Post on 07-Feb-2019
FACULDADE CAPIVARI
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
ESTUDO DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DOS PRODUTOS DA
EMPRESA MARCANTE MAGAZINE
CAIO MARCIO TONON
Capivari de Baixo, junho de 2017.
CAIO MARCIO TONON
ESTUDO DA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DOS PRODUTOS DA
EMPRESA MARCANTE MAGAZINE
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
em Administração da Faculdade Capivari,
requisito parcial à obtenção do título de
bacharel em Administração. Orientação do
Prof. Dr. Rafael Bianchini Glavam.
Capivari de Baixo, junho de 2017.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por me fortalecer e amparar nos
momentos difíceis. As minhas irmãs Adriana, Ana Beatriz e Nadja, meu pai José
Orlando Tonon (in memórian) minha mãe Vilma Citadin Tonon, mulher humilde,
guerreira, que incentivou-me a finalizar esta monografia, mulher esta, que me ensinou
valores e princípios éticos que norteiam a minha vida e que sempre estimulou-me a
estudar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Juliana Vieira proprietária da empresa Marcante Magazine que
disponibilizou as informações necessárias para a realização deste artigo.
Ao meu Orientador Prof. Dr Rafael Bianchini Glavam pelas horas dedicadas na
orientação deste TCC. Foram muitos encontros e discussões intermináveis a respeito do
tema e claro muitas risadas que valeram a pena.
Agradeço a Faculdade Capivari - FUCAP e todos os seus colaboradores e
professores especialmente aos professores Expedito e Emillie Michels pelo trabalho
realizado para tornar a Faculdade Capivari - FUCAP em uma instituição de ensino
inovadora.
“Plante seu jardim e decore sua alma, ao
invés de esperar que alguém lhe traga
flores. E você aprende que realmente
pode suportar, que realmente é forte, e
que pode ir muito mais longe depois de
pensar que não se pode mais. E que
realmente a vida tem valor e que você
tem valor diante da vida!”
(WilliamShakespeare)
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RESUMO
As micro e pequenas empresas familiares constituem a maioria dos
empreendimentos formais e informais no Brasil, movimentando de forma expressiva a
economia, gerando emprego e renda. E sua grande maioria, além da sua principal
característica, a administração exercida por uma família, as empresas familiares
carecem de métodos e ferramentas de controle e gestão profissionalizada. Com base que
a principal fonte de receita da maioria das empresas familiares vem através da venda de
seus produtos e serviços, constata-se que a correta formação do preço de venda é de
suma importância na obtenção do sucesso pela empresa, pois é este aspecto que
condicionará também a sua sobrevivência. Com base nesta importante informação e em
outras, levaram o autor a fazer este artigo, análise da formação do preço de venda dos
produtos da empresa familiar Marcante Magazine através da técnica do MarkUp de
preço.
Palavras-chave: Empresa Familiar. Preço de Venda. MarkUp.
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SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................................ 5
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 7
2 EMBASAMENTO TEÓRICO .......................................................................................................... 9
2.1 A Empresa Familiar .............................................................................................................. 9
2.2 Características ................................................................................................................... 10
2.3 O Planejamento Sucessório ............................................................................................... 11
2.4 Administração Financeira .................................................................................................. 12
2.5 Gestão de Custos ............................................................................................................... 13
2.6 Formação do Preço de Venda ........................................................................................... 14
2.7 Capital de Giro ................................................................................................................... 17
2.8 Ciclos Econômico, Operacional e Financeiro..................................................................... 19
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................................................................... 21
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................ 22
4.1 Histórico da Empresa ........................................................................................................ 22
4.2 Proposta de estruturação do processo de formação de preço da empresa marcante
magazine. ................................................................................................................................ 22
4.3 – Resultados Obtidos......................................................................................................... 30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 33
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1 INTRODUÇÃO
No Brasil as empresas familiares contribuem fortemente no cenário econômico,
pois estudos apontam que elas são responsáveis por 60% da oferta de empregos e por
48% da produção econômica, sendo, portanto, essenciais para o desenvolvimento
econômico.
Cita-se que a própria economia do Brasil baseia-se em grandes grupos de
propriedade familiar. Conforme dados obtidos junto ao SEBRAE (2015), a pequena e
média empresa familiar, no Brasil, produz anualmente dois milhões de empregos diretos
e é o segmento que mais cresce.
Ainda conforme SEBRAE (2015), publicado em fevereiro do referido ano, no
relatório executivo sobre a participação das micro e pequenas empresas na economia
brasileira, a participação destas no Produto Interno Bruto (PIB) é de 27%.
Frente a esta participação expressiva que a empresa familiar ocupa na economia
nacional, alguns estudos despertaram atenção do por que as empresas familiares,
principalmente micro e pequenas empresas morrem em seu ciclo inicial de vida. Em
estudo realizado pelo SEBRAE, Sobrevivência das empresas no Brasil no ano de 2016
demonstrou-se que o índice de mortalidade das empresas constituídas no ano de 2012
foi de 23,4% nos dois primeiros anos.
Dentre vários motivos que levam as empresas morrerem, cita-se que a falta de
uma gestão profissional é a mais relevante nas micro e pequenas empresas familiares,
pois, em sua grande parte o mesmo integrante executa várias funções como exemplo,
comercial, financeiro, recursos humanos entre outros.
Nas empresas, a principal fonte de receita vem com a venda de produtos e/ou
serviços comercializados. Muitas destas micro e pequenas empresas não dispõem de
ferramentas e informações necessárias para sua administração. Mal conhecem os seus
custos e despesas, não possuem planejamentos financeiro e de custos e não sabem
formar o preço de venda de seus produtos ou serviços, elaborando-os de forma arbitrária
e sem critérios.
Sabe-se que em qualquer atividade produtiva em que haja uma relação negocial, o
lucro é o objetivo principal do empresário. Assim conhecer os custos de suas atividades
é condição básica para administrar a empresa. Afinal, toda empresa, independente do
seu tamanho ou segmento, incorre despesas, mesmo aquela prestadora de serviço por
menor que seja, computa-se a hora trabalhada afim de que os preços cobrados cubram
8
os gastos realizados no serviço como exemplo, o desgaste e depreciação de
equipamentos e veículo realizado na execução do serviço.
Assim, conhecer os custos e despesas é suma importância para que as empresas
comercializem estes produtos e serviço de modo que seu preço de venda seja suficiente
para cobrir todos os custos e despesas da empresa e ainda proporcione lucro ao
proprietário.
“A correta formação de preços de venda é questão fundamental para a
sobrevivência e crescimento das empresas, independente do porte e da área de atuação.”
(WERNKE, 2001 p.126).
Visto a relevância do assunto no que tange correta formação do preço de venda
para a sobrevivência da micro e pequena empresa, este artigo tem como objetivo propor
a formação dos preços dos produtos comercializados pela empresa Marcante Magazine,
por meio da utilização da fórmula do MarkUp.
Para atingir este objetivo geral, serão executados objetivos específicos como a
descrição do atual processo de formação de preços, para a identificação das
oportunidades de melhoria neste processo e posterior adaptação deste processo ao
método do MarkUp.
9
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 A Empresa Familiar
O empreendedorismo pode ser compreendido como a arte de fazer acontecer com
criatividade. Consiste no prazer de realizar e inovar qualquer projeto pessoal ou
organizacional.
O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade
(Dolabela, 2010.)
Aqui, observa-se bem a diferença entre a figura do empresário e do
empreendedor. Para o empreendedor a inovação é imperativo no mundo dos negócios.
Toda micro e pequena empresa é idealizada para dar certo. Estas nascem
motivado por um sonho do seu fundador, sendo que a maioria destas, raras são as
exceções, são empresas familiares.
As empresas familiares vêm adquirindo, ao longo dos últimos anos, uma
importância crescente no Brasil e no mundo, sendo inquestionável o seu relevante papel
socioeconômico desempenhado.
Segundo Gersick,(1997, Apud MACEDO, 2009, p.20) “ em 1997 das 500
maiores empresas listadas pela revista Fortune, 40% delas eram de propriedade de
famílias ou por elas controladas.”
Por ser a forma predominante a no Brasil estima-se que este modelo de
negócios gere mais de 60% dos empregos nacional e dos impostos que
recolhem aos cofres públicos, sendo a grande impulsionadora do
desenvolvimento econômico.
Falar de empresa familiar tende-se a pensar algo negativo, pensamos nos
conflitos que existe entre a família empreendedora, pensamos na
concentração do poder muitas vezes nas mãos dos fundadores e
principalmente a não profissionalização. Porém um estudo realizado pela
escola de negócio Wharton e Havard em pesquisa realizada de 1994 a 2000
nas 500 empresas citadas pela revista Fortune, verificou-se que as empresas
familiares tiveram um melhor resultado do que as empresas não familiares.
(MACEDO, 2009, p.23).
Ao conceituar a empresa familiar dentre outras características a principal delas é
diz que o controle acionário ou a administração está concentrada nas mãos de uma
mesma família.
10
Assim define Macedo (2009,p.29)
“Empresa familiar é toda organização que originada na família, tem o
controle acionário detido por esta, podendo os seus membros participar ou
não da gestão independente de qual geração deles se encontre o poder no
poder, desde que a sucessão do controle acionário aconteça para um ou mais
membros da mesma família”.
No mesmo sentido define Bernhoeft (1989,p.35) “ Uma empresa familiar é
aquela que tem sua origem e sua história vinculadas a uma família; ou ainda, aquela que
mantém membros na administração dos negócio.” O autor acredita ainda que, para que
haja o enquadramento de uma empresa no conceito de familiar, é preciso que a
confiança tenha um papel imprescindível na relação entre os familiares que nela
trabalham – e que essa confiança é o motivador, na maioria das vezes, da escolha dos
profissionais para os cargos que ocupam.
Corroborando que a empresa familiar possui como característica principal a
administração concentrada nas mãos de uma mesma família e dando ênfase a sucessão
hereditária, Lodi (1993, p. 6) define a empresa familiar “Aquela em que a consideração
da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais
da firma identificam-se com um sobrenome da família ou com a figura de um
fundador”.
Portanto, a característica destas empresas, as familiares, se condiciona à sucessão
dos dirigentes da empresa por familiares.
2.2 Características
Ao estudar a respeito da empresa familiar no Brasil identificam-se algumas
características. A principal e a que a caracteriza é a presença de uma família na
administração. Dando ênfase a gestão temos uma complexidade maior no modo de
gestão da empresa familiar, pois os laços familiares influenciam diretamente conforme
explica Macedo: ( 2009, p.30.) “A complexidade da gestão na empresa familiar é muito
maior que a não familiar, pois na primeira existe o envolvimento emocional dos
membros da família que fazem parte da gerência, enquanto na outra as emoções não se
misturam com relações familiares”.
Já Bernhoeft,(1989,p.36) corroborando com Macedo cita outras características tais
como:
11
“Forte valorização da confiança mútua, independente de vínculos
familiares;
Laços afetivos extremamente fortes influenciando os comportamentos,
relacionamentos e decisão da organização;
Valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de
eficácia e competência;
Exigência de dedicação caracterizada por atitudes tais como não ter horário
para sair;
Postura de austeridade seja na hora de vestir, seja na administração dos
gastos;
Expectativa de alta fidelidade, manifestada através de comportamentos
como não ter outras atividades profissionais não relacionadas com vida da
empresa.
Dificuldades na separação entre o que é emocional e racional, tendendo
mais para o emocional.
Jogo de poder, onde muitas vezes mais vale a habilidade política do que a
capacidade administrativa”
2.3 O Planejamento Sucessório
Toda empresa nasce ou de um sonho ou de uma necessidade identificada pelo
fundador. Começa pequena, muitas vezes com recursos financeiros escassos. Pouco
profissionalizada em seus processos e em sua grande maioria integrantes da família
fazem parte como, por exemplo, esposa e filhos. Com o passar dos anos a empresa
cresce, ganha corpo, seus processos e gestão são profissionalizadas, outros integrantes
da família ou não fazem parte da empresa. O sonho do fundador é constituir uma
empresa afim que seus filhos, a segunda geração, deem continuidade. Mas daí surge
uma das maiores dificuldade das empresas familiares: a sucessão.
Assim, explica Lodi (1994, p.7) que “ o fundador cria a empresa a partir de um
sonho pessoal e chega ao fim da vida com dificuldade de compartilhar o seus valores
com a segunda geração.”
Assim é importante diferenciar a figura do empreendedor e do empresário. O
empreendedor cria, inova um produto ou um negócio que constitui uma nova empresa.
Já o empresário é que consolida, da continuidade, fazendo com que a empresa
ultrapasse a sua existência.
Observa-se que nas empresas familiares que sentimentos, emoções e valores são
compartilhados entre os membros da família, pois dificilmente consegue-se separar
família e empresa em empresas familiares, daí surgem conflitos de interesses, conflitos
de gestão, principalmente em sua fase do planejamento sucessório.
O planejamento sucessório é visto pela maioria dos autores como a principal
dificuldade nas empresas familiares.
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Segundo Bernhoeft (1989,p.23) “Entre os desafios importantes cabe destacar o
encaminhamento do processo sucessório, pois ele tem relação direta com a
sobrevivência e a expansão do próprio negócio”
Ainda conforme o autor, o processo sucessório na empresa familiar é relevante e
delicado. Não pode ser tratado sob os aspectos lógicos da administração, pois envolve
pontos afetivos e emocionais relacionados com a própria estrutura familiar.
Corroborando com a importância do processo sucessório na empresa familiar
Oliveira (1999, p.24) relata “O processo sucessório representa um dos momentos mais
importantes para que se otimize a continuidade da empresa familiar.”
Por fim, constata-se que o planejamento no processo sucessório é vital para a
sobrevivência das empresas familiares, principalmente porque está ligada a
continuidade e ao sucesso ou fracasso destas empresas.
2.4 Administração Financeira
Saber aonde se quer chegar é importante para qualquer empresa. No filme Alice
no país das maravilhas, do escritor Charles Lutwidge Dodgson, há um trecho na obra
onde Alice está perdida e encontra o gato em cima de uma árvore. Ao vê-lo, Alice
pergunta para onde vai a estrada em que ela caminhava. O gato pergunta: para onde
você quer ir? Não sei, respondeu Alice. “Se você não sabe para onde quer ir, qualquer
caminho serve” respondeu o gato.
É assim que muitas micro e pequenas empresas sem encontram, sem
planejamento. Planejar é a condição básica para uma gestão eficiente e eficaz dos
recursos organizacionais.
Drucker (1976) cita que planejamento não diz respeito a decisões futura, mas às
decisões futura de implicações presentes.
Dentre vários recursos que dispões uma empresa, como por exemplo, recursos
humanos, tecnológicos, materiais, entre outros, os recursos financeiros assume grande
importância para uma empresa, pois na área financeira estão envolvidas as decisões
relacionadas a investimentos, financiamentos e distribuições dos lucros empresariais.
Consoante a isso no que diz respeito à administração financeira, Camargo (2007,
p.17) diz: “O objetivo da administração financeira é garantir maior rentabilidade sobre o
capital dos proprietários de uma empresa, sem, no entanto, descuidar-se das obrigações
para com terceiros”.
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Já Gitman (2004, p.4) é mais abrangente no que tange as funções do
administrador financeiro das empresas. Explica o autor:
Os administradores financeiros devem gerir ativamente os assuntos
financeiros de qualquer tipo de empresa – financeiras e não financeiras
privadas e públicas, grandes e pequenas com ou sem fins lucrativos. Eles
desempenham as mais diversas tarefas financeiras tais como planejamento,
concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos de investimentos e de
captação de fundos para financiar as operações das empresas.
Sendo assim a administração financeira através de suas ferramentas em suma
compreende estimar os recursos financeiros necessários para os objetivos da empresa
sendo uma ferramenta indispensável para que a empresa alcance os objetivos.
2.5 Gestão de Custos
Não menos importante que a administração financeira e sim correlacionada, a
gestão de custos é fundamental para a empresa. Uma empresa no exercício de um mês,
dispende gastos em suas operações, pois mesmo que não ocorram vendas, terá custos
com luz, água, folha de pagamento entre outros. Assim, conhecer os custos envolvidos
numa empresa é de fundamental importância para a tomada de decisão.
“A contabilidade de custos refere-se hoje às atividades de coleta e fornecimento
de informações para as necessidades de tomada de decisão de todos os tipos.” (Leone,
2000 p.22)
Assim conhecer os custos de suas atividades é condição básica para administrar
qualquer empresa, e para isso é importante conhecermos a nomenclatura e conceitos
envolvidos na gestão de custos.
Para Wernke (2005, p.3) “Para gerenciar custos e preços é imprescindível
compreender corretamente os conceitos relacionados”.
Ainda conforme Wernke (2005), o termo Gasto é utilizado para descrever as
ocorrências nas quais a empresa despende de recursos ou contrai uma obrigação (dívida)
perante terceiros para obter algum bem ou serviço que necessite para a suas operações
cotidianas.
Para Megliorini (2001, p.7) “gastos é o compromisso financeiro assumido por
uma empresa na aquisição de bens ou serviços”.
O mesmo autor esclarece que dependendo da finalidade do gasto, este pode
receber a nomenclatura de investimento, despesas ou custos.
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Para Wernke (2005, p.3) “classificam-se como investimentos os gastos efetuados
na aquisição de ativos com a perspectiva de gerar benefícios econômicos em períodos
futuros”.
Já Megliorini (2001, p.7) conceitua investimento como “todos os bens e direitos
registrados no ativo das empresas para baixa em função de venda, amortização,
consumo, desaparecimento, perecimento, ou desvalorização”.
Para Wernke (2005, p.4) a despesa “abrange o valor dependido voluntariamente
com bens ou serviços utilizados para obter receitas”.
Já Martins (apud, Leone, 2000, p.52) conceitua despesa como “bem ou serviços
consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”.
Wernke (2005, p.4) conceitua custos como “os gastos efetuados para fabricar
produtos ou prestar serviços”. Como por exemplo, a matéria-prima consumida, energia
elétrica ou água utilizada no processo produtivo.
Segundo Leone (2000, p.54) a definição de custos será “o consumo de um fator de
produção, medidos em termos monetários para a obtenção de um produto, de um
serviço ou de uma atividade que poderá ou não gerar renda”.
Já Megliorini (2001, p.8), diz que “custos são a parcela do gasto ligado à
produção, como a mão-de-obra da área fabril, matéria prima, aluguéis de prédios da
fábrica, depreciações das máquinas e instalações fabris, energia elétrica consumida na
fábrica etc”.
Assim com referência em autores:
Figura 1 – Conceitos contábeis
GASTOS INVESTIMENTO
Dispêndio de Recursos. Gastos com expectativa
Pode abranger demais conceitos. de benefício futuro.
DESPESA CUSTOS
Gasto administrativo para obter Gastos decorrentes no processo
receita direta ou indiretamente de produção
Fonte: Elaborado pelo autor (2017), a partir de Megliorini (2001)
2.6 Formação do Preço de Venda
Segundo Kotler: (2003, p.263) “O preço é o único elemento do mix de marketing
que produz receita; todos os outros representam custos.”
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Todas as empresas visando lucro ou não, precisam determinar preços para seus
produtos ou serviços.
Nas empresas a principal fonte de receita vem através da venda dos produtos ou
serviços, e bem sabemos que estas receitas tem que ser suficiente para cobrir todos os
custos e despesas da empresa e proporcionar lucro para o dono.
“O preço deve ser formado de maneira a cobrir todos os custos, despesas fixas,
despesas variáveis de vendas e os impostos, de forma que o residual, combinado com o
giro de capital empregado, propicie o retorno esperado.” (Bernardi, 2004 p.164)
Geralmente as grandes empresas possuem um sistema que conseguem mensurar
todos os custos e despesas que auxiliam na formação do preço de venda. Já a grande
maioria das micro e pequenas empresas familiares não possuem nenhum sistema e
muito menos entendem a composição das variáveis que compõem acarretando na
maioria das vezes a formação dos preços sem um critério técnico, usando margens de
lucro arbitrária ou tão somente baseado no preço da concorrência.
Conforme Bernardi (2004, p.121).
Estabelecer uma política de preços bem-sucedida é assunto de vital
importância, de grande complexidade e responsabilidade. O número de
variáveis quantitativas e qualitativas, incertezas, probabilidade e eventos a
considerar e ponderar, para sua definição é extenso, abrangendo aspecto
externo e interno, interdependências e interações sistêmicas, por vezes
caóticas.
Contudo, o processo de determinação de preços de venda deve merecer a atenção
especial do gestor da empresa, dado a importância que o assunto representa, inclusive
em termos de obtenção de resultados, grau de retorno do investimento, fatia de mercado
desejada pela empresa e demais fatores de caráter empresarial.
A exata determinação do preço de venda dependerá das corretas informações
lançadas com relação a dados históricos de custos, custos atuais e de aquisição de
matéria-prima e previsão faturamento.
As decisões de preços são diretamente dependentes do volume de vendas, do grau
de eficiência do mix em termos de resultado direto, do nível de despesas de vendas e
administrativas, bem como das necessidades financeiras para o atendimento do volume
de operação projetada.
Pode-se dizer que as empresas enfrentam sempre um dilema tradicional em
preços, qual seja: encontrar o melhor preço de venda ou encontrar o preço certo de
venda.
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É possível encontrar situações em que o preço fixado internamente constitui,
efetivamente, o melhor preço para a empresa em termos de resultado, não encontrando,
porém, plena aceitação em termos de mercado.
Assim, para diminuir discrepâncias e apropriar os custos operacionais, custos de
aquisição e outros, dentre muitas maneiras usadas para formar o preço de venda a mais
usual é chamada de MarkUp ou Taxa de marcação, tece Bernardi (2004)
Figura 2 – Fórmula do MakUp multiplicador
Fonte: Elaborado pelo autor (2017), a partir de Bernardi (2004)
%CF: Custo Fixo em relação ao faturamento bruto.
%CV: Custos de Venda.
Cabe assim salientar que a “taxa de marcação em sua fórmula oferece um fator
que é aplicado ao preço de custo de compra de uma mercadoria ou sobre o custo total de
um serviço cujo resultado se dá como um preço orientativo mínimo para
comercialização”, explica Bernardi (2004, p.164, grifo nosso)
Assim, é importante repassar aos clientes todos os custos e despesas referentes à
comercialização do produto ou serviço.
Cabe atenção especial na taxa de marcação, pois sua fórmula é composta de
informações que variam de cliente para cliente como, por exemplo, margem de lucro
almejada, impostos, comissões, custos etc, contribuído para diferentes resultados.
Dando um conceito técnico a respeito do mark-up explica Bernardi (2004, p.164,
grifo nosso):
“ao utilizar o mark-up será estruturado conforme a incidência de impostos, as
despesas variáveis de venda, a inclusão das despesas operacionais e o lucro
desejado na venda, observadas as circunstância e interesses mercadológicos e
financeiros, as experiências passadas, tudo combinado de forma equilibrada
para que a empresa consiga atingir seus objetivos. O preço formulado com
o mark-up é um referencial a ser analisado ( não mais uma imposição ao
mercado ).”
Em se tratando de formar um preço de venda surge um grande dilema: qual
margem de lucro deve ser considerada no MarkUp?
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Desta forma, é importante para precificação de produtos ou serviços, que a
empresa defina e analise uma estratégia de venda de seus produtos, fatores internos
como custos, despesas, processos entre outros e fatores externo como economia,
mercado etc. Para isso é deve entender o significado de preço e valor.
Para Kotler (2003,p.263) “Preço é a quantidade em dinheiro que se cobra por um
produto ou serviço”
Kotler (apud, Lima, 2007 p. 21) conceitua valor como a soma de benefícios que o
cliente espera receber pelo uso do produto ou serviço.
Já o famoso mega investidor Norte Americano Warren Buffet esclarece: “Preço é
quanto você paga, valor é o que você recebe.” (Lima, 2012,p.83)
Dada a importância de se definir uma estratégia de venda de produtos ou serviços
da micro e pequena empresa, a constituição da margem de lucro depende vários fatores
como explica Wernke (2005, p.152), que destaca que devem ser considerados, entre
outros, os seguintes pontos:
a) a estratégia de competição a ser adotada: quando as empresas optam
por competir com produtos diferenciados geralmente as margens de
lucro são maiores;
b) a existência de produtos similares: a facilidade de importações e a
existência de diversos concorrentes em determinados segmento
permitem que os consumidores tenham uma maior oferta de produtos,
podendo escolher entre inúmeros artigos semelhantes. Com isso, as
margens de lucro devem ser ajustada a maior ou menor concorrência
existente;
c) o volume previsto de venda: quanto maior o volume previsto de venda
para determinado produto, menor pode ser a margem de lucro repassada
ao preço de venda. Isso implica considerar um antigo axioma comercial
que defende que “é preferível ganhar pouco por unidade vendendo
grande quantidade, do que ganhar muito por peça vendendo pouco”;
d) os seguimentos de mercado a serem atingidos: o mesmo produto pode
ser comercializado em mais de um segmento de mercado e podem ser
praticadas margens de lucro específica para cada um destes, conforme a
conveniência comercial ou a necessidade de expandir territórios de
venda.
e) políticas de preços de atração: no comércio, principalmente, é comum
a utilização de margens de lucro baixas em determinados produtos que
servem como “atração” ao consumidores [...]”
2.7 Capital de Giro
No cenário econômico em que as empresas estão inseridas, as alterações de
mercado e incertezas como, por exemplo, variações sazonais de preços e produtos,
conjuntura política e econômica, poder de compra das famílias, inflação e a
concorrência acirrada forçam os gestores a tratarem com maior atenção os recursos de
curto prazo da empresa.
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Essas modificações mercadológicas afetam diretamente as micro e pequenas
empresas do setor comercial e a eficiência de uma gestão financeira de curto prazo é de
extrema importância para o sucesso da organização.
Toda empresa principalmente em sua fase inicial necessita de dinheiro para
movimentar suas operações de compra e venda de seus produtos e serviços. Muitas
dessas vendem a prazo, ou seja, recebem o valor da venda em um determinado número
de dia necessitando de reservas monetárias até o recebimento total do produto ou
serviço vendido. Esse processo é chamado capital de giro.
Pode-se entender o capital de giro como o capital necessário para financiar a
continuidade das operações da empresa, como recursos para financiamento aos clientes
pincipalmente nas vendas a prazo, recursos para manter estoques e recursos para
pagamento aos fornecedores, compras de matéria-prima ou mercadorias de revenda,
pagamento de impostos, salários e demais custos e despesas operacionais.
É comum acontecer descompassos financeiros devido as vendas e os recebimentos
à prazo fazendo com que a empresa necessite de capital de giro para ajustar o
descompasso financeiro. Surge nesse momento a necessidade de capital de giro.
O capital de giro é conceituado como os valores constantes nas contas dos ativos
circulantes, ou seja, as disponibilidades financeiras, contas a receber e estoques que
custeiam as necessidades operacionais da empresa.
Nesse sentido Moraes (2011, p.3) afirma que “o capital de giro representa os
recursos movimentados no curto prazo e está associado ao gerenciamento de caixa,
estoques, clientes e outros direitos que fazem parte do ativo circulante da empresa”.
Assim entende-se o tempo entre recebimentos e pagamentos diretamente ligado ao
capital de giro da empresa.
Segundo Augustini (1999, p.23)
“A característica dominantes dos recursos que totalizam o capital de giro é o
curto espaço de tempo em que estes mesmo recursos são transformados em
outros ativos. Ou seja, estoques transformam-se em contas a receber que por
sua vez, transformam-se em disponível que é utilizado para compra de
matéria prima e assim por diante.”
Os norte americanos tem uma expressão no mundo dos negócios que conhecemos
“times is money” que traduzindo para o português significa “tempo é dinheiro.
Sabemos que o dinheiro tem seu valor no tempo, e que ao longo do tempo a
tendência é o dinheiro se desvalorizar principalmente devido à inflação. Frente a isso as
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empresas procuram manter parte do capital investido em aplicações corrigindo
monetariamente até usarem para outros recursos.
2.8 Ciclos Econômico, Operacional e Financeiro
Uma variável importante a considerar na gestão de estoque e principalmente na
formação do preço de venda são os ciclos econômico, financeiro, e operacional.
Assim define Bernardi (2004, p,103) “ Ciclo econômico é o prazo decorrente
entre a aquisição de recursos e a venda do produto, mercadoria ou serviço.”
Corroborando Ramos (2011, p.83)
“É o período em que a mercadoria permanece nas dependências da empresa,
ou seja, inicia-se com a compra da mercadoria e encerra-se com a venda da
mesma. Este ciclo é o giro de estoques, ele nos diz quanto tempo a empresa
está demorando a girar o seu estoque. Quanto maior for o estoque, mais lento
será o giro do mesmo, ocasionando, inclusive, numa possível insuficiência
crônica de caixa, forçando-a a captação sistemática de recursos de terceiros
comprometendo a saúde financeira da empresa.”
Já o ciclo financeiro Bernardi (2004, p.103) “Ciclo financeiro é o prazo decorrente
entre os pagamentos dos recursos adquiridos e o recebimento das vendas.”
Ramos (2011, p. 83) refere-se que clico financeiro “Tem início com o desembolso
de numerários para a aquisição da mercadoria que será revendida pela empresa e
encerra-se com o recebimento relativo à venda da mesma.”
Tratando-se do ciclo operacional, Gitman (2004, p. 513) diz que “o ciclo
operacional de uma empresa é o prazo desde o início do processo de produção ao
recebimento de caixa resultante da venda do produto acabado.”
Corroborando com Gitman (2004), Camargo (2007) diz que o “ciclo operacional é
o período de tempo que vai desde o momento em que a matéria prima é adquirida,
passando pelo processo de transformação, pela venda do produto até o seu
recebimento.”
Assim, entende-se que o ciclo operacional representa os ciclos, o financeiro e o
econômico juntos, iniciando-se quando da compra da mercadoria e encerrando-se
quando da venda ou do recebimento dos recursos da venda.
20
Figura 3 - Ciclos econômico, financeiro e operacional
Fonte: Elaborado pelo autor (2017), a partir de Hoji (2001)
Segundo Hoji (2001, p.85) “o Ciclo Operacional inicia-se junto com o Ciclo
Econômico ou Ciclo Financeiro, o que o correr primeiro, e encerra-se junto com o
encerramento do Ciclo Econômico ou Financeiro, o que ocorrer por último.”
É importante ressaltar que na maioria das micro e pequenas empresa do comércio
não há processo de transformação de matéria-prima em produto, pois nestas empresas
adquirem-se o produto finalizado e os comercializam como, por exemplo, sapatos,
roupas, eletrodomésticos etc.
Assim no que se refere a respeito do ciclo operacional iniciar com o ciclo
financeiro tem-se como exemplo, quando uma empresa adquire um produto de um
fornecedor sem fabricá-lo e recebe o pagamento deste, findando o ciclo operacional.
21
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Do ponto de vista da natureza, Martins (2000), cita que esta é uma pesquisa
aplicada, pois visa gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidos à soluções de
problemas específicos.
Relativo à abordagem do problema, Fachin (2002) explica que a mesma é
qualitativa, pois considera que existe uma relação entre o mundo e o sujeito que não
pode ser traduzida em números.
Conforme Gil (2002), esta pesquisa tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já
analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o
assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa
bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta, explica Yin (2005).
De acordo com Martins (2008), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo
exaustivo e em profundidade de poucos objetos, de forma a permitir conhecimento
amplo e específico do mesmo; tarefa praticamente impossível mediante os outros
delineamentos considerados.
22
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Histórico da Empresa
A empresa Marcante Magazine foi funda pelo senhor Geraldo e sua esposa Neide
em 2005 na cidade de Tubarão/SC. Atuando no comércio de roupas adulto feminino e
masculino. Assim como toda empresa familiar, a administração era exercida pelo senhor
Geraldo com o auxílio da sua esposa Neide e sua filha Juliana.
A loja desde a inauguração em 2005 possuía um mix de produtos em roupas,
atendendo homens, mulheres e crianças a partir dos 12 anos de idade. Naquela época
além da esposa e da filha a loja contava com mais três atendentes para suprir a
demanda.
Em 2010 foi inaugurada a segunda empresa no mesmo segmento na cidade de
Joinville. Com duas empresas e tendo dificuldade na gestão com o divórcio, em 2013 a
filha Juliana juntamente com a mãe Neide assumiram a empresa de Tubarão.
Muitas foram as dificuldades enfrentadas, principalmente pela falta conhecimento
dos processos e rotinas administrativas que abrangem a gestão de uma empresa.
Ressalta-se que a filha Juliana, apesar de ser fisioterapeuta por formação, nunca
exerceu o mister da sua profissão. Com o passar dos anos frente as dificuldades que seu
pai tinha em administrar as duas empresas principalmente após o divórcio com
assenhora Neide, motivou-a a tomar a frente da empresa em Tubarão em 2013.
Naquela época, a empresa quando administrada pelo pai, os processos
administrativos da empresa eram precários. Assim como toda empresa familiar todos os
familiares assumiam diversas funções. Todo o controle financeiro, compras, contratação
entre outros eram feitos pelo senhor Geraldo, sendo feita nos mesmos modos de gestão
após a aquisição feita pela filha.
4.2 Proposta de estruturação do processo de formação de preço da empresa
marcante magazine.
No final de 2016 em treinamento ministrado pela Casa do Microcrédito, o
presente autor conheceu a proprietária da Marcante Magazine, Sra. Juliana, a qual
solicitou a realização de diagnóstico para possíveis soluções do problema da empresa.
Em janeiro de 2017 foi realizada a visita na empresa e verificaram-se diversos
pontos críticos sendo os de mais relevantes no que tange os processos administrativos
de uma empresa:
23
Não possui fluxo de caixa ou controle de gestão financeira;
Não possui um controle e análise de custos/despesas;
Os preços de vendas de seus produtos são formados sem critério de rateio;
Não possui controle de estoque, haja vista, que a empresa possui um estoque;
Não possui política de venda a prazo;
Elevadíssimo estoque, com alguns produtos com mais de 2 anos;
Não possui cadastro de clientes;
Não possui um plano de marketing a fim de fidelizar e ampliar o relacionamento com o
cliente;
Má apresentação do seu mix de produtos. Produtos masculino e feminino misturados;
Após serem levantados os pontos e rotinas administrativas elaborou-se o seguinte
plano de ação.
Tabela 1 - PLANO DE AÇÃO: Custo / Financeiro
Atividades Procedimentos Grau PRAZO
Despesas Operacionais
Apurar todas as despesas fixas mensais
URGENTE
02 DIAS
Custos com a
comercialização dos
produtos.
Apurar todos os custos e despesas
relativo a venda dos produtos.
URGENTE
02 DIAS
Faturamento Bruto
Estabelecer o faturamento bruto da
empresa baseado em hist. de venda,
volume de venda etc.
URGENTE
02 DIAS
Fluxo de Caixa
projetado
Apurar todas as entradas e saídas
presente e futuras.
URGENTE
02 DIAS
Preço de Venda
Mark Up
Elaborar o Preço de venda com as
informações levantadas.
URGENTE
01 DIA
Política de venda á prazo Criar critério para a concessão do
crédito.
URGENTE
01 DIA
Tabela de Venda á prazo Criar Tabela e capitalização a juros
composto para venda parcelada.
URGENTE
01 DIA
CAPITAL DE GIRO Estimar a necessidade de capital de giro
para a empresa.
URGENTE 03 DIAS
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
Elaborado o plano de ação, iniciou-se a apuração dos custos a fim de formar um
correto o preço de venda de seus produtos através do método do MarkUp. Afinal, a
principal fonte de receita advém das vendas dos produtos comercializados na empresa e
era a principal medida ser tomada. Haja vista que os preço eram formados sem critério
atribuindo uma margem apenas de 100% do preço de custo da compra.
24
Assim, após a análise apresentou-se as seguintes informações.
Tabela 2 – Informações de custos e despesas.
DESPESAS OPERACIONAIS FIXAS
CUSTOS DE VENDAS
ALUGUEL R$ 1.000,00
CUSTO TAXA
ÁGUA R$ 27,00
TX CARTÃO CRÉDITO 5%
LUZ R$ 120,00
COMISSÃO VENDAS 3%
TEL. FIXO R$ 90,00
IMPOSTO 5%
INTERNET R$ 60,00
CDL R$ 100,00
TOTAL CUSTO VENDA 13%
SISTEMA LOJA R$ 80,00
CONTADOR R$ 300,00
PERC.% CUSTO-FAT 15,66%
MENS MAQ.CARTÃO R$ 80,00
IPTU R$ 75,00
ALVARÁ R$ 29,17
FATURAMENTO BRUTO DE VENDAS
CONTA.CORRENTE BANCO R$ 36,00
OUTROS R$ 500,00
R$ 60.000,00
Folha E Tributos
SALÁRIO R$ 2.400,00
PRÓLABORE R$ 1.500,00
IMPOSTO SIMPLES R$ 3.000,00
TOTAL R$ 9.397,17 Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
Diante das informações levantadas verificou-se que a empresa tem
aproximadamente R$ 9.397,17 reais em despesas operacionais fixas, seu faturamento
bruto médio mensal é de R$ 60.000,00 reais, os custos variáveis com a comercialização
são de 13% e o percentual das despesas operacionais em relação ao faturamento bruto
são de 16%.
Assim com essas informações podemos montar o preço utilizando a técnica do
MarkUp e fazermos um comparativo de como era feito antes.
No exemplo 01 abaixo, nota-se se o preço é formado de forma empírica, sem
critério de rateio como a maioria das micro e pequenas empresas, principalmente nas
familiares. Atribui-se uma margem de lucro que geralmente é de 100% sem motivo
lógico, dando a impressão para o empresário que a margem de lucro líquida é de 100%.
Ocorre que da forma que é calculada leva-se com base para a formação do preço
somente o custo de aquisição da mercadoria, desconsiderando as despesas operacionais
e outros custos como por exemplo a taxa de cartão de crédito, comissões entre outros.
25
Tabela 3 - Exemplo 01 – Como era feito Custo de Aquisição R$ 75,00
% Lucro 100
Preço Sugerido
R$ 150,00 Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
As micro e pequenas empresas em seu dia-dia dispende de custos e despesas fixas,
ou seja, mesmo não comercializando uma só mercadoria em um dia, há custos diário
como luz, mão de obra ociosa entre outros.
Para isso é importante além dos custos de comercialização, ratear as despesas
fixas da empresa. Para isso o método de formação de preço através do MarkUp se torna
eficiente, pois, pode-se atribuir ao preço de venda os custos e despesas da empresa.
Figura 4 - Exemplo 02 – Como é feito – MarkUp multiplicador.
Fonte: Elaborado a partir de Bernardi (2004)
Dados levantados da Empresa estudo de caso;
%CF = (9.397,17 / 60.000)x100 = 15,66%
%CV = 5% + 3% + 5% = 13%
% Lucro = 22 %
Índice Markup = 100
100 – (15,66 + 13 + 22) = 2,027
Multiplicando o índice ao preço de custo da mercadoria temos:
Preço da Bolsa: R$ 75,00
Índice MarkUp: 2,027
Preço Orientativo para a venda: 75 x 2,027.. = R$ 152,01
Assim decompondo o preço de venda orientativo com o uso do MarkUp podemos
repassar ao preço de venda uma parcela das despesas fixas, custos variáveis de
comercialização entre ouros conforme abaixo:
26
Tabela 4 - Decomposição de preço
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
De maneira para simplificar e visualizar as despesas e custos incidentes para a
formação do preço orientativo de venda, foi implantada planilha de MarkUp abaixo.
Tabela 5 - MarkUp de Preço Markup de Preço
CUSTO DE AQUISIÇÃO
Custo Unitário R$ 75,00
Preço de Venda Sugerido
(+) IPI -
(+) Frete -
(+) ICMS ST
R$ 152,01
( - ) ICMS
(+) Outros Custos -
(=) Custo Total 75,00
% Lucro Desejado 22,00
Faturamento em Venda R$ 60.000,00 Venda 152,01 100,00%
Custo Fixo Médio R$ 9.397,17 ( - ) Custo do Produto 75,00 49,34%
% Custo Fixo 16 ( - ) Custo Fixo 23,81 15,66%
Custo Variáveis ( - ) Simples 7,60 5,00%
% Imposto Simples 5,00 ( - ) ICMS - 0,00%
% ICMS ( - ) Inadimplência - 0,00%
% Inadimplência ( - ) Cartão de crédito 7,60 5,00%
% TX. Cartão de Crédito 5,00 ( - ) Desconto para venda à vista - 0,00%
% Desconto para venda à vista ( - ) Comissão Vendas 4,56 3,00%
% Comissão Vendas 3,00 ( - ) Outros - 0,00%
% Outros ( = )Lucro Desejado 33,44 22,00%
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
Desta forma, pode-se perceber que a formação do preço estava sendo feito de
empírica, sem critérios de atribuição de margem de lucro e rateios dos custos e
Venda 152,01 100,00%
( - ) Custo do Produto 75,00 49,34%
( - ) Custo Fixo 23,81 15,66%
( - ) Simples 7,60 5,00%
( - ) ICMS - 0,00%
( - ) Inadimplência - 0,00%
( - ) Cartão de crédito 7,60 5,00%
( - ) Desconto para venda à vista - 0,00%
( - ) Comissão Vendas 4,56 3,00%
( - ) Outros - 0,00%
( = )Lucro Desejado 33,44 22,00%
27
despesas, o que pode levar a tais riscos como e mais diminuição considerada no
resultado da empresa pois como os preços não cobrem de forma eficaz custos e despesas
geralmente as empresas acabam recorrendo a capital de terceiros para sanar de forma
temporária pois o problema, “goteira” não foi sandado levando a empresa a sérios
problemas financeiros a curto prazo e decretando sua falência pois vimos que a
principal fonte de receita destas empresa são as vendas e a correta formação do preço de
venda e importante para a sua sobrevivência.
Como a empresa não tinha ferramentas auxiliares para a gestão da empresa
principalmente para apurar de forma gerencial e auxiliar a tomada decisão, além da
utilização do MarkUp para formar o preço orientativo de venda, elaborou-se outras
planilhas para orientar a empresa como por exemplo um demonstrativo de resultado de
exercício – DRE – gerencial, afim de acompanhar a evolução econômico financeira da
empresa através das análises vertical e horizontal da empresa, fluxo de caixa projetado
afim de auxiliar nas projeções de receitas e despesas e auxiliar numa futura necessidade
de caixa e venda a prazo para auxiliar a empresa em suas vendas com a incidência de
juros afim de capitalizar as vendas a prazo.
28
Tabela 6 - DRE – GERENCIAL
JANEIRO A V A H FEVEREIRO
Receita bruta R$ 60.000,00 76,50% R$ 45.900,00
Vendas R$ 60.000,00 R$ 45.900,00
Outras receitas
( - ) Impostos sobre faturamento R$ 3.000,00 76,50% R$ 2.295,00
SIMPLES R$ 3.000,00 R$ 2.295,00
Receita líquida R$ 57.000,00 100% 76,50% R$ 43.605,00
( - ) Custo dos Produtos Vendidos R$ 41.000,00 71,93% R$ 34.000,00
ROUPAS EM GERAL R$ 41.000,00 R$ 34.000,00
Lucro bruto R$ 16.000,00 28,07% 60,03% R$ 9.605,00
( - ) Despesas Totais R$ 9.597,17 16,84% 90,10% R$ 8.647,17
Despesa de venda R$ 3.000,00 44,57% R$ 1.337,00
Publicidade e propaganda
Comissões de vendas R$ 3.000,00 44,57% R$ 1.337,00
Provisão para devedores duvidosos
Outros
Despesa administrativa R$ 6.361,17 11,16% 106,49% R$ 6.774,17
Salários e encargos R$ 3.900,00 100% R$ 3.900,00
Aluguel + IPTU R$ 1.075,00 100% R$ 1.075,00
Luz + Água + Telefone + Internet R$ 297,00 141,41% R$ 420,00
Alvarás + Licenças R$ 29,17 100% R$ 29,17
Contador R$ 300,00 100% R$ 300,00
Outros + CDL + Cartão ... R$ 760,00 138,16% R$ 1.050,00
Despesa financeira R$ 236,00 0,41% 227,12% R$ 536,00
Juros bancários
Conta Corrente R$ 36,00 100% R$ 36,00
Outros - Invest estoque acima de 45 - 2% R$ 200,00 250% R$ 500,00
Lucro antes do imposto de renda R$ 6.402,83 11,23% 14,96% R$ 957,83
( - ) Imposto de renda R$ - R$ -
CSLL
IRPJ
LUCRO LÍQUIDO R$ 6.402,83 11,23% 14,96% R$ 957,83
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
29
Tabela 7 - FLUXO DE CAIXA PROJETADO
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5
Saldo Inicial R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Saldo Banco
Saldo total inicial disponível R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Venda à Vista
Cheque Pré-Datado
Recebimento Fiados
Venda Crédito
Venda |Débito
Receitas Financeiras
Total de Entradas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
DESPESAS FIXAS
Aluguel
Luz
Água
Telefone
Folha de Pagamento
Pró Labore
DESPESAS VARIÁVEIS
Comissão vendedores
Impostos
FORNECEDORES
Total de Saídas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Saldo Operacional/DIA R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Saldo Final R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
Em dinheiro
Em bancos
Em cheques
Em cartão
Total do Saldo Final R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
30
Tabela 8 - CÁCULO DA VENDA PARCELADA
VALOR R$ 500,00
TAXA 5%
Nº Parcelas TOTAL
1 R$ 525,00 R$ 525,00
2 R$ 268,90 R$ 537,80
3 R$ 183,60 R$ 550,81
4 R$ 141,01 R$ 564,02
5 R$ 115,49 R$ 577,44
6 R$ 98,51 R$ 591,05
7 R$ 86,41 R$ 604,87
8 R$ 77,36 R$ 618,89
9 R$ 70,35 R$ 633,11
10 R$ 64,75 R$ 647,52
11 R$ 60,19 R$ 662,14
12 R$ 56,41 R$ 676,95
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
4.3 – Resultados Obtidos
Inicialmente com a implantação do fluxo de caixa projetado, demonstração de
resultado do exercício e principalmente com a formação dos preços elaborado com o
MarkUp, a empresa obteve melhorias consideráveis em sua gestão, principalmente do
que tange a apropriação das despesas e custos no preço dos seus produto.
Com as análises feitas nos primeiros meses, a empresa pode conhecer seu
ponto de equilíbrio e estipular metas para a suas vendedoras, houve também uma
redução aproximadamente de 65% do estoque maior que 06 meses gerando um aumento
no caixa da empresa.
Outra melhoria importante foi na venda a prazo. Antes a empresa vendia em
até três vezes pelo preço à vista, ou seja, tendo como resultado em seu prazo médio de
recebimento o valor de 60 dias, sendo que a empresa não colocava os custos financeiros
decorrente por essa „espera‟ no recebimento, e nem colocava a taxa de desconto do
cartão de crédito que é de 3%.
31
Por fim, com as planilhas e análises elaboradas durante a consultoria na
empresa principalmente com o uso do MarkUp de preço, não só a empresa obteve
melhoria em sua gestão, mas também a proprietária que aprendeu conceitos,
ferramentas e rotinas administrativas usados agora no dia-a-dia na empresa.
32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente trabalho era propor a formação dos preços dos produtos
comercializados pela empresa Marcante Magazine, por meio da utilização da fórmula
do MarkUp.
Para tal apresentou-se a realidade do atual método de formação do preço, feito de
forma empírica, sem critério de rateio e colocando a saúde financeira da instituição em
risco, visto que a empresa não possuía nenhuma informação gerencial, ferramenta para
análise e gestão.
Com o uso do MarkUp, proporcionou-se uma melhor apropriação dos custos e
despesas fixas operacionais e custos de comercialização.
Elaborou-se tabelas auxiliares com a intenção de analisar as informações
econômico financeiras da empresa como o fluxo de caixa projetado, demonstrativo de
resultado de exercício e cálculo de venda parcelada entre outras.
Assim, acredita-se ter atingido o objetivo, pois, com o levantamento e análise das
informações, pode-se apropriar as despesas e custos ao preço de venda dos produtos
comercializados.
33
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