Post on 22-Jun-2015
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA
Prof. Ms. Elizeu N. Silva
No Brasil, o processo de modernização começa tardiamente
devido ao isolamento imposto pela Coroa à Colônia.
A Proclamação da Independência, em 1822, muda muito
pouco as feições do país. Da população de
aproximadamente 4,8 milhões, mais de 1,5 milhão eram
escravos.
Em 1819 a população estava dividida da seguinte forma:
47% Nordeste (resquício da cultura da cana-de-açúcar)
40% na região cafeeira (Sudeste) e Rio de Janeiro (sede da
Corte)
5% na região Sul
4% na região Norte
3% no Centro-Oeste
Mais de 90% da população era analfabeta.
Nomeado regente do Brasil por D. João VI, ao 22 anos de
idade Pedro I assumiu um país falido. As despesas da
administração, incluindo os gastos da Corte, somavam mais
que o dobro da arrecadação.
Cartas ao pai:
“Os que comem da nação são sem número (...). Não há
dinheiro (...). Não sei o que hei de fazer”. 17/07/1821“Peço a Vossa Majestade que o
quanto antes me faça partir”.
22/07/1821
“Peço a Vossa Majestade, por tudo
quanto há de mais sagrado, me
queira dispensar deste emprego
que seguramente me matará pelos
contínuos e horrorosos painéis que
tenho, uns já à vista, e outros muito
piores para o futuro”. 21/09/1821
Crescimento do PIB per capta do Brasil entre 1820 e
1870: 0,2%
O setor primário respondia por grande parte do produto
interno e das exportações, com predominância da
agropecuária.
Pauta de exportações constituída dos mesmos três produtos
agrícolas do período colonial: açúcar, algodão e fumo.No início dos anos
1830 o café
ultrapassa o açúcar
como produto de
exportação.
Economia
dependente da
mão-de-obra
escrava.
No período entre 1849–1851, café, açúcar, algodão e fumo
representariam 81,7% das exportações brasileiras.
Permanece a dependência da mão-de-obra escrava.
Os primeiros 25 anos de vida independente do Brasil foram
marcados por importantes custos resultantes de concessões
à antiga metrópole e à Inglaterra.
• Para obter o reconhecimento da Independência por
Portugal, teve que pagar a Lisboa 2 milhões de libras em
indenização.
• Para obter o apoio da Inglaterra, foi obrigado a manter os
privilégios tarifárias de 1810 por mais 15 anos.
• Somente em 1845 o Brasil recuperaria alguma liberdade
na definição de sua política comercial.
A Europa vivia sob os efeitos da Segunda Revolução
Industrial (química, elétrica, petróleo e aço) quando D.
Pedro II sancionou duas leis importantes para o início da
industrialização do país:
1844: Tarifa Alves Branco > taxação da importação de
produtos;
1850: Lei Eusébio de Queiroz > proibia o tráfico
internacional de escravos.
À época, o país dispunha de apenas 62 indústrias e 14
bancos.
Era Mauá
Irineu Evangelista de Souza, o Barão e
Visconde de Mauá (1813–1889).
Em 1846 adquire uma fundição na
Ponta da Areia, RJ, transformando-a
em indústria naval e fundição de
canos para saneamento, caldeiras
para máquinas a vapor, guindastes,
prensas etc.
• Em apenas um ano de funcionamento, a fundição da
Ponta da Areia já contava com cerca de mil operários.
• Em 1854 inaugurou a primeira estrada de ferro brasileira,
entre Petrópolis e o Rio de Janeiro. Apenas 18 km de
trilhos;
• Associado a ingleses, construiu Recife and São Francisco
Railway Company e Estrada de Ferro D. Pedro II (Central
do Brasil);
• Obteve empréstimos internacionais para a São Paulo
Railway (Estrada de Ferro Santos–Jundiaí);
• Criou a companhia de gás para iluminação pública do Rio
de Janeiro;
• Primeiro cabo submarino para comunicação (telegráfica)
entre Brasil e Europa;
• Banco Mauá, com filiais nos EUA, Inglaterra, França e
Argentina.
Falência
• Ideias liberais e republicanas do Barão e Visconde de
Mauá determinaram o fim precoce de sua atividade
industrial.
• Em 1857 o estaleiro da Ponta da Areia sofreu incêndio
criminoso.
• A lei Silva Ferraz, de 1860, reduziu consideravelmente as
tarifas para importação de máquinas, ferramentas e
ferragens, favorecendo principalmente os interesses
ingleses e norte-americanos.
• O grupo de empresas do Barão não resiste à crise – e à
falta de apoio do governo – e vai à falência em 1875.
Muitos dos seus empreendimentos passaram para o
controle de ingleses e norte-americanos, vendidos por
preços mínimos.
Imigração europeia
• Começa timidamente. Entre 1822 e 1850, apenas 14.894
imigrantes livres registrados.
• A partir de 1850 (Lei Eusébio de Queiroz) dá-se início às
políticas de atração de estrangeiros. Abusos dos
fazendeiros e inexperiência dos “colonos” com a
atividade agrícola frustraram esta primeira tentativa.
• No Sul, o modelo de pequenas propriedades entregues
pelo poder público a famílias de imigrantes, obtém mais
sucesso.
• Em 1884 o governo provincial de São Paulo autoriza o
pagamento integral (aos fazendeiros) das despesas de
viagem para importação de trabalhadores europeus.
• Entre 1871 e 1880 chegam ao Brasil 219.128 imigrantes,
com predominância de italianos.
Imigração europeia
• Entre 1881 e 1889 outros 385 mil europeus trocaram
principalmente Itália e Alemanha pelo Brasil.
• Entre 1888 e 1889 D. Pedro II assinou 5 contratos
permitindo a entrada de mais 775 mil imigrantes nos 5
anos seguintes.• Por ocasião da
assinatura da Lei
Áurea, em 13 de maio
de 1888, mais de 700
mil escravos foram
postos em liberdade.
A importação de mão-
de-obra europeia
dificultou a absorção
dos ex-escravos como
assalariados.
Memorial do Imigrante. São Paulo, SP.
Referências bibliográficas
FAUSTO, Bóris. História concisa do Brasil. São Paulo, Edusp,
2001
GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro, Ed. Nova
Fronteira, 2010
Internet
ABREU, M. P.; LAGO, Luiz Aranha Correia. A economia
brasileira no Império. 1822–1889. Rio de Janeiro, PUC-Rio.
Disponível em http://www.econ.puc-rio.br/pdf/td584.pdf.
Consultado em 19/03/2012