Post on 04-Jul-2015
Arte e EstéticaAula 9 –Barroco
Prof. Ms. Elizeu N. Silva
Barroco
No fim do século XVI ocorre uma mudança notável na arte
italiana: surge o estilo barroco – sensual, emocional e
universalmente compreensível, em oposição ao maneirismo frio,
complexo e intelectualista.
Trata-se de uma arte ainda feita para as classes dominantes,
mas que leva em consideração as massas.
A linguagem universalista do Barroco, bem como sua
sensualidade e emotividade, servem à perfeição aos interesses
da Igreja Católica às voltas com a crescente influência da
Reforma Protestante.
Barroco
A primeira obra à qual se atribui a estética Barroca é a
igreja Il Gesu, localizada em Roma, construída em 1575.
Foi construída com um desígnio muito especial: tratava-se
da sede da recém-fundada Ordem dos Jesuítas, esperança
da Igreja para combater a Reforma protestante na Europa.
Igreja Il Gesu. Roma, 1575.
Giacomo Della Porta
Barroco
Assim como outros estilos, o barroco causou estranheza
às mentes acostumadas à estética renascentista, quando
começou a ser adotado por arquitetos, escultores e
pintores. O nome faz referência a algo “grotesco”,
“absurdo” e de “mal gosto”. Caracteriza-se como uma arte
que procura intensificar, pela forma, as emoções humanas.
A deposição de Cristo. 1602.
Caravaggio (Michelangelo Merisi)
Barroco
Michelangelo Merisi da
Caravaggio (Milão, 1571-
1610), considerado o
primeiro dos pintores
Barrocos, destaca-se pelo
contraste entre luz e
sombra – por meio da
técnica por ele
denominada chiaroscuro.
Barroco
Entendia que sua pintura deveria retratar pessoas
comuns, de carne e osso, humanas, mortais, cheias de
emoção e vida, e até feias, quando fosse o caso. Acima
de tudo, ele queria retratar a verdade – uma verdade que
emocionasse as pessoas.
Baco. 1595.
Caravaggio
(Michelangelo
Merisi)
Crucificação de São Pedro.
1600. Caravaggio
(Michelangelo Merisi)
Barroco
Quando todos estavam habituados a ver os apóstolos
retratados como homens ilustres, quase divinos, Caravaggio
os retrata como homens comuns, quase rudes,
trabalhadores como qualquer dos outros homens. Seu
objetivo era reproduzir o real com a máxima fidelidade,
fosse belo ou feio.
Tomé, o Incrédulo. Caravaggio. 1600 (aprox.)
Barroco
Peter Paul Rubens (1577-
1640), chegou a Roma em
1600, com 23 anos de idade
e logo tomou contato com as
discussões em torno da arte
de Caravaggio e de outros
artistas barrocos. Em 1608
retorna para Antuérpia
(Bélgica) e começa a
produzir pinturas de grandes
dimensões.
Daniel na Cova dos Leões. Peter Paul Rubens.
Cabeça de
criança.
Rubens, 1615.
Barroco
Diego Rodrigues da Silva
y Velázquez (Sevilha,
1599 – 1660) foi durante
muitos anos o principal
artista da corte do rei
Felipe IV da Espanha.
Considerado como exímio
retratista, fez importantes
trabalhos para as
principais casas de
nobres da Europa.
Las meninas.
Velazquez,
1656.
Barroco
Rembrandt Harmenszoon van
Rijn (Leida, 1606 – 1669).
Principal nome da pintura
holandesa.
Seus trabalhos são divididos
em arte sacra, autorretratos e
retratos de grupos.
Inspirou-se em Caravaggio
para produzir pinturas quase
monocromáticas, com
evidente chiaroscuro.
A Aula de Anatomia do Dr. Nicolaes Tulp. Rembrandt, 1632.
A Companhia de Frans Banning Cocq e Willem van Ruytenburch (Ronda Noturna).
Rembrandt, 1642.
Barroco
Principais características da
arte barroca:
• Predominância da cor
sobre o desenho: as
formas são construídas
pela variação de cores,
resultando em aparências
vagas e imprecisas.
Cabeça de criança. Rubens, 1615.
Barroco
• Profundidade contínua:
Acentua-se a divisão entre
primeiro plano e plano de
fundo, com vários planos
intermediários – tal qual na
realidade. Desta forma, o
artista procura dar à
pintura um caráter
tridimensional.As meninas. Diego Velázquez, 1656
Barroco
• Hegemonia da luz:
Enquanto no
Renascimento a
forma se sobrepunha
a tudo, no Barroco a
luz é o elemento de
maior interesse para
o artista.
Dependendo da luz,
Aula de anatomia. Rembrandt, 1632
as formas podem se desvanecer – seja pelo excesso de
luminosidade, ou pela escassez de luz.
Barroco
• Composição
assimétrica e
atectônica:
Desequilíbrio nos
volumes, elementos
diagonais ou
elementos que
ultrapassam os
limites da tela são
frequentes no
barroco.
La Carreta. Louis Le Nain, 1641
Barroco
• Movimento:
Considerado
como a arte da
vida, o Barroco
não podia ser
estático. Com o
uso de diagonais
e de figuras
instáveis, obtém-
se
Entrada do Canal Grande (Veneza). Giovanni
Antonio Canal (Canaletto). Séc. XVIII
dinamismo e vida em movimento nas pinturas.
Barroco no Brasil
O barroco chega ao Brasil pelos jesuítas com o propósito de
manter a fé do europeu afastado da civilização, e conquistar o
cativo negro e o selvagem indígena.
Os jesuítas arquitetaram a catequização dos gentios propondo
a sedução por todos os sentidos, para que, por meio das artes,
pudessem espalhar os preceitos contrarreformistas e
antiluteranos.
Barroco no Brasil
A chegada ao Brasil no fim do século XVII ocorre com quase
200 anos de atraso em relação à Europa. O ponto alto do
barroco no Brasil coincide com o auge da extração de ouro e
pedras preciosas em Minas Gerais, no século XVIII.
No Brasil, apresenta-se com cores fortes e uso intenso de tons
dourados.
Barroco no Brasil
Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde). (Mariana, 1762 – 1830).
Trabalhou como pintor de painéis, dourador, pintor de imagens e
talha, desenhista e ilustrador. Suas obras, classificadas como
barrocas, destacam-se pela utilização de cores puras e
contrastadas, especialmente tons de azul. Seus anjos, madonas e
santos, muitas vezes, apresentam traços mestiços.
Ascensão de
Cristo. Mestre
Ataíde
Última ceia. Mestre Ataíde, 1828
Sacristia da Sé de Salvador.. 1680
Sacristia da Sé de Salvador.. 1680
Barroco no Brasil
Antônio Francisco Lisboa
(Aleijadinho) (Ouro Preto,
1730/1738 – 1814).
Há poucos registros biográficos
sobre o artista. O principal
documento foi escrito somente
40 anos após a morte de
Aleijadinho.
Barroco no Brasil
Sua trajetória é reconstituída principalmente através das obras
que deixou, embora mesmo neste âmbito sua contribuição seja
controversa, já que a atribuição da autoria da maior parte das
mais de quatrocentas criações que hoje existem associadas ao
seu nome foi feita sem qualquer comprovação documental,
baseando-se apenas em critérios de semelhança estilística com
peças documentadas.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
Bibliografia
FERNÁNDEZ, A.; BARNECHEA, E.; HARO, J. Historia del arte.
Barcelona, Ed. Vicens-Vives, 1998
GOMBRICH, E H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999
HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo,
Martins Fontes, 2000
TIRAPELI, Percival. Arte sacra colonial. São Paulo: Ed. Unesp.
VENTURI, Lionello. História da crítica de arte. Lisboa, Ed. 70, 2007