología utilizada se basó en la norma NBR 10.007, que trata del muestreo de residuos sólidos (ABNT, 2004). Los resultados obtenidos mostraron un porcentaje considerable de reciclables y desechos y bajos porcentajes de orgánicos. En cuanto a los reciclables, se realizó una estimación del valor generado por la comercialización de esos materiales como opción de destino para ese residuo. PALABRAS CLAVE: Residuos sólidos. Composición Gravimétrica. Instituto de investigación.
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1) INTRODUÇÃO
O crescimento da população mundial vem acompanhado de uma crescente urbanização. O
censo de 2010 mostra que 84,4% da população brasileira vivem em áreas urbanas, contra 81%
apontado pelo último censo, realizado em 2000 (IBGE, 2010). O acelerado processo de
urbanização acompanhado do modelo de desenvolvimento capitalista e adoção de uma cultura
de consumo são algumas das características mais marcantes da sociedade moderna na qual
estamos inseridos. As alterações na dinâmica social e espacial trazem diversas consequências,
sendo uma delas o aumento da geração de resíduos sólidos e a preocupação com o descarte
adequado.
De acordo com os dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE), publicados em 2016 no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, mais de
81 mil toneladas de resíduos sólidos diários tem destinação inadequada, sinalizando uma queda
na destinação adequada em relação ao ano anterior de 58,7% para 58,4%. Esses resíduos são
encaminhados para aterros controlados ou lixões, gerando riscos ambientais e sanitários, que
tem um impacto direto na saúde pública. Neste contexto, surge o conceito de gestão de
resíduos, no qual visa minimizar os impactos causados pela geração e descarte, através da
redução do uso, reciclagem, compostagem, incineração e adequada disposição de resíduos
(REATTO et al, 2013).
A lei 12.305/2010 sancionada em 2 de agosto de 2010 estabelece a implementação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que visa dar subsídio para o país enfrentar os problemas
socioambientais e econômicos causados pela geração e descarte inadequado de resíduos.
Alguns dos objetivos fundamentais estabelecidos pela política é a redução na geração de
resíduos, através da adoção de hábitos de consumo sustentável. Além disso, o aumento da
reciclagem, da reutilização dos resíduos sólidos com valor econômico e a destinação
ambientalmente adequada dos rejeitos são também previstos na PNRS (MMA, 2012).
Conhecer a composição gravimétrica dos resíduos sólidos de uma localidade permite a criação
de planos de gerenciamento de uma região, desde sua coleta até seu descarte final. O estudo
da composição gravimétrica dos resíduos gerados em um determinado local permite identificar
a magnitude dos problemas relacionados aos resíduos, possibilitando assim, melhorar os planos
de gerenciamento e estimular a busca por práticas de redução de resíduo e realização de coleta
seletiva. (CEMPRE, 2018)
A composição dos resíduos pode variar de uma localidade para outra de acordo com o perfil
social e econômico do local de estudo. Segundo Monteiro (2001), a gravimetria é caracterizada
como uma forma de conhecer a quantidade de cada tipo de componente presente em uma
amostra, em relação ao seu peso total. Assim, é possível ter um panorama do impacto de cada
categoria de resíduo e destinar adequadamente as frações que podem ser reaproveitadas ou
reprocessadas, como recicláveis e orgânicos.
De acordo com estudo publicado pelo CEMPRE (2018), é possível classificar os resíduos
considerando sua natureza física, composição química e grau de periculosidade ambiental.
Outra importante classificação que será abordada nesse estudo está relacionada com sua
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origem, podendo ser domiciliar, comercial, público, hospitalar, portos, aeroportos e terminais
ferroviários e rodoviários, industriais, agrícolas e entulhos. A problemática do descarte de
resíduos faz parte do discurso de desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, este estudo visa levantar informações acerca da gestão e geração de resíduos de
escritório gerados no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Foram
feitos estudos também de caracterização da composição física e gravimétrica destes resíduos,
ressaltando assim a importância da gestão de resíduo nesse segmento.
2) OBJETIVO
Determinação da gestão, massa e composição física e gravimétrica dos resíduos gerados em
escritórios de instituto de pesquisa.
3) METODOLOGIA
Os estudos foram conduzidos pelo Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas (LRAC) do
Centro de Tecnologias Geoambientais (CTGeo) do IPT, que conta atualmente com 732 pessoas
compondo seu corpo de funcionários e possui em suas dependências um total de 12 centros de
pesquisa e 37 laboratórios, distribuídos em 66 prédios. O Instituto abriga ainda uma creche para
uso dos funcionários, que atualmente atende a 38 crianças entre 06 meses e 06 anos.
3.1) Levantamento preliminar dos dados
Para um maior entendimento da forma de coleta realizada pelo instituto, realizou-se um
levantamento de dados, junto à equipe de coleta de resíduos do IPT, correspondente a forma
de coleta de resíduos; frequência de coleta; horários de coleta e geração total de resíduos. Em
seguida, a equipe do LRAC acompanhou uma das coletas e fez um mapeamento da quantidade
e dos diferentes pontos de coleta existentes no IPT. Também foi avaliada a forma de descarte
realizada pelos funcionários que, em alguns casos específicos, é realizada em embalagens
plásticas de diferentes colorações. Além disto, foi determinada a massa gerada por ponto de
coleta em uma segunda etapa do levantamento preliminar de dados de geração de resíduos.
Para isso, por dois dias foram feitas alterações nos horários da coleta de resíduos no IPT e a
equipe do LRAC realizou a pesagem dos resíduos por ponto de coleta, obtendo-se assim, a
geração por ponto de coleta. A pesagem dos resíduos foi realizada em balança digital de 500
kg (precisão de 0,1 kg).
3.2) Composição gravimétrica
A caracterização da composição gravimétrica dos resíduos gerados na empresa baseou-se na
norma NBR 10.007, que se encarrega da amostragem de resíduos sólidos (ABNT, 2004). Foram
dois dias de separação e pesagem dos diferentes materiais gerados. Para isso, a coleta realizada
diariamente era separada e armazenada em pilhas para ser feita a amostragem no dia posterior.
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A coleta da amostra a partir do montante de resíduos foi realizada aleatoriamente em quatro
pontos da pilha, sendo três na base e um no topo da pilha, conforme preconiza a ABNT (2004).
Assim foram preenchidos quatro tambores de metal com capacidade de 200 L (Figura 1a). O
tambor, previamente pesado, foi pesado novamente totalmente preenchido com resíduo, e
assim obtida a densidade aparente.
Em seguida, o material foi depositado sobre uma superfície plana e impermeabilizada com uma
lona; as embalagens plásticas rompidas (Figura 1b) e o conteúdo despejado e revolvido até
obter-se um único monte homogêneo.
Figura 1: a) Coleta da amostra no tambor de metal; b) Deposição das sacolas na lona;
Fonte: Arquivo pessoal
O monte homogêneo foi quarteado conforme descrito pela ABNT (2004) (Figura 2a), sendo
separado em quatro partes iguais e coletadas duas partes opostas pela diagonal, totalizando
uma massa de 200 litros de resíduo. As duas partes opostas restantes foram descartadas. Os 200
litros foram colocados no tambor de metal e pesados em balança de capacidade de 500 kg, com
precisão de 0,1 kg (Figura 2b), obtendo-se assim a densidade aparente dos resíduos
desembalados. Figura 2: a) Quarteamento da amostra; b) Equipamento para pesagem dos resíduos
Fonte: Arquivo pessoal
Devido à geração de resíduos pela creche do IPT conter características distintas do restante do
instituto, a amostragem destes resíduos foi feita separadamente dos resíduos gerados nos
escritórios do IPT. Ademais, para os resíduos da creche, devido à massa diária ser reduzida em
relação à massa gerada pelos demais prédios do IPT, a composição gravimétrica foi realizada
utilizando-se como amostra a totalidade do resíduo produzido, não necessitando a realização
a) b)
a) b)
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do quarteamento para redução da fração a ser analisada. Assim como para as demais amostras,
para estes resíduos também foi determinada a densidade aparente, conforme metodologia já
descrita.
Alguns prédios do IPT realizam a separação de resíduos recicláveis para destinação diferenciada.
Estes resíduos são descartados em embalagens plásticas de cor azul, diferentemente dos demais
resíduos que são descartados em embalagens plásticas pretas. Estes materiais também foram
caracterizados separadamente. Assim como para os resíduos da creche, devido a quantidade
destas embalagens ser pequena, a caracterização destes materiais foi realizada em sua
totalidade, não sendo necessária a realização do quarteamento para a redução da amostra.
Para todas as amostras foi feita a determinação da densidade aparente, conforme metodologia
já descrita.
Na etapa de triagem dos resíduos, foi realizada a segregação manual, tento sido adotada uma
classificação com 41 categorias de materiais, incluindo diversos tipos de plásticos, vidros,
metais, tecidos, eletroeletrônicos, orgânicos, rejeitos, dentre outros, conforme apresentado no
Quadro 1. O material separado foi então pesado em balança de capacidade de 30 kg e precisão
de 0,005 kg.
Quadro 1: Componentes de diversas categorias de resíduo
Recicláveis Orgânicos Rejeito Logística reversa
Poliestireno (PS) Resto de alimentos Papéis sanitários Pilhas e baterias
Polipropileno (PP) Vegetação Guardanapos Eletroeletrônicos
Polietileno (PET) Fraldas Pneus
Polietileno de alta densidade (PEAD)
Absorventes íntimos Lâmpadas fluorescentes
Polietileno de baixa densidade (PEBD)
Algodões Óleos lubrificantes
Policloreto de vinila (PVC) Cotonetes Embalagens agroquímicas
Plástico filme Terra
Metais não ferrosos Areia
Metais ferrosos Chapa de raio x
Latas de alumínio
Longa vida
Papelão
Papel branco
Papel colorido
Têxteis em geral
Couro
Borracha
Madeira
Vidro
Vidro-outros*
*espelhos, etc. Fonte: Arquivo pessoal
Além da caracterização da composição gravimétrica dos resíduos de escritório gerados no IPT,
com o valor da massa total gerada pela creche e a massa total de materiais recicláveis separados
em embalagens plásticas azuis, obtidas nos dois dias de caracterização gravimétrica, assim como
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o total coletado diariamente pelo caminhão de coleta do IPT, foi possível estimar a porcentagem
de cada uma destas frações geradas nos escritórios do IPT.
3.3) Copos plásticos
Em acréscimo a estes estudos realizados sobre a geração de resíduos de escritório do IPT,
também foi feita uma estimativa de geração de copinhos plásticos de consumo de água (180 ml)
e café (50 ml). Para este material, devido a alta quantidade gerada, detectada visualmente, foi
realizado um estudo detalhado da geração deste resíduo. Para isto, durante a determinação da
composição gravimétrica dos resíduos, a pesagem destes materiais foi feita separadamente dos
demais materiais recicláveis.
A partir da massa total dos copinhos de plástico, e a massa unitária destes copinhos, obtida em
laboratório (Figura 3), foi possível calcular a quantidade de copinhos presentes na amostra
caracterizada. Em seguida, por meio de cálculos estatísticos, foi possível obter a quantidade
mensal e anual de copinhos descartados pelos funcionários do Instituto. Figura 3: a) Pesagem de copo descartável de água; b) Pesagem de copo descartável de café
Fonte: Arquivo pessoal
Além da caracterização da composição de copinhos presentes no resíduo, também foi feito um
levantamento do consumo mensal deste material entre os anos de 2015 a 2018. Este consumo
foi disponibilizado pelo setor de fornecimento de matérias do IPT. Com estes dados, foi feita a
comparação dos copos consumidos, versus os descartados, conforme cálculos estatísticos
aplicados na composição gravimétrica dos resíduos.
Com estas informações de consumo de copos descartáveis nos últimos 4 anos, também foi
avaliada a possibilidade de estar ocorrendo, ou não, uma redução de utilização destes copos
descartáveis por parte dos funcionários do IPT, por possível conscientização da questão da
contaminação ambiental promovida pelo grande consumo mundial de plásticos.
4) RESULTADOS E DISCUSSÃO
a) b)
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Conforme apresentado na Tabela 1, o IPT possui um caminhão carroceria de coleta de resíduos,
e a coleta é realizada por uma equipe de duas pessoas, de segunda-feira a sexta-feira em dois
horários: 13h00 e 16h00. No horário das 13h00, inicialmente é feita a coleta de resíduos de poda
e varrição e, em seguida, a coleta dos resíduos de escritório. A instituição possui um controle
de geração de resíduos, que é feito por meio de pesagens diárias após a coleta realizada por
veículo pertencente à frota interna do IPT. Ou seja, no final de cada coleta, os resíduos são
pesados em balança analógica (Figura 4) e, em seguida, compactados em um compactador
fornecido por empresa que realiza todas as terças-feiras a coleta deste contêiner, substituindo-
o por outro.
No caso específico dos resíduos descartados em embalagens plásticas azuis, que são os
recicláveis separados pelos funcionários, estes são encaminhados para uma sala de
armazenamento, que lá permanece até a retirada por empresas de reciclagem especializadas
para cada tipo de material. Estas empresas são contatadas pela equipe de gestão dos resíduos
do IPT de acordo a demanda. Conforme pode ser observado na Tabela 1, a geração média
mensal de resíduos no IPT é de 6.642 kg. Considerando os 20 dias mensais de trabalho, e a
quantidade de 732 funcionários, pode-se dizer que cada funcionário gera em média 0,45 kg de
resíduos de escritório por dia.
Não foi considerada neste estudo, a geração de resíduos do restaurante do IPT, como restos de
comida e de preparação de alimentos, assim como os resíduos de poda e varrição.
Tabela 1: Características de geração e da gestão dos resíduos do IPT
Características da geração e gestão dos
resíduos do IPT Unidade Resultados
Caminhões Número 1
Funcionários envolvidos na coleta Número 2
Frequência da coleta Dias da semana Segunda-feira a sexta-feira
Horário da coleta hora 13h00 e 16h00
Média de geração Kg/mês 6.642
Funcionários do IPT Número 732
Geração per capita Kg/funcionário/dia 0,45
Fonte: autoria própria
Figura 4: Balança analógica utilizada para a pesagem diária dos resíduos gerados no IPT
Fonte: Arquivo pessoal
O mapeamento dos pontos de coleta realizado pela equipe do LRAC resultou em 18 pontos de
descarte de resíduos, utilizados pelos 66 prédios do IPT. A pesagem dos resíduos realizada entre
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os dias 4 e 6 de setembro de 2018 obteve uma variação de massa conforme apresentada na
Figura 5, a média e o erro padrão. Conforme o gráfico pode-se analisar a distribuição não
homogênia da massa de resíduo gerada nos pontos de coleta do instituto. Os pontos de coleta
atendem prédios que possuem diferentes tipos de atividades (administrativo, oficinas,
laboratórios, creche, etc). Além disto, cada prédio do IPT possui número de funcionários
variados. Todas essas características explicam a distribuição heterogenia de geração por ponto
de coleta, ilustrada no gráfico.
Figura 5: Geração diária de resíduos nos pontos de coleta do IPT
Conforme descrito anteriormente, a amostragem da fração reciclável (sacos azuis) para a
composição gravimétrica foi realizada considerando a massa total produzida desse resíduo.
Dessa maneira, tendo a massa de recicláveis gerada diariamente, estimou-se sua geração
mensal. A massa de resíduo dos sacos pretos (resíduo misto e creche) foi obtida tendo acesso
ao controle de geração de resíduo realizado pelo próprio instituto, que não realiza a pesagem
dos sacos azuis. Em posse da massa de ambos resíduos, foi possível calcular a porcentagem de
cada fração, conforme mostrado na tabela a seguir:
Tabela 2: Geração por tipo de resíduo
Data do
ensaio
Resíduo misto Resíduos da creche Reciclável (sacos azuis) TOTAL
kg % kg % kg % kg
12/09/2018 254,8 84,4 38,2 12,6 8,9 3,0 301,9
13/09/2018 217,8 85,5 30,2 11,9 6,7 2,6 254,7
472,6 84,9 68,4 12,3 15,6 2,8 556,6
Fonte: Autoria própria
A partir dos dados mostrados na tabela 2, pode-se observar que a fração de recicláveis
representa uma parcela muito pequena (cerca de 3%) do total de resíduo gerado no IPT. A partir
-10,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
GER
AÇ
ÃO
DIÁ
RIA
(K
G)
PONTOS DE COLETA
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dessas informações, pode-se inferir que a coleta seletiva não é adotada como prática habitual
no instituto. Uma vez que não há incentivo do próprio instituto para a realização da separação
do lixo, os funcionários ainda não aderiram a esse costume.
Entretanto, existem outros tipos de materiais recicláveis que não foram considerados neste
estudo, que já são comercializados pelo instituto. Estes materiais são provenientes de setores
de manutenção e de alguns laboratórios do IPT. Estes resíduos são, por exemplo, sucatas de
bateria, ferro, alumínio e fios de cobre. Porém, os resíduos de escritório tem pouca adesão por
parte dos funcionários na separação. Isto é verificado principalmente nos materiais referentes
a papeis impressos e copos descartáveis.
Uma avaliação qualitativa realizada pela equipe do LRAC analisou a quantidade de lixeiras
presentes nos escritórios do instituto. Nessa avaliação, inspecionou-se os corredores de todos
os 66 edifícios, a fim de quantificar e mapear a distribuição das lixeiras. Com isso, verificou-se a
presença inexpressiva de lixeiras coloridas para a realização da coleta seletiva, tendo sido
observadas apenas em pontos muito específicos, como salas de aula. Apesar da baixa adesão
dos funcionários em separar o lixo produzido, constatou-se interesse por parte da maioria das
pessoas em implantar um sistema de destinação adequada para os resíduos gerados.
A determinação da composição gravimétrica aconteceu nos dias 12 e 13 de setembro, conforme
metodologia descrita anteriormente. Conforme descrito, os resíduos provenientes da creche,
por apresentarem restos de preparação de comida e fraldas, foram caracterizados
separadamente. Os resíduos destinados para a coleta seletiva, descartados em embalagens
plásticas de cor azul, também foram caracterizados separadamente. Portanto, para a realização
da caracterização física e gravimétrica dos resíduos, foram consideradas 3 tipos de amostras,
conforme apresentadas na Tabela 3, com suas características básicas e densidade aparente.
Tabela 3: Características das amostras
Amostra Constituição básica Data da
amostragem
Massa total amostrada
(kg)
Densidade aparente (kg/m³)
Mista Resíduos de escritório, rejeitos sanitários, copos plásticos, entre outros.
11/09/2018 10 49,8
12/09/2018 9 191,0
TOTAL 19 66,8
Creche
Resto de alimentos, rejeitos (papel de cozinha, guardanapo, fralda); recicláveis (embalagem de alimento)
11/09/2018 38,2 45,0
12/09/2018 30,2 226,5
TOTAL 68,4 100,5
Recicláveis Papéis impressos; relatórios, revistas.
11/09/2018 8,9 47,4
12/09/2018 6,7 208,8
TOTAL 15,6 83,6
Fonte: autoria própria
A Figura 6 apresenta a caracterização física e gravimétrica dos resíduos gerados no IPT,
separadas nas 3 amostras: mista, creche e recicláveis. Conforme pode-se observar, a amostra
de resíduos mistos, que é a fração mais significativa de resíduos gerados no IPT, tanto em massa
quanto em volume, apresenta uma grande quantidade de rejeito (51 %). Os rejeitos foram
considerados os resíduos sanitários e o papel toalha, este último apresentando grande
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quantidade, visto que são utilizados não apenas na secagem das mãos nos sanitários, mas
também na hora do consumo de cafés e/ou lanches, assim como limpeza de mesas das salas de
café. A quantidade de orgânicos na amostra mista, como se esperava, foi baixa, 12 %, somando
63 % de resíduos úmidos e 37 % de resíduos secos.
A amostra denominada de “recicláveis” apresentou uma grande quantidade de orgânicos e
rejeitos, somando 21 % de resíduos secos e 79 % de recicláveis. Isto evidencia a utilização errada
do descarte de recicláveis por parte dos funcionários, ou falta de informação quanto à cor
diferenciada da embalagem plástica.
A amostra obtida dos resíduos da creche apresentou significativa quantidade de restos de
comida e de preparação de alimentos (66 % de orgânicos), assim como de rejeitos, com
predominância de fraldas (30 %). Estes resíduos apresentaram uma fração pequena de materiais
recicláveis, distribuídos em papéis utilizados em atividades didáticas das crianças, assim como
embalagens de alimentos. Para os resíduos da creche obteve-se uma composição de 96 % de
resíduos úmidos e 4 % de resíduos secos.
Figura 6: Composição das frações de resíduos
*outros: Amostras de ensaios diversas e sobras de frações miúdas impossíveis
de serem segregadas.
Sabendo-se a massa total de resíduos mistos, da creche e os separados para a coleta seletiva de
reciclagem, conforme apresentado na Tabela 2, foi possível aplicar média ponderada para a
obtenção da composição gravimétrica de todo o resíduo, considerado de escritório, gerado nos
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prédios do IPT (Figura 7). Conforme pode ser observado na Figura 7, o IPT gera 69 % de resíduos
úmidos e 31 % de resíduos secos.
Figura 7: Composição gravimétrica dos resíduos de escritório gerados no IPT
*outros: Amostras de ensaios diversas e sobras de frações miúdas impossíveis de serem segregadas.
Dentre a fração de recicláveis, os plásticos são considerados materiais complexos, devido à
diversidade de polímeros existentes e seus usos específicos. Esta diversidade se torna um dos
principais desafios para a recuperação do plástico, pois dificulta a segregação e classificação
desse material para a reciclagem (IPEA, 2016).
Um componente desta fração de recicláveis que se destacou, principalmente na amostra mista,
apesar de em massa ser de pouca relevância, foi o copo descartável, presença visualmente
dominante na massa de resíduos. Desta forma, foi feito um estudo estatístico da quantidade
destes copos presentes nos resíduos do IPT. Estes copos foram pesados separadamente dos
demais materiais plásticos. Com base na massa de cada copinho, pesado separadamente em
laboratório, foi possível calcular a quantidade de copos presentes na amostra, e assim, aplicar
para a massa total dos resíduos gerados no IPT (Tabela 4).
Tabela 4: Estimativa de descarte de copos plásticos no IPT, com base na caracterização gravimétrica
Material Massa
unitária (g)
Massa na amostra
(g)
Estimativa de quantidade na amostra (n°)
Estimativa de quantidade de copinhos descartados no IPT
nº/mês nº/ano
Copo de água descartável (180 ml) 1,5 150 100 61.623 739.475
Copo de café descartável (50 ml) 0,8 21 27 16.506 198.074
Fonte: autoria própria
Com o intuito de se aprofundar mais os estudos na questão de geração de resíduos constituídos
de copos plásticos e, também de confirmar os dados estimados e apresentados na Tabela 4,
foram levantados dados com a equipe do almoxarifado do IPT, sobre o consumo de copos entre
os anos de 2015 e 2018. Os resultados estão apresentados na Tabela 5.
Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo
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Comparando os dados estimados pela caracterização da composição gravimétrica de geração
de copos plásticos descartáveis (Tabela 4), versus o consumo destes (Tabela 5), o consumo foi
maior do que a geração. Isto pode acontecer devido a possibilidade do descarte, por parte de
alguns funcionários, ser feito fora do IPT, ou por conveniência, ou pelo motivo de em suas
residências a destinação ser a reciclagem e no IPT esta destinação não ser bem definida e nem
divulgada.
Avaliando o consumo per capto de copinhos plásticos pelos funcionários do IPT, nos últimos 4
anos, observa-se que a média é de 4 a 5 copos de água por dia e 1 copo de café por dia (Tabela
5). Avaliando-se o perfil de crescimento de consumo de copo de água, observa-se que este não
foi decrescente, pois houve um aumento no consumo desses copos no ano de 2018 comparado
com os dois anos anteriores. Esse resultado sugere que a atitude dos funcionários no instituto
com relação ao consumo consciente não progrediu com o passar dos anos.
Tabela 5: Estimativa de descarte de copos plásticos no IPT, com base na caracterização
Características Unidades Anos
2015 2016 2017 2018*
Funcionários n° 830 783 752 732 Dias úteis n° 252 253 251 252
Consumo de copos descartáveis de água
n°/mês 85.658 64.042 60.192 69.600 n°/ano 1.027.900 768.500 722.300 836.914 n°/dia 4.079 3.038 2.878 3.321
Consumo per capita de copos de água
n° de copos de água/ funcionário/dia
5 4 4 5
Consumo de copos descartáveis de café
n°/mês 18.333 13.800 15.308 18.582 n°/ano 220.000 165.600 183.700 222.981 n°/dia 873 655 732 885
Consumo per capita de copos de café
n° de copos de café/ funcionário/dia
1 1 1 1
*dados de consumo estimados para os meses de outubro, novembro e dezembro. Fonte: autoria própria
Considerando o conceito de gerenciamento de resíduos e a grande quantidade de recicláveis
gerados pelo instituto, uma possível destinação para essa fração do resíduo é a comercialização
para reciclagem. Dessa forma, realizou-se uma estimativa do quanto poderia ser revertido para
o instituto com a venda de alguns recicláveis (Tabela 6). O valor base para o cálculo do valor de
venda dos recicláveis foi obtido pelo CEMPRE (Compromisso empresarial para a reciclagem).
Entretanto, antes da reciclagem, conforme a PNRS (BRASIL, 2010), deve-se prever
primeiramente na não geração, redução, reutilização, para depois pensar na reciclagem dos
resíduos.
Tabela 6: Valor mensal gerado pela venda de recicláveis
Material Custo dos materiais
(R$/tonelada) (CEMPRE, 2018)
Massa de resíduos mistos
(kg/mês)
Massa de resíduos da creche (kg/mês)
Massa de resíduos
Valor total (R$)
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recicláveis (kg/mês)
Papelão 460,00 202,41 1,77 9,26 464,01
Papel branco 460,00 488,29 5,65 34,16 1148,02
Alumínio 4750,00 7,87 0,00 0,00 1,66
Vidro incolor 180,00 0,00 0,00 2,63 14,60
Plástico rígido 1750,00 615,47 9,99 28,78 373,46
PET 1900,00 78,66 1,63 2,13 43,38
Plástico filme 600,00 153,48 1,78 1,50 261,11
Longa Vida 250,00 1,92 0,33 0,00 8,98
TOTAL - - - 2315
Fonte: autoria própria
5) CONCLUSÃO
A Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos, implementada em 2010 (BRASIL, 2010), prevê
não apenas a destinação adequada dos resíduos, mas também a redução na geração, através da
adoção do hábito do consumo consciente. O gerenciamento de resíduos auxilia no
planejamento do descarte adequado para o resíduo gerado, que deve ser pensado de acordo
com a fração do material considerado. Para tanto, o conhecimeto dos componetes do resíduo é
uma informação essencial para os planos de gestão de resíduos.
A gravimetria de resíduos é realizada a fim de se conhecer as porcentagens de cada componente
em relação a massa total de resíduo, possibilitando assim um melhor direcionamento para o
manejo das frações do resíduos. Neste estudo, realizou-se a gravimetria dos resíduos produzidos
em um instituto de pesquisa, de acordo com a norma NBR 10007 (ABNT, 2004).
Os resultados deste estudo mostraram que a composição dos resíduos gerados se enquadra na
classificação de resíduos comerciais, uma vez que apresentou frações consideráveis de material
reciclável (papel e plástico) e rejeito, perfazendo um total de 69% . Para a fração de recicláveis,
foi analisada ainda a possibilidade de comercialização, tendo realizado uma estimativa para os
valores de venda calculados com base nos dados do CEMPRE. Entretando, conforme previsto
pela PNRS (BRASIL, 2010), deve-se inicialmebte prever a não geraçã, redução e reutilização
destes resíduos.
Quanto à média de consumo de copos de água descartéveis foi de 4 a 5 copos por funcionário
por dia. Verificou-se que, nos últimos 4 anos, não houve diminuição do consumo de copos
plástico no instituto, apesar do crescimento do número de discussões envolvendo a
problemática na utilização desse material. Além disso, observou-se também uma baixa
porcentagem de resíduos destinados à coleta seletiva, sendo apenas 3 % do resíduo gerado no
IPT. Considerando a massa de resíduos secos gerados no IPT, de 31 %, os 3 % na massa total de
resíduos representa 35 % na massa apenas dos recicláveis gerados no instituto.
6) REFERÊNCIAS
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ABNT (2014). NBR 10007- Amostragem de Resíduos Sólidos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 25p. ABRELPE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, São Paulo, SP: ABRELPE, 2016. Disponível em: <http://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/comunicacao/junho_2018/panoramaanexos2016.pdf.> Acessado em 28 de setembro de 2018. BRASIL. Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, nº 147, p. 3, 03 de ago. 2010. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Planos de gestão de resíduos sólidos: manual de orientação : apoiando a implementação da política nacional de resíduos sólidos: do nacional ao local. Brasília: MMA, 2012. 157 p. CEMPRE – COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. – 4. ed. – São Paulo (SP): CEMPRE, 2018. 316 p GOUVEIA, Nelson. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com inclusão social. Ciênc. saúde coletiva vol.17 no.6. Rio de Janeiro, 2012 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010a. Disponível em http://censo 2010.ibge.gov.br IPEA- INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnóstico dos resíduos sólidos urbanos. Brasília: 2012. IPEA, 2012. 82 p. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/121009_relatorio_residuos_solidos_urbanos.pdf> Acessado em 28 de setembro de 2018. MONTEIRO, J. H. P. et al. Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 204 p.