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Da Crise Financeira à Crise Económica:Impactos e Soluções Para a Economia Portuguesa.
Miguel FrasquilhoFevereiro 2009
1Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Estrutura da Apresentação
• Background: A economia mundial na última década
• As origens: Do subprime à crise financeira
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
2Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
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A resposta da política monetária ao fim do boom dos investimentos dos anos 90 ajudou a criar um ambiente global de juros baixos
Evolução das taxas de juro de referência nos Estados Unidos (Percentagem)
Fonte: Banco Mundial
As acentuadas mudanças de ciclos na política monetária dos EUA facilitaram inicialmente o endividamento e, a partir de 2004, aceleraram os riscos de crédito.As acentuadas mudanças de ciclos na política monetária dos EUA facilitaram inicialmente o endividamento e, a partir de 2004, aceleraram os riscos de crédito.
Fim da bolha
das dot.com
Fim da bolha
das dot.com
Aceleração da
actividade, bolha nos
activos imobiliários e
financeiros, pressões
inflacionistas
Aceleração da
actividade, bolha nos
activos imobiliários e
financeiros, pressões
inflacionistas
Crise do crédito
subprime
Crise do crédito
subprime
3Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
“Arranjo de conveniência” entre a Ásia Emergente e o Ocidente. As economias emergentes disponibilizam liquidez, reforçando a tendência de baixa dos juros e fomentando a despesa nas economias desenvolvidas do Ocidente
Fluxo anual de crédito (Percentagem do PIB)
Juros baixos, Despesa Poupança,
ReservasLiquidez
Despesa
4Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Forte expansão do consumo privado e do investimento residencial,assente num aumento significativo do endividamento
EUA – Responsabilidades financeiras das famílias (% do Rendimento Disponível)
Investimento Residencial(% do PIB)
Fontes: OMC, UN.
Milh
ões
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1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
% do PIB
Zona EuroZona EuroZona EuroZona Euro
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1980 1985 1990 1995 2000 2005
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5Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Ampla liquidez global alimentou valorização de activos imobiliários. Procura especulativa acentuou movimento de subida dos preços
Fonte: Reuters EcoWin Pro
Preços da habitação (taxa de variação homóloga)
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
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Reino UnidoReino UnidoReino UnidoReino Unido
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EspanhaEspanhaEspanhaEspanha
6Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Ampla liquidez global alimentou também forte valorização do mercado accionista.
Fonte: Reuters EcoWin Pro
Índice Dow Jones (Evolução de longo prazo)
Bolha das empresas dot.com
Bolha do crédito (Habitação, Sector Financeiro)
1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
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Outubro 2007Outubro 2007Outubro 2007Outubro 2007
7Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
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Evolução da economia mundial na última década marcada pela procura de rendibilidades mais elevadas num contexto de juros baixos e maior sofisticação financeira
Resposta da política monetária à recessão de 2001 manteve juros em níveis reduzidos por um período prolongado de tempo
Poupança excedentária da Ásia Emergente canalizada para economias desenvolvidas, pressionando os juros em baixa
Prolongamento de um ambiente de juros baixos vai motivar uma procura de retornos mais elevados, com o recurso a novos e mais sofisticados instrumentos financeiros
Forte expansão da liquidez global resulta na valorização de diversas classes de activos (habitação, acções, commodities, etc), a partir de um maior endividamento e com uma componente de especulação
8Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Estrutura da Apresentação
• Background: A economia mundial na última década
• As origens: Do subprime à crise financeira
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
9Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Famílias contraem hipotecas, assumindo a permanência de juros baixos e valorização permanente das habitações
Bancos/MortgageBrokers
A dispersão do risco pelo sistema financeiro (via securitizações) ajudou a sustentar esta dinâmica de forte expansão da liquidez, sobretudo a partir dos activos gerados nos segmento subprime.
Concedem crédito a devedores com historial desconhecido ou duvidoso (subprime); ausência de incentivos para escrutínio adequado do risco
Bancos de Investimento
Tomam esses créditos (expectativa de valorização das habitações), incorporam-nos com outros créditos em produtos complexos (CDOs)
Agências de Rating*
Conferem a estes produtos uma percepção de segurança
* E também as seguradoras de crédito
SIVs
Mantêm fora de balanço o crédito de maior risco
Instituições obtêm financiamento oferecendo como colateral estes créditos
Mercado de Papel Comercial
Fundos de investimento, hedge funds, fundos de pensões, seguradoras, etc.
Tomam estes produtos com expectativas de retornos elevados, e sem uma noção clara dos riscos associados
Search for yield, sofisticação financeira… e subavaliação do risco
10Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Em 2007, após quase três anos de subida dos juros:
•Incumprimento no crédito aumenta de forma significativa, inicialmente nos segmentos subprime.
•Preços das habitações em queda, reforçando a tendência de incumprimento no crédito.
A crise iniciada no mercado hipotecário dos EUA impacta o Sistema Financeiro Mundial, as Economias e os Clientes dos Bancos
Maior selectividade na concessão de crédito e agravamento do custo de crédito
Escassez de liquidez no mercado e agravamento do custo de funding
Incerteza sobre valor do crédito titulado e saúde de instituições
Quebra dos indicadores de confiança e desaceleração do crescimento económico
Repercussão no Sistema Financeiro
Repercussão nos Clientes
Repercussão na Economia
A globalização do sistema financeiro levou a que uma crise com uma origem geograficamente delimitada tivesse repercussões em todo o Mundo
Crise do mercado
hipotecário dos EUA
11Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Financiamento dos bancos e concessão de crédito numa situação “normal”
BCELender of
Last ResortPoupançasDepósitos
Outros BancosMercado
Monetário Interbancário(curto prazo)
Bancos
FamíliasConsumo: compra de
casa, carro, etc
EmpresasCompra de equipamento e
matérias-primas para a produção e venda dos seus produtos.
Pagamento de salários
TA
XA
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SP
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Nota: Em que a EURIBOR ~ Refi rate
Crescimento da ECONOMIA REAL
InvestidoresMercado de
Crédito(médio / longo
prazo)
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12Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
BCELender of
Last ResortPoupançasDepósitos
Outros BancosMercado
Monetário Interbancário(curto prazo)
Bancos
FamíliasMaiores custos de
financiamento,menor consumo
EmpresasMaiores custos de
financiamento; menores margens e/ou maiores preços dos produtos
vendidos
TA
XA
RE
FI
EU
RIB
OR
men
os
SP
RE
AD
$
Nota: Em que a EURIBOR ~ Refi rate + Spread ou prémio de liquidez/risco
Abrandamento da ECONOMIA REAL
InvestidoresMercado de
Crédito(médio / longo
prazo)
EU
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Crise do subprime: Maiores spreads e financiamento menos disponível reflectem maior risco; aumenta o recurso ao BCE
EU
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13Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Crise de confiança: secam as fontes de liquidez; BCE como lender of onlyresort; seca o crédito às famílias e empresas
BCELender of
Last ResortPoupançasDepósitos
Outros BancosMercado
Monetário Interbancário(curto prazo)
Bancos
FamíliasForte recuo no
consumo Privado
EmpresasForte recuo no investimento
privado, aumento do desemprego
TA
XA
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FI
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SP
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Recessão na Economia Real
InvestidoresMercado de
Crédito(médio / longo
prazo)
EU
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14Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
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Jan.2007
Abr.2007
Jul.2007
Out.2007
Jan.2008
Abr.2008
Jul.2008
Out.2008
Jan.2009
Basis
Points
Do subprime à crise financeira
Aumento do incumprimento no crédito subprime; incerteza sobre o valor de activos titulados e sobre a saúde das instituições financeiras; escassez de liquidez no mercado e agravamento nos custos de funding; maior selectividade na concessão de crédito.
Duas fases da crise financeiraSpreads da Taxa Euribor vs. Taxa dos BTs a 3 Meses.
1ª FASE
2ª FASEA partir da falência do Lehman Brothers, em 15 de Setembro de 2008; aumento dos riscos sistémicos; extrema aversão à exposição entre instituições; crise de confiança resulta em secagem de liquidez nos mercados de capitais; injecções massivas de liquidez pelas autoridades (bancos centrais como lenders of only resort); riscos acrescidos de insolvência; perspectiva de forte travão no crédito e no crescimento. Necessidade de intervenções públicas (incluindo orçamentais) na estabilização do sistema financeiro.
Fonte: Bloomberg.
Falência do LehmanBrothers:
Setembro 15, 2008
15Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Extrema aversão ao risco seca liquidez nos mercados…
Fontes: Reserva Federal, BCE, Reuters Ecowin.
Mantém-se, em geral, uma elevada indisponibilidade de cedência de liquidez entre as instituições (i.e. comportamentos de hoarding – ou “açambarcamento”– de liquidez). Injecções de liquidez dos bancos centrais sem “tracção” no sistema financeiro e na economia, i.e. os canais do crédito e da criação monetária não estão a funcionar.
Depósitos dos Bancos no BCE (EUR mil milhões)
Zona Euro – Indicador de criação monetária (Crédito bancário ao sector privado/Crédito do BCE
ao sector bancário)
2007 2008 2009
E UR(bi llion
s )
-0
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EUR
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16Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Fonte: Bloomberg.
… e sustenta custos de funding mais elevados, visíveis num elevado prémio de liquidez nos mercados monetário e de crédito.
Apesar das descidas recentes, juros do mercado monetário mantêm-se anormalmente afastados das taxas de referência e, no mercado de crédito, os spreads das emissões de dívida mantêm-se elevados, reflectindo a elevada percepção de risco e a baixa disponibilidade de cedência de liquidez.
Euribor vs. Taxa refi (%) Spreads de crédito, sector financeiro e total (Índice iBOXX EUR, bps)
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Nov. 2007 Fev. 2008 Mai. 2008 Ago. 2008 Nov. 2008
Basis
Points
iBOXX EUR iBOXX EUR iBOXX EUR iBOXX EUR FinancialsFinancialsFinancialsFinancials
iBOXX EUR TotaliBOXX EUR TotaliBOXX EUR TotaliBOXX EUR Total
1.5
2.0
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3.0
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5.5
Jun.2005
Dez.2005
Jun.2006
Dez.2006
Jun.2007
Dez.2007
Jun.2008
Dez.2008
%
TaxaTaxaTaxaTaxa RefiRefiRefiRefi
TaxaTaxaTaxaTaxa EuriborEuriborEuriborEuribor a 6 a 6 a 6 a 6 MesesMesesMesesMeses
Spread Spread Spread Spread MMMMéééédiodiodiodioJun05Jun05Jun05Jun05----Jun07Jun07Jun07Jun07
38 38 38 38 pbpbpbpb
Spread Spread Spread Spread MMMMéééédiodiodiodioJul07Jul07Jul07Jul07----Set08Set08Set08Set08
72 72 72 72 pbpbpbpb
Spread Spread Spread Spread MMMMéééédiodiodiodioSet08Set08Set08Set08----Jan09Jan09Jan09Jan09
87 87 87 87 pbpbpbpb
17Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Fontes: Bloomberg, Reuters EcoWin. * Média das taxas de câmbio bilaterais face às divisas dos principais parceiros comerciais, ponderada pelo respectivo peso do comércio bilateral no comércio total de cada economia.
Deleverage leva a “fuga” de activos com maior percepção de risco –incluindo Emergentes – e a uma redução da liquidez global.
Maior aversão ao risco, expectativa de desvalorização de activos e necessidade de reduzir níveis de endividamento implica uma “fuga” dos activos de maior risco (ex. acções, activos dos mercados Emergentes, etc.). Em suma, uma redução da liquidez a nível global e saída de capitais das economias emergentes.
EUA – Fluxos líquidos de activos externos (USD mil milhões)
Principais índices accionistas (Junho 2007 = 100)
-30
-20
-10
0
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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Desinvestimento em activos
externos, Repatriamento de USD
Investimento em activos externos,Saída de USD
Jun2007
Aug Oct Dec2008
Feb Apr Jun Aug Oct Dec2009Feb
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ZonaZonaZonaZona Euro:Euro:Euro:Euro:Euro STOXX 50Euro STOXX 50Euro STOXX 50Euro STOXX 50
BrasilBrasilBrasilBrasil: : : : BovespaBovespaBovespaBovespa
EUA: Dow JonesEUA: Dow JonesEUA: Dow JonesEUA: Dow Jones
JapãoJapãoJapãoJapão: Nikkei: Nikkei: Nikkei: Nikkei
18Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Write-Downs e Injecções de Capital em Instituições Financeiras
(USD mil milhões)*
Desvalorização de activos, maiores necessidades de capital.
Continuam a aumentar as perdas reconhecidas pelas instituições financeiras (associadas a desvalorização de activos, incumprimento no crédito, etc.).
Aumenta pressão sobre rácios de capital (restringindo capacidade de concessão de crédito das instituições financeiras) e necessidade de procurar novas fontes de capital.
* Actualizado até 29 Janeiro de 2009.
Fonte: Bloomberg.
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Americas Europe Asia
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971
19Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
2ª fase da crise: Forte aumento dos riscos de liquidez e de solvabilidade
Secagem de liquidez e forte aumento dos
custos de funding
Aumento dos juros e dos spreadspara as famílias e empresas,
desvalorização de activos reais (ex. habitação), aumento do
incumprimento no crédito
Repercussões na economia real
Desvalorização de activos financeiros (títulos de dívida, acções); maior dificuldade de
fazer o roll-over da dívida; maior risco de falências
Repercussões no sistema financeiro
Risco de a 2ª fase da crise financeira conduzir a um círculo vicioso de write-downs, perdas de capital, desaceleração do crédito, desvalorização de activos, novos write-downs, novas perdas de capital, secagem do crédito, etc. Riscos acrescidos de recessão em 2008-2009 e de prolongamento de um período de baixo crescimento para lá deste período; forte pressão desinflacionista/deflacionista.
Crise de confiança
20Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Estrutura da Apresentação
• Background: A economia mundial na última década
• As origens: Do subprime à crise financeira
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
21Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Fonte: Comissão Europeia.
Ondas de choque da crise financeira traduziram-se numa deterioração das expectativas de crescimento da economia mundial
Previsões da Comissão Europeia para o crescimento do PIB em 2009 (Percentagem)
2.62.1
2.5 2.3
0.7
1.6 1.61.1
0.1
-1.6 -1.9
-2.8-2.4
-0.4-1.0
-0.5
-4.0
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-2.0
-1.0
0.0
1.0
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Estados Unidos Zona Euro Reino Unido Japão
Outono 2007 Primavera 2008 Outono 2008 Janeiro 2009
%
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GDP (GDP (GDP (GDP (yyyy----oooo----yyyy, %, RHS), %, RHS), %, RHS), %, RHS)
Loans to private sector (Loans to private sector (Loans to private sector (Loans to private sector (yyyy----oooo----yyyy, %, LHS), %, LHS), %, LHS), %, LHS)
Fontes: Reuters EcoWin Pro, Bloomberg.
Inquérito do BCE ao mercado do crédito (de Outubro) revela que 65% dos bancos da Zona Euro restringiram os critérios de financiamento às empresas, citando dificuldades de funding e perspectivas negativas para a actividade real.
Aversão ao risco (expectativas de maior incumprimento), pressões sobre o capital e condições mais restritivas de funding das instituições financeiras deverão resultar num crédito menos disponível para famílias e empresas, contribuindo para o abrandamento/contracção da liquidez e para uma evolução desfavorável da actividade económica real.
Zona Euro – Percentagem líquida de bancos a adoptar maior restritividade no crédito.
Expectativa de forte travão no crédito…
Zona Euro – Crédito ao sector privado vs. PIB (Taxa de Variação Homóloga, %)
2003 2004 2005 2006 2007 2008
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20
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60
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Netb
alan
ce
-30
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0
10
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30
40
50
60
70
HousingHousingHousingHousing,,,,lastlastlastlast quarterquarterquarterquarter
FirmsFirmsFirmsFirms, , , , previouspreviouspreviousprevious quarterquarterquarterquarter
FirmsFirmsFirmsFirms, , , , thisthisthisthis quarterquarterquarterquarter
HousingHousingHousingHousing,,,,thisthisthisthis quarterquarterquarterquarter
23Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
-23
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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Inde
x (P
oints)
Fontes: Reuters EcoWin Pro, Bloomberg.
… com consequências negativas sobre a evolução do consumo…
Os consumidores deverão ser condicionados por um crédito menos disponível e mais restritivo. Por outro lado, o consumo privado deverá reagir à queda (ou àexpectativa de queda) do rendimento disponível. Finalmente, e independentemente deste último factor, há uma pressão para o aumento da poupança das famílias, sobretudo por motivos de precaução.
EUA – Vendas a retalho e vendas de automóveis (Taxa de Variação Homóloga)
Zona euro – Intenções de compras das famílias a 12 meses
(Saldo entre respostas positivas e negativas)
2002 2004 2006 2008
Percen
t
-10.0-7.5-5.0-2.50.02.55.07.5
10.012.515.0
Per cen
t
-30
-20
-10
0
10
20
30
Automobile andAutomobile andAutomobile andAutomobile andother motor vehicles (LHS)other motor vehicles (LHS)other motor vehicles (LHS)other motor vehicles (LHS)
Total (RHS)Total (RHS)Total (RHS)Total (RHS)
24Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
1998 2000 2002 2004 2006 2008
P er cen
t
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
Fontes: Bloomberg.
… e com reflexos particulares no sector da construção
Sector da habitação particularmente afectado por condições de financiamento mais restritivas e pela redução dos níveis de endividamento das famílias e empresas.
Mas o sector da construção como um todo poderá vir a beneficiar de um esforço de investimento público em infraestruturas.
Peso do sector da construção no PIB, 2007(Percentagem)
Zona Euro – Avaliação da carteira de encomendas no sector da construção
(Saldo entre respostas positivas e negativas)
EUA – Construção de novas habitações (Taxa de Variação Homóloga, %)
12.3
6.5 6.5 6.4 6.3
4.1 4.0
0
2
4
6
8
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12
14
Espa
nha
Fran
ça
Portu
gal
Reino
Unido
Itália
EUA
Alem
anha
% PIB
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Inde
x (Points)
25Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Fontes: Bloomberg, Reuter EcoWin Pro.
Expectativas de aumento de falências e do desemprego
Contracção da actividade económica, aumento do número de falências de empresas e redução forçada da escala e custos de produção tenderão a traduzir-se num aumento do desemprego na generalidade dos países.
Taxa de Desemprego, EUA e Zona Euro(Percentagem da População Activa)
EUA – Número de declarações de falência de empresas por trimestre
3
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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
% da po
pulaçã
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EUAEUAEUAEUA
Zona Zona Zona Zona EuroEuroEuroEuro
Q1 Q2 Q3 Q4 Q1 Q2 Q3 Q4 Q1 Q2 Q32006 2007 2008
Numbe
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4000
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26Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Estrutura da Apresentação
• Background: A economia mundial na última década
• As origens: Do subprime à crise financeira
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
27Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
* PIB per capita ajustado pela paridade de poderes de compra.
A adaptação insuficiente da economia portuguesa à nova economia global é visível numa produção de baixo valor acrescentado e na divergência do rendimento per capita face à média europeia
Evolução do PIB Potencial (Percentagem)
Evolução do PIB per capita* de Portugal face à Média Europeia (Percentagem)
Fonte: Comissão Europeia.
0.0
0.5
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2.5
3.0
3.5
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
%
PortugalPortugalPortugalPortugal
EU15EU15EU15EU15
60
62
64
66
68
70
72
74
76
78
1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
UE2
7=10
0
28Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Produtividade do trabalho em Portugal(UE27 = 100)
O crescimento insuficiente da produtividade mantém-se como a explicação principal para a baixa criação de valor e para a falta de competitividade da economia portuguesa
Fontes: Comissão Europeia, ES Research
Num ambiente global de maior concorrência, implica uma maior dificuldade de as empresas portuguesas se afirmarem no contexto externo
40
45
50
55
60
65
70
75
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009
UE2
7=10
0
29Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Peso do crédito no PIB(Percentagem)
Endividamento das famílias e das empresas(Percentagem do PIB )
Fonte: Reuters EcoWin Pro.
A insuficiente criação de valor limita a capacidade de o rendimento interno suportar o investimento e o consumo, o que provoca um aumento sustentado do endividamento da economia.
6464646468686868
7373737378787878
8383838388888888
9191919195959595 95959595
100100100100 99999999104104104104 107107107107
114114114114
50
60
70
80
90
100
110
120
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
FamíliasFamíliasFamíliasFamílias
EmpresasEmpresasEmpresasEmpresas
/ Portugal, Expenditure Approach, Gross Domestic Product, Total, Current Prices, EUR * 100
Fonte: Reuters EcoWin
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
%
115
120
125
130
135
140
145
150
155
30Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Falta de competitividade
Entrada de dinheiro com exportações < saída de dinheiro com importações
Saída de dinheiro para pagar juros da dívida externa
Tendência estrutural de redução das transferências do exterior (exs. remessas de emigrantes, fundos europeus) E: Estimativa; P: Previsão.
Fonte: Banco de Portugal.
As necessidades de financiamento da economia portuguesa face ao exterior mais do que duplicaram nos últimos 4 anos, representando actualmente cerca de 9% do PIB.
Consumo e investimento sustentam crescimento das importações. Valor acrescentado tipicamente baixo da actividade produtiva implica reduzida penetração das exportações nos mercados internacionais e sustenta défices crónicos da balança comercial, não compensados por outras componentes da balança de pagamentos.Em suma, economia portuguesa muito dependente do financiamento do exterior para sustentar o consumo e investimento internos.
Necessidades de Financiamento do Exterior (Saldo da Balança Corrente e de Capital, % PIB)
2.3
3.4
4.9
6.4
8.9 9.0
6.6
4.2
6.1
8.39.3
8.39.0
7.9
9.4
0
12
3
45
6
7
89
10
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
%
(P)
(P)(E)
31Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
O recurso crescente à poupança do exterior traduziu-se num aumento das responsabilidades externas líquidas totais da economia portuguesa para um valor equivalente a 90% do PIB. Cerca de dois terços deste valor é intermediado através do sector bancário (que enfrenta, agora, condições de financiamento difíceis nos mercados financeiros internacionais).
Recurso crescente à poupança do exterior, sobretudo com a intermediação do sector bancário
Stock das responsabilidades externas líquidas de Portugal,Total e Sector Bancário
(Percentagem do PIB)
17.529.2
40.7 43.6 46.0 38.9 37.849.2 56.215.6
11.9
8.113.7 13.2 25.1 32.4
30.633.7
0
20
40
60
80
100
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Banking sector Other sectors
33.1
41.148.8
57.3 59.2 64.070.2
80.0
90.0Uma proporção crescente do rendimento gerado internamente éafecto ao serviço da dívida externa (i.e. écapturado por não residentes).
Acumulação de dívida externa aumenta o prémio de risco associado à economia portuguesa.
Fonte: Banco de Portugal.
32Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Netb
alan c
e
-70-60
-50-40
-30-20
-100
1020
30
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Inde
x (P
oints)
Manufactur ingManufactur ingManufactur ingManufactur ing
ServicesServicesServicesServices
ConstructionConstructionConstructionConstruction
Fontes: Banco de Portugal, Bloomberg, Reuters EcoWin Pro.
Indicadores de confiança nas empresas (Saldo entre respostas positivas e negativas)
Indicador de encomendas externas(Saldo entre respostas positivas e negativas)
Produto Interno Bruto (Taxa de Variação Homóloga)
Intenções de compras das famílias nos próximos 12 meses (Saldo entre
respostas positivas e negativas)
Contexto desfavorável sugere um período difícil para a economia portuguesa, quer na procura interna, quer na procura externa
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
%
1992 1996 2000 2004 2008
Netb
alan
ce
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
33Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Downgrade do rating de Portugal pela S&P torna a vida (ainda) mais difícil para os portugueses
• Se emprestar ao Estado Português é, agora, mais arriscado, o mesmo sucederá aos bancos, que enfrentarão juros mais elevados e os repercutirão no crédito que concedem.
• Fundamentos da S&P para esta decisão não derivam do plano anti-crise lançado pelo Governo, mas sim das fraquezas estruturais da economia portuguesa: as reformas estruturais realizadas não chegaram para resolver os problemas de competitividade, baixa produtividade e elevado défice externo, que terá, mais cedo ou mais tarde, que ser corrigido, limitando o ritmo de crescimento (cerca de 1% na próxima década).
• A S&P salienta os atrasos na reforma do Estado (o famoso PRACE), os fracos resultados obtidos com a mobilidade especial na função pública e a redução, iniciada já em 2008, do esforço de consolidação orçamentalo Governo…
Fonte: Reuters EcoWin Pro.
Taxas dos títulos de dívida pública a 10 anos(%)
Spread dos títulos de dívida pública a 10 anos face à dívida alemã
(pontos base)
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
%
GréciaGréciaGréciaGrécia
PortugalPortugalPortugalPortugal
EspanhaEspanhaEspanhaEspanha
IrlandaIrlandaIrlandaIrlanda
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Pontos
bas
e GréciaGréciaGréciaGrécia
PortugalPortugalPortugalPortugalEspanhaEspanhaEspanhaEspanhaIrlandaIrlandaIrlandaIrlanda
34Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Previsões da Comissão Europeia para a economia portuguesa
Fonte: Comissão Europeia.
Taxas de variação real (%), excepto quando indicado 2006200620062006 2007200720072007 2008200820082008 2009200920092009 2010201020102010PIBPIBPIBPIB 1.4 1.9 0.2 -1.6 -0.2Consumo PrivadoConsumo PrivadoConsumo PrivadoConsumo Privado 1.9 1.6 1.4 -0.2 0.1Consumo PúblicoConsumo PúblicoConsumo PúblicoConsumo Público -1.4 0.0 0.1 0.3 0.4InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento -0.7 3.2 -0.8 -5.5 -3.8Exportações de bens e serviçosExportações de bens e serviçosExportações de bens e serviçosExportações de bens e serviços 8.7 7.5 0.3 -3.8 0.8Importações de bens e serviçosImportações de bens e serviçosImportações de bens e serviçosImportações de bens e serviços 5.1 5.6 2.3 -2.8 -0.4Inflação média anualInflação média anualInflação média anualInflação média anual 3.0 2.4 2.7 1.0 2.0Taxa de desemprego (% da pop. activa)Taxa de desemprego (% da pop. activa)Taxa de desemprego (% da pop. activa)Taxa de desemprego (% da pop. activa) 7.8 8.1 7.8 8.8 9.1Saldo orçamental (% do PIB)Saldo orçamental (% do PIB)Saldo orçamental (% do PIB)Saldo orçamental (% do PIB) -3.9 -2.6 -2.2 -4.6 -4.4Saldo da balança corrente (% do PIB)Saldo da balança corrente (% do PIB)Saldo da balança corrente (% do PIB)Saldo da balança corrente (% do PIB) -10.4 -9.9 -11.8 -9.7 -10.1
35Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Estrutura da Apresentação
• Background: A economia mundial na última década
• As origens: Do subprime à crise financeira
• Os efeitos: Da crise financeira à crise económica
• A economia portuguesa perante a crise
• Implicações e desafios para a economia global
36Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
2007 2008 2009
EUR(billion
s)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900MainMainMainMain refinancingrefinancingrefinancingrefinancing operationsoperationsoperationsoperationsLongerLongerLongerLonger----termtermtermterm refinancingrefinancingrefinancingrefinancing operationsoperationsoperationsoperations
2002 2004 2005 2006 2007 2008
USD(billion
s)
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
2250
2500
Fontes: Reuters EcoWin Pro, Bloomberg.
Expectativas para a euribor a 3 meses (%).
Expectativas para a target rate dos fed funds (%).
Provisão de liquidez pelo BCE (EUR mil milhões).
Crédito concedido pelo Fed(USD mil milhões).
• Neste contexto de recessão global e perante riscos de deflação não negligenciáveis, políticas monetárias do Fed e do BCE deverão manter postura fortemente expansionista.
• Reserva Federal deverá manter target rate dos fed funds entre 0% e 0.25% por um período prolongado de tempo; ao mesmo tempo, afirma-se preparada para “expandir a quantidade e a duração de aquisições de mortgage-backedsecurities e de dívida de GSEs (ex. Fannie Mae, Freddie Mac)”, bem como para adquirir Treasuries de longo prazo, com o objectivo de apoiar o mercado de crédito e a actividade económica.
• O BCE poderá também expandir as injecções de liquidez (embora sem participação no mercado primário de dívida pública) e reduzir a taxa refiaté 1.5% (com riscos negativos). Mas parece querer evitar reduções para níveis mais próximos de 0%.
Aprofundamento das injecções de liquidez e juros próximos de zero.
0.21 0.23 0.24 0.27 0.29 0.33 0.36 0.39 0.45 0.50 0.54 0.58
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Feb.2009
Mar.2009
Apr.2009
May2009
Jun.2009
Jul.2009
Aug.2009
Sep.2009
Oct.2009
Nov.2009
Dec.2009
Jan.2010
%
2.732.68
2.42 2.45
1.98
2.23 2.25
2.01
1.821.771.84
2.01
1.50
1.75
2.00
2.25
2.50
2.75
3.00
Mar. 2009 Jun. 2009 Set. 2009 Dez. 2009
30 Nov. 2008 31 Dez. 2008 29 Jan. 2009
%
37Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Medidas orçamentais de estabilização do sector financeiro próximas de 20% do PIB nos EUA e na Zona Euro.
Montantes AnunciadosMontantes AnunciadosMontantes AnunciadosMontantes Anunciadosaaaa TotalTotalTotalTotal a a a a Reforço deReforço deReforço deReforço de Garantia àGarantia àGarantia àGarantia à
CapitalCapitalCapitalCapital Emissão de DívidaEmissão de DívidaEmissão de DívidaEmissão de Dívida OutrosOutrosOutrosOutros Moeda Local (Mil Moeda Local (Mil Moeda Local (Mil Moeda Local (Mil
Milhões)Milhões)Milhões)Milhões) EUR (Mil EUR (Mil EUR (Mil EUR (Mil Milhões)Milhões)Milhões)Milhões) % do PIB% do PIB% do PIB% do PIB
Alemanha 80 400 480 480 20.0 ˘ustria 15 85 100 100 37.0 Bélgica 17.6 17.6 17.6 5.3 Chipre 2 2 2 12.8 Eslovénia 12 1 13 13 39 Espanha 200 50b 250 250 23.5 Finlândia 4 50 54 54 30.1 França 24 320c 344 344 18 Grécia 5 15 8 28 28 12.3 Holanda 36.8 200 236.8 236.8 41.6 Irlanda 10 400 410 410 215.1 Itália 12 40d 52 52 3.4 Luxemburgo 2.9 2.9 2.9 8.0 Portugal 4 20 24 24 14.7 Zona EuroZona EuroZona EuroZona Euro 213213213213 1.7021.7021.7021.702 99999999 2014201420142014 2014201420142014 22.522.522.522.5 Austrália 8e 8 4 0.7 Canadá 218 75f 293 187.9 19.1 Coreia do Sul 100 8.1 108.1 85.8 11.1 Hungria 1.5 1.5 3.1 2.3 2.2 Dinamarca 100 100 13.4 5.9 EUAEUAEUAEUA 700700700700 1400g1400g1400g1400g 350h350h350h350h 2450245024502450 1855185518551855 17.717.717.717.7 Noruega 350i 350 41 15.4 Reino Unido 50 250 50 350 385 25.0 Qatar 6 6 4.7 8.8 Arábia Saudita 3 3 2.4 0.8 Emirados ˘rabes Unidos 19 19 14.7 9.6 Suécia 15 1 500 1 515 153 49.3 Suíça 6 6 4 1.0 Notas: (a) Inclui injecções de capital, avales à emissão de dívida e compra de activos. Exclui garantias de depósitos, com excepção da Irlanda; (b) compra de activos emitidos pelas instituições de crédito e fundos de securitização residentes em Espanha, com notação máxima, tendo por base concessão de crédito a particulares e entidades não financeiras; (c) concessão de crédito às instituições financeiras, por uma duração máxima de 5 anos, através de um veículo criado especialmente para o efeito; (d) facilidade para um swap entre activos bancários e dívida do Tesouro; (e) compra de residential mortgage backed securities (RMBS); (f) aquisição de MBS a preços de mercado por leilão competitivo; (g) montante estimado de dívida sem cobertura de seguro que ficara ao abrigo da FDIC; (h) compra de activos ao abrigo do TARF; (i) possibilidade de swap entre covered bonds (incluindo MBS) e em nova dívida pública. Fontes: Bloomberg, BNPP.
Principais medidas orçamentais de estabilização do sector financeiro.
38Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
Planos orçamentais de estímulo à actividade ganham forma.
Plano Obama (EUA)
Programa de cerca de USD 820 mil milhões, perto de 6% do PIB americano (ou cerca de três vezes e meia o PIB português). Pode ainda aproximar-se de USD 900 mil milhões.
O plano inclui USD 275 mil milhões em descidas de impostos, incluindo reduções nas contribuições para a segurança social; USD 365 mil milhões em investimento em infraestruturas(incluindo energias alternativas); e cerca de USD 180 mil milhões em despesas sociais, abrangendo apoio aos Governos Estaduais (Medicaid, educação, extensão do subsídio de desemprego, foodstamps, etc.).
Espera-se que USD 525 mil milhões (64% do total) sejam aplicados em 2009 e 2010.
AlemanhaPlano de EUR 82 mil milhões, ou cerca de 1.6% do PIB (EUR 32 mil milhões aprovados em Novembro, EUR 50 mil milhões em Janeiro).Inclui investimentos em infraestruturas, redução de impostos directos sobre famílias e empresas, redução de contribuições sociais obrigatórias (prémios de seguros de saúde), aumentos de prestações sociais e estímulos ao consumo (aquisição de automóveis). Adicionalmente, criação de fundo de EUR 100 mil milhões para crédito ou garantias a empresas não financeiras.
FrançaPlano de EUR 26 mil milhões (1.3% do PIB) em investimento público. Garantias de EUR 22 mil milhões a empréstimos a PMEs. Ajuda directa ao sector da imprensa (EUR 600 milhões).
Reino UnidoEstímulo de GBP 26 mil milhões (1.8% do PIB), incluindo uma redução do IVA (de 17.5% para 15%), incentivos fiscais a PMEs e investimentos em infraestruturas. Garantias de GBP 3.2 mil milhões a empréstimos a empresas do sector automóvel.
EspanhaPlano de EUR 11 mil milhões (cerca de 1% do PIB), centrado no investimento em infraestruturas. Linha de crédito bonificado de EUR 29 mil milhões destinada às PMEs.
PolóniaGoverno anunciou o objectivo de redução da despesa pública discricionária em PLN 17 mil milhões (EUR 3.8 mil milhões, 1.3% do PIB), para defender estabilidade orçamental e externa (e a adesão ao EUR), dado o contexto global de maior restritividade no financiamento.
39Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
• O Governo apresentou uma revisão/actualização para o Orçamento 2009, bem como a actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento (2008-2011). Depois de um défice de 2.2% do PIB em 2008, éagora esperado um aumento para 3.9% do PIB em 2009 (para 2010, éprevisto um défice de 2.9% do PIB). A despesa pública deverá aumentar de 45.8% para 48% do PIB. Para a dívida pública, prevê-se um aumento de 65.9% do PIB em 2008 para 69.7% em 2009 e 70.5% do PIB em 2010.
• Além dos efeitos da recessão, o défice vai aumentar através de despesas discricionárias e, especificamente, através da Iniciativa para o Investimento e Emprego (programa de estímulo centrado no investimento em infraestruturas públicas, energias renováveis, infraestruturas de telecomunicações, o apoio às PME e às exportações, e incentivos ao emprego, representando cerca de EUR 2.2 mil milhões, ou 1.3% do PIB).
Governo apresenta estímulo de 1.3% do PIB. Défice sobe para 3.9% do PIB
Principais características do plano de estímulo orçamental apresentado pelo Governo português
(EUR milhões).
Financiamento Financiamento Financiamento Financiamento nacionalnacionalnacionalnacional
Financiamento Financiamento Financiamento Financiamento ComunitárioComunitárioComunitárioComunitário
TotalTotalTotalTotal
Modernização de Escolas 300 200 500 Energia Sustentável 250 0 250 Modernização da Infra-estrutura Tecnológica
50 0 50
Apoio especial à actividade económica, exportações e PME
400 400 800
Apoio ao Emprego 300 280 580 TotalTotalTotalTotal 1111 300300300300 880880880880 2 1802 1802 1802 180
Peso no PIB (%) 0.8 0.45 1.25
Novo Programa de Estabilidade e Crescimento2008-2011.
2008 2009 2010 2011
Crescimento do PIB (%) 0.3 -0.8 0.5 1.3
Inflação (%) 2.6 1.2 2 2
Despesa Pública (% PIB) 45.8 48 46.5 45.9
Da qual: despesa de capital 2.4 2.9 2.4 2.5
Défice orçamental (% PIB) 2.2 3.9 2.9 2.3
Dívida Pública (% PIB) 65.9 69.7 70.5 70
40Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
• Descida da taxa social única suportada pelas entidades patronais em 2 pontos percentuais durante o(s) ano(s) da crise, de forma a reduzir o custo do trabalho e, dessa forma, defender o emprego (custo estimado: ≈ EUR 750 milhões);
• Extinção – pelo menos temporária – do Pagamento Especial por Conta, criado como instrumento de combate àfraude e evasão fiscal (custo estimado: ≈ EUR 300 milhões, mas, tratando-se da antecipação do pagamento do imposto, se deixar de existir, agrava o défice do ano em questão – mas faz com que, no ano seguinte, o efeito sobre as contas públicas seja positivo).
• Alteração do regime de pagamento do IVA, que deve passar a ser feito no acto do efectivo recebimento e não no momento da prestação do serviço ou da facturação, o que conferiria uma folga de tesouraria às empresas numa época em que a liquidez e o financiamento escasseiam (custo estimado: ≈ EUR 350 milhões, mas apenas no período do final do ano e durante os anos em que vigorar; nos anos seguintes, existe uma reversibilidade – ou seja, um efeito positivo –, pois o regime volta a ser o original);
• Estabelecimento de uma conta corrente entre as empresas e o Estado que compense nos impostos a pagar as dívidas de entidades públicas que estão por pagar (sem impacto orçamental, pois as dívidas do Estado às empresas jáestão registadas);
• Alteração do regime de reembolso do IVA, para que o prazo de 30 dias passe a contemplar as PME que exportem mais de 33% do seu volume de negócios (e não mais de 75% como hoje sucede). Adicionalmente, para a generalidade das empresas, o prazo de pagamento de reembolsos do IVA deverá passar para o final do segundo mês seguinte ao da apresentação do pedido, ao invés do terceiro mês seguinte como acontece actualmente (sem impacto orçamental).
• Criação de garantias da participação de PME na contratação pública (sem impacto orçamental).
… Mas ignora propostas (sensatas) do PSD, que muito poderiam contribuir para combater os nefastos efeitos da crise sobre a economia portuguesa
41Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
• Extinção do imposto de selo em operações de crédito acima de 5 anos realizadas por PME e associadas a activos fixos, bem como sobre os juros, de forma a reduzir os custos dos financiamentos bancários, como aliás já sucede nas operações de leasing e emissões de obrigações, qualquer que seja o respectivo prazo (custo estimado: ≈ EUR 125 milhões).
• Reforço do crédito fiscal ao investimento para PME exportadoras para 50% do investimento (com dedução a 5 anos), aumentando dos actuais 20%, de forma a reforçar a competitividade do sector exportador (custo estimado: ≈ EUR 0.2 – 0.5 milhões).
• Agilização da generalidade dos processos de licenciamento pela identificação, por parte das Associações Empresariais dos principais estrangulamentos (burocráticos) dos processos de licenciamento (ao nível da Administração Pública Central e Local) que atrasam uma percentagem significativa de investimentos no nosso país (sem impacto orçamental).
• Dinamização do capital de risco para PME exportadoras, pelo estabelecimento de um regime fiscal mais favorável para os detentores de unidades de participação destes fundos de capital de risco, e pela disponibilização, por parte do Estado, para a subscrição, até uma unidade de participação de um euro por cada euro que as entidades gestoras dos fundos consigam autonomamente mobilizar, desde que o objectivo dos fundos seja o reforço dos capitais próprios de PME que tenham tido pelo menos 33% da sua facturação nos últimos três anos nos mercados de exportação (custo estimado: ≈ EUR 4 – 5 milhões).
Custo total destas 10 propostas do PSD
≈ EUR 1 525 milhões (real: ≈ EUR 875 milhões)
… Mas ignora propostas (sensatas) do PSD, que muito poderiam contribuir para combater os nefastos efeitos da crise sobre a economia portuguesa
42Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
… Sem actuar estruturalmente nestas áreas, Portugal continuará, ano após ano, a empobrecer face aos nossos parceiros europeus, como já acontece desde 2000. Tal devia ter sido iniciado logo que, em 1996, foi decidida a nossa adesão ao Euro em 1999 – mas, infelizmente, o período até 2000, numa conjuntura interna e externa bastante favorável, foi totalmente desaproveitado. E desde aí para cá, sem bem que num envolvente incomparavelmente mais adversa, os progressos foram, também, quase inexistentes. É, portanto, esta pesadíssima factura – esmagadoramente “Guterrista” – que ainda hoje estamos a pagar.
… No entanto, sem realizar as reformas estruturais de que Portugal necessita para enfrentar com sucesso a Zona Euro e um mundo globalmente mais competitivo, o nosso país não sairá da situação desconfortável em que se encontra
• Recursos humanos qualificados;
• Sistema de justiça funcional (célere e eficaz);
• Sistema fiscal simples e competitivo
• Ambiente empresarial desburocratizado;
• Mobilidade no território (infra-estruturas de transportes adequadas e mercado do arrendamento funcional)
• Legislação laboral flexível;
• Contas públicas em ordem (implica consolidação pelo lado da despesa, que ainda não foi feita…);
43Da crise financeira à crise económica: Impactos e soluções para a economia portuguesa. Miguel Frasquilho Fevereiro 2009
• Recessão forte e simultânea nas principais economias desenvolvidas; abrandamento maior que o esperado nas economias emergentes;
• Aumento do desemprego; risco de deflação;• Prolongamento da recessão no sector da habitação nos EUA (e em várias
economias europeias);• Aumento do incumprimento no crédito; aumento esperado dos write-
downs no sector financeiro; subcapitalização do sistema financeiro;• Correcção de níveis elevados de endividamento nos sistemas financeiro e
não financeiro;• Manutenção de condições restritivas nos mercados monetário e de
crédito; baixa disponibilidade de financiamento da actividade real;• Crescimento da actividade económica demasiado dependente das
políticas públicas (e risco de se cair na armadilha da liquidez); falta de coordenação e de intensidade dos estímulos orçamentais na Zona Euro;
• Níveis de confiança deteriorados; multiplicação de self-fulfilling prophecies sobre a recessão; aumento dos riscos de instabilidade social;
• Adopção crescente de medidas proteccionistas;• Riscos geopolíticos (Médio Oriente, Rússia/Ucrânia).
2009: “The most alarming feature at present is the fatalistic public mood.”*
• Taxas de juro em níveis próximos de 0%, com impacto positivo no rendimento disponível;
• Inflação em níveis historicamente baixos, beneficiando o poder de compra;
• Estímulos monetários e orçamentais sem precedentes (sobretudo nos EUA);
• Manutenção de um crescimento relativamente dinâmico em várias economias emergentes;
• Maior incentivo a aumentos de produtividade e necessidade de reforçar investimentos em sectores alternativos (ex. energias renováveis).
* Samuel Brittan, Financial Times, Janeiro 2009.
Negativos
Positivos
Da Crise Financeira à Crise Económica:Impactos e Soluções Para a Economia Portuguesa.
Miguel FrasquilhoFevereiro 2009