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Mensagem do Presidente da Assembleia Legislativa da
Região Autónoma dos Açores por ocasião da Atlantis Cup
2011
Francisco Coelho
Está prestes a iniciar-se a 23ª Regata “Atlantis Cup – Regata da Autonomia”.
Com créditos firmados no cartaz turístico e desportivo, esta Regata muito tem
feito também pela promoção turística da Região.
Unindo as três cidades históricas dos Açores, e a Ilha de Santa Maria, esta Regata
enlaça os Açores e o seu Atlântico, presença idiossincrática dos Açores e matriz
da sua identidade. Também da nossa Autonomia que, em boa hora, se ligou ao
nome e identificação desta prova náutica.
De novo com a responsabilidade organizativa do dinâmico Clube Naval da Horta,
a “Regata da Autonomia”, para além do saudável convívio entre os seus
participantes, organizadores, simpatizantes e patrocinadores, arrisca-se, uma vez
mais, a ser um sucesso desportivo, social e turístico – nossa previsão e desejo.
Estamos pois todos de parabéns. Vamos navegar com a “Autonomia”, com
bravura, alegria e esperança. E bons ventos!
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Mensagem do Presidente do Governo dos Açores por
ocasião da Atlantis Cup 2011
Carlos César
Esse mar amigo que nos abraça
De Santa Maria ao Faial, com passagens por S. Miguel e Terceira, eis que muitas velas, sopradas
por ventos de feição, assim o espero, vão de novo salpicar este mar que nos abraça.
A XXIII edição da “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”, assinalando, mais uma vez, a forte ligação
que mantemos com o vasto oceano de que fizemos o caminho para as nossas andanças pelo
mundo ou o ganha-pão da nossa sobrevivência, é, igualmente, a reafirmação da nossa forma
particular de sermos ilhéus.
De facto, se os dicionários nos definem como habitantes de pedaços de terra rodeados de água
por todos os lados, já a História nos apresenta como homens e mulheres que se inserem no mar,
fazem parte dele, são como cerca de um quarto de milhão de gotas das suas águas salgadas.
É por isso que se explica com facilidade a nossa pesca não depredadora, a nossa apetência pela
investigação dos mistérios e maravilhas do mar, as portas que abrimos, em cada vez mais ilhas, ao
iatismo internacional, a defesa intransigente que fazemos da Zona Económica Exclusiva açoriana e
o cuidado com que zelamos pela nossa orla costeira.
Ao observar um navio que descarrega num porto, ou um pequeno barco de pesca que sai para a
faina, ou, ainda, um elegante veleiro que chega de um qualquer cais distante, não posso deixar de
pensar em como é bom termos esse mar amigo e em como é grande, por outro lado, a
responsabilidade que temos de cuidarmos dele.
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A “Atlantis Cup”, concitando ainda mais a atenção dos açorianos para o mar, contribui para esse
desígnio inalienável de fazermos de um mar limpo, saudável e rico o nosso melhor legado às
gerações vindouras.
Por muitos motivos – de competição saudável, de confraternização à escala internacional e tantos
outros – mas sobretudo por esse, de convocar os olhares dos açorianos para o mar, está mais
uma vez de parabéns o Clube Naval da Horta.
Que lhe corra tudo de feição e que bons ventos levem todos os concorrentes no rumo certo são
os meus votos.
Carlos Cesar
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Mensagem do Presidente Câmara Municipal da Horta por
ocasião da Atlantis Cup 2011
João Castro
A Atlantis Cup – Regata da Autonomia é uma prova que se reveste da maior importância
para a cidade da Horta, conhecida que é pela sua forte ligação ao mar.
Nesta medida, é com enorme satisfação que a Câmara Municipal da Horta integra a Comissão de Honra
deste evento, na expectativa que ele estimule não só o espírito competitivo de todos os participantes na
regata, mas sobretudo favoreça a amizade e a camaradagem de todos quantos nesta data nos visitam. Não poderia deixar também de felicitar o Clube Naval da Horta pela organização da
Atlantis Cup, prova oficial de vela de cruzeiro, que, para além de se destacar a nível
desportivo, tem permitido um maior estreitamento dos laços afectivos existentes entre as
diferentes parcelas desta região Açores.
Um evento que evidencia ainda a ligação que a cidade da Horta tem com o mar, quer através
do seu porto, local de paragem obrigatória para quem atravessa o Atlântico Norte, quer
através da sua intensa actividade náutica.
À semelhança de anos anteriores, a Organização dá as boas-vindas a todos os que nos
visitam, provenientes não só dos Açores mas também de vários pontos do mundo, e,
participando nesta regata, desejar-lhes os maiores sucessos, bem como votos de boa estadia.
O Presidente da Câmara Municipal da Horta
João Fernando Brum de Azevedo e Castro
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Mensagem da Presidente da Câmara Municipal de Ponta
Delgada por ocasião da Atlantis Cup 2011
Berta Cabral
A relação açoriana com o Atlântico é tão antiga quanto os 500 anos de história do
Arquipélago.
As nove ilhas dos Açores formaram-se de erupções vulcânicas no imenso oceano e
o povo ilhéu construiu uma relação com o mar que foi para além da sua subsistência
ao alcançar a sua dimensão arquipelágica e os seus sonhos de descobrir o Mundo.
A relação dos açorianos com o mar tem um assinalável registo nas provas de
competição que, cada vez mais, fazem parte do calendário desportivo regional,
nacional e internacional. Daí que a Atlantis Cup sublinhe a nossa condição marítima,
situação arquipelágica e vocação desportiva.
Na verdade, ser açoriano é ser do mar.
Pela sua tradição e relação com a identidade açoriana a realização da regata
Atlantis Cup revela-se, sempre, num momento de celebração dos Açores e do mar.
A Câmara Municipal de Ponta Delgada entende que a regata Atlantis Cup é um
marco importante na actividade náutica açoriana. Pois, por um lado, abarca um
considerável número de participantes. Por outro, afirma e reforça os laços de união
entre as ilhas, no caso, Santa Maria, São Miguel, Terceira e Faial.
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É sempre uma honra para Ponta Delgada associarmo-nos à realização da Atlantis
Cup.
Ponta Delgada acolhe todos os participantes da Atlantis Cup com um abraço
caloroso de boas-vindas.
Berta Cabral
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Mensagem do Presidente do Clube Naval da Horta por
ocasião da Atlantis Cup 2011
Fernando Menezes
Com largada da Ilha de Santa Maria no dia 1 de Agosto e chegada prevista à Ilha do
Faial nos dias 6 e 7 do mesmo mês, depois de passar por S. Miguel e pela Terceira, a
“Atlantis Cup - Regata da Autonomia” irá cumprir a sua XXIII edição.
Consagrada como a mais importante regata para barcos de cruzeiro que se realiza nos
mares dos Açores, esta regata conta com o honroso patrocínio do órgão legislativo
regional que em boa hora decidiu que a autonomia também podia ser celebrada
simbolicamente no mar que nos envolve e nos caracteriza como ilhéus.
Foi de certa forma assim, navegando à vela, que, no séc. XV os navegadores
portugueses foram descobrindo cada uma das ilhas, embora enfrentando o
desconhecido e com meios muito mais rudimentares.
O CNH orgulha-se de organizar anualmente esta relevante prova náutica,
reconhecendo o imprescindível apoio da Assembleia Legislativa e do Governo da
Região Autónoma dos Açores, das Câmaras Municipais de Vila do Porto, de Ponta
Delgada e da Horta, das administrações dos portos dos Açores, da marinha
portuguesa, do Clube Naval de Santa Maria do Clube Naval de Ponta Delgada, do
Angra Iate Clube e de todos aqueles que, de forma gratuita e amiga, integram as
comissões de regata e júris e de uma forma geral prestam assistência e apoio logístico
a esta prova.
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No plano institucional, associativo e desportivo, a “Atlantis Cup - Regata da
Autonomia”, constitui assim um momento único de grande envolvimento, mobilização
e convívio, transformando esta competição numa festa e numa celebração.
Sejam todos bem vindos!
Fernando Menezes
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Da “Atlantis –Cup” à “Atlantis Cup - Regata da Autonomia”
(Breve notícia)
Como já relatei em escrito anterior
publicado nesta revista (V. revista
2007), a “Atlantis Cup” nasceu,
como muitas vezes acontece, de
algumas conversas de amigos e de
decisão tomada pela Direcção do
CNH no já longínquo de 1988,
quando a sede do clube se situava
nas reduzidas dimensões da casa
dos remadores da alfândega,
paredes meias com o castelo de Stª
Cruz.
A associação da “Atlantis –Cup” à
autonomia regional viria a
acontecer 13 anos mais tarde
quando em conferência de líderes
e em reunião da mesa se
preparavam
as
comemoraçõ
es de 25 anos
de autonomia
regional.
A proposta foi
aprovada por
unanimidade
por todos os
partidos
políticos representados na
Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores tendo sido
ainda assumido que esta regata se
deveria realizar todos os anos e
que ao nome inicial deveria ser
acrescentada a designação “Regata
da Autonomia”(1)
Chegados a 2011 e prestes a
celebrar 25 anos, a “Atlantis Cup-
Regata da Autonomia” aí está de
novo, traçando rumos pelos mares
dos Açores em franca competição
e convívio.
FM
(1) Para memória futura registam-
se os nomes dos Membros da
Mesa e dos Presidentes dos
Grupos Parlamentares da ALRAA
em 2001: Fernando Menezes
(Presidente),
Fernando
Lopes (Vice-
presidente),
Bento
Barcelos (Vice-
Presidente),
António Loura
(Secretário),
Raul Rego
(Secretário),
Vasco Cordeiro (PS), Berta Cabral
(PSD), Alvarino Pinheiro (CDS-PP),
José Decq Mota (PCP).
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O apoio do CNH ao iatismo
internacional regista já uma
história de décadas recheada de
momentos importantes em
resultado de uma intensa
actividade assumida pelo clube e
desenvolvida
pelas sucessivas
direcções.
Este ano, mais
uma vez, o CNH
esteve
envolvido na
recepção e
apoio a três
acontecimentos
náuticos
internacionais
de relevante
interesse para
os Açores e
para a cidade da
Horta,
contribuindo de forma indelével
para a afirmação desta cidade
como centro do iatismo
internacional no meio do Atlântico.
Registe-se que todo este trabalho
se enquadra na actividade da
Comissão Náutica Municipal e de
todas as instituições que a
integram, recebendo ainda o apoio
do Governo Regional dos Açores
através da DRT que desde há muito
percebeu a importância turística
destes
eventos.
No princípio
de Junho
chegou a “Arc
Atlantic”
proveniente
das Caraibas e
de Hampton,
com 18
embarcações
em rali
náutico que
terminou em
Lagos no
Algarve.
O CNH prestou o apoio logístico
necessário facultando instalações e
equipamento informático e de
comunicações.
Em Julho recebemos a importante
regata da Classe 40 que se realiza
de dois em dois anos, “Les Sables-
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Horta-Les Sables” que contou este
ano com a participação de 14
embarcações. Todo o apoio foi
prestado, no mar e em terra tendo
sido organizado um variado
programa social durante a estadia
dos velejadores e respectiva
organização nesta cidade. O
presidente do clube deslocou-se à
cidade de Sables D’Olone onde
manteve contactos e assistiu à
largada da prova.
Ainda nos finais de Julho
começaram a chegar os barcos
clássicos da “Atlantic Trophée”,
regata que largou da cidade
francesa de Douarnenez com14
embarcações em competição e que
tem largada prevista para o dia 6
de Agosto. O presidente do clube
esteve também em Douarnenez
onde assistiu à largada
acompanhando a embarcação “Air
Mail” que representava o CNH
comandada pelo presidente da
A.G., Luís Decq Mota.
Relativamente a esta prova que se
realiza pela primeira vez com
destino aos Açores, foi igualmente
preparado um amplo programa
social para além de todo o apoio
logístico necessário.
O CNH continua assim a cumprir
um dos seus principais objectivos
colaborando de forma activa para
a divulgação e promoção dos
Açores e da cidade da Horta nos
mais importantes meios náuticos
internacionais.
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A realização, em 2011, da Regata de Veleiros
Clássicos Douarnenez-Horta-Douarnenez,
intitulada Atlantic Trophee criou a
possibilidade objectiva do Air Mail poder
realizar uma viagem atlântica, que implicava
uma viagem total superior a 2000 milhas,
com a ida e a primeira perna da regata.
O Air Mail, projectado pelo americano Dick
Carter e construído na Suécia em 1973, é um
veleiro que se enquadra completamente nas
características exigidas para participar na
regata Atlantic Trophee. O Air Mail tem
bandeira portuguesa com matrícula na Horta
desde de 1992, com o actual proprietário
realizou cruzeiros Lisboa, Madeira e a todas
as ilhas dos Açores e participou em dezenas
de regatas regionais e locais. Faltava um
cruzeiro internacional e a participação numa
regata de longo curso.
Tomada a decisão de participar seguiu-se a
preparação do barco, dos equipamentos e
da tripulação.
Finalmente em 23 de Junho de 2011, o Air
Mail representando o Clube Naval da Horta,
largou da Marina da Horta iniciando a rota
para Douarnenez as 15h34, com a seguinte
tripulação: Luís Carlos Decq Mota, Graça
Decq Mota, António Freitas, João Decq
Motta, António Decq Motta e Paulo Decq
Motta e no regresso veio também o João
Duarte.
23/6/11
À largada fomos acompanhados por dois semi-rígidos e pela
Atlântida até à ponta da Espalamaca e pelo HotStuf até à
Praia de Almoxarife.
A primeira decisão tomámos após a partida foi formar
quartos de 3h com dois elementos por turno. Navegámos
neste dia com vento com alheta com velocidade média de 6
nós.
Desde o 1º dia por volta das 22 horas estabelecíamos
contacto com o Marco Dutra para ele nos dar a previsão
meteorológica para os dias seguintes.
24/6/11
Às 2h da manha a tricolor soltou-se ficando a bater no
mastro, tivemos que ligar as luzes de navegação do convés.
No 1º dia completo de navegação andámos 155,7 milhas.
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25/6/11
O vento continua do quadrante sul entre os 15 e 20 nós e a nossa velocidade entre os 6 e 7 nós.
No 2º dia completo de navegação percorremos 152,6 milhas.
O Geremias (piloto automático) é o nosso marinheiro em melhor forma pois esta a fazer leme praticamente desde
do início da viagem e dá mostras de poder continuar.
Recebemos um telefonema via satélite do Sérgio Bairos que tinha saído de Inglaterra nesse dia e que estava a
navegar no canal da Mancha.
26/6/11
Pela primeira vez nesta viagem vimos golfinhos
pelas 5h30 da manha.
O vento rodou para norte e enfraqueceu.
Neste dia apanhamos o nosso primeiro peixe,
um voador com 5 Kg eram 13h30.
Completámos o 3ºdia de navegação com 130,3
milhas percorridas.
Durante a tarde o vento e ondulação
aumentaram e rizámos a vela grande no 2º riso
e enrolámos um pouco a Génoa.
27/6/11
O vento continuou a subir chegando aos 25 nós de Nor/Nordeste. Almoçámos o voador que tínhamos apanhado na
véspera.
Completamos o 4ºdia de navegação com 147 milhas nas últimas 24 horas e um total 586 milhas, atingindo metade
do percurso por voltas das 17h30.
Neste dia à noite pela primeira vez o Geremias deu sinal de cansaço tendo-se desgovernado.
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28/6/11
Vento novamente de Norte de 10 a 15 nós, pelas 11h da manha vimos uma baleia, antes do meio-dia tínhamos um
voador a bordo pesava 7,5Kg.
Nas últimas 24h andámos 151 milhas.
29/6/11
Vento norte de 10 a 15 nós, ate esta altura
andamos 20h a motor a fim de carregar as
baterias.
Nestas últimas 24 horas andámos apenas 136
milhas, estamos a 320 milhas da Douarnenez.
Por volta das 19h apanhámos mais atum voador com 6 Kg.
O vento rodou para Nordeste obrigou a fazer vários bordos pois estava mesmo enfiado na nossa rota.
30/6/11
O vento continua Nordeste e enfraquecer.
Navegamos directos para norte a fim de melhorar a nossa posição porque a previsão dava vento Leste.
O dia está bonito com sol, mas frio.
Neste dia depois do almoço o Comandante escreveu uma mensagem com a nossa posição, com o nome do barco e
a tripulação e o percurso da viagem.
Neste dia houve dois corajosos que tomaram duche no convés, o António Manuel e o Paulo.
Sétimo dia completo de navegação andando nas últimas 24 horas 139 milhas.
O Paulo melhorou as condições de bordo concertando a coluna de som do poço, permitindo-nos ouvir música fora.
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1/7/11
O vento continua de proa e resolvemos fazer a noite toda a motor.
Tivemos novamente a companhia de golfinhos durante um bom bocado.
Nestas últimas 24h andamos apenas 123 milhas.
Neste dia atravessamos os corredores de separação de tráfego cruzando-nos com um considerável número de
navios, numa determinada altura tínhamos 7 navios à volta do Air Mail e um deles passou a 100 metros de nós.
Estamos a 110 milhas do destino.
2/7/11
O movimento de navios contínua intenso e já tivemos de alterar o nosso rumo por duas vezes, durante esta noite
cruzámo-nos com cerca de 20 barcos.
Nesta madrugada passou por nós um barco a vela grande com dois mastros.
O vento é ES-Nordeste e já estamos novamente à vela, tivemos que substituir a luz de estibordo por uma a pilhas.
Durante esta noite avistamos pela 1ª vez o farol de Armen.
Antes das 0h conseguimos o primeiro contacto via telemóvel ainda com bastantes cortes.
3/7/11
Estamos a 28 milhas do destino, vamos a navegar a vela com apoio do motor.
Na aproximação a Duoarnenez navegamos pelos meio de dezenas bóias e de alguns faróis.
Encostámos ao cais dos visitantes da Marina Treboul às 5h50.
Acabamos por estar muito pouco tempo no cais dos visitantes, pois um funcionário da marina disse-nos que Eclusa
estava aberta e podíamos ir de imediato para a Marina de Port-Rhu, encostando nesta Marina 6h15 hora dos
Açores.
Percorremos 1327,4 milhas em 9 dias e 14h.
Foi uma viagem muito boa com excelente disposição da tripulação com um único senão que foi o 3 dias de vento
Nordeste que era mesmo pela proa e fez-nos perder bastante tempo.
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Estadia em Douarnenez
Estadia em Douarnenez de 3/7 a 14/7 que foram aproveitados para pequenas reparações necessárias, como
concertar a luz tricolor do mastro, a luz de estibordo da proa, a borracha da escotilha da casa de banho e tentamos
resolver a avaria do piloto automático com um técnico de Douarnenez.
Nos restantes dias conhecemos algumas zonas da Bretanha.
No dia 9 começou o programa da regata.
No dia 11 – começou as vistorias de segurança e comunicação. Neste dia o Comandante fez anos e fizemos uma
pequena recepção a bordo que se prolongou até a 1h da manhã, tendo passado pelo Air Mail mais de 60 pessoas.
12/7/11 – Chegaram a Douarnenez o Director da Marina da Horta Armando Castro, o Presidente do Clube Naval
Fernando Menezes e uma equipa da RTP Açores.
13/7/11 – Fizemos os últimos abastecimentos e no final da tarde houve a apresentação das equipas no palco do
pavilhão da regata.
Douarnenez-Horta
14/7/11
Desencostamos da Marina de Port-Rhu pelas 13h30 hora dos Açores tendo parado na Eclusa por volta das 14h.
Ao pararmos em frente à Marina fizemos uma saudação a muita população que estava a assistir à saída dos Iates a
que fomos correspondidos com uma grande salva de palmas.
A largada deu-se às 15h10 tendo sido o Air Mail o primeiro iate a cruzar a linha de largada fomos ultrapassados
pelo Amazone ( iate de 22 metros ) à chegada à bóia de desmarque.
Passámos a ponta do Ràz por volta das 19h30.
Escolhemos as duplas para os turnos e estabelecemos novamente 3h de duração cada turno.
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15/7/11
O vento Noroeste de 16 nós e estamos a
andar entre os 7 e 8 nós.
Durante esta tarde vimos uma orca e vários
golfinhos e cruzámo-nos com vários navios.
O vento ao fim da tarde começou a
aumentar chegando aos 25 nós e rodou
para Sudueste.
Risámos a vela grande no 1º riso e
enrolámos um pouco a genoa .
No 1º dia completo de navegação andamos
128 milhas.
Recebemos um SMS da organização com a
previsão do tempo e outro com a posição
dos barcos, nesta altura seguíamos em 3º
lugar.
O piloto automático que tínhamos ligado após a passagem do Ràz deixou de funcionar ao princípio da tarde.
As condições de vento e mar têm se vindo a agravar.
16/7/11
O vento subiu até aos 35 nós com a ondulação entre os 4 e os 7 metros, já tínhamos risado no 2º durante a noite e
ao fim da manhã risámos no 3º riso e recolhemos um pouco mais a genoa.
Durante a tarde tivemos a informação que dois iates tinham desistido, o Dione arribou e a Espanha e o Melusine
voltou para Douarnenez.
Ao fim do dia decidimos recolher completamente a vela grande ficando só com uma ponta de genoa mesmo assim
continuamos a 6/7 nós.
Recebemos um SMS da organização com a previsão do tempo onde era referido haver uma probabilidade de
apanharmos rajadas de 45 nós de vento durante a noite.
Esta tarde foi de facto uma tarde muito dura de navegação, nesta altura temos todos os beliches incluindo o
camarote molhados.
Nas últimas 24h andamos 141 milhas.
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17/7/11
Confirmámos ter uma avaria grave no brandal da ré de estibordo pelo que decidimos usar a vela grande só no 3º
riso.
As condições a bordo são duras pois só temos 2 beliches para 5 pessoas.
Como não temos piloto automático tem sido muito duro para quem faz leme.
Durante esta tarde recebemos um SMS da organização alertando para a possibilidade de cruzarmos a rota dos 40
pés que tinham saído da Horta a 13/7, na realidade por volta das 19h30 cruzamo-nos com um deles.
Andámos nas últimas 24h 134,7 milhas.
18/7/11
Contrariamente ao previsto o vento não diminuiu mantendo-se constantemente acima dos 25 nós Noroeste e o
mar está novamente a aumentar com ondulação acima dos 4 metros.
Neste dia andámos 139 milhas.
O mau tempo continua e resolvemos encurtar os turnos 2 horas e continuámos a navegar só com uma ponta de
genóa, o vento ao fim da tarde chegou novamente aos 35 nós e a ondulação chegou aos 6 metros.
Tivemos a informação que finalmente o vento ia baixar para os 10 a 20 nós rodando para norte e em seguida para
nordeste com tendência para enfraquecer.
Nesta altura só navegamos em função da nossa segurança e da do barco sem pensar na regata.
19/7/11
Hoje o dia amanheceu ensolarado, o mar acalmou bastante e o vento enfraqueceu estando entre os 17 e os 23 nós
de norte, conseguimos voltar a ligar o Geremias o que nos facilitou bastante.
Ao 5º dia completo de navegação atingimos metade do percurso e andámos nas últimas 24h 136 milhas.
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20/7/11
Amanheceu com boa cara, céu azul e um pouco de sol.
Hoje de manhã removemos o interior do barco (estibordo) para avaliar os estragos causados tendo confirmado que
a caverna de apoio do brandal da ré de estibordo estava rachada.
Decidimos comunicar o sucedido ao Armando Castro e ao José Decq Mota.
Neste dia e apesar das condicionantes andámos 169 milhas.
21/7/11
As condições do tempo encontram-se como o dia anterior, vendo Noroeste de 10 a 15 nós.
Hoje pela 1ª vez na viagem de regresso pusemos o corrico ao mar com uma cana nova.
Antes do almoço apanhámos duas serras de 1,5Kg e 1Kg, respectivamente.
Pela 1ª vez na história portuguesa do Air Mail utilizamos queijo numa refeição a bordo.
Ao 7º dia completo de navegação já andámos 1006 milhas tendo percorrido nas últimas 24h 158 milhas.
22/7/11
Durante a noite o vento caiu bastante e rodou para Nordeste tornando a navegação desconfortável não ajudando
nada a solidez do aparelho.
A meio da manhã avistamos uma baleia que observamos durante bastante tempo. Ainda durante a manhã quatro
dos tripulantes tomaram banho de mar.
Às 11h25 resolvemos desistir da regata pois a falta de vento e a ondulação não nos permitia ter qualquer controlo
sobre os estragos com que nos debatíamos, a previsão que recebemos manteria as mesmas condições para os dias
seguintes.
Estávamos a 182 milhas da Horta na altura que desistimos, comunicámos de imediato a nossa decisão à
organização da regata.
Durante a regata e atendendo que estava um dia lindo pusemos a secar colchões, sacos de cama, almofadas e fatos
de água.
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Completamos o 8º dia de viagem andando 122 milhas nas últimas 24h.
23/7/11
Continuamos a motor tendo passado por um
iate que era da regata.
A partir das 7h da manhã tivemos rede de
telemóvel e foi um nunca mais parar de
chamadas, feitas e recebidas.
Durante a manhã recolhemos uma bóia branca
grande que estava à deriva.
Às 15h o Rift chegou ao pé de nós e começaram
a chegar outras embarcações.
O Piloto João Lucas com a comunicação social, a
Walquiria com o Presidente da Câmara, o
Presidente da Apto, membros da comissão
organizadora da regata e o Presidente do Clube
Naval da Horta, o Armando Castro e muitos membros da família num semi-rígido, o Charque com muita gente a
bordo, o Hotstuff, No Stress, a lancha Maria Manuela, o semi-rígido do Doutor Quintino, o semi-rígido do Doutor
Luís Tomás e mais algumas lanchas.
À entrada da doca fomos saudados
ruidosamente pelo navio francês
de investigação científica, Porquoi
pás.
O Air Mail atracou no pontão C da
marina tendo sido recebido muitas
pessoas, familiares, amigos e os
tripulantes dos barcos que já
tinham chegado. Foi uma calorosa
recepção que nos encheu de
alegria e alguma emoção.
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Atlantis Cup 2011
23
Ano Classe Classe Classe Classe Classe
2010 ORC 2
Wind I
Carlos Laranjo
ORC 3
Exxoced
Felipe
ORC 4
Funtastic
José Correia
Cruzeiro
Allegro Vivace
Duarte Barcelos
2009 ORC 2
Xcape
Luís Quintino
ORC 3
Fun-Tastic
José Correia
OPEN
Soraya
Frederico Rodrigues
2008 ORC 1
Xekmat
ORC 2
Aphrodite
Rui Mendonça
ORC 3
Boreas
Luís P. Morais
OPEN
Mike Davis
Delmar Conde
2007 ORC 2
Xcape
Luís Quintino
ORC 3
Boreas
Luís P. Morais
ORC 4
Fénix
Eduardo Reis
OPEN
Quero-Quero
Rui São Marcos
2006 ORC 2 Açor
João Leal
ORC 3 Wally
Carlos Araújo
ORC 4 Ganhoa
Luís P. Morais
OPEN Crosswind
José Marcelino
2005 ORC 2
Nicea/Alpen
José C. Henrique
ORC 3
Wally
Carlos Araújo
ORC 4
Ganhoa
Luís P. Morais
OPEN
Ligia II
José Rui Sá
2004 Rating CNH
Ace Girl
Armando Castro
ORC 2
Aphrodite
Rui Mendonça
ORC 3
Air Mail
Luís Decq Mota
ORC 4
Minerva
António Silveira
Convívio
Oasis
Manuel Mota
2003 Rating CNH
Aphrodite
Rui Mendonça
ORC 3
Ofélia
Carlos Garcia
ORC 4
Celtic Dream
João Miguel Reis
2002 Rating CNH – A
Air Mail
Luis Decq Mota
Rating CNH – B
Ofélia
Carlos Garcia
2001 Monocasco A
Morfeu
Pedro Carreiro
Monocasco B
Além Mar
Duarte Silveira
Turismo A
Cosmopolite
Armindo Furtado
Turismo B
Celtic Dream
Rui Mendonça
2000 Monocasco A
Oásis
Manuel Mota
Monocasco B
Boa Viagem
Duarte Silveira
1999 Monocasco A
Wings
José Medeiros
Turismo A
Cosmopolite
Armindo Furtado
1997 Monocasco A
X-Treem
Luís Quintino
Monocasco B
Ofélia
Carlos Garcia
Turismo A
Dijoca
C. Gonçalves
1996 Monocasco A
Mopat
Manuel Mota
Monocasco B
Amazing G.
José Urbano
Turismo A
Genoa
C. Penington
1995 Monocasco A
Wings
Carlos Araújo
Monocasco B
E. dos Açores
Armando Castro
Turismo
Fuga
Rui Rodrigues
1994 Monocasco A
Gatsby
Hermano Ferreira
Monocasco B
Asami
Paulo Gonçalves
Turismo
Seannine C.
O´Leary
1993 Monocasco A
Asami
Paulo Gonçalves
Turismo
Valsheda S.
T. Strauss
1992 Monocasco A
Josephine
Werner Gram
1991 Monocasco A
Pasha
Hermano Ferreira
Turismo
Cisne Esp.
Hildeberto Rodrigues
Multicascos
Olympus
Diocleciano Silva
1990 Monocasco A
Peso
Birger Jansen
Monocasco B Pasha
Hermano Ferreira
Multicascos Olympus
Diocleciano Silva
1989 Monocasco A
Ténaréze
Basson Van Der
Monocasco B
Porto Pim
Carlos Garcia
1988 Monocasco A
Josephine
Werner Gram
Multicascos
Olympus
Diocleciano Silva
24
25
26
No decorrer da segunda parte da Expedição
M@rbis 2011, entre os dias 15 e 18 de Julho, e
integrado nos trabalhos de monitorização dos
Ilhéus das Formigas e Recife Dollabarat
realizados em conjunto entre a Estrutura de
Missão para os Assuntos do Mar (EMAM),
Governo dos Açores e o Departamento de
Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade
dos Açores foi possível recolher informações
que pretendemos que auxiliem na
monitorização, no controlo e na fiscalização
desta área. Neste sentido, além de todo o
trabalho de recolha de informação
georreferenciada e de alta qualidade sobre a
presença de espécies e habitats nestas águas
açorianas, também dedicámos esforço na
recolha de informação pertinente para a
actividade da Inspecção Regional das Pescas
(IRP).
Um cardume de Patruças (Kyphosus sp.) espécie pelágica comum mas que nos ilhéus das Formigas aglomera-se em grandes cardumes (João Encarnação)
Actualmente, o complexo que integra os Ilhéus
das Formigas e o Recife Dollabarat é uma
Reserva Natural integrada no Parque Natural de
Santa Maria. Por essa razão, todas as
actividades de extracção estão interditas, à
excepção da captura de tunídeos por salto e
vara, tendo esta que ser especialmente
licenciada. Tratando-se de um local isolado, a
cerca de 23 milhas a NE de Santa Maria e a 35
milhas a SE de São Miguel, a fiscalização desta
área é um desafio para as diferentes entidades
com competência na fiscalização e no controlo
da mesma.
Resultado da monitorização efectuada desde há
quase três dezenas de anos pelos
departamentos de investigação científica
marinha da Universidade dos Açores, para além
da identificação, quantificação e caracterização
das espécies, comunidades e habitats
existentes, têm sido recolhidos indícios de que,
mesmo sendo protegido e havendo um esforço
de fiscalização dirigido a esta área, a mesma
não tem sido completamente respeitada. Esta
conclusão é obtida por diferentes indícios, já
que, além de algumas comunidades de recursos
pesqueiros terem diminuído as suas
27
abundâncias, foram igualmente recolhidas artes de
pesca perdidas. Acrescem a estes factos, claro, as
infracções que as diferentes autoridades têm
detectado e os alertas feitos por diferentes
utilizadores da área (empresas marítimos-turísticas,
velejadores de recreio e outros).
Ao longo do tempo, foram introduzidas diferentes
ferramentas para conseguir contornar as
dificuldades de fiscalização e de controlo das
Formigas. É uma actividade realizada diariamente
pela IRP, efectuado o controlo da actividade das
embarcações de pesca que possuem o sistema
MONICAP instalado. A caixa Azul, como o MONICAP
é vulgarmente conhecido, permite vigiar a actividade
das embarcações de pesca em qualquer local onde
se encontram já que a
informação de posição, depois
de recolhida é emitida via
satélite. Esta informação
permite vigiar e controlar a
actividade das embarcações de
pesca profissional de maior
porte, sendo possível identificar
diferentes comportamentos de
pesca e, caso se encontrem nesta área ou noutra
com restrições à actividade de pesca, instaurar
processos de contra-ordenação que penalizem os
infractores. A Marinha, Força Aérea e a Polícia
Marítima, no âmbito das suas actividades
de fiscalização efectuam missões regulares a
esta área, também com o objectivo de controlar
as actividades aí realizadas. Apesar de haver
melhorias na qualidade ambiental do Complexo,
este ainda não é suficiente.
Aproveitando o esforço dedicado a esta Missão
M@rbis, que incluiu a presença do NTM “Creoula”
e o NI “Arquipélago”, a IRP integrou estes
trabalhos com o objectivo de recolher dados e
informações que permitam encontrar formas
alternativas de vigilância e controlo à distância
desta área remota. No decorrer desta missão, e
apesar de as condições do tempo terem reduzido
a quantidade inicial de
trabalho planeada, foi
possível perceber que apesar
de as comunidades de
recursos pesqueiros
parecerem estar estabilizadas
ou mesmo em recuperação,
não se encontram nas
quantidades espectáveis para
um espaço protegido há dezenas de anos. Por
outro lado, tirando um velho anzol na boca de um
congro, nenhuma das 6 equipas de 5
mergulhadores em actividade encontrou artes de
pesca perdidas, o que parece indiciar que há uma
redução na exploração desta área, apesar de
NTM Creoula (navio de treino
de mar) da Marinha Portuguesa,
um dos navios que permitiu a
realização desta missão M@rbis
(Mónica Albuquerque)
28
ainda serem relatadas às autoridades
situações de actividade ilegal.
Com os dados obtidos ficou claro que, apesar
de tecnologicamente difícil e representar um
investimento financeiro importante, dentro
em breve será possível implementar um
sistema de vigilância à distância que permita
melhorar a fiscalização da área, não só
dirigida à pesca profissional, já actualmente
coberta pelo sistema MONICAP, mas também
às actividades lúdicas, que estejam
relacionadas com a exploração de recursos
ou não devidamente autorizadas. O
incremento do respeito pelas regras
implementadas, auxiliada por uma
fiscalização cada vez mais eficaz, irá ajudar a
melhorar a condição ambiental. O objectivo
final é pôr em pleno funcionamento esta
Reserva e garantir que os seus benefícios
chegam às áreas adjacentes, nomeadamente
o banco de pesca Mar da Prata e as costas de
Santa Maria e São Miguel. Assim, as Formigas
contribuirão para esses locais, melhorando os
habitats e as comunidades existentes,
permitindo desta forma incrementos
económicos, não só para a pesca, mas para
todas as actividades lúdicas dirigidas à
observação de organismos no seu habitat
natural.
Para saber mais sobre as Missões M@rbis consulte: www.campanhasmarbis.org.
Rogério R. Ferraz
Inspector Regional das Pescas
Espécies pelágicas de grande porte como as bicudas (Sphyraena viridensis) são bastante comuns observar nesta área (José Tourais) 29
Os bancos e montes submarinos suportam
uma elevada diversidade biológica e são áreas
de pesca importantes nomeadamente em
regiões insulares como os Açores. As pescas
em montes submarinos (MS) reflectem em
geral a maior produtividade destas áreas, mas
o conhecimento dos processos pela qual, esta
produtividade é gerada, de que modo é
mantida, e quão “resistentes” são as suas
comunidades biológicas à perturbação e
exploração humana, permanecem ainda pouco
conhecidos. À escala global, o conhecimento
da biodiversidade dos montes submarinos é
ainda diminuto já que, foram relativamente
poucos os montes submarinos estudados
(menos de 300 em 100.000 grandes MS
estimados). Os montes submarinos são
estruturas geológicas comuns na ZEE dos
Açores, estimando-se a existência de 63
grandes MS e 398 pequenos montes ou
elevações menores. Na região, mais de 60%
das pescas demersais e de profundidade são
efectuadas em montes submarinos, sendo por
isso ecossistemas importantes em termos
económicos, que interessa gerir de forma
sustentável.
Ao longo dos anos o Departamento de
Oceanografia e Pescas (DOP) tem realizado um
importante esforço de investigação dos montes
submarinos, sendo actualmente uma instituição
reconhecida internacionalmente no estudo destes
ecossistemas. Com vista a aprofundar o
conhecimento acumulado foi implementado o
projecto: multidisciplinar CONDOR (Observatório
para o estudo de longo-prazo e monitorização dos
ecossistemas de montes submarinos nos Açores),
o qual se iniciou em meados de 2008. Este
projecto liderado pelo DOP, é co-financiado por
fundos do programa EEA-Grants (suportado pela
Islândia, Liechtenstein e Noruega), e tem como
parceiros o Instituto Nacional de Investigação das
Pescas e do Mar (IPIMAR) e o Institute of Marine
Research da Noruega (IMR). A escolha do banco
Condor para a realização deste estudo deveu-se a
vários factores: à sua proximidade ao Faial
(possibilitando visitas regulares e rápidas ao local),
ao seu tamanho (aos 400 m de profundidade a
área é sensivelmente igual à área da Ilha do Corvo
– 20 km2) e à amplitude de profundidades
existentes (180 – 1000 metros) cobrindo várias
gradientes biológicos importantes.
Observatório científico do banco Condor
uma abordagem pioneira
Localização do monte submarino Condor com indicação da área interdita à pesca demersal.
30
O projecto CONDOR pretendeu
estabelecer uma estação científica de
observação de longo prazo no banco Condor,
com observações e recolha de dados em
permanência e recolha e inventariação do
maior número possível de organismos que ali
ocorressem. O projecto tem vindo a utilizar
metodologias de amostragem muito diversas, e
tem vindo a realizar um levantamento
exaustivo da biodiversidade do local, desde os
vírus e bactérias dos fundos marinhos do
banco, até às espécies de cetáceos e grandes
pelágicos que o visitam para se alimentar,
passando pelos, peixes demersais, pelo
fitoplâncton, zooplâncton, ou corais de
profundidade, encontra-se agora numa fase
mais intensa de análises laboratoriais e de
análise de dados. No decorrer do projecto
foram já fundeados no banco vários
equipamentos, os quais, a par das várias
campanhas de investigação têm permitido
recolher dados de grande interesse científico.
O observatório tem permitido, estudar as
condições hidrológicas, a dinâmica
oceanográfica; a biodiversidade do local, a
variabilidade espacial e temporal nas
abundâncias de alguns organismos que ali
ocorrem; bem como obter mapas topográficos
de elevada resolução que permitem
caracterizar os diferentes habitats existentes
com grande detalhe. Para além dos navios de
investigação Arquipélago, Noruega, Gago
Coutinho e a lancha de investigação Águas
Vivas, foram, também utilizados os ROV Luso e
o pequeno ROV Sp do DOP (ROV - Veículo
Operado Remotamente), para a recolha de
imagens de organismos e paisagens
submarinas a profundidades ainda mal
conhecidas, e foi desenvolvido uma nova
estrutura para recolha de imagens, equipada
com câmeras capazes de atingir os 3000 m de
profundidade.
O projecto tem vindo também a fornecer
dados importantes sobre o actual estado de
exploração das espécies de peixes de fundo do
banco Condor, e devrá permitir perceber quais
as alterações nas abundâncias que deverão
ocorrer depois de um determinado período
experimental de total interdição à pesca. Para
além da pesca comercial, está igualmente a ser
realizado um levantamento dos vários usos do
banco (e.g. pesca desportiva, pesca lúdica,
observação de cetáceos, etc) com o objectivo
de se obter de forma mais abrangente, o real
valor económico desta área e dos montes
submarinos da região em geral. Para já, foi
possível estimar que entre 1998 a 2008, foram
capturadas mais 1000 toneladas de algumas
espécies de peixes demersais (goraz, abrótea,
boca negra, alfonsim, cherne, imperador,
congro, bagre), que renderam, em valores de
primeira venda em lota, mais de 6 milhões de
euros. Conhecer o historial de pesca neste
Infografia do projecto Condor: equipamentos, plataformas e metodologias de amostragem.
31
banco é importante para melhor percebermos
quais os níveis de exploração mais adequados
e sustentáveis. Até ao momento, marcaram-se
mais de 500 peixes demersais com interesse
comercial, e implantaram-se até agora mais de
30 marcas electrónicas em gorazes, que nos
permitirão perceber os movimentos e
migrações dos animais, ou o tempo de
residência no local.
.
O carácter inovador deste projecto,
reflecte-se não só no potencial de descoberta
científica que lhe está associado mas também,
na abordagem experimental de longo prazo
que é proposta e no seu carácter
multidiscipplinar, envolvendo mais de 40
pessoas, entre investigadores, estudantes e
técnicos. Os Açores, dadas as suas
características naturais, é provavelmente um
dos poucos locais do mundo onde seria
possível realizar uma investigação deste tipo e
com esta abrangência. A importância
económica dos montes submarinos para a
região justifica que se faça este esforço de
investigação já que, os benefícios internos
indirectos que são esperados, serão
certamente reflectidos numa melhor gestão e
numa melhor valorização dos nossos recursos
com ganhos económicos que serão visíveis a
médio prazo.
Não seria possível no entanto cumprir
com os objectivos deste projecto se o banco
Condor não fosse fechado a actividades de
pesca. Por isso desde Junho de 2010 que as
actividades de pesca não são permitidas no
banco Condor. A necessidade de implementar
estas restrições, prenderam-se com duas
razões principais da qual dependia o êxito
científico desta investigação. Por um lado,
evitar que os equipamentos fundeados no
Colocação e recolha de alguns dos equipamentos utilizados.
32
banco fossem danificados pelas artes de pesca,
o que acarretaria elevados prejuízos e riscos
para o projecto. Por outro lado, a correcta
interpretação dos resultados só poderia ser
conseguida se não houvesse factores humanos
que podessem influenciar significativamente os
processos naturais em estudo,
comprometendo também irremediavelmente o
projecto.
Conscientes de que o projecto iria colidir
com os interesses imediatos de alguns dos
utilizadores do banco Condor, o assunto foi
discutido com todos os utilizadores
(“stakeholders”) e com o Governo Regional,
existindo um consenso alargado para que o
projecto prosseguisse. Saliente-se aqui aliás, a
compreensão dos pescadores e armadores,
principalmente do Faial, que desde o início
apoiaram o projecto e reconheceram a sua
importância e interesse, disponibilizando-se
desde logo para com ele colaborarem. Com a
publicação da portaria que proíbe as
actividades de pesca no local até Maio de
2012, e com a continuação dos trabalhos de
investigação em curso no banco através de
vários projectos complementares entretanto
aprovados e que estão a utilizar a área,
podemos dizer que este é certamente um dos
projectos mais abrangentes, e mobilizadores
que o DOP implementou até agora. Pelo seu
carácter único em termos mundiais, este
projecto é um exemplo da relevância e da
universalidade da ciência que por cá se vai
fazendo, utilizando as diversas competências
técnicas do DOP, e contribuindo mais uma vez
para o desenvolvimento e projecção dos
Açores no contexto das ciências do mar.
Gui Menezes e Eva Giacomello
Algumas imagens obtidas dos fundos do monte submarino Condor.
33
Em 2002, um grupo de 23 entusiastas,
ligados às Ciências do Mar e à conservação
do meio marinho, fundou o Observatório do
Mar dos Açores, uma associação técnica,
científica e cultural, sem fins lucrativos.
A associação surgiu em simultâneo com outros observatórios na região que se dedicam à divulgação e promoção das ciências geológicas (OVGA; Observatório Vulcanológico e Geológico dos Açores) e do ambiente (OAA: Observatório do Ambiente dos Açores). A fundação destas associações foi incentivada pela Administração Regional, com o intuito de se constituir uma rede de centros de ciências que promovesse a cultura científica e tecnológica na sociedade Açoriana. Hoje, esta Rede Regional de Centros de Ciência, promovida pela Secretaria Regional da Ciência e Tecnologia Equipamentos (SRCTE), está em progresso e conta com seis instituições parceiras.
Em 2004, o OMA fixou a sua sede na Fábrica da Baleia de Porto Pim, na Horta, por protocolo estabelecido com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), proprietária do complexo.
Em 2010, o observatório foi considerado uma associação Equiparada a Organização Não-Governamental de Ambiente (ONGA), reconhecida pela Agência Portuguesa do Ambiente, o que enquadra a sua acção “… na defesa e valorização do ambiente ou do património natural e construído, bem como a conservação da Natureza".
No mesmo ano, o Governo dos Açores conferiu à associação o estatuto de Instituição de Utilidade Pública.
Estatutariamente, o OMA tem como objectivos gerais a divulgação da cultura científica e tecnológica, a promoção de actividades de observação, interpretação, sensibilização e educação ambiental, no âmbito das Ciências do Mar, e a conservação do Mar do Açores pela promoção de práticas sustentáveis, que preservem os recursos, a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas marinhos.
Para cumprir estes objectivos a associação
organiza oficinas didácticas de divulgação
34
científica e ambiental, actividades de mar,
debates públicos, exposições e projecção de
filmes temáticos, edição de folhetos
informativos, livros, cartazes, etc.
As escolas primárias e secundárias, o público mais jovem e a sociedade sensível às questões do mar e da ciência são, naturalmente, os públicos-alvo da nossa associação.
O OMA centra também a sua acção na produção e disponibilização de informação técnico-científica relevante sobre o Mar dos Açores, na elaboração de pareceres e consultadoria técnica específica sobre questões relacionadas com o mar e com o ambiente e no desenvolvimento de estudos que tenham como objectivo observar o estado actual da qualidade do Mar dos Açores, a sua percepção, potencialidades e usos. Enquanto Equiparada a ONGA e sendo um Centro de Ciência, o OMA participa em
plataformas de discussão sobre política ambiental e científica, nomeadamente os Conselhos Regionais do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CRADS) e da Ciência e Tecnologia (CRCT). Por outro lado, e inerente ao facto de ter sede
na Fábrica da Baleia de Porto Pim, o OMA
criou, em 2008, o núcleo de história baleeira,
cuja sua acção tem vindo a afirmar-se no
panorama cultural regional. Os objectivos,
não estatutários, deste grupo incluem a
dinamização pública e a museografia da
exposição permanente desta infra-estrutura
industrial desactivada e a salvaguarda, estudo
e divulgação do património e da história da
baleação nos Açores, em particular no Faial.
Para cumprir estes desígnios o OMA conta
com o apoio de entidades públicas e privadas,
nomeadamente, da Direcção Regional da
Cultura e da empresa Reis e Martins Lda.,
antiga proprietária da Fábrica da Baleia e
detentora de dois armazéns da baleia, na Rua
Nova, além de um arquivo histórico
Paulo Henrique Silva (http://siaram.azores.gov.pt)
35
fundamental para a compreensão do ciclo da
baleação no Faial.
Neste âmbito ainda, a associação integrar a Comissão Consultiva do Património Baleeiro (CCPB).
Para o desenvolvimento das diversas áreas de actuação, o OMA conta com dois funcionários, com os elementos da direcção e sócios e com vários colaboradores ao abrigo de programas específicos de promoção de emprego (estágios profissionalizantes) e de ocupação de tempos livres, entre outros. O voluntariado tem sido uma aposta recente que tem permitido aumentar o número de cooperantes. Em breve o protocolo estabelecido com a SRCTE possibilitará o aumento do número de técnicos na equipa. Actualmente, o OMA conta com cerca de 110 sócios, mas pretende angariar novos sócios aderentes e propor a nomeação de personalidades e instituições de reconhecido mérito para sócios honorários.
A fim de financiar a sua actividade esta associação, sem fins lucrativos, concorre a programas de financiamento públicos e a apoios privados, com projectos específicos que permitam dar continuidade aos trabalhos em desenvolvimento e iniciar outros considerados relevantes. Além disso, a venda das edições OMA e de merchandizing temático, produzido em parceria com a empresa de design gráfico FishPics, e com o Instituto do Mar e Universidade dos Açores (IMAR; DOP-UAç), constitui uma fonte de financiamento complementar não negligenciável.
O Observatório do Mar dos Açores está
vocacionado para estabelecer parcerias
com entidades públicas e congéneres, ou
com outras que tenham como objectivos a
divulgação das Ciências do Mar e da
Terra, o desenvolvimento ambiental
sustentável, o progresso da sociedade
alicerçado no conhecimento, e as
actividades ligadas ao mar.
O OMA mantém protocolos com o Governo
dos Açores, nomeadamente com a SRAM,
relativos à cedência da Fábrica da Baleia e
com a SRCTE no âmbito da referida rede
regional de ciência e a
tecnologia. Mais
especificamente, a
Direcção Regional dos
Assuntos do Mar
(DRAM) e a Sub-
Secretária Regional das
Pescas são parceiros
privilegiados na acção
desta instituição. A
Direcção Regional da
Cultura tem permitido o trabalho do núcleo
de história baleeira.
Naturalmente, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP/UAç) e o Instituto do Mar Centro dos Açores (IMAR) são os parceiros científicos por excelência para as mais diversas valências do observatório. Nos últimos anos a Câmara Municipal da Horta, tem colaborado com o OMA em diversas acções de interesse público nos mais diversos temas. A Câmara do Comércio e Indústria da Horta, a Administração dos Portos do Triângulo e Grupo Ocidental, as associações e empresas como o Clube Naval da Horta, Geoparques Açores, Azorina, Hortaludus, entre outras, também tem tido um papel
36
fulcral no apoio dispensado às várias actividades desenvolvidas e em curso. A empresa Reis e Martins, Lda., os Museus do Faial e do Pico, o Whaling Museum of New Bedford, a Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta e a unidade de investigação interuniversitária Centro de História de Além Mar tem dado um contributo fundamental nos projectos que
visam estudar e divulgar aspectos ligados à história marítima do Faial e da Região.
Para divulgar as suas actividades, o OMA dinamiza uma página Internet (www.oma.pt). Para aprofundar a sua acção o OMA está aberto à colaboração de todos os apaixonados pelas temáticas do mar. O mar é a nossa maior riqueza natural e a sua valorização sustentável o nosso maior desafio.
Fonte das imagens: http://siaram.azores.gov.pt/
37
A Fábrica da Baleia de Porto Pim é um
complexo que se situa na parte sudoeste
da Baía Porto Pim, na encosta do Monte
da Guia. Este empreendimento industrial
começou a laborar em fase experimental
em 1942 e durante 32 anos, a empresa
proprietária SIMAL (Sociedade Industrial
Marítima Açoreana, Lda.) processou
1940 cachalotes que produziram 44 mil
bidões de óleo, entre outros sucedâneos!
Felizmente, em 1974, e acompanhando o
declínio mundial da indústria baleeira, a
fábrica fechou as suas portas.
Em 1980, o Governo Regional dos Açores
adquiriu todo o complexo fabril, que uns
anos mais tarde foi classificado como
Imóvel de Interesse Público.
Após recuperação, o Centro do Mar –
Fábrica da Baleia foi inaugurado em
2000, com o intuito de se tornar num
núcleo museológico de divulgação
cultural e científica. Quatro anos mais
tarde, o Observatório do Mar dos Açores
(OMA) instala aí a sua sede e desde então
tem sido a entidade gestora do espaço e
responsável pela sua dinamização. Em
2010, o complexo Fábrica da Baleia de
Porto Pim integrou o Parque Natural da
Ilha do Faial.
O núcleo museológico da fábrica
mantém-se como um dos melhores
exemplares da extinta indústria baleeira
açoriana, essencial para a compreensão
histórica, económica e social dessa
actividade. Os equipamentos usados no
processamento eram em grande parte
automatizados e funcionavam em
contínuo, constituindo à época uma
tecnologia avançada. O seu estado de
conservação actual deve-se muito ao
trabalho diligente do Patrão Manuel
Correia e do Sr. Manuel Amaral que
durante anos e por amor ao espólio, tudo
fizeram para que ele não se degradasse.
A exposição permanente, que inclui
praticamente toda a maquinaria original
da fábrica, ilustra o percurso do
processamento integral do cachalote de
outrora, para obtenção dos subprodutos
comerciais (óleo e farinhas). A fábrica
integra ainda um vasto espólio resultante
da intensa actividade baleeira que se
praticou no Faial no século XX,
gentilmente cedido pela empresa Reis e
Martins, Lda.
O núcleo museológico está aberto à
visitação pública e o visitante poderá
solicitar visitas guiadas. Em média, este
espaço tem sido apreciado por cerca de
7000 visitantes por ano. O roteiro da
fábrica inclui as salas das caldeiras de
vapor, das autoclaves e das farinhas e a
plataforma de desmancho e rampa de
varagem, onde se destaca a chaminé.
A sala dos óleos, com 8 tanques
subterrâneos e a sala Patrão Manuel, são
actualmente salas polivalentes.
A Loja da Fábrica, onde se pode adquirir artigos temáticos, localiza-se no edifício independente do complexo principal, que era usado como armazém de farinhas e óleos para exportação. Neste mesmo espaço está instalado o Centro Virtual de Interpretação Marinha, ou base do submarino CIMV 3000, um
38
equipamento tecnológico, desenvolvido pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que transporta os viajantes aos ambientes exóticos e profundos do Mar dos Açores.
Além do núcleo museológico
permanente, a Fábrica da Baleia de Porto
Pim é um espaço multiusos, aberto a
exposições temporárias, reuniões,
conferências, palestras, workshops,
cursos de pequena e média duração,
festas e actividades culturais diversas,
tanto organizadas pelo OMA, como pelos
seus parceiros e sociedade local.
Vale a pena visitar a Fábrica: usufrua de
um espaço atraente, com estética,
história e conteúdo, e depois relaxe na
praia ou no bar, enquadrados na
espectacular Baía de Porto Pim.
39
Troféu Atlantis Cup
Foi para nós uma grande honra e um privilégio, sermos convidados pelo Clube Naval da Horta,
para criar e executar com o nosso artesanato, os troféus para a Regata Atlantis Cup 2011.
As peças foram executadas em madeira de mogno /sapéli, pinho americano, faia portuguesa,
madeira de balsa para as ilhas e contraplacado marítimo para o verso.
Fazemos artesanato em madeira desde o Verão de 2003, e estamos inscritos como artesãos,
no CRAA – Centro Regional de Apoio ao Artesanato desde início de 2004.
Este tipo de arte é um hobby nosso pelo que nem sempre conseguimos ter muitas peças
disponíveis para venda ou exposição, apesar de já termos estado presentes em algumas das
feiras de artesanato da Semana do Mar, como aconteceu no ano passado.
A técnica de intarsia, deriva da marchetaria e consiste em utilizar diferentes tipos de madeiras,
de cores e espessuras diferentes, que depois de cortadas, lixadas e coladas compõem a peça
final.
Como acabamento final da peça, aplicamos verniz
incolor de preferência sem brilho ou de aspeto
acetinado, para realçar ao máximo os tons da
madeira.
Ao CNH os nossos agradecimentos por esta oportunidade, e bons ventos a todos os participantes da regata! Marta e Sérgio Scarlati
40
RENÉE FRANÇOISE AMARAL
A Atlantis Cup à imagem dos anos
anteriores, está de regresso ao mar dos
Açores, organizado pelo Clube Naval da
Horta, e integrada na Festa da Semana do
Mar.
Desde 2009 a largada desta Regata dá-se a
partir de Santa Maria, ligando assim 4 ilhas:
Santa Maria, São Miguel, Terceira e Faial.
Como todos sabemos esta Regata é uma
das mais importantes regatas costeiras do
panorama náutico nacional.
Esta regata como o próprio nome indica -
Regata da Autonomia tem o apoio da
Assembleia Legislativa da RAA, com a
perspectiva de proximidade entre as ilhas
do arquipélago.
Este ano como participantes da ilha anfitriã
temos as seguintes embarcações:
Soraya, Mariazinha, Rift, Xcape, Ilha da
Ventura.
- Há quantos participa nesta Regata?
-É o primeiro ano.
- Que sentimento há em participar numa regata, que têm o espírito de união das ilhas deste
arquipélago?
-Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de chegada, evidenciando o espírito competitivo,
ou é manifestamente de mera participação?
41
-É um pouco de ambas. Participamos porque gostamos de velejar, mas com o espírito de
darmos o nosso máximo para atingir o melhor resultado.
-Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com “palamenta” especifica tratando-
se de uma viagem de 220 milhas?
-No nosso caso já está equipado de base para viagens dessa natureza.
-A vossa tripulação é de quantas pessoas?
-6 tripulantes.
-Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta?
-Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da classe 40 (classe de barcos com 40 pés de
comprimento), seria um desejo vosso um dia poder participar numa regata desta envergadura,
sendo reconhecida como “fórmula 1” na modalidade náutica.
-Sim, claro!
Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)
42
- Há quantos participa nesta Regata?
-Já fiz 9 participações
- Que sentimento há em participar numa regata, que
têm o espírito de união das ilhas deste arquipélago?
-É importante a união entre as diversas ilhas e os
vários Clubes Navais, deveria haver mais
participação entre as tripulações, mais gente
envolvida fazendo desta regata uma festa maior,
esta regata devia estar directamente relacionada
com a Associação de Vela dos Açores, eu já
participei nesta regata com 60 embarcações que foi
fantástico.
-Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de
chegada, evidenciando o espírito competitivo, ou é
manifestamente de mera participação?
-Participamos sempre para fazer o nosso melhor, e
o melhor é ganhar, mas quando isso não acontece
ficamos também contentes.
-Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com “palamenta” especifica tratando-se de uma
viagem de 220 milhas?
-Tanto o barco como a tripulação estão preparados para fazer viagens desta natureza, a embarcação
está inscrita na classe oceânica, e a tripulação têm cartas de alto mar.
-a vossa tripulação é de quantas pessoas?
-9 px
-Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta?
-É tão bom chegar a casa …
-Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da classe 40 (classe de barcos
com 40 pés de comprimento), seria um desejo vosso um dia poder
participar numa regata desta envergadura, sendo reconhecida como
“fórmula 1” na modalidade náutica.
-Acima de tudo gostaria mais de experimentar um barco desta classe, do que fazer essa competição.
Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)
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- Há quantos participa nesta Regata
-Participo nesta regata a 9 anos.
- Que sentimento há em participar numa regata, que têm o
espírito de união das ilhas deste arquipélago?
-O sentimento é agradável pois é uma forma acessível de
realizar uma confraternização entre ilhas.
-Nesta Regata o objectivo é cruzar a linha de chegada,
evidenciando o espírito competitivo, ou é manifestamente
de mera participação?
-Nesta regata esta sempre presente o espirito competitivo
mas sempre bem apreciado o convívio em terra com as
diversas competições. Digamos que promove um pouco dos
dois mundos.
-Nesta regata há necessidade de equipar a embarcação com
“palamenta” especifica tratando-se de uma viagem de 220
milhas?
-Como a nossa embarcação está registada numa classe
onde apenas podemos circular no grupo central, pelo que
para a Atlantis cup pede-se uma autorização especial a capitania que é cedida desde que o barco
apresente a palamenta necessária para uma travessia destas.
-a vossa tripulação é de quantas pessoas?
-Este ano a tripulação do Mariazinha são 7
tripulantes.
-Que emoção se tem ao chegar ao porto da Horta?
-É sempre uma boa sensação pois quer dizer que
fizemos uma boa viagem e que tudo correu bem.
-A classificação está sempre presente mas chegar ao
destino é terminar e o grande objectivo.
-Tivemos na Horta à poucos dias uma regata da
classe 40 (classe de barcos com 40 pés de comprimento), seria um desejo vosso um dia poder participar
numa regata desta envergadura, sendo reconhecida como “fórmula 1” na modalidade náutica.
-Julgo que o sonho de qualquer velejador e realizar uma regata como a les sables - horta - les sables.
-Obviamente que e uma prova que não esta ao alcance de todos, requer uma preparação grande é um
grande investimento, e infelizmente nem sempre e fácil arranjar apoios nesse sentido.
Entrevista feita por: Renée Françoise Amaral (directora CNH)
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A escola de vela do Clube Naval da Horta impressiona de várias formas e logo
à primeira vista.
Impressiona pelo facto de todos e cada um dos jovens e crianças
cumprimentarem todos os demais sempre que chegam para um treino.
Impressiona por todos os atletas, dos 6 aos 18, se ajudarem
mutuamente.
Impressiona quando se vêm 10, 15, 20 atletas parados, na rampa, sem
entrar na água, à espera que o treinador apareça e lhes dê indicação para
seguir para o mar.
Porque é que isto impressiona ? Porque já não se vê…
Na verdade é já muito raro ver crianças que chegam a um sítio público,
incluindo a sua sala de aula, e cumprimentam todos os demais. Na escola de
vela do CNH isso é regra.
Também já é raríssimo ver adolescentes a ajudar crianças pequenas e
vice-versa, na execução das mais variadas tarefas. Na escola de vela isso é
regra. Porque nenhum atleta, pequeno ou grande, consegue virar o seu barco
sozinho, porque qualquer atleta pode vir a precisar de ajuda no mar, onde todos
os barcos têm o mesmo tamanho e servem para salvar num momento de
aflição… Porque os mais velhos sabem que os mais pequenos não conseguem
carregar os barcos - que são mais pesados que eles próprios – ou as velas –
gigantes para quem tem pouco mais que um metro… Mas também porque os
mais novos aprendem que a sua ajuda, tão pequena como o seu tamanho,
pode ser tudo o que falta…
Impressiona, também, porque é excepcional o nível de cumprimento das
regras. Consegue imaginar 10 crianças/jovens, calmamente, à beira da água, à
espera de um aceno para entrar? À espera durante alguns minutos? Sem a
supervisão directa do treinador?
Foram estes aspectos que me impressionaram de imediato e que me
fizeram inscrever o meu filho na escola de Vela do Clube Naval da Horta.
Desde então fiquei muito mais impressionada.
Fiquei impressionada com a motivação destas crianças e jovens. Uma
motivação que, no Verão, os faz prescindir das tardes de praia com a família e
amigos em troca de horas a preparar pequenos optimist, elegantes laser ou
velozes 420 e horas de treinos no mar, finalizadas pela lavagem e arrumação
de todo o equipamento. Uma motivação que, no Inverno, os faz sair do conforto
das suas casas, resistir ao chamamento das TVs e PSPs, para apanhar frio,
vento e chuva no meio da baía. Uma motivação que os faz mergulhar num 45
mundo totalmente novo, cheio de bolinas, popas e largos, retrancas e patilhões,
alhetas e vertedouros, orças, filaças e spis, estais e punhos da boca……… em
que não há esquerda e direita, cordas ou conduções….
Impressionou-me que estes atletas nunca briguem uns com os outros.
Excepcionalmente pode haver um «arrufo», uma troca de palavras, mas nada
mais. As crianças e jovens da escola de vela convivem sadiamente, sem
‘cortarem relações’ com o colega do lado, sem ‘cacetadas’, protegendo-se
mutuamente contra qualquer atitude desagradável de terceiros…
Impressiona a evidente felicidade, o êxtase, em que ficam ao saber que
vão chegar velas novas, novos barcos, novos mastros, etc. Ou a idêntica
felicidade que revelam quando descobrem que vão passar a usar uma vela ou
barco que, ainda que antigos, são de melhor qualidade que os seus actuais.
Impressiona a forma como, um dia de cada vez, uma onda ou refrega de
cada vez, estas crianças e jovens vão superando os seus medos e as suas
«falhas», lutando para ser melhores, para aguentar mais nós de vento, mar
mais «fresco», para fazer viragens mais rápidas, para rondar as bóias num
ápice…
Impressiona ver crianças e jovens passarem umas quantas horas do seu
fim de semana a reparar, a lixar e/ou polir o barco que lhes está atribuído,
arrastando os pais para o Clube, para «darem uma ajuda» … Alguém acredita?!
Impressiona a alegria, energia e vontade que têm quando entram em
competição… o orgulho que têm em levar mais longe o nome do Clube. Um
Clube que também fez por merecer os atletas que tem, apostando nestes
pequenos jovens, substituindo, com grande esforço financeiro, parte dos
equipamentos «velhotes» que existiam, etc.
Impressiona. Porque já não se vê….
Ass: uma mãe
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De 1 a 7 de Agosto acompanhe o diário da Atlantis Cup/Regata da Autonomia 2011, na RTP-Açores.
O programa com duração de cinco minutos, produzido pela Marimagens e apresentado por Joana
Rosa, tem transmissão a partir das 22h30.
O programa tem o patrocínio do Clube Naval da Horta, Assembleia Legislativa da Região Autónoma
dos Açores e Governo dos Açores.
Já começaram a chegar a Santa Maria os veleiros participantes da XXIII edição da Atlantis
Cup/Regata da Autonomia 2011. Até ao momento são treze os inscritos: dois de Lisboa, dois de
São Miguel, dois da Terceira, cinco do Faial e dois estrangeiros.
Para o dia de hoje, estão agendadas as verificações e medições técnicas, estando a largada prevista
para o dia um de Agosto por volta das 11h00.
A Atlantis Cup é uma organização do Clube Naval da Horta, com o alto patrocínio da Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores e Governo dos Açores.
Este evento conta com o apoio do Clube Naval de Santa Maria, Clube Naval de Ponta Delgada,
Angra Iate Clube, Câmara Municipal de Vila do Porto, Câmara Municipal de Ponta Delgada e
Câmara Municipal da Horta.
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Em mais um dia de preparação para a largada da Atlantis Cup continuam as verificações e
medições das embarcações.
Para hoje, está ainda agendado um briefing com os skippers seguindo-se um convívio entre toda a
tripulação, patrocinado pela Câmara Municipal de Vila do Porto, a partir das 18h00 no Clube Naval
de Santa Maria.
Até ao final do dia esperasse que estejam todas as embarcações preparadas para mais uma edição
da Atlantis Cup com largada prevista para as 11h00. Os concorrentes vão contar com ventos de
noroeste com força de 15 nós.
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Já chegaram a Ponta Delgada os veleiros da
Atlantis Cup, depois de terem partido ontem
(1/08/2011) pelas 13h00 de Santa Maria.
O Xcape de Luís Quintino foi o primeiro a
cortar a linha de chegada, demorando cerca
de dez horas a percorrer as 60 milhas
náuticas, vencendo assim na classe ORC2.
Ainda na mesma classe seguiu-se a
embarcação de Carlos Moniz, Rift, e o Avé
Maria, de Jorge Silva, demorando onze e
catorze horas, respectivamente.
Nesta primeira perna registou-se a primeira desistência da prova, a embarcação Harfang Two, a
competir em ORC2, não conseguiu completar a etapa.
Na classe ORC 3 a vitória da primeira perna foi para o Desafinado que completou a prova em
treze horas, seguindo-se o Mariazinha quarenta e cinco minutos depois, o São Gabriel, que
levou catorze horas, e o Celtic Dream com mais uma hora que o anterior.
Na classe cruzeiro, o Soraya de Frederico Rodrigues também saiu vencedor, com um tempo de doze
horas. Logo atrás, o Ilha da Ventura, com um total de catorze horas, o Reflections que levou dezassete
horas de viagem e o 5 Estrelas completou a etapa em dezoito horas. Até à hora de fecho da linha de
chegada, às 13h00, o Blue Chip ainda não tinha chegado, sendo assim desclassificado.
Para o dia de hoje (02/08/2011) está agendado para as 18h00 um encontro com os skippers seguindo-se
um convívio entre todos os participantes da Atlantis Cup. Amanhã (03/08/2011) a largada da segunda
etapa está prevista para as 11h00.
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Ao terceiro dia da Atlantis Cup (03/08/2011) os veleiros partiram para o mar pelas 11h00,
ligando as cidades de Ponta Delgada a Angra do Heroísmo, num total de 90 milhas náuticas,
que cumprem assim a segunda etapa da prova.
Na hora da largada, em Ponta Delgada, o vento soprava a uma velocidade de 8 nós.
Com menos um veleiro na frota, prevê-se que os doze participantes iniciem a chegar à Terceira
ainda esta madrugada.
Largada de São Miguel da Atlantis
Cup/Regata da Autonomia 2011
A segunda etapa da Atlantis Cup já navega rumo à Terceira. Com menos um veleiro na frota, os
participantes largaram de Ponta Delgada pelas 11h00.
Com o vento a rondar uma velocidade de 8 nós, aguardasse que os primeiros comecem a
chegar a Angra do Heroísmo durante esta madrugada.
Até ao momento os três primeiros em cada classe são: em ORC2 o Xcape, Rift e Avé Maria, na
ORC3 Desafinado, Mariazinha e São Gabriel, e em vela de cruzeiro o Soraya, Ilha da Ventura e
Reflections.
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4º dia Atlantis Cup/Regata da Autonomia 2011
A Atlantis Cup/Regata da Autonomia já está em Angra
do Heroísmo. Durante a madrugada foram chegando
as embarcações, depois de
terem saído de Ponta Delgada às 11h00.
Nesta segunda etapa, o Xcape de Luís Quintino foi
novamente o primeiro a chegar, com um tempo na linha de chegada de 10:50:39.
Ainda na classe ORC2 segue-se o Rift, de Carlos Moniz, com um tempo na linha de chegada de
12:48:46, bem como o Harfang Two com um tempo de 12:23:26.
Nesta classe o Avé Maria não conseguiu completar a etapa. Na classe ORC 3 o Desafinado repetiu o feito da primeira perna, ao chegar a Angra do
Heroísmo com um tempo na linha de chegada de 14:28:41. O Mariazinha, muito próximo do
Desafinado, principalmente na linha de chegada, conseguiu um tempo de 14:28:12. O São Gabriel e o Celtic Dream foram os que se seguiram nesta classe, obtendo um tempo na
linha de chegada de 14:49:16 e 15:28:03, respectivamente. Quanto à classe de cruzeiro, o Ilha da Ventura conseguiu um tempo na linha de chegada de
13:57:25, seguindo-se o Soraya com um tempo de 13:25:43 e o Reflections que na linha de chegada tinha m tempo de 15:32:35.
Nesta classe, e nesta segunda etapa, a embarcação 5 Estrelas não conseguiu terminar.
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No quinta dia de regata fomos conhecer a logística da Atlantis Cup. A organização explicou
todas as etapas do processo bem como o apoio de todos os clubes das várias ilhas por onde
passa a regata.
A Comissão de Regata, que certifica o comprimento das regras da prova, também explica qual
a sua acção.
A última etapa da Atlantis
Cup/Regata da Autonomia já navega
em direcção à Horta, depois de ter
largado hoje (07/08/2011), pelas
10h00, de Angra do Heroísmo. As
embarcações terão de percorrer uma
distância de 75 milhas náuticas,
naquela que é considerada a etapa
mais complicada da prova, devido às
opções de percurso que serão
tomadas, pelo norte de São Jorge,
entre o canal de São Jorge e Pico ou
pelo sul do Pico. Esta etapa será
ainda determinante para definir o
vencedor da classe de cruzeiro,
enquanto que na ORC2 e 3 os
vencedores estão praticamente
encontrados.
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