Post on 07-Jul-2015
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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Educação/Pedagogia
Disciplina: Pedagogia nas Instituições e nos Movimentos
Sociais: Estágio Supervisionado
Professora: Luiza Lemos
Aluna: Andressa de Abreu Gomes
Matrícula: 2011.2.04971.11
Turma: 02
Relatório do Estágio em Movimentos Sociais
Rio de janeiro
2014
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Este relatório possui a finalidade de apresentar minhas experiências no estágio
supervisionado em movimentos sociais, mostrando a atuação do pedagogo nessa área.
No primeiro momento estarei relatando como se deu a organização do movimento e sua
história até os dias atuais, num segundo momento estarei relatando minhas experiências
no estágio e por fim as considerações finais. O estágio foi realizado no espaço da Ação
da Cidadania (Av. Barão de Tefé, 75 - Saúde, Rio de Janeiro), na área da
Coordenadoria de Ações Sociais da Ação da Cidadania tendo como responsável a
Coordenadora Ana Paula Pinto de Souza.
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História/Organização
Antes de começamos a falar da Ação da Cidadania, vou dar um breve relato do
idealizador do projeto. O sociólogo, Herbert José de Souza, o Betinho, nasceu no dia 3
de novembro de 1935, na pequena cidade mineira de Bocaiúva. De uma infância e
adolescência marcada pelos limites impostos pela hemofilia e tuberculose, soube
apropriar-se daquele fio de vida que lhe restava. A militância de Betinho começou na
adolescência, na Ação Católica, em Belo Horizonte. Na UFMG, foi um dos fundadores
da Ação Popular (AP), uma organização formada por um grupo católico pró-socialismo.
Formou-se em Sociologia em 1962 e engajou-se na luta pelas reformas de base do
governo João Goulart. Betinho resistiu ao golpe de 1964 e à ditadura que se instalou no
Brasil. Quando a repressão intensificou-se, partiu para o exílio em 1971. Morou no
Chile, no Canadá e no México. No fim dos anos 70, a volta de Betinho, o irmão do
Henfil, virou marca da campanha da anistia por causa da música “O bêbado e a
equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco. Betinho retornaria ao Brasil em 79 e criaria
dois anos depois, junto com os companheiros de exílio Carlos Afonso e Marcos Arruda,
o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). Betinho apostou na
cidadania. Investiu nos movimentos sociais e nos grupos comunitários, nos comitês de
cidadania, nas associações e organizações civis de todo o tipo, nas manifestações
culturais e artísticas como escolas de cidadania. A Campanha Ação da Cidadania contra
a Fome, a Miséria e pela Vida não foi à única frente em que Betinho se envolveu desde
que voltara do exílio. Ainda nos anos 1980 foi articulador da Campanha Nacional pela
Reforma Agrária. Junto com outras entidades, o Ibase organizou em 1990 o evento
“Terra e Democracia”, que levou 200 mil pessoas ao Aterro do Flamengo, no Rio de
Janeiro. Hemofílico, morreu de AIDS em 9 de agosto de 1997, deixando um exemplo de
solidariedade e de luta pela transformação social.
“Quem tem fome, tem presa”
Betinho
Com essa frase, Betinho definiu o ideal que fundou a Ação da Cidadania contra a fome
e a miséria. A Ação da Cidadania nasceu em 1993, formando uma imensa rede de
mobilização de alcance nacional para ajudar 32 milhões de brasileiros que, segundo
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dados do Ipea, estavam abaixo da linha da pobreza. Criada no auge do Movimento pela
Ética na Política, a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida se
transformou no movimento social mais reconhecido do Brasil. Seu principal eixo de
atuação é uma extensa rede de mobilização formada por comitês locais da sociedade
civil organizada, em sua maioria compostos por lideranças comunitárias, mas com
participação de todos os setores sociais. Entre 1993 e 2005 foram arrecadadas 30.351
toneladas de alimentos em todo o Brasil, beneficiando 3.035.127 famílias.
Entre 2006 e 2010 foram distribuídos 2.300.000 brinquedos e 500.000 livros em todo o
país. Hoje, 20 anos depois, a fase mais crítica da erradicação da fome no Brasil está
encaminhada e que o problema se transformou em política pública prioritária do
governo federal, esta valiosa rede nacional deseja ampliar sua atuação em direção à
garantia dos Direitos Humanos.
A Ação da Cidadania hoje está presente em 22 estados do país. Cada estado atua com
independência, operando de acordo com as necessidades de sua região. No Rio de
Janeiro, são 726 comitês que atuam em mais de 22 municípios, atendendo a 140 mil
famílias ou 700 mil pessoas. Os comitês desenvolvem ações regulares nas áreas da
saúde, educação, cultura e geração de emprego e renda, beneficiando grupos de idosos,
mulheres, crianças e jovens das comunidades. A Ação da Cidadania atua com uma
estrutura descentralizada, permitindo, revelar as lideranças que vêm transformando suas
comunidades: homens e mulheres com grande capacidade de mobilização e influência,
além de muita criatividade para encontrar soluções para seus problemas, mas com pouca
educação formal. As atividades são definidas pelos comitês, atendendo às demandas da
própria comunidade, onde desempenham a função de agentes locais de cidadania,
principais atores sociais desta rede. Atualmente a Ação da Cidadania não desenvolve,
mas campanhas, o que existe são buscas de parcerias para está fortalecendo os Comitês
(são um grupo de três pessoas que lutam para combater a miséria na sua região) para
eles continuarem com suas atividades na região aonde atuam e o oferecimento de cursos
de formação para as pessoas que participam dos Comitês. Pois se entende que
atualmente existem políticas públicas para dar contar da fome e miséria do país.
O papel então da Ação é unir os diversos setores da sociedade em prol da justiça social,
da solidariedade e da vida. Esse movimento ultrapassa as fronteiras do Rio de Janeiro e
se espelha em todos estados. Cada unidade básica da Ação da Cidadania: os Comitês
Locais é composta pela união de cidadãos voluntários interessados em transformação
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sociais, que se unem porque acreditam que essa mudança só é possível através da
participação e co-responsabilidade de cada um de nós. Tendo ética e um compromisso
com a comunidade, buscando com as famílias a garantia dos direitos básicos de
cidadania. Educar o povo para a cidadania, construindo conhecimentos juntos, é o meio
de realizar esse compromisso. A educação para eles é um meio cultural para essa
conquista. Cada ação educativa está a serviço da ação organizativa e mobilizadora que
vem depois. Construímos conhecimento em sala de aula para nos fortalecer na nossa
ação conjunta pela garantia dos direitos,trabalhando através dos Pólos de Educação com
Cultura para a Cidadania,que são espaços democráticos de educação e ação popular pela
garantia dos direitos do cidadão ,onde se agregam agentes sócias locais que trabalham
em prol do bem comum nas comunidades.Nos Pólos as práticas coletivas a serem
desenvolvidas são espelhadas nas experiências e práticas sociais de cada
participante,Cada conhecimento ajuda na definição das atividades dos Pólos ,que são
construídas e praticadas coletivamente.O mas importante é formentar a ação
cooperativa, a consciência de grupo e a participação do cidadão.
A atuação e feita em duas frentes: 1)acompanhando as políticas públicas de combate a
fome e a miséria, levando capacitação e informação aos comitês sobre estas políticas,
abrindo diálogo com o poder público para levar as demandas existentes em cada
comunidade; 2)buscar parceiros que possam contribuir com o trabalho social realizado
por estes comitês em suas comunidades. A meta atual da Ação é que toda família pobre
da comunidade esteja nos programas sociais do governo. Para isso foi construído um
Plano de Ação:
Plano de Ação de Inclusão das Famílias nos Benefícios Sociais
Passo a passo Por quê? Como?
Conhecer: Informar-nos
sobre os direitos, deveres e
oportunidades.
Para participar da
execução de
políticas temos
que conhecer seus
mecanismos.
Temos que saber
os objetivos,
programas e
espaços de
participação social
que os Cras
(Centro de
Referência da
Realizando oficinas
(agentes locais de
cidadania), palestras e
reuniões na Ação da
Cidadania e na
comunidade; Preparando
uma cartilha com as
informações, mas
importante; Através de
visitas aos Cras; Lendo
informes e cartilhas que
as Secretarias de
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Assistência
Social).
Temos que
conhecer nossos
direitos e deveres.
Assistência Social
fazem; Indo aos
encontros que o Cras
promove para a
comunidade Informa/Conscientizar
Transmitir informações ás
famílias sobre direitos,
deveres e oportunidades.
Sabemos que um
dos grandes
problemas é a falta
de informação, as
famílias nem
sempre sabem das
oportunidades e
dos seus direitos,
às vezes acham
que é um favor do
governo dar
benefícios.
Através de palestras,
reuniões e oficinas nas
comunidades que os
Comitês vão promover.
Através de informativo a
ser distribuído ás
famílias.
Convidando as famílias
para participar dos Dias
de Participação Cidadã
que vão acontecer nas
escolas das
comunidades.
Levantar a realidade social
Conhecer a realidade das
famílias
Temos que saber
que famílias
pobres ainda não
recebem
benefícios do
governo, para isso
tem que
entrevistá-las e ter
dados concretos e
organizados para
encaminhar ás
prefeituras, saber
renda,
escolaridade de
todos da família e
endereço.
Através de entrevistas
que os Comitês vão fazer
com as famílias pobres
da comunidade
Através de conversas
com amigos e
moradores.
Articular: Promover
aproximação com os Cras
As políticas
públicas só
funcionam quando
a população que
vai ser beneficiada
participa de sua
criação e
implantação.
Quem sabe como
deve ser uma
política pública é
quem vive o
problema e as
lideranças da Ação
da Cidadania têm
muito a contribuir.
Montamos comissões,
formadas pelos Comitês,
que vão agendar reuniões
com as secretarias de
assistência social dos
municípios e com os
Cras. Nessa reuniões
vamos apresentar nossas
demandas como
movimento social.
Após as reuniões vamos
promover um Seminário
em cada Pólo para
construir um plano de
ação conjunta da Ação
da Cidadania com os
Cras.
Encaminhar famílias
pobres sem benefícios.
Para fazermos
nosso papel de
cidadão colaborar
Criar um processo
permanente de
encaminhamento das
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para que os
programas sócias
sejam mais
eficiente e atinjam
a todos que
precisam.
famílias pobres sem
benefícios aos Cras.
Fazer os dias de
participação cidadã
Eventos que congregam as
práticas locais.
Para mostrar a
sociedade local o
que vem sendo
feito para
combater a miséria
nos municípios e
da visibilidade ás
ações dos Comitês
da Ação da
Cidadania.
Organizando eventos nas
escolas e praças públicas
(dia de participação
cidadã), serão 04 em
cada Pólo. Nesses
eventos convidamos as
prefeituras para mostrar
á população as ações
sociais que suas
secretarias promovem.
Os Comitês da Ação da
Cidadania também vão
mostrar seus trabalhos de
educação e cultura.
Teremos também
serviços para a
comunidade (serviços de
saúde, cadastramento,
rodas de leituras, ect.) e
entrevistas com as
famílias.
Cuidar: acompanhar ás
famílias. Porque faz parte
da prática da
solidariedade e da
busca do bem
comum.
Vamos promover visitas
permanentes ás famílias
para saber se já estão
recebendo benefícios
sociais.
Em 2013, a Ação da Cidadania faz 20 anos. Muita história, muitas conquistas e muitos
desafios ainda pela frente.
A equipe da Ação atualmente se divide da seguinte forma: Coordenadoria Executiva,
Coordenadoria de Ações Sociais, Coordenadoria de Ações Culturais, Coordenadoria
Administrativa e Financeira. Na área da Coordenadoria de Ações Culturais também vale
ressalta o seu trabalho voltado para a cultura, oferecendo oficinas culturais: capoeira,
fotografia, danças populares, teatro e circo, dentro do próprio prédio que é chamado de
Centro Cultural, alem de organizar outros eventos no local relacionados à cultura, aberto
para o público.
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Estrutura do Local
Prédio: Construído em 1871 por André Rebouças foi o primeiro Armazém da Região
Portuária do Rio de Janeiro. Singular em dimensão e características arquitetônicas tem
aproximadamente 14.000 m2 de área construída em dois pisos. A reforma foi iniciada
em 2002, com projeto do arquiteto Hélio Pellegrino, com o objetivo de preparar o
espaço para abrigar um centro de excelência em cultura e inclusão social. Atualmente se
percebe que o prédio precisa de uma reforma e conservação, mas sua estrutura ainda se
mantém preservada.
Localização: Av. Barão de Tefé, 75 - Saúde, Rio de Janeiro
Meu local de estágio é uma sala ampla, com mesas, cadeiras e computadores. Tendo
como ponto negativo a ventilação que faz muito calor. Nessa sala a Coordenadoria de
Ações Sociais trabalha e atende os Comitês. As reuniões que são feitas com os Comitês
são feitas nos espaços abertos do prédio.
Minhas experiências no estágio
Minhas atividades no estágio e está ajudando a parte de Coordenadoria de Ações
Sociais da Ação da Cidadania, em questões de escritório. Exemplos: fazer planilhas dos
Comitês entra em contato com o Comitê para informa sobre os cursos, etc.
Participe como ouvinte da plenária do dia 23/11/13, essas plenárias acontecem sempre
uma vez por mês, e trazem parceiros para esta dando informativos aos Comitês.
Esteve presente José Mesquita, presidente do Conselho Estadual de Segurança
Alimentar (Consea/RJ), explicando os objetivos do conselho e as ações realizadas.
Esteve presente também o médico Alexandre Milagres, da Fundação Ataulfo de Paiva,
que falou sobre alguns dos programas da instituição no combate ao tabagismo,
tuberculose e diabetes. Júlio Barros, coordenador do Projeto Hortas Cariocas, contou
como funciona o projeto, que cria hortas orgânicas em comunidades de risco social
aproveitando mão-de-obra local em sistema de mutirão remunerado. Rafael Damasceno,
da Rede Cidadã, apresentou a instituição e seus projetos nas áreas de empregabilidade e
jovens aprendizes, se disponibilizando a auxiliar os comitês no encaminhamento de
jovens para o mercado de trabalho. Durante toda a plenária, voluntários do Comitê
Centro de Assistência Social Amigos de Nilópolis verificaram a pressão arterial dos
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presentes e fizeram testes de glicose e hepatite, e um consultor do SEBRAE tirou
dúvidas sobre empreendedorismo.
Pode observar na plenária a troca de conhecimento que cada Comitê fazia entre si,
dialogando sobre vários assuntos. E como os Comitês interagiam com os palestrantes no
final indo até eles para tira melhor suas dúvidas e forma como poderiam levar aquilo
para sua comunidade.
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Também participe da parceria recentemente do CCBB e Ação da Cidadania na
arrecadação de leite em pó. Foram trocados mais de 60 títulos de catálogos de arte do
CCBB por leite em pó. Esse leite será destinando ás Creche que a Ação da Cidadania
atende atualmente.
E o último evento do ano de 2013 da Ação da Cidadania com os Comitês foi a Feira de
Saberes Populares que foi a venda dos artesanatos e outros produtos produzidos pelos
Comitês e tendo atividades culturais, apresentação de danças, músicas, oficinas para as
crianças, ect.
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Considerações Finais
Eu já conhecia o projeto pelos meios de comunicação, mas fazendo o estágio pode
conhecer melhor e aprender mesmo que ás vezes só como ouvinte como o pedagogo
pode atuar nesse campo de movimentos sociais e como tem um papel importante. Esses
estágio me fez abrir a cabeça para as possibilidades que posso futuramente trabalhar
como uma pedagogo em outros campos fora da escola aonde e o tradicional atuação. O
pedagogo pode atuar nessa área como mediador entre as ONGs e os governantes e
parceiros para arrecadação de verbal,criar projetos pedagógicos para a comunidade mas
de acordo com as necessidades dela.
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Há Ação da Cidadania é um projeto de mais de vinte anos pela sua história mostra que é
um projeto que deu muito certo e que ajudar muitas pessoas, que tem o
comprometimento dos seus funcionários para tentar ajudar da melhor forma possível as
pessoas mais necessitadas. Aprendi muito com a equipe da Coordenadoria de Ações
Sociais e com algumas pessoas de alguns Comitês que pode conversa, vi a importância
desse levar a lugares mais carentes mesmo que seja um pouco de cidadania e estrutura
para que eles possam ter uma vida melhor com dignidade e a importância de políticas
públicas sociais para eles. Não tenho críticas ao projeto, ele tem uma estrutura bem
organizada, talvez um ponto que se precise fortalecer seja uma maior comunicação dos
Comitês com a Coordenadoria de Ações Sociais, que às vezes encontra dificuldades de
comunicação com os Comitês e também tentar aumentar a equipe que às vezes ficam
sobrecarregadas com várias atividades. Apesar do tempo e de existir políticas públicas
que combata a fome no Brasil atualmente, a Ação da Cidadania ainda desenvolver um
papel muito importante junto com a sociedade prol da justiça social, da solidariedade e
da vida.
Gostaria de deixar meus agradecimentos a toda equipe da Ação da Cidadania,
especialmente a Coordenadoria de Ações Sociais com a Ana Paula, Amanda e Norton
que me receberam de braços abertos tiveram muita paciência e sempre estavam
respondendo minhas dúvidas. Muito Obrigado pelas Experiências.
"Há mudança no Brasil. Ela não corre, mas anda. Não corre, mas
ocorre." (Herbert de Souza, Betinho)
Referências
Ação da Cidadania-Cartilha
Site: http://www.comitebetinho.org.br/; acesso em: 19 de novembro
Site: http://www.ibase.br/pt/perfil-betinho/; acesso em: 19 de novembro
Site: http://www.acaodacidadania.com.br/?page=home; acesso em: 19 de novembro