Post on 29-Dec-2018
FONTES
É a maior Freguesia do Concelho em extensão territorial e está situada nas abas
do Marão, a 8 km a norte da sede do concelho. A antiga Freguesia era uma vigararia da
apresentação do Comendador da Comenda e honra locais (Ordem de Malta) – no antigo
concelho de Penaguião – e passou, mais tarde, a reitoria independente
Toda a área desta freguesia, desde a capela de S. Pedro até à povoação de Crestelo, foi
um primitivo povoamento castrejo que sofreu profunda romanização. O documento
provativo mais valioso é a ara greco-romana com a inscrição latina: AUGE CILEAE
MINIME VOT.L.PO. Recebeu forais de D. Sancho I, em Agosto de 1202, e de D.
Afonso III, em Julho de 1218. D. Manuel, pelo foral novo que lhe concedeu, estando em
Évora, a 15 de Dezembro de 1514, fê-la vila e sede de Concelho, situação que durou até
1836. Segundo a tradição, a capela do Santuário de Nossa Senhora do Viso foi a
primeira igreja paroquial desta Freguesia. "Este templo da Senhora, sobre ser grande e
espaçoso, é muito perfeito, não só quanto à arquitectura, mas quanto ao ornato: está
todo azulejado e o tecto apainelado com muito ricas pinturas dos mistérios da Senhora"
– dizia Frei Agostinho de Santa Maria, no tomo V do livro Santuário Mariano, no ano
de 1716. Os principais monumentos de interesse são a Igreja Paroquial, datada de 1755,
com talha e pintura da época no tecto, e os cruzeiros de Fontes e de Crestelo.
Orago: S. Tiago (Sant’Iago)
Distância à sede do Concelho: 7,4 km
Área: 1642 ha.
Nº de Habitantes: 1087 (Ano de 2001)
Nº de eleitores: 1162 (Ano de 2001)
(fonte: www.cm-smpenaguiao.pt )
Composições Líricas
Lúdicas: Cantigas
07/B-cantiga
Se fosse o meu papa
Trabalharam nas colheres
Diabo leve-nos uma
E que tanto bate nas mulheres
Ó compadre, ó compadre chegadinho
Faz chabor, faz chabor de se sentar
Ponha aqui, ponha ali o seu pezinho
Ai bamos os dois bailar
Ó compadre, ó compadre chegadinho
Faz chabor, faz chabor de se assentar
Ponha aqui, ponha ali o seu pezinho
E bamos os dois bailar
Maria “dos Premenores”, 84 anos, Fontes
08/B-serenata
Eu já te dei há muito
Este meu coração
Conserva-o com amor
Não o abandones, não.
Eu só quero que ele seja
Teu p’ra toda a bida
Serás o meu amor
E eu serei a tua querida.
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
09/B-serenata
Casaremos na igreja
Para que o povo tenha inveja
Da minha linda mulher
E já adepois de casados
Como somos bem-educados
Iremos agradecer
À fonte dos namorados
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
10/B-serenata
Já te dei há muito
Minha adorada Mimi
A quem devo felicidade
A ti, somente a ti
Eu só quero que tu sejas
Minha p’ra toda a bida
Darei o meu amor
Serás a minha querida.
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
11/B - serenata
Se tu queres amor, ó bela
Dar-te-ei amor bem puro
Se tu juras ser só minha
Será belo o teu futuro.
Não te esquives, não me negues
Esse amor, algum prazer
Dar-te a bida e tirar
A bida neste mundo
Isto assim não é biber.
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
12/B-cantiga
Anda daí meu amor
Bem comigo para a rua
Para cantar e bailar
Nesta noite minha e tua.
Deixai subir o meu balão
Deixai subir e bem ao céu
P’ra dizer à Birgem Santa
P’ra dizer à Birgem Santa
Que o meu amor é teu
Bamos p’r’á serra, todos com a mesma fé
(já não sei mais)
Maria “dos Prememores”, 84 anos, Fontes
13/B-cantiga
Nossa Senhora do Biso
Eu embarco e vou com ela
Bai-s’imbora à luz do mundo
Não posso biber sem ela
Toca a marchar, toca a bailar
Toca a passar este dia de alegria
Pois ‘inda agora quando tenho liberdade
E é tão linda a mocidade
E é tão linda a romaria
Pois ‘inda agora quando tenho liberdade
E é tão linda a mocidade
E é tão linda a romaria
Maria “dos Prememores”, 84 anos, Fontes
14/B – cantiga
Nossa Senhora do Biso
Fez um milagre no monte
O menino pediu água
Apa’ceu logo uma fonte
E o menino pediu água
Apa’ceu logo uma fonte
A fonte era de prata
A iágua era de cheiro
Bamos todos adorar
Jesus Cristo berdadeiro
Bamos todos adorar
Jesus Cristo berdadeiro
D. Emília, 85 anos, Fontes
18/B – cantiga
Hino de Fontes
As Fontes de Trás-os-Montes
Ai ricas fontes a festejar
Para os seus visitantes
Capas brilhantes a saudar.
Paula Conceição, 38 anos, Fontes
19/B – Cantiga dos Reis
Zumba, zumba, zumba
O garrafão vai no ar
Zumba, zumba, zumba
E os Reis biemos cantar
Aos senhores desta casa
Nós queremos saudar
Desejar bom ano,
Amor, Saúde e Paz
Aos senhores desta casa
Nós queremos saudar
Desejamos bom ano
Amor, Saúde e Paz
Zumba, zumba, zumba
O garrafão vai no ar
Zumba, zumba, zumba
E os Reis viemos cantar
Maria dos Premenores e Fátima, 84 e 40 anos, Fontes
20/B 21/B– Cantiga
Nossa Senhora do Biso
Mandou pedir à da Serra
Que lhe desse um bocadinho
Do seu altar que é de pedra
Toca a bailar, toca a dançar
Toca a bailar neste dia de alegria
Pois ‘inda agora quando tenho liberdade
E é tão linda a mocidade
E é tão linda a romaria
Maria dos Premenores e Paula Conceição, 84 e 38 anos, Fontes
22/B – Cantiga
Nossa Senhora da Serra
Mandou pedir à do Biso
Que lhe desse um bocadinho
Do seu altar que é de bidro.
Toca a bailar, toca a dançar
Toca a bailar neste dia de alegria
Pois inda agora quando tenho liberdade
E é tão linda a mocidade
E é tão linda a romaria
D. Emília, 84 anos, Fontes
23/ B – cantiga
(Mulheres)
Bamos seguindo pr’á frente
Bamos seguindo pr’á frente
Caminho da nossa aldeia
Caminho da nossa aldeia
Mostrando as nossas rendas
A nossa fininha meia
Mostrando as nossa rendas
A nossa fininha meia
(Homens)
Também o nosso calção
O nosso pé delicado
Também o nosso calção
O nosso pé delicado
E os nossos corpos bem feitos
Por todos são desejados
E os nossos corpos bem feitos
Por todos são desejados
Pois agora tenho pena
Pois agora tenha dó
Pois agora pena
De deixar o meu amor
Fátima, 40 anos, Fontes
24/B – Cantiga da Vindima
Fui ao Douro à bindima
Não achei que bindimar
Fui ao Douro à bindima
Não achei que bindimar
Bindimaram-me as costelas
Olh’ó qu’eu fui lá ganhar
Bindimaram-me as costelas
Olh’ó qu’eu fui lá ganhar
D. Rosa, 80 anos, Fontes
31/B – Cantiga
O sol se esconde, brilha o luar
E a Primabera, só p’ra te amar
O sol se esconde, brilha o luar
E a Primabera só p’ra te amar
(Bis)
E o meu amor diche que binha
Quando a lua biesse
A lua já’culá beim
Meu amor não aparece
(Bis)
O sol se esconde, brilha o luar
E a Primabera, só p’ra te amar
O sol se esconde, brilha o luar
E a Primabera só p’ra te amar
Maria “dos prememores”, 84 anos, Fontes
32/B – Cantiga
És o meu gosto, és a minha opunião
Hei-de amar a moreninha
Da raiz do coração
És o meu gosto, és a minha opunião
Hei-de amar a moreninha
Da raiz do coração
Ora bai tu, bai tu, bai ela,
Ora bai tu p’r’á terra dela
Ora bai tu, bai tu, bai ela
Ora bai tu p’r’á terra dela
68/B – Cantiga
Se o mar tibesse barandas
Como tem de embarcações
Se o mar tibesse barandas
Como tem de embarcações
Hei-de ir ao Brasil e bir
Ó ai, em certas ocasiões
Eu já na na quero
Já não gosto dela
Lebai-a p’ra casa
Case o pai com ela
Eu já não quero
Já não gosto dela
Lebai-a p’ra casa
Case o pai com ela
Maria da Conceição e Maria dos Premenores, 72 e 84 anos, Fontes
70/B - Cantiga
Já corri Alfama inteira
Porque a sede m’obrigou
Fui à rua da Ribeira
Mas a Ribeira secou
(bis)
No alto mar fomos nós sempre os primeiros
Tem Alfama a palpitar
As fardas dos marinheiros
Porque afinal foi nessas pobres bielas
Que saiu Portugal e marcou as caravelas
(bis)
Meu amor, amor sem fé
Deixou-me por coisa pouca
Mora nas cruzes da sé
E eu faço cruzes à boca
No alto mar fomos nós sempre os primeiros
Tem Alfama a palpitar
As fardas dos marinheiros
Porque afinal foi nessas pobres bielas
Que saiu Portugal e marcou as caravelas
(bis)
Maria Emília, 83 anos, Fontes
71/B – Cantiga
Ai meu amor se tivesse
Pena de tal cor
Davas-m’ uma para pôr
No meu coração também
(incompleta)
Maria Emília, 83 anos, Fontes
73/B – Marcha de Medrões
Numa formosa colina
Lá nas vertentes da serra
Fica Medrões pequenino
Mas é linda terra
Tem bons campos e boas fontes
É o mais belo cantinho
Da probíncia de Trás-os-Montes
Por isso eu adoro a minha terra
Que é beleza assim na serra
E com toda a força
Pregarei sempre, viva Medrões!
Todas as moças são belas
Da mais rica à mais pobre
São como duas estrelas
No céu azul que nos cobre
Quando se acham mãos dadas
Em noites de lua cheia
Parecem grupos de fadas
As mocinhas da minha aldeia
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
74/B – Marcha de Vila Real
Jornadas de tantas galas
Oh abram alas por princesa
A filha do rei
De sonho e beleza
O teu nome cheio de encanto
Que amo tanto também diz
Real d’aspecto e de graça
A sorrir para quem passa
A filha de D. Dinis
Vila Real que lindo és,
Tens o Corgo aos pés com adoração.
Vila Real, como és gentil,
Cantas o Cabril, beijas o Marão
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
75/B – Marcha da Régua
Régua, vila graciosa,
Tens afinal o condão
De prender quem aqui chega,
Roubando-te o coração.
Até as águas do rio
Tenho oubido a chorar,
Loucas, por não poderem ficar
Sempre a beijar
Vila do Peso da Régua,
Princesa do nosso Douro,
Quero-te como se fosses
O mais sagrado tesouro.
Circundada de vinhedos,
Carreiros verdejantes,
São eles a tua coroa
Que mostras aos visitantes
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
78/B – Cantiga (Fontes)
Fontes do rei, duas fontes
Onde tens os teus espelhos.
Quem quiser beber boa água,
Tem de se pôr de joelhos
Água cristalina, d’ encante e doçura
Mora nesta terra
Noites de candura
Temos no Marão boa água
À sombra dos castanheiros
Aos domingos …
Nos passados domingueiros
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
79/B – cantiga
(1ª versão)
Ó Rosinha do Cruzeiro
Que fizeste à loura trança
Que trouxeste lá d’ aldeia
Bieste p’ra a cidade?
Cortaste ou ficaste feia?
Maria da Conceição, 72 anos, Fontes
80/B – cantiga
(2ª versão)
E ó Rosinha do Cruzeiro
Que fizeste da trança
Que trazias lá d’ aldeia
Viestes p’a cidade?
Encheste-te de baidade?
Cortaste-lo ou ficaste feia?
(bis)
Não me queres não me admira
Perdi os meus olhos na guerra
Com eles tudo perdi
(bis)
Ainda alguém que os bisse
No chão cheinhos de terra
Ainda chorando por ti
(bis)
Foi numa noite de Inverno
Que o céu parecia o Inferno
Andavam os astros em guerra
(bis)
A ribeira mal continha
A grande cheia que vinha
Pelas vertentes da serra
(bis)
Maria Emília, 83 anos, Fontes
76/B – Rima infantil
Ao romper da madrugada
Eu cai ti eu cai já
E se tu bisses o qu’eu bi
Fugias com’eu fugi
Era uma cobra a atirar à outra
Arranjar jardim
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
77/B – rima infantil
Se tu bisses o qu’eu bi
Lá p’ra a serra do Pilar
Um macaco sem orelhas
E vestido à militar
Se tu bisses o qu’eu bi
Lá p’os lados do Outeiro
Um macaco a bater a sola
A um sapateiro
Se tu bisses o qu’eu bi
Lá p’os lados d’Almocrebe
Um macaco a bater a sola
E no fim ao pé do padre
Se tu bisses o qu’eu bi
Lá p’os lados de S. Xisto
Um macaco a bater a sola
No nariz do nosso bispo
Sr. Eugénio, 80 anos, Fontes (natural de Medrões)
Composições Líricas
Mágicas e religiosas: Orações e responsos
43/B – Responso a Santo António (Nota: A informante não se recorda da reza. As duas
versões gravadas completam-se.)
Padre Santo António
Se vestiu e se calçou
Suas santas mãos labou
Seu librinho pegou
Nosso Senhor encontrou
Seu caminhinho encontrou
Tontonho onde bais?
Bou ao céu onde Bós estais
Ó céu num ireis
Que na terra ficareis
Tudo quanto for perdido
Bós debolbereis
Padre Santo António
Bós reparareis
as coisas perdidas e atchadas.
Maria Emília, 80 anos, Fontes
81/B – Oração
Biba Jesus
E Maria Santíssima,
Minha doce consolação.
Eu bou lebantar-me desta cama,
Tornarei-me a deitar nela?
Talbez que não,
Talbez que hoje à noite
A minha cama seja minha esquife.
D’hoje em diante será uma noba
Coba na sepultura.
Talbez que não conheça outro,
Talbez que dentro de poucas horas
Eu entro na eternidade
P’ra lhe dar conta de todos os meus pensamentos
Palabras, obras e acções.
Eu bou alebantar-me desta cama,
Em nome do Pai que me criou
Do filho que me remiu
Do Espírito Santo que me santificou
Seja loubado, exaltado eternamente.
Maria Emília, 80 anos, Fontes
82/B – Oração a Santa Bárbara
Santa Bárbara pequenina
Se vestiu e se calçou
Ao caminho se deitou,
Nosso Senhor encontrou
E Ele le perguntou:
Bárbara, aonde bais?
Eu bou ao céu onde Bós estais.
Bós lá não ireis,
Cá na terra ficareis.
Quantas troboadas houver,
Quantas vós arrumareis
A esses montes maninhos
Onde não haja pão nem vinho
Nem galos a cantar
Nem meninos a chorar
Nem campos a verdegar
Maria Emília, 80 anos, Fontes
83/B – Oração
Ó anjo da guarda,
Que nos guardou dos p’rigos do dia,
Guarda-nos a noite
A mim, aos meus filhos
E à toda a nossa família.
Semelhança do Senhor,
Foste para mim criado,
Sois o meu guardador
Peço-bos, ó anjo bendito,
Pelo bosso bem saber,
Que me libreis do inimigo
E de todo o seu mal beber
Maria Emília, 80 anos, Fontes
42/B – Cantiga de embalar
Nana, nana, meu menino
Nana, nana bem,
Que a tua mãezinha foi labar os paninhos
Ao tanquinho de Belém
Maria Adelaide, 77 anos, Fontes
69/B – Cantiga de embalar
Meu menino é d’oiro,
D’oiro é o meu menino.
Hei-de levá-lo ao céu
Enquanto for pequenino.
Hei-de levá-lo ao céu
Enquanto for pequenino.
Enquanto for pequenino,
Tão puro como o ar.
Hei-de levá-lo ao céu,
Hei-de ensiná-lo a cantar.
Hei-de levá-lo ao céu,
Hei-de ensiná-lo a cantar
Maria da Conceição, 72 anos, Fontes
Composições Líricas
De Sabedoria: Textos Proverbiais
15/B
No dia de São Martinho,
Castanhas e binho.
No dia de São Martinho,
Fura-se o pipinho.
D. Rosa, 73 anos, Fontes
29/B – Dito popular
Ó lampião das esquinas
Alumeia cá prá baixo
Q’eu perdi meu amor
Sozinha não no acho.
27/B – Dito popular
Fonte do Rei, duas fontes
Onde tem futuro espírito
Quem quiser beber boa água
Tem que se pôr de joelhos
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
28/B – dito popular
Minha mãe, case-me cedo
Enquanto eu for rapariga
O milho sachado tarde
Não dá palha nem espiga.
Senhor Eugénio, 85 anos, Fontes
Composições Líricas
Satíricas: Alcunhas
35/B – Alcunha
Maria do Carmo da Gata Ladra
Porque a minha mãe apanhaba a azeitona e depois as colegas dela antigas dixe axim:
“Bamos a ber quem é que entche mais depressa a cestinha!”
A minha mãe tumba tumba tumba ganhou ela a encher a cestinha. “Ai que puta gata
ladra, que puta gata ladra.”
Ficou daí p’ra cá “Filha da Gata ladra”, sem roubar nada a ninguém!
Maria do Carmo, 82 anos, Fontes
36/B - Alcunha
O Apit’ó comboio
Ele é barbeiro e então p’ra anunciar e p’ra dizer que estaba ao serviço na barbearia
punha aos sábados de tarde punha a cassete “Apit’ó comboio, lá bai apitar, apit’ó
comboio à beira do mar”, pronto. Era todos os sábados a mesma canção, então:
- Onde bais?
- Bou cortar o cabelo!
- Onde bais cortar o cabelo?
- Ao ‘Pit’ó Comboio.
Fátima, 40 anos, Fontes
36/B – Alcunha
Rita Ligeira – porque fala muito depressa e é trabalhadeira
Maria dos Prememores e Paula Conceição, 85 e 38 anos, Fontes
40/ B – Alcunhas
António Pissocas – porque andava com o sexo à mostra
Costelinhas d’Anho – porque era muito magrinho e pequenino
Martelinho – porque tinha um vício do jogo nos cafés
São Gobernanta – porque governava tudo
António Falão – por ter dificuldades na fala
A Doutora - ?
Silva Maricas - ?
Xêxelo – não sabia pronunciar bem uma palavra (não se recordam qual, mas seria
parecida à alcunha atribuída).
Paula Conceição e Fátima, 38 e 40 anos, Fontes
41/B – Alcunha
Senhora Conceição do Queimado – (alcunha herdada do marido) porque o avô dele é
que era queimado, porque escaldou-se numa panela d’ água a ferver e daí é que ficou
queimado.
Maria da Conceição, 72 anos, Fontes
44/B – Alcunhas e variações semânticas (Diálogo)
Mamas – Atribuída à uma senhora de Fontes por ter seios grandes.
Bessas – Senhor que herdou a alcunha da mãe – porque gostava de couves ou prato de
couve e feijão.
Onde bais? – Bou buscar às coubes. (Ribeira de Pena)
Onde bais? – Bou ao caldo (à horta). (Fontes)
Maria da Conceição, 72 anos, Fontes
Composições Líricas
Mágicas e Religiosas: Ensalmos
25/B – Para o marido não acordar
Eu te benzo Benzabu
Com as fraldas do meu cu
Enquanto bou e benho
Não acordes tu
(o homem é benzido com as cruzes)
(para a mulher sair sem o marido acordar)
Fátima, 40 anos, Fontes
Composições narrativasOutras
46/B – O roubo do Portal da Senhora do Viso
Na capela do Viso, há muitos anos atrás era a capela do Viso. Na altura das
invasões francesas (os franceses vieram cá e só o Porto é que ficou invicto), era uma
capela muito rica e ainda é, roubaram-lhe um portal todo em ouro. E está neste
momento, no Museu do Louvre, em França, exposto.
Paula Conceição, 38 anos, Fontes
48/B – A visita de Salazar
(Salazar chegou a vir passar férias aqui a Fontes, várias vezes. O Dr. Carneiro
Mesquita era o confidente dele, confessor, confidente. Eram muito amigos.)
Um senhor biu o Salazar e não sabia que era o Salazar. O Dr. Carneiro
Mesquita… andavam a trabalhar numa mata que tinha… Dr. Carneiro Mesquita foi lá
com Salazar e eles chegavam aqui, com aqueles socos abertos como se usaba primeiro,
os capotes, normalmente como as pessoas andabam bestidas aqui e o Dr. Carneiro
Mesquita chegou lá e tal começou a falar com eles.
- Quem é que…
- Ai eu gostaba muito de ber o senhor Salazar…
- Tu gostabas?
- Eu gostaba. Gostaba mesmo de o conhecer…
E num le disseram que era ele que estaba ali ao lado.
Ao outro dia disse-le:
- Então tu gostabas de ber o Salazar?
- Ai eu gostaba!
- Então… Tu biste!
- Bi-o onde?
- Era aquele senhor que estaba ontem aqui comigo!
Esposa do Sr. Presidente da Junta, Fontes
47/B – Os Namorados e a janela da Capela de São Pedro
Na capelinha do São Pedro, os namorados iam lá, habia uma janelinha, ao
p’atrás de um certo sítio e deitabam com as pedrinhas atrás para acertar no buraco, as
pedrinhas que calhassem fora eram os anos que ficabam solteiros, quando acertassem
era o ano que casabam. Contabam os anos. Inda há gente que lá bai.
Esposa do Sr. Presidente da Junta, Fontes
Composições Narrativas
Histórias jocosas
48/B
Um belhote foi pagar a décima, a Santa Marta. Chegou lá num pagou a décima
porque faltava um tostão. E beio para fora:
- Rais parta do goberno, só por causa de um tostão não pago a décima!
Uns cá fora, da Pide, oubiram falar mal do goberno.
- O senhor qu’é que está a d’zer? Rais parta do goberno…
- Ó meu senhor, rais parta do goberno da minha mulher que tirou o tostão e já
não pude pagar a renda!
Esposa do Sr. Presidente da Junta, Fontes