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SUMÁRIO
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho............................................................................................................. 04
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho
I................................................................................................................................... 16
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho
II................................................................................................................................. 28
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à
Saúde do Trabalhador........................................................................................... 40
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Apresentação
Neste quinto bloco estudaremos os vários aspectos relaciona-
dos à aplicação prática de tudo com que a Ergonomia pode contribuir
para a melhoria da Qualidade de Vida das pessoas.
Assim, na primeira aula deste bloco vamos analisar as conse-
quências que as lesões osteomusculares podem trazer ao indivíduo e
como elas influenciam em seu relacionamento com toda a sociedade.
Nas duas aulas seguintes estudaremos sobre a qualidade de vida e os
diferentes projetos que podem ser desenvolvidos nas empresas para
que funcionários, familiares e a própria empresa possam construir um
ciclo virtuoso de saúde e desenvolvimento. Finalizaremos este bloco
com a análise da contribuição que diferentes profissionais da saúde
podem trazer ao associar a Ergonomia e a Qualidade de Vida em prol
da saúde das pessoas.
UNIDADE
17
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
REPERCUSSÕES
DOS DISTÚRBIOS
OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS
AO TRABALHO
ERGONOMIA E
QUALIDADE DE VIDA
05
REPERCUSSÕES DOS DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO
Caro(a) Aluno(a),
Nesta aula analisaremos as consequências que as lesões osteo-
musculares podem trazer ao indivíduo e como elas influenciam no seu
relacionamento com toda a sociedade e chegaremos ao entendimento
de que o adoecimento das pessoas traz muito mais prejuízos do que
somente a doença clínica e seu tratamento, mas as consequências emo-
cionais, econômicas e de relacionamento.
Bom estudo!
Introdução
O diagnóstico do trabalhador com uma doença ocupacional,
mais especificamente um Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho (DORT), baseia-se na sua história profissional, nas condições
ambientais e ergonômicas do posto de trabalho e na sintomatologia
trazida pelo funcionário aos profissionais de saúde.
Os profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto (equi-
pe multidisciplinar) para que possam coletar a maior quantidade de
dados necessários para uma conclusão diagnóstica correta, o que pode-
rá favorecer o trabalhador individualmente (quando observado os
aspectos relacionados a microergonomia) e coletivamente (quando
observado os aspectos relacionados a macroergonomia ou ergonomia
organizacional). A própria natureza de trabalho desses profissionais de
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
06
saúde os coloca, muitas vezes, frente a suas próprias limitações, na
tentativa de promover a cura ou mesmo de impedir o avanço de
determinada doença.
Nos casos de DORT, o sujeito está exposto a uma redução ou a
uma total incapacidade laboral, temporária ou permanente. Isso signifi-
ca que, quando se atua na prevenção dessas doenças, deve-se identifi-
car não apenas a parte musculoesquelética que foi acometida, mas
também as condições de trabalho do trabalhador e o contexto no qual
ele está inserido, avaliando-o de forma holística.
O diagnóstico da DORT
Conforme estudamos na Unidade 16, a DORT deve ser enten-
dida como produto das interações que ocorrem entre o trabalhador e
seu ambiente de trabalho. Frequentemente são encontrados fatores
físicos e psíquicos que contribuem para essa relação.
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
fig. 01
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
07Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Em relação à fisiopatologia da DORT, Deliberato (2002)
apontou que as principais estruturas anatômicas
acometidas pelos Distúrbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho podem ser classificadas em dois grandes grupos: o de
estruturas localizadas no interior das articulações (sinóvias, cápsulas
articulares e ligamentos); e o das estruturas posicionadas ao redor das
articulações (tendões, músculos, fáscias e nervos).
Segundo Baú (2002) e Barbosa (2009) o diagnóstico dos
distúrbios classificados como DORT devem passar por etapas de
investigação clínica, conforme a seguir:
Ÿ História da doença atual: os relatos mais frequentes dos portadores
de DORT são a queixa de dor (localizada, irradiada ou generalizada),
conforme a sua cronicidade, acompanhada de desconforto, fadiga e
sensação de peso ou de queimação. Alguns trabalhadores relatam
também fraqueza muscular, formigamento, parestesia local e
diversas outras queixas encontradas em diferentes graus de
gravidade do quadro clínico.
Ÿ Comportamentos e hábitos relevantes: são as rotinas diárias do
trabalhador, dentro ou fora de seu ambiente de trabalho, que
p o d e m c a u s a r o u a g r a va r o s s i n to m a s d o s i s t e m a
musculoesquelético.
Ÿ Antecedentes pessoais: é o histórico clínico de traumas, fraturas ou
outras situações que possam ter desencadeado ou agravado a
queixa atual do trabalhador, devendo ser investigado.
Ÿ História Ocupacional: tão importante quanto o histórico clínico, é
muitíssimo importante entender onde o trabalhador trabalha, o que
ele faz e como faz, não economizando nos detalhes, pois é o
momento em que se pode fazer a relação da patologia apresentada
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
08
pelo trabalhador com o seu trabalho.
Ÿ Exame Físico: independentemente do profissional de saúde que
esteja atendendo o trabalhador, o exame físico pode contribuir ou
ratificar o histórico clínico relatado por ele.
Ÿ Exames Complementares: sozinhos, normalmente não são conclusi-
vos, devendo ser solicitados de acordo com as hipóteses diagnósti-
cas.
Esses dados devem ser associados às condições psicossociais,
às características da organização do trabalho, da ergonomia do posto
de trabalho, além de à idade e sexo do trabalhador a fim de ratificar uma
hipótese diagnóstica para um possível estabelecimento do nexo entre o
quadro clínico e o trabalho e a necessidade ou não de afastamento do
trabalhador para tratamento e reabilitação ocupacional (BELLUSCI,
1996).
Com relação às patologias mais comumente incluídas no
grupo dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, Bar-
bosa (2009) e Deliberato (2002) destacam as apresentadas no quadro a
seguir:
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
09Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Tratamento da DORT
Para o tratamento da DORT, os profissionais de saúde devem
utilizar de suas respectivas técnicas e habilidades, a fim de reabilitar o
trabalhador e reinseri-lo no ambiente ocupacional.
O sucesso para o retorno do trabalhador ao trabalho depende
sempre de medidas preventivas associadas às medidas corretivas no
ambiente de trabalho, envolvendo atenção tanto aos fatores ergonô-
micos do posto de trabalho quanto aos fatores educacionais do traba-
lhador: treinamento, aperfeiçoamento e condicionamento às modali-
dades e particularidades de cada posto de trabalho (BAÚ, 2002;
LUONGO e FREITAS, 2012). Figueiredo e Mont'alvão (2008, p. 58) refor-
çam que “a detecção precoce dos agravos à saúde constitui-se objetivo
permanente dos profissionais”. Para isso, conforme já estudamos em
outras unidades, deve-se identificar os riscos presentes no ambiente de
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
10EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
trabalho, analisando o modo operatório, as posturas, os movimentos e
a exigência de força muscular por parte do trabalhador, além da identi-
ficação de aspectos organizacionais e psicossociais.
Segundo Bellusci (1996, p. 117), “a interrupção dos estímulos
causadores e agravadores do quadro clínico deve acompanhar todo o
processo de recuperação da saúde”. Cabe à empresa possibilitar que a
equipe de saúde ocupacional acompanhe e garanta que os resultados
de tratamento sejam satisfatórios, permitindo o retorno do trabalhador
às suas atividades laborais.
O processo de tratamento normalmente é lento, e não é inco-
mum o trabalhador desistir do tratamento ou ainda retornar ao traba-
lho sem que o mesmo esteja concluído. Para Barbosa (2009) o trata-
mento do paciente com um Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao
Trabalho pode incluir:
Ÿ Medicação prescrita pelo médico;
Ÿ Fisioterapia para reduzir a sensação de dor e da inflamação além de
relaxar as regiões tensas e correção das posturas inadequadas;
Ÿ Apoio psicológico (psicoterapia);
Ÿ Atividades coletivas em grupos psicoterapêuticos e pedagógicos,
ou ainda em terapias corporais de relaxamento, alongamento, ree-
ducação postural e hidroterapia;
Ÿ Cirurgia, cuja indicação exige avaliação acurada e especializada,
devido à sua baixa resolutividade.
O retorno à atividade ocupacional deve ser gradual, devendo
haver a correção no posto de trabalho, no modo operatório e na orga-
nização do trabalho das fontes geradoras da patologia, reduzindo a
possibilidade de recidivas, que geram mais sofrimento e desilusão por
parte do trabalhador e de sua família.
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
11Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Repercussão Socioeconômica das DORTs
Uma vez suspeito um caso de DORT, deve-se proceder com o
registro da ocorrência da doença, através da emissão da Comunicação
de Acidentes de Trabalho (CAT), mesmo que não ocorra a incapacidade
laboral do trabalhador. Segundo o Artigo 336 do Decreto 3048/1999, a
empresa deve sempre comunicar à Previdência Social sobre os
acidentes com o trabalhador. E, para este Decreto, incluem-se como
acidente as doenças do trabalho que se enquadram como DORT.
Após passar por perícia médica do INSS, e se constatado o
nexo-causal, o trabalhador tem direito a receber durante o período de
afastamento e tratamento o auxílio-acidente. Já a aposentadoria
acidentária é concedida apenas para os casos irrecuperáveis e com
incapacidade total e permanente, ou seja, para os casos não passíveis
de reabilitação profissional, caracterizando a impotência funcional
severa (LUONGO e FREITAS, 2012).
Dados apresentados por Deliberato (2002, p.117)
indicam que o Ministério da Previdência e Assistência
Social concedeu, em 1980, 21.799 benefícios para
acidentários. Em 1996, esses dados subiram para 178.106 casos e,
em 1997, foram registrados impressionantes 421.343 casos. Ressalta-se
que o Código Internacional de Doenças (CID) mais incidente foi o
727.0/2, referente a sinovites e tenossinovites, patologias enquadradas
como DORT.
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
12EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O National Institute for Occupational Safety and
Health (NIOSH), entidade governamental norte-
americana, divulgou em 1992 que o custo anual médio
para cada caso de DORT foi de US$8.070, comparado com o gasto de
US$824 para o tratamento de outras doenças ocupacionais. Em 1997, o
governo norte-americano calculou um prejuízo de mais de US$418
b i l hões em cus tos d i re tos e i nd i re tos com as l e sões
musculoesqueléticas ocupacionais.
Os gastos com os afastamentos dos trabalhadores não
ocorrem unicamente por conta do governo, por meio do auxílio-
acidente do INSS. As empresas gastam, também, ao ter que pagar o
salário do colaborador por 30 dias antes da realização da perícia
médica, a partir da apresentação do atestado médico, impossibilitando
o trabalhador de realizar suas atividades
ocupacionais . A lém disso, a
empresa deve substituir a vaga
deixada pelo trabalhador
afastado, gastando com
t re inamento e demais
custos diretos e indiretos
com o novo funcionário.
Se o trabalhador retornar para suas
atividades ocupacionais, ele terá estabilidade no emprego por 12
meses, não podendo ser exigido o mesmo ritmo de trabalho do
período anterior ao seu afastamento. Conforme vimos nesta unidade,
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
fig. 02
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
13Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
reforça-se que o funcionário deve ter um processo de re-inclusão à
atividade ocupacional lento e gradativo.
Porém, fundamentalmente, quem mais tem prejuízo é o
trabalhador. Prejuízo econômico, ao ter, muitas vezes, cessados os
ganhos sobre produtividade ou benefícios pagos pela empresa que
não são atribuídos no auxílio-acidente; prejuízo social, ao ter que se
afastar de atividades que aproximam colegas de trabalho e amigos;
prejuízo à saúde, por danificar (temporária ou permanentemente) o seu
principal instrumento de trabalho: o seu corpo.
Diante de diversos pontos apresentados, percebe-se que a
DORT já representa quase 70% do conjunto das doenças profissionais
registradas no Brasil, necessitando de atenção imediata das equipes de
saúde do trabalhador para utilizar a prevenção contínua como a melhor
forma de combater a doença. A adoção de posturas e ritmos de
trabalhos adequados também é uma das ferramentas necessárias para
conter essa epidemia.
Glossário
Fáscias: São estruturas que envolvem e separam os ossos, músculos e
órgãos, preenchem os espaços e dão unidade à estrutura, ao mesmo
tempo em que criam as condições necessárias para que cada segmento
do corpo funcione de maneira adequada.
Holística: um fenômeno que se analisa na sua totalidade.
Parestesia: Sensação anormal devido a um distúrbio funcional do
sistema nervoso.
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
14EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Sinóvias: Substância transparente e viscosa que lubrifica as
articulações.
Sintomatologia: Área da medicina que estuda os sintomas das
doenças.
Referências
BARBOSA, L . G. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs: a Fisioterapia
do Trabalho aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação,
Reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.
BELLUSCI, M. Doenças Profissionais ou do Trabalho. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 1996.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e
aplicações. Barueri: Manole, 2002.
LUONGO, J.; FREITAS, G. F. Enfermagem do Trabalho. São Paulo:
Rideel, 2012.
Lista de imagens
fig.01: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAA1LAAL-6.jpg
fig.02: http://img.ictq.com.br/dinheiro
%20remedio-20140306-142143.png
Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
Fim daFim da
Unidade!Unidade!Fim da
Unidade!
Se você prestou atenção, já deve Se você prestou atenção, já deve
saber tudo sobre esse conteúdo. saber tudo sobre esse conteúdo.
Continue estudando. Nos vemos Continue estudando. Nos vemos
na próxima unidade.na próxima unidade.
Se você prestou atenção, já deve
saber tudo sobre esse conteúdo.
Continue estudando. Nos vemos
na próxima unidade.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
15Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.Unidade 17. Repercussões dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o
mais inteligente. Quem sobrevive é o mais
disposto à mudança”
Charles Darwin
UNIDADE
18
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PROGRAMAS
DE PROMOÇÃO
DA QUALIDADE
DE VIDA NO
TRABALHO I
ERGONOMIA E
QUALIDADE DE VIDA
17
PROGRAMAS DE PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO I
Caro(a) Aluno(a),
Nesta unidade iniciaremos uma abordagem em torno dos dife-
rentes programas de promoção da qualidade de vida nas empresas,
apresentando desde as atividades mais comuns até aquelas situações
mais específicas, nas quais as empresas têm adotado diferentes estraté-
gias para reduzir os riscos de adoecimento dos trabalhadores através
da promoção do bem-estar e da valorização dos colaboradores.
Vamos lá? Bom estudo!
Introdução
A promoção da qualidade de vida e da saúde das pessoas ini-
cia-se com as atividades de prevenção de agravos e acidentes, deven-
do-se, posteriormente, agregar valor às atividades do trabalhador,
visando seu conforto e bem-estar, qualificando a imagem da empresa
perante este funcionário e possibilitando a sustentação da produtivida-
de da empresa em longo prazo.
Sabe-se da importância dos programas de qualidade de vida
no ambiente laboral a partir de diversas abordagens que incluem a
responsabilidade social das empresas para com os trabalhadores, a
família e a comunidade. Assim, abordaremos os programas de promo-
ção da qualidade de vida no ambiente ocupacional, correlacionando as
ações que podem ser desenvolvidas nesse ambiente às medidas de
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
18
prevenção primária, secundária e terciária.
As atividades de promoção da qualidade de vida no trabalho
relacionadas à prevenção primária estão associadas a:
a) Programas de conscientização dos funcionários, por meio de pales-
tras, treinamentos, orientações e informações sobre saúde;
b) Avaliação Ergonômica dos Postos de Trabalho (postura, biomecâni-
ca, antropometria, organização do trabalho, uso de instrumentos, ferra-
mentas e máquinas de trabalho e a demanda cognitiva do trabalho para
com o trabalhador);
c) Análise da organização do trabalho e da viabilidade técnica de pau-
sas e revezamentos;
d) Programas de integração familiar e orientações gerais;
e) Prática de exercícios de alongamento e relaxamento (Ginástica Labo-
ral) ou de Condicionamento Físico.
Caso já tenha sido constatado algum acometimento dos cola-
boradores devido à exposição aos riscos ergonômicos (biomecânicos,
organizacionais, comportamentais, etc.) pode-se elencar a prevenção
secundária, com ações relacionadas a:
a) Indicação da melhor terapêutica de tratamento de reabilitação, apli-
cada da forma mais antecipada possível;
b) Acompanhamento psicossocial;
c) Técnicas de relaxamento.
Já o nível terciário de prevenção trata da reabilitação tardia,
quando o trabalhador já foi acometido pelos riscos ocupacionais pre-
sentes em seu posto de trabalho e apresenta sequelas desses agravos,
sendo necessário que se estude uma forma de mantê-lo ativo ou, no
caso de impossibilidade disso, uma forma de como atender aos aspec-
tos relativos à assistência social e aos direitos do trabalhador.
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
19Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Educação em Saúde
A temática da educação em saúde é ampla e pode ser aborda-
da de diferentes formas no ambiente de trabalho.
Em uma empresa, este tema é trabalhado de forma mais explí-
cita no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO),
que inicia o seu vínculo com o trabalhador no momento de sua admis-
são, através do exame médico admissional, e deve durar até o último
momento em que o trabalhador seja funcionário da empresa, quando
será feito o exame médico demissional. Ao longo de todo esse período,
cabe à empresa fornecer subsídios teóricos e práticos para que o traba-
lhador entenda como está a sua saúde e o que ele pode fazer para pro-
movê-la cada vez mais.
O exame admissional tem o objetivo de registrar como se
encontra a saúde física e mental do trabalhador no momento de sua
entrada na empresa. Esse registro deverá ser comparado ao longo de
toda sua vida profissional, até o momento em que seja desvinculado da
empresa, devendo manter a mesma integridade física e mental do
momento da admissão.
É fundamental que a empresa conheça o perfil dos seus traba-
lhadores para que suas ações em prevenção primária e, consequente-
mente, em promoção de saúde sejam mais eficazes e objetivas, atingin-
do rapidamente o seu público alvo.
Luongo e Freitas (2012) abordam vários projetos de promoção
à saúde que podem ser implantados em uma empresa, de acordo com a
necessidade verificada. Citam-se, a seguir, algumas das atividades:
Ÿ Programa de Saúde Bucal;
Ÿ Programa de Saúde Mental;
Ÿ Programa de Alimentação Saudável e prevenção da obesidade;
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
20
Ÿ Programa de combate ao tabagismo e/ou etilismo;
Ÿ Programa de imunização.
Importante ressaltar que, tão importante quanto a execução
prática desses e de tantos outros programas, é a possibilidade de facili-
tar o acesso do trabalhador às informações de saúde. É neste momento
que se faz necessária uma equipe de profissionais de saúde apta a
perceber o ambiente em que vive e trabalha cada grupo de funcionários
e a transmitir as informações de maneira que possibilite um fácil enten-
dimento por todos.
Algumas empresas utilizam-se de vários recursos para tais
atividades. O mais clássico é através de palestras e momentos expositi-
vos, sendo comum também o uso de jornais, murais e editais, além de
toda e qualquer outra forma de propagação da informação que contri-
bua com a fixação das informações pelos colaboradores.
Outra forma de repassar as informações, principalmente aque-
las relacionadas à Ergonomia, biomecânica e boa postura no trabalho,
são as blitz posturais. Nestas atividades, profissionais da área da saúde
passam nos postos de trabalho orientando os trabalhadores sobre a
boa postura, informando sobre os diferentes recursos de ajustes dos
postos de trabalho.
Treinamentos
Os treinamentos são momentos mais técnicos, nos quais as
empresas passam normativas (de segurança, de qualidade ou de pro-
dução) para os trabalhadores desempenharem suas funções sem com-
prometer sua saúde e segurança, ao mesmo tempo em que mantêm a
qualidade de produção e dos produtos.
Empresas que são certificadas (ISO-9000, ISO-14000, BS-8800,
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
21Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
etc.) utilizam-se deste recurso frequentemente, para estabelecer um
padrão exigido pelo instituto certificador e atestar a qualidade do
serviço ou do produto.
Os treinamentos mais associados à Ergonomia e à Promoção
da Qualidade de Vida são os que capacitam os colaboradores a realizar
o transporte manual de cargas pesadas de forma correta, ou ainda aque-
les que tratam sobre a forma de puxar ou empurrar carrinhos, paleteiras
ou instrumentos de apoio ao transporte de cargas.
Avaliação Ergonômica dos Postos de Trabalho
Na unidade 14 falamos um pouco da Avaliação Ergonômica
dos Postos de Trabalho (AET) e como ela deve acontecer. Assim, neste
momento, ratificamos a importância da AET como um dos instrumen-
tos de promoção da qualidade de vida no trabalho.
Abrahão e colaboradores (2009) reforçam a ação da AET devi-
do à descrição detalhada das atividades de trabalho, observando
aspectos organizacionais, biomecânicos e fisiológicos associados ao
layout do posto de trabalho e às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, visando promover a integridade da saúde física e mental
dos trabalhadores e a produtividade da empresa. Além disso, relata
também as ações de assessoria contínua em assuntos referentes à Ergo-
nomia, como na análise técnica para a compra de acessórios de produ-
ção, máquinas e mobiliários, além do treinamento constante dos funci-
onários para o uso adequado desses itens.
Através da AET a empresa é oficiada a repassar determinadas
informações a seus funcionários para o uso correto dos equipamentos e
máquinas de trabalho, essas informações servem de base para futuros
treinamentos, como vimos no capítulo anterior desta aula.
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
22EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Alguns exemplos de aplicação prática de situações dos
postos de trabalho avaliados em uma AET que passam a ter
uma linguagem de treinamento e orientação aos
colaboradores da empresa:
a) Ao manusear cargas pesadas:
b) Ao trabalhar em frente ao computador
c) Ao trabalhar em pé em frente a uma bancada, com altura adequada à
natureza do trabalho:
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
100 - 119
(95 - 105)
TRABALHO DE
PRECISÃO
TRABALHO
LEVE
90 - 95
(85 - 90)
75 - 90
(70 - 85)
105 - HOMENS
98 - MULHERES
TRABALHO
PESADO
ALTURA DO
COTOVELO
fig. 03
fig. 02
fig. 01
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
23
Uma empresa pode elaborar uma cartilha ou manual
com identidade própria e totalmente direcionada ao perfil de
trabalhadores e à natureza da tarefa que desempenha
(construção civil, escritório, linha de montagem, serviços em
altura, etc.).
Além de maior detalhamento das informações repassadas aos
funcionários, estes identificam-se com as situações abordadas no
material, o que facilita a fixação e o aprendizado trazido pelas
orientações.
Confira alguns exemplos de cartilhas elaboradas pelas
empresas nos endereços abaixo:
Ÿ http://www.youblisher.com/p/928389-Cartilha-de-Ergonomia-na-
Construcao-Civil-NR-17/
Ÿ http://sindijufe-roac.org.br/Uploads/PDF/Cartilha%20(1).pdf
Ÿ http://www.abicalcados.com.br/documentos/literatura_tecnica/ CA
RTILHA%20ERGONOMIA.pdf
Análise de Pausas e Revezamentos
Os estudos para a implantação de pausas e/ou de rodízios nas
atividades dos funcionários de um determinado setor da empresa
devem ser feitos durante a realização da AET.
As pausas visam adequar o ritmo de trabalho e o modo
operatório às demandas fisiológicas do corpo humano, principalmente
à fadiga muscular do trabalhador. Assim, o entendimento da empresa
sobre a importância de uma ou mais pausas durante o turno de
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
24EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
trabalho pode proporcionar ao trabalhador melhores condições físicas
de desenvolver sua atividade de trabalho, além de contribuir para a sua
recuperação e diminuir a exposição deste trabalhador ao adoecimento
pela sobrecarga muscular e estafa mental.
Como você deve lembrar, vimos na unidade 11 que as pausas
podem ser bem definidas ou até mesmo inseridas no contexto da
atividade de trabalho (micropausas). O importante é atingir os
objetivos de recuperação do trabalhador, permitindo melhores
condições de trabalho e promovendo uma melhora na qualidade de
vida no trabalho.
Já os rodízios são uma metodologia de possibilitar ao
trabalhador que realiza movimentos repetitivos com poucos
segmentos do corpo alternar para atividades diferentes, realizando a
respectiva compensação funcional. Desta forma, o trabalhador ativa
grupos musculares diferentes, de forma intercalada, permitindo
também mais tempo para a recuperação muscular.
Programas de Integração Familiar
Muitas empresas promovem a integração das famílias dos
trabalhadores como forma de provocar maior identificação deste
trabalhador com o seu contratante.
Normalmente, as empresas subsidiam associações ou clubes
de trabalhadores para que se desenvolvam atividades culturais,
esportivas e sociais em um local vinculado a essa empresa. Estas
atividades vão desde espaços para almoços, confraternizações,
passando por atividades desportivas e campeonatos internos e
chegando até às situações em que se desenvolvem práticas de
atividades de condicionamento físico, aulas de dança, música ou teatro.
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
25Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Outra forma de integrar a empresa à família do trabalhador é
através de programas de benefícios, como auxílio-creche ou programas
de bolsa de estudos.
Atividades como essas fortalecem o vínculo do funcionário
com a empresa, diminuindo a rotatividade de funcionários, o que
permite à empresa realizar treinamentos mais específicos diante de
uma mão de obra mais especializada e bem treinada, gerando um
produto ou serviço de melhor qualidade no mercado.
Os programas apresentados representam as ações focadas na
prevenção primária do trabalhador, direcionadas ao perfil de
colaboradores de cada empresa, de forma a contribuir para a melhoria
da qualidade de vida nas empresas através da redução da exposição
dos funcionários aos riscos ergonômicos ali presentes.
Glossário
Etilismo: Ação de consumir álcool de maneira excessiva, periódica
e/ou permanente, ocasionando, por sua vez, certa dependência
psíquica e/ou física; alcoolismo.
Paleteiras: Instrumento de auxílio de transporte de paletes, utilizando-
se da força muscular como mecanismo de tração para puxar ou
empurrar a paleteira e a carga de um local para o outro.
Tabagismo: Ação de consumir cigarros, charutos ou cachimbos de
maneira excessiva, periódica e/ou permanente, ocasionando, por sua
vez, certa dependência psíquica e/ou física.
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
26EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Referências
ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D.
Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blücher, 2009
BARBOSA, L . G. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs: a Fisioterapia
do Trabalho aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação,
Reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e
aplicações. Barueri: Manole, 2002.
FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia.
2.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002
LUONGO, J.; FREITAS, G. F. Enfermagem do Trabalho. São Paulo:
Rideel, 2012.
Lista de imagens
fig.01: https://juhbergerms.files.wordpress.com/2013/05/abaaabrv4aj-1.png
fig.02: http://www.herniadedisco.com.br/wp-content/uploads
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fig.03: br.freepik.com
Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
Fim daFim da
Unidade!Unidade!Fim da
Unidade!
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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
27Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.Unidade 18. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho I.
“Se você não pode explicar algo de forma
simples, então você não entendeu muito
bem o que tem a dizer”
Einstein
UNIDADE
19
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
PROGRAMAS
DE PROMOÇÃO
DA QUALIDADE
DE VIDA NO
TRABALHO II
ERGONOMIA E
QUALIDADE DE VIDA
29
PROGRAMAS DE PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO II
Caro(a) Aluno(a),
Continuaremos abordando, nesta unidade, os programas de
promoção da qualidade de vida nas empresas, dando maior ênfase às
atividades relacionadas à prevenção dos Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho, estresse e à promoção da qualidade de vida
no trabalho através da integração do grupo de trabalho, da promoção
do bem-estar e da valorização dos colaboradores.
Bom estudo!
Introdução
Como estudamos em unidades anteriores, a Qualidade de Vida
no Trabalho está relacionada ao bem-estar físico e mental dos trabalha-
dores e também à sua saúde, para que possam desempenhar suas ativi-
dades ocupacionais com o menor risco possível de acidentes e adoeci-
mentos. Assim, temos uma série de aspectos físicos e ambientais que
devem ser analisados para que se promova a qualidade de vida para as
pessoas.
No meio ocupacional, a Qualidade de Vida no Trabalho procura
lidar com duas linhas de ação que, num primeiro momento, parecem
ser conflitantes e divergentes: a busca contínua dos trabalhadores pelo
bem-estar e satisfação no trabalho, e o interesse das empresas quanto
aos efeitos da melhoria da qualidade de vida dos seus funcionários na
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
30
produtividade do grupo e na qualidade do produto.
Para que seja bem-sucedido, um programa de promoção de
qualidade de vida no ambiente de trabalho deve conciliar essas duas
linhas, de forma que ambas tenham sucesso e caminhem juntas, em um
processo de retroalimentação contínua, no qual a melhoria de um dos
fatores gerará o objetivo conquistado do outro e vice-versa.
Prática de Exercícios
Atualmente observamos que o foco das pessoas, ao buscar a
melhoria da qualidade de vida, está nas atividades relacionadas aos
cuidados físicos. Caminhadas, corridas, academias, aulas de ginástica
são alguns exemplos do que comumente encontramos em nosso coti-
diano e, no contexto ocupacional, não é diferente.
A prática regular de atividades físicas com objetivos bem defi-
nidos é uma forma comprovada de promover condições adequadas de
saúde física e mental ao indivíduo.
Em uma situação normal de trabalho ou de qualquer outra
atividade rotineira, os movimentos que nosso corpo realiza são feitos
de maneira espontânea, muitas vezes automatizada, sem desconforto
ou sofrimento evidente.
Entretanto, essas situações podem gerar adaptações negativas
em seu funcionamento normal, podendo, em longo prazo, levar a limi-
tações. É o que ocorre quando se tem uma situação de sedentarismo,
na qual há modificações na atividade muscular através da observação
da fadiga precoce, encurtamentos e diminuição da força e flexibilidade
(DELIBERATO, 2002).
Assim, muitas empresas optam pela implantação de progra-
mas de atividades físicas no local de trabalho para estimular os traba-
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
31Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
lhadores a uma prática rotineira de vida mais ativa, visando reduzir o
absenteísmo ocasionado pelo adoecimento do trabalhador, bem como
os custos envolvidos com assistência médica e tratamento desses
trabalhadores até sua plena recuperação.
Muitos programas de bem-estar são baratos, como a
orientação sobre a quantidade de calorias do cardápio
diário do refeitório e a quantidade exigida pelo organismo
humano. É também o caso do fornecimento de informações sobre
clínicas de redução de peso, exercícios físicos e dietas alimentares.
Outros programas, por sua vez, são mais caros, como salas de ginástica
e academias de musculação in company.
Há vários exemplos de empresas que possuem, em seu espaço
físico, instrutores de exercícios físicos, orientação sobre o tabagismo,
sobre abuso de substâncias químicas, controle de peso e alimentação.
Algumas possuem também instalações de ginástica, grupos de corrida
e de incentivo à pratica de atividades desportivas coletivas. Essas
organizações extrapolam e ultrapassam o simples local de trabalho e
passam a oferecer algo a mais para os seus funcionários. A função social
de uma empresa reside nisso: colaborar para o desenvolvimento das
pessoas e da comunidade de maneira responsável, pois de nada
adianta ser uma ilha de prosperidade no meio de um oceano de
pobreza.
A maioria das empresas optam pela já clássica e ainda eficaz
Ginástica Laboral. Outras, porém, tentam apresentar programas
diferentes e buscam inovar com a oferta de programas de
condicionamento físico a seus funcionários dentro da empresa ou em
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
32
convênios com academias e profissionais.
Ginástica Laboral
A Ginástica Laboral não é uma atividade recente, teve origem
no Japão e tem registros de realização também em países como
Polônia, Rússia e Holanda, chegando ao Brasil entre os anos 1960 e
1970 (FIGUEIREDO e MONT'ALVÃO, 2008).
Segundo Baú (2002), a Ginástica Laboral é caracterizada por
uma sequência de exercícios que têm objetivo de reequilibrar as
capacidades e funções físicas do trabalhador no desenvolvimento do
seu trabalho, diminuindo a possibilidade de comprometimento de sua
integridade física. Figueiredo e Mont'alvão (2008), classificam a
Ginástica Laboral de acordo com o objetivo a ser alcançado e a
demanda de trabalho na qual o trabalhador está exposto:
Ÿ Ginástica Laboral de Aquecimento ou Preparatória: normalmente
realizada antes do início da atividade de trabalho, tem como
objetivo principal preparar o sujeito para o início do trabalho,
aquecendo os grupos musculares que mais serão solicitados no
exercício de suas tarefas de trabalho;
Ÿ Ginástica Laboral Compensatória: impede que se estabeleçam
vícios posturais decorrentes de maus hábitos realizados na atividade
de trabalho. É praticada durante o expediente, podendo atuar no
fortalecimento dos músculos do trabalhador, além de interromper a
monotonia operacional e, acima de tudo, possibilitar exercícios
específicos de compensação dos movimentos repetitivos e das
estruturas sobrecarregadas ao longo da jornada de trabalho;
Ÿ Ginástica Laboral de Relaxamento: normalmente realizada mais ao
final da jornada de trabalho, tendo como objetivo proporcionar o
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
33Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
relaxamento muscular e mental do trabalhador.
Importante ressaltar que o trabalhador não pode ser obrigado
a participar das atividades promovidas pela empresa, porém, cabe a ela
orientar seus funcionários, esclarecendo os benefícios da prática e até
mesmo incentivando a participação de outra forma.
Na rotina diária do mundo ocupacional, observamos com
frequência algumas queixas de trabalhadores que apresentam algum
tipo de desconforto em partes do corpo, resultante da atividade
muscular estática durante a manutenção de posturas ou, até mesmo,
pela exigência de movimentos repetitivos decorrentes dos processos
de trabalho. Vimos anteriormente que as empresas apresentam
programas de pausas, ao longo da jornada de trabalho, porém, muitas
vezes, sem o foco na prevenção das DORTs, pois são utilizadas para o
trabalhador lanchar, tomar café, ir ao banheiro e atividades similares. A
Ginástica Laboral é tida como um enriquecimento da pausa livre, na
qual o trabalhador realiza um conjunto de atividades físicas preventivas,
direcionadas para recuperação tissular e, consequentemente,
recuperação da fadiga muscular. (BARBOSA, 2009).
Para Figueiredo e Mont'alvão (2008), a Ginástica Laboral reduz
o número de acidentes de trabalho e previne as doenças relacionadas a
traumas cumulativos do sistema musculoesquelético, prevenindo a
fadiga muscular e aumentando a disposição do funcionário ao iniciar o
trabalho ou retornar a ele. Assim, têm-se como objetivos da Ginástica
Laboral:
Ÿ Redução da fadiga muscular;
Ÿ Promoção da consciência corporal, da saúde e do bem-estar;
Ÿ Promoção da integração entre os funcionários;
Ÿ Redução do número de acidentes de trabalho;
Ÿ Aumento da motivação e da disposição para o trabalho;
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
34EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ÿ Prevenção das doenças ocupacionais.
Esses objetivos também são tratados por Baú (2002), que
acrescenta que a Ginástica Laboral visa agregar hábitos para uma vida
mais saudável ao trabalhador, amenizando as dificuldades na realização
do seu trabalho rotineiro através do incremento de uma condição física,
psíquica e social.
Assim como qualquer atividade desenvolvida no contexto
ocupacional, a avaliação do Programa de Ginástica Laboral se faz
necessária para que a empresa possua um registro das atividades que
estão sendo realizadas junto a seus trabalhadores e, também, para
avaliar o investimento que se está executando na saúde ocupacional
dos seus empregados. Esta avaliação se dá tanto de forma quantitativa,
através de índices de participação de funcionários às aulas e pela
quantidade de aulas realizadas, quanto qualitativa, através da
satisfação dos funcionários em relação ao Programa de Ginástica
Laboral e à percepção dos efeitos destes exercícios em sua saúde.
Condicionamento Físico
Outra forma de se trabalhar a atividade física em prol de uma
melhoria da qualidade de vida são os programas de condicionamento
físico patrocinados pelas empresas aos seus colaboradores.
A forma mais fácil de uma empresa proporcionar atividades
físicas diferenciadas aos seus colaboradores (e até mesmo aos seus
respectivos familiares) está na seleção de uma academia localizada nas
proximidades da empresa para que os funcionários possam praticar
atividades físicas das mais variadas (musculação, ginástica, lutas,
danças, natação, dentre outras), de forma que o trabalhador ou seu
familiar possa selecionar aquelas que mais se adaptem ao seu perfil,
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
35
possibilidade de horário e objetivos. Nesta modalidade a empresa
pode subsidiar parte ou totalidade das atividades realizadas por seus
funcionários, sem a necessidade de grandes investimentos na estrutura
física da empresa, o que seria um fator complicador para empresas de
menor porte.
Entretanto, há empresas que possuem uma estrutura um
pouco mais desenvolvida e permitem-se organizar de forma a oferecer,
dentro do seu próprio espaço físico, atividades de musculação,
ginástica ou outros desportos coletivos e individuais. Nesta
metodologia, o acesso do colaborador é facilitado, podendo também a
empresa ter um controle mais efetivo e imediato da adesão de seus
funcionários ao respectivo programa de qualidade de vida.
Atualmente, algumas empresas, aproveitando-se do crescente
interesse da população em geral, estão investindo em grupos de
corrida. Apesar de requerer um investimento inicial muito menor (pois
não necessita de uma aparelhagem específica, nem uma estrutura física
definida, pois pode ser realizada em qualquer espaço aberto com uma
pista plana), esta atividade, assim como qualquer outra das citadas
neste item, deve receber uma atenção importante quanto à avaliação
clínica e física do trabalhador para a prática da atividade física,
principalmente daqueles com histórico de doenças crônicas
(hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, obesidade, etc.),
associadas ao sedentarismo.
Técnicas de Relaxamento
Para aquelas atividades de trabalho associadas ao atendimento
direto ou indireto ao público, ou seja, atividades que demandem de
atividade cognitiva e psicológica, sugere-se a implantação de
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
36EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
programas de qualidade de vida através de
atividades de relaxamento.
Algumas empresas possuem
p r o g r a m a s e s p e c í fi c o s d e
massoterapia em um local reservado
da empresa, no qual o funcionário
pode aproveitar de 15 a 30 minutos de
relaxamento através de técnicas
espec íficas , como o sh iatsu , a
massoterapia ocidental ou ainda a
quick massage. (VERONESI JUNIOR,
2008)
Outras empresas organizam grupos de yoga ou meditação
para realizarem suas atividades e exercícios de acordo com a técnica
escolhida. As atividades podem ser todas subsidiadas, total ou
parcialmente, pela empresa ou, ainda, podem ser mantidas pelos
colaboradores com o incentivo das empresas entendendo os
benefícios que trarão para a saúde do trabalhador e para a
produtividade da própria empresa.
Independentemente do tipo de ação que a pessoa realize
visando a melhoria da sua qualidade de vida, esses programas não
devem ser vistos como única ferramenta de ação para a resolução dos
problemas relacionados à saúde e segurança no trabalho ou para a
promoção da qualidade de vida. A obtenção de respostas significativas
é atingida de forma eficaz quando esses programas são acompanhados
por análises ergonômicas, antropométricas, posturais e biomecânicas,
que devem estar sempre em ostensivo monitoramento da equipe de
Segurança do Trabalho e de Saúde Ocupacional das empresas
(DELIBERATO, 2002).
fig.01
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
37Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
O incentivo às atividades físicas, representadas nesta unidade
pela Ginástica Laboral e pelas atividades de condicionamento físico, é a
principal ferramenta utilizada pelas empresas para buscar a melhoria da
qualidade de vida dos seus trabalhadores. Para as situações de trabalho
nas quais há uma exigência psicológica e/ou cognitiva, são indicadas
atividades de relaxamento que busquem o equilíbrio da saúde mental
do trabalhador.
Glossário
Fadiga: esgotamento, cansaço.
Ostensivo: que ocorre de forma intencional e constante.
Subsidiadas: pagas por alguém; contribuídas; auxiliadas.
Tissular: tecidual; do conjunto de células.
Referência
BARBOSA, L . G. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs: a Fisioterapia
do Trabalho aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação,
Reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e
aplicações. Barueri: Manole, 2002.
FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2.
ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
38EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da saúde
funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.
Lista de imagens
fig.01: br.freepik.com
Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
Fim daFim da
Unidade!Unidade!Fim da
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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
39Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.Unidade 19. Programas de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho II.
“Descobri que, quanto mais eu trabalho,
mais sorte eu pareço ter”
Thomas Jefferson
UNIDADE
20
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A IMPORTÂNCIA
DA EQUIPE
MULTIDISCIPLINAR
NA ATENÇÃO À SAÚDE
DO TRABALHADOR
ERGONOMIA E
QUALIDADE DE VIDA
41
A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA ATENÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR
Caro(a) Aluno(a),
Nesta unidade vamos discutir o papel de cada profissional, seja
ele da área da saúde ou relacionado à saúde do trabalhador, na busca
de melhores condições de qualidade de vida, ressaltando a importância
da interdisciplinaridade convergente no ambiente de trabalho para que
se consiga atingir os resultados almejados.
Bom estudo!
Introdução
Ao longo desta disciplina discutimos como podemos
contribuir para a melhoria das condições de trabalho em prol da
promoção da qualidade de vida. Para isso, abordamos a redução dos
riscos ergonômicos como uma das formas de contribuir grandemente
para esse processo.
Assim, considerando a qualidade de vida como algo
apregoado e verbalizado, porém, pouco vivenciado, destacamos a
necessidade importantíssima de se trabalhar, também, a forma como
os profissionais de saúde atuam para serem verdadeiros facilitadores na
conquista de uma melhor qualidade de vida. São esses profissionais
que trabalham como elos entre as pessoas (trabalhadores ou não) e os
resultados práticos de se ter uma vida mais harmoniosa mental, física e
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
42
socialmente (DELIBERATO, 2002).
Nahas (2001) apud Figueiredo e Mont'alvão (2008, p. 61)
aborda a dificuldade de definir a qualidade de vida de forma objetiva:
O conceito de qualidade de vida é diferente de pessoa para
pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um. Existe,
porém, consenso em torno da idéia de que são múltiplos os
fatores que determinam a qualidade de vida de pessoas ou
comunidades. A combinação desses fatores que moldam e
diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta numa rede de
fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada
de qualidade de vida. Em geral, associam-se a essa expressão
fatores como: estado de saúde, longevidade, satisfação no
trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e
até espiritualidade. Num sentido mais amplo, qualidade de vida
pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois
pressupõe o atendimento das necessidades humanas
fundamentais.
A seguir, vamos estudar como cada profissional pode
contribuir para que se possa vivenciar uma rotina de redução dos riscos
ergonômicos, objetivando a melhoria da qualidade de vida das
pessoas. Visando facilitar o seu estudo, dividimos estes profissionais
em três grandes grupos:
Ÿ Profissionais da Saúde: Medicina, Enfermagem, Fisioterapia,
Psicologia, Nutrição e Educação Física;
Ÿ Profissionais da Administração;
Ÿ Profissionais da Engenharia de Segurança do Trabalho.
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
fig.01
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
43Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Profissionais da Saúde
Medicina:
Dentro de uma cultura “medico-centrista”, os médicos são os
responsáveis técnicos pelo Programa de Controle de Medicina e Saúde
Ocupacional (PCMSO) de uma empresa, conforme rege a Norma
Regulamentadora 07 (NR-7).
São esses profissionais que analisam os Riscos Ambientais
existentes no local de trabalho e determinam quais exames o
trabalhador deve fazer para que a sua integridade física e mental seja
monitorada e controlada, permitindo que ele possa produzir com
qualidade e segurança, sem comprometer sua saúde ocupacional ao
longo do vínculo de trabalho com seu empregador.
Cada vez mais, os profissionais de Medicina têm trabalhado de
forma conjunta com os demais profissionais da saúde. Tais ações vão
além do SESMT (Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho) e da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).
Atualmente, as reuniões, comissões e departamentos propiciam a
interação entre os profissionais de diferentes áreas do saber,
principalmente com os responsáveis pela gestão das empresas, a fim de
planejar ações e programas que visem reduzir os riscos ambientais e
promover a saúde ocupacional de seus colaboradores.
Enfermagem:
A equipe de Enfermagem atua na prevenção das doenças, na
assistência às intercorrências durante o período de trabalho, nas
orientações e no controle dos agravos que possam trazer prejuízos à
saúde ocupacional dos trabalhadores, de forma a possibilitar as
melhores condições de reabilitação e promoção da saúde, para que o
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
44
trabalho seja executado da melhor forma possível (FREITAS e
LUONGO, 2012). Esses profissionais atuam em conjunto com os
profissionais da Segurança do Trabalho na identificação e avaliação de
riscos ambientais que possam gerar maior probabilidade de doenças e
estresse ao trabalhador.
Além disso, os profissionais da Enfermagem atuam na
investigação das causas de afastamentos dos trabalhadores, tendo que,
muitas vezes, agir em situações de enfrentamento entre indivíduos nas
situações de conflito no ambiente de trabalho.
A atuação do profissional de Enfermagem (seja ele enfermeiro,
técnico em enfermagem ou auxiliar), deve primar pela qualidade de
suas coes, sempre de forma ética, para que suas ações nas relações de
trabalho se concretizem e se fortaleçam no ambiente ocupacional
resultando em melhores condições de trabalho, aumento da
produtividade e melhoria da qualidade de vida do trabalhador
(FREITAS e LUONGO, 2012).
Nutrição:
Os profissionais de Nutrição devem avaliar as diferentes
atividades de trabalho e calcular o gasto calórico dos trabalhadores na
execução de suas tarefas laborais. Em paralelo, deve avaliar a origem
socioeconômica destas pessoas e a possibilidade de acesso a uma
alimentação saudável, para então elaborar um cardápio adequado às
necessidades fisiológicas do tipo de trabalho executado e horário da
alimentação, com os aspectos culturais e sociais.
Esses profissionais podem, a longo prazo, trabalhar a
conscientização da empresa e dos trabalhadores sobre aspectos
simples relacionados à alimentação e hidratação que, exatamente por
serem simples, muitas vezes caem no esquecimento, mas são
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
45Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
fundamentais para a promoção da saúde e da qualidade de vida de
todos.
Psicologia:
A Psicologia tem uma função muito importante dentro de uma
empresa, pois o psicólogo irá trabalhar diversos fenômenos e
comportamentos dos trabalhadores nos diferentes contextos
ocupacionais.
Com o serviço de psicologia há possibilidade de se atingir uma
melhor qualidade de trabalho na empresa, atuando sobre as
dificuldades organizacionais relacionadas ao bem-estar dos
colaboradores, além de poder atuar na seleção de outros profissionais,
na resolução de conflitos internos, na motivação e treinamento ou
ainda na elaboração de atividades socioculturais.
O grande desafio da Psicologia no ambiente ocupacional está
em demonstrar para a gestão das empresas o quão imprescindível é a
atividade do psicólogo, em conjunto com o setor de Recursos
Humanos, para realizar as mudanças necessárias no comportamento e
no relacionamento entre empregados e empregadores.
Além disso, há a atividade de apoio na reabilitação do sujeito
enfermo às suas potencialidades laborais, visando sua reinserção no
posto de trabalho ou até mesmo na readequação de uma nova função,
sempre trabalhando em conjunto com outros profissionais da equipe
multiprofissional (BAÚ, 2002).
O psicólogo pode, portanto, surgir como um dos elementos
integradores da multidisciplinaridade na Empresa, facilitando a
conscientização de todos sobre os aspectos relacionados à saúde e
segurança no trabalho, promovendo a melhoria do bem-estar e da
qualidade de vida no trabalho.
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
46EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Fisioterapia:
A atuação da Fisioterapia na prevenção de doenças e na
promoção da qualidade de vida pode se dar de diferentes formas, a que
Barbosa (2009) denomina de intervenção preventiva da Fisioterapia.
As atividades do fisioterapeuta no contexto ocupacional
iniciam-se nas ações de prevenção primária. Na educação em saúde,
pode auxiliar a organizar e promover palestras com os mais variados
temas, treinamentos específicos (transporte manual de cargas, ajuste
ergonômico do mobiliário de trabalho), orientações diversas sobre a
postura ao longo da jornada de trabalho, organização e elaboração de
materiais e campanhas de prevenção e de promoção de saúde,
normalmente aproveitando-se de datas comemorativas. Além disso, é
um dos profissionais mais requisitados atualmente para a avaliação
ergonômica dos postos de trabalho (AET), na qual realiza as
observações necessárias para orientar a empresa e os empregados
sobre os ajustes a serem feitos, visando a redução dos riscos
ergonômicos, em prol da produtividade e mantendo-se a qualidade de
vida no trabalho (VERONESI JUNIOR, 2008).
Já na prevenção secundária, o profissional de Fisioterapia pode
atuar na realização dos programas de relaxamento através da
massoterapia ou ainda na realização da Ginástica Laboral.
Por fim, o fisioterapeuta pode contribuir ainda na reabilitação
do trabalhador enfermo, afastado ou não da sua função ocupacional,
utilizando-se dos recursos fisioterápicos, seja em atendimento
ambulatorial dentro da empresa ou em serviços de saúde externos,
terceirizados.
Educação Física:
O profissional de Educação Física deve ser o protagonista nas
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
47
ações de promoção das atividades físicas em combate aos hábitos
sedentários que atinge a maioria dos brasileiros.
Assim, a Ginástica Laboral pode ser também gerenciada por
este profissional, que pode fazer também as atividades recreativas e
ainda o gerenciamento de outras ações de atividade física na empresa,
como aquelas que vimos na unidade anterior: ginástica in company,
grupos de caminhada e de corrida, etc.
Profissionais da Administração:
Neste item, destacamos todos aqueles profissionais que
trabalham no gerenciamento de setores da empresa: compras, vendas,
recursos humanos, financeiro, logística, dentre tantos outros setores.
Estes profissionais têm a obrigação de interagir com os
profissionais da Engenharia de Segurança e com os profissionais da
Saúde de forma a entender o que se passa nas áreas de produção e
serviços da empresa, identificando possíveis situações-problemas, e
discutir as melhorias a serem feitas, primando pela melhor relação
possível entre o aumento da produtividade e a redução dos riscos
ambientais (riscos de acidentes e de adoecimentos do trabalhador).
Por fim, torna-se fundamental a constante capacitação e visão
destes profissionais em um entendimento da importância que um
grupo de trabalhadores sadios e com qualidade de vida ocupacional,
social e familiar têm para a saúde da empresa e prosperidade dos
negócios.
Profissionais da Engenharia de Segurança
Neste grupo estamos abordando tanto os engenheiros
responsáveis pela organização das estratégias relacionadas à
organização do trabalho e da segurança ocupacional quanto dos
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
48EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
técnicos em segurança do trabalho, presentes mais frequentemente
nas linhas de produção e de serviços, monitorando os riscos ambientais
e atuando de forma intensa na prevenção de acidentes e na promoção
da saúde do trabalhador.
Este grupo de profissionais possui um canal de comunicação
direto com os profissionais da saúde por normalmente estarem juntos
em um grande departamento das empresas: o SESMT (Serviço de
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho).
Você sabia que a Shell, multinacional no ramo de
petróleo e derivados, é uma das tantas empresas que investe
fortemente em qualidade de vida no trabalho de seus
colaboradores para garantir maior produtividade?
A empresa fez uma pesquisa com aproximadamente 60% dos
seus colaboradores para determinar o perfil de saúde e os fatores de
riscos e descobriu que a maioria dos seus empregados é obesa,
sedentária, estressada e se alimenta mal. Assim, a empresa organizou-
se para oferecer ao seu colaborador melhorias nas condições de saúde
e prevenção de doenças. A estratégia se iniciou com a instalação de
restaurantes especializados em pratos leves, de fitness centers nas
unidades que não possuíam clubes esportivos, além de implantar o
programa de bem-estar. Além disso, disponibilizam profissionais para
auxiliar os colaboradores que estão com problemas de ordem
emocional, como divórcio, doenças na família, morte de cônjuge, etc.
Porém, conforme já abordamos várias vezes, devemos sempre
fortalecer a comunicação interna nas organizações, fazendo com que
os três grandes grupos (profissionais da Saúde, profissionais do
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
49Unidade 09. Distorções Históricas e a Construção de um Mito.
Administrativo e profissionais da Engenharia de Segurança) dialoguem
cada vez mais, repassando as informações pertinentes a cada grupo e
discutindo as melhores soluções para a empresa, objetivando alcançar
o máximo de produtividade para a empresa sem deixar de respeitar as
condições de segurança e conforto do trabalhador, oferecendo o
máximo de qualidade de vida no trabalho.
O papel de cada profissional na empresa deve ser muito claro e
bem definido. Quando se trata do desempenho do trabalhador
associado às questões de saúde e segurança, cabe aos profissionais da
saúde e da segurança no trabalho identificar as situações mais
periclitantes e discutir estratégias de ação que permitam à empresa
desenvolver-se garantindo a manutenção da qualidade de vida do
trabalhador.
Glossário
Intercorrências: ocorrências que interrompem algum processo.
Interdisciplinaridade: comum a diversas áreas de conhecimento; é o
processo que liga áreas de conhecimento diferentes.
Multidisciplinaridade: é um sistema que engloba experiências em
várias disciplinas, em busca de metas a atingir, dentro de um programa
específico.
Periclitante: algo que está em perigo ou situação perigosa.
Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
50EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Referência
BARBOSA, L . G. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORTs: a Fisioterapia
do Trabalho aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação,
Reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.
DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e
aplicações. Barueri: Manole, 2002.
FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2.
ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002
GONÇALVES, A; VILARTA, R. Atividade física e qualidade de vida:
explorando teoria e prática. Barueri, MANOLE. 2004.
VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da saúde
funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.
Lista de imagens
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Unidade 20. A Importância da Equipe Multidisciplinar na Atenção à Saúde do Trabalhador.
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