AULA 7 - Arte colonial : Maneirismo; Presença artística holandesa no Brasil.

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AULA 7 - Arte colonial : Maneirismo; Presença artística

holandesa no Brasil.

ARTE NO BRASIL COLONIAL Por mais de 30 anos após a chegada de Cabral (1500-1530),  apenas  algumas  expedições  de reconhecimento e patrulhamento vinham até a nova  terra  descoberta.  Algumas  vinham também  com  o  objetivo  de  explorar nossos recursos naturais, principalmente o pau-brasil, que fornecia valiosa substância corante. 

Com os  donatários  e  governadores  das  Capitanias Hereditárias, começaram  a  chegar  ao  Brasil,  em  1534,  nossos  primeiros habitantes europeus:  aventureiros,  escravos,  órfãos,  religiosos, serviçais,  artilheiros,  mercenários,  degredados  e  cristãos  novos (judeus cristianizados à força) que fugiam da Inquisição.

A  preocupação  das  autoridades  portuguesas  desse período era: Ocupar seu território para defendê-lo Ensinar sua cultura e sua fé aos primitivos Evitar  que  os  europeus  esquecessem  suas  próprias 

raízes religiosas e culturais

A Igreja Católica (jesuítas, beneditinos e franciscanos) era responsável pelas manifestações artísticas permitidas  , e o  governo  se  encarregava  das  construções militares  de defesa do território.

Quando os portugueses começaram a se estabelecer no  Brasil,  a  Europa  estava  em  TRANSIÇÃO e,  em busca  da  emoção,  começava  a  abandonar o estilo renascentista. A arte da Renascença caracterizava-se pela  razão,  pelo  equilíbrio,  pela  simplicidade  e  por ter como inspiração os clássicos gregos e romanos. As  novas  invenções,  as  grandes  navegações,  as turbulências  políticas  e  religiosas  causavam  muita agitação  intelectual, e tudo se refletia numa atitude mais  ousada  nas  artes,  o  que  configurou  um  estilo também turbulento: o Barroco.

A  arquitetura civil  (construção  de  casas,  etc.)  era bastante  simples;  sempre  com  estruturas retangulares  e  cobertura de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada.  Essas construções eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do  tupi-guarani  (tejy=gente e upad=lugar). Com o tempo, os tejupares melhoraram e passam os colonizadores  a  construir  casas  de  taipa.  Com  essa evolução, começam a aparecer as capelas, os centros das  vilas,  dirigidas  por  missionários  jesuítas.  Nas capelas, há crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.

Taipa:  construção  feita  de  varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos com barro.  Para  que  o  barro  tivesse maior consistência e melhor resistência às  chuvas,  ele  era  misturado  com sangue de boi e óleo de peixe. 

Pau-a-pique ou taipa de mão Caracteriza-se  por  uma  trama  de  paus  verticais  e  horizontais, equidistantes,  e  alternadamente  dispostos.  Essa  trama  é  fixada verticalmente na estrutura do edifício e tem seus vãos preenchidos com  barro  atirados  por  duas  pessoas  simultaneamente  uma  de cada  lado.  A  taipa  de  mão  geralmente  é  utilizada  nas  paredes internas da construção.

Paredes de taipa de pilão É  formada por  terra úmida comprimida entre taipais de madeira desmontáveis, removidos  logo após estar  completamente  seca,  formando assim uma parede de um  material  incombustível  e  isotérmico  natural  e  particularmente  barato. Costuma-se usar apenas barro misturado com grãos de areia e brita. Para que o barro  tenha  maior  consistência  a  melhor  resistência  à  chuva,  ele  pode  ser misturado com sangue de boi e óleo de peixe. 

Taipa de pilão

José    Pereira  dos  Santos  (arquiteto).  Casa de Câmara e Cadeia,  1782. Mariana, MG.

Casa  de  Câmara  e  Cadeia.  Vila  Boa  de Goiás, Goiás, 1761.

Casa de Câmara e Cadeia, Santos-SP, 1839.

Casa de Câmara e Cadeia, Ouro Preto-MG, 1784.

No  litoral, a pedra e a cal eram os materiais empregados na  construção  das  casas,  enquanto  no interior podia variar.  Em  São Paulo,  era  de  barro batido,  e  em  Minas Gerais  a  construção  combinava barro e estrutura de madeira sobre um alicerce de pedra.  Os sobrados eram o tipo  mais  comum  de  residência  urbana,  sendo  a  parte térrea destinada ao comércio, com várias portas voltadas para  a  rua.  O  piso  superior  destinava-se  à  instalação  da família.  Uma  escada  lateral  permita  acesso  à  sala  com porta-balcões;  os  quartos  tinham  portas  que  também davam para a sala. Um pequeno corredor  lateral  levava a outro quarto sem janelas, chamado alcova, que ficava no centro  do  edifício  e  era  destinado  às  moças.  No  fundo ficava a cozinha. 

Tiradentes, MG.

Ouro Preto, MG.

Ouro Preto, MG.

Mariana, MG.

Ouro Preto, MG.

Ouro Preto, MG.

Salvador, Bahia.

Diamantina, MG

Diamantina, MG

Diamantina, MG

Casa do Engenho d’Água, séc. XVII. Ilhabela, SP.

Casa da Torre é uma construção histórica localizada na praia do Forte, no município de Mata de São João, no estado da Bahia, no Brasil (1551).

A ARQUITETURA COLONIAL PARA DEFESA E PARA DEVOÇÃO FortalezasConstruções religiosas O Governador-geral  trouxe o mestre de pedraria Luís Dias com  a  tarefa  de  fortificar  a  cidade  de Salvador  e de  construir  sua  alfândega e  sua  casa de Câmara e cadeia.

As  fortificações  procuravam  defender  a  costa brasileira  dos  ataques  de  estrangeiros, principalmente  franceses,  que  pretendiam  aqui se  instalar  para  dominar  o  território  e  explorar suas riquezas.   O  arquiteto  Francisco Frias de Mesquita construiu  diversos  fortes  na  região  do  nordeste brasileiro, como a Fortaleza dos Reis Magos, em Natal.  Formato  de  estrela  de  cinco  pontas, conveniente  para  oferecer  10  pontos  diferentes de visão.

José Pais Esteves  (projeto). Forte de Santa Maria da Barra, 1638 ao séc. XVIII. Salvador, BA.

Forte da Barra Grande, 1584-1776. Guarujá, SP.

A  arquitetura  religiosa  foi  introduzida  no  Brasil  pelo jesuíta  Francisco Dias.  Dois  eram  os  modelos  de arquitetura  primitiva:  a Igreja de Jesus de Roma (autor:  Vignola)  e  a Igreja de São Roque de Lisboa (Filipe  Terzi  e  Francisco  Dias),  ambas  de  padres jesuítas. Tais  igrejas  seguiam o estilo maneirista, que dava pouca  liberdade de  criação arquiteto. As  igrejas maneiristas  são  simples, com fachadas simples e linhas retas. Além disso, pela deficiência técnica e de materiais  de  construção  existentes  no  Brasil  daquela época,  as  igrejas  não  tiveram  um  acabamento  mais aprimorado. 

Colégio de Salvador na Bahia (1654).

Igreja de Nossa Senhora da Graça do Colégio dos Jesuítas,  Olinda,  PE, século XVI.

Na missão jesuítca de São Miguel, no  Rio  Grande  do  Sul,  estão  as ruínas  da  igreja  (1735-47)projetada  pelo  jesuíta  italiano João  Batista  Primoli,  que  teve como  modelo a  Igreja de Jesus em Roma.

A PRESENÇA HOLANDESA NO BRASIL

Em  1630,  os  holandeses  ocuparam Pernambuco  e  boa  parte  da  região nordeste,  de  onde  somente  foram expulsos em 1654. 

Fundaram  uma  colônia  chamada  Nova Holanda,  que  foi  governada  pelo  Conde Maurício de Nassau (1637-1643).

Maurício de Nassau trouxe vários pintores para o Brasil, entre eles:

•Frans Post  –  pintou  paisagens,  vistas  de  portos  e fortificações.

•Albert Eckhout – pintou o habitante nativo, naturezas-mortas, elementos da fauna e da flora brasileira.

Pieter Post :  urbanizou  a  cidade  de Recife;  construção  do  Palácio  do Governador.

Índia  Tapuia. 1641.  Albert Eckhout.

Mulher Tupinambá com criança, 1641-44Albert Eckhout

Mameluca,  1641-1644.  Albert Eckhout. 

Homem  tapuia,  1643.  Albert Eckhout.

Frans Post - Aldeia

Esses  dois  grandes  pintores  e  desenhistas refletem  o  interesse que a Europa tinha pelo exótico  proveniente  das  novas  terras descobertas. 

Embora  tenham  incorporado  nossos  temas tropicais aos seus trabalhos, ainda representam a arte europeia  feita por europeus no Brasil, e não uma arte propriamente brasileira.

FONTES:

TIRAPELI, Percival. Coleção Arte Brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006.

GARCEZ,  Lucília,  OLIVEIRA,  Jô.  Explicando a arte brasileira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.