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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN | CURSO DE DESIGN
CARLA MARIA DA PAZ
DESIGN DE MOBILIÁRIO Roupeiro de Quarto e Armários de Cozinha para a Habitação Popular
CARUARU 2011
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CARLA MARIA DA PAZ
DESIGN DE MOBILIÁRIO Roupeiro de Quarto e Armários de Cozinha para a Habitação Popular
Monografia apresentada à Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Design. Orientação: Prof. Lourival Lopes Costa Filho, M. Sc.
Caruaru 2011
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Prof. Lourival Lopes Costa Filho Orientador
Prof. Bruno Xavier da Silva Barros 1º Avaliador
Prof. Emílio Augusto Gomes de Oliveira 2º Avaliador
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Aos meus Pais, que estiveram sempre ao meu lado me ajudando e me incentivando para a realização de todas as minhas conquistas.
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Agradecimentos
Ao Professor Lourival Costa, meu orientador, que com seus ensinamentos me forneceu
informações necessárias e indispensáveis para a elaboração deste trabalho.
Aos meus amigos e chefes de trabalho pela compreensão e atenção ao longo do
desenvolvimento deste trabalho.
As minhas amigas Glaubervania, Mairla e Lígia, pelo incentivo e apoio nos momentos difíceis.
Ao meu amigo Diego Soares pelo apoio.
A colaboração e atenção do arquiteto colaborador Wesley Muniz, do grupo Viana&Moura,
que forneceu as informações necessárias da Vila Andorinha para realização das investigações de
campo.
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“A idéia dominante, como no que se refere à própria habitação, é que tudo que constitui o ambiente material da vida cotidiana influi sobre o comportamento e participa assim da transformação progressiva da natureza humana”.
(KOOP, 1990, p. 56, 60)
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Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo principal “desenvolver uma proposta de design de mobiliário
para quarto e cozinha da habitação popular, baseada no dimensionamento desses espaços”. Parte da
premissa de que os moradores desse padrão habitacional encontram dificuldades para adaptar o
mobiliário disponibilizado pelo mercado aos espaços exíguos de suas moradias, uma vez que
geralmente priorizam o preço em detrimento da compatibilidade de suas dimensões aos espaços que
os receberão, podendo causar o congestionamento físico e/ou visual. Dentro dessa perspectiva,
foram apresentadas propostas para o roupeiro de quarto e armários de cozinha, ambos geralmente
móveis fixos e que requerem atenção dobrada na sua adaptação aos espaços. Para fundamentar as
decisões projetuais, foram utilizadas entrevistas com roteiro estruturado para coletar dados com
moradores da habitação popular sobre a função prática dos produtos e, paralelamente, adotando a
Teoria das Facetas (TF) para estruturar os procedimentos, foi também empregado o Sistema de
Classificações Múltiplas, utilizando fotografias de roupeiro e armários de cozinha como elemento de
estímulo, para coletar dados sobre as funções estética e simbólica dos produtos em relação à
percepção do público alvo. Os dados obtidos foram analisados qualitativamente e mostram a
preferência do público participante por guarda-roupas abertos com acabamento pintado,
amadeirado e misto e armários de cozinha fechados com acabamento amadeirado misto.
Palavras-chave: habitação popular, design de mobiliário, roupeiro, armários de cozinha.
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Sumário
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 8 PARTE 1: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS Capítulo 1 – A Habitação Popular No Contexto Nacional............................................................... 12
1.1 Setores da residência............................................................................................................ 16 1.2 Dimensionamento mínimo na habitação.............................................................................
1.2.1 Normas para o dimensionamento das edificações na cidade de Caruaru/PE ................ 19
21
Capítulo 2 – Mobiliário Popular No Panorama Nacional................................................................ 24 2.1 Histórico da produção do mobiliário popular no Brasil......................................................... 24 2.2 Características Estéticas do mobiliário popular..................................................................... 2.3 Móveis Modulados................................................................................................................
28 30
2.4 Concordância do mobiliário com o espaço habitacional.......................................................
32
PARTE 2: CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS E PROJETUAIS Capítulo 3 – Planejamento da Pesquisa de Campo.......................................................................... 37 3.1 Definição do tipo de pesquisa e plano de amostragem......................................................... 3.2 Investigação sobre a funcionalidade dos ambientes/produtos............................................. 3.2.1 Elaboração das entrevistas e a fase de pré-testes...........................................................
3.2.2 Procedimento de coleta de dados................................................................................... 3.2.3 Análise das entrevistas e principais resultados............................................................... 3.3 Investigação sobre as questões estético-simbólicos..............................................................
3.3.1 Breve abordagem a teoria das facetas............................................................................ 3.3.2 Sentença estruturadora da pesquisa............................................................................... 3.3.3 Sistemas de classificações múltiplas e elementos utilizados........................................... 3.3.4 Análise dos dados............................................................................................................ 3.3.4.1 Classificação Livre......................................................................................................
37 39 39 40 40 44 44 45 47 54 54
3.3.4.2 Classificação Dirigida..................................................................................................
55
Capítulo 4 – Considerações Projetuais............................................................................................. 58 4.1 Partido Projetual................................................................................................................... 4.2 O processo de Design...................................................................................................... ......
58 59
4.2.1 Geração de alternativas.................................................................................................. 60 4.2.2 Alternativa selecionada.................................................................................................. 65 4.2.2.1 Detalhamento e especificação..................................................................................... 67
4.2.2.1 Detalhamento e especificação.................................................................................. 67 4.2.2.2 Materiais utilizados................................................................................................... 75 4.2.2.3 Montagem............................................................................................................ .... 80 4.2.2.4 Projeção preliminar do custo.................................................................................... 84 4.2.2.5 Simulação de uso.................................................................................................... .. 86 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ ......... 93 Referências ........................................................................................................... ............................
96
Apêndice ............................................................................................................................. ............. Anexo ...............................................................................................................................................
99 107
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8
Introdução
Atualmente é comum nos depararmos com espaços exíguos em todos os padrões
habitacionais, mas quando se trata das habitações populares esse problema é bastante visível. Em
decorrência dessa observação, a população usuária de baixa renda geralmente enfrenta vários
desafios para adquirir um mobiliário que seja adequado economicamente e possa acomodar as
atividades específicas que ocorrem nos ambientes de sua moradia. Dentro dessa perspectiva, é
fundamental considerar a maneira como esses ambientes serão equipados, na medida em que, de
acordo com Folz (2003), para o bom desempenho da moradia é necessário à concordância do
produto móvel ao produto casa.
Nesse sentido, partindo-se dessa afirmação de Folz (2003) e considerando-se que, na maioria
das vezes, a área privativa da habitação popular está entre 35 a 50 m², admite-se que o mobiliário e
seu arranjo físico podem facilitar ou dificultar a possibilidade de implantação e execução das
atividades nos espaços da moradia popular, bem como podem ainda reduzir ou aumentar a sensação
de congestionamento, tanto físico como visual, nesses espaços mínimos.
A partir da problematização descrita, como seria possível desenvolver uma proposta de
mobiliário que reunisse características que fossem adequadas do ponto de vista econômico e
dimensional às necessidades dos usuários dos ambientes de quartos (casal/solteiro) e cozinha da
moradia popular? A partir desse questionamento, formula-se o problema ou a questão do problema
desta pesquisa, que irá se procurar responder ao longo desta monografia.
A razão da escolha desse objeto de estudo, mobiliário e habitação popular, deve-se
principalmente à carência de produtos disponibilizados no mercado moveleiro local de Caruaru PE
para os espaços mínimos da moradia popular, pois priorizam acima de tudo a questão do preço em
detrimento de outras questões como, por exemplo, uma modulação baseada nas dimensões dos
espaços mínimos que irão recebê-los. Outra questão também levada em conta é à escassez de
estudos publicados sobre o assunto. Assim, mesmo sendo um importante problema de design nos
dias atuais, tem despertado pouco interesse em muitos designers, em detrimento ao móvel de luxo
destinado às classes sociais mais favorecidas e que, geralmente, dispõem de espaços mais generosos
para morar. A partir dessas constatações, justifica-se a importância deste trabalho para a área do
design de mobiliário.
Tendo sido expostos a problematização, a questão do problema, a justificativa e relevância
deste trabalho, cabe agora destacar que esta pesquisa tem como objetivo geral “desenvolver uma
9
proposta de design de mobiliário para os quartos e a cozinha da habitação popular, baseada no
dimensionamento desses espaços”.
Considerando-se a cidade de Caruaru como referência dos dados para esse tipo de moradia,
buscam-se como objetivos específicos:
1. Identificar o dimensionamento interno dos ambientes de quarto e cozinha praticados no
mercado imobiliário;
2. Identificar um imóvel popular que apoie a proposta projetual deste trabalho;
3. Identificar as principais características funcionais, estéticas e simbólicas para o tipo de
produto a ser desenvolvido, através da percepção da população usuária.
A metodologia utilizada nesta pesquisa parte do Método Dedutivo e Monográfico,
respectivamente método de abordagem e método de procedimento, que estão presentes na
primeira parte do trabalho, relativa às considerações teóricas da pesquisa. Segundo Lakatus e
Marconi (2004), o método dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo de proposições,
demonstrando a partir da lógica pura sua conclusão, de maneira que garanta sua veracidade. Sobre o
método monográfico, as autoras citadas o apresentam como um estudo de determinados grupos,
indivíduos, profissões, ou seja, os aspectos particulares do grupo em que é observada a renda, custo
de vida, atividades realizadas, etc.
Para fundamentar as decisões projetuais relacionadas ao partido projetual e as funções básicas
do produto foram proposta uma investigação do tipo exploratória, descrita por Lakatus e Marconi
(2006) como pesquisa cujo objetivo é a formulação de um problema.
Para realização dessa investigação serão utilizados dois procedimentos. Primeiro, serão
utilizadas entrevistas com o roteiro estruturado para coletar dados sobre a função prática dos
produtos. Em seguida, utilizando a teoria das facetas para estruturar os procedimentos, será
empregado o sistema de classificações múltiplas, tendo fotografias como elemento de estímulo para
coletar dados sobre a função estético-simbólica dos produtos. Os dados obtidos serão tratados
qualitativamente e subsidiarão informações para as propostas projetuais.
Em seguida, nas considerações projetuais, a metodologia de Löbach (2001) será adaptada para
resolver o problema, concretizado em forma de projeto de design proposto, com características que
possam satisfazer as necessidades do público considerado.
Esta monografia apresenta seu conteúdo estruturado em duas partes. A primeira parte,
considerações teóricas, possui dois capítulos. O capítulo I refere-se à casa popular e às características
do seu dimensionamento. O capítulo II aborda questões sobre um breve histórico da produção do
10
mobiliário popular brasileiro e suas principais características na contemporaneidade. A segunda
parte, considerações metodológicas e projetuais, relaciona o capítulo III, que apresenta as questões
metodológicas, bem como o capítulo IV que se refere à proposta final do sistema modulado
projetado para os quartos e a cozinha da habitação popular.
11
PARTE 1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Capítulo 1
A HABITAÇÃO POPULAR NO CONTEXTO NACIONAL
Capítulo 2
MOBILIÁRIO POPULAR NO PANORAMA NACIONAL
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12
CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
1. A HABITAÇÃO POPULAR NO CONTEXTO NACIONAL
Para compreendermos melhor a evolução da habitação popular no Brasil é necessário
mencionar importantes aspectos de sua história, apresentando características ainda permanentes
em muitas habitações até hoje. 1
No Brasil, a casa portuguesa se manifestou através de técnicas, dos materiais de construção e
repetindo os seus modismos estilísticos. No final do século XIX, os problemas encontrados nas
grandes metrópoles européias foram característicos também no território Nacional, onde o
surgimento de cortiços e casas improvisadas que se desenvolveram tinham como intuito suprir a
necessidade da moradia para atender a superpopulação imigrante, principalmente nas cidades de
São Paulo e Rio de Janeiro. Nesta época estima-se que 1/3 das habitações paulistanas eram cortiços,
a evolução da habitação popular no Brasil pode ser entendida a partir das seguintes fases:
Do final do século XIX até a década de 1930;
Da década de 1930 a 1964;
De 1964 a 1986;
De 1986 até o presente (FOLZ, 2003, p. 14).
O primeiro período foi marcado por um acelerado crescimento populacional em muitas
cidades, principalmente em algumas capitais. Segundo Vaz, apud Costa (2005), esse crescimento foi
causado por diferentes fatores ligados às atividades econômicas, sociais, políticas e cultural, onde
repercutiu alterações no espaço urbano, arquitetônico e habitacional e principalmente ao surto
industrial, pois a infra-estrutura das maiores cidades brasileiras não acompanhou o crescimento
1 Este item foi escrito tomando como principal referência o livro “Mobiliário na habitação popular”, de Rosana Rita Folz, publicado em destacado no texto.2003. Busca-se assim, evitar repetir o crédito a essa autora para a leitura fluir melhor. Quando, for considerado outro autor, será destacado no texto.
13
populacional desencadeando vários problemas. Diante da falta de moradia surgiram os cortiços, sem
higiene e sem conforto algum, que se resumiam com base numa planta simples, onde a passagem
era estreita entre as duas fileiras de cômodos (apenas possuía quarto), nos fundos ficavam os
sanitários e o tanque de lavar para o uso de toda a população residente.
Covas, focos pestilentos, ninho de brutos, repugnantes pocilgas, antros de miséria e degradação, chiqueiros, tristes abrigos, bocas de fogo a despejar miasmas e imensos focos de infecção eram alguns dos adjetivos empregados no Brasil para qualificar as habitações coletivas da época. (CORREIA apud COSTA, 2005, p. 8).
Os mais recentes, entretanto, possuíam quarto e cozinha, onde as atividades domésticas
eram desenvolvidas na maioria das vezes em apenas um ambiente. Lemos (1989) considera os
cortiços como verdadeiras senzalas urbanas, bem como reconhece que eles foram o caminho da
solução para a moradia operária. Os cortiços, portanto, possuíam grande adensamento nos
cômodos, desencadeadores de epidemias e pestes, com poucas condições de higiene.
No final dos anos de 1882 e início dos 1900, foram instituídos alguns decretos, em que eram
exigidas construções de habitações para operários de classes pobres respeitando as prescrições da
Junta Central de Higiene Pública. Nesse sentido, segundo pesquisado, ao final do ano de 1882, o
Segundo Império iniciou uma sucessão de decretos concedendo favores às empresas relativos à
construção de habitações para operários e classes pobres.
Também foi pesquisado que as casas empreendidas pelas indústrias passaram a ser chamada
de vilas operárias e tinham o intuito de oferecer moradia aos seus trabalhadores. A maioria destas
Figura 1. 1 - Modelo de moradia operária proposta pela Comissão de Exame e Inspeção de Cortiços, 1893. Fonte: Folz (2003).
14
vilas foi construída pelas companhias de estrada de ferro localizadas principalmente em São Paulo,
Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. Possuíam três cômodos, no mínimo, composto por sala, quarto
e cozinha o sanitário ficava no quintal (Figura 1.2).
Com o surgimento de novas leis frente à regularização de construções, surge o empreendedor
particular. A construção dessas habitações, não tinha preocupação com o bem-estar da família, mas
por meio da construção de espaços cada vez mais exíguos que almejavam a abertura de um novo
nicho de mercado. Assim, o aluguel, nesse período passou a ser visto como uma oportunidade de
bons negócios, na medida em que não havia nenhum tipo de financiamento para a compra da casa
própria.
Em 1930, o Poder Público passou a interferir nos problemas habitacionais. Getúlio Vargas,
durante o Estado Novo, propôs elevar o nível das camadas populares, havendo a necessidade de
modificações quanto à saúde, alimentação e habitação. A partir da criação do Departamento
Nacional do Trabalho, foi instituída uma legislação trabalhista e previdenciária, pretendendo atender
à carência habitacional da população.
As soluções exigidas pelo poder público se destacaram com as construções de vilas operárias,
constituída por um conjunto de casas iguais, dispostas em fileiras, mas fora do perímetro urbano,
apontando para soluções de exclusão social.
Figura 1.2 – Planta Baixa de casa da Vila Maria Zélia. Fonte: FOLZ (2003).
15
O congelamento dos aluguéis só foi possível com a Lei do Inquilinato em 1940, onde o aluguel
não seria mais uma atividade rentável. Neste período foi predominante a construção em massa de
moradias pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAPs) e pela Fundação da Casa Popular. Os IAPs
foram criados em 1930 e foi à primeira instituição nacional a tratar da questão habitacional no Brasil.
A instituição construiu muitos conjuntos habitacionais e valorizou uma nova modalidade de
edificação, os apartamentos, apresentando uma proposta com sala, quarto, cozinha e banheiro.
Em 1946, ainda segundo a mesma autora, foi criada a Fundação da Casa Popular, primeiro
órgão de âmbito nacional que tinha como intuito solucionar a falta de habitação. Órgãos estaduais e
municipais surgiram na mesma época, dentre eles, por exemplo, a Caixa Estadual de Casas para o
Povo (CECAP), em São Paulo, e o Departamento de habitação popular no Rio de Janeiro, onde alguns
conceitos modernistas fizeram parte de suas construções, inovando com propostas de apartamentos
simplex (um quarto) e duplex (um a quatro quartos), são apontados como solução segura e
econômica.
Em 1964, os IAPs haviam passado por um fraco desempenho frente ao problema habitacional
e foi extinto após o Golpe Militar. Com isto, houve a criação do BNH (Banco Nacional da Habitação) e
as propostas modernas existentes nos conjuntos habitacionais foram desativadas, havendo a
preferência pelo espaço privado. Sobre o assunto cabe destacar que:
O resultado foram blocos cercados, recriando-se lotes onde se pretendia criar parques; tetos-jardim desativados, espaços junto aos pilotis transformados em garagens e depósitos privados; equipamentos coletivos desativados. Muito pouco sobrou da concepção original dos conjuntos residenciais dos IAPs (BONDUKI apud FOLZ, 2003, p. 25).
Com a criação do BNH buscou-se a redução do preço, havendo redução também no tamanho
das habitações sem apresentar preocupação com os espaços coletivos e com os materiais. A principal
proposta desse banco era diminuir o déficit habitacional, a fim de estimular a construção, o
financiamento e a melhora do padrão das moradias. A idéia do BNH de criar habitação para
população de baixa renda não foi positiva. Assim, essa população de baixa renda foi obrigada a
encontrar outras soluções para o problema de moradia, apresentando como alternativa a casa
autoconstruída nos loteamentos precários e em favelas, com apenas um cômodo em sua forma
inicial sendo acrescida aos poucos – conforme as necessidades e recursos – até não sobrar mais
espaço no terreno, levando décadas até definir a sua forma.
Em 1986, com o fim do BNH, foi desestruturada a política habitacional, passando a
responsabilidade de financiamentos para o Estado. Para enfrentar os problemas habitacionais várias
iniciativas foram adotadas, indo desde a construção de moradias por mutirões ou empreiteiras até
16
intervenções em cortiços e favelas, onde os conjuntos habitacionais romperam à tradição de
similaridade e passaram a entender os futuros moradores.
Atualmente, persistem as propostas para amenizar o problema da carência habitacional, mas
continuam funcionando momentaneamente, onde a população de baixa renda são os próprios
empreendedores de sua habitação, as chamadas casas autoconstruídas que tiveram o seu
surgimento depois da Segunda Guerra Mundial, sendo construídas sem planejamento técnico,
mesmo quando financiadas, já que suas dimensões são consideradas padrão para a habitação.
A solução do problema, contudo, demanda uma mudança profunda na sociedade, e foi
caracterizado, em 1934, pelo grande arquiteto Walter Gropius ao explicar que a incapacidade do
homem de impor as suas necessidades humanas acima das econômicas e industriais tem elevado as
misérias existentes nas cidades e habitações.
1.1 SETORES DA RESIDÊNCIA
A presença da casa Portuguesa no Brasil teve grande influência na aparência do imóvel, e na
divisão das plantas arquitetônicas da época, caracteriza tendo a divisão dos setores da residência a
partir de dois tipos de moradia: as casas maiores pertencentes à classe dominante e as casas
menores destinada ao resto da população. Entretanto, devido ao clima e as condições sócio-
econômicas, a tentativa de mesma funcionalidade do interior da residência não foi bem sucedida.
A classe dominante do branco europeu desligou a cozinha do núcleo residencial, a fim de
manter o ambiente aconchegante, assumindo que o fogo para ferver caldeirões era permitido
somente no quintal, afastando o fogão da área de lazer, uma atitude justificada pela presença do
escravo, já que a distância entre a cozinha e a casa era grande. O restante da população, em suas
habitações humildes com espaços mínimos tolerou a cozinha no meio dos cômodos, ao lado do
quarto e da eventual sala. Segundo Lemos (1989), a casa popular do período colonial possuía seus
cômodos encarreirados, apresentando construções feitas em terrenos estreitos, onde os cômodos da
entrada geralmente era a sala de estar, adiante os dormitórios que eram vistos como cômodos
intermediários, e nos fundos havia a cozinha, que dava acesso ao quintal, onde eram feitas as
instalações sanitárias.
17
Com os novos avanços da Revolução Industrial os hábitos caseiros sofreram modificações e a
vida noturna das famílias após a chegada da luz com modernos lampiões mudou completamente. O
programa de necessidades e a vida social sofreram alterações tornando a casa mais civilizada, de
maneira que as salas de jantar e as varandas tinham por finalidade receber as visitas para os jantares
oferecidos, nos quartos alguns itens passaram a compor o ambiente, como os lavatórios que eram
providos de bacias e jarras, assim como os utensílios decorativos, o único ambiente que não sofreu
modificação com os novos hábitos foi a área de serviço, onde o escravo que fazia a casa colonial
funcionar continuou com sua função, mesmo que em cenários diferentes.
De acordo com Verissímo e Bittar (1999), os setores da residência são definidos como: o setor
social que mantém associação com a sala, já que sua característica principal seria receber as visitas; o
setor íntimo, que constitui os ambientes dos quartos e banheiros; e o setor de serviços,
compreendendo os compartimentos da cozinha, copa e o quarto dos empregados, onde uma
superposição de funções é atribuída nesses setores.
Figura 1.3 – Plantas de residências do século XIX.
Fonte: Artigo o Espaço da cozinha no Brasil/ Layout e Mobiliário
No século XX, a casa brasileira com as transformações da vida doméstica e com a
industrialização passou a exibir residências com os cômodos necessariamente inseparáveis, onde os
setores se confundem entre si, de maneira que as atividades de lazer e de serviço são
desempenhadas num mesmo espaço, trazendo para estes ambientes as principais atividades diárias
(refeições, interação entre os familiares, as visitas e o descanso), apresentando a casa popular como
sendo construída pelo seu próprio usuário. Ainda sobre essas transformações cabe destacar que:
18
Detectam-se pressões no sentido de acréscimos de espaços na região da cozinha, onde está em meio de refeições informais e roupas; na área de estar, tendente a permitir subdivisão; na área de quartos, tendente a permitir postos de trabalho; na entrada e distribuição interior, a fim de manter maior isolamento acústico assegurando o não devassamento do ambiente, (PORTAS, 1969, p. 2).
Segundo Lemos (1989), a casa é entendida como invólucro, é um palco permanente das
atividades condicionadas à cultura de seus usuários, o que a diferencia é o conjunto de critérios que
regem a distribuição de atividades diferentes num mesmo espaço. A relação dos setores de uma
moradia com as atuações domésticas é dividida em três grupos, podendo ser a mesma em qualquer
família ou nível social, onde as atividades desenvolvidas estão ligadas ao lazer, ao repouso e aos
serviços em geral.
Durante a Jornada de Habitação Econômica do IDORT realizada em 1942, a questão da
habitação insalubre fez parte do tema das palestras, em que ressaltava a necessidade da casa
atendendo aos requisitos da higiene e saúde, onde a habitação popular deveria apresentar em suas
divisões a sala comum, um a três dormitórios (um para o casal e um para os filhos de cada sexo),
cozinha, compartimento sanitário interno ou imediatamente externo com chuveiro e área de serviço,
onde em alguns casos a cozinha se reduz a um recanto separado da sala de estar, mantendo um pé
direito mínimo de 2,4 m.
Considerando os principais cômodos, Silva (1982) analisa a funcionalidade dos espaços da
habitação, na forma a seguir:
- Dormitório de casal como área de repouso e privativa para o casal;
- Dormitório dos filhos desempenhando a função de repouso, convívio com amigos, lazer, recreação
e estudo;
- Sala de estar e jantar se diferencia dos dormitórios na medida em que sua ocupação de destina ao
grupo familiar e a visitantes, apresentando funções bastante variadas como tomar refeições
coletivamente, receber visitas, repousar e estudar;
- Cozinha é citada como o ambiente da casa que sofreu maiores transformações durante suas
conotações culturais e afetivas, considerando como problema da moradia a insuficiência de espaço
para a acomodação de utensílios domésticos do setor. Abrange o conjunto de operações ligadas à
alimentação, devendo ter boas condições de iluminação;
- Banheiros tendem a ser reduzidos, já que o seu custo por metro quadrado é mais elevado, visto
que o revestimento deverá ser impermeável e devido as instalações sanitárias, sua função abrange
necessidades de higiene pessoal;
19
- Área de serviço apresenta um espaço secundário, onde as tarefas dominantes da área estão
relacionadas com o tratamento de roupas, constituindo ações como lavagem, secagem, passagem a
ferro e costura.
Um grande problema a ser enfrentado pelo morador de uma habitação popular é o
congestionamento na moradia, indicando a falta de espaço suficiente para que os indivíduos
desenvolvam suas atividades, atribuindo como principal característica dessa deficiência a
superposição de áreas para o desenvolvimento de serviços com ambientes de lazer, onde tudo é
feito por todos num mesmo cenário promiscuo, esse assunto é destacado na citação abaixo:
Em todas as moradias há o isolamento do local de dormir, sempre minimizado, e o destaque do local de estar invariavelmente se confunde com a cozinha. (…) Tal superposição de atividades de estar, ou lazer e de serviço num mesmo espaço, deixando isoladas aquelas de repouso, tornou-se a característica da então casa popular, especialmente aquela construída pelo seu próprio usuário. Enquanto isso, a classe média aburguesada tem suas pequenas residências, mormente apartamentos, caracterizadas por outro tipo de superposição: estar e lazer coabitando com o dormir (LEMOS apud FOLZ, 2003, p. 24).
1.2 DIMENSIONAMENTOS MÍNIMOS NA HABITAÇÃO
Para a satisfação de algumas exigências relacionadas com o espaço habitacional é necessário
que a quantidade de equipamentos utilizados esteja em função das exigências físicas das atividades,
levando em consideração as exigências psicossomáticas que quando não são atendidas podem levar
insatisfação, mesmo quando o espaço apresenta dimensões necessárias para o desenvolvimento das
tarefas, afirma Portas (1969).
Folz (2003) descreve que para o espaço arquitetônico oferecer conforto é necessário ser
equipado com objetos úteis às funções exigidas dentro do lar. Beguim apud Folz (2003), entretanto,
afirma que além dos móveis de uso indispensáveis, os ornamentos e decorações não devem ser
excluídos do quadro doméstico, pois esses objetos podem fazer do lar um lugar agradável, onde seus
moradores terão prazer ao retornar.
Boueri (2008) apresenta os espaços para as atividades como a superfície necessária e
suficiente para que uma pessoa possa desenvolver qualquer que seja a atividade sem interferências
do mobiliário e equipamentos existentes no local. Dessa forma a área mínima de um ambiente pode
ser entendida pelos espaços das atividades, de modo que o dimensionamento dos ambientes poderá
20
atribuir qualidade à habitação. Sobre a necessidade de se estabelecer padrões mínimos da habitação,
destaca-se que:
Em primeiro lugar, as necessidades humanas só podem ser satisfeitas dentro de limites conhecidos e, em segundo lugar, os investimentos efetuados na construção habitacional devem ser compensados pela produção de bens com utilidade indiscutível e garantida. Não se pode indefinidamente, reduzir as áreas do alojamento para reduzir custos, pois, a partir de certo ponto, o produto será imprestável (...), (SILVA, 1982, p. 25).
É importante ressaltar que a principal problemática da habitação para usuários de baixa renda
é o fator econômico, prevalecendo sobre o técnico e o sócio-cultural determinando a simplificação
no dimensionamento da moradia popular. Fugulin, apud FRANCISCO2 (1995), propõe que a dimensão
mínima suficiente para uma habitação seria de até 56,22m², apresentando um lote de 7 x 25m, onde
a sala teria 13,30m²; a cozinha 4m²; os dormitórios 7m² e o chuveiro 2m². No entanto, a
compactação das habitações possui uma relação do habitante e sua área mínima por pessoa.
Em termos de congestionamento tomando o número de habitantes na área construída, o
conforto desejável por pessoa, segundo Chombard de Lauwe apud , é que o nível de ocupação
superior a 16 m² é considerado como conforto desejável; entre 12 e 16 m² por pessoa, como médio;
entre 8 e 12 m² por pessoa, como crítico e abaixo de 8m² por pessoa, como patológico ocasionando
desconforto à saúde física e mental dos ocupantes. Blachère apresenta como conforto modesto
14m² de área útil por pessoa; como conforto médio 18m² por pessoa, e como superior 22 m² por
pessoa. Já Chombard de Lauwe destaca que nos Estados Unidos, o Committee on the Hygiene of
Housing recomenda: 36m² para um habitante, 67,5m² para dois habitantes, 90m² para três
habitantes e 103,5m² para quatro habitantes (CARDIA apud COSTA FILHO, 2005).
Portas (1969), define os espaços mínimos da habitação por cômodos, adotando fatores que
possam intervir no dimensionamento das divisões como: o tipo de divisão que se adote e o
equipamento base definido, apontando suas dimensões como mínima, desejável e proposto.
2 Arquiteta formada pela EESC-USP, mestre em Arquitetura pela EESC-USP e doutora em Arquitetura pela FAU-USP.
Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Votuporanga-Unifev.
21
Tabela 1.1 – Espaços mínimos da habitação por cômodos (m²)
Mínima Desejável Proposto
Setores da Habitação m² m² m²
QUARTO CASAL 10,5 12 10,5
QUARTO FILHOS-DUPLO 9 11 9
QUARTO INDIVIDUAL 6 7 6,5
SALA ESTAR 11 14 12
SALA JANTAR 6 8,5
COZINHA COM MESA 7,6 9 8,5
ÁREA DE SERVIÇO 1 1 3,5
BANHEIRO 3 3,5 4
Fonte: PORTAS, 1969.
A habitação mínima deve buscar a redução dos custos para se adequar ao poder aquisitivo do
trabalhador, atendendo as necessidades da habitação em perfeitas condições de higiene e
organização dimensional, como declara FUGILIN, apud FRANCISCO(1995).
1.2.1 NORMAS PARA O DIMENSIONAMENTO DAS EDIFICAÇÕES NA CIDADE DE
CARUARU-PE
De acordo com o artigo 169 da Lei Nº 2454, de 1977, “toda construção, reforma, reconstrução,
demolição, instalação pública e/ou particular na cidade de Caruaru, depende da licença e emissão do
Alvará estabelecido pela Prefeitura”. A licença é solicitada à Prefeitura em requerimento
acompanhado dos projetos e da documentação, onde irá depender da aprovação pelo órgão
competente da Prefeitura.
A Lei (Art. 217), aborda ainda que toda habitação deve possuir, no mínimo, uma sala, um
quarto, uma cozinha e um banheiro, devendo dispor de áreas que estejam compatíveis às exigências
de dimensionamentos mínimos, assim como possuir ventilação e iluminação, onde os recuos
mínimos exigidos por lei são independentes.
As disposições dos compartimentos da habitação não são consideradas apenas pela sua
designação no projeto, mas também, pela disposição e divisões da mesma, cujas informações devem
estar claramente indicadas na planta. Dessa forma a Lei Municipal de Caruaru estabelece que mesmo
22
com permanência longa3 ou transitória4 da área mínima dos ambientes suas dimensões deverão
satisfazer as seguintes condições:
Quartos
I – Área mínima de 8,00 m² (oito metros quadrados);
II – Ter forma que permita traçar em seu piso um círculo com raio mínimo de 1,30 m (um metro e
trinta centímetros);
III – Pé-direito mínimo de 2,60m (dois metros e sessenta centímetros);
V - Os dormitórios poderão comunicar-se diretamente com os sanitários desde que sejam exclusivos.
Cozinhas
I - Ter área mínima de 4,00m² (quatro metros quadrados);
II - Ter forma que permita traçar em seu piso um círculo de raio mínimo de 0,80m (oitenta
centímetros);
III - Ter o pé-direito mínimo de 2,30m (dois metros e trinta centímetros).
IV - Não haver comunicação direta com os compartimentos que sirvam de dormitório, WC e
banheiro;
V - Ter piso impermeável, incombustível, liso e dotado de ralo, de modo que permita fácil lavagem;
VI - Ter forro de material incombustível;
VII - Utilizar esquadrias que, mesmo fechadas, garantam a ventilação permanente.
Banheiros
I - Ser dotado de piso impermeável e liso e disporem de ralo para escoamento de águas;
II - Ter paredes de azulejo ou material similar adequado, até a altura mínima de 1,50m (um metro e
cinquenta centímetros);
III - Ter o pé-direito mínimo de 2,30m (dois metros e sessenta centímetros).
IV - Os sanitários sociais terão área mínima de 3,00m² (três metros quadrados) com forma
geométrica que permita inscrição de círculo de 1,30m (um metro e trinta centímetros) de diâmetro,
no mínimo.
V - O Box dos chuveiros terá dimensão mínima de 0,80m x 0,80m (oitenta centímetros por oitenta
centímetros) e sua execução é obrigatória.
De acordo com Boueri (2008), a importância das questões dimensionais aprimora a qualidade
da habitação e apresenta-se como fator determinante para atender os requisitos de usabilidade,
3 Termo utilizado para denominar que há frequência de atividades em alguns ambientes. 4 Refere-se à ambientes que possuem atividades passageiras.
23
manutenção e segurança, onde a área mínima de um ambiente e a composição dos espaços é
elaborada através de técnicas de layout. Entretanto, de acordo com Costa, Maciel e Monte apud
Costa Filho (2005), apesar da Lei 16.297/97, estabelecer o dimensionamento mínimo exigido nas
habitações, na medida em que, esses ambientes atingem suas dimensões mínimas propostas
tornam-se incompatíveis às funções que o morador irá desempenhar na habitação. Além disso, Silva
(1989) relata que, diante da problemática da habitação, seria necessário avaliar as normas aplicáveis
às edificações, onde cada município pode ter sua regulamentação e muitas não condizem com a
realidade sócio-econômica do País, atendendo mais os interesses dos empresários do que dos
moradores.
24
CAPÍTULO 2 MOBILIÁRIO POPULAR NO PANORAMA
NACIONAL
2.1 HISTÓRICO DA PRODUÇÃO DO MOBILIÁRIO POPULAR NO BRASIL
Devido às grandes transformações sociais, políticas e econômicas do final do século XIX no
Brasil, as principais capitais brasileiras tiveram um crescimento muito rápido, havendo assim a
necessidade de mão de obra estrangeira. Entre a virada do século XIX para o XX, a aristocracia rural
transferiu suas residências para a cidade, atribuindo ao interior dessas residências móveis com estilo
europeu, que eram adquiridos através de importação ou mesmo com a produção em oficinas
mantendo cópias fiéis do produto.
Com o desenvolvimento das oficinas, surgem os Liceus de Artes e Ofícios com o intuito de
tornar a mão de obra habilitada para a construção de diferentes peças em sua produção, tendo como
estilo predominante o ecletismo5. A classe menos favorecida de recursos possuíam apenas os móveis
rústicos e simples. As melhores peças eram apresentadas como privilégio da elite, através de peças
diferenciadas e confortáveis (SANTI apud Folz, 2003).
A produção de móveis em escala no Brasil iniciou-se apenas no final do século XIX, com as
primeiras iniciativas da industrialização. Folz (2003) destaca três tipos de móveis que foram
produzidos a partir de sua produção seriada, e se tornaram clássicos atendendo suas funções, são
eles: a rede, a cadeira de taboa e a cama patente.
A rede passou a ser tipicamente utilizada em residências de pessoas com baixo poder
aquisitivo, porém é vista como um móvel versátil, compacto e barato. Atualmente pode ser
considerado como símbolo de conforto, descanso ou servir de decoração, podendo ser encontrada
em qualquer tipo de residência.
5 Estilo que não segue um único padrão ou sistema.
25
Figura 2.1 – Rede.
Fonte: http://www.mcb.sp.gov.br/mcbColecao.asp?sMenu=P002&sOrdem=0&sAcervo=PES&sCole=PES03
A cadeira de madeira com assento em palha de taboa trançada é conhecida também como
cadeiras italianas, seu uso iniciou-se no inicio do século XX e ultrapassou o mercado de classe social
baixa, com sua utilização em ambientes como churrascarias, bares e fazendas.
Figura 2.2 – Cadeira de madeira.
Fonte: http://www.pennaarte.com.br/catalogo_lado.asp?PgI=160&p=on&Dia=1&Num=008&Tipo=&Pesquisa=
Outro exemplo de móvel popular clássico é a cama patente (Figura 2.1) que foi projetada por
Celso Martinez Carrera em 1995, porém quem a patenteou foi Luiz Liscio o qual fundou sua indústria
em São Paulo em 1918, titulada como Indústria Cama Patente L. Liscio S.A. A Cama Patente
caracterizou-se por sua simplicidade, funcionalidade e seu baixo custo, tornando-se acessível ao
mercado popular o que a fez ser um sucesso comercial, visto que sua comercialização era feita até
mesmo em feira livre. Foram feitas outras releituras das camas populares surgindo as camas de ferro,
que eram mais caras, havendo por este motivo uma mudança de material, sendo elaborada em
madeira. Posteriormente, foi proposto um móvel de madeira torneada com alguns elementos de
26
ferro, composto pela cabeceira, peseira e o estrado, estas partes eram parafusadas, possibilitando
facilmente seu desmonte e o transporte, sendo comercializados em vários lugares.
Figura 2.3 – Cama Patente.
Fonte: http://madeiraemforma.blogspot.com/2010/07/cama-patente.html
A produção industrial foi um fator decisivo na elaboração dos móveis populares visando
atender à classe com menor poder aquisitivo, já que seus principais usuários era a classe de
operários e a classe média e sua comercialização era feita em algumas lojas, em feiras ou mesmo em
armazéns (SANTOS apud FOLZ, 2003, p. 69).
Além da Indústria Cama Patente L. Liscio S.A, cabe destacar dentre os pioneiros no móvel
popular brasileiro a Thonart, fundada em 1908 e a Móveis Bergamo, fundada em 1927.
A Thonart trouxe ao Brasil uma tecnologia revolucionaria na época. Explorada por Michael
Thonet, a técnica de vergar madeira foi utilizada em sua famosa cadeira n. 14 sua peça mais
conhecida (Figura 2.2).
Figura 2.4 – Cadeira n. 14.
Fonte: http://www.guiadomarceneiro.com/artigos/?gdm=envergando_madeira
27
Michael Thonet fundou sua indústria de móveis vergados na Áustria, onde suas técnicas
permitiam uma produção de um móvel leve, simples e compacto, com utilização de pouco material,
sendo considerado um móvel barato no século XX. Com sua produção seriada por sua técnica de
vergação sua produção não evoluiu, já que o resultado final dos produtos dependia da habilidade do
artesão, o que tornou o produto caro quando comparado a produtos que são fabricados em série.
Atualmente a indústria Thonart atende a classe média alta.
A Bergamo é considerada uma das primeiras indústrias de móveis a atender a classe baixa.
Atualmente atua no mercado com a fabricação de móveis populares. No inicio, a indústria não
obtinha boa qualidade em seus produtos, atribuindo a isto a falta de qualidade em processos
tradicionais desenvolvidos na produção em longa escala. Devido à necessidade de atender ao
segmento da sociedade com menor poder de compra era necessária a redução dos preços, havendo
por esse motivo deficiência na produção final dos móveis populares, que não apresentavam
acabamento preciso e falta de estrutura igual aos produzidos para classe alta. Dessa forma era
comum o mau funcionamento dos móveis e agregados como, por exemplo, a gaveta que
apresentava falhas de ajustes. Alguns trabalhos como os entalhes, que precisavam de profissionais
qualificados, foram reduzidos. Dispondo apenas dos móveis torneados e com recortes, foi possível
uma produção com menor tempo em sua execução.
Figura 2.5 – Guarda-Roupa Bergamo Linha Lazio
Fonte: http://www.bergamo.com.br/produtos.php?prod=9
Ainda de acordo com Folz (2003), após o ano de 1950, houve uma preocupação de material
para uma nova produção de móveis refletisse a nova realidade da sociedade. Arquitetos e designers
projetaram móveis para a produção industrial, atendendo principalmente a população de classe
média, que passou a ocupar apartamentos cada vez menores. Na década de 1954, o designer Michel
Arnoult junto com seus dois sócios, Norman Westwater e Abel de Barros Lima, desenvolveram a
28
Mobília Contemporânea, onde incluíam em seus projetos elementos proporcionando flexibilidade
quanto ao espaço de uma moradia popular, que permitia o usuário criar seu próprio ambiente,
produzidos com móveis modulados, desmontáveis e compostos por peças que poderiam ser
utilizados por diferentes móveis.
Em 1970, Arnoult lançou no mercado a “Peglev”, uma linha de móveis desmontáveis que eram
vendidos em supermercados, sendo transportados em caixas (figura 2.3). Arnoult defendia a
utilização da madeira de demolição e possuía um bom design em seus produtos, capaz de baratear
os custos. Em 1990, ele desenvolveu uma linha de móveis populares para o Liceu de Artes e Ofícios
da Bahia, onde o projeto era composto por nove produtos para salas de estar e de jantar, vendidos
desmontáveis e em pacotes.
Figura 2.6 – Poltrona desmontável produzidos pela Peg-Lev. Fonte: http://www.designcultura.org/menu/moveis/conte/quadro.html
No panorama brasileiro, os móveis populares são vistos como produtos que precisam ser
baratos, apresentados independentes da habitação, sem vínculo com a realidade do espaço. Desta
maneira, podem causar uma sensação de congestionamento na moradia, observada como uma
experiência subjetiva negativa, tornando o ambiente menos habitável e menos confortável.
2.2 CARACTERÍSTICAS ESTÉTICAS DO MOBILIÁRIO POPULAR
29
Os móveis residenciais são segmentados pela faixa de mercado para as quais são produzidos.
O setor de móvel popular se diferencia principalmente pela matéria prima. Quando comparado aos
móveis produzidos para um nicho com poder aquisitivo maior, verifica-se que o material utilizado
possui qualidade inferior. Como exemplo, pode ser citado o móvel tubular, que em vez de um tubo
de 1’² é utilizado um tubo de ¾’. A fórmica é substituída pelo revestimento BP (aglomerado com
revestimento melamínico de baixa pressão), ainda resistente por apresentar em sua composição a
madeira, papel e plástico prensado a quente no laminado, se fundindo ao painel formando um corpo
único e inseparável apresentando boa resistência à abrasão e a manchas. Esta, por sua vez, é
substituída pelo revestimento FF (Finish-Foil), apresentando em sua composição apenas dois dos
materiais citados anteriormente, a madeira e o papel, utilizando a mesma forma de prensagem. As
bordas em PVC (plástico) são substituídas pela lâmina de madeira ou fórmica. Os acessórios como
puxadores e corrediças metálicas, por exemplo, são substituídos pelas de plástico ou simples guias de
madeira de pínus.
A escassez do material utilizado na produção é notória também na profundidade dos móveis.
Com as diferenciações de material o seu custo final apresenta redução em torno de 60% ou mais,
que são produzidos em grandes ou médias empresas, obtendo o menor custo para os produtos.
Além dos processos de concepção e produção de um produto popular, são vários os fatores
que diferenciam o móvel popular de um não popular no mercado, além do preço o fator principal na
diferenciação entre os produtos está atrelado ao financiamento que as lojas disponibilizam, onde o
consumidor de baixa renda recorre ao crediário, já que diante, a possibilidade de compra o custo
pelo objeto de desejo possui uma grande importância. Com isso, para a obtenção da mercadoria o
parcelamento é feito com prestações adequadas à renda familiar.
Algumas empresas de móvel popular fabricam apenas um tipo de móvel, sendo estas
especializadas em um segmento especifico da habitação, destacam-se os móveis tradicionais para
quarto e cozinha, destinados à parcela da população com menor poder aquisitivo. Os móveis de
madeira detêm grande parte da produção do setor, podendo ser de dois tipos: os retilíneos lisos e
feitos de aglomerados e painéis compensados e os torneados, que são caracterizados por detalhes
trabalhados, misturando formas retas e curvas, onde o material predominante é a madeira maciça,
podendo também utilizar as chapas de fibras comprimidas (MDF), possibilitando a usinagem. O
processo produtivo do móvel retilíneo se apresenta de maneira simples, envolvendo um processo de
poucas etapas reduzidas à corte de painéis, usinagem e embalagem, onde as etapas de acabamento
e montagem ficam sob responsabilidade do varejista, visto que os painéis de madeira aglomerada ou
compensada são adquiridos com acabamento.
30
Nos móveis torneados, se a produção for seriada, é utilizada a madeira de reflorestamento
utilizando o maquinário de alta tecnologia. Quando a produção é feita sob encomenda, a madeira
utilizada é a de lei e o maquinário é defasado. O processo de produção industrial é realizado por
empresas de médio ou grande porte e seu processo produtivo exige várias etapas como: secagem de
madeira, processamento secundário, usinagem, acabamento, montagem e embalagem.
De acordo com a ABIMÓVEL (2005), o setor industrial de móveis no Brasil possui uma
concentração de 90% da produção nacional na região Centro-Sul, onde se encontram os principais
pólos nacionais, sendo eles: São Paulo (SP), Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Arapongas
(PR), Ubá (MG), Votuporanga e Mirassol (SP).
Segundo o IBGE (1985), os móveis de madeira constituem o primeiro segmento do mercado,
chegando a 91% dos produzidos. Em seguida, o móvel de metal se estabelece com 4%, sendo
compostos por aço tubular, madeira, pedra e vidro. Seu processo de produção é o mais complexo,
inibindo desta maneira as pequenas empresas. Os 5% restantes correspondem os móveis de plástico,
colchoaria e artefatos.
As empresas brasileiras de móveis se caracterizam pela diversidade em seu processo
produtivo e pelo uso de novas tecnologias, estando capacitadas tecnologicamente da mesma forma
que seus similares internacionais.
2.3 MÓVEIS MODULADOS
As transformações aos novos hábitos do morar e a redução da área privativa das habitações
multifamiliares são constantes modificações presentes nas habitações também na sociedade
industrial passando nova relação com o usuário, devendo integrar o mobiliário de forma correta para
sua utilização, tratando o móvel como produto integrado ao ambiente, implicando a adequação
ergonômica nas habitações e móveis.
Com o intuito de aperfeiçoar os espaços reduzidos de uma habitação, o princípio do móvel
modulado preocupa-se com a forma de utilização e a satisfação do individuo, atribuindo para tal um
melhor desempenho do produto. Para Baldwin apud Soares e Okimoto (2009), o móvel modular é
composto por módulos, onde são produzidos e projetados de formas diferentes, mas que funcionam
em conjunto, havendo integração entre as partes.
31
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário ABIMÓVEL (2008), os
modulados apresentam qualidade e funcionalidade; dois aspectos importantes para atender melhor
as necessidades dos usuários. Dentro da ergonomia, a usabilidade é atribuída como referência para
qualidade de uso dos produtos, assim como do mobiliário disposto na habitação mínima.
Figura 2.7 - Buffet e Estante produzidos pela Unilabor.
Fonte: SOARES e OKIMOTO (2009).
Lida Apud Pezzini (2010) considera a ergonomia como disciplina que analisa a interação das
pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, desenvolvendo de maneira integrada projetos
que visam melhorar as questões relacionadas ao conforto, à segurança, ao bem-estar e à eficácia das
atividades a serem desenvolvidas nos diferentes setores da habitação.
O ambiente construído apresenta em sua grande maioria o móvel como produto
independente da habitação. Maldonado, apud Folz (2003), cita que é necessário que a estrutura
interna e sua forma externa estejam integradas a partir de resultados de um projeto, levando em
consideração a função do móvel no ambiente.
Segundo Tramontano e Nojimoto (2003), a utilização do mobiliário modulado facilita sua
composição no espaço, uma vez que móveis de grandes dimensões afetam a distribuição dos demais
móveis do ambiente, enquanto o móvel modulado consiste na união dos módulos por meio de
interfaces e formas padronizadas em que a substituição de um módulo por outro gera uma variação
de um novo produto.
Em ambientes reduzidos, Folz (2003) alerta que a utilização de móveis com dimensões
também reduzidas pode facilitar a criação de combinações, pois a modulação pode partir de módulos
pequenos que se multiplicariam de acordo com a necessidade dos usuários. Segundo a mesma
autora, a modulação e a flexibilidade tornam-se características essenciais para a organização dos
32
espaços habitacionais reduzidos, já que a modulação se baseia na aplicação de um padrão de medida
que pode possibilitar flexibilidade e otimizar o uso dos espaços.
Para a indústria, as vantagens da modulação remetem ao aumento da produção, a melhoria no
armazenamento das peças, a diminuição dos custos com seus componentes, além de explorar uma
maior flexibilidade para os consumidores, que podem optar por fazer suas compras por etapas
adaptando esses módulos nos espaços que possuem. Os acabamentos e acessórios como o tipo de
puxador, cores, texturas utilizados podem também influenciar na percepção sensorial na interação
com o usuário (PORTO, 2010).
No desenvolvimento de um projeto integrado da casa e móvel para habitação popular, que
seria visto como ideal, a modulação se apresenta como um dos principais conceitos, oferecendo
flexibilidade.
2.4 CONCORDÂNCIA DO MOBILIÁRIO COM O ESPAÇO HABITACIONAL
De acordo com Folz (2003), o mobiliário como intermediário das relações entre as pessoas e a
moradia deve manter uma sintonia com os espaços habitacionais e o grupo familiar que o cerca,
principalmente quando esses espaços são definidos como mínimos presentes na habitação popular.
Sendo assim, para a autora, uma boa distribuição do mobiliário tem como objetivo proporcionar
espaço suficiente para realização de tarefas e a circulação adequada dos moradores, evitando
congestionamentos na residência.
A inserção do mobiliário na habitação popular, pode ocorrer, de acordo com Folz(2003) de três
formas distintas. Primeiramente, ela destaca o segmento dos móveis populares abordando o móvel
como um produto independente da habitação, onde esses apresentam características adequados a
pequenos espaços que podem atender uma estrutura familiar indefinida e de baixa renda. Outra
forma de adequar o móvel a habitação seria a participação do usuário na produção do produto, por
intermédio de trabalho comunitário ou uma cooperativa, desenvolvendo um produto que possa
atender as necessidades de mobiliário para a moradia. A terceira forma atribuída para a
concordância do móvel na habitação seria um projeto mais amplo, abrangendo a concepção da
edificação até o móvel, onde estaria presente uma interface entre a arquitetura e o design.
33
Ainda para a mesma autora, a relação do móvel com o ambiente definirá o uso dos espaços,
influenciando e sendo influenciado pelo modo de vida do morador. Sendo assim, o papel do designer
para a melhoria de qualidade dos mesmos ressalta grande importância nesse aspecto, devendo ser
aplicados alguns conceitos para fabricação do móvel como sua modulação, padronização, precisão,
normalização, permutabilidade, mecanização, repetitividade, divisibilidade, transportabilidade e
flexibilidade, considerando as tendências atuais e características regionais.
Argan apud Folz (2003), aborda que o móvel não é uma espécie de monumento e sim um
objeto útil, prático e simpático, ou seja cada móvel deve ser resistente útil e funcional ao espaço
determinado, onde o mobiliário para um espaço com dimensões mínimas não podem ser maciços,
volumosos ou pesados. Já Alquéres, apud Folz (2003), enfatiza que é necessário o aproveitamento
máximo de cada ambiente, onde o morador deve aprender a organizar melhor cada espaço, de
maneira que cada móvel deve ter um tamanho proporcional ao tamanho da residência, sendo
indispensável prever-se a colocação dos móveis, a fim de prever sua boa distribuição.
O congestionamento na habitação tem surgido como forma precária de atender a uma
necessidade. Sendo assim, quando a população não encontra meios de obter os produtos que
satisfaçam suas necessidades, recorrem à improvisação, por meios não muito adequados de maneira
que utilizam materiais que não condizem com o espaço que possuem.
Alquéres, apud Folz (2003), destaca ainda que seria ideal que o projeto de ambientação dos
interiores da habitação pudesse participar do projeto arquitetônico, podendo assim resolver melhor
o espaço interno da moradia, chegando a um projeto integrado do mobiliário com a habitação. Sobre
este assunto cabe destacar que:
Seria necessário prover a casa com móveis e utensílios que os moradores fossem carecer (...). Nos quartos e salas das casas de muita gente a única abertura de iluminação e ventilação encontra-se se não totalmente, pelos menos em parte, obstruída pela necessidade de instalar um grande armário, sem atender ao local respectivo (PORTAS, 1969, p. 2).
Em 1922, Cristine Frederick desenvolveu “o estudo do fio” no espaço da cozinha, a fim de
adquirir resultados sobre a disponibilidade certa ou errada da mobília nesse ambiente, com isso foi
possível observar os movimentos executados pelo individuo e o tempo necessário para o
desenvolvimento de cada tarefa. A pesquisa tinha como intuito tornar o espaço mais eficiente.
34
Figura 2.8 – Estudo do Fio.
Fonte: Artigo o Espaço da cozinha no Brasil/ Layout e Mobiliário
A cozinha de Frankfurt desenvolvida pela arquiteta alemã Margarete Schutte Lihotzky, foi
inteiramente desenhada para atender especialmente às mulheres que trabalhavam em fábricas ou
escritórios, visto que o trabalho doméstico também era desenvolvido pelas mulheres.
Foi considerada como precursora das modernas cozinhas equipadas, ganhando o nome de
cozinha-máquina, partindo do método de Taylor e trazendo como idéia principal a
racionalização dos espaços da cozinha e utilização dos utensílios para facilitar o trabalho, bem como
a simplificação de tarefas e economia dos movimentos em seu interior.
Schutte Lihotzky redefiniu a articulação da cozinha considerando sua geometria, dimensão,
iluminação e ventilação e redesenhou utensílios e equipamentos, de maneira que introduziu gavetas
para alimentos a granel, luminárias móveis e a tábua de passar roupa retrátil. É importante ressaltar
que todos os materiais da cozinha de Frankfurt eram laváveis, duráveis e de fácil manutenção. As
cores utilizadas seguiam princípios de higiene com composição plástica.
Em 1930, o projeto foi financiado pela Prefeitura de Frankfurt e resgatando um valor mínimo
nos aluguéis, onde foi possível a execução de aproximadamente 10.000 cozinhas idênticas nas
habitações sociais.
35
Figura 2.9 – Cozinha de Frankfurt.
Fonte: Artigo o Espaço da cozinha no Brasil/ Layout e Mobiliário
36
PARTE 2 CONSIDERAÇÕES
METODOLÓGICAS E PROJETUAIS
Capítulo 3 PLANEJAMENTO DA PESQUISA DE CAMPO
Capítulo 4
CONSIDERAÇÕES PROJETUAIS
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37
CAPÍTULO 3 PLANEJAMENTO DA PESQUISA DE CAMPO
3.1 DEFINIÇÃO DO TIPO DE PESQUISA E PLANO DE AMOSTRAGEM
Levando-se em consideração as características dos dados que se pretendem obter, optou-se
por uma pesquisa exploratória, ou qualitativa, recomendada quando as questões envolvidas são
muito amplas, o que ocorre quando se trata, por exemplo, de identificar as principais funções dos
produtos industriais. Indicada ainda para gerar novos dados que sejam capazes de levantar hipóteses
que possam ser verificadas por meio de estudos quantitativos.
Para a coleta dos dados que irão fundamentar as decisões projetuais desta pesquisa, foram
consideradas duas técnicas. A primeira técnica, utilizada para obter informações sobre questões
funcionais ou práticas acerca de roupeiros para quarto e armários para cozinha, foi utilizada
entrevista com roteiro estruturado ou padronizado, com moradores da habitação popular da Vila
Popular Andorinha, localizada no bairro da Boa Vista, Caruaru, Agreste pernambucano. A segunda
técnica, o Sistema de Classificações Múltiplas, foi utilizada para prover informações sobre questões
estéticas e simbólicas relacionadas com os dois produtos enfocados. Esses objetivos foram
considerados na preparação dos instrumentos que serão detalhados a seguir.
Por se tratar de uma pesquisa exploratória, inicialmente não foi estabelecido um número
exato para a amostragem, pois esta seria de caráter não probabilístico.
Sendo assim, em meados do mês de outubro de 2011, foi iniciado um contato aleatório com os
moradores da Vila Andorinha para realizar o prévio agendamento para a realização dos
procedimentos, de acordo com a disponibilidade dos participantes e da pesquisadora.
Alguns moradores, entretanto, aceitaram de imediato colaborar com esta pesquisa e participar
no mesmo momento dos procedimentos para coletar os dados relacionados com os dois produtos a
serem projetados nesta pesquisa. Ao todo onze moradores da Vila Andorinha foram submetidos às
entrevistas e às classificações, encerradas no final do mês de outubro.
38
A planta baixa da habitação para referência sobre o dimensionamento dos ambientes para os
quais esta pesquisa irá propor o mobiliário dos quartos e cozinha foi fornecida através da construtora
Viana & Moura(figura 3.1), verificando-se que apenas os quartos possuem dimensões superiores
daquelas estabelecidas no Código de Obras da cidade, onde os ambientes da cozinha, sala e BWC
possuem às dimensões mínimas estabelecidas estipuladas.
Figura 3.1 – Planta baixa com círculo para definir as dimensões mínimas Fonte: Construtora Viana & Moura.
Figura 3.1 – Planta da Habitação Vila Andorinha
39
3.2 INVESTIGAÇÃO SOBRE A FUNCIONALIDADE DOS AMBIENTES/PRODUTOS
3.2.1 ELABORAÇÃO DAS ENTREVISTAS E A FASE DE PRÉ-TESTES
De acordo com Marconi e Lakatos (2006), a entrevista padronizada ou estruturada segue um
roteiro previamente estabelecido pelo pesquisador, onde as perguntas são predeterminadas. O
motivo da padronização é obter maior semelhança nas respostas e, dessa forma, o pesquisador não é
livre para fazer adaptações nas perguntas à determinada situação, fazer outras perguntas ou alterar
a ordem dos tópicos. Para tal utiliza-se um formulário, cujo roteiro apresenta perguntas do tipo
aberta, fechada e de múltipla escolha, contendo questões em relação à função prática dos produtos,
podendo verificar seus aspectos mais relevantes.
A elaboração dos roteiros das entrevistas buscou organizar informações relevantes para
fundamentar as decisões projetuais em relação à parte funcional dos produtos, questionando
moradores de habitação popular para obtenção desses dados. Com esse propósito, o roteiro
estruturado para as entrevistas (Apêndice 1) foi elaborado com doze perguntas, baseado num
instrumento para coletar dados dos usuários apresentado por Costa Filho e Martins (2007).
Para facilitar sua estruturação e posterior análise, o roteiro da entrevista foi dividido em duas
partes conforme indicado abaixo:
Dados gerais do participante
Questões exploratórias sobre a funcionalidade dos ambientes e produtos enfocados.
Para levantar os dados gerais dos participantes pergunta-se sobre sexo, idade, profissão e
renda (salários mínimos), a fim de caracterizar as especificidades da amostra da pesquisa.
As questões exploratórias sobre a funcionalidade dos ambientes e produtos enfocados foram
subdivididas em duas partes. A primeira, relacionada ao ambiente de quarto, aborda os participantes
sobre as principais atividades que costumam ocorrer nos quartos de suas casas, o que costumam
guardar no roupeiro, qual a forma que preferem guardar os sapatos, e como preferem guardar calças
no roupeiro. A segunda, que trata do ambiente de cozinha, aborda os participantes sobre as
principais atividades que costumam ocorrer na cozinha de suas casas, o que costuma ser guardado
nos armários da cozinha, se gostariam ou não de ter lugares vazados para objetos de decoração nos
armários, e quais os eletrodomésticos que utilizam.
40
Estabelecidos os roteiros pilotos, aplicou-se o pré-teste que envolveu uma entrevista com
morador da habitação popular, para definir a versão final. O participante da etapa de testes não
externou nenhuma dúvida em relação à compreensão das questões. Assim, foi desnecessária a
reestruturação do roteiro inicial, mantendo-se a versão original, além de incorporar nesta pesquisa
as duas entrevistas realizadas.
3.2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Toda a coleta de dados da pesquisa sobre a funcionalidade dos ambientes/produtos foi
realizada pela presente autora. Procurou-se conduzir as entrevistas obedecendo ao roteiro
preestabelecido, sem mudar as perguntas ou induzir as respostas. Tendo a aluna experiência
profissional com os produtos pesquisados e no trato com pessoas interessadas em adquiri-los, no
caso específico desta pesquisa, essa prévia vivência foi um fator importante para uma melhor e mais
rápida compreensão dos posicionamentos adotados pelos entrevistados.
No cômputo total foram realizadas onze entrevistas, sendo uma na fase de pré-testes, que
corresponderam à totalidade da amostragem considerada e tabulada. Todas foram individuais,
realizadas no endereço residencial dos participantes e as respostas foram anotadas no próprio
formulário (Apêndice 1). De maneira geral, os participantes mostraram-se bastante solícitos e
demonstravam interesse nos procedimentos, principalmente em relação ao Sistema de Classificações
Múltiplas, em parte despertado pela utilização das imagens.
3.2.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E PRINCIPAIS RESULTADOS
Conforme descrito anteriormente, ao todo foram efetuadas onze entrevistas. Por se tratar de
uma amostra reduzida, se faz necessário destacar que os resultados não podem ser generalizados,
tratando qualitativamente as informações contidas. Os resultados sobre necessidades funcionais em
relação aos ambientes e produtos enfocados nesta pesquisa e externados pelos moradores de
41
habitações populares que participaram desta investigação são apenas indicativos das questões
abordadas.
Todos os dados obtidos foram processados e tabulados qualitativamente. Os dados gerais dos
participantes desta pesquisa caracterizam essa amostra como sendo formada por sete mulheres e
três homens, com idade entre 22 e 32 anos, exercendo diferentes profissões, tais como, por
exemplo, atendente (5), balconista (2), professor (2), serviços gerais (2).
Quanto às questões sobre as atividades desenvolvidas no quarto de casal obtiveram-se as
seguintes respostas, classificadas no gráfico 3.1 abaixo:
Gráfico 3.1: Principais atividades desenvolvidas no quarto de casal
Quanto às questões sobre as atividades realizadas no quarto de solteiro obtiveram-se os
seguintes dados, sintetizados a seguir no gráfico 3.2.
Gráfico 3.2: Principais atividades desenvolvidas no quarto de solteiro
Quanto às principais atividades desenvolvidas na cozinha as respostas dos participantes estão
expressas a seguir no gráfico 3.3:
42
Gráfico 3.3: principais atividades desenvolvidas na cozinha
Referente às formas apresentadas em guardar as calças no roupeiro de casal os dados obtidos
estão apresentados no gráfico 3.4 abaixo:
Gráfico 3.4: Formas preferidas de guardas calças no guarda-roupa de casal
Quanto a preferência em guardar as calças no roupeiro de solteiro os dados obtidos foram
bastantes similares, como podemos observar no gráfico 3.5 a seguir:
Gráfico 3.5: Formas preferidas de guardar calças no guarda-roupa de solteiro
43
Referente a preferência em guardar os sapatos no roupeiro de casal e no de solteiro as
respostas dos participantes foram idênticas expressas no gráfico 3.6 abaixo.
Gráfico 3.6: Formas preferidas de guardar os sapatos no guarda-roupa de casal e solteiro
Quanto à preferência ou não em possuir espaços abertos nos armários da cozinha para os
objetos de decoração, 60% dos participantes tiveram preferência em manter o maior número de
espaços fechados, tendo em vista a poeira que esses espaços acumulariam.
Gráfico 3.7: Preferência em ter espaços vazados nos armários da cozinha
3.3 INVESTIGAÇÃO SOBRE AS QUESTÕES ESTÉTICO-SIMBÓLICAS
3.3.1 BREVE ABORDAGEM A TEORIA DAS FACETAS
A Teoria das Facetas é utilizada nesta pesquisa com o propósito de estruturar a abordagem
empírica que busca levantar aspectos estéticos e simbólicos relacionados aos móveis de quarto
(roupeiro) e cozinha (armários) na opinião dos participantes.
44
Como procedimento metodológico a Teoria das Facetas oferece diversas vantagens,
possibilitando coleta sistemática de dados; análise dos dados coletados através de diferentes
métodos; mínimas restrições estatísticas; método apropriado para a análise de variáveis psicológicas
e sociais; facilidade de criação de hipóteses e a verificação de sua validade empiricamente; e, por
fim, utiliza observações e análise de dados empíricos nas pesquisas de comportamento e nas ciências
sociais que recorre à teoria dos conjuntos (figura 3.1).
Como métodos de avaliação do objeto ou aspecto estudado esta teoria apresenta dois tipos
básicos de modelos: o processual e o descritivo. No primeiro, os estudos descrevem o processo da
pesquisa, ou seja, o que o pesquisador está fazendo. Já o segundo, parte do reconhecimento da
necessidade de descrever a avaliação feita pelo usuário. Esta pesquisa tem como enfoque a avaliação
objetivada, em que se admite que os componentes de um ambiente facilitem ou dificultem as ações
das pessoas. Portanto, utiliza-se aqui o método descritivo.
Figura 3.2 - A TF recorre a Teoria dos Conjuntos na delimitação do universo de estudo. Fonte: Barbosa e Estevão (2008).
Bilsky (2003) ressalta que o principal elemento da Teoria das Facetas são as próprias facetas ou
variáveis, em que cada faceta é caracterizada como subcategoria, sendo mutuamente exclusiva do
esquema. Sobre o assunto, Bilsky descreve:
[...] uma faceta deve cobrir o aspecto temático em questão por completo e inequivocamente. As categorias que servem para classificar as observações são os elementos da faceta. Dito de outra forma, as facetas representam componentes conceituais não coincidentes do universo de interesse, de modo que se pode caracterizar cada variável por um (e exclusivamente um) elemento de cada faceta (BILSKY, 2003, p. 358).
Segundo Monteiro e Loureiro (2003), as facetas se classificam em três tipos básicos: os
usuários ou fornecedores da descrição como Background; o objeto de estudo categorizado como
Domínio; e as possíveis respostas da população sobre o objeto em estudo estabelecem o Racional
Comum. Dessa forma, é possível estabelecer a relação entre as facetas, reunidas em uma estrutura,
45
estabelecendo a relação entre elas e formando uma sentença estruturadora. Ainda segundo as
mesmas autoras, a sentença estruturadora é definida como uma maneira precisa para especificar os
componentes da pesquisa, organizando todas as possíveis relações entre as facetas (Figura 3.2).
Figura 3.3 - Sentença estruturadora – Questionário de Motivação Pró-Social (PSMQ).
Fonte: Bilsky (2003).
3.3.2 SENTENÇA ESTRUTURADORA DA PESQUISA
A sentença estruturadora ou mapeadora consiste no processo de associações entre as facetas
e possibilita um sistema de questões com uma estrutura unificada, contribuindo para a clareza e
análise da pesquisa, uma vez que sumariza todas as relações entre as facetas.
A construção da sentença estruturadora geral da avaliação de mobiliário popular para quarto e
cozinha foi formulada após ser definido como a investigação seria tratada. Cabe reforçar que se
busca através da Teoria das Facetas verificar como os moradores de habitação popular participantes
desta pesquisa avaliam como o roupeiro de quarto e os armários de cozinha atendem suas
necessidades estético-simbólicas. A partir dessa definição foi dado início ao processo de construção
das facetas e do conjunto de seus elementos, sendo possível mapear os aspectos de interesse a
serem observados.
Para definição das facetas foram estabelecidos elementos que seriam analisados através de
hipóteses entre os conjuntos internos de cada uma delas. Assim sendo, nesta pesquisa, a primeira
faceta corresponde à faceta de Nível da Experiência, estando relacionada aos ambientes de quarto e
46
cozinha da habitação popular. As facetas de Forma e Cor representam o Referente da Experiência,
ou seja, parte-se do princípio de que as pessoas irão basear suas avaliações nessas duas
características. Assim, a faceta Referente de Forma considera diferentes formatos de móveis, tais
como: abertos, fechados e mistos. A faceta Referente de Cor indica cores/acabamentos do
mobiliário, compreendendo os tipos amadeirados, pintados ou mistos de cores com acabamento
amadeirado, misto de cores e mistos de amadeirados. O Racional Comum, última faceta da sentença
estruturadora desta pesquisa, que indica as possibilidades de respostas dos participantes em cinco
variações para o favorecimento das imagens de roupeiros de quarto e armários de cozinha em
relação as suas necessidades estético-simbólicas.
A partir da sentença estruturadora desta pesquisa (Figura 3.3), os elementos utilizados para as
facetas de Nível da experiência e o Referente de Forma e Cores da experiência formam uma
combinação de 30 conjuntos possíveis, correspondentes a interpolação dos elementos das três
facetas, ou seja, (2x3x5). Cada conjunto realizado apresenta uma possibilidade específica. O Racional
Comum foi definido com cinco possíveis opções de avaliação das imagens que farão parte da
abordagem.
Com a sentença estruturadora geral da pesquisa definida, é possível estabelecer os elementos
de estímulo que farão parte da abordagem.
Figura 3.4 - Sentença Estruturadora Geral da pesquisa
47
3.3.3 SISTEMA DE CLASSIFICÕES MÚLTIPLAS E ELEMENTOS UTILIZADOS
O Sistema de Classificações Múltiplas permite uma exploração flexível sobre como as pessoas
podem classificar determinados contextos, em que o pesquisador exerce pouca influencia durante o
procedimento, permitindo ao entrevistado maior liberdade durante a classificação. É uma técnica
conceituada como dinâmica, pois estimula as pessoas a participarem dos procedimentos.
Nesta pesquisa, foram utilizadas fotografias coloridas de móveis residenciais para os cômodos
dos quartos e cozinha da moradia popular como elementos de estímulos para as classificações. As
fotografias utilizadas nas classificações possuem diferentes características, apresentando diferentes
modelos de roupeiro para quarto de casal e solteiro, bem como armários de cozinha, sendo
entregues para que os participantes as classificassem de acordo com suas categorias. Segundo
Monteiro e Loureiro (1994), essa técnica fundamenta-se na premissa de que o ato de classificar faz
parte do cotidiano das pessoas, podendo dessa forma fornecer opiniões necessárias em relação aos
tipos de mobiliário enfocados, relacionando suas funções estéticas, práticas e simbólicas.
Segundo Loureiro e Monteiro (1994), a técnica de Classificações Múltiplas permite que o
usuário apresente suas idéias e concepções diante de qualquer assunto, utilizando vários elementos
que podem ser agrupados ou separados, de acordo com critérios livres ou estabelecidos, devendo
ser agrupados de acordo com suas similaridades, de maneira que os elementos categorizados
possuam características distintas e apresentem sua importância.
Os procedimentos utilizados no Sistema das Classificações Múltiplas são classificados em dois
tipos: a Classificação Livre e a Classificação Dirigida. Na Classificação Livre o procedimento consiste
em o participante poder produzir a quantidade de classificações que quiser desde que ele relacione
as diversas formas de divisão imaginadas para classificação com os elementos utilizados, na
Classificação Dirigida os entrevistados são convidados a classificar os elementos seguindo alguns
critérios pré-estabelecidos.
Normalmente o procedimento inicia-se com a classificação livre, o que possibilita maior
liberdade aos entrevistados, de forma que os elementos utilizados devem ser apresentados da
seguinte forma:
Eu estou pedindo para os habitantes da habitação popular da Vila Andorinha, olharem as
seguintes fotografias de móveis destinados aos ambientes dos quartos e cozinha e, em
seguida, classificá-las em grupos de forma que as fotos desse grupo sejam semelhantes e
48
diferentes das imagens escolhidas dos outros grupos. As imagens podem ser classificadas
em quantos grupos você, podendo colocar quantas fotografias desejar em cada grupo.
Após o término das classificações eu peço que você conte quais as razões que a levaram a
definir as classificações e o que as fotografias de cada grupo têm em comum.
Após aplicação da classificação livre, inicia-se os critérios determinados na setença
estruturadora, onde é solicitado que os participantes classifiquem as imagens que podem favorecer
muitíssimo, muito, mais ou menos, pouco e nada o seu desejo de consumo. Ao final de cada
classificação dirigida, também é solicitado aos entrevistados quais as razões que os levaram para
distribuição das fotografias.
As anotações com as informações obtidas foram coletadas com a utilização de formulários
com anotações relevantes para a pesquisa, contendo os dados com as identificações de cada escolha
de grupo classificados pelos participante. Dessa forma os formulários servem de roteiro para que o
pesquisador possa evitar o esquecimento de alguma informação abordada durante as entrevistas.
Como elemento de estímulo para as classificações foi utilizado um conjunto com 30 fotografias
coloridas no tamanho 15x10, representando imagens de móveis para os ambientes de sala, quarto
de casal/solteiro e cozinha, apresentando várias características estéticas.
O critério para seleção das imagens foi gerado a partir da sentença estruturadora, através das
combinações elaboradas a partir dos elementos das facetas (Tabela 3.7).
Tabela 3.1 – Móveis representando as relações entre as facetas de Nível, Referente de Forma e Cor.
Nível – N Referente de Formato - RF Referente de Cor – RC
N1 - Roupeiro (Roupeiro) RF1 - Aberto RC1 - Pintado
N2 - Cozinha (Armário) RF2 - Fechado RC2 - Madeira
RF3 - Misto RC3 - Misto amadeirado/pintado
RC4 - Misto amadeirado
RC5 - Misto Pintado
1. 2. Móvel 1- N1 RF1.RC1
Fonte: www.magazineluiza.com.br
Móvel 2- N1.RF1.RC2 Fonte: www.magazineluiza.com.br
49
3. 4.
5. 6.
7. 8.
Móvel 3- N1.RF1.RC3 Fonte: http://www.casadeinovacoes.com.br
Móvel 4- N1.RF1.RC4 Fonte: http://www.lojasmm.com
Móvel 5- N1.RF1.RC5 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
http://www.casadeinovacoes.com.br/http://www.casadeinovacoes.com.br/
Móvel 7- N1.RF2.RC2 Fonte: http://www.decoralis.com.pt
Móvel 6- N1.RF2.RC1 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
Móvel 8- N1.RF2.RC3 Fonte:http://www.guiafemur.com.br
50
9 10.
11. 12.
13. 14.
Móvel 10- N1.RF2.RC5 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
Móvel 9- N1.RF2.RC4 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
Móvel 11- N1.RF3.RC1 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
Móvel 12- N1.RF3.RC2 Fonte: http://www.decoralis.com.pt
Móvel 13- N1.RF3.RC3 Fonte: http://www.decoralis.com.pt
Móvel 14- N1.RF3.RC4 Fonte: http://www.lojaskd.com.br
51
15. 16.
17. 18.
19. 20.
Móvel 15- N1.RF3.RC5 Fonte: http://www.decoralis.com.pt/
Móvel 16- N2.RF1.RC1 Fonte:http://burguesinhanamedidacerta.blogspot.com
Móvel 17- N2.RF1.RC2 Fonte: http://www.simplesdecoracao.com.br
Móvel 18- N2.RF1.RC3 Fonte: http://www.casosdecasa.com.br
Móvel 19- N2.RF1.RC4 Fonte:http://burguesinhanamedidacerta.blogspo
t.com
Móvel 19- N2.RF1.RC5 Fonte: http://projetobaratao.wordpress.com
52
21. 22.
23. 24.
25. 26.
Móvel 21- N2.RF2.RC1 Fonte: http://idealmoveis.files.wordpress.com
Móvel 22- N2.RF2.RC2 Fonte: http://ledecoracoes.com
Móvel 23- N2.RF2.RC3 Fonte: http://www.rosadeferry.com.br
Móvel 24- N2.RF2.RC4 Fonte: http://www.rosadeferry.com.br
Móvel 25- N2.RF2.RC5 Fonte: http://www.casosdecaszina.com.br
Móvel 26- N2.RF3.RC1 Fonte: http://thatyvariedades12.blogspot.com
53
27. 28.
29. 30.
3.3.4 ANÁLISE DOS DADOS
3.3.4.1 CLASSIFICAÇÃO LIVRE
A partir dos dados obtidos das classificações livres foi possível categorizar os critérios utilizados
pelos participantes durante aplicação da técnica. Por se tratar de um procedimento que o
pesquisador exerce pouca influência os entrevistados se baseiam primordialmente na dinâmica
utilizada para estabelecer suas classificações. Considerando fotografias de móveis destinados aos
quarto e cozinhas como dinâmica utilizada, a estética foi o critério mais utilizado pelos entrevistados,
de forma que 80% dos participantes utilizaram a beleza/agradabilidade como critério da
classificação, 10% utilizaram como critério o estilo dos móveis e 10% a época que representam. Essas
informações podem ser verificadas na tabela 3.2 a seguir:
Móvel 27- N2.RF3.RC2 Fonte: http://casadadonakeilla.blogspot.com
Móvel 28- N2.RF3.RC3 Fonte: http://www.bentec.com.br/
Móvel 29- N2.RF2.RC4 Fonte: http://www.rosadeferry.com.br
Móvel 30- N2.RF2.RC5 Fonte: http://www.dechap.com.br
54
Tabela 3.2 - Critérios utilizados pelos participantes para Classificação Livre da pesquisa.
Nº Critérios Total Total Parcial %
01 Estética Agradável/Beleza
08 80%
02 Modelo Rústico/Básico/Sofisticado
01 10%
03 Estilo Antigo/Moderno/Clássico/
01 10%
TOTAL 10 100%
3.3.4.2 CLASSIFICAÇÃO DIRIGIDA
A análise das classificações dirigidas foi realizada qualitativamente, de forma que seguiu uma
escala de valores previamente estabelecida às fotografias apresentadas. Dessa forma, todas as
imagens foram classificadas em grupos, os quais se categorizavam como: favorece muitíssimo;
favorece muito; favorece mais ou menos; favorece pouco e favorece nada, seguindo de maneira
decrescente sua pontuação, recebendo nessa ordem a pontuação 5, 4, 3, 2 e 1, de forma que a maior
pontuação que uma determinada fotografia apresentada poderia receber seria 50 pontos.
Para a realização desta pesquisa contou-se com a participação de dez pessoas, onde os dados
obtidos estão dispostos numa tabela (tabela 3.3). Com o intuito de facilitar o entendimento dos
resultados, os participantes estão representados pelos dados contidos nas colunas e os móveis os
quais foram representados pelas fotografias estão relacionados com os números das linhas.
Dessa maneira, o grau de favorecimento das características estéticas e simbólicas dos móveis
foi obtido de acordo com a pontuação que cada imagem obteve nas classificações realizadas pelos
participantes. Assim, foi estabelecido pela sentença estruturadora da avaliação do mobiliário popular
a quantidade de 30 fotografias que correspondessem a 15 imagens de roupeiro de quarto e a 15
armários de cozinha, como demonstra a tabela a seguir:
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Pontos
01 5 5 4 4 5 1 5 5 2 4 40
02 4 4 3 5 5 4 4 5 5 5 44
03 4 5 3 2 4 3 1 5 3 4 34
04 5 4 2 5 5 3 3 5 4 5 41
05 4 4 3 2 4 3 5 5 2 3 35
06 4 5 5 4 3 3 5 4 3 1 37
Tabela 3.3 – Valores atribuídos às imagens utilizadas na pesquisa
55
Com a apuração dos dados obtidos nas classificações dirigidas, apresentadas na tabela 3.8, foi
possível analisar as características estético-simbólicas dos móveis representados pelas fotografias
que mais favorecem as necessidades estético-funcionais dos participantes.
Conforme observado na Tabela 3.3, as características dos roupeiros de quarto que mais
favorecem as necessidades estético-simbólicas dos participantes desta pesquisa são os que estão
representados pelas fotografias de números 2, 4 e 14, já aquelas relacionados aos armários da
cozinha estão representadas pelas imagens de número 21 e 29.
2. 4. 14.
07 1 3 4 1 1 3 1 5 1 1 21
08 5 3 5 3 2 3 2 4 2 1 30
09 4 4 2 4 2 2 2 2 3 1 26
10 5 1 2 5 3 3 2 4 4 2 31
11 4 4 5 3 1 5 3 5 5 3 38
12 4 4 5 4 4 4 4 4 2 3 38
13 2 1 2 3 4 4 2 4 2 2 26
14 4 4 4 5 4 5 5 5 5 3 44
15 3 3 2 3 5 5 1 5 4 2 33
16 1 4 3 1 1 1 2 1 1 1 16
17 3 4 3 1 3 2 2 2 1 2 23
18 2 3 1 1 3 2 1 1 2 1 17
19 1 3 5 1 2 2 5 4 2 1 26
20 1 4 1 1 3 2 1 2 1 1 17
21 5 3 4 4 2 5 5 5 5 5 43
22 1 4 3 2 1 3 2 4 1 1 22
23 5 1 4 1 3 4 2 5 3 2 30
24 5 2 4 3 5 4 4 5 3 3 38
25 1 3 1 1 4 1 2 1 1 1 16
26 4 3 5 2 4 3 2 3 3 1 30
27 3 4 1 1 4 3 4 1 1 3 25
28 4 4 4 5 2 5 5 5 2 5 41
29 3 4 3 1 3 4 1 5 2 5 31
30 5 4 4 3 5 2 1 2 4 5 35
Figura 3.5 – Características estético-simbólicas de roupeiros que favorece o desejo de consumo dos participantes
56
21. 24. 28.
Ainda de acordo com a opinião dos participantes, as fotografias de número 7, 9 e 13
relacionadas aos guarda-roupas foram classificadas com as características que menos favorecem suas
necessidades, assim como as imagens de número 16, 18, 20 e 22 relacionadas aos armários de
cozinha.
7. 9. 13.
16. 18. 20.
Figura 3.6 – Características estético-simbólicas de armários de cozinha que favorece o desejo de consumo dos participantes
Figura 3.8 – Características estético-simbólicas de armários de cozinha que menos favorecem o desejo de consumo dos participantes
Figura 3.7 – Características estético-simbólicas de roupeiros que menos favorecem o desejo de consumo dos participantes
57
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES PROJETUAIS
4.1 PARTIDO PROJETUAL
A proposta projetual deste trabalho está focada no desenvolvimento de roupeiro para quartos
e armários para cozinha, baseados nas dimensões reduzidas dos espaços da moradia popular. Nesse
contexto, a relação conjunta entre os espaços da arquitetura e o do design de mobiliário se
apresentam num cenário integrado. De acordo com Folz (2003), para diminuir o congestionamento
interno nessas moradias seria altamente recomendada à participação conjunta de arquitetos e
designers, uma vez que a edificação e o mobiliário estão em constante diálogo. Segundo a autora
citada, para viabilizar o trabalho conjunto entre arquitetos e designers seria necessário à parceria das
construtoras, de maneira que os moradores pudessem escolher dentre as alternativas elaboradas
pelos profissionais àquela que melhor se encaixasse ao perfil de suas moradias.
A partir do exposto, o desenvolvimento da proposta projetual deste trabalho considera as
referências teóricas levantadas, bem como os resultados obtidos na fase de coleta de dados, ambas
com o intuito de fundamentar as decisões projetuais principalmente sobre as funções práticas,
estéticas e simbólicas dos produtos enfocados, a partir da visão dos participantes desta pesquisa.
Dessa forma, em linhas gerais, o partido projetual adotado baseia-se principalmente nas
dimensões e características da habitação popular da Vila Andorinha, seguindo os seguintes critérios:
Utilizar os espaços da cozinha e dos quartos para estudo das dimensões/volume dos móveis,
a partir da planta das habitações da Vila Andorinha fornecida pelo Grupo Vianna & Moura.
Atribuir leveza e concordância do produto casa com o produto móvel, a fim de evitar o efeito
de congestionamento físico e/ou visual nos ambientes;
Utilizar superfícies com o revestimento branco na caixaria dos móveis e tons amadeirados
em agregados como portas e frentes do mobiliário;
58
Desenvolver um modelo flexível para abertura das portas dos móveis, que dispense a
utilização de puxadores;
Procurar considerar compartimentos fechados e abertos;
Considerar o uso de MDF e MDP para a produção dos módulos;
Definir a altura dos móveis através do padrão estabelecido pelo Código de Obras da cidade
de Caruaru para as habitações (2.60m).
4.2 O PROCESSO DE DESIGN
Löbach (2001) estabelece três funções básicas para os produtos industriais: a função prática, a
função estética e a função simbólica. Ainda segundo o autor, essas funções são aspectos essenciais
das relações dos usuários com o produto, tornam-se perceptíveis no processo de uso e possibilitam a
satisfação de certas necessidades. Daí pode-se concluir que cabe ao designer otimizar as funções do
produto visando satisfazer às necessidades dos futuros usuários.
Todos os aspectos fisiológicos do uso para satisfação das necessidades físicas são as funções
práticas do produto. Nesta pesquisa, conforme mencionado no capítulo 3, elas foram investigadas
através de entrevistas padronizadas com alguns moradores de habitação popular na Vila Andorinha,
em Caruaru-PE. Esse instrumento foi adaptado de uma sistemática para coleta de dados dos usuários
para o desenvolvimento de projetos de interiores, apresentado por Costa Filho e Martins (2007).
A função estética é a relação entre um produto e um usuário no nível dos processos sensoriais.
Isso significa configurar os produtos de acordo com as condições perceptivas dos usuários. Derivada
dos aspectos estéticos do produto, a função simbólica dos produtos é determinada por todos os
aspectos espirituais, psíquicos e sociais do uso, sendo uma reação aos aspectos estéticos do produto.
Assim, a função estética e a função simbólica têm estreita relação e interdependência entre si. Para
investigar as funções estético-simbólicas dos roupeiros de quarto e armários de cozinha populares na
visão da amostra de participantes desta pesquisa, também conforme detalhado no capítulo 3,
utilizou-se o Sistema de Classificações Múltiplas para estabelecer qual o principal conceito utilizado
para avaliar estes produtos e quais os elementos estéticos favoreciam as diversas necessidades
estéticas daquele grupo de moradores.
Quando o designer projeta produtos, determina as suas funções. Para tal, deve buscar ajuda
metodológica para evitar um comportamento errático e evitar percalços durante o processo. Essa
59
relação entre o designer e o produto projetado, segundo Löbach (2001), denomina-se Processo de
Design. Como o processo de design pode se desenvolver de forma complexa, o autor propõe sua
divisão em quatro fases distintas, embora destaque que essas fases nunca sejam exatamente
separáveis, uma vez que na prática elas se entrelaçam umas as outras, com avanços e retrocessos.
Dentro dessa perspectiva, a metodologia de projeto pode ser entendida como um conjunto de
instrumentos que indica como tornar mais fácil o processo de incorporar características que possam
satisfazer as necessidades do público-alvo de forma duradora, ou seja, o processo de design. Logo,
para alcançar a solução de um problema de design, Löbach (2001) propõe que a primeira fase desse
processo seja de ANÁLISE DO PROBLEMA, para reunir e avaliar todas as informações disponíveis. A
segunda fase é de GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS e tem a finalidade de aplicar os conhecimentos e as
experiências adquiridas na geração de ideias, que visem à solução do problema. A terceira fase serve
para a SELEÇÃO DAS ALTERNATIVAS, a partir de critérios previamente estabelecidos e, finalmente, a
quarta fase de REALIZAÇÃO DA SOLUÇÃO é focada na construção de desenhos que tornarão possível
a solução do problema de design através de um projeto de produto.
Nos próximos itens será demonstrado o processo de design utilizado para determinar a
proposta de roupeiro para quartos e armário de cozinha, baseados nas dimensões reduzidas da
habitação popular. Para tal, utiliza-se como referência a metodologia de Löbach sem, contudo,
obedecer a todos as determinações propostas pelo autor, mas simplesmente adaptando o método.
4.2.1 GERAÇÕES DE ALTERNATIVAS
Após o conhecimento do problema, que nesse estudo se caracteriza pela definição de móveis
que atendam ao dimensionamento das habitações populares e a dificuldade de sua otimização nos
ambientes, a fase de GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS foi baseada nos resultados apurados nas
entrevistas e nas classificações realizadas com a população participante da pesquisa.
A partir dos dados obtidos, foi possível definir também o partido projetual, que prioriza a
flexibilidade do mobiliário, que possibilite diferentes arranjos internos nas modulações, modificando
apenas seus agregados, bem como o favorecimento da montagem e desmontagem do produto. Foi
apurado, por exemplo, que os roupeiros mais desejados pelos participantes não possuíam portas.
Observou-se, entretanto, que a Vila Andorinha não tem ruas asfaltadas, implicando em muita poeira.
60
Por esse motivo, a geração de alternativas para os roupeiros também apresentam a opção de portas,
que podem ser instaladas mesmo depois da sua montagem, caso apresente a necessidade.
Os principais componentes materiais utilizados nas propostas foram placas de MDF e MDP, de
forma que houvesse o mínimo de matéria-prima desperdiçada, levando em consideração sua
produção em larga escala, de forma que será demonstrado apenas o que foi utilizado para aplicação
neste projeto, incluindo apenas o quarto de casal, quarto de solteiro e cozinha.
Dessa forma, foram propostas algumas alternativas de modulações para os roupeiros e os
armários de cozinha, que podem ser arranjadas de diferentes maneiras, com o propósito de
apresentar compatibilidade com as diversas necessidades dos futuros usuários, apresentadas nas
figuras a seguir através de registros de revisões e reformulações.
Figura 4.1 – Geração de Alternativa do Roupeiro
A primeira alternativa do roupeiro utiliza em sua configuração duas portas de giro no tom
amadeirado. Internamente tem duas gavetas, duas prateleiras e dois cabideiros. Não possui fundo,
tampouco base superior e inferior. Suas laterais são fixas em bases de plástico e alumínio
diretamente no chão. Tudo isso para reduzir os custos, mas sem sacrificar as funções do produto.
61
Figura 4.2 – Geração de Alternativa do Roupeiro Quarto Solteiro
Nesta segunda alternativa, além da composição dos módulos, foi acrescentada uma cantoneira
lateral para o suporte de livros e/ou objetos de decoração, uma vez que os participantes da pesquisa
demonstraram, através dos resultados apurados, ter preferência por móveis com compartimentos
abertos e fechados. O acesso à cantoneira seria pela lateral do móvel, visto que não atrapalharia o
manuseio do interruptor próximo a este local do móvel, ao lado da porta de entrada do ambiente.
Figura 4.3 – Geração de Alternativa da Sapata para a lateral do Roupeiro
Acima, apresenta-se uma alternativa da base/sapata para fixar a lateral do roupeiro no chão.
62
Figura 4.4 – Geração de Alternativa da estrutura do Roupeiro
Pode ser observada acima uma alternativa de roupeiro com altura padrão de portas, medindo
2,10 de altura. Nessa situação, fica como um nicho aberto para o maleiro entre a base superior do
móvel e o teto. O móvel não tem nem base/prateira inferior nem o fundo em madeira, esses são
definidos pelo próprio piso e a parede do ambiente, respectivamente, e pode ser utilizado com ou
sem as portas. Este tipo de solução tem sido explorado com boa aceitação nos closets residenciais e
home-services, um tipo de hotel caracterizado pela longa permanência (long-stay).
Figura 4.5 – Geração de Alternativa das Gavetas dos Móveis
63
Esta é uma alternativa para as frentes de gavetas dos móveis, que dispensa a utilização de
puxadores, simplificando seu manuseio com aberturas circulares com 3 cm de diâmetro, produzidos
por serra-copo, além de facilitar a entrada de ar, diferenciação do produto e redução de custos.
Figura 4.6 – Geração de Alternativa dos módulos do Roupeiro
Esse modelo propõe um conjunto de módulos contendo diferentes dimensões, possuindo uma
base niveladora no caso do piso apresentar desnível, e assim como as demais propostas, sua
composição interna varia de acordo com as necessidades dos usuários.
Figura 4.7 – Geração de Alternativa do Roupeiro Quarto Solteiro
Nessa alternativa os módulos fechados e abertos fazem a composição do roupeiro, podendo
formar a composição estética que melhor satisfaça o usuário. Em um dos módulos foi utilizado um
papel de parede deixando uma parte do módulo sem aplicação de fundo.
64
Figura 4.8 – Geração de Alternativa dos Armários de Cozinha
Acima, as alternativas para os armários de cozinha foram elaboradas com a caixa dos módulos
brancos, utilizando o tom amadeirado apenas nas frentes. Sua configuração apresenta duas gavetas
baixas e uma alta, módulos fechados com portas e duas prateleiras laterais.
Figura 4.9 – Geração de Alternativa dos Armários de Cozinha
A alternativa de armários para a cozinha proposta acima, propõe a mistura dos tons
amadeirados nas portas e utiliza o revestimento branco na parte interna. Faz uso de módulos
maiores, na medida em que desconsidera o botijão de gás no ambiente.
4.2.2 ALTERNATIVA SELECIONADA
Durante a avaliação das alternativas geradas para a escolha de uma das propostas foram
observados os pontos positivos e negativos dos projetos desenvolvidos, considerando os itens
65
estabelecidos no partido projetual. Os critérios para seleção avaliou o custo do material utilizado, a
variabilidade de montagem/desmontagem e o espaço que o mobiliário ocupa no ambiente.
De acordo com Löbach (2001), o processo de avaliação considera ainda que os critérios para
análise da alternativa deve ser norteado através de duas variáveis: 1| que importância o produto
novo tem para o usuário, para determinados grupos e para a sociedade; e 2| que importância o
produto novo tem para o êxito financeiro da empresa, visto que de acordo com os objetivos para o
desenvolvimento do produto pode ser atribuído uma preferência maior a uma das variáveis.
Nesse sentido os critérios para seleção considerou o custo do material utilizado, a
variabilidade de montagem/desmontagem e o espaço que o mobiliário ocupa no ambiente. A
alternativa selecionada para os quartos apresenta um modelo de roupeiro com compartimentos
abertos e fechados onde não utiliza o fundo e nem as bases inferior e superior. Suas laterais
acompanham a altura da habitação, utilizando o pé nivelador, podendo regular a altura necessária
para o nivelamento dos móveis e protegê-lo contra a umidade. As portas foram elaboradas no tom
amadeirado claro e apresentam altura padrão, visto que o roupeiro pode acompanhar diferentes
alturas de acordo com cada imóvel, sendo necessário apenas fazer a regulagem de suas laterais. A
parte interna do roupeiro possui revestimento branco e apresenta flexibilidade quanto à escolha dos
agregados que fazem sua composição, podendo atender a necessidade do usuário. Na cozinha a
opção selecionada possui compartimentos abertos e fechados, o corpo do móvel branco e as frentes
amadeiradas, conforme os dados obtidos nas entrevistas. Sua divisão interna composta basicamente
de prateleira, permite que o usuário escolha a altura entre os espaços durante a montagem,
podendo também fazer sua remoção com facilidade. Assim como o roupeiro não possui puxador
externo ao móvel, de forma que foi elaborado um sistema de abertura através da furação com a
serra copo permitindo que o usuário a utilize como puxador, visto que o elevado número de
montantes encareceria o produto. Abaixo estão expostos os modelos de mobiliário para os quartos e
cozinha criados para essa alternativa.
66
Roupeiro:
Figura 4.10 – Roupeiro
Armário Cozinha:
Figura 4.11 – Cozinha
4.2.2.1 DETALHAMENTO E ESPECIFICAÇÃO
A modulação dos móveis possuem formas retilíneas e revestimento misto, sendo composto
pelo MDF com expessura de15mm na cor branca, carvalho capuccino e carvalho latino. Por
apresentar formas retilíneas proporciona o melhor aproveitamento das chapas, de forma que foi
67
considerado uma perda de 5 cm para o corte da serra de disco. Para reduzir os custos, o puxador
elaborado apresenta apenas um corte realizado com a serra copo, facilitando ainda uma melhor
ventilação no interior dos móveis.
Figura 4.12 – Corte no MDF Branco.
Figura 4.13 – Corte no MDP Branco.
68
Figura 4.14 – Corte no MDF Carvalho Latino.
Figura 4.15 – Corte no MDF Carvalho Capuccino.
A seguir estão expostas as elevações e a planta com os desenhos dos roupeiros e armário da
cozinha demonstrando os respectivos cortes:
69
Quarto de Casal
Figura 4.16 – Planta de corte quarto casal.
Figura 4.17 – Corte roupeiro de casal com portas.
70
Figura 4.18 – Corte roupeiro de casal com portas.
Figura 4.19 – Corte cantoneira roupeiro casal.
71
Quarto Solteiro
Figura 4.20 – Planta de corte quarto solteiro.
Figura 4.21 – Corte roupeiro de casal sem portas.
72
Figura 4.22 – Corte roupeiro de casal com portas.
Figura 4. 14– Corte cantoneira roupeiro solteiro.
73
Cozinha
Figura 4.23 – Planta de corte cozinha.
Figura 4.24 – Corte cozinha com portas.
74
Figura 4. 25– Corte cozinha sem portas.
4.2.2.2 MATERIAIS UTILIZADOS
Chapas de MDF e MDP
O MDF assim como o MDP são produzidos a partir do pínus e eucalipto, sendo classificados
como painéis de madeira de média densidade. A diferença entre o painel de MDP e MDF ocorre em
sua fabricação onde são utilizadas partículas de madeira em camadas, o que deixa a superfície do
MDP mais fina e as partículas do miolo mais grosso, sendo considerado como um produto econômico
e ecologicamente sustentável. Entretanto, o MDF é indicado somente para os móveis que
mantenham linhas retas ou formas orgânicas, que não exijam usinagens em baixo relevo, entalhes ou
cantos arredondados para aplicação de pintura.
75
Figura 4.26
Fonte: inovacaodesign.blogspot.com
Para fabricação do MDF aglutinam-se fibras de madeira o que torna sua estrutura mais
compacta e uniforme permitindo que o material receba diferentes formas, maiores detalhes e
contornos. Recomenda-se sua utilização em portas de móveis que possuem usinagens nas faces,
material impresso ou laqueado, permitindo maior criatividade no design do móvel.
Figura 4.27
Fonte: inovacaodesign.blogspot.com
As principais aplicações do MDP e MDF com expessuras de 15mm e 4mm nas partes que
constituem os móveis residenciais estão descritas abaixo na tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Aplicações do MDP e MDF em móveis
PARTES DE MÓVEIS MDP MDF
Laterais (15mm) X
Divisórias (15mm) X
Prateleiras (15mm) X
Portas Retas (15mm) X
Portas usinadas baixo relevo / arredondadas (15mm) X
76
Fundos de móveis (6mm) X X
Frentes de Gavetas (15mm) X X
Laterais de gavetas (15mm) X X
Fundos de gavetas (6mm) X
Tampos retos (15mm) X
Base superior / inferior (15mm) X
Base superior / inferior com usinagem em baixo relevo (15mm) X
Fonte: www.Satipel.com.br
Dobradiça
Foi necessário verificar um material que pudesse oferecer eficiência e baixo custo, nesse
sentido a ferragem escolhida apresenta-se pelo nome comercial dobradiça caneco com diâmetro do
corpo de 35mm (figura 4.3), utilizada em portas de 14 - 25 mm de espessura. Apresenta facilidade na
montagem e no ajuste/regulagem das portas, possui cobrimento total através com a montagem
correta das portas, oferecendo melhor aspecto estético.
Figura 4.28 – Dobradiça Pivot.
Fonte: www.hettich.com
Corrediça
Foram utilizadas as corrediças Guias de rolete, a qual possui extração parcial, guia unilateral
integrada com fecho automático, travão duplo e proteção anti-tombamento. Apresenta suavidade
das gavetas, aumentando portanto, sua durabilidade.
77
Figura 4.29 – Corrediça.
Fonte: www.hettich.com
Ligador excêntrico VB 47
Para união entre os painéis e laterais do móvel foi escolhido (figura 4........), o qual apresenta
simplicidade de ligação entre as partes sem utilização de ferragens salientes. Sua composição
apresenta como materiais o plástico e o Zamak.
Figura 4.30 – Ligador excêntrico VB 47.
Fonte: www.hettich.com
Suportes de prateleira
Para a escolha do suporte das prateleiras foi verificado um material que pudesse oferecer
praticidade e baixo custo. Portanto foi escolhido um suporte composto por plástico em forma de
cantoneira (figura 4.....)., podendo fixar a prateleira na altura e local desejado, já que não é
necessário furos existentes no móvel para sua aplicação.
78
Figura 4.31 – Suporte de prateleiras.
Fonte: www.rochaforti.com.br
Sapata
Para fixação das laterais do roupeiro ao chão a sapata será utilizado com o intuito de evitar o
contato da chapa de madeira diretamente com o piso, protegendo o móvel da umidade.
Figura 4.32 – Sapata.
Fonte: www.multichapas.com.br
Cabideiro e Suporte
Foi analisado um material que pudesse oferecer baixo custo e eficiência de acordo com sua
utilização. Partindo desse princípio o cabideiro apresenta estrutura em madeira, sendo revestido
com fita plástica, apresentando boa resistência e durabilidade (figura 4.......). O suporte para o
cabideiro mantém também em sua estrutura o plástico, a fim de atender o que foi analisado.
79
Figura 4.33 – Cabideiro e suporte.
Fonte: A autora
4.2.2.3 MONTAGEM
A montagem da dobradiça caneco apresenta grande simplicidade, de maneira que, as portas
são facilmente inseridas e removidas, onde as partes da dobradiça são unidas e fixadas através de
parafusos. Assim como a montagem a desmontagem demostra praticidade, sendo feita de a ordem
inversa ao da montagem, podendo ser realizado também ajustes de encobrimento, profundidade e
vertical, conforme apresenta os exemplos das figuras 4.... e 4.... abaixo.
80
Figura 4.34 – Exemplo de montagem dobradiça pivot.
Fonte: www.hettich.com
Figura 4.35 – Exemplo de regulagem da dobradiça pivot.
Fonte: www.hettich.com
Para montagem da corrediça nas gavetas é necessário apenas parafusar na lateral da os guias
da corrediça de forma que os roletes são encaixados, o que permite a retirada da gaveta sem a
necessidade desparafusá-la. A figura 4.....a seguir apresenta sua montagem em três etapas
facilitando a compreensão.
81
Figura 4.36 – Exemplo de montagem gaveta.
Fonte: www.hettich.com
A montagem com os ligadores excêntricos VB 47 oferece grande facilidade de montagem, visto
que dispensa a utilização de ferragens e parafusos, utilizando apenas uma chave em forma de broca
para fixar melhor as partes unidas (figura 4.37). É necessário apenas haver a furação correta das
partes que serão ligadas através desse tipo de material. O esquema de furação define que: a medida
de perfuração A = lateral S – X + 6, onde, A = mín. 15mm e X = 7 a 8mm.
Figura 4.37 – Exemplo de montagem ligadores excêntricos.
Fonte: www.hettich.com
82
Para fixação das prateleiras o suporte necessita apenas que seja feita a marcação correta das
alturas em comum nas laterais do ropeiro, utilizando apenas a fixação com parafusos para apio das
prateleiras.
Figura 4.38 – Exemplo de montagem prateleiras.
Na fixação da sapata utilizada, é necessário apenas fazer seu encaixe nas bases das laterais que
ficam em contato com o chão, utilizando apenas um parafuso em sua união.
Figura 4.39 – Sapata.
Para montagem correta do cabideiro é necessário apenas a fixação correta do suporte, de
maneira que fiquem alinhados com mesma altura e na mesma distancia centralizados no eixo interno
do móvel, verificando as distâncias exatas entre os parafusos, confome figuras apresentadas abaixo:
83
Figura 4.40 – Exemplo de montagem do suporte e cabideiro.
Fonte: www.hettich.com
4.2.2.4 PROJEÇÃO PRELIMINAR DO CUSTO
As informações para análise de custo e do material utilizado foram elaboradas através de
investigações sobre o assunto com o marceneiro Silvano Pereira, atuante no mercado moveleiro de
Caruaru-PE e com a visita na Madereira Dois Irmãos (MDI), que oferece toda ferragem e material
apresentado, localizada na mesma cidade. Dessa maneira foi possível verificar os valores de cada iten
utilizado podendo desenvolver uma projeção de custo do material, conforme o que foi utilizado.
Tabela 4.1 – Valores dos materiais utilizados nesta pesquisa
Material
Valor unitário
Chapa de MDF revestimento Branco 15mm
R$ 114,00
Chapa de MDP revestimento Branco 15mm
R$ 94,00
Chapa de MDF amadeirado 15mm
R$ 200,00
84
Chapa MDF revestimento Branco 6mm
R$ 82,00
Dobradiça Caneco
R$ 1,11
Corrediça Guias de rolete 45cm
R$ 2,76
Ligadores excêntricos
R$ 0,66
Suporte de prateleiras
R$ 0,10
Sapata branca/marrom
R$ 0,30
Cabideiro
R$ 3,00
Suporte do cabideiro branco
R$ 0,32
A partir desses valores foi possível realizar o prévio orçamento do mobiliário elaborado,
calculando quanto de cada item séria utilizado em sua montagem. Foram desconsiderados peças
como parafusos, visto que seu valor não é calculado por unidade e sim por pacote.
A tabela a seguir apresenta as quantidades e os custos total do mobiliário para os quartos e
cozinha, lembrando que algumas chapas não foram utilizadas completamente, pois o material foi
calculado tendo em vista apenas o projeto proposto, de forma que o material poderia ser utilizado
em larga escala nas habitações do loteamento, o que iria baratear o orçamento e fazer uso de todo o
material proposto para a montagem dos móveis.
Tabela 4.2 – Orçamento do custo preliminar dos móveis para os quartos e cozinha.
MATERIAL QUARTOS
VALOR
06 DOBRADIÇAS
R$ 6,66
04 PARES DE CORREDIÇA
R$ 11,04
22 SAPATAS
R$ 6,60
04 CABIDEIROS
R$ 12,00
64 SUPORTES DE PRATELEIRA
R$ 6,40
60 LIGADORES EXCÊNTRICOS
R$ 39,60
MATERIAL COZINHA
14 DOBRADIÇAS
R$ 15,54
85
03 PARES DE CORREDIÇAS
R$ 8,28
20 SUPORTES DE PRATELEIRA
R$ 2,00
36 LIGADORES EXCÊNTRICOS
R$ 23,76
MDF UTILIZADO PARA OS QUARTOS E COZINHA
04 Chapas MDF Branco 15mm
R$ 456,00
01 Chapa MDF Branco 6mm
R$ 82
03 Chapas MDP Branco 15mm
R$ 282
01 Chapa MDF Carvalho Latino
R$ 200,00 02 Chapas MDF Carvalho Capuccino
R$ 400,00
TOTAL
R$ 1.551,88
4.2.2.5 SIMULAÇÃO DE USO
Com o intuito de fornecer melhor entendimento do mobiliário proposto, foi realizada uma
simulação de uso, onde demonstra visualmente a maneira como o mobiliário ficaria após sua
disposição nos ambientes dos quartos e cozinha da habitação popular da Vila Andorinha, tomada
para identificar seu dimensionamento, utilizada nesta tipologia. Dessa maneira, inicialmente, foi
realizado um projeto de layout do mobiliário (figura 4.31).
86
Figura 4.41 – Planta de Layout – Note-se a inserção do sistema no quarto (roupeiro) e na cozinha (armário).
Ainda para ilustrar a demonstração de uso do mobiliário, foram desenvolvidas algumas
maquetes eletrônicas desenvolvidas no Promob 2010, que utiliza perspectivas 3D na elaboração de
projetos.
Figura 4.42 – Planta Baixa da cozinha – Observe o armário.
87
Figura 4.43 – Perspectiva da cozinha– Observe o armário.
Figura 4.44 – Perspectiva da cozinha – Observe o armário.
88
Figura 4.45 – Planta Baixa do quarto casal – Observe o roupeiro.
Figura 4.46 – Perspectiva do quarto de casal – Observe o roupeiro.
89
Figura 4.47 – Perspectiva do quarto de casal – Observe o roupeiro.
Figura 4.48 – Perspectiva do quarto de casal – Observe o roupeiro.
90
Figura 4.49– Planta Baixa do quarto solteiro – Observe o roupeiro.
Figura 4.50 – Perspectiva do quarto de solteiro – Observe o roupeiro.
91
Figura 4.51 – Perspectiva do quarto de solteiro – Observe o roupeiro.
Figura 4.52 – Perspectiva do quarto de solteiro – Observe o roupeiro.
92
CONCLUSÃO
A partir das informações adquiridas no decorrer da presente pesquisa, foi possível identificar
dados relevantes sobre o mobiliário para os quartos e a cozinhas da habitação popular, no sentido de
prover diretrizes que pudessem proporcionar bem-estar aos moradores desse tipo de habitação,
através da concordância entre o design e a arquitetura, visto que o principal objetivo desta pesquisa
foidesenvolver uma proposta de design de mobiliário para esses ambientes, baseada no
dimensionamento dos espaços da habitação popular.
A proposta desenvolvida prioriza as funções e necessidades que os participantes da pesquisa
abordaram como essencial, sendo verificado que a classe social menos favorecida não se satisfaz
com produtos com suas funções prática, estéticas e simbólicas mal elaboradas, uma vez que seu
desejo de consumo não se apresenta de forma simplista, como se apurou nesta pesquisa. Nesse
sentido, a participação do designerna configuração dos móveis torna-se indispensável, visto que o
morador é exigente com todas as funções básicas do produto e tem dificuldade para encontrar
produtos no mercado moveleiro com preço e dimensionamento compatíveis as suas necessidades e
aspirações.
Buscando-se identificar o dimensionamento interno mínimo dos ambientes de quarto e
cozinha da habitação popular na cidade de Caruaru, utilizando-se o chamado Código de Obras da
cidade, concluiu-se que para receber a denominação de quarto, classificado como de longa
permanência, o cômodo deve possibilitar a inscrição de um círculo em seu piso de 2.40m de
diâmetro. Já a cozinha, classificada com de permanência transitória, deve permitir a inscrição de um
círculo em seu piso de 1.60 de diâmetro para receber essa denominação em planta. Cabe destacar
que esses parâmetros devem ser atendidos pelo projetista para que a edificação seja considerada
regular perante os órgãos que normatizam e/ou fiscalizam as obras na referida cidade do Agreste
pernambucano.
Procurando identificar um imóvel popular para apoiar a proposta projetual deste
trabalho, em relação às questões dimensionais praticadas no mercado imobiliário, elegeu-secomo
referência a habitação popular construída na Vila Andorinha na cidade de Caruaru, cujo projeto e
execução da obra foram desenvolvidos pelo grupo Moura&Vianna. Assim, através da planta baixa do
imóvel, disponibilizada pela empresa, pôde-se ter contato com a organização interna da planta de
uma habitação popular real e, principalmente, com o dimensionamento dos seus quartos e da sua
Figura 3.7 – Móveis que favoreceram muito na hora da compra.
93
cozinha. A partir desta referência, primeiro foi proposto um layout para o mobiliário, considerando
essencialmente as conexões do ambiente (portas e janelas), para estabelecer o local para posicionar
principalmente os roupeiros, uma vez que os armários de cozinha são geralmente localizados em
baixo e em cima da bancada da pia (armário aéreo).
No sentido de identificar as principais características funcionais, estéticas e simbólicas dos
produtos enfocados, a partir da percepção dos participantes desta pesquisa, apuraram-se diversos
aspectos sobre as atividades nos ambientes enfocados, como também sobre a forma de usar o
roupeiro e os armários da cozinha, conforme detalhado no capítulo 3, importantes para as definições
das características funcionais dos produtos. Também se concluiu que a beleza define o conceito
sobre os produtos ou sua função simbólica na visão dos participantes. Quanto à função estética,
concluiu-se que os roupeiros abertos, com uma boa organização do espaço interno, através de
prateleiras fixas, gavetas e varões para pendurar roupas, bem como a pintura clara ou um misto de
pintura com acabamento amadeirado são os elementos configurativos preferidos. Quanto aos
armários de cozinha, segundo descrevem, devem ser fechados e com acabamento amadeirado ou
misto de amadeirado com pintura.
Ainda sobre esse objetivo, indiretamente também foi concluído que a participação dos
moradores da Vila Andorinha na fase de análise do problema de design foi indispensável, visto que
esses participantes compartilharam suas experiências, necessidades e apresentaram suas opiniões
sem constrangimentos. Assim, foi possível verificar as principais características funcionais, estéticas e
simbólicas dos móveis trabalhados, podendo assim minimizar falhas no projeto e ter um indicativo
sobre o desejo de consumo do público-alvo envolvido. Além de que, as informações obtidas podem
servir também de referências projetuais para o desenvolvimento de outras propostas projetuais
futuras.
A partir do exposto, acredita-se que o presente trabalho atingiu seus objetivos, à medida que
foi elaborada uma proposta de mobiliário popular – de acordo com as necessidades e aspirações
declaradas, com informações técnicas necessárias, especificação de materiais e montagem para a
correta execução das propostas. Sabe-se, entretanto, que a problemática do mobiliário na inserção
da habitação popular apresenta grandes dificuldades, de maneira que os resultados desse trabalho
são insuficientes para a solução do problema do mobiliário na habitação popular, visto que os
resultados abordados variam de acordo com tempo, lugar e modificações do núcleo familiar para o
qual os produtos foram desenvolvidos.
Verifica-se, portanto, a importância de estudos futuros sobre este tema, com pesquisas
realizadas com mais tempo, abrangendo maior número amostral e de pesquisadores, bem como com
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análises mais aprofundadas sobre os dados obtidos, para que as informações sobre os ambientes e o
mobiliário da habitação popular sejam retratos de forma mais realista.
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REFERÊNCIAS
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LÖBACH, Bernd. Design industrial: Bases para a configuração dos produtos industriais. Editora Blücher, 2001. LOUREIRO, Cláudia; MONTEIRO, Circe Maria Gama. Sessão III: Métodos e técnicas para levantamento de campo e análise de dados: avaliação de lugares – o enfoque da Teoria das Facetas. Mestrado em Desenvolvimento Urbano e Regional – MDU, 1994. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. A lógica do pensamento científico e métodos de abordagem e procedimento. São Paulo: Atlas, 2004. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. Técnicas de pesquisa: questionários, entrevistas, experimentos, entre outras técnicas. São Paulo: Atlas, 2006. OLIVEIRA, Gilberto. MONT’ALVÃO, Claudia. A evolução projetual de cozinhas residenciasi – O papel e a importância da atuação do designer de produto. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Paulo, 2010. PEZZINI, Marina. ELY, Vera Helena Moro Bins. Usabilidade de armários modulados em apartamentos reduzidos. Artigo apresentado ao programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da UFSC, 2010. PLANO DIRETOR DE CARUARU. Código de Urbanismo, Obras e Posturas do Município de Caruaru. Lei nº 2454, Caruaru, 1977. PORTAS, Nuno. Funções e exigências de áreas da habitação. Lisboa: MOP Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1969. PORTO, Renata Gastiel. DESIGN DE PRODUTO: Funções dos produtos e a percepão dos usuários. Disponível em: > www.designemartigos.com.br/wp-content/uploads/2010/05/artigo_produto_resumido_Renata-Gastal.pdf <. Acesso em 21 de Outubro de 2011. RIFRANO, Luiz. Avaliação de projetos habitacionais: determinando a funcionalidade da moradia social. Editora Ensino Profissional, 2006. SEBRAE. Móveis para cozinha, estudo de mercado/espm. Relatório completo. São Paulo, 2008. SAMPAIO, Maria Ruth Amaral. A promoção privada de habitação econômica e a arquitetura moderna 1930 – 1964. São Carlos: Rima, 2002. SANTOS, Aguinaldo dos. UTIME, Letícia Horiuchi. SAMPAIO, Cláudio Pereira de. Aplicação da tecnologia CFG (cussion folder gluer) no Design de mobiliário para a habitação de interesse social. Paraná, 2005. Disponível em: > www.embrart.com.br/p_e_d/emba_export.pdf <. Acesso em 15 de Outubro de 2011. SILVA, Elvan. Geometria funcional dos espaços da habitação. Porto Alegre: Universidade Federal Rio Grande do Sul, 1982. TRAMONTANO, M., NOJIMOTO, C. Design_Brasil fim de século: comparação entre compilações nacional e internacional. São Carlos: Nomads.usp, 2003. Disponível em:
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Apêndice
Apêndice 1
Formulário para coleta de dados nas classificações livres e classificações dirigidas com
habitantes da Habitação Popular situada na Vila Andorinha em Caruaru PE.
DESIGN DE MOBILIÁRIO: Roupeiro de Quarto e Armários de Cozinha para a
Habitação Popular
Controle
Data:
Pesquisador:
Código do entrevistado
Nome do entrevistado:
Endereço:
HABITANTE
01 Sexo Masculino
Feminino
02 Idade De 18 a 24
De 24 a 45
De 45 a 60
Acima de 60
03 Anos de
escolaridade
De 1 a 4
(primário)
De 5 a 8
(médio,ginasial)
De 8 a 12
(científico, 2º grau)
De 13 a 17
(sup/incompl.)
Mais de 18
(superior)
04 Qtd.
Pessoas na
Habitação
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1º CLASSIFICAÇÃO | LIVRE
GRUPO Nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
GRUPO Nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
100
GRUPO Nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
2º CLASSIFICAÇÃO | DIRIGIDA
GRUPO Nº 02 foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
FACILITA
MUITISSÍMO
101
GRUPO Nº 03 foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
FACILITA MAIS
OU MENOS
GRUPO Nº 04 foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
FACILITA
POUCO
GRUPO Nº 05 foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº foto nº
FACILITA NADA
102
103
Apêndice 2
Formulário sobre a funcionalidade dos ambientes/produtos referente ao ambiente dos
quartos e cozinha.
Dados gerais
1. Sexo:
( ) masculino ( ) feminino
2. Idade:
3. Profissão
4. Renda (SM)
( ) até 2 ( ) entre 2 e 4
Questões sobre a funcionalidade do ambiente/produto (QUARTOS CASAL)
5. Quais as principais atividades que costumam ocorrer no quartos de casal de sua casa?
( ) dormir
( ) comer
( ) assistir TV
( ) ler/estudar
( ) receber visitas
( ) outros (quais?)
6. O que você costuma guardar no roupeiro?
7. Qual a forma que você gostaria de guardar os sapatos?
( ) prateleira fixa
104
( ) prateleira móvel
( ) gaveta
8. Como prefere guardar calças no roupeiro?
( ) prateleira fixa
( ) gaveta
( ) cabideiro
( ) calceiro
Questões sobre a funcionalidade do ambiente/produto (QUARTOS SOLTEIRO)
9.Quais as principais atividades que costumam ocorrer no Quartos Solteiro de sua casa?
( ) dormir
( ) comer
( ) assistir TV
( ) ler/estudar
( ) receber visitas
( ) outros (quais?)
10. O que você costuma guardar no roupeiro?
11. Qual a forma que você gostaria de guardar os sapatos?
( ) prateleira fixa
( ) prateleira móvel
( ) gaveta
12. Como prefere guardar calças no roupeiro?
( ) prateleira fixa
105
( ) gaveta
( ) cabideiro
( ) calceiro
Questões relacionadas ao ambiente/produto (COZINHA)
13.Quais as principais atividades que costumam ocorrer na cozinha de sua casa?
( ) preparo de alimentos
( ) comer
( ) assistir TV
( ) ler/estudar
( ) receber visitas
( ) outros (quais?)
14. O que você costuma guardar dentro dos armários da cozinha?
15. Gostaria de ter lugares vazados para objetos de decoração nos armários?
( ) sim
( ) não
16. Quais desses eletrodomésticos você costuma utilizar?
( ) geladeira
( ) freezer
( ) micro-ondas
( ) gelágua
( ) fogão
( ) exaustor
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ANEXO
1. Planta Baixa fornecida pelo Grupo Viana&Moura.
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2- Envelope Interativo