Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço. Pedro Negrão , Miguel Trigueiros,...

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Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos

do Antebraço

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos

do Antebraço

Pedro Negrão, Miguel Trigueiros, Rui Lemos

Tomar, 29/03/08

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Introdução

§ Tendência actual para o tratamento das fracturas instáveis distais do rádio com placas volares com parafusos bloqueados à placa.

§ No entanto, esta tendência não tem um suporte claro de estudos prospectivos e randomizados a demonstrar a sua superioridade.

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Classificação AO

Tipo A- extra-articulares

(+ frequentes em idosos- #’s por insuficiência)

Tipo B- Parcialmente articulares

(#’s por shear forces)

Tipo C- fracturas com extensão intra-articular

(lesões alta energia em doentes + novos)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Objectivo do tratamento das fracturas distais do rádio:

- Obter um punho estável e sem dor

- pelo método minimamente invasivo possível

- Parâmetros radiográficos aceitáveis:

Degrau articular < 2 mm

Comprimento radial 2-3 mm (do lado contralateral)

Tilt palmar neutro (0°)

Ângulo inclinação radial < 5° de perda

Incongruência articular(parâmetro mais importante)

ü Uma decalage de 2 mm da faceta do semi-lunar origina 100% de

artrose ao fim de 6,7 anos num estudo de Knirk e Jupiter em 43 adultos

jovens

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Um encurtamento > 4 mm origina:

Deformidade

ü Saliência da cabeça do cúbito

Dor cubital por

ü Estiramento/ rotura dos ligamentosda RCD

ü Impingment ulno-cárpico

ü Lesão da FCT

ü Limitação da prono-supinação

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

A perda de 12° do tilt palmar resulta em:

• 80% de aumento do risco de artrose por anormal distribuição da carga

pelo mau alinhamento do carpo

• Origina uma diminuição da flexão do punho

• Deformidade dorsal

Dor- pelo estiramento das estruturasLigamentares

Risco de instabilidade médio-cárpica tipo IV

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Menos de 20° de inclinação radial origina:

§ Um desvio cubital do carpo

§ Uma carga aumentada da TFCC e do cúbito

§ Efeito menos severo que os restantes

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Classificação AO

Sem desvio- consensual o tratamento conservador

Tipo A

Com desvio (mais controverso)

Tipo B – Parcialmente articulares (consensual a necessidade de tratamento com placa volar de batente)

Tipo C - Cominutivas intra-articulares

(Tratamento controverso entre fixação externa e fixação interna)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Factores de risco para perda de redução com imobilização gessada de uma fractura distal do rádio

Ø Desvio inicial acentuado da fractura (angulação dorsal >20°)

Ø Fracturas em idosos com osteoporose (tendem a desviar tardiamente)

Ø Extensão da cominução metafisária

- Quando a cominução dorsal se extende à cortical palmar o colapso ocorre mesmo com imobilização gessada

- Nas #’s tipo A- Se a cominução atingir 2/3 a ¾ da metáfise radial origina perda de redução tardia

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Factores de risco para perda de redução com imobilização gessada de

uma fractura distal do rádio

Ø O desvio após redução e imobilização gessada é um preditor de

instabilidade e a re-manipulação é um erro

Fixação externa das fracturas instáveis do rádio distal (2 tipos básicos):

- Trans-articular (bridging)

- Rádio-radial (non-bridging)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixação externa trans-articular nas fracturas distais do rádio

v Permite a redução da fractura por ligamentotaxis (método

minimamente invasivo)

v Impedindo o colapso axial e restaurando o comprimento

radial

v Originando melhores resultados que a imobilização

gessada e a fixação com fios K em fracturas distais do

rádio

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

No entanto, alguns estudos demonstraram que a fixação externa

trans-articular não é suficientemente rígida para:

• impedir alguma perda de redução (50% dos casos)

• perda de redução severa (10% dos casos)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

A principal dificuldade da fixação externa trans-articular é obter o tiltpalmar

§ os lig. palmares são mais curtos e mais verticais e ficam tensos

mais cedo que os lig. dorsais pelo que não se consegue obter tilt

palmar

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

§ O desvio cubital permite restaurar o tilt radial mas não consegue reduzir a faceta do semilunar pois os lig. Rádio-lunares são menos oblíquos§ Além destas limitações os fragmentos impactados não têm ligações ligamentares pelo que o fixador externo sozinho não consegue a sua redução

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Outras complicações do fixador externo trans-articular

§ Distracção exagerada da rádio-cárpica que origina:

- Diminuição da mobilidade digital

- Perda permanente da mobilidade das MCF’s

§ Infecção pinos (1 a 8%)

§ Lesão nervosa ou tendinosa

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Ahlborg HG, Josefsson PO (1999) Pin-tract complications in external fixation of fractures of the distal radius. Acta Orthop. Scand 70: 116–118

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

314 aplicações 86 complicações = 27%

20.7% Complicações minor /infecções pinos

2.8 % desvio secundário1.6 % algoneurodistrofia1 % pseudartrose<1 % STC<1 % Rupturas do LEP

++++++ controlo de encurtamento

++++ inclinação radial

-- controlo do tilt volar

-- controlo de degraus articulares centrais

Fixador Externo Trans-articular

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo trans-articular

para melhorar o seu desempenho

Fixador Externo Acrescido

(60% das aplicações actuais)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador Externo trans-articular acrescido fios K

Fixador Externo trans-articularacrescido de parafusos

percutâneos

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador Externo trans-articular acrescido- Técnica dos 5 pinos

Orientar o fragmento distal em tilt palmar

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Werber (2003), publicou um estudo prospectivo e randomizado de 50 doentes com fracturas instáveisdistais do rádio comparando fixação externa com 4 pinos versus 5 pinos e verificou que a técnica dos 5 pinos:

- Resultou em restauração e manutenção significativamente melhor do tilt radial e tilt volar (-2°/6°)

- Tinha significativamente melhor extensão e flexão; desvio radial e cubital, prono-supinação

- melhor força do punho (p<0.0001)

- 72% resultado muito bom e 24% bom (score Lidstrom) contra 24% muitobom e 60% bom no grupo com 4 pinos

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Enxerto ou substitutos ósseos

§ Permite um suporte acrescido na metáfise,§ preenchendo o “vazio” ósseo§ a retirada mais precoce do fixador § impedindo o colapaso

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Mc Queen, 1998, estudo randomizado de 60 doentes

• comparando o tratamento entre fixador trans-articular e fixador externo rádio-radial

• em fracturas distais do rádio que foram inicialmente tratadas conservadoramente e que posteriormente perderam a redução

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Mc Queen verificou que:

ü O fixador externo rádio-radial atinge uma melhor redução das fracturas que o fixador trans-articular e a redução é mantida ao ano.

ü O resultado funcional às 6 semanas, 3 meses, 6 meses e 1 ano éestatisticamente melhor no grupo do fixador rádio-radialprincipalmente na força de preensão e na flexão.

ü O Arco de mobilidade é melhor (especialmente no período precoce) no fixador rádio- radial

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Para esta autora, a chave para melhores resultados do fixador rádio-radial é a capacidade este tem de:

ü corrigir o tilt volar

ü corrigindo o alinhamento do carpo

ü o que está significativamente relacionado com melhor outcomefuncional.

Pode ser usado em 90% das fracturas distais do rádio que colapsem.

Em fracturas com menos de 1 cm de cortex volar ou com desvio articular devem ser tratados com outros métodos de fixação

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Técnica cirúrgica

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Técnica cirúrgica

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Técnica cirúrgica

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

n= 11De Abril de 2004 a Abril 2005

Todos do sexo feminino

6 doentes após perda de redução

5 doentes como tratamento primário

Idade média 71 anos (61 a 82 anos)

10 #’s Tipo A2 com desvio dorsal

1 # Tipo C 1.2

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

1º Caso

• M.E.T.R., ♀, 71 anos

• # tipo A em 12/08/04

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Foi colocado fixador externo radio-radial no dia 12/08/04

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• 11 dias pós-operatório

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Retirou fixador às 5 semanas e meia

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Com 9 meses de evolução

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Rx com 9 meses de evolução

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• 2º caso

• A.J.M., ♀, 66 anos.• # Tipo A distal do

Rádio em 23/04/04

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Redução e tala gessada posterior

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Perda de redução ao 8º dia

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Colocação de Fixador Externo Radio-Radial (01/05/04)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Rx aos 30 dias

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Clinicamente aos 30 dias

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Fractura consolidada às 6 semanas. Retirou

Fixador.

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Clinicamente aos 12 meses

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

• Rx aos 12 meses

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação dos resultados

ü 9 doentes re-avaliados clínica e radiográficamente

ü 1 doente faltou à re-avaliação clinica final

ü 1 doente faleceu precocemente

ü Follow-up médio de 7,2 meses (1 mês a 12 meses)

ü Retirou-se o fixador 5,8 semanas (5 às 6,5 semanas)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação Radiográfica

Tilt volar, tilt radial e comprimento radial

• Na fractura

• No pós-operatório imediato

• No rx final

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

+8+7,4+4,1Comprimento radial (mm)

22,5°22°16,9°Tilt radial

12,6°11,2°-29,8°Tilt volar

Rx finalPós-opFractura

Fixador externo rádio-radial

Avaliação radiográfica Resultados

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação Funcional

Score de Gartland e Werley modificado por Solgaard

• Deformidade

• Avaliação subjectiva

• Arco de mobilidade (% do lado contra-lateral)

• Força

• Complicações

Score

Excelente 0-2

Bom 3-7

Razoável 8-18

Mau 19-39

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação Funcional Resultados- 9 doentes

Score de Gartland e Werley modificado

Excelente 5

Bom 2

Razoável 2

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação Funcional Resultados- 9 doentes

§ Mobilidade 80% (60-98%)

§ Força 62,4% (30-95%)

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Fixador externo rádio-radial

Avaliação Funcional

Grau de Satisfação

Muito Satisfeito recomendaria esta cirurgia a outros doentes com esta doença

Satisfeito com dor ligeira, teria feito a cirurgia na mesma

Pouco Satisfeito tem reservas quanto ao sucesso da cirurgia

Nada satisfeito considera a cirurgia um fracasso

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Avaliação Funcional Resultados- 9 doentes

Grau de satisfação

Muito Satisfeitas 5

Satisfeitas 4

Pouco satisfeitas 0

Nada satisfeitas 0

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

Complicações infecciosas 1 doente com infecção superficial dos pinos

à 3 semana de fixador e que resolveu com

1 semana de ciprofloxacina

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

ü Nesta pequena série o fixador rádio-radial mostrou-se um método

eficaz a manter a redução até à consolidação

ü Não imobiliza a articulação rádio-cárpica, nem a rádio-cubital distal

ü permitindo o uso do punho pelo doente nas suas actividades

diárias enquanto se dá a consolidação da fractura.

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixador externo rádio-radial

ü Dimuinui a rigidez articular e a probabilidade de algoneurodistrofias

ü Os resultados funcionais são bons com alto grau de satisfação do

doente e com baixo grau de complicações

ü Não é um método adequado para #’s muito cominutivas

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Tendência actual

ü Uso das placas volares com parafusos roscados à placa nas fracturas intra-articulares distais do rádio

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

ü Funcionam como fixadores internos

ü Permitem obter uma melhor redução da superfície articular

ü Biomecanicamente superiores às placas dorsais e placas volares sem parafusos roscados

Tendência actual

Leung (2008), estudo prospectivo e randomizado comparando fixação externa

acrescida de fios K com redução aberta e fixação com placas em 144 #’s intra-articulares distais do rádio verificou que:

§ Aos 24 meses havia estatisticamente melhores resultados com o tratamento com placa do que com fixação externa com o score de Gartlande Werley (p=0,04)

§ Havia melhores resultados quanto ao grau de artrose no grupo tratado com placa (p=0,01)

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Fixação Externa nas Fracturas Distais dos Ossos do Antebraço

Muito Obrigado