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PARECER PRÉVIO TC-077/2014 – PRIMEIRA CÂMARA
PROCESSO - TC-2440/2012
JURISDICIONADO - PREFEITURA MUNICIPAL DE ATÍLIO VIVÁCQUA
ASSUNTO - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL- EXERCÍCIO DE 2011
RESPONSÁVEL - JOSÉ LUIZ TORRES LOPES
EMENTA
PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL - PREFEITURA MUNICIPAL
DE ATÍLIO VIVÁCQUA - EXERCÍCIO DE 2011 - 1) PARECER
PRÉVIO PELA REJEIÇÃO - 2) RECOMENDAÇÃO - 3)
DETERMINAÇÃO - MONITORAMENTO - 4) INSTAURAR
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL - 5) ARQUIVAR.
O EXMO. SR. CONSELHEIRO RODRIGO FLÁVIO FREIRE FARIAS CHAMOUN:
I – RELATÓRIO
Versam os presentes autos sobre a Prestação de Contas Anual da Prefeitura de
Atílio Vivácqua, relativa ao exercício financeiro de 2011, sob a responsabilidade do
Sr. José Luiz Torres Lopes, prefeito municipal no período em questão.
A Prestação de Contas foi encaminhada por meio do OF/GAP. Nº 131/2012 e
autuada em 30/3/2012, protocolo 004454 (fl. 01), cumprindo o prazo regimental,
consoante o caput do art. 105 e o §1º, do art. 126, da Resolução TCE/ES nº 182/02,
vigente à época.
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No Relatório Técnico Contábil RTC nº 317/2012 (fls. 1187/1202) a área técnica
apontou indícios de irregularidades, originando a Instrução Técnica Inicial - ITI
817/2012 (fl. 1209) e Instrução Técnica Inicial Complementar – ITI 172/2014 (fl.
1652/1653), da qual houve citação do responsável.
Em análise comparativa entre os apontamentos das possíveis irregularidades e os
esclarecimentos apresentados (fls. 1218/1588 e 1658/1688), a 6ª Secretaria de
Controle Externo elaborou a Instrução Contábil Conclusiva - ICC 228/2013 (fls.
1590/1607), Instrução Contábil Conclusiva Complementar – ICC 267/2013 (fls.
1631/1633) e Instrução Contábil Conclusiva Complementar – ICC 89/2014 (fls.
1692/1697), opinando pela emissão de parecer prévio pela rejeição das Contas,
sendo acompanhado pelo Núcleo de Estudos Técnicos e Análises Conclusivas -
NEC conforme Instrução Técnica Conclusiva ITC 7464/2013 (fls. 1628/1644),
Instrução Técnica Conclusiva Complementar ITC 3649/2014 (fls. 1699/1706)
concluindo nos seguintes termos:
5 CONCLUSÃO / PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 5.1 Registra-se da análise contábil que foram observados e cumpridos os limites constitucionais mínimos de Aplicação na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, ações e serviços públicos de saúde, que foi observado o limite máximo de Despesas com Pessoal e repasse de duodécimo ao legislativo. 5.2 Na forma das análises expostas, as justificativas e documentos apresentados não foram suficientes para elidirem as seguintes irregularidades apontadas na RTC 317/2012 e analisados na Instrução Contábil Conclusiva ICC 228/2013:
5.2.1 Nota Explicativa referente ao Saldo na conta Diversos Responsáveis no valor de R$ 15.621,60. (item 1.10 da ICC 228/2013) Base Legal: Art. 105, inciso VII, da Resolução TCEES nº 182/2002. 5.2.2 Divergência no Saldo do Exercício Anterior e do Saldo para o Exercício Seguinte, do Demonstrativo de Dívida Ativa e o Balancete Analítico Contábil.(item 1.11 da ICC 228/2013) Base Legal: Artigo 85 da lei 4.320/64. 5.2.3 Remuneração dos profissionais do magistério (item 2.2.1 da ICC 228/2013) Base Legal: art. 60, inc. XII do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República de 1988 (alterado pela Emenda Constitucional 53/2006).
5.3 Face o exposto, opina-se, diante do preceituado no Art. 319, §1º, inciso IV da Resolução TC 261/2013, no sentido de que seja emitido PARECER PRÉVIO recomendando a REJEIÇÃO das contas do senhor José Luiz Torres Lopes, Prefeito Municipal frente à Prefeitura Municipal de Atílio
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Vivácqua no exercício de 2011, na forma prevista no artigo 80, inciso III4, da Lei Complementar nº621/2012. 5.4 Tendo em vista os indícios de irregularidades apontados no item 1.13 da ICC 228/2013, os quais noticiam lançamentos contábeis realizados em desacordo com procedimentos corretos da prática contábil nos exercício de 2010 e 2011, bem como a alienação de veículos em leilão por preços inferiores ao valor de mercado e, por fim a participação de servidores públicos no referido leilão em clara afronta ao estabelecido no artigo 9º, inciso III5 da Lei de Licitações, sugere-se que o Plenário desta Corte de Contas determine a instauração de Tomada de Contas Especial para apuração dos fatos aqui narrados haja vista a possível ocorrência de dano ao erário, com fulcro no §1º do artigo 836 da LC 621/2012.
Encaminhados os autos ao Ministério Público Especial de Contas, este acompanhou
a área técnica, conforme Manifestação PPJC 1985/2014 (fls. 1709/1711), da lavra
do Exmo. Procurador Heron Carlos Gomes de Oliveira, que opinou pela REJEIÇÃO
da prestação de Contas Anual, da Prefeitura de Atílio Vivácqua, referente ao
exercício de 2011.
É o relatório. Passo à análise das contas.
II – FUNDAMENTAÇÃO
II.1 – DAS CONTAS DE GOVERNO
Examinando o processo, verifico que o mesmo se encontra devidamente instruído,
portanto, apto a um julgamento de mérito, eis que observados todos os trâmites
legais e regimentais.
Os presentes autos cuidam da PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL da PREFEITURA
DE ATÍLIO VIVACQUA, referente ao exercício de 2011, portanto, estamos a apreciar
as “Contas de Governo”.
Em artigo publicado na Revista do TCU, o Conselheiro do Tribunal de Contas do
Estado do Maranhão, José de Ribamar de Caldas Furtado, defende que o conceito
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de contas de governo é o ponto de partida para que se possa entender a missão
constitucional atribuída ao Tribunal de Contas de prestar auxílio ao Parlamento no
julgamento político que exercerá sobre a gestão anual do Chefe do Executivo. Esse
auxílio será consubstanciado no parecer prévio.
Para o Conselheiro, a prestação de “contas de governo”, que se diferencia da
prestação das “contas de gestão”, é o meio pelo qual, anualmente, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
Municipais expressam os resultados da atuação governamental no exercício
financeiro a que se referem.1
O Superior Tribunal de Justiça (ROMS 11060) definiu que “contas de governo” são
contas globais que:
“Demonstram o retrato da situação das finanças da unidade federativa (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Revelam o cumprir do orçamento, dos planos de governo, dos programas governamentais, demonstram os níveis de endividamento, o atender aos limites de gasto mínimo e máximo previstos no ordenamento para saúde, educação e gastos com pessoal. Consubstanciam-se, enfim, nos Balanços Gerais prescritos pela Lei 4.320/64.”
O doutrinador J. Ulisses Jacoby Fernandes destacou em sua obra “Tribunais de
Contas do Brasil” definição dada pelo Conselheiro Aécio Mennuci, cujo procedimento
“contas anuais” se caracteriza como um extenso relatório, que é acompanhado do
Balanço Geral e demais demonstrações financeiras correlatas e pelos quais se
procura demonstrar o que foi gasto (despesa) e o que foi arrecadado (receita)
no exercício encerrado, dando-se ênfase especial ao desempenho
orçamentário do estado e às realizações do governo dentro do mesmo período.2
O artigo 75, da Constituição Federal, ao incluir as normas federais relativas à
“fiscalização” nas que se aplicariam aos Tribunais de Contas dos Estados, entre
1 FURTADO, José de Ribamar Caldas. Os regimes de contas públicas: contas de governo e contas de gestão. Doutrina -
Revista do TCU – maio/agosto de 2007. 2 JACOBY, Jorge Ulisses. Tribunal de Contas do Brasil. 3ª ed. Belo Horizonte. Fórum. p. 400.
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essas compreendeu as atinentes às competências do TCU, nas quais é clara a
distinção entre o artigo 71, I – de apreciar e emitir parecer prévio sobre as contas do
Chefe do Poder Executivo, a serem julgadas pelo Legislativo – e a do artigo 71, II, -
de julgar as contas dos demais administradores e responsáveis, entre eles, os dos
órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.
Sobre a atuação dos Tribunais de Contas em relação as “contas de governo” e
“contas de gestão”, vale destacar o julgamento da ADI nº 849-8 MT, de relatoria do
Ministro Sepúlveda Pertence:
“A diversidade entre as duas competências, além de manifesta, é tradicional, sempre restrita a competência do Poder Legislativo para o julgamento às contas gerais da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo, precedidas de parecer prévio do Tribunal de Contas: cuida-se de sistema especial adstrito às contas do Chefe do Governo, que não as presta unicamente como chefe de um dos Poderes, mas como responsável geral pela execução orçamentária.”
Ressalto, pois, a importância da contabilidade aplicada ao setor público, pela qual é
efetuado, de modo eficiente, o registro dos atos e fatos relativos ao controle da
execução orçamentária, financeira e patrimonial.
II.2 – DO RESULTADO GOVERNAMENTAL
No Brasil, as finanças públicas estão disciplinadas principalmente na Lei Federal
4.320/64, determinando que, ao final de cada exercício, os resultados gerais da
Administração Pública sejam demonstrados no Balanço Orçamentário, Balanço
Financeiro, Balanço Patrimonial e na Demonstração das Variações Patrimoniais.
Além desse diploma legal, a Lei Complementar 101/00, Lei de Responsabilidade
Fiscal, disciplinou normas ligadas às finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal.
Nesse passo, desta Prestação de Contas Anual pode-se extrair os seguintes dados:
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Tabela1 – Resultado Governamental
Reais Limite Executado
Receita Corrente Líquida (RCL) 23.445.419,31
- Despesa Poder Executivo 12.334.922,72 máx 54% 52,61%
- Despesa Consolidada (Exec/Legis) 12.907.043,85 máx 60% 55,05%
- Dívida Pública - Endividamento 329.261,84 máx 120% 1,40%
- Contratação de Operação de Crédito - máx 16% 0%
- Contratação por Antecipação de Receita Orçamentária
- máx 7% 0%
- Garantias de Valores -
Remessa dos dados do RREO e RGF Prazos cumpridos
Receita Bruta de Impostos 14.848.719,71
- Manutenção do Ensino 4.515.909,50 min. 25% 30,41%
Receita cota parte FUNDEB 5.113.069,59
- Remuneração Magistério 2.941.268,57 min 60% 57,52%
Receita Impostos e Transferências 14.848.719,71
- Despesa com Saúde 5.449.930,07 min. 15% 36,70%
Receita Tributária e Transferências do exercício anterior 12.459.451,81
- Repasse duodécimo ao legislativo 871.414,44 máx. 7% 7,0%
- Remuneração de Agentes Políticos Lei Municipal
1166/2008 Em conformidade com o
mandamento legal
- Resultado Orçamentário Anexo 12 R$ 1.600.040,38
- Resultado Financeiro Anexo 13 R$ 2.783.744,54
- Resultado Patrimonial Anexo 15 R$ 4.013.761,69
- Resultado Nominal -R$ 3.788.736,18
- Resultado Primário R$ 3.218.967,82
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- Disponibilidade de Caixa R$ 5.943.500,09
- Disponibilidade Líquida de Caixa – art. 42 da LRF R$ 4.466.045,71
Os dados acima demonstram a solidez fiscal do exercício de 2011 da Prefeitura de
Atílio Vivacqua, com as seguintes ressalvas:
O Resultado Nominal foi de (R$ 3.788.736,18), porém o Resultado Primário
foi de R$ 3.218.967,82;
Do gasto a menor com a remuneração do magistério no valor de R$
126.573,18, representando 2,48%.
A seguir apresento a análise individualizada dos Demonstrativos Contábeis e do
Resultado Fiscal do ente.
II.2.1 - Balanço Orçamentário
O Balanço Orçamentário é uma demonstração das previsões e execuções
orçamentárias do exercício a que se refere. Apresenta-se, por força do artigo 102 da
Lei 4.320/64, em duas seções: Receitas e Despesas previstas em confronto com as
realizadas.
As receitas são apresentadas por categorias econômicas (art. 11 da Lei nº 4320/64),
correntes e de capital, e as despesas em função da natureza dos créditos
orçamentários, suplementares, especiais e extraordinários, vide tabela:
Tabela 2 – Balanço Orçamentário Resumido
RECEITAS PREVISÃO EXECUÇÃO VARIAÇÃO %
Receitas Correntes 18.292.741,58 23.507.138,84 128,51
Receitas de Capital 2.674.918,42 2.033.274,24 76,01
Soma 20.967.660,00 25.540.413,08 121,81
Déficit 3.749.524,61 - 1.600.040,38 - 42,67
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TOTAL 24.717.184,61 23.940.372,70 96,86
DESPESAS FIXAÇÃO EXECUÇÃO
Créditos Orçamentários/Suplementares 24.594.284,61 23.820.372,70 96,85
Créditos Especiais 120.000,00 120.000,00 100,00
Créditos Extraordinários - -
Reservas de Contingências 2.900,00 - -
Soma 24.717.184,61 23.940.372,70 96,86
Superávit/Déficit - - TOTAL 24.717.184,61 23.940.372,70 96,86
Um dos enfoques do Balanço Orçamentário é evidenciar as variações ocorridas
entre as estimativas e as realizações, entre o planejado e o executado. Desta forma,
é nessa demonstração contábil que se pode identificar, ainda que de forma sintética,
se ocorreu a concretização das estimativas feitas pala Prefeitura de Atílio Vivacqua
nos aspectos de receitas e despesas orçamentárias.
Verifiquei, conforme Tabela 2, que o município arrecadou 128,51% da receita
corrente prevista e 76,01% da receita de capital. Entretanto, para manter o equilíbrio
orçamentário do exercício, executou 96,86% da despesa fixada.
Também é essa demonstração que evidencia o resultado orçamentário obtido,
permitindo avaliar o nível de comprometimento das futuras arrecadações de receitas
com as despesas que excederam as realizações do exercício a que se referem.
No exercício de 2011, verifica-se um resultado positivo na execução orçamentária.
Conforme evidenciado, as receitas totais arrecadadas totalizaram R$ 25.540.413,08,
enquanto que as despesas realizadas totalizaram R$ 23.940.372,70 resultando em
SUPERÁVIT na execução orçamentária no valor de R$ 1.600.040,38.
II.2.2 - Balanço Financeiro
O Balanço Financeiro, conforme o artigo 103 da Lei nº 4.320 de 1964, demonstrará
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as receitas e despesas orçamentárias e extraorçamentárias, conjugados com o
saldo do exercício anterior e o saldo que se transfere para o exercício seguinte
(tabela 3). Este é o instrumento utilizado para evidenciar o resultado financeiro
obtido no exercício a que se refere.
Tabela 3 – Balanço Financeiro Resumido
RECEITAS DESPESAS
Receita Orçamentária 25.540.413,08 Despesa Orçamentária 23.940.372,70
Transferências Financeiras 5.054.525,09 Transferências Financeiras 5.055.249,86
Receita Extra-Orçamentária 4.116.791,12 Despesa Extra-Orçamentária 2.933.086,96
Saldo do Exercício Anterior 3.176.774,55 Saldo p/ Exercício Seguinte 5.959.794,32
TOTAL 37.888.503,84 TOTAL 37.888.503,84
A demonstração sob análise revela um resultado financeiro positivo de R$
2.783.744,54 representado pela diferença entre as receitas orçamentária e
extraorçamentárias arrecadadas e as despesas orçamentárias e extraorçamentárias
pagas, desconsiderando-se o saldo do exercício anterior e o saldo para o exercício
seguinte.
II.2.3 - Demonstração das Variações Patrimoniais
O artigo 104 da Lei 4.320/64 dispõe que a Demonstração das Variações
Patrimoniais-DVP evidenciará as alterações ocorridas no patrimônio, resultantes ou
independentes da execução orçamentária e indicará o resultado patrimonial do
exercício.
As alterações do patrimônio podem ser quantitativas e qualitativas. Por um lado, as
variações quantitativas são resultantes de transações que aumentam ou diminuem o
patrimônio líquido. De outro lado, as variações qualitativas são aquelas que alteram
a composição dos elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio em sua
totalidade.
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A DVP apresenta o resultado financeiro, também visível no Balanço Financeiro, e o
resultado extra-financeiro (ou estritamente patrimonial). E mais, a DVP demonstra
valores que são derivados do orçamento, e aqueles que independem do orçamento.
A junção do resultado financeiro com o extra-financeiro produz o resultado do
exercício sob a ótica patrimonial, que no presente exercício foi negativo (Tabela Tal
resultado é somado à conta de Ativo Real Líquido do Balanço Patrimonial.
Tabela 4 – Resultado Patrimonial
Ativo Real Líquido - 2010 23.203.179,98
Superávit Patrimonial - 2011 4.013.761,69
Ativo Real Líquido - 2011 27.216.941,67
Cabe observar que o Ativo Real Líquido não faz parte do Ativo ou Passivo, não
representando direito ou obrigação do município, tratando-se da diferença entre o
Ativo Real (Ativo Financeiro e Ativo Permanente) e o Passivo Real (Passivo
Financeiro e Passivo Permanente). O Ativo Real Líquido demonstrado através do
Balanço Patrimonial Consolidado apresentou-se no valor de R$ 27.216.941,67,
representando uma variação percentual positiva de 14,68%.
II.2.4 - Balanço Patrimonial
Dentre os demonstrativos contábeis obrigatórios pela Lei 4.320/64, está o Balanço
Patrimonial que apresenta, de forma sintética, os bens, direitos e obrigações que
compõem o Patrimônio ao final do período a que é específico. Formalmente, o
Balanço Patrimonial é apresentado em duas seções, onde a seção do Ativo aglutina
os bens e direitos e a seção do Passivo consolida as obrigações e o Patrimônio
Líquido.
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A avaliação do Patrimônio da Entidade, a partir do Balanço Patrimonial, tem como
ponto fundamental demonstrar a capacidade de liquidez da entidade, e diagnosticar
o resultado econômico, financeiro e patrimonial, para proporcionar segurança e
tranquilidade à Administração na gestão.
Tabela 5 – Balanço Patrimonial Consolidado
2011
PARTICIPAÇÃO NO ATIVO e PASSIVO %
ATIVO Ativo Financeiro 10.112.020,32 33,43
Disponível 10.112.020,32 33,43
Realizável
-
Ativo Permanente 20.137.013,79 66,57
Bens 19.860.159,00 65,66
Realizável a Longo Prazo 276.854,79 0,91
Créditos
-
Estoque
-
ATIVO REAL 30.249.034,11 100,00
TOTAL DO ATIVO 30.249.034,11
PASSIVO Passivo Financeiro 2.702.830,60 8,94
Restos a Pagar 2.338.758,71 7,73
Depósitos 364.071,89 1,20
Passivo Permanente 329.261,84 1,08
Obrigações Legais e Tributárias 329.261,84 1,08
Dívida Fundada
-
PASSIVO REAL 3.032.092,44 10,02
ATIVO REAL LÍQUIDO 27.216.941,67 89,98
TOTAL DO PASSIVO 30.249.034,11 100,00
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O Balanço Patrimonial Consolidado (Tabela 5) espelha um Ativo Financeiro no valor
de R$ 10.112.020,32 e um Passivo Financeiro no valor de R$ 2.702.830,60 ,
resultando num superávit financeiro de R$ 7.409.189,72, indicando que, para
abertura de créditos adicionais no exercício de 2007, segundo estabelece o artigo
43, § 1º, inciso I, da Lei 4.320/64, o Município dispõe deste valor como fonte de
recursos.
Dívida Ativa (Créditos)
Verifica-se que em 2011 o saldo da Dívida Ativa foi de R$ 276.854,79, e comparado
com os saldos do estoque da dívida ativa, verifica-se que houve o recebimento de
R$ 11.395,39, equivalente a 4,11% do total do estoque.
Fazendo a comparação entre o recebimento da dívida ativa – R$ 11.395,39 e o total
da dívida ativa inscrita – R$ 168.096,15 no exercício de 2011, verificou-se que há
uma lacuna significativa entre a inscrição e o recebimento, cujo percentual de
recebimento foi de 6,77%.
O município de Atílio Vivacqua ainda não constituiu contabilmente a Provisão
para Perdas de Dívida Ativa prevista pelo Manual da Dívida Ativa (Portaria STN
564/2004), publicado pela Secretaria do Tesouro Nacional. Importante frisar que a
constituição da provisão não representa renúncia a direito constituído pelo
Estado, mas tão somente a aplicação do princípio contábil da prudência (Res.
750/93 do CFC).
Conforme exposto, recomendo o registro de ajustes da dívida ativa de acordo
com os princípios de contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público – NBCASP.
II.2.5 - Demonstrativo do Resultado Nominal
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O objetivo da apuração do Resultado Nominal é medir a evolução da Dívida Fiscal
Líquida. Esse resultado representa a diferença entre o saldo da dívida fiscal líquida
em 31 de dezembro de 2011 em relação ao apurado em 31 de dezembro de 2010,
apresentando um campo específico para a Meta de Resultado Nominal, prevista na
Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO para o exercício de 2011.
De acordo com o Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida, o município não
possui dívida consolidada líquida, visto que a dívida consolidada foi de R$
329.261,84 e a disponibilidade líquida de caixa do município foi de R$ 4.466.045,71.
II.2.6 - Demonstrativo do Resultado Primário
O resultado primário representa a diferença entre as receitas e as despesas
primárias (não financeiras). Sua apuração fornece uma melhor avaliação do impacto
da política fiscal em execução pelo ente da Federação, indicando que, quanto maior
esse indicador, maior será o volume de recursos disponíveis para pagamento de
serviços da dívida ou realização de outros investimentos.
No que se refere aos valores apurados para as Receitas e Despesas Fiscais
relativos ao exercício de 2011, a Receita Primária Total apresentou o montante de
R$ 23.507.138,84 e o somatório da Despesa Primária Total foi de R$ 23.820.372,70.
Destaca-se dessa forma, a ocorrência de Déficit Primário na ordem de R$
313.233,86, indicando aumento da dívida, resultante do financiamento de gastos não
financeiros.
II.2.7 - Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de
Capital
Segundo orientações do Manual de Demonstrativos Fiscais, o Demonstrativo das
Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital apresenta as receitas de
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operações de crédito em comparação com as despesas de capital líquidas, com a
finalidade de demonstrar o cumprimento da “Regra de Ouro”, ou seja, a vedação
constitucional da realização de receitas das operações de crédito excedentes ao
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
Legislativo por maioria absoluta.
A conferência do demonstrativo evidenciou que não houve no exercício em
referência a contratação de Operações de Créditos, logo, verificou-se o cumprimento
da “Regra de Ouro”.
II.2.8 - Disponibilidade de Caixa
O Demonstrativo da Disponibilidade de Caixa objetiva assegurar a transparência da
disponibilidade financeira e verificar a parcela comprometida para a inscrição em
Restos a Pagar de despesas não liquidadas, cujo limite, no último ano de mandato
da gestão administrativo financeira, é a disponibilidade de caixa líquida por
vinculação de recursos. Para tanto, apresenta o cálculo da Disponibilidade de Caixa
do ponto de vista estritamente fiscal, demonstrando se o ente possui liquidez para
arcar com seus compromissos financeiros.
O controle da disponibilidade de caixa deve ocorrer simultaneamente à execução
financeira da despesa em todos os exercícios e não somente no último ano de
mandato. Apesar da restrição estabelecida no artigo 42 se limitar aos dois últimos
quadrimestres do respectivo mandato, a LRF estabelece que a responsabilidade na
gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente em que se previnem riscos
e se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, o que
impõe que ajustes devam ser observados no decorrer de todo o mandato, de forma
que as receitas não sejam superestimadas, nem haja acúmulo excessivo de
passivos financeiros. O equilíbrio intertemporal entre as receitas e as despesas
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públicas se estabelece como pilar da gestão fiscal responsável.
O Município apresentou, ao final do exercício, disponibilidade de caixa bruta na
importância e R$ R$ 5.943.500,09 e obrigações financeiras no valor de R$
1.477.454,38. Portanto, confrontando os respectivos valores, constata-se o registro
de uma disponibilidade de caixa líquida no valor de R$ 4.466.045,71.
II.2.9 – Do Equilíbrio das Contas Públicas
Extrai-se das lições do Ministro-Substituto do Tribunal de Contas da União, Weder
de Oliveira, publicadas em sua obra “Curso de Responsabilidade Fiscal”, que a
razão fundamental que levou à concepção da Lei de Responsabilidade Fiscal
foi a necessidade premente e histórica de instituir processos estruturais de
controle do endividamento público.
O Ministro destacou o § 10 da exposição de motivos que acompanhou o Projeto de
Lei de Responsabilidade Fiscal, enviado pelo Presidente da República ao Congresso
Nacional, em 13 de abril de 1999, onde o controle do endividamento público
constituía preocupação central da política econômica do governo: “o equilíbrio
intertemporal das contas públicas é entendido como bem coletivo, do interesse
geral da sociedade brasileira, por ser condição necessária para a consolidação da
estabilidade de preços e a retomada do desenvolvimento sustentável”.3
Visando esses objetivos, a LRF foi erigida sobre seis pilares normativos,
denominação que se pode atribuir aos conjuntos de disposições sobre:4
Dívida e endividamento: realização de operações de crédito, limites e
controle;
Planejamento macroeconômico, financeiro e orçamentário: metas fiscais,
acompanhamento e controle da execução orçamentária;
3 OLIVEIRA, Weder de. Curso de Responsabilidade Fiscal. Belo Horizonte: Fórum, 2013. p. 42. 4 Ob. cit p. 49.
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Despesas com pessoal: limites e formas de controle, validade dos atos dos
quais resulte aumento de despesa;
Despesas obrigatórias: compensação dos efeitos financeiros, regras
específicas para as despesas da seguridade social;
Receita pública: concessão de benefícios tributários e transparência da
administração tributária;
Transparência, controle social e fiscalização: produção e divulgação de
informações.
Passo a análise das irregularidades.
II.3 – DAS IRREGULARIDADES
Quanto aos apontamentos da área técnica, entendo por bem acompanhar as razões
lançadas na ITC 228/2013, quanto à manutenção das seguintes irregularidades:
5.2.1 Nota Explicativa referente ao Saldo na conta Diversos Responsáveis no valor de R$ 15.621,60. (item 1.10 da ICC 228/2013) Base Legal: Art. 105, inciso VII, da Resolução TCEES nº 182/2002. 5.2.2 Divergência no Saldo do Exercício Anterior e do Saldo para o Exercício Seguinte, do Demonstrativo de Dívida Ativa e o Balancete Analítico Contábil.(item 1.11 da ICC 228/2013) Base Legal: Artigo 85 da lei 4.320/64. 5.2.3 Remuneração dos profissionais do magistério (item 2.2.1 da ICC 228/2013) Base Legal: art. 60, inc. XII do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República de 1988 (alterado pela Emenda Constitucional 53/2006).
Passa-se a análise de cada irregularidade.
5.2.1 Nota Explicativa referente ao Saldo na conta Diversos Responsáveis no
valor de R$ 15.621,60. (item 1.10 da ICC 228/2013)
Base Legal: Art. 105, inciso VII, da Resolução TCEES nº 182/2002.
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
A irregularidade 5.2.1 aponta um saldo na conta “Diversos Responsáveis” no
montante de R$ 15.621,60 (quinze mil, seiscentos e vinte e um reais e sessenta
centavos). O valor corresponde a 0,05% do Ativo Real Líquido, não sendo, pelo
prisma quantitativo, impactante nas contas do município.
Porém, a conta “Diversos Responsáveis” é destinada a apuração e ao respectivo
registro de responsabilidades por danos ao erário e abrange os possíveis créditos
em favor da municipalidade que ainda se encontram em fase de apuração, bem
como aqueles que, uma vez apurado, configuram-se como direito em favor da
Administração Pública. Não pode esse valor, mesmo sendo de pequena monta,
continuar a transitar de exercício em exercício sem o devido tratamento contábil.
As Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente ao Setor Público,
denominadas de NBCASP (NBC T 16.1 a NBC T 16.10), foram editadas em
dezembro de 2008 pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), figurando na
norma NBC T 16.5, que trata do Registro Contábil (Resolução CFC Nº. 1.132/08), a
forma de se proceder ao reconhecimento de ajustes decorrentes de omissões
e erros de registros ocorridos em anos anteriores:
RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.132/08 Aprova a NBC T 16.5 — Registro Contábil [...] 24. O reconhecimento de ajustes decorrentes de omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de mudanças de critérios contábeis deve ser realizado à conta do patrimônio líquido e evidenciado em notas explicativas. [grifo nosso]
Depreende-se que os ajustes contábeis, decorrentes de erros e omissões ocorridos
em exercícios anteriores, deverão ser realizados no exercício corrente de forma a
não afetarem os resultados do exercício corrente.
Deve assim a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade
solidária, adotar providências imediatas com vistas à apuração dos fatos e a
realização dos necessários ajustes contábeis. Lembrando, que tais ajustes deverão
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
constar detalhadamente em notas explicativas, a fim de esclarecer a origem dos
registros extemporâneos.
Diante disso, mantenho a irregularidade. Entretanto, fundamentado principalmente
na análise da gestão governamental que demonstrou o equilíbrio das contas
públicas, entendo que tal irregularidade não teve o condão de prejudicar o resultado
alcançado pelo gestor através da análise das contas.
Assim, DETERMINO ao Executivo que faça os ajustes contábeis necessários na
forma legal para a regularização dos demonstrativos contábeis, sujeitando-se às
sanções cabíveis em caso de não cumprimento.
5.2.2 Divergência no Saldo do Exercício Anterior e do Saldo para o Exercício
Seguinte, do Demonstrativo de Dívida Ativa e o Balancete Analítico
Contábil.(item 1.11 da ICC 228/2013)
Base Legal: Artigo 85 da lei 4.320/64.
Em relação à irregularidade 5.2.2 são apontadas divergências nos saldos iniciais e
finais da Dívida Ativa. No saldo inicial é apontada uma divergência de R$ 164.619,07
(cento e sessenta e quatro mil, seiscentos e dezenove reais e sete centavos) que
representa 0,6% do Ativo Real Líquido, já a divergência no saldo final é de R$
18.009,27 (dezoito mil, nove reais e vinte e sete centavos) que representa 0,06% do
Ativo Real Líquido. Tais constatações conduzem à inevitável conclusão de que as
irregularidades listadas são incapazes de macular o sólido resultado apresentado
nas contas sob análise.
Por outro lado, as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente ao
Setor Público, denominadas de NBCASP (NBC T 16.1 a NBC T 16.10), foram
editadas em dezembro de 2008 pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
figurando na norma NBC T 16.5, que trata do Registro Contábil (Resolução CFC Nº.
1.132/08), a forma de se proceder ao reconhecimento de ajustes decorrentes
de omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores:
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RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.132/08 Aprova a NBC T 16.5 — Registro Contábil [...] 24. O reconhecimento de ajustes decorrentes de omissões e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de mudanças de critérios contábeis deve ser realizado à conta do patrimônio líquido e evidenciado em notas explicativas. [grifo nosso]
Depreende-se que os ajustes contábeis, decorrentes de erros e omissões ocorridos
em exercícios anteriores, deverão ser realizados no exercício corrente de forma a
não afetarem os resultados do exercício corrente.
Deve assim a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade
solidária, adotar providências imediatas com vistas à apuração dos fatos e a
realização dos necessários ajustes contábeis. Lembrando, que tais ajustes deverão
constar detalhadamente em notas explicativas, a fim de esclarecer a origem dos
registros extemporâneos.
Diante disso, mantenho a irregularidade, entretanto, fundamentado principalmente
por toda a análise da gestão governamental que demonstrou o equilíbrio das
contas públicas, entendo que tal irregularidade não teve o condão de prejudicar o
resultado alcançado pelo gestor através da análise das contas.
Assim, DETERMINO, portanto, ao Executivo, que faça os ajustes contábeis
necessários na forma legal para a regularização dos demonstrativos contábeis, se
sujeitando as sanções cabíveis em caso de não cumprimento.
Cabe ressaltar que além das irregularidades citadas na PCA 2011, tanto a PCA
2009 (Processo TC nº 2623/2010), quanto a PCA 2010 (Processo TC nº 1671/2011)
do município de Atílio Vivacqua apresentam apontamentos de irregularidades de
caráter contábil.
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
Assim, sob a responsabilidade do Sr José Luiz Torres Lopes, todas as prestações de
contas dos três primeiros anos do seu mandato possuem problemas nas
demonstrações contábeis, não sendo cabível a tolerância de tais anomalias.
Em que pese as três prestações de contas anteriores (três primeiros anos do
mandato do Sr José Luiz Torres Lopes) apresentarem problemas contábeis, entendo
que não é o caso de penalizá-lo, sob os registros de que não houve tempo hábil
para que o gestor fosse notificado sobre a situação dos processos dos anos
anteriores. Observe-se nesse caso, que o Processo TC nº 2623/2010 e o Processo
TC nº 1671/2011 ainda encontra-se em tramitação nessa Corte de Contas.
5.2.3 Remuneração dos profissionais do magistério (item 2.2.1 da ICC 228/2013)
Base Legal: art. 60, inc. XII do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição da República de 1988 (alterado pela Emenda Constitucional 53/2006).
A irregularidade 5.2.3 trata de descumprimento do limite constitucional de gastos
com pagamento de profissionais do magistério da educação básica em efetivo
exercício, conforme disposto pela EC nº 53/2006 que estipula o gasto mínimo na
proporção de 60% do total do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB.
O RTC 317/2012 apontou que foi efetivamente aplicado o valor de R$ 2.941.268,57
(dois milhões, novecentos e quarenta e um mil, duzentos e sessenta e oito reais e
cinquenta e sete centavos), quando o valor mínimo de gastos era de R$
3.067.841,75, gerando assim uma diferença a menor de R$ 126.573,18 (cento e
vinte e seis mil, quinhentos e setenta e três reais e dezoito centavos), o que resulta
em apenas 57,52% (cinquenta e sete vírgula cinquenta e dois pontos percentuais)
de gastos com magistério, abaixo do limite constitucional de 60%. A motivação da
irregularidade foi ratificada pelas ICC 228/2013, ICC – Complementar 89/2014 e a
ITC 3649/2014, bem como pelo PPJC 1985/2014.
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
A defesa apresentou novas demonstrações contábeis onde afirma ter gasto
efetivamente o montante de R$ 3.446.319,45 (três milhões, quatrocentos e quarenta
e seis mil, trezentos e dezenove reais e quarenta e cinco centavos) o que
confrontado com a receita cota-parte do FUNDEB geraria um percentual de 67,40%
(sessenta e sete vírgula quarenta pontos percentuais), acima, portanto, do limite
constitucional. Porém, como exposto nas justificativas da área técnica e do Ministério
Público de Contas, a mera troca de demonstrativos contábeis não é suficiente para o
afastamento da irregularidade.
A educação é um direito do cidadão e deve ser prioridade de qualquer governo.
Para impedir que esse preceito torna-se um discurso vazio, a Constituição Federal
destinou ao artigo 205 o comando explicito da importância do tema, veja:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Mais do que a citação da importância da educação, a Carta Magna tratou de valores
a serem aplicados na área. Assim, o seu artigo 212, bem como o artigo 60 do ADCT,
expressaram valores mínimos de gastos com a manutenção e desenvolvimento do
ensino, de forma a impedir a discricionariedade do gestor quanto a gastar ou não e
quanto gastar, veja:
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. “Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da educação básica e à remuneração condigna dos trabalhadores da educação, respeitadas as seguintes disposições: (...) XII - proporção não inferior a 60% (sessenta por cento) de cada Fundo referido no inciso I do caput deste artigo será destinada ao pagamento dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício.
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
Ressalta-se que os artigos citados não são os únicos que tratam sobre o tema
“educação”, que pode ser visto sendo claramente abordado em muitos outros
dispositivos.
Saliente-se que o comando constitucional possui tamanha importância que coube ao
legislador disciplinar outras normas ligadas à educação. É o caso da Lei nº
11494/2007 que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de
que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. A norma
detalha como deve funcionar o fundo, cabendo um olhar diferenciado sobre o artigo
22:
Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública.
Percebe-se que como consequência do pressuposto constitucional o legislador
determinou o percentual mínimo de gasto com a remuneração de profissionais do
magistério da educação básica, não deixando margem para a discricionariedade do
gestor.
Assim, como consequência da previsão constitucional e da Lei nº 11494/2007, o
gasto mínimo com profissionais do magistério da educação não pode ser
desprezado, não restada alternativa ao gestor que deve enxergar os comandos
como uma ordem que a ser obedecida e executada. Não cumprir o gasto mínimo
torna-se uma afronta às normas estabelecidas, em especial a Carta Magna.
Em qualquer comprovação de gasto, o que se espera, no mínimo, é a apresentação
do caminho trilhado entre o recebimento do recurso público e o encerramento das
fases clássicas da despesa empenho, liquidação e pagamento. Ao se tratar de
apontamento de afronta a Carta Magna o esforço para se mostrar o respeito à
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
suprema lei não pode ser apequenado, não podendo ser poupado esforço para o
saneamento de anomalias.
Ao simplesmente substituir meras peças contábeis, sem aprofundar nas explicações
necessárias ao devido esclarecimento dos fatos, o administrador não considerou o
tamanho da irregularidade, a amplitude do ato. Dentro da esfera jurídico-
administrativa, não há ação ou omissão que justifique o descumprimento da
Constituição Federal.
O que se observa no caso concreto é o fato do gestor não ter buscado exaurir as
possibilidades de comprovação dos gastos, não tratando a sua prestação de contas
com o zelo necessário que a situação exigia.
A respeito do tema, transcrevo trecho do voto da lavra do Exmo. Ministro Adylson
Motta, embasador da Decisão nº 225/2000-TCU-2ª Câmara (TC-929.531/1998-1):
“A não-comprovação da lisura no trato de recursos públicos recebidos autoriza, a meu ver, a presunção de irregularidade na sua aplicação. Ressalto que o ônus da prova da idoneidade no emprego dos recursos, no âmbito administrativo, recai sobre o gestor, obrigando-se este a comprovar que os mesmos foram regularmente aplicados quando da realização do interesse público. Aliás, a jurisprudência deste Tribunal consolidou tal entendimento no Enunciado de Decisão nº 176, verbis: ‘Compete ao gestor comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, cabendo-lhe o ônus da prova’. Há que se destacar, ainda, que, além do dever legal e constitucional de prestar contas do bom e regular emprego dos recursos públicos recebidos, devem os gestores fazê-lo demonstrando o estabelecimento do nexo entre o desembolso dos referidos recursos e os comprovantes de despesas realizadas com vistas à consecução do objeto acordado.” (g.n)
A decisão proferida pelo TCU destaca que ao se tratar de recurso público recai
sobre o gestor a obrigação de comprovar o gasto, prestando contas de maneira a
comprovar a realização do interesse público.
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
O Tribunal de Contas de Minas Gerais também já se manifestou sobre a forma
correta de comprovação de gastos. Aliás, o assunto naquela Corte de Contas já se
tornou uma súmula demonstrando tratar-se de tema pacificado, veja:
As despesas públicas que não se fizerem acompanhar de nota de empenho, de nota fiscal quitada ou documento equivalente de quitação são irregulares e poderão ensejar a responsabilização do gestor. Súmula 93 de 23 de novembro de 2008, TCE MG
Logo, a mera substituição de peças contábeis não encontra abrigo nas decisões
apresentadas. Isso porque a prestação de contas do uso do recurso público se
reveste de importância muito maior, não sendo um instituto “pro forma”.
A prestação de contas é o principal instrumento de controle da gestão pública. Cabe
a quem utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
públicos a correta apresentação justificada da forma com que geriu os recursos a si
disponibilizados. Não se trata de ato voluntário, pois não cabe ao agente
responsável a decisão sobre o que fazer. Trata-se de ato legal e obrigatório, pilar da
transparência e essencial ao cumprimento dos princípios constitucionais.
A afronta ao limite constitucional inclusive já foi tema de julgamento pelo Supremo
Tribunal Federal. Nas palavras do douto Ministro Celso de Mello, reconhecido pela
abordagem didática e esclarecedora dos seus votos, não resta dúvida sobre o peso
da afronta a Constituição Federal, como pode ser visto a seguir:
“Todos os atos estatais que repugnem à constituição expõem-se à censura jurídica - dos Tribunais especialmente - porque são írritos, nulos, desvestidos de qualquer validade. A constituição não pode submeter-se à vontade dos poderes constituídos e nem ao império dos fatos e das circunstâncias. A supremacia de que ela se reveste - enquanto for respeitada - constituirá a garantia mais efetiva de que os direitos e liberdades não serão jamais ofendidos.” (RT 700:221, 1994. ADIn 293-7/600, Rel. Min. Celso Mello).
Cabe ressaltar ainda que o apontamento de uma irregularidade por parte da Corte
de Contas não se resume a uma simples opinião. Trata-se do resultado de um
processo que busca avaliar a prestação de contas dos gestores sob o prisma da
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
legalidade, da legitimidade e da economicidade, fugindo de uma mera análise
financeira e orçamentária. Acima de tudo, trata-se da esfera competente para os
esclarecimentos sobre o uso do recurso público, seja na apreciação das contas de
governo, seja no julgamento das contas de gestão, conforme já decidiu o Superior
Tribunal de Justiça, a conferir:
“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ATOS PRATICADOS POR PREFEITO, NO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO ADMINISTRATIVA E GESTORA DE RECURSOS PÚBLICOS. JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NÃO SUJEIÇÃO AO DECISUM DA CÂMARA MUNICIPAL. COMPETÊNCIAS DIVERSAS. EXEGESE DOS ARTS. 31 E 71 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Os arts. 70 a 75 da Lex Legum deixam ver que o controle externo – contábil, financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial – da administração pública é tarefa atribuída ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas. O primeiro, quando atua nesta seara, o faz com o auxílio do segundo que, por sua vez, detém competências que lhe são próprias e exclusivas e que para serem exercitadas independem da interveniência do Legislativo. O conteúdo das contas globais prestadas pelo Chefe do Executivo é diverso do conteúdo das contas dos administradores e gestores de recurso público. As primeiras demonstram o retrato da situação das finanças da unidade federativa (União, Estados, DF e Municípios). Revelam o cumprir do orçamento, dos planos de governo, dos programas governamentais, demonstram os níveis de endividamento, o atender aos limites de gasto mínimo e máximo previstos no ordenamento para saúde, educação, gastos com pessoal. Consubstanciam-se, enfim, nos Balanços Gerais prescritos pela Lei 4.320/64. Por isso, é que se submetem ao parecer prévio do Tribunal de Contas e ao julgamento pelo Parlamento (art. 71, I c./c. 49, IX da CF/88). As segundas – contas de administradores e gestores públicos, dizem respeito ao dever de prestar (contas) de todos aqueles que lidam com recursos públicos, captam receitas, ordenam despesas (art. 70, parágrafo único da CF/88). Submetem-se a julgamento direto pelos Tribunais de Contas, podendo gerar imputação de débito e multa (art. 71, II e § 3º da CF/88). Destarte, se o Prefeito Municipal assume a dupla função, política e administrativa, respectivamente, a tarefa de executar orçamento e o encargo de captar receitas e ordenar despesas, submete-se a duplo julgamento. Um político perante o Parlamento precedido de parecer prévio; o outro técnico a cargo da Corte de Contas. Inexistente, in casu, prova de que o Prefeito não era o responsável direto pelos atos de administração e gestão de recursos públicos inquinados, deve prevalecer, por força ao art. 19, inc. II, da Constituição, a presunção de veracidade e legitimidade do ato administrativo da Corte de Contas dos Municípios de Goiás. Recurso ordinário desprovido”. (STJ. ROMS nº 11060/GO. Rel. Min. Laurita Vaz. DJU 16/09/2002, p. 159). (g.n)
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
Logo, não restam dúvidas que a irregularidade apontada não só revela um grave
ataque as normas legais como posteriormente demonstra que a forma do gestor
tentar elucidar os fatos foi ineficaz.
Mantenho assim a irregularidade, tendo em vista que ante as exposições feitas,
constata-se que o agente público não logrou êxito em suas justificativas, não
conseguindo apresentar elementos suficientes para o afastamento da irregularidade.
II – TABELA DE PRECEDENTES
A seguir apresento os precedentes deste Tribunal, da Presidência da República e de outros tribunais que reforçam meu posicionamento quanto à matéria.
PARECER
PRÉVIO
ENTE ANO RELATOR EMENTA
Acórdão TCU nº 4864/2014
INCRA/AL 2005 Raimundo Carreiro
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO. NÃO APROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS. NÃO COMPROVAÇÃO DA BOA E REGULAR APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS FEDERAIS REPASSADOS AO MUNICÍPIO CONVENENTE. SOLIDARIEDADE. CONTAS IRREGULARES, DÉBITO E MULTA
Acórdão TCU nº 4809/2014
INCRA/PA 2006 Walton Alencar Rodrigues
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. INCRA. RECUPERAÇÃO DE ESTRADAS VICINAIS. INSUFICIÊNCIA DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS AO TRIBUNAL A TÍTULO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. CITAÇÃO. REVELIA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA
Acórdão TCU nº 4687/2014
MEC 2004 Raimundo Carreiro
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. LEI ROUANET. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. NÃO COMPROVAÇÃO DA BOA E REGULAR APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS FEDERAIS RECEBIDOS À CONTA DA LEI ROUANET. CONTAS IRREGULARES, DÉBITO E MULTA.
Acórdão TCU nº 2222/2014
CNPQ 2005 José Jorge TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
CONTAS. CITAÇÃO. ALEGAÇÕES DE DEFESA INSUFICIENTES PARA DEMONSTRAR A CORRETA APLICAÇÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS. DÉBITO. MULTA. IRREGULARIDADE DAS CONTAS
Acórdão TCU nº 7022/2012
Prefeitura de Porto Seguro/BA
2001 Marcos Bemquerer
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DE RECURSOS DO EXTINTO FUNDEF. CONTAS IRREGULARES, COM DÉBITO E MULTA. A ausência de comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos federais impõe a irregularidade das contas, a condenação ao pagamento do débito e a aplicação de multa ao responsável.
Acórdão TCU nº 5549/2010
Prefeitura de Santo Amaro/BA
2001 e 2002
Marcos Bemquerer
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FUNDEF. NÃO-COMPROVAÇÃO DE DESPESAS. DESVIO DAS FINALIDADES PREVISTAS PELA LEI N. 9.424/1996. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DO EX-PREFEITO. REVELIA DO ENTE PÚBLICO. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO E MULTA. Constatada a prática de ato de gestão contrário à norma regulamentar e de dano ao erário, cabe julgar irregulares as contas do responsável, com fundamento no art. 16, inciso III, alínea c, da Lei n. 8.443/1992, condená-lo ao pagamento do débito correspondente às parcelas cuja aplicação não foi comprovada e aplicar-lhe as multas previstas pelos arts. 57 e 58, inciso II, do referido diploma.
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Acórdão TCU nº 0901/2009
Prefeitura de Caldas Brandão/PB
2003 MARCOS VINICIOS VILAÇA
RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. OMISSÃO NO DEVER DE PRESTAR CONTAS. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS QUE ATESTAM A CORRETA APLICAÇÃO DE PARTE DOS RECURSOS. REDUÇÃO DO DÉBITO IMPUTADO. CONHECIDO. PARCIALMENTE PROVIDO. A apresentação intempestiva de novos elementos não afasta a ocorrência da omissão e, por isso, não altera o julgamento pela irregularidade das contas do gestor público, ainda que haja a demonstração, total ou parcial, da correta aplicação dos recursos.
TCE MG nº 688.753
Prefeitura de Açucena/MG
2003 Simão Pedro Toledo
Recurso de reconsideração – Decisão plenária condenatória – Aplicação de multa – Irregularidade na forma e prazo de remessa dos demonstrativos de aplicação trimestral de recursos na manutenção e desenvolvimento do ensino e dos recursos recebidos do FUNDEF – Reforma da decisão – Recebimento de arquivo no prazo legal – O conteúdo insatisfatório para o SIDE (Sistema dos Demonstrativos do Ensino) – Problema operacional do sistema – Multa relevada.
T.C.E PI ACÓRDÃO nº 208/2013
Prefeitura de Pio IX/PI
2010 LUCIANO NUNES SANTOS
EMENTA: CONTAS DO FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - FUNDEB DO MUNICÍPIO DE PIO IX. EXERCÍCIO 2.010. JULGAMENTO DE IRREGULARIDADE. 1) gasto com profissionais do magistério inferior ao limite legal; 2) ausência de licitação no valor de R$ 377.699,20; 3) fracionamento de despesa no montante de R$ 52.222,00; 4) falta de transparênciacom aluguel/locação/frete de veículos no montante de R$ 523.472,61; 5) pagamentos de acréscimos moratórios com recursos públicos no valor de R$ 49.185,59; 6) contratações por tempo indeterminado de professores substitutos e auxiliares de forma ilegal; 7) pagamento de despesas não pertinentes ao FUNDEB; 8) envio intempestivo comprovando a
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conciliação bancária, referente à divergência nos saldos bancários contabilizados e os constantes dos extratos bancários; 9) irregularidades nas atuações de acompanhamento e controle social do FUNDEB.
IV – CONCLUSÃO
A análise feita neste voto conduz às seguintes conclusões:
As demonstrações contábeis consolidadas do Município representam a
situação patrimonial em 31 de dezembro de 2011, exceto pelo efeito
das recomendações constatadas, de acordo com a Lei 4.320/1964, a
Lei Complementar 101/2000 e as demais normas aplicáveis.
Os processos TC 2623/2010 (exercício 2009) e TC
1671/2011(exercício 2010) que ainda tramitam nessa Corte de Contas,
também apresentam apontamentos de irregularidades contábeis
demonstrando a reincidência da fragilidade do sistema contábil;
A mera substituição de peças contábeis não foi suficiente para afastar
a irregularidade que aponta que os gastos com profissionais do
magistério da educação básica foram abaixo do limite mínimo
estabelecido pela legislação em vigor, sendo as alegações de defesa
insuficientes para demonstrar a aplicação dos recursos públicos;
A não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos públicos
impõe a irregularidade das contas e a aplicação de multa ao
responsável;
Destarte, por tudo mais que dos autos consta, com base no artigo 29, inciso V, da
PARECER PRÉVIO TC-077/2014 am/fbc
Resolução nº 261/20035, concordando com o entendimento da Secretaria de
Controle Externo e Ministério Público Especial de Contas, VOTO para que o
Colegiado adote a seguinte decisão:
I – Sejam mantidas as irregularidades, as quais conforme já fundamentado neste
voto, não foram capazes de comprometer os objetivos centrais da gestão
governamental.
5.2.1 Nota Explicativa referente ao Saldo na conta Diversos Responsáveis no valor de R$ 15.621,60. (item 1.10 da ICC 228/2013) Base Legal: Art. 105, inciso VII, da Resolução TCEES nº 182/2002. 5.2.2 Divergência no Saldo do Exercício Anterior e do Saldo para o Exercício Seguinte, do Demonstrativo de Dívida Ativa e o Balancete Analítico Contábil. (item 1.11 da ICC 228/2013) Base Legal: Artigo 85 da lei 4.320/64.
II – Seja mantida a irregularidade, a qual conforme já fundamentado neste voto,
afronta a legislação em vigor ao não atender limite constitucional mínimo de
gastos com profissionais do magistério da educação básica.
5.2.3 Remuneração dos profissionais do magistério (item 2.2.1 da ICC 228/2013) Base Legal: art. 60, inc. XII do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República de 1988 (alterado pela Emenda Constitucional 53/2006).
III - Seja emitido parecer prévio pela REJEIÇÃO das contas do Município de Atílio
Vivacqua, exercício de 2011, sob a responsabilidade do Sr. José Luiz Torres
Lopes, com fundamento no art. 80, III, da LC 621/2012.
IV- Seja encaminhada ao atual gestor, a seguinte RECOMENDAÇÃO:
Que seja realizado o registro de ajustes da dívida ativa de acordo com os
princípios de contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público – NBCASP.
5 Art. 29, V - apresentar, relatar, votar ou diligenciar, nos prazos deste Regimento, os processos do Tribunal;
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V – Seja encaminhado ao atual gestor, a seguinte DETERMINAÇÃO, que deverá ser
objeto de monitoramento por esta Corte:
Cumpra as disposições contidas na NBC T 16.5 (Resolução CFC Nº.
1.132/08) e que observe os procedimentos técnico-contábeis de estornos e
retificações de lançamentos contábeis, previstos nos Itens 31/36 da NBC -
ITG - 2000 da Resolução CFC n° 1330/2011.
VI - Tendo em vista os indícios de irregularidades apontados no item 1.13 da ICC
228/2013, os quais noticiam lançamentos contábeis realizados em desacordo com
procedimentos corretos da prática contábil nos exercício de 2010 e 2011, bem como
a alienação de veículos em leilão por preços inferiores ao valor de mercado e, por
fim a participação de servidores públicos no referido leilão em clara afronta ao
estabelecido no artigo 9º, inciso III5 da Lei de Licitações, determina-se a instauração
de Tomada de Contas Especial para apuração dos fatos narrados, haja vista a
possível ocorrência de dano ao erário, com fulcro no §1º do artigo 836 da LC
621/2012.
Dê-se ciência aos interessados e, após as formalidades legais, arquive-se.
PARECER PRÉVIO
Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC-2440/2012, RESOLVEM os
Srs. Conselheiros da Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado do Espírito
Santo, em sessão realizada no dia vinte e dois de outubro de dois mil e quatorze, à
unanimidade, nos termos do voto do Relator, Conselheiro Rodrigo Flávio Freire
Farias Chamoun:
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1. Recomendar à Câmara Municipal de Atílio Vivácqua a rejeição da Prestação de
Contas Anual da Prefeitura Municipal de Atílio Vivácqua, referente ao exercício de
2011, sob a responsabilidade do Sr. José Luiz Torres Lopes, com fundamento no
artigo 80, inciso III da Lei Complementar nº 621/2012;
2. Recomendar ao atual gestor para que seja realizado o registro de ajustes da
dívida ativa de acordo com os princípios de contabilidade e às Normas Brasileiras de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público – NBCASP;
3. Expedir ao atual gestor da Prefeitura Municipal de Atílio Vivácqua a seguinte
determinação, que deverá ser objeto de monitoramento:
3.1 Cumpra as disposições contidas na NBC T 16.5 (Resolução CFC Nº 1.132/2008)
e que observe os procedimentos técnico-contábeis de estornos e retificações de
lançamentos contábeis, previstos nos itens 31/36 da NBC - ITG – 2000 da
Resolução CFC nº 1330/2011;
4. Determinar ao atual Prefeito do Município de Atílio Vivácqua/ES que instaure
procedimento de Tomada de Contas Especial, tendo em vista os indícios de
irregularidades apontados no item 1.13 da ICC 228/2013, os quais noticiam
lançamentos contábeis realizados em desacordo com procedimentos corretos da
prática contábil nos exercícios de 2010 e 2011, bem como a alienação de veículos
em leilão por preços inferiores ao valor de mercado e, por fim, a participação de
servidores públicos no referido leilão em clara afronta ao estabelecido no artigo 9º,
inciso III da Lei de Licitações, visando à apuração dos fatos narrados, haja vista a
possível ocorrência de dano ao erário, com fulcro no § 1º do artigo 836 da Lei
Complementar 621/2012;
5. Arquivar os presentes autos, após o trânsito em julgado.
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Composição
Reuniram-se na Primeira Câmara para apreciação os Senhores Conselheiros
Sebastião Carlos Ranna de Macedo, Presidente, Rodrigo Flávio Freire Farias
Chamoun, Relator, e a Conselheira em substituição Márcia Jaccoud Freitas.
Presente, ainda, o Dr. Heron Carlos Gomes de Oliveira, Procurador Especial de
Contas em substituição ao Procurador-Geral do Ministério Público Especial de
Contas.
Sala das Sessões, 22 de outubro de 2014.
CONSELHEIRO SEBASTIÃO CARLOS RANNA DE MACEDO
Presidente
CONSELHEIRO RODRIGO FLÁVIO FREIRE FARIAS CHAMOUN
Relator
CONSELHEIRA MÁRCIA JACCOUD FREITAS
Em substituição
Fui presente:
DR. HERON CARLOS GOMES DE OLIVEIRA
Procurador Especial de Contas em substituição ao Procurador-Geral
Lido na sessão do dia:
EDUARDO GIVAGO COELHO MACHADO
Secretário Adjunto das Sessões