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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E
AGRONEGÓCIO
DISCIPLINA: LOGISTICA APLICADA AO AGRONEGÓCIO
ECONOMIA DO CUSTO DE TRANSAÇÃO APLICADA AO AGRONEGÓCIO:
ESTUDO DE CASO DA CARNE BOVINA
Silas José de Lima
Orientador: prof. Dr. Julio Eduardo da Silva Menezes
Palmas fevereiro de 2009
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ECONOMIA DO CUSTO DE TRANSAÇÃO APLICADA AO AGRONEGÓCIO:
ESTUDO DE CASO DA CARNE BOVINA.
Silas José de Lima*
* Mestrando em Desenvolvimento Regional e Agronegócio.
RESUMO
Esse trabalho tem por objetivo apresentar o referencial teórico do agronegócio,
bem como discutir a presença da Economia dos Custos de Transação (ECT) no
agronegócio e analisar a presença de custos de governança dentro da cadeia
produtiva da carne bovina. A primeira parte, seguida à introdução, apresenta o
conceitual teórico do agronegócio, da ECT e da cadeia de suprimentos (Supply
Chain). A seguir, apresenta-se a cadeia da carne bovina no estado e a
caracterização do frigorífico em estudo. Encerra-se o trabalho apresentando as
conclusões da discussão.
Palavras chaves: agronegócio, ECT, gado de corte.
1. INTRODUÇÃO
O agronegócio tem fundamental importância na balança comercial
brasileira, segundo dados do Ministério do Comercio Exterior, juntos o complexo
soja, carne, café e açúcar/álcool, responderam em 2008 por 20,3% das
exportações, o complexo carne respondeu por 7,2%. Daí a importância de estudar
o conceitual teórico do agronegócio.
A Economia dos Custos de Transação (ECT) está presente em
todas as cadeias produtivas. Nesse trabalho pretende-se analisar a presença dos
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custos de transação na cadeia produtiva gado de corte. Para isso estudou-se um
frigorífico do estado, responsável por parte das exportações do estado.
2. CONCEITUAL DO AGRONEGÓCIO
Os estudos sistemáticos em agronegócios têm suas origens em
duas correntes teóricas: Filière e Commodity Systems Approach (CSA), ambas
nasceram da carência de estudos na área da economia rural. A literatura a
respeito do agronegócio, tanto a nível nacional como internacional, é ampla e
diversificada. A maioria dos estudos concentra-se nos dois conceitos citados. Em
nível de Brasil, somente nas duas ultimas décadas é que se intensificaram os
estudos para a temática do agronegócio, desenvolvendo centros de estudos
altamente eficientes, como o PENSA ligado a fundações da Universidade de São
Paulo (FIA – Fundação Instituto de Administração, FIPE – Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas e FUNDACE – Fundação para a Pesquisa e
Desenvolvimento da Administração); o GEPAI (Grupo de Estudos e Pesquisas
Agro Industriais) ligado a UFSCar; o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada), ligado a USP; entre outros e vários programas de mestrados
e doutorados no assunto.
O conceito de Commodity Systems Approach (CSA) teve sua origem
nos trabalhos de Davis e Goldberg (1957) e Goldberg (1968). A partir dos
trabalhos desses dois autores, as interações entre a indústria de insumos para a
agricultura, o setor agrícola, as indústrias agro alimentares e o setor de
distribuição de alimentos, passaram a ter relevância em estudos acadêmicos
(FARINA & ZYLBERSZTAJN. 1994). Pesquisadores da Universidade de Harvard,
John Davis e Ray Goldberg desenvolveram o conceito de agribusiness como “a
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soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das
operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento,
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir
deles” (DAVIS & GOLDBERG. apud BATALHA. 2007. Pg. 3). Segundo
ZYLBERSZTAJN (2000) desde a publicação dos trabalhos desses dois autores, o
agronegócio e as relações de dependência entre a indústria de insumos,
produção agropecuária, indústria de alimentos e o sistema de distribuição não
podem mais ser negligenciados. O método de CSA é simples, o que não significa
que é desprovido de embasamento teórico, por isso e de fácil aceitação pelos
produtores, indústrias e governos, na formulação de estratégias
(ZYLBERSZTAJN. 2000). Os trabalhos que utilizam a metodologia de CSA
focalizam a seqüência de transformação, as firmas e os contratos entre os
agentes do sistema, o ambiente macroeconômico e o ambiente institucional. A
metodologia não deixa de contemplar os custos transacionais, FARINA &
ZYLBERSZTAJN (1994, pg 15) observam:
Em suma, Goldberg inclui muitas variáveis não tradicionais no seu estudo
de sistemas de agribusiness. A introdução da variável institucional bem
como a consideração do conceito expandido de firma, vista como um
complexo de contratos, indicam um afastamento da tradição puramente
neo-clássica e são aspectos importantes do CSA, embora não
reconhecidos explicitamente.
O conceito de Filière retoma a escola francesa de organização
industrial que considera como objeto de estudo a seqüência que vai desde as
firmas de insumos agrícolas até a distribuição final de um determinado produto,
embora os estudo de um sistema produtivo – cadeia de produção – dentro dessa
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metodologia deva começar de jusante a montante (do consumidor ao produtor).
Segundo MORVAN (Apud FARINA & ZYLBERSZTAJN. 1994, pg 16),
Filière representa a seqüência de operações que conduz produção de
bens, cuja articulação é amplamente influenciada pelas possibilidades
tecnológicas e é definida pelas estratégias dos agentes maximizadores de
renda. As relações entre os agentes são de interdependência ou
complementaridade, sendo determinadas pelas forças hierárquicas. Em
diferentes níveis analíticos, a filière é um sistema mais ou menos capaz de
assegurar a sua própria transformação.
Em sua essência, o conceito de filière não se distancia muito do
conceito de CSA. Segundo BATALHA (2007), mesmo surgidas em épocas e
lugares diferentes, as duas metodologias têm muitos pontos de convergência,
como: ambas realizam cortes verticais no sistema econômico a partir de
determinando produto, ou a partir de uma matéria-prima de base; ambas
entendem o sistema agrícola de uma forma mais ampla, incluindo a indústria de
insumos, os produtores, a indústria de transformação, distribuição e
consumidores; ambas adotam, potencialmente, estratégias de marketing, políticas
industriais, gestão tecnológica, delimitação de espaço dentro do sistema
produtivo; ambas usam o conceito de sucessão de etapas produtivas, dos
insumos até o produto acabado e a distribuição, para a orientação de construção
de análises. A diferença básica está na eleição de produto de análise, a CSA
parte, em sua maioria, de uma matéria-prima, como laranja, trigo, soja,
commodities estudados por Goldberg em 1968. Já a metodologia de Filière parte
do mercado final – produto acabado – em direção a matéria-prima. De acordo
com FARINA & ZYLBERSZTAJN (1994), mesmo ambas buscando aplicações de
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estratégias, o enfoque de Filière é mais voltado para políticas públicas e o de CSA
às estratégias corporativas.
As duas metodologias adotam dois aspectos que são cruciais, a
mesoanálise e o caráter sistêmico. Mesoanálise, segundo BATALHA (2007) é “a
análise estrutural e funcional dos subsistemas e de sua interdependência dentro
de um sistema integrado”. Sistema é um conjunto de elementos, existentes em
um meio ambiente que cumpre uma função ou exerce uma atividade que evolui
no tempo, com objetivos definidos. O enfoque sistêmico, nas duas abordagens,
pressupõe coordenações entre as ações de produtores, agroindústrias,
distribuidores, financiadores e logística de transporte (BATALHA. 2007).
3. O AGRONEGÓCIO E A NOVA ECONOMIA DAS INSTITUIÇÕES
A integração vertical – coordenação entre os elos da cadeia – e
contratos entre firmas estão presentes nos dois modelos. O próprio conceito
expandido de firma dentro da nova economia das instituições está, implicitamente,
presente nos dois modelos quando ressalta a adaptação a um ambiente em
constante mudança provocada por inovações tecnológicas, mudança na estrutura
legal, mudança nas instituições governamentais ou por reorganização da estrutura
concorrencial (FARINA & ZYLBERSZTAJN. 1994). Como tal, tanto o modelo de
Filière, quanto o de CSA, abarca a teoria da Economia dos Custos de Transação
(ECT).
Por firma tem-se o conceito de Coase (1937), (apud
ZYLBERSZTAJN e NEVES, 2000): “é uma relação orgânica entre agentes que se
realiza através de contratos, sejam eles explícitos, como os contratos de trabalho,
ou implícitos como uma parceria informal”.
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Segundo Goldberg (apud FARINA & ZYLBERSZTAJN. 2007), um
ACS (Agribusiness Commodity System) abarca todos os participantes envolvidos
na produção, processamento e distribuição de um produto agrícola. O sistema
inclui insumos agrícolas, produtores, armazenagem, indústrias de
processamentos, atacadistas e varejistas envolvidos no fluxo da commodity, dos
imputs iniciais ao consumidor final. Percebe-se ai a presença, ainda que implícita,
dos custos de transação na abordagem de CSA.
Uma abordagem a partir da teoria da Economia dos Custos de
Transação leva em conta que sempre existem custos de transação em um
sistema de preço e que as firmas não são neutras, ou seja, elas interferem nos
custos de transação.
O ambiente institucional interfere diretamente na transferência dos
direitos de propriedade, gerando custos. Outro fator, pela sua natureza, o mais
importante, é a especificidade dos ativos; a especificidade de um ativo implica
formas de governanças específicas, quanto mais específico for, mais dependência
bilateral, o que exige contratos que garantam a previsibilidade e a periodicidade
das transações relativas a esse ativo.
Há ainda os pressupostos comportamentais que são fundamentais
para sua compreensão, principalmente a racionalidade limitada e o oportunismo
de agentes da cadeia. Racionalidade limitada implica contratos incompletos que
não envolvem todas as informações contidas nas transações; oportunismo é um
conceito resultante da ação dos indivíduos em busca de seus interesses, no
entanto o auto-interesse pode ser buscado de forma não oportunista. Contratos
pré-estabelecidos, com clausulas que punem a quebra de contratos, inibem ao
oportunismo.
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Um ativo altamente específico deve privilegiar o uso de mecanismos
de coordenação cooperativa, com processos de negociação mais efetivo e
contratos que minimizem a prática oportunista. No entanto, um ativo de pouca
especificidade, deve-se permitir que as negociações sejam regulamentas pelo
mercado, não sendo necessária a preocupação com contratos, pois os custos de
transações serão mínimos, devido ao pouco poder bilateral, podendo ser
substituído por outro facilmente (BORTOLOTTI, 2008).
Para que as transações sejam feitas visando menor custo possível e
melhor cooperação entre os agentes, é comum a adoção de formas hibridas de
estrutura de governança. Nessa forma, combinam-se elementos de mercado,
como demanda e oferta, e elementos de hierarquias, como contratos formais,
informais e parcerias. Nos casos de produtos de menor especificidade, tem-se
preferência a regulamentação de mercado. A forma hibrida facilita a utilização de
contratos flexíveis e informais, com melhores possibilidades de contornar
distúrbios que não antecipados pelo mercado (BORTOLOTTI, 2008).
O uso da teoria de ECT não exclui a competitividade, pelo contrário,
quando enfocada a especificidade dos ativos, evoca a competitividade. Ao
considerar os custos de transação não exclui a competitividade, mas em alguns
casos a preserva, como é o caso de garantia de existência de firmas por meio de
acordos e contratos. Quando preserva a existência de firmas diversas em um
determinado setor, evita o monopólio, mantendo a competitividade entre elas. E,
quer seja por estratégias de competitividade ou por uma questão de
sobrevivência, as empresas se associam por meio de acordos e contratos
convenientemente firmados.
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Além da competitividade entre empresas, há também a
competitividade entre sistemas agroindustriais (cadeias produtivas), como por
exemplo, a da carne bovina, carne de frango, carne suína. A eficiência de uma
cadeia produtiva está relacionada à fluidez dos fluxos de informação e de
suprimentos de um elo ao outro, de montante a jusante, garantido a sobrevivência
de todo o sistema. A cooperatividade entre os agentes da cadeia, entre
agroindústria e produtores, entre indústrias de insumos e produtores, entre
indústrias e distribuidores, e até mesmo entre agentes do mesmo ponto do
sistema, como, por exemplo, troca de informações dentre produtores, acordos
entre indústrias que evitam concorrência predatória. Sempre visando preservar e
fortalecer a cadeia frente às cadeias concorrentes (FARINA & ZYLBERSZTAJN,
2007).
Essa cooperação, geralmente é feita através de contratos ou
acordos mediados por associações e cooperativas, na tentativa de evitar uma
concorrência que leve a falência de agentes menos competitivos. Um acordo é
interessante, pois evita embate entre as partes e preserva a competitividade entre
as empresas quando garantem a existência delas no mercado. “A cooperação
horizontal pode se tornar um importante fator de competitividade setorial quando
há externalidades significativas na atividade produtiva e inovativa”( FARINA &
ZYLBERSZTAJN. 2007, pg 41). Quando cria um ambiente de rede de
informações entre as firmas rivais dentro de um mesmo sistema agroindustrial, o
sistema se desenvolve e fortalece com o desenvolvimento de tecnologias de
produção e gestão eficientes.
A cadeia produtiva da carne bovina envolve cooperação entre
produtores primários e os frigoríficos. Os custos envolvidos nas negociações entre
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seus agentes, como produtores e frigoríficos, fornecedores de insumos e
criadores, podem ser melhor geridos se analisados a partir do conceitual da ECT.
A inexistência de contratos entre frigorífico e produtores, mesmo que
sejam informais, pode levar a falta de matéria prima para o frigorífico. Diante da
inexistência de contratos, a captação de matéria prima sem o prévio
conhecimento de sua qualidade implica riscos ao frigorífico. Em muitos casos o
mercado é exigente, e a rastreabilidade do produto é necessária. Somente com
uma firma estruturada, com contratos estabelecidos é possível ter controle sobre
a qualidade e os fornecimentos regular de matéria prima.
A adoção do aporte teórico da nova economia institucional
(Economia de Custo de Transação) possibilita a melhor gestão da cadeia de
suprimentos (Supply Chain Management), diminuindo a quantidade de
fornecedores, facilitando a troca de informações e garantindo a regularidade
dentro da cadeia de cada indústria. Com uma quantidade de fornecedores menor,
os pontos de conflitos diminuem e são mais fáceis de serem gerenciados.
4. CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN MANAGEMENT)
Segundo BALLOU (2006) Cadeia de Suprimentos é definida como
um conjunto de atividades funcionais, como transportes e controle de estoques,
que se repetem e se estruturam ao longo do canal por onde passa um produto,
desde a obtenção da matéria prima até o consumidor final. A medida que matéria
prima são transformadas em produtos ao longo da cadeia, valores são agregados
ao cliente, pois a fonte de matéria prima e o consumidor final, geralmente, estão
em locais diferentes e dificilmente uma única firma tem condições controlar todo o
processo de produção.
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A montante a empresa tem um conjunto de fornecedores que atuam
em conjunto, para garantir o suprimento de matéria prima. Os níveis de
fornecedores vão de imediato (fornecedores diretos) aos de segundo nível, os que
são fornecedores dos fornecedores e assim sucessivamente. Da mesma forma a
jusante tem-se um conjunto de clientes que, também, estão dispostos em níveis,
os que atuam diretamente, como os atacadistas e os que estão em segundo nível
como os varejistas, e assim sucessivamente, até o cliente final (FABRICIO, 2004).
A atividade empresarial, ao disponibilizar produtos antes
indisponíveis, agrega valores ao cliente como forma, tempo, lugar e posse. A
produção cria valor de forma, na medida em que transforma matéria prima em
produtos e a logística cria valor de tempo e lugar, disponibilizando o produto no
sentido a jusante da cadeia, e criando fluxo de informação tanto a jusante quanto
a montante da cadeia de suprimentos. O produto só tem valor se estiver ao
alcance do cliente. O gerenciamento da cadeia de suprimentos envolve a
produção e a logística de distribuição do produto, por tanto é responsável pela a
agregação de valores de forma, tempo e lugar, ficando para o marketing e para as
finanças, a agregação de valor de posse (BALLOU, 2006).
Segundo Bortolotti (2008) ao se reportar a Cooper e Lambert, dois
fatores devem ser considerados na estruturação de gerenciamento da cadeia de
suprimentos: a complexidade dos produtos e a escassez de matéria prima, e em
segundo lugar o tamanho da cadeia e o número de fornecedores e consumidores
de cada elo da cadeia.
De acordo com Batalha (2007) o gerenciamento da cadeia de
suprimentos é relevante na definição de indicadores de desempenho dos níveis
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de serviços prestados aos clientes, internos e externos, pelos participantes da
cadeia.
Segundo Bortolotti (2008), o conceito de gerenciamento da cadeia
de suprimentos baseia-se no controle da rede de trabalho e na integração dos
processos entre os agentes, visando o consumidor final. Por tanto, o conceito
induz os participantes a planejarem em conjunto o fluxo de materiais e de
informações, tanto a jusante, como a montante. A decisão de um elo da cadeia
impacta todos os demais participantes.
5. GADO DE CORTE NO ESTADO DO TOCANTINS.
O estado do Tocantins está situado na região Norte do país, na
posição central. Antigo norte de Goiás, criado pela constituição de 1988, instalado
a partir de primeiro de janeiro de 1999. O estado é de clima semi-árido, com 87%
de serrado e 12% de florestas de transição amazônica. A pecuária é uma das
atividades agrícolas presente no estado. Segundo dados do IBGE (2006), com
mais de 6 milhões de animais, o rebanho bovino é o décimo do país. Além de
abastecer o estado, parte da produção é exportada para outros estados e para
outros países.
Os sistemas predominantes de criação são o extensivo e o semi-
extensivo. O sistema extensivo consiste em usar apenas pastagens para a cria e
a engorda do animal. O sistema semi-extensivo, além da pastagem, é usado
complementos alimentares como ração e suplementos minerais. Existem também
alguns criadores que utilizam o sistema intensivo para engorda, esse sistema
mantém os animais confinando, tratados com ração.
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Segundo dados da ADAPEC (Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Tocantins) o rebanho do estado em novembro de 2008 foi contado em
7.336.468 animais. Segundo SECOM (Secretaria de Comunicação do estado) No
estado existem 9 frigoríficos inspecionados pelo SIF e 8 pelo SIE, além de
abatedouros que sõ inspecionados pelas prefeituras municipais e que são
responsáveis pelo fornecimento nas menores cidades. Além dos abatedouros
municipais, há casos de abatedouros clandestinos, freqüentes de pequenas
cidades.
A produção primária é feita por produtores independentes e por
produtores cooperados. A negociação entre os produtores, principalmente os
independentes, e o frigorífico é feita, geralmente, por compradores credenciados
que negociam diretamente com o produtor. Há também os produtores que
negociam diretamente com os frigoríficos. Em fim, entre os produtores
independentes e os frigoríficos, inexistem contratos firmados, o que dificulta o
controle de custos com transação nesse elo da cadeia produtiva, dando
preferência pela lei de mercado.
A dificuldade de estabelecimento de contratos se deve a diversidade
dos produtores e ao oportunismo presente. Excetuando os produtores
cooperados, dificilmente um produtor firmará contrato de fornecimento de animais
a um determinado frigorífico, preferindo a regulamentação do mercado – vendem
a quem pagar mais.
Os frigoríficos inspecionados pelo SIF têm a possibilidade de
exportar para outros países. Segundo dados do Ministério Indústria e Comércio
Exterior, o estado exportou em 2008, 14,6 mil toneladas de carnes desossadas e
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miúdos congelados, 49,18 milhões em dólares, representando 16,5% das
exportações do estado, sendo que a soja representou 81,93%.
6. ESTUDO DE CASO
O frigorífico Cooperfrigu – Cooperativa dos Produtores de Carne e
Derivados de Gurupi, situa-se na cidade de Gurupi, no Sul do estado, a 240 km de
Palmas, capital, às margens da BR 153.
A cooperativa conta com 32 cooperados no estado, responsáveis
pela produção primária do frigorífico. Além dos cooperados, o frigorífico compra
matéria prima de produtores próximos da planta industrial. Os custos com
negociação são baixos devidos aos contratos de cooperados e às negociações
com outros produtores baseadas na lei de mercado. Para manter a produção na
entre safra, a cooperativa dispõem de confinamento, que além de animais
próprios, engorda animais no sistema de partilha do ganho de peso. Mesmo com
o confinamento, a produção do frigorífico na entre safra cai acima de 20%.
As exportações do frigorífico são feitas via porto de Santos, FOB,
com transporte até o porto via terrestre, com frota terceirizada, seguro por conta
do frigorífico, com apólice guarda-chuva. Os prazos de entrega são cumpridos em
90% das entregas.
Depois de industrializada, a carne é mantida, em média, 6 dias no
frigorífico. Por tanto os gastos com estocagem são baixos.
Cerca de 50% da produção do frigorífico é destinada a exportação.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
o frigorífico respondeu, em 2008, por 14,16% das exportações do estado, ficando
em segundo lugar, perdendo para a indústria da soja. Percebe-se por tanto que a
cooperativa é imprescindível para a balança do estado.
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Os custos de transação nos contratos, com os fornecedores, são
diminuídos devido ao cooperativismo, e na distribuição, para exportação é
mantido um escritório da empresa em Goiânia para facilitar e baratear as
negociações.
7. CONCLUSÃO
A cadeia produtiva da carne é de fundamental importância para a
economia do estado. Ocupando o décimo lugar no país em número de animais, o
estado é exportador de carne congelada e a Cooperfrigu é o maior exportador do
setor do estado. Os custos de transação, nos contratos firmados entre os
fornecedores, são minimizados devido ao cooperativismo. No atendimento ao
cliente, os custos de transação são mais difíceis de serem geridos, por isso são
estabelecidos contratos formais.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO TOCANTINS.
Disponível em: http://adapec.to.gov.br/conteudo.php?id=113, acesso em fevereiro
de 2009.
BATALHA, M. O. Coordenador. Gestão Agroindustrial. 3 ed. São Paulo, Atlas,
2007
BORTOLOTTI, M. A. Governança na cadeia produtiva de suínos; estudo de
caso de duas cooperativas no oeste catarinense. Dissertação de mestrado em
Extensão Rural. Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, Centro de
Ciências, 2008.
FABRICIO, G. M. Proposta de uma sistemática para análise da
competitividade de cadeias de suprimentos agroindustriais – o caso de uma
empresa vitivinícola. Dissertação de mestrado profissionalizante em engenharia
– ênfase em produção. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2004.
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FARINA, E. M. M. Q. & ZYLBERSTAJN, D. Competitividade e Organização das
Cadeias Agroalimentares In ZYLBERSTAYN, D.; GIORDA, S. R.; GONÇALVES,
M. L. Fundamentos do Agribusiness – I Curso de Especialização em
Agribusiness. Campina Grande Pb, UFPb/ PENSA/ USP/PENSA, 1996.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR.
Disponível em: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/, acesso em abril de 2009.
SECRETARIA DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DO
ESTADO DO TOCANTINS. Disponível em: http://seagro.to.gov.br/conteudo.php?
id=64, acesso em fevereiro de 2009.
SECRETARIA DA COMUNICAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS. Disponível
em: secom.to.gov.br/noticia.php?id=13978, acesso em fevereiro de 2009.
ZYLBERSTAJN, D. & NEVES, M. F. Organizadores. Economia e Gestão
Agroalimentares .São Paulo, Pioneira, 2000.
ZYLBERSTAJN, D. Estrutura de Governança e Coordenação do
Agribusiness: Uma Aplicação da Nova Economia das Instituições. Tese de
Livre Docente. São Paulo, FEAC/USP, 1995.
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