Post on 06-Jul-2020
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Hellen de Oliveira Valentim Campos
“DURAÇÃO DOS SEGMENTOS VOCÁLICOS ORAIS,
NASAIS E NASALIZADOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO”
Belo Horizonte
2009
2
Hellen de Oliveira Valentim Campos
“DURAÇÃO DOS SEGMENTOS VOCÁLICOS ORAIS,
NASAIS E NASALIZADOS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção de título de Mestre em Lingüística Teórica e Descritiva. Área de Concentração: Lingüística Teórica e Descritiva Linha de Pesquisa: Organização Sonora da Comunicação Humana Orientador: Prof Dr. Rui Rothe-Neves
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2009
3
AGRADECIMENTOS
À Deus, meu Senhor e Salvador, por ter me permitido realizar este trabalho e por seu
amor e fidelidade infinitos.
Ao Prof. Dr. Rui Rothe-Neves, meu orientador, que acreditou em mim e me concedeu
auxílio com suas orientações fundamentais.
A todos os falantes que participaram deste estudo, por terem contribuído com tempo e
disposição para que a realização deste trabalho fosse possível. Pude ver neles o interesse em
me ajudar.
Às minhas ex-professoras e fonoaudiólogas exemplares, Dra. Camila Queiroz Morais
Silveira Di Ninno e Marisa Viana, por terem me inspirado, incentivado e apoiado na
realização deste trabalho.
Às monitoras do Laboratório de Fonética (Labfon), por sempre me atenderem com
muita boa vontade e eficiência.
Ao Átila e à Débora, meus companheiros de república, por me ouvirem nos momentos
difíceis.
Aos meus pais, Robson e Elena, a minha enorme e sincera gratidão por serem os
maiores incentivadores deste trabalho, pelo amor e apoio incondicionais. Vocês são o meu
referencial de vida!
Aos meus irmãos, Letícia e Rafael, pelo amor, apoio e por sempre “torcerem” por
mim.
Ao Nivton, meu “maridão” e meu grande amor, por sempre ter compreendido meus
momentos de ausência, pelos inúmeros auxílios das mais diversas formas e por seu grande
apoio e incentivo.
4
RESUMO
Este trabalho teve o intuito de investigar a influência da qualidade vocálica, do grau de
nasalidade, do modo de articulação da consoante subseqüente e do ponto de articulação da
consoante subseqüente sobre a duração das vogais /a/, /i/ e /u/ orais, nasais e nasalizadas sem
incluir a medida do murmúrio nasal, quando presente, e sobre o murmúrio nasal. Foi utilizada
a análise espectrográfica dos sons para a obtenção dos dados. Participaram deste estudo 15
homens maiores de 18 anos de idade. Os resultados revelaram que, mesmo sem a inclusão da
medida do murmúrio nasal, as vogais nasais tiveram suas durações maiores que as orais. A
duração da vogal dependeu não apenas da nasalidade, mas da qualidade vocálica, do ponto de
articulação da consoante subseqüente e do modo articulatório da consoante subseqüente. A
presença e a duração do murmúrio nasal não dependeram da qualidade vocálica nem do ponto
de articulação da consoante subseqüente. A presença do murmúrio nasal dependeu do modo
articulatório da consoante subseqüente. Além disso, os achados deste estudo permitiram
concluir que a inclusão do murmúrio nasal na medida de duração das vogais nasais pode ser
desnecessário.
Palavras chave: vogal nasal; análise acústica; duração; murmúrio nasal.
5
ABSTRACT
This dissertation aimed at investigating the influence of voice quality, nasality, manner
and place of articulation of the subsequent consonant on the duration of vowels /a/, /i/ e /u/
without including the measure of the nasal murmur, when present and on the nasal murmur
itself. Spectrographic analysis of sounds was used to obtain the data. The study included 15
men aged over 18 years old. Results showed that even without the inclusion of the extent of
the nasal murmur, nasal vowels had longer durations than their oral counterparts. The duration
of the vowel depends not only on the nasality, but the voice quality, the manner of articulation
of the subsequent consonant and the point of articulation of the subsequent consonant. The
presence and duration of nasal murmur did not depend on the voice quality or the point of
articulation of the subsequent consonant. The presence of nasal murmur depended on the
manner of articulation of the subsequent consonant. The findings indicated that the inclusion
of nasal murmur in the duration of nasal vowels may be unnecessary.
Key Words: nasal vowel; acoustic analysis; extent; nasal murmur.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Tela de exibição dos slides do Programa CorpusViewer® ..............................p 36
Figura 2: Imagem da tela de etiquetagem do Programa de Análise Acústica Praat 5.0.10..p 38
Figura 3: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] orais diante de fonema fricativo inseridas
nas palavras: “Caça”, “Piço” e “Súcia”.............................................................................p 42
Figura 4: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] orais diante de fonema plosivo inseridas
nas palavras: “Cata”, “Pito” e “Luto”................................................................................p 43
Figura 5: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] nasalizadas diante de fonema fricativo
inseridas nas palavras: “Cana”, “Pino” e “Túnel”.............................................................p 44
Figura 6: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] nasalizadas diante de fonema plosivo
inseridas nas palavras: “Cana”, “Pino” e “Uno”. ............................................................. p 45
Figura 7: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] nasais diante de fonema fricativo inseridas
nas palavras: “Cansa”, “Pinço” e “Núncio”.......................................................................p 46
Figura 8: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
7
estável das vogais. Análise das vogais [a], [i] e [u] nasais diante de fonema plosivo inseridas
nas palavras: “Canta”, “Pinto” e “Unto”............................................................................p 47
Figura 9: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função
dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte
estável das vogais. Análise da vogal [a] oral, nasalizada e nasal diante de fonema fricativo e
plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Caça”, “Cana”, “Cansa”, “Cata”, “Cana” e
“Canta”..................................................................................................................................p 48
Figura 10: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em
função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração
da parte estável das vogais. Análise da vogal [i] oral, nasalizada e nasal diante de fonema
fricativo e plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Piço”, “Pino”, “Pinço”, “Pito”,
“Pino” e “Pinto”....................................................................................................................p 49
Figura 11: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em
função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração
da parte estável das vogais. Análise da vogal [u] oral, nasalizada e nasal diante de fonema
fricativo e plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Súcia”, “Túnel”, “Núncio”,
“Luto”, “Uno” e “Unto”........................................................................................................p 50
Quadro 1 – Modelo Linear com grau de nasalidade, qualidade vocálica e modo de articulação
da consoante subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das
vogais....................................................................................................................................p 52
Quadro 2 – Modelo Linear com grau de nasalidade e modo de articulação da consoante
subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais........p 53
Quadro 3 – Modelo Linear com grau de nasalidade e qualidade vocálica como variáveis
explicativas sobre a duração da parte estável das vogais......................................................p 54
Quadro 4 – Modelo Linear com modo de articulação da consoante subseqüente e qualidade
vocálica como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais..............p 55
8
Quadro 5 – Modelo Linear com o grau de nasalidade como variável explicativa sobre a
duração da parte estável das vogais......................................................................................p 56
Quadro 6 – Modelo Linear com o grau de nasalidade, modo articulatório da consoante
subseqüente e qualidade vocálica como variável explicativa sobre a duração da parte estável
das vogais sem considerar a vogal [u]...................................................................................p 57
Quadro 7 – Modelo Linear com o grau de nasalidade, modo articulatório da consoante
subseqüente e qualidade vocálica como variável explicativa sobre a duração da parte estável
das vogais sem considerar a vogal [a]...................................................................................p 58
Figura 12: Representação da interação da nasalidade, da qualidade vocálica e do modo de
articulação da consoante subseqüente sobre a duração da vogal..........................................p 59
Figura 13: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração do
murmúrio nasal em função da qualidade vocálica................................................................p 61
Quadro 8 – Modelo Linear utilizado para explicar a importância da variável explicativa
qualidade vocálica sobre a duração do murmúrio nasal.......................................................p 62
Figura 14: Relação entre a duração total (período de transição+período estável+murmúrio
nasal) e a duração do murmúrio nasal...................................................................................p 63
Quadro 9 – Modelo Linear: Relação entre a duração total da vogal (período da transição+parte
estável+murmúrio nasal) e a duração do murmúrio nasal...........................p 64
Figura 15: Relação entre a duração do período estável da vogal associado à duração do
murmúrio nasal e a duração do murmúrio nasal...................................................................p 65
Quadro 10 – Modelo Linear: Relação entre a duração da vogal(parte estável) +murmúrio
nasal e a duração do murmúrio
nasal.............................................................................................p 66
9
Figura 16: Relação entre a duração do período de estabilidade da vogal e a duração do
murmúrio nasal.....................................................................................................................p 67
Quadro 11 – Modelo Linear: Relação entre a duração da parte estável da vogal e a duração do
murmúrio nasal.....................................................................................................................p 68
Figura 17: Gráfico do tipo Boxplot. Distribuição dos valores de duração em segundos (s) em
função dos fatores: nasalidade e ponto de articulação da consoante subseqüente sobre a
duração da parte estável das vogais......................................................................................p 69
Quadro 12 - Modelo Linear com grau de nasalidade e ponto de articulação da consoante
subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais........p 70
Quadro 13 - Modelo Linear com o ponto de articulação da consoante subseqüente como
variável explicativa sobre a duração do murmúrio nasal......................................................pg71
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Vocábulos incomuns no Português Brasileiro e seus respectivos
significados...........................................................................................................................p 35
Tabela 2: Média e desvio padrão do período estável das vogais [a], [i], [u] orais, nasalizadas e
nasais seguidas por consoante plosiva e fricativa ................................................................p 41
Tabela 3: Média e Desvio padrão da duração do murmúrio nasal diante de consoante velar
(vocábulo “Banco”), Dental (vocábulo: “Canta”) e Bilabial (vocábulo: “Campo”)........p 71
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................p12
1.1 Problemas e Hipóteses..................................................................................................p13
1.2 Objetivos .......................................................................................................................p14
1.2.1Geral ............................................................................................................................p14
1.2.2Específicos ...................................................................................................................p14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................p16
2.1 Produção da Nasalidade ..............................................................................................p16
2.2 Vogal nasal: descrição articulatória e acústica .........................................................p17
2.3 Estudos sobre a duração de vogais nasais .................................................................p20
2.4 Espectrografia...............................................................................................................p24
2.5 Murmúrio nasal............................................................................................................p24
2.6 Função Lingüística da Nasalidade .............................................................................p27
2.6.1 Fonética Descritiva ...................................................................................................p27
2.6.2 Fonologia Articulatória ...........................................................................................p32
3 . MÉTODO .......................................................................................................................p33
3.1 População .....................................................................................................................p33
3.2 Corpus............................................................................................................................p34
3.3 Coleta de dados.............................................................................................................p36
3.4 Análise dos dados..........................................................................................................p37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................p41
5. CONCLUSÕES ..............................................................................................................p76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................p78
ANEXOS .............................................................................................................................p83
12
1 INTRODUÇÃO
A nasalidade, por ser considerada um fenômeno acústico complexo, é tema de muitas
investigações científicas. Inúmeros trabalhos, como será visto ao longo da revisão de
literatura, têm abordado o estudo da nasalidade sob os mais diversos ângulos.
Para a produção de fonemas nasais ocorre a abertura do esfíncter velofaríngeo, o que
ocasiona a comunicação entre as cavidades oral e nasal e, conseqüentemente, uma fala com
ressonância nasal. Quando acontece o acoplamento do trato oral ao nasal, as características de
ressonância de todo o trato se alteram, e os dois ressoadores em questão formam uma unidade
cujas freqüências interagem entre si segundo um padrão muito complexo, não reduzidas
simplesmente à soma das duas cavidades em separado. Este sistema como um todo, sofre
alterações de acordo com a vogal articulada (SOUZA, 1994).
A duração de fonemas nasais já foi explorada por outros estudos (DI NINNO, 2008;
JESUS, 1999; MORAES E WETZELS, 1992) que encontraram um alongamento da vogal
nasal em relação a sua contraparte oral. Nas medidas de duração dos fonemas nasais, estes
estudos incluíram a duração do murmúrio nasal, por o terem considerado como parte
integrante destes sons.
A FAR (Fonologia Articulatória) postula que o murmúrio nasal é um gesto de abertura
do véu palatino que inicia após o início da sobreposição do gesto vocálico e termina depois do
fim deste. A existência ou não da consoante nasal “intrusiva” (murmúrio nasal) depende da
sobreposição do gesto consonantal seguinte e os gestos vocálico e velar, que não é
especificada no léxico, podendo variar de acordo com o contexto prosódico, segmental ou
pragmático (ALBANO, 1999).
Tendo em vista que o murmúrio nasal não tem ocorrência sistemática (JESUS, 1999;
SEARA, 2000; SOUZA, 1994), que a sua presença ou ausência pode não determinar na
percepção da nasalidade (SEARA, 2000) e levando em conta o que é postulado pela FAR,
acredita-se que o murmúrio nasal possa não fazer parte da vogal nasal e que, por isso, suas
medidas não devam ser incluídas nas medidas de duração das vogais nasais.
Dessa forma, este estudo se propôs a investigar as medidas de duração das vogais
nasais sem incluir o murmúrio nasal e verificar se o alongamento da vogal nasal, conforme é
relatado em outros estudos, se mantém mesmo na ausência do murmúrio nasal. Além disso
também foi pesquisada a influência da qualidade vocálica, do ponto articulatório da consoante
13
subseqüente e do modo de articulação da consoante subseqüente na duração da vogal nasal e
na presença e duração do murmúrio nasal.
Este trabalho foi dividido em cinco tópicos principais da seguinte forma: Introdução;
Fundamentação Teórica; Método; Resultados e Discussão e Conclusões. Seguindo estes
tópicos, foram apresentados as referências bibliográficas e os anexos. A introdução
contextualiza para o leitor o tema a ser abordado e pontua o problema a que o trabalho se
propõe a resolver, as hipóteses e objetivos. Na fundamentação teórica é feita uma revisão de
literatura que aborda assuntos relacionados às vogais nasais e seus estudos. Em seguida, o
método utilizado foi descrito em detalhe. E, finalmente, os resultados são discutidos à luz da
literatura utilizada no trabalho.
1.1 Problemas e Hipóteses
Conforme já foi mostrado anteriormente, não existe na literatura um consenso quanto
ao papel do murmúrio na nasalização das vogais. A nasalidade vocálica não depende de sua
presença ou duração (JESUS, 1999). Os estudos que incluíram o murmúrio nasal na duração
das vogais nasais não justificaram, acústica e articulatoriamente, o motivo de terem usado este
método, uma vez que este segmento não está presente nas definições das características
acústicas e articulatórias deste tipo de vogal.
De acordo com o que foi exposto acima, este estudo buscou responder às seguintes
perguntas: O alongamento da vogal nasal em relação às suas correlatas oral e nasalizada
também é presente quando o murmúrio nasal é excluído da medida de duração? A duração da
vogal nasal depende da qualidade vocálica, do ponto de articulação da consoante subseqüente
e do modo articulatório da consoante subseqüente? A presença e a duração do murmúrio nasal
dependem da qualidade vocálica, do ponto de articulação da consoante subseqüente e do
modo articulatório da consoante subseqüente?
As hipóteses levantadas por este estudo foram: a maior duração das vogais nasais em
relação às suas contrapartes orais, encontrada nos estudos citados acima, é devido à inclusão
do murmúrio nasal nesta medida e os valores de duração da vogal nasal sem a inclusão do
murmúrio nasal poderiam ser diferentes dos encontrados nestes estudos; a qualidade vocálica,
o ponto de articulação da consoante subseqüente e o modo de articulação da consoante
subseqüente podem interferir nas medidas de duração da vogais nasais; a qualidade vocálica,
14
o ponto de articulação da consoante subseqüente e o modo articulatório da consoante
subseqüente podem interferir nas medidas de duração do murmúrio nasal.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O intuito do presente trabalho foi verificar se o alongamento de vogais nasais em
relação às suas correlatas oral e nasalizada, conforme é apresentado em diversos estudos (DI
NINNO, 2008; JESUS 1999; SOUZA, 1994), também é presente quando o murmúrio nasal
não é incluído na medida de duração, assim como verificar se o tipo de vogal em questão, o
ponto de articulação da consoante subseqüente e o modo de articulação da consoante
subseqüente interferem na duração das vogais nasais e na presença e duração do murmúrio
nasal.
1.2.2 - Objetivos Específicos:
- Investigar, por meio de análise espectrográfica, a duração de segmentos vocálicos
produzidos por falantes normais do dialeto mineiro, incluindo a análise das vogais orais [a],
[i] e [u] e suas correlatas nasais e nasalizadas em diferentes ambientes fonéticos (seguidas de
consoantes plosivas e fricativas e consoante velar, dental e bilabial) sem a inclusão do
murmúrio nasal, quando presente;
- Medir, por meio de análise espectrográfica, a duração do murmúrio nasal, se presente
em vogais nasais;
- Pesquisar a influência de aspectos lingüísticos como o tipo de nasalidade, a qualidade
vocálica, o ponto articulatório da consoante subseqüente e o modo da consoante subseqüente
na duração de vogais nasais do PB (Português Brasileiro) e na presença e duração do
murmúrio nasal;
- Verificar se o alongamento de vogais nasais depende da presença do murmúrio nasal;
15
- Contribuir aos estudos lingüísticos sobre nasalidade, por meio da descrição acústica
das vogais nasais do Português Brasileiro.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Produção da Nasalidade
O estudo da nasalidade implica em uma gama enorme de considerações dos mais
diversos tipos. Por isso, optou-se neste tópico por abordar a sua produção de uma forma
sintética, uma vez que tal descrição não é o objeto principal do presente trabalho.
A produção da voz acontece no conduto vocal, que é o conjunto de cavidades e
estruturas anatômicas que atuam diretamente na produção sonora, tendo como limite inferior a
região glótica, e os lábios e/ou narinas como limite superior. Durante a fonação, o ar que sai
dos pulmões passa pela glote, produzindo a vibração das pregas vocais, que se encontram
inseridas nesta região. Tal vibração produz um som que é formado por uma freqüência, dita
fundamental, e por várias outras, múltiplos inteiros desta, denominados harmônicos, que
perdem intensidade progressivamente, na medida em que aumentam sua freqüência (JESUS,
1999).
Segundo o Modelo Fonte e Filtro, o som produzido na fonte (pregas vocais) é
transferido para as cavidades supraglóticas, onde ocorre o processo de filtragem ou efeito de
ressonância, que é gerado pelas ondas estacionárias, ou seja, a sobreposição de ondas em uma
mesma fase e que depende de fatores tais como o material, a tensão e a massa. Quando a onda
sonora tem afinidade com as características e dimensões do tubo de ressonância, é criado um
padrão de onda estacionária, que permite a amplificação da onda sonora, estabelecendo-se os
formantes. Estes são harmônicos amplificados pelo trato vocal e identificam as vogais de uma
língua (AZEVEDO e MIRANDA, 2005).
As consoantes e vogais são produzidas pela modificação da energia acústica pelos
articuladores na boca, que são: lábio, língua, palato, dentes e mandíbula e pelas características
de ressonância das várias cavidades do conduto vocal: faringe, cavidade nasal e cavidade oral.
(JESUS, 1999)
Na produção de fonemas orais ocorre o fechamento do esfíncter velofaríngeo, o que
ocasiona uma separação entre as cavidades oral e nasal, e a condução da corrente aérea para a
cavidade oral. Em contrapartida, na produção dos fonemas nasais (consoantes e vogais)
ocorre uma abertura do esfíncter velofarínegeo, o que possibilita a comunicação entre as duas
cavidades e, conseqüentemente, uma fala com ressonância nasal.
17
Quando acontece o acoplamento do trato oral ao nasal, as características de
ressonância de todo o trato se alteram, e os dois ressoadores em questão formam uma unidade
cujas freqüências interagem entre si segundo um padrão muito complexo, não reduzidas
simplesmente à soma das duas cavidades em separado. Este sistema como um todo, sofre
alterações de acordo com a vogal articulada (SOUZA, 1994).
Como foi visto acima, a produção de vogais e consoantes nasais depende da
comunicação entre as cavidades oral e nasal. Tal acoplamento ocasiona diversas modificações
em todo o processo de produção sonora.
Estão descritos abaixo os eventos acústicos e articulatórios presentes na produção das
vogais nasais e que são fundamentais para a compreensão deste fenômeno.
2.2 Vogal nasal: descrição articulatória e acústica
Em um primeiro momento será apresentada a descrição articulatória, seguida da
descrição acústica.
Conforme foi citado anteriormente, a produção de nasalidade se dá, no aspecto
articulatório, pelo abaixamento do véu palatino e conseqüente acoplamento do trato oral ao
nasal (SEARA, 2000).
Machado (1993), em uma pesquisa sobre os aspectos articulatórios da vogal nasal,
concluiu que as vogais nasais diferem de suas correlatas orais pelos seguintes fatos
articulatórios: abaixamento do véu palatino; redução da cavidade bucal; redução da cavidade
faríngea para as vogais [i~], [e~] e [õ] e aumento desta cavidade para [ã] e [~u]; contração da
parede da faringe e longa duração.
Master et al (1991) estudou as vogais do PB usando cinco xerorradiografias, no plano
sagital, da emissão isolada de um falante adulto. Comparando os resultados entre vogais orais
e nasais, percebeu que a nasalidade vocálica encontra-se intimamente relacionada com a
constrição do conduto vocal na cavidade oral e ângulo de abaixamento do palato, sendo a
altura da mandíbula pouco influente na nasalidade.
A produção de sons orais e nasais varia a configuração do trato vocal, dependendo do
fonema em questão (CAGLIARI, 1977; HAJEK e MAEDA, 2000). Consoantes como as
oclusivas e fricativas possuem maior pressão, exigindo um maior fechamento do esfíncter
velofaríneo do que as demais consoantes e vogais. Há também uma forte correlação entre a
18
altura da língua e a altura do véu palatino, em especial, na sílaba acentuada (MORAES,
1997). Vogais altas como [i] e [u] necessitam de uma pequena abertura do MVF para serem
percebidas como nasais, enquanto que a vogal baixa [a] necessita de uma grande abertura do
MVF para ser nasal, pois um pequeno nível de abertura do MVF tem um efeito substancial no
espectro de vogais altas, o que não ocorre com as baixas (HAJEK e MAEDA, 2000;
MAEDA, 1993; MORAES, 1997).
A percepção da nasalidade para qualquer vogal aumenta com o aumento da abertura
do MVF. Apesar disso, a quantidade dessa percepção varia de acordo com a altura da vogal
(LEWIS et al., 2000). A percepção da nasalização de uma vogal baixa ocorre mais lentamente
com a abertura do MFV do que de vogais altas (HAJEK e MAEDA, 2000). As vogais baixas
são geralmente percebidas como mais nasais do que as altas (LEWIS et al., 2000).
No PB e também em outras línguas, as vogais altas são perceptivamente mais nasais
do que outras antes de um segmento nasal, porém há línguas em que a vogal baixa, neste
contexto fonético, é percebida como mais nasal que as demais (HAJEK e MAEDA, 2000).
A diferença de nasalidade encontrada entre as vogais está no fato de que o fluxo aéreo
nasal e a pressão nasal aumentam na presença de uma maior constrição na cavidade oral, o
que ocorre com vogais altas (HAJEK e MAEDA, 2000; WARREN et al., 1993).
Delattre (1954) afirma que a nasalidade vocálica pode surgir pelo simples
abaixamento do véu palatino ou também pelo ajuste do volume da pequena cavidade velar. O
efeito desse acoplamento reflete na mudança das freqüências naturais do trato vocal. O
sistema como um todo, gerado pelo acoplamento de ambas as câmaras de ressonância, sofre
consideráveis alterações conforme a vogal-alvo, provocando diferentes efeitos no espectro
correspondente (SOUZA, 1994). A principal e mais consistente conseqüência dessa alteração
do espectro acústico é o aparecimento de baixas freqüências nas proximidades do primeiro
formante (F1) (SEARA, 2000).
Nas vogais nasais, o acoplamento das cavidades oral e nasal torna este fenômeno mais
complexo, com a adição de novas ressonâncias (pólos) e também pelo aparecimento de anti-
ressonâncias (zeros), não podendo se relacionar com facilidade as ressonâncias e anti-
ressonâncias com uma das cavidades (TEIXEIRA et al, 2001). Esta mesma autora comparou
vários estudos sobre vogais nasais e levantou alguns pontos em comum quanto às principais
características da nasalidade vocálica: modificação do espectro nas freqüências baixas,
particularmente próximo a F1; existência de um formante nasal ao redor de 250 Hz; presença
de anti-formante, que interage com o primeiro formante oral, reduzindo sua amplitude e
19
aumentando sua largura de banda e a mudança no espectro nas freqüências mais elevadas,
resultando numa distribuição mais difusa de energia.
As características acústicas das vogais nasais encontradas em diversos estudos (DI
NINNO, 2008; JESUS, 1999; HUFFMAN e KRAKOW, 1993; SOUZA, 1994) podem se
resumir às seguintes: aparecimento de formantes nasais; presença de anti-ressonâncias (anti-
formantes); atenuação geral da amplitude dos formantes, aumento da largura de banda dos
formantes; existência de um formante nasal ao redor de 250 Hz; mudança na posição relativa
de freqüência de formantes.
Souza (1994) caracterizou os formantes nasais como picos de energia introduzidos no
espectro em decorrência das características de ressonância do trato nasal e da dinâmica do
acoplamento. Para as vogais nasais ou nasalizadas, estes formantes representam picos extras
no espectro, aparecendo próximos aos formantes vocálicos, não raras vezes os influenciando
quanto à sua freqüência e intensidade. Para Seara (2000), o efeito de um anti-formante no
espectro aparece no abaixamento da amplitude dos formantes acima ou abaixo dele. Como
existem anti-ressonâncias resultantes dos efeitos das cavidades acopladas ao trato nasal, ou
seja, dos seios paranasais, as frequências a contribuírem para o espectro dependem do volume
dos seios paranasais e das dimensões de sua abertura, pois há uma estreita relação entre a
variação individual dos tamanhos dos seios paranasais e de sua abertura.
Souza (1994) definiu os anti-formantes como efeitos acústicos derivados da interação
das ondas sonoras filtradas pelo trato oral com as ondas filtradas pelo trato nasal. Apresentam
total cancelamento de ressonâncias dentro de uma dada faixa de freqüência da
consoante/vogal produzida. São normalmente associados aos “vales” dentro do espectro de
um som nasal.
A mudança na freqüência do primeiro formante e o aumento na sua largura de banda
são atribuídos à área da abertura faríngea, que é gradualmente ampliada durante a produção de
vogais nasais (HAWKINS e STEVENS, 1985). A nasalização também causa alterações no
espectro em freqüências mais altas. Podem haver modificações nas freqüências de formantes
mais altos, alterações na amplitude de picos espectrais, e a introdução de picos espectrais
adicionais.
A atenuação geral da amplitude dos formantes se deve ao fato da superfície da
cavidade nasal ser mais macia e de haver nela uma maior área de revestimento, devido ao
septo nasal e ao contorno das coanas (COLEMAN Jr, 1963). Além disso, Seara (2000),
justifica a maior atenuação dos picos formânticos das vogais nasais com a acoplamento de
outra cavidade como a dos seios paranasais.
20
Conforme foi exposto acima, os principais eventos acústicos e articulatórios presentes
na produção de vogais nasais e que são fundamentais para a compreensão deste fenômeno
são: abaixamento do véu palatino; redução da cavidade bucal; redução da cavidade faríngea
para determinadas vogais e aumento desta cavidade para outras; contração da parede da
faringe; modificação do espectro nas freqüências baixas; existência de um formante nasal ao
redor de 250 Hz; presença de anti-formante; mudança no espectro nas freqüências mais
elevadas.
Ainda que o ouvido humano reconheça imediatamente a nasalidade, ela é de difícil
conceituação, análise acústica e tratamento, por representar uma das mais complexas e
intrigantes interações das estruturas do trato vocal (BEHLAU e PONTES, 1997; MAEDA,
1993). Para Cagliari (1981) o treino fonético auditivo é o melhor método para se identificar
um som nasal ou nasalizado e ressalta que, do ponto de vista lingüístico, o mais importante é
identificar se um som é ou não nasal ou nasalizado e não classificar o seu grau de nasalidade.
Serão abordados a seguir os achados de estudos que investigaram a duração de vogais
nasais.
2.3 Estudos sobre a duração de vogais nasais
Foneticistas do começo do século XX (PASSY, 1929; NYROP, 1925 apud
DELATTRE e MONNOT ,1981) já haviam observado no Francês a maior duração das vogais
nasais em relação às orais. Porém, para eles este acontecimento estava restrito às sílabas
fechadas em posição tônica, sendo o alongamento da duração condicionado pelo fator
silábico.
Delattre e Monnot (1981) realizaram um estudo com o intuito de investigar se os
achados de Passy(1929) e Nyrop(1925) eram restritos às sílabas fechadas em posição tônica
ou se este fato se estendia também para todas as posições e tipos silábicos no Francês. Os
resultados revelaram que a vogais nasais foram sempre mais longas que as orais .
Amelot e Rossato (2007) encontraram no Frânces uma duração mais longa para vogais
nasais quando comparadas às suas correlatas orais em um estudo utilizando imagens de um
articulógrafo eletromagnético.
Em vogais orais do inglês, Klatt (1976) verificou que as vogais acentuadas são mais
longas que as não acentuadas, com maior diferença em sílabas em final de frase. A taxa de
21
velocidade considerada em seu estudo foi de 150 a 250 palavras por minuto, ou seja, de 4 a 7
sílabas por segundo. Em fala conectada, foi observado que uma vogal tônica tinha, em média,
130 ms de duração, a vogal átona, 70 ms, e uma consoante, igualmente, em média 70ms.
Diversos estudos citados por Hajek e Maeda (2000), analisaram a interação entre a
duração da vogal e da nasalização. Na presença de um acoplamento nasal, uma maior duração
da vogal leva a um aumento na percepção da nasalização, ou seja, a percepção da nasalidade é
fortemente favorecida com o aumento da duração da vogal, independente da altura da vogal,
da freqüência fundamental ou da amplitude. Vogais orais, em contexto oral e com MFV
adequado, obviamente não são percebidas como nasais quando alongadas. A duração da vogal
e a percepção da sua nasalidade podem variar de acordo com seu contexto fonético e tendem a
ser mais longas diante de consoantes fricativas e de consoantes vozeadas. Em qualquer língua,
vogais mais longas são perfeitamente nasalizadas, fato este que favorece a nasalização da
vogal baixa, por ter uma duração intrinsecamente maior que as demais (HAJEK e MAEDA,
2000).
No trabalho de Souza (1994), em que foi avaliada a duração de vogais e sílabas
contendo sons orais e nasais, as vogais nasais foram mais longas que suas correlatas orais,
assim como as sílabas em que estavam tais vogais. Esta autora mostrou a composição das
vogais nasais de duas formas: composta de dois momentos distintos, onde em um primeiro
momento a vogal se apresentou como vogal oral e em um segundo momento onde haveria
unicamente um murmúrio nasal, passível de ser isolado da vogal que o precede. Estes
momentos não seriam descontínuos, mas com transição gradativa entre eles; e uma outra
composição contendo três momentos relativamente distintos: uma vogal oral, seguida depois
por uma breve fase transicional em que a nasalidade se sobreporia à vogal, terminando por
fim em um murmúrio nasal.
Os resultados de Souza (1994) apontaram para a hipótese bifonêmica defendida por
Câmara Jr (1970). Segundo esta autora, a vogal nasal pode ser considerada como uma
unidade, uma vez que nenhuma das três fases apresenta um comportamento autônomo. Esta
unidade tripartida poderia possuir uma representação única, constituindo um segmento de
contorno. Os argumentos fonológicos que sustentariam essa hipótese são os mesmos que
mantiveram as posições dos autores que favorecem a interpretação monofonêmica. A autora
alerta para o cuidado ao efetuar inferências fonológicas a partir de estudos fonéticos e afirma
que a vogal nasal, composta pelas três partes descritas.
22
Estudos realizados sobre línguas que contêm vogais nasais fonologicamente distintivas
apontam sempre uma maior duração das vogais nasais em relação às suas contrapartes orais
(DELATTRE e MONNOT, 1981; JHA, 1986).
Em Machado (1993), foi avaliada a duração de sons orais e nasais. Para a vogal baixa
central nasal [ã], foi encontrada uma primeira fase constituída de vogal oral, com uma
qualidade diferente da oral tônica e mais próxima da oral átona. Esta fase ocorreu em menos
da metade dos dados analisados. Isso significa que a maioria das emissões nasais da vogal [ã]
apresentaram apenas duas fases finais: nasal e murmúrio. A fase nasal se constituiu de um
período transicional, no qual o murmúrio nasal se sobrepõe à fase oral, correspondendo à fase
da vogal nasal propriamente dita, que poderia também não estar presente no espectro. E a fase
final, constituída apenas do murmúrio nasal, que apresentou um grande amortecimento de
seus formantes. Foi observada a presença de três fases da vogal nasal: fase oral, nasal e
murmúrio nasal.
Seara (2000) estudou a duração de vogais orais e nasais e encontrou que as vogais
nasais foram sempre mais longas do que suas contrapartes orais, independentemente do
contexto de tonicidade. A vogal nasal sem o murmúrio apresentou-se sem diferenças
significativas em relação à duração da vogal oral. A duração da oclusão da consoante que
segue a nasal foi sistematicamente menor do que a duração daquela que segue a vogal oral.
Não foram observadas diferenças na duração da sílaba com a vogal nasal + duração da
oclusão da consoante seguinte e da sílaba com a vogal oral + duração da oclusão da consoante
seguinte.
O estudo de Moraes e Wetzels (1992) teve o intuito de verificar se a fonética poderia
auxiliar na decisão entre as duas formas de representação sugeridas na literatura, ou seja, se a
nasalidade contrastiva deriva de uma representação bifonêmica ou monofonêmica. Foram
utilizadas amostras de fala de dois falantes cariocas a partir de dois corpus, um com 40 e o
outro com 32 vocábulos com a vogal [a] oral, nasalizada ou nasal. Os achados deste trabalho
apontaram que a vogal nasal é mais longa que a vogal oral em 27% no contexto tônico e 74%
no pretônico e que a vogal nasalizada é ligeiramente mais breve que a oral, o que reforça a
hipótese de serem dois processos distintos. No entanto, o mesmo não ocorreu em posição
tônica diante de fricativa, nem no contexto final absoluto, quando se obteve uma ligeira
redução da vogal nasal em relação à oral. Os autores observaram ainda uma diferença de
duração de acordo com o contexto acentual. As vogais tônicas orais e nasalizadas em sílaba
23
aberta foram significativamente1 mais longas (70,5%) que as átonas correspondentes e as pré-
tônicas nasais ligeiramente mais longas que as orais (23,9%) e que as nasalizadas (35,7%).
Jesus (1999) estudou a duração de vogais orais, nasalizadas e nasais, incluindo nas
medidas destas últimas o murmúrio nasal. Os resultados mostraram que a vogal nasal foi a
mais longa, seguida da nasalizada e a vogal oral teve a menor duração. A autora não atribui o
alongamento da vogal nasal ao murmúrio, pois subtraindo a média de duração do murmúrio
de todas as vogais, da média da duração de todas as vogais nasais, a vogal nasal continuou se
apresentando maior que a média de duração da vogal oral. Além disso, nem todas as vogais
nasais apresentaram murmúrio. Para ela, o alongamento da vogal nasal está relacionado ao
ambiente fonético, como uma pré nasalização de caráter coarticulatório da oclusiva seguinte,
hipótese também levantada por Moraes e Wetzels (1992). Estes autores constataram que as
vogais nasais tônicas não são mais longas diante de fricativos e nem em contexto final
absoluto, confirmando a influência do contexto fonético no alongamento das vogais nasais.
Gregio (2006) e Medeiros e Demolin (2006) encontraram uma duração mais longa
para vogais nasais quando comparadas às suas correlatas orais em estudos utilizando imagens
de ressonância magnética.
Di Ninno (2008) estudou a duração de vogais orais, nasais e nasalizadas em falantes
normais e com hipernasalidade decorrente de fissura labiopalatina2. A autora incluiu o
murmúrio nasal, quando presente, nas medidas de duração das vogais nasais. Os resultados
revelaram que ambos os grupos estudados apresentaram vogais nasais mais longas que suas
correlatas orais.
Os estudos citados acima encontraram uma maior duração das vogais nasais em
relação às suas contrapartes orais.
A espectrografia, um recurso amplamente utilizado nos estudos dos sons da fala, será
descrito a seguir.
1 Apesar de os autores se referirem a diferenças “significativas”, não foram utilizados testes estatísticos para comprová-las. 2 Anomalia congênita que se manifesta por uma fenda na região do lábio e/ou palato em conseqüência da não fusão dos processos faciais no período embrionário (JESUS, 1999).
24
2.4 Espectrografia
A análise acústica envolve o estudo das propriedades físicas dos sons da fala
(freqüência, duração e intensidade) pelo registro das ondas sonoras através de instrumentos
que permitem a representação gráfica do sinal vocal de duas formas: oscilograma e
espectrograma. O oscilograma é uma representação acústica bidimensional com a amplitude
no eixo vertical e duração no eixo horizontal e o espectrograma é uma representação acústica
tridimensional da onda sonora em que o tempo é representado no eixo horizontal, a freqüência
no eixo vertical e a intensidade é determinada pelo grau de escurecimento, que quanto maior,
mais forte é o sinal. O espectrograma permite, dentre outros, o estudo da co-articulação na
fala encadeada, da prosódia, a identificação de fonemas e a análise da ressonância do trato
vocal. (AZEVEDO e MIRANDA, 2005).
No estudo das vogais, a espectrografia fornece informações sobre os formantes, que
correspondem à concentrações de energia acústica em certas regiões do espectro. Eles são
numerados sucessivamente do de menor freqüência para o de maior. Os formantes mais
considerados nas pesquisas são os três ou quatro primeiros, por serem identificados mais
facilmente e suficientes para caracterizar cada vogal. (JESUS, 1999)
Este instrumento também é bastante funcional para medir a duração dos segmentos da
fala, que está sujeita às regras fonológicas da língua, muito associadas à tonicidade silábica,
número de sílabas, dentre outros fatores (JESUS, 1999). A análise espectrográfica é muito
utilizada no estudo dos aspectos acústicos dos sons da fala, inclusive naqueles ligados à
nasalidade.
À seguir será abordada a ocorrência do murmúrio nasal assim como os fatores que
possam interferir na sua presença e duração.
2.5 Murmúrio nasal
Na vogal nasal, o murmúrio (também chamado de “traço consonantal”, “segmento
consonântico” ou “segmento nasal”) se apresenta no espectrograma como um único formante,
de baixa freqüência, no final da vogal e ocorre após o fechamento articulatório da mesma
(JESUS, 1999).
25
Pickett (1998) afirma que o murmúrio nasal acontece na produção de consoantes
nasais. Segundo o autor, durante o intervalo em que o trato oral é ocluído pela articulação da
consoante nasal, o som produzido pela glote é propagado através da abertura velar e da
passagem nasal para fora do nariz. Este som vindo do nariz é chamado de “murmúrio nasal”.
O murmúrio também pode ser visto como uma nasal homorgânica presente entre a
vogal nasal e a oclusiva medial (CÂMARA Jr. 1989; CAGLIARI, 1977). A presença da nasal
homorgânica não é regra obrigatória, ocorre com maior freqüência antes de oclusivos, não
ocorre antes de fricativos sendo mais condicionada por vogal anterior que por uma não
anterior. Por ser tão curto, é um segmento praticamente imperceptível auditivamente não
sendo conveniente transcrevê-lo foneticamente no PB (CAGLIARI, 1977).
Jesus (1999) em um estudo sobre vogais nasais, não observou um ponto articulatório
comum entre o segmento nasal e a consoante nasal que o seguia. O ocorrência do murmúrio
foi de forma assistemática e heterogênea, o que levou à especulação se este seria
condicionado pela vogal, pelo falante ou pelo dialeto e também seu papel na nasalização da
vogal foi questionado. Esse segmento nasal não ocorreu em todas as vogais. Alguns falantes
apresentaram o murmúrio nasal em uma vogal de determinada palavra e não o apresentaram
em outra palavra com a mesma vogal, mostrando que este não é característico do falante e
nem da vogal. O murmúrio não pareceu ser indicativo de nasalidade, pois em alguns casos em
que perceptivamente houve pouca distinção entre vogal oral e nasal, esta última apresentou o
murmúrio. Vogais isoladas não apresentaram murmúrio e a vogal era nasalizada. A duração
do murmúrio também foi muito variável. Segundo a autora, estes dados sugeriram que o
murmúrio é simplesmente um evento co-articulatório, ocorrendo após o fechamento
articulatório da vogal e antes da explosão dos oclusivos, existindo por um curto período de
tempo apenas a nasalização. Ela também concluiu que a nasalidade da vogal não está na
dependência da presença ou da duração do murmúrio e que este se apresentou com freqüência
baixa, sem informações espectrais que evidenciassem uma transição para a consoante
seguinte. Como a nasalidade da vogal não depende da presença do murmúrio nasal, uma das
hipóteses levantadas no presente estudo é de que a presença e a duração do murmúrio nasal
podem estar relacionadas a fatores como qualidade vocálica, ponto e modo de articulação da
consoante subseqüente.
Em Souza (1994) o murmúrio foi bastante coarticulado à vogal, sem apresentar
indícios aparentes de transições para um ponto de articulação consonantal. Nestes achados
houve uma tendência geral dos murmúrios nasais ocuparem cerca da metade da duração total
da vogal nasal, podendo ser responsáveis pela maior duração destas vogais quando
26
comparadas às suas contrapartes orais. Quanto ao tempo de oclusão, a autora observou que o
tempo de oclusão da consoante é invariavelmente maior quando precedida de vogais orais que
por vogais nasais. Isto implica em que a maior duração da vogal nasal pode estar tomando
para si algum tempo da duração da oclusiva. Coube aos murmúrios nasais a responsabilidade
tanto pela maior duração destas vogais quando comparadas às suas contrapartes orais como
pela redução no tempo de oclusão da consoante que a segue. As vogais nasais tiveram maior
duração que suas contrapartes orais em quaisquer ambientes. Foi notada a presença na maior
parte das vogais nasais do murmúrio, com duração variável de acordo com o informante, a
vogal e a emissão. Em alguns casos não houve presença de murmúrio. Isto leva a crer que a
presença e a duração do murmúrio podem estar sujeitas a fatores dialetais e/ou individuais. As
vogais extremas dentro do triângulo que representa o sistema vocálico do PB ([a], [i], [u])
apresentaram maior duração do murmúrio nasal. Foi difícil para a autora dissociar o
murmúrio da vogal nasal em si, visto que a transição entre ambos é extremamente gradativa.
Apesar da diferença entre os extremos deste contínuo ser nítida, o lugar exato em que se deixa
de ter uma vogal nasal e passa a ter um murmúrio nasal foi praticamente impossível de ser
delimitado com certeza. Ao excluir o murmúrio da duração total das vogais nasais, foi
observado que a média dos valores assim obtidos apresentou-se menor ou igual à média do
valor para a vogal oral total, o que implica que, se excluído o murmúrio, não haverá grande
diferença de duração entre vogais orais e vogais nasais. Segundo a autora, sem o murmúrio as
vogais nasais mal seriam distinguíveis de suas contrapartes orais. Esta é uma questão a ser
verificada no presente estudo, pois sem a presença do murmúrio nasal nas medidas de duração
das vogais nasais é possível que elas tenham duração muito próxima às suas correlatas orais.
No estudo de Machado (1993), o murmúrio nasal foi encontrado no final das vogais
nasais, sendo considerado uma fase destes sons. Quando não havia a presença de uma das
fases, a oral ou a nasal, a duração relativa média do murmúrio e da fase presente frente à
duração da vogal nasal foi aproximadamente a mesma, com exceção da vogal [~i]. Este fato
parece indicar que, quando a vogal apresenta duas fases, cada uma delas tende a completar o
comprimento da vogal, aumentando suas durações. O murmúrio foi mais longo em contexto
átono, sendo a vogal nasal [i] com maior duração do murmúrio. Obteve-se a seguinte ordem
decrescente para a duração do murmúrio: [~i], [ã], [õ], [~e], [~u] em contexto tônico e [~i],
[~e], [ã], [õ], [~u] em contexto átono.
Em Seara (2000), a ausência da fase do murmúrio não afetou a percepção das vogais
nasais, exceto para a vogal [~i] cujo resultado foi inconclusivo. Com relação à naturalidade,
as vogais médias pareceram mais afetadas quando o murmúrio não esteve presente. Este
27
trabalho supôs que o murmúrio nasal foi influenciado pelo contexto vocálico subseqüente.
Alguns dos testes perceptuais realizados neste estudo comprovaram a caracterização da vogal
nasal como sendo composta somente da fase oral seguida quase imediatamente pelo
murmúrio nasal para as vogais anteriores e a alta posterior.
Não há entre os lingüistas um consenso quanto à homorganicidade de tal segmento à
consoante seguinte. Alguns lingüistas acreditam que o murmúrio nasal não vem especificado
quanto ao ponto de articulação.
Conforme foi descrito acima, a presença do murmúrio nasal não é fundamental para a
nasalidade vocálica e a sua ocorrência e duração pode estar relacionada à diversos aspectos,
como a vogal, fatores dialetais e individuais.
Abaixo serão abordadas diversas hipóteses para a função lingüística da nasalidade
vocálica.
2.6 Função Lingüística da Nasalidade
2.6.1 Fonética Descritiva
Câmara Jr. (1989) apresenta dois tipos de nasalidade vocálica para o PB. Uma
caracterizada pela emissão nasal das vogais, que tem uma natureza fonológica, e a outra
caracterizada por uma possível nasalização mecânica e fonética, em que o falante antecipa o
abaixamento do véu palatino, necessário à emissão da consoante nasal da sílaba seguinte. No
último caso, a vogal precedente à nasalização não tem oposição lingüística entre a vogal
nasalizada e a vogal sem qualquer nasalização.
Pickett (1991) também distingue dois tipos de nasalização vocálica: aquela decorrente
de características fisiológicas do véu palatino e a nasalização vocálica propriamente dita. No
primeiro caso a presença de uma consoante nasal num dado ambiente vocálico tende a
nasalizar as vogais adjacentes por coarticulação. Devido à lentidão do véu palatino como
articulador, o seu abaixamento começa, para uma consoante nasal, bem antes do início do
movimento do trato oral para a oclusão. Com isso, partes das vogais que antecedem ou
seguem as consoantes nasais são também nasalizadas. Essa é a nasalização denominada
fonética por Câmara Jr (1989). No segundo caso, não existe uma consoante nasal contígua à
28
vogal nasalizada que justificasse uma nasalidade por coarticulação. Neste caso, o véu se
abaixa para a produção da vogal, promovendo o acoplamento do trato nasal por toda a
duração da mesma. À nasalidade vocálica correspondente no primeiro caso é dado o nome de
vogal nasalizada. À nasalidade vocálica pertencente ao segundo tipo é dado o nome de vogal
nasal. A fonologia considera que as vogais nasais normalmente têm maiores chances de
representar um papel distintivo em relação aos demais segmentos de uma dada língua
(SOUZA, 1994).
Nas vogais nasalizadas, as ressonâncias nasais seriam simplesmente em decorrência de
um processo mecânico do véu palatino que, pela dinâmica do próprio movimento, não
fecharia totalmente a passagem de ar para as cavidades nasais, permitindo a produção e
irradiação de ressonâncias nasais. Para as vogais nasais, o véu promove o acoplamento dos
tratos oral e nasal, aparentemente sem a proximidade de um consoante nasal que justificasse a
coarticulação (SOUZA, 1994).
No PB, o fato de uma vogal poder ser nasalizada quando seguida de uma consoante
nasal, varia muito de acordo com o dialeto do falante. Na maior parte dos dialetos do PB, as
vogais médias acentuadas, seguidas de consoantes nasais, são nasalizadas. Porém, a vogal
seguida de nasal palatal, tanto tônica quanto pretônica, é nasalizada em quase todos os
dialetos (SILVA, 2002)
No PB existem, na posição tônica, sete vogais orais, as quais quando em posição átona
podem sofrer neutralizações, dependendo de sua posição na palavra e do dialeto do falante.
Quanto às nasais, elas são cinco, pois dentre as vogais médias, apenas as médias altas ou as
fechadas são nasalizadas na maioria dos dialetos do PB (CÂMARA JR, 1970; CAGLIARI,
1977). Há muita controvérsia quanto ao status fonológico das vogais nasais do PB.
Callou e Leite (1990) postulam a existência de vogais nasais subjacentes, sendo a
consoante nasal o resultado da coordenação dos movimentos articulatórios da transição de um
som nasal para um som oral. Haveria uma “zona de interseção entre os movimentos de
elevação do véu palatino e o posicionamento da língua para a articulação da consoante
seguinte”. Dessa forma, as autoras explicam o motivo da consoante nasal ser mais audível
quando seguida de oclusiva do que seguida de uma fricativa (SEARA, 2000).
Do ponto de vista monofonêmico, a vogal nasal é considerada um fonema distinto de
sua correlata oral (MACHADO, 1981). Couto (1978) adota a tese monofonêmica para as
vogais nasais do português e fornece quatro argumentos para fundamentar essa tese. O
primeiro deles é que as vogais nasais contrastam com as orais em todas as posições. O
segundo é que não aparece nenhum segmento consonantal nasal após vogais nasais em final
29
de palavra quando seguidas por palavras começadas por vogais (Ex: irmã amiga). Terceiro: as
únicas consoantes que ocorrem em final de sílaba são: /r/ e /s/ e, em alguns dialetos o /l/. O
quarto argumento e mais forte diz que a interpretação bifonêmica complicaria a descrição da
estrutura silábica do PB, uma vez que as codas das sílabas têm apenas uma só consoante
(SEARA, 2000).
O caráter distintivo das vogais nasais no português é defendido por Back (1973). Seu
principal argumento é o de que basta dois sons estarem em oposição em um mesmo ambiente
para serem conhecidos como fonemas distintos. Para ele, é o que ocorre com as vogais nasais
que se encontram em “oponência” com as orais.
Por outro lado, para a corrente bifonêmica, as vogais nasais são alofones de suas
correlatas orais, sendo constituídas de vogal mais segmento nasal (CAGLIARI, 1977;
CAMARA Jr, 1970; MORAES e WETZELS, 1992; SILVA, 2002). A hipótese bifonêmica,
defendida por Câmara Jr (1970), parece ser a melhor fundamentada até o momento, tanto
pelas características distribucionais das vogais nasais, como devido também à grande
generalização que tal hipótese proporciona (SOUZA, 1994).
Para Lacerda e Strevens (1956), o português teria dois graus diferentes de nasalização,
um mais forte, correspondendo à vogal nasal, e outro mais fraco, correspondendo à vogal
nasalizada.
De acordo com Cagliari (1977), a grande maioria dos estudiosos do português
(CÂMARA Jr, 1970; PONTES, 1972; REED e LEITE, 1947) aceitam a ocorrência de uma
nasal homorgânica entre a vogal nasalizada e uma oclusiva e alguns deles interpretam essa
nasal como uma pré-nasalização da oclusiva.
As vogais nasais ou nasalizadas do PB têm qualidades vocálicas básicas semelhantes
às vogais orais correspondentes e, como outros sons, sofrem influência da tonicidade da fala
(CAGLIARI, 1981).
No PB há nasalidade no nível fonológico, que é contrastiva e opõe par mínimo (ex:
juta/junta), cuja realização da vogal como nasalizada é obrigatória, não dependendo do padrão
acentual nem do dialeto do falante, e no nível fonético, que é um processo de nasalização
contextual ou alofônica (ex: cama) envolvendo vogais (CAGLIARI, 1977; CAMARA Jr,
1970; MORAES e WETZELS, 1992). No caso da alofonia, a nasalização da vogal é
considerada por alguns autores como secundária, por ser foneticamente menos intensa que a
contrastiva, (CAMARA Jr 1970) e está condicionada a fatores como acento lexical, a natureza
da vogal, a natureza da consoante nasal subseqüente e o dialeto do falante (JESUS, 2002;
MORAES e WETZELS, 1992). Jesus (2002), ao contrário do que seria de se esperar, notou
30
um comportamento variável da vogal nasalizada no PB, de acordo com a qualidade da vogal,
sendo a vogal baixa mais facilmente nasalizável que as altas.
Do ponto de vista perceptivo, estes dois tipos de nasalidade, contrastiva e alofônica,
são similares (CAGLIARI, 1977), pois levam a percepção de vogais nasalizadas, resultantes
da aplicação de regras fonológicas adquiridas (MORAES, 2003). Há ainda um terceiro tipo de
nasalidade, denominada por Moraes (2003) de co-articulatória, que seria um processo
fonológico universal, resultante do espraiamento do traço [+ nasal] para a direita ou para a
esquerda, mas insuficiente para gerar a percepção de uma vogal nasalizada. Dessa forma,
ainda para o mesmo autor, a nasalidade torna-se mais perceptível à medida que passa do nível
fonético ao fonológico (MORAES, 2003).
A nasalização alofônica ocorre, em geral, em sílaba acentuada ou em pré-tônicas
derivadas de tônicas e a co-articulatória, em sílaba não-acentuada. Um estudo articulatório
realizado por Moraes (1997) mostrou que o grau de abertura da velofaringe é semelhante na
nasalização contrastiva (72,9%) e na alofônica (69,9%), sendo em ambas significativamente
maior do que na nasalização co-articulatória (49,6%) e oral (3,3%). Vogais acentuadas são
mais nasalizadas do que as não acentuadas (MORAES e WETZELS, 1992). Uma vez que a
nasalidade co-articulatória não é percebida como nasal (MORAES, 2003), o limite de abertura
velofaríngea necessário para a percepção da nasalidade deve estar entre a abertura
velofaríngea encontrada na nasalização co-articulatória e alofônica (MORAES, 1997).
Lopez (1979) e Câmara Jr (1970) concordam que as vogais nasais do português são,
na verdade, nasalizadas por uma consoante nasal em final de sílaba. Porém, para o primeiro
autor esta consoante é plenamente especificada como coronal, conforme Mateus (1975). Para
o segundo autor, esta consoante é um arquifonema.
Um estudo acústico realizado por Souza (1994) incluiu o estudo de vogais nasais e
trouxe argumentos que sustentam as duas principais interpretações fonológicas das vogais
nasais, que poderia tanto se constituir de um único fonema realizado em diferentes fases
devido às suas características articulatórias como poderiam se constituir de um cluster v+N,
em que N se realizaria como um murmúrio coarticulado a vogal nasal.
Moraes e Wetzels (1992) encontraram valores de duração maiores para vogais nasais
que para as suas correlatas nasalizadas e orais. Segundo os autores, os resultados obtidos
justificam a hipótese de interpretação bifonêmica das vogais nasais. A vogal nasal contrastiva,
tônica ou átona, corresponderia a dois segmentos de base: V e N. O elemento nasal (N)
nasalizaria a vogal (V) precedente e “cairia” em um segundo momento, gerando um
alongamento compensatório da vogal precedente, já nasalizada, que passaria a ocupar duas
31
posições temporais. Uma regra atribuiria às vogais nasais seguidas de oclusivas, parte do
tempo dessas. Resultado semelhante foi obtido por Jesus (2002), que constatou a vogal nasal
mais longa do que a vogal nasalizada e esta, por sua vez, mais longa do que a correlata oral.
Uma das hipóteses do presente trabalho é que estes achados, de que a vogal nasal é mais
longa que a oral, poderiam ser diferentes se não fosse levado em conta a duração do murmúrio
nasal nas medidas de duração das vogais nasais.
Tal estudo (MORAES e WERTZELS, 1992) foi muito importante na busca pela
definição do tipo de nasalidade que ocorre em vogais nasais e nasalizadas do PB. Porém, este
trabalho investigou apenas a vogal /a/ (oral, nasal e nasalizada) em somente dois falantes
cariocas. As demais vogais não foram testadas.
Os sons da fala tendem a ser modificados, dependendo do contexto fonético em que
se encontram, uma vez que a fala é um contínuo. Este processo é chamado de assimilação,
onde uma propriedade articulatória de um segmento, neste caso, a nasalidade é compartilhada
por outro segmento adjacente, sofrendo a influência do som que o precede e ou do que o
segue (SILVA, 2002).
No PB, a possibilidade da vogal poder ser nasalizada quando seguida de uma
consoante nasal varia muito de acordo com o dialeto do falante (BISOL, 1998; SILVA 2002).
Na maioria dos dialetos do PB, as vogais médias acentuadas, seguidas de consoante nasais,
são nasalizadas. No caso da consoante nasal palatal, as vogais, tanto tônicas quanto
prétônicas, são nasalizadas em quase todos os dialetos. (SILVA, 2002).
Gregio (2006) encontrou na última fase da vogal nasal uma postura de língua em
trajetória para a realização de um segmento consonântico o que para ele está de acordo com a
hipótese de Câmara Jr (1976).
As informações acima mostram que os lingüistas dividem suas opiniões
principalmente entre as hipóteses bifonêmica e monofonêmica para explicar o status
fonológico da vogal nasal. Porém, ainda não há um acordo entre eles sobre a hipótese mais
adequada.
Abaixo será exposto o modelo de produção da fala que é defendido pela Fonologia
Articulatória (FAR).
32
2.6.2 Fonologia Articulatória
Albano (1999), contestando a representação de processos fônicos através de escalas
discretas, discute um modelo para a produção de fala, a Fonologia Articulatória. Este modelo
advoga o gesto articulatório como unidade de análise lingüística. Para ele, o gesto
articulatório é uma oscilação que faz as trajetórias de vários articuladores concorrerem
coesamente para o mesmo fim. É, entretanto, mais ambicioso que os outros modelos fonéticos
dinâmicos ao afirmar que essa oscilação, que tem uma duração intrínseca especificada pelos
parâmetros de um sistema dinâmico, faz parte da estrutura lingüística.
A FAR explica com sucesso processos fônicos de fala rápida, tais como assimilações,
enfraquecimentos e apagamentos de segmentos, sem postular regras que alterem a
inteligibilidade daqueles, mas apenas altera as relações entre eles, afirmando que os gestos
podem reduzir a sua magnitude e/ou aumentar a sua sobreposição, de tal forma que os seus
resultados acústicos desapareçam ou soem alterados. Uma vantagem dessa abordagem sobre
as descrições mais tradicionais dos mesmos fenômenos é que ela é capaz de expressar
gradientes finos ou mesmo contínuos físicos. Casos em que um segmento desaparece e em
outros deixa um pequeno rastro no sinal acústico, pode ser visto como uma questão de maior
ou menor sobreposição dos gestos envolvidos.
A FAR considera necessário um modelo gestual para dar conta de processos
fonológicos até agora vistos como categóricos, como por exemplo, a nasalização. A análise
mattosiana das vogais nasais do Português postula uma regra de nasalização e uma de
apagamento da nasal para explicar a forte nasalização da vogal e a freqüente ausência da
consoante nasal seguinte, o que é aceito por todos os fonólogos em várias versões. Porém,
alguns fonológos notam a presença de uma consoante nasal dita “intrusiva”, entre a vogal
nasal e uma consoante de início da sílaba seguinte, com a qual é sempre homorgânico. Dados
de Souza (1994), sugerem que a vogal não se nasaliza de imediato, mas que apresenta uma
configuração de formantes próxima a de vogal oral no começo da sílaba e típica de vogal
nasal no final e também que, as regras de nasalização se aplicam de forma gradiente e
complementar: se a vogal é longa, a nasal “intrusiva” (murmúrio nasal) pode não aparecer,
mas quando aparece tem uma duração inversamente proporcional a da vogal. Para a FAR, um
gesto de abertura do véu palatino inicia após o início da sobreposição do gesto vocálico e
termina depois do fim deste. A existência ou não da nasal “intrusiva” depende da
sobreposição do gesto consonantal seguinte e os gestos vocálico e velar, que não é
33
especificada no léxico, podendo variar de acordo com o contexto prosódico, segmental ou
pragmático. Esta teoria ainda postula que a velocidade de fala pode interferir no
aparecimento de determinados processos fonológicos, como o vozeamento do /s/ em final de
sílaba e também na duração dos segmentos (ALBANO,1999).
A FAR, diferentemente das descrições mais tradicionais de processos presentes na
fala, descreve um modelo de produção da fala capaz de expressar gradientes finos ou mesmo
contínuos físicos, dando conta de explicar processos fonológicos até então vistos como
categóricos, como a nasalização.
3 MÉTODO
3.1 População
Participaram deste estudo 15 indivíduos do sexo masculino, com idades entre 19 e 38
anos. O sexo masculino e a idade acima de 18 anos foram utilizados como critério de seleção
para facilitar a visualização e análise espectrográfica uma vez que homens maiores de 18 anos
de idade possuem fala com maior intensidade e baixa freqüência, favorecendo a interpretação
dos dados, pois os formantes se tornam mais claramente visíveis. Quanto ao grau de
escolaridade, 3 tinham o ensino médio completo, 6 estavam cursando o ensino superior, 5
tinham o ensino superior completo e 1 tinha concluído pós-graduação.
Todos os falantes são Belorizontinos, sempre viveram em Belo Horizonte e têm como
língua materna o dialeto do português brasileiro dessa cidade.
Em conversa inicial com os participantes, a pesquisadora confirmou perceptivamente a
presença de uma fala dentro dos padrões de normalidade para o PB. Apenas um falante foi
excluído do estudo por apresentar uma fala hiponasal, o que poderia prejudicar os resultados.
34
3.2 Corpus
A seleção das palavras para este estudo foi realizada com a finalidade de incluir as
vogais orais, nasais e nasalizadas que fazem parte dos extremos do triângulo de vogais ([a], [i]
e [u]) a fim de verificar a possível influência da posição da língua (altura e
anteriorização\posteriorização) na duração destes sons. Foi escolhida a posição tônica para as
vogais alvo uma vez que a tonicidade da sílaba influencia na duração destes segmentos. Com
o intuito de verificar a possível influência do modo de articulação da consoante subseqüente
na duração das vogais estudadas, foram escolhidos como contexto fonético seguinte às vogais
alvo fonemas plosivos e fricativos e para verificar a influência do ponto de articulação da
consoante subseqüente foram escolhidos como contexto fonético seguinte às vogais alvo
fonemas velar, dental e bilabial.
O que interessava no presente trabalho era a diferença fonética de duas categorias
fonológicas: vogal oral x vogal nasal. A essas vogais à que se refere o contexto da consoante
subseqüente. Como no PB também existe uma nasalidade fonética (vogal nasalizada) no
contexto V. N, optamos por incluir estes dados (vogal nasalizada) para fins de comparação,
embora a estes, obviamente, não se aplique a discriminação do contexto da consoante
seguinte, já que será sempre consoante oclusiva nasal heterossilábica.
Com a finalidade de controlar os contextos tônico e fonético e a posição da palavra na
frase, foi utilizada a leitura da frase veículo: “Diga _________ para ela” contendo as palavras
utilizadas no estudo, de modo que o falante não tinha o modelo de produção da pesquisadora.
Os informantes foram solicitados a fazerem as leituras com o máximo possível de
naturalidade.
Cada falante teve seu corpus composto por 20 palavras contendo os sons alvo,
incluídos nas frases veículo. Cada frase foi produzida três vezes aleatoriamente. Os valores
de duração de cada falante corresponderam às médias das três produções de cada vogal.
Foi utilizado o termo “tipo de nasalidade” para fins de comparação estatística. Esta
categoria compreendeu: vogal oral (ausência de nasalidade), vogal nasalizada (nasalidade
fonética) e vogal nasal (nasalidade fonológica).
“Caça” e “Cansa”: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba
tônica diante de fonema fricativo.
“Cata” e “Canta”: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba
tônica diante de fonema plosivo .
35
“Piço” e “Pinço”: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema fricativo.
“Pito” e “Pinto”: palavras em que a vogal [i] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema plosivo.
“Luto” e “Unto”: palavras em que a vogal [u] encontra-se oral e nasal em sílaba tônica
diante de fonema plosivo.
“Súcia” e “Núncio”: palavras em que a vogal [u] encontra-se oral e nasal em sílaba
tônica diante de fonema fricativo.
“Cana”, “Pino”, “Uno” e Túnel: palavras em que as vogais [a], [i] e [u] encontram-se
nasalizadas.
“Baco” e “Banco”: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba
tônica diante de fonema plosivo velar.
“Capo” e “Campo”: palavras em que a vogal [a] encontra-se oral e nasal em sílaba
tônica diante de fonema plosivo bilabial.
Foram contabilizadas 20 palavras que, repetidas três vezes, totalizaram 60 palavras
produzidas e analisadas por falante.
Não foram encontradas, neste estudo, no PB, palavras que tivessem a vogal [u]
nasalizada no mesmo contexto fonético que suas correlatas oral e nasal diante de fonemas
plosivo e fricativo. Diante disso, foram utilizadas duas palavras para a análise da vogal [u]
nasalizada, a fim de aproximar os contextos fonéticos das outras vogais analisadas (oral e
nasal) diante de fonema fricativo e plosivo.
Todas as palavras incluídas no corpus são existentes no PB. Para evitar que a falta de
conhecimento dos significados de algumas palavras escolhidos, incomuns no PB, pudesse
modificar o padrão de produção do falante, tais palavras com seus respectivos significados
foram apresentados aos falantes através de slides no Power Point antes das gravações. A
seguir, a tabela 1 com as palavras e seus respectivos significados.
36
Palavras Significados
Pico
1.Uma pequena quantidade, pequena fração.
2.Gíria do surf. Um bom lugar pra pegar ondas. Ou um bom lugar pra sair
na noite, etc..
[gíria atual] um lugar.
Versão pré-histórica: "point".
Exemplos:
"O melhor piço pra wind no Brasil é em Ibiraquera, perto de Garopaba."
"O J.Bay é o piço da galera do surf em Porto Alegre, e de quem curte um
reggae roots também."
Súcia O mesmo que “corja”. Uma multidão de pessoas desprezíveis ou de
malfeitores.
Núncio 1- Anunciador, mensageiro.
2- Embaixador do Papa.
Tabela 1 - Palavras incomuns no PB e seus respectivos significados.
3.3 Coleta de dados
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) sob o número 330/08. Todos os informantes aceitaram
participar desta pesquisa, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
A coleta de dados foi realizada no Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a partir de uma pequena entrevista com o
falante sobre sua idade, língua materna, local de nascimento, escolaridade e da observação da
presença de alterações na fala e na voz (Anexo A) além da gravação do corpus.
Antes de procederem às gravações, foram apresentados aos falantes através de um
microcomputador Dell modelo Vostro 200, quatro slides confeccionados no programa Power
Point contendo os significados das palavras utilizados no corpus que são pouco comuns no
dialeto do PB de Belo Horizonte, conforme foi mostrado na tabela 1, e também orientações
sobre como realizarem as produções de fala e como controlarem as passagens dos slides.
As gravações foram realizadas em uma mesa de som Fostex VF 80, com o uso de um
microfone Samson Q7 posicionado lateralmente a boca em uma cabine acusticamente tratada.
37
As frases veículo com as palavras foram apresentadas aos participantes através do
programa CorpusViewer®3. Foi selecionada a opção “Random” para a exibição aleatória das
60 frases (20 palavras x 3 emissões de cada) que era controlada pelo próprio falante com o
uso de um mouse sem fio. Abaixo encontra-se na figura 1 uma demonstração da tela de
exibição dos slides no programa CorpusViewer®.
Figura 1 - Tela de exibição dos slides do Programa CorpusViewer®.
3.4 Análise de Dados
As medidas de duração das vogais de cada participante deste trabalho estão
apresentadas nos anexos de B à P.
As gravações foram transferidas da mesa de som para um CD e analisadas no
programa de análise acústica Praat versão 5.0.10 em um microcomputador Desktop Sempron
2.4 +.
As medidas de duração foram adquiridas a partir de quatro diferentes tempos ao longo
da vogal: T0 (Tempo de início da vogal contado a partir da soltura); T1 (Tempo de início da
parte estável contado a partir do fim da transição inicial); T2 (Tempo de fim da vogal, se oral e 3 Desenvolvido no Laboratório de Fala e Linguagem – LPL/LNRS por Alain Glio.
38
começo do murmúrio, se nasal) e T3 (Tempo de fim do murmúrio nasal). A medida da duração
foi dada automaticamente pelo programa por meio da etiquetagem do arquivo. Para tal, foi
selecionada a função Annotate - to text grid...
Para se marcar o limite das etiquetas, os cursores foram posicionados de forma a
identificar o início e/ou o final da emissão a ser analisada, com base tanto no espectrograma
como no oscilograma. A etiqueta da duração dos segmentos vocálicos foi obtida com os
cursores colocados logo após a barra de explosão da consoante anterior (T0), no início da
parte estável contado a partir do fim da transição inicial (T1) e no último pulso regular da
vogal (T2) e/ou do murmúrio (T3), quando presente. Nos casos em que não havia consoante
anterior à vogal alvo ou em que esta não era plosiva, não foi medido o (T0). A figura 2 a
seguir ilustra como foram realizadas tais marcações no espectrograma.
Figura 2 - Imagem da tela de etiquetagem do Programa de Análise Acústica Praat 5.0.10.
Os valores das durações dos segmentos foram obtidos a partir dos seguintes cálculos:
o Duração do período de transição inicial da vogal: valor de T1 - valor de T0.
o Duração do período estável da vogal: valor de T2 - valor de T1.
o Duração do período do murmúrio: valor de T3 - valor de T2.
o Duração do período estável da vogal com o murmúrio: valor de T3 - valor de
T1.
39
Foi considerado como “período estável” das vogais o período sem transição inicial e
final do primeiro formante.
Após os cálculos, os valores obtidos foram transferidos para tabelas individuais
do Excel (Anexos de B ao P) onde foi realizado o cálculo da média das três emissões
produzidas para cada palavra. Nos casos em que o falante não emitiu determinado período da
vogal alvo, o mesmo não foi registrado na tabela individual.
Alguns falantes, em alguns vocábulos, não realizaram as três emissões solicitadas de
cada frase veículo. Acredita-se que este fato tenho ocorrido porque o programa de
apresentação das frases, por ter sido programado para exibir os slides de forma aleatória,
tenha apresentado dois slides seguidos da mesma frase veículo, dando ao participante a
impressão de que o slide não foi modificado, e por isso ele passava para a frase seguinte, sem
repetir a produção da frase anterior. Nestes casos, a média foi feita com os valores obtidos
apenas nas duas emissões realizadas. Este mesmo procedimento foi utilizado quando a
produção do murmúrio não foi realizada nas três emissões do mesmo falante. O falante 11 não
produziu o vocábulo “Baco”. Por isso, seus dados não foram incluídos na parte 2 da análise
dos dados, que investigou a interferência do ponto de articulação da consoante subseqüente
sobre a duração da vogal nasal e do murmúrio nasal. Esta palavra foi utilizada no presente
estudo somente para verificar a interferência deste fator (ponto de articulação da consoante
subseqüente).
Pelo fato deste trabalho ter envolvido o estudo da fala de 15 participantes, na análise
estatística foi possível verificar a influência de no máximo de três variáveis explicativas sobre
a variável dependente (duração da vogal nasal ou do murmúrio nasal). Como existiam quatro
variáveis explicativas (tipo de nasalidade, qualidade vocálica, modo de articulação da
consoante subseqüente e ponto de articulação da consoante subseqüente), a análise dos dados
foi dividida em duas partes. A parte de número 1 teve o objetivo de responder às seguintes
questões: o alongamento da vogal nasal em relação às suas correlatas oral e nasalizada
também é presente quando o murmúrio nasal é excluído da medida de duração? A duração da
vogal nasal depende da qualidade vocálica e do modo articulatório da consoante subseqüente?
A presença e a duração do murmúrio nasal dependem da qualidade vocálica e do modo
articulatório da consoante subseqüente? Para respondê-las, foram analisadas as variáveis
explicativas: tipo de nasalidade (oral, nasalizada e nasal), qualidade vocálica ([a], [i] e [u] e
modo de articulação da consoante subseqüente (fricativa e plosiva) sobre a variável
dependente. A parte de número 2 teve o objetivo de responder às seguintes questões: a
duração da vogal nasal depende do ponto articulatório da consoante subseqüente? A presença
40
e a duração do murmúrio nasal dependem do ponto articulatório da consoante subseqüente?
Para respondê-las, foram analisadas, na vogal [a], as variáveis explicativas: tipo de nasalidade
(oral e nasal) e ponto de articulação da consoante subseqüente (velar, dental e bilabial) sobre a
variável dependente.
Os valores das médias obtidos nas tabelas dos anexos de B ao P foram transferidos
para duas tabelas (Anexos Q e R) a fim de que os dados pudessem receber análise estatística
no Programa R®. Na tabela Q encontram-se os valores referentes à parte 1 da análise dos
dados. Na tabela R encontram-se os dados referentes à parte 2 da análise dos dados.
Utilizou-se o Programa R® para a análise estatística dos dados. Foi encontrada a
média e o desvio padrão das vogais inseridas em todos os vocábulos produzidos por todos os
participantes. Para estimar a importância das variáveis explicativas sobre a variação da
duração da vogal nasal ou do murmúrio nasal foram utilizados gráficos do tipo Boxplot e o
Modelo Linear.
41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na primeira análise de dados, foram utilizadas as medidas de duração dos períodos de
transição inicial, estabilidade e do murmúrio nasal (quando presente) das vogais [a], [i], [u]
orais, nasalizadas e nasais diante de fonema plosivo e fricativo à partir dos vocábulos: “Caça”,
“Cansa” , “Cana”, “Cata”, “Canta”, “Piço”, “Pinço” , “Pino” , “Pito”, “Pinto” , “Luto”,
“Unto”, “Uno”, “Súcia”, “Núncio” e “Túnel”.
Os resultados encontrados permitiram responder às seguintes questões do presente
trabalho:
1. O alongamento da vogal nasal em relação às suas correlatas oral e nasalizada também
é presente quando o murmúrio nasal é excluído da medida de duração?
2. A duração da vogal nasal depende da qualidade vocálica e do modo articulatório da
consoante subseqüente?
3. A presença e a duração do murmúrio nasal dependem da qualidade vocálica e do
modo articulatório da consoante subseqüente?
Os achados descritos a seguir respondem à primeira questão: “O alongamento da vogal
nasal em relação às suas correlatas oral e nasalizada também é presente quando o murmúrio
nasal é excluído da medida de duração?”
Para responder à esta pergunta, foi encontrado nas produções de todos os falantes a
média e o desvio padrão da duração das vogais [a], [i], [u] orais, nasalizadas e nasais
seguidas por consoante plosiva e fricativa durante o período de estabilidade. Como foi
descrito na metodologia, o período de estabilidade foi compreendido entre o início da
estabilidade da vogal e o seu fim, sem considerar a medida de duração do murmúrio nasal e
da transição inicial. Estes resultados estão apresentados na tabela 2 abaixo:
42
Tabela 2 - Média e desvio padrão do período estável das vogais [a], [i], [u] orais, nasalizadas e nasais seguidas por consoante plosiva e fricativa. * Nota: N= 15.
Os dados acima revelam que a duração das vogais foi maior para as nasais, seguidas
pelas nasalizadas e pelas orais, o que concorda com o que é encontrado na literatura nos
estudos de Di Ninno, (2008); Jesus, (1999); Moraes e Wetzels (1992); Seara, (2000); Souza,
(1994) que consideraram o murmúrio nasal nas medidas de duração das vogais nasais. A
exceção no presente estudo foi apenas para a vogal [a] antes de consoante plosiva, para a qual
a duração da vogal oral foi igual a da nasalizada. Jesus (1999) considera que a maior duração
da vogal nasal em relação a sua correlata oral é decorrente de aspectos articulatórios, podendo
atribuir tal alongamento à ação mecânica do palato e infere que o abaixamento do palato, na
produção destas vogais, implique em uma complexidade articulatória maior. Esta autora
encontrou que as vogais nasais foram mais longas que suas correlatas orais mesmo quando a
duração do murmúrio foi excluída da duração da vogal nasal. Em Souza, (1994) e Seara,
(2000) o murmúrio nasal teve participação relevante na duração das vogais nasais, que não
tinham diferença significativa de duração em relação às orais sem a presença do murmúrio,
discordando dos achados do presente estudo. Em virtude dos resultados encontrados, não foi
Média e Desvio Padrão do Período Estável* Vogal [a]
Consoante Subsequente Oral
(Vocábulo:“Cata”) Nasalizada
(Vocábulo:“Cana”) Nasal
(Vocábulo:“Canta”) Média 0,13 0,13 0,15
Plosiva Desvio Padrão 0,026 0,035 0,035
Oral
(Vocábulo:“Caça”) Nasalizada
(Vocábulo:“Cana”) Nasal
(Vocábulo:“Cansa”) Média 0,145 0,13 0,15
Fricativa Desvio Padrão 0,028 0,03 0,032 Vogal [i]
Oral
(Vocábulo:“Pito ”) Nasalizada
(Vocábulo:“Pino”) Nasal
(Vocábulo:“Pinto”) Média 0,11 0,12 0,15
Plosiva Desvio Padrão 0,023 0,028 0,028
Oral
(Vocábulo:“Piço”) Nasalizada
(Vocábulo:“Pino”) Nasal
(Vocábulo:“Pinço”) Média 0,115 0,12 0,14
Fricativa Desvio Padrão 0,024 0,028 0,043 Vogal [u]
Oral
(Vocábulo:“Luto”) Nasalizada
(Vocábulo:“Uno”) Nasal
(Vocábulo:“Unto”) Média 0,12 0,18 0,2
Plosiva Desvio Padrão 0,03 0,034 0,031
Oral
(Vocábulo:“Súcia”) Nasalizada
(Vocábulo:“Túnel”) Nasal
(Vocábulo:“Núncio”) Média 0,1 0,12 0,15
Fricativa Desvio Padrão 0,024 0,041 0,026
43
necessário comparar os valores de duração das vogais nasais com e sem murmúrio, pois um
dos objetivos do presente trabalho era investigar se tais vogais eram maiores que as orais
devido ao murmúrio nasal, o que não foi comprovado com os achados deste estudo. Os dados
acima mostraram que as vogais nasais foram mais longas que suas correlatas orais e
nasalizadas mesmo sem a inclusão da medida de duração do murmúrio nasal.
Para responder à segunda questão: “A duração da vogal nasal depende da qualidade
vocálica e do modo articulatório da consoante subseqüente?” foram utilizados gráficos do
tipo Boxplot e o Modelo Linear conforme encontra-se abaixo4. Por comodidade, o mesmo
gráfico será repetido.
Figura 3: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] orais diante de fonema fricativo inseridas nas palavras: “Caça”, “Piço” e “Súcia”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
4 Primeiramente serão apresentadas e discutidas as medidas descritivas para, em seguida, se apresentar o modelo estatístico que avaliou a significância do efeito de cada fator.
44
O gráfico anterior permite observar que as vogais [a], [i], [u] orais diante de fonema
fricativo tiveram uma redução progressiva da duração da parte estável na medida em que se
passou da vogal aberta central [a] para a posterior alta [u]. Neste caso, quanto maior foi a
altura e a posteriorização da língua, menor foi a duração da vogal. As vogais [i] e [u] orais
foram mais curtas que suas correlatas nasalizada e nasal. A duração da vogal [a] oral foi mais
longa que a nasalizada e mais curta que a nasal, embora essa diferença seja muito pequena.
Portanto, precedendo a fricativa parece haver efeito tanto da altura quanto da posteriorização
da língua sobre a duração da parte estável da vogal.
Figura 4: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] orais diante de fonema plosivo inseridas nas palavras: “Cata”, “Pito” e “Luto”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
45
A figura 4 revela que as vogais [a], [i] e [u] orais obtiveram os menores valores de
duração que suas correlatas nasalizadas e nasais no contexto analisado (diante de fonema
plosivo). Nas vogais [a], [i] e [u] orais diante de fonema plosivo, houve uma redução da
duração da parte estável das vogais na medida em que se passou da vogal baixa central [a]
para a vogal alta anterior [i] e para a vogal alta posterior [u], sendo a duração desta última,
ligeiramente maior que a duração da anterior [i]. Este achado concorda com o que foi
encontrado por Di Ninno (2008) e Hajek e Maeda (2000), em que as vogais baixas foram mais
longas do que as vogais altas. Souza (1994) encontrou que a menor duração de vogal oral foi
a vogal [u]. Em Seara (2000) a vogal oral mais curta foi [i], concordando com os achados do
presente estudo. Como a redução da duração não foi progressiva, conforme observado nestas
mesmas vogais diante de fonema fricativo, pode-se dizer que, precedendo plosiva, a
posteriorização da língua não tem efeito sobre a duração da parte estável da vogal; a altura da
língua é que foi fator determinante.
Apesar disso, tomando em conjunto com o que foi dito em relação ao gráfico anterior,
estes dados mostram uma tendência das vogais orais altas serem mais curtas que a vogal oral
central nestes dois contextos analisados (diante de consoante fricativa e plosiva). Tais achados
reforçam o modelo defendido pela FAR, pois na produção da vogal [a], em determinados
contextos, existe um abaixamento maior da mandíbula, que necessita de um tempo maior e
isto pode ocasionar um aumento da duração deste som em relação às vogais altas ([i] e [u]),
que não exigem um amplo movimento da mandíbula para a sua produção.
46
Figura 5: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] nasalizadas diante de fonema fricativo inseridas nas palavras: “Cana”, “Pino” e “Túnel”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
A figura 5 acima mostra que nas vogais [a], [i] e [u]nasalizadas diante de consoante
fricativa houve uma redução progressiva da duração da parte estável das vogais na medida em
que se passou da vogal baixa central [a] para a vogal alta anterior [i] e alta posterior [u]. Este
padrão também foi encontrado nas vogais orais neste mesmo contexto, conforme é mostrado
na figura 3. Quanto maior foi a altura e a posteriorização da língua, menor foi a duração da
vogal.
47
Figura 6: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] nasalizadas diante de fonema plosivo inseridas nas palavras: “Cana”, “Pino” e “Uno”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
Foram utilizados os mesmos vocábulos (“Cana” e “Pino”) para o estudo das vogais [a]
e [i] nasalizadas nos grupos de palavras com consoante subseqüente plosiva e fricativa. Por
este motivo é possível observar na figura 6 que os valores das medianas das vogais [a] e [i]
nasalizadas foram exatamente os mesmos diante de consoante subseqüente fricativa e plosiva.
Para obter os valores de duração da vogal [u] nasalizada, foram utilizadas diferentes palavras
nos grupos de fonema subseqüente fricativo e plosivo (“Túnel” e “Uno”, respectivamente). Os
valores das medianas da vogal [u] nasalizada diante de consoante subseqüente plosiva e
fricativa foram diferentes, o que pode ter sido justificado pela diferença quanto ao tamanho e
a composição fonética dos vocábulos utilizados. Como se sabe, o tamanho e a composição
fonética dos vocábulos pode interferir nas medidas de duração (KENT e READ, 1992;
48
PICKETT, 1998). O gráfico acima mostra que nas vogais [a], [i] e [u] nasalizadas diante de
consoante plosiva a vogal [u] obteve o maior valor de duração, seguida da vogal [a] e da
vogal [i], que teve a menor duração. Não foi observado neste contexto o mesmo padrão
encontrado no contexto de consoante subseqüente fricativa, no qual houve uma redução
progressiva da duração da parte estável das vogais na medida em que se passou da vogal
baixa central [a] para a vogal alta anterior [i] e alta posterior [u]. Também é possível observar
neste gráfico que todas as vogais analisadas ([a], [i] e [u] nasalizadas diante de consoante
plosiva) tiveram suas durações menores que suas correlatas nasais e maiores que suas
correlatas orais. Estes achados se aproximam do que foi encontrado diante de consoante
fricativa, cuja exceção foi apenas na vogal [a], conforme descrito na figura 5.
Figura 7: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] nasais diante de fonema fricativo inseridas nas palavras: “Cansa”, “Pinço” e “Núncio”. Legenda: Eixo horizntal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
49
É possível observar no gráfico 7 que nas vogais [a], [i] e [u] nasais diante de
consoante fricativa, a vogal [u]teve a maior duração, seguida da vogal [a] e da vogal [i], que
teve a menor duração. Porém, todas obtiveram valores de duração maiores que suas correlatas
orais e nasalizadas. Esse achado concorda com o que foi encontrado na literatura em outros
estudos (DI NINNO, 2008; JESUS, 1999; SEARA, 2000; SOUZA 1994).
Figura 8: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise das vogais [a], [i], [u] nasais diante de fonema plosivo inseridas nas palavras: “Canta”, “Pinto” e “Unto”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
O gráfico acima mostra que nas vogais analisadas (vogais [a], [i] e [u] nasais diante de
fonema plosivo) a vogal [u] foi a mais longa, seguida da vogal [i] e da vogal [a], que obteve o
menor valor de duração. Este comportamento é diferente do que foi encontrado nos gráficos
anteriores nos quais as vogais [i] e [u] orais foram mais curtas que a vogal [a] oral tanto diante
50
de consoante plosiva quanto de fricativa e as vogais [i] e [u] nasalizadas foram mais curtas
que a vogal [a] nasalizada diante de consoante fricativa. Todas as vogais em análise neste
gráfico foram mais longas que suas correlatas orais e nasalizadas.
Figura 9: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise da vogal [a] oral, nasalizada e nasal diante de fonema fricativo e plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Caça”, “Cana”, “Cansa”, “Cata”, “Cana” e “Canta”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
O gráfico acima evidencia através dos asteriscos a análise da vogal [a] oral, nasalizada
e nasal diante de fonema fricativo e plosivo. É possível observar que diante de consoante
plosiva, houve um padrão discreto de aumento de duração da vogal na medida em que ela
passa de oral para nasalizada e nasal. Este padrão não é visto diante de consoante fricativa,
pois a duração da vogal [a] nasalizada foi menor que a duração da vogal oral. Em ambos os
contextos de consoante subseqüente a vogal [a] nasal foi ligeiramente mais longa.
51
Figura 10: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise da vogal [i] oral, nasalizada e nasal diante de fonema fricativo e plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Piço”, “Pino”, “Pinço”, “Pito”, “Pino” e “Pinto”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
O gráfico acima mostra claramente um padrão de aumento da duração das vogais
analisadas na medida em que passam de oral para nasalizada e nasal. Este padrão é mais
evidente diante de consoante subseqüente plosiva. Em ambos os contextos em análise a vogal
[i] oral foi menor que a vogal [i] nasalizada que por sua vez foi menor que a vogal [i]nasal.
Esta última vogal obteve nos dois contextos os maiores valores de duração.
52
Figura 11: Gráfico do tipo Boxplot que mostra a distribuição dos valores de duração em função dos fatores: nasalidade, qualidade vocálica e consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Análise da vogal [u] oral, nasalizada e nasal diante de fonema fricativo e plosivo inseridas respectivamente nas palavras: “Súcia”, “Túnel”, “Núncio”, “Luto”, “Uno” e “Unto”. Legenda: Eixo horizontal: 0- Vogal oral; 1- Vogal nasalizada; 2- Vogal nasal. Eixo vertical: duração da parte estável da vogal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana. Asteriscos: vogais que estão sendo analisadas no gráfico.
A análise da vogal [u] no gráfico acima permite observar que tanto diante de
consoante subseqüente plosiva quanto de fricativa houve um aumento de duração desta vogal
na medida em que ela passou de oral para nasalizada e posteriormente para nasal. Este padrão
ficou bastante evidente nos dois contextos analisados, porém os maiores valores de duração
da vogal [u] foram diante de consoante subseqüente plosiva.
Considerando os resultados obtidos para diferentes vogais, é pertinente comentar aqui
sobre a hipótese bifonêmica (ou bimoraica). Segundo essa hipótese, como se viu, a duração da
vogal nasal seria maior devido ao fato de que, nela, há dois tempos fonológicos (o da vogal
53
oral e o da consoante nasal subjacente). Foi esta, também, a conclusão de Moraes e Wetzels
(1992) a partir dos dados obtidos na vogal [a] de 2 falantes.
Contudo, os dados apresentados no presente estudo mostram que a situação não é tão
clara quando mais falantes são observados produzindo [a], [i] e [u]. Se a hipótese bimoraica
estiver correta, APENAS a vogal nasal deve ser mais longa, enquanto a vogal nasalizada deve
se comportar muito proximamente à vogal oral, independentemente da qualidade vocálica. No
gráfico aqui apresentado e discutido, nota-se que isso é verdadeiro para a vogal [a] seguida de
plosiva e [i] seguida de fricativa. No caso da vogal [u] seguida de plosiva, o resultado é
claramente o oposto, em que a duração da nasalizada é semelhante à nasal e ambas diferem da
vogal oral. Neste caso, apenas o abaixamento do véu seria o responsável por uma maior
duração. Nos outros casos, a duração da nasalizada, comparativamente às demais, não é
elucidativo. Menos ainda é o caso do [a] seguido de fricativa, em que a duração da vogal oral
praticamente não se diferencia da duração da vogal nasal.
Foi realizada acima uma análise descritiva dos dados. Estes serão testados a seguir sob
o ponto de vista estatístico. O Modelo Linear foi utilizado por permitir estimar a variância dos
dados da duração da parte estável das vogais nasais e do murmúrio nasal que podem ser
remetidos às variáveis independentes: nasalidade, qualidade vocálica e modo de articulação
da consoante subseqüente5.
5 Os sinais presentes na lateral direita das figuras do Modelo Linear mostram o grau de significância de cada fator ou da interação entre eles sobre a variável dependente da seguinte forma: ‘***’ 0.0001 – altamente significativo; ‘**’ 0.01 – muito significativo; ‘*’ 0.05 – significativo; ‘.’ – tendência; ‘ ’ 1.
54
Quadro 1– Modelo Linear com grau de nasalidade, qualidade vocálica e modo de articulação da consoante subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal; VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 2: [i]; VOGAL 3: [u]; MODOC: modo de articulação da consoante subseqüente; MODOC 2: consoante subseqüente fricativa.
Como se pode observar nos resultados do Modelo Linear no quadro 1 acima, as três
variáveis analisadas foram importantes para determinar a duração das vogais nasais, porém o
grau de nasalidade foi o fator mais importante. Este fator e o modo de articulação da
consoante subseqüente foram altamente significativos; a qualidade vocálica foi muito
significativa na duração das vogais. As interações entre grau de nasalidade e qualidade
vocálica e entre qualidade vocálica e modo de articulação da consoante subseqüente foram
altamente significativas na duração das vogais. A interação entre nasalidade e modo de
articulação da consoante subseqüente apresentou apenas uma tendência. A interação entre
todos os três fatores não foi importante. O valor residual encontrado (0.000975) está muito
próximo de 0 (zero), o que indica que este foi um bom modelo para a análise dos dados.
55
Porém, tal modelo explicou apenas 32% dos dados (R2=0.3228), mas os explicou de forma
altamente significativa (P< 2.2e-16).
Os dados acima já seriam suficientes para responder à questão: “a duração da vogal
nasal depende da qualidade vocálica e do modo articulatório da consoante subseqüente?”,
pois foi revelado que as variáveis explicativas grau de nasalidade, qualidade vocálica e modo
de articulação da consoante subseqüente foram significativas sobre a duração da parte estável
das vogais. Porém, a fim de aumentar o detalhamento dos dados, uma das três variáveis
explicativas foi isolada em cada figura abaixo, e foram analisadas apenas a influência das
duas variáveis restantes sobre a duração da parte estável das vogais.
As figuras a seguir apenas esclarecem pontos dos dados analisados no modelo
principal, apresentado anteriormente no quadro 1.
Quadro 2 – Modelo Linear com grau de nasalidade e modo de articulação da consoante subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal; MODOC: modo de articulação da consoante subseqüente; MODOC 2: consoante subseqüente fricativa.
No quadro 2 foi isolada a interação da qualidade vocálica e analisada apenas a
interação das variáveis grau de nasalidade e modo de articulação sobre a duração das vogais
alvo. Como se observa nesta análise, o grau de nasalidade foi a variável mais importante na
determinação da duração das vogais, sendo o modo de articulação da consoante subseqüente
56
muito significativo. A interação entre tais variáveis apresentou apenas uma tendência. O
valor de R2 foi 18,71%, revelando que este não foi um modelo tão bom para a análise dos
dados.
Quadro 3 – Modelo Linear com grau de nasalidade e qualidade vocálica como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal; VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 2: [i]; VOGAL 3: [u].
No quadro 3, foi isolado o modo de articulação da consoante subseqüente para se
observar qual foi a interação dos outros fatores (grau de nasalidade e qualidade vocálica)
sobre a duração da parte estável das vogais. Os resultados mostram que o grau de nasalidade
foi altamente significativo, a qualidade vocálica foi muito significativa e a interação entre
estes dois fatores foi muito significativa na determinação da duração das vogais alvo. Este
modelo não foi tão bom para explicar os dados, pois o R2 foi de 0.2174, explicando apenas
cerca de 21% dos dados.
57
Quadro 4 – Modelo Linear com modo de articulação da consoante subseqüente e qualidade vocálica como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 2: [i]; VOGAL 3: [u]; MODOC: modo de articulação da consoante subseqüente; MODOC 2: consoante subseqüente fricativa.
O quadro 4 mostra a importância das variáveis modo de articulação da consoante
subseqüente e qualidade vocálica sobre a duração da parte estável das vogais sem considerar a
variável “grau de nasalidade”. Os resultados apresentados acima mostram que nesta análise o
modo de articulação da consoante subseqüente foi mais importante para determinar a duração
das vogais alvo que a qualidade vocálica. Porém, a interação entre esses dois fatores foi
altamente significativa. Este não foi um modelo tão bom para explicar os dados, pois o valor
de R2 foi 0.1153, explicando apenas 11,53% dos dados.
58
Quadro 5 – Modelo Linear com o grau de nasalidade como variável explicativa sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal.
A fim de considerar a influência apenas da variável explicativa grau de nasalidade
sobre a duração das vogais alvo foi feita a análise que se encontra no quadro 5. Conforme é
apresentado na referida figura, a diferença de duração da vogal nasalizada em relação à oral
foi muito significativa e a diferença de duração entre a vogal nasal e a oral foi altamente
significativa. Como se pode observar, o fator nasalidade foi altamente significativo na
determinação da duração das vogais estudadas. Assim como aconteceu nas análises anteriores,
o valor de R2 foi muito pequeno (0.1526), explicando apenas 15.26 % dos dados.
Levando em conta que os valores de duração da vogal [u] nasal foram maiores em
relação às demais qualidades vocálicas analisadas, foi levantada a possibilidade da grande
significância da interação da qualidade vocálica sobre a duração a vogal nasal, observado no
quadro 3, ter sido causada pela influência das medidas de duração da vogal [u]. Em virtude
disto, um modelo foi aplicado sem considerar a vogal [u] e outro sem considerar a vogal [a],
conforme é apresentado nas figuras abaixo:
59
Quadro 6 – Modelo Linear com o grau de nasalidade, modo articulatório da consoante subseqüente e qualidade vocálica como variável explicativa sobre a duração da parte estável das vogais sem considerar a vogal [u]. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal; VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 2: [i]; MODOC: modo de articulação da consoante subseqüente; MODOC 2: consoante subseqüente fricativa.
Conforme é possível observar no quadro 6, o grau de nasalidade foi o fator mais
importante para determinar a duração das vogais alvo, sendo a qualidade vocálica um fator
muito significativo. A interação entre os fatores grau de nasalidade e qualidade vocálica
apresentou apenas uma tendência. Este modelo não foi tão bom para explicar os dados pois o
valor do R2 foi de 0,1294, explicando somente 12,94 % dos dados.
60
Quadro 7 – Modelo Linear com o grau de nasalidade, modo articulatório da consoante subseqüente e qualidade vocálica como variável explicativa sobre a duração da parte estável das vogais sem considerar a vogal [a]. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasalizada; NASAL 2: vogal nasal; VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 3: [u]; MODOC: modo de articulação da consoante subseqüente; MODOC 2: consoante subseqüente fricativa.
No quadro 7 acima foi desconsiderada a vogal [a] na análise dos dados e utilizados
somente valores referentes às vogais altas [i] e [u]. Foi observado que a nasalidade e o modo
de articulação da consoante subseqüente foi altamente significativo na determinação da
duração das vogais alvo. A qualidade vocálica foi muito significativa. A interação mais
importante e altamente significativa foi entre a qualidade vocálica e o modo de articulação da
consoante subseqüente. Este modelo foi considerado adequado pois o valor de R2 foi de
0,4155, explicando 41,55% dos dados. Os dados dos quadros 6 e 7 mostram que a vogal [a]
teve um comportamento mais diferente e menos previsível que as outras vogais estudadas ([i]
e [u]).
Sintetizando o que foi relatado na resposta da segunda questão, pode-se dizer que:
61
• A qualidade vocálica é importante na determinação da duração da vogal nasal:
as vogais [i] e [u] foram mais previsíveis e a vogal [a] foi menos previsível e
teve um comportamento diferente;
• O modo de articulação da consoante subseqüente foi importante na
determinação da duração da vogal nasal e cada vogal se comportou de uma
forma.
• O grau de nasalidade foi o fator mais importante para explicar a duração da
vogal, mas sozinho ele não explicou toda a variância da duração.
Figura 12: Representação da interação do grau de nasalidade, da qualidade vocálica e do modo de articulação da
consoante subseqüente sobre a duração da vogal.
A figura acima mostra que:
1. O grau de nasalidade e a qualidade vocálica interagiram entre si sobre a duração da
vogal. Vogal nasal, nasalizada e oral afetaram diferentemente em termos de duração as vogais
[a], [i] e [u].
2. O Modo de articulação da consoante subseqüente e qualidade vocálica interagiram
entre si sobre a duração da vogal. Consoantes plosivas e fricativas afetaram diferentemente
em termos de duração as vogais [a], [i] e [u].
3. O grau de nasalidade e o modo de articulação da consoante subseqüente não
interagiram entre si sobre a duração da vogal. (A interação entre estes fatores não foi
significativa, houve apenas uma tendência).
Nasalidade Vogal Modo Consoante
Duração
62
Para responder à terceira questão: “A presença e a duração do murmúrio nasal
dependem da qualidade vocálica e do modo articulatório da consoante subseqüente?” foram
utilizados os resultados das tabelas de B à P (em anexo), gráficos do tipo Boxplot e o Modelo
Linear.
As tabelas de B à P (em anexo), que apresentam os valores de duração das vogais obtidos
para cada falante, permitem observar que o murmúrio nasal esteve presente em todas as
vogais estudadas e não teve ocorrência significativa antes de fonema fricativo, pois ocorreu
em apenas duas produções de um mesmo falante (conforme observado na segunda e na
terceira produção da palavra “pinço” do falante 9 no Anexo J). Devido à hiperarticulação dos
sons, a segunda produção não foi incluída na análise de dados.
Como não houve produção significativa do murmúrio nasal antes de fonemas
fricativos, não foi possível analisar se a consoante subseqüente teve importância na duração
do murmúrio nasal. As medidas de duração somente diante de consoante plosiva não são
suficientes para fazer esta análise, pois não é possível fazer comparação com o outro modo de
articulação da consoante subseqüente.
Esses achados significam que a presença do murmúrio nasal não dependeu da
qualidade vocálica, mas do modo de produção da consoante subseqüente.
A fim de investigar qual foi a influência da qualidade vocálica sobre a duração do
murmúrio nasal, foi utilizado o gráfico Boxplot e o Modelo Linear conforme encontram-se a
seguir:
63
Figura 13: Distribuição dos valores de duração do murmúrio nasal em função da qualidade vocálica. Legenda: Eixo horizontal: 1- Vogal [a]; 2- Vogal [i]; 3- Vogal [u]. Eixo vertical: duração do murmúrio nasal em segundos (s). Bolas pretas: valores da mediana.
Conforme é observado na figura acima, houve diferença nas medidas de duração do
murmúrio nasal de acordo com a qualidade vocálica. Quanto mais alta e posterior foi a vogal,
menor foi a duração do murmúrio nasal. A vogal baixa central [a] obteve os maiores valores
de duração do murmúrio nasal. Em Seara (2000) a vogal alta anterior [i] apresentou a maior
duração do murmúrio em relação à duração total da vogal. Em contexto tônico, esta autora
encontrou nas vogais nasais a seguinte ordem decrescente de duração do murmúrio nasal: [i]
> [a] > [o] > [e] > [u]. A semelhança encontrada entre os dados do presente estudo e os
achados desta autora é que em ambos a vogal [u] teve a menor duração do murmúrio nasal.
A fim de verificar se as diferenças encontradas na figura 13 acima foram significativas, foi
utilizado o Modelo Linear como exposto a seguir:
64
Quadro 8 – Modelo Linear utilizado para explicar a importância da variável explicativa qualidade vocálica sobre a duração do murmúrio nasal. Legenda: VOGAL: qualidade vocálica; VOGAL 2: [i]; VOGAL 3: [u].
Conforme se observa no quadro 8 acima, a qualidade vocálica não teve influência
significativa na duração do murmúrio nasal. As diferenças nas medidas de duração do
murmúrio nasal de acordo com a qualidade vocálica, encontradas no gráfico Boxplot anterior,
não foram significativas. O valor residual encontrado (0.9552) não está próximo a 0 (zero), o
que indica que este não foi um modelo tão bom para a análise dos dados. Tal modelo explicou
menos de 1% dos dados (R2= -0.7313). Estes dados significam que a qualidade vocálica não
interferiu na duração do murmúrio nasal.
Albano (1999) sugere que na produção do murmúrio nasal haja uma sobreposição de
gestos articulatórios. Como dito anteriormente, Albano (1999) explica a produção do
murmúrio com um gesto de abertura vélica que começa depois do início do gesto vocálico e
termina depois do fim deste. A FAR postula que a presença ou não do murmúrio depende de
uma maior ou menor sobreposição entre o gesto consonantal seguinte e os gestos vocálico e
vélico, que não é especificada no léxico e pode variar de acordo com o contexto prosódico,
segmental ou mesmo pragmático. Esta autora encontrou no estudo de Souza (1994) que o
murmúrio nasal quando presente tem uma duração inversamente proporcional à da vogal.
Com a finalidade de responder à questão: os achados de Souza (1994) que revelaram
uma duração inversamente proporcional do murmúrio nasal em relação à duração da vogal
se aplicam também aos dados obtidos no presente estudo? foram realizadas análises da
relação entre a duração do murmúrio e a duração do restante da vogal, conforme é
65
apresentado nas figuras abaixo. Acredita-se na hipótese de que as resultados de Souza (1994)
sejam iguais aos encontrados no presente estudo.
Figura 14: relação entre a duração total (período de transição+período estável+murmúrio nasal) e a duração do murmúrio nasal. Legenda: Eixo horizontal: duração do murmúrio nasal em segundos (s). Eixo vertical: duração total da vogal em segundos (s), incluindo a duração do período de transição, do período estável e do murmúrio nasal.
Como se vê pela inclinação da reta, quanto maior foi a duração total, maior foi a
duração do murmúrio nasal. Esses dados foram analisados da mesma forma que Souza (1994)
no que se diz respeito às partes da vogal nasal incluídas na análise. Porém, os resultados do
presente estudo foram opostos aos encontrados por esta autora, cujo trabalho revelou que a
duração do murmúrio foi inversamente proporcional à duração da vogal. A diferença nos
resultados entre estes dois trabalhos pode se justificar pelo fato de Souza (1994) ter utilizado
poucos falantes e o presente estudo ter analisado amostras de fala de 15 participantes.
66
Para confirmar se a diferença da duração total da vogal, neste caso incluindo a duração
do período de transição, do período estável e do murmúrio nasal foi significativa em relação à
duração do murmúrio nasal, foi utilizado o Modelo Linear abaixo:
Quadro 9 – Modelo Linear: Relação entre a duração total da vogal (período da transição+parte estável+murmúrio nasal) e a duração do murmúrio nasal. Legenda: MURM: Murmúrio nasal.
O quadro 9 acima mostra que a diferença entre a duração total da vogal (incluindo a
duração do período de transição, da parte estável e do murmúrio nasal) e a duração do
murmúrio nasal foi significativa. O valor residual encontrado (0.01760) não está próximo a 0
(zero), o que indica que este não foi um modelo tão bom para a análise dos dados. Tal modelo
explicou 16,15% dos dados (R2=0,1615).
67
Figura 15: Relação entre a duração do período estável da vogal associado à duração do murmúrio nasal e a duração do murmúrio nasal. Legenda: Eixo horizontal: duração do murmúrio nasal em segundos (s). Eixo vertical: duração da vogal em segundos (s), incluindo a duração do período estável da vogal associado ao período de duração do murmúrio nasal.
Os resultados presentes no gráfico acima são semelhantes aos encontrados na relação
entre a duração total (período de transição+período estável+murmúrio nasal) e a duração do
murmúrio nasal, em que a inclinação da barra mostrou que quanto maior foi a duração da
parte estável da vogal associada ao murmúrio nasal, maior foi a duração deste último.
A fim de confirmar se os resultados da figura acima foram significativos, foi utilizado
o modelo linear a seguir:
68
Quadro 10 – Modelo Linear: Relação entre a duração da vogal(parte estável) +murmúrio nasal e a duração do murmúrio nasal. Legenda: MURM: Murmúrio nasal.
O quadro 10 acima, mostra que a diferença entre a duração da vogal (incluindo a
duração da parte estável e do murmúrio nasal) e a duração do murmúrio nasal foi
significativa. O valor residual encontrado (0.04471) não está próximo a 0 (zero), o que indica
que este não foi um bom modelo para a análise dos dados. Tal modelo explicou menos de 1%
dos dados (R2=0,1133).
69
Figura 16: Relação entre a duração do período de estabilidade da vogal e a duração do murmúrio nasal. Legenda: Eixo horizontal: duração do murmúrio nasal em segundos (s). Eixo vertical: duração do período estável da vogal em segundos (s). O gráfico acima mostra o mesmo padrão encontrado nas figuras 14 e 15 nas quais
quanto maior foi a duração da vogal (incluindo o murmúrio nasal) maior foi a duração do
murmúrio. Porém, na figura 16 a inclinação da reta foi menos evidente, mostrando que a
duração do murmúrio nasal teve pouca variação em relação à duração da parte estável da
vogal. A fim de confirmar se os resultados da figura acima foram significativos, foi utilizado
o modelo linear a seguir:
70
Quadro 11 – Modelo Linear: Relação entre a duração da parte estável da vogal e a duração do murmúrio nasal. Legenda: MURM: Murmúrio nasal.
A figura acima mostra que a diferença entre a duração da parte estável da vogal e do
murmúrio nasal não foi significativa. O valor residual encontrado (0.388) não está próximo a
0 (zero), o que indica que este não foi um modelo tão bom para a análise dos dados. Tal
modelo explicou menos de 1% dos dados (R2= -0,008284).
Na parte de número 2 da análise de dados, foram utilizadas as medidas de duração dos
períodos de estabilidade e do murmúrio nasal (quando presente) da vogal /a/ oral e nasal
diante de fonema plosivo velar, dental e bilabial à partir dos vocábulos: “Baco” e “Banco”,
“Cata” e “Canta”, “Capo” e “Campo”.
Os resultados encontrados permitiram responder às seguintes questões do presente
trabalho:
1. A duração da vogal nasal depende do ponto articulatório da consoante subseqüente?
2. A presença e a duração do murmúrio nasal dependem do ponto articulatório da
consoante subseqüente?
Os achados descritos a seguir respondem à primeira questão do estudo 2: “A duração da
vogal nasal depende ponto articulatório da consoante subseqüente?”
Para responder a esta questão, foram utilizados: média e desvio padrão (Anexo S),
gráfico Boxplot e o Modelo Linear, conforme encontra-se a seguir:
71
Figura 17: Gráfico do tipo Boxplot. Distribuição dos valores de duração em segundos (s) em função dos fatores: nasalidade e ponto de articulação da consoante subseqüente sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: Eixo horizontal: 0- vogal oral; 2- vogal nasal. Eixo vertical: duração do período estável da vogal em segundos (s). Barra cor de rosa: pontos articulatórios da vogal subseqüente: 1- velar; 2- dental; 3- bilabial. Bolas pretas: medianas.
Os resultados presentes na figura 17 mostram que os valores de duração da parte
estável da vogal [a] nasal foram maiores que os valores de duração da parte estável da vogal
[a] oral diante dos três pontos articulatórios analisados. Pode-se observar que, na medida em
que a posição da língua na produção das consoantes subseqüentes mudou do ponto
articulatório velar para o dental e posteriormente para o bilabial, houve uma redução da
duração da parte estável das vogais. A fim de verificar se estes achados foram realmente
significativos, foi utilizado o Modelo Linear que é apresentado no quadro 12 abaixo:
72
Quadro 12: Modelo Linear com grau de nasalidade e ponto de articulação da consoante subseqüente como variáveis explicativas sobre a duração da parte estável das vogais. Legenda: NASAL: nasalidade; NASAL 1: vogal nasal; PONTOC: ponto de articulação da consoante subseqüente; PONTOC 2: consoante subseqüente dental; PONTOC 3: consoante subseqüente bilabial.
Como se pode ver, a nasalidade e o ponto articulatório da consoante subseqüente são
importantes na duração da vogal nasal, sendo a nasalidade o fator mais importante. A
interação entre essas duas variáveis não foi significativa, revelando que são variáveis
independentes. As diferenças de duração entre os diferentes pontos de articulação foram
significativas, indicando que o ponto articulatório da consoante plosiva que segue a vogal oral
tem influência sobre a sua duração. O valor residual encontrado (0.008782) está próximo a 0
(zero), o que indica que este foi um bom modelo para a análise dos dados. Tal modelo
explicou 12,34% dos dados (R2=0,1234). Estes achados significam que a duração da vogal
nasal /a/ dependeu do ponto articulatório da consoante subseqüente.
Deve-se considerar que estes achados foram válidos apenas para a consoante
subseqüente tendo o modo de articulação plosivo e os pontos articulatórios velar, dental e
bilabial .
Para responder à segunda questão do estudo 2: “A presença e a duração do murmúrio
nasal dependem do ponto articulatório da consoante subseqüente?” foram utilizados os
dados das tabelas dos anexos de B à P, a média e o desvio padrão e o Modelo Linear,
conforme será apresentado a seguir.
73
A análise das tabelas dos anexos de B à P, que mostram os valores de duração
encontrados em cada vocábulo para cada falante individualmente, revela que o murmúrio
nasal esteve presente, mesmo que de modo assistemático, na vogal [a] seguida dos três pontos
articulatórios estudados (velar, dental e bilabial). Isso quer dizer que a presença do murmúrio
nasal não dependeu do ponto de articulação da consoante subseqüente, pois ele esteve
presente diante de todos os pontos articulatórios estudados.
A tabela 3 abaixo mostra que a duração do murmúrio nasal foi maior diante de
consoante velar e menor diante de consoante bilabial, observando-se uma redução progressiva
entre estes pontos articulatórios.
Consoante Subsequente
Velar Consoante Subsequente
Dental Consoante Subsequente
Bilabial Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Murmúrio ,026 ,018 ,022 ,009 ,021 ,007
Tabela 3: Média e Desvio padrão da duração do murmúrio nasal diante de consoante velar (palavra “Banco”), Dental (palavra: “Canta”) e Bilabial (palavra: “Campo”).
A fim de verificar se os achados acima foram significativos, foi realizado o modelo
que se encontra abaixo:
Quadro 13- Modelo Linear com o ponto de articulação da consoante subseqüente como variável explicativa sobre a duração do murmúrio nasal. Legenda: PONTOC: ponto de articulação da consoante subseqüente; PONTOC 2: consoante subseqüente dental; PONTOC 3: consoante subseqüente bilabial.
Como se observa no quadro 13, as diferenças de duração do murmúrio nasal diante das
consoantes subseqüentes analisadas não foram significativas. Sendo assim, o ponto de
articulação da consoante subseqüente não foi importante na determinação da duração do
74
murmúrio nasal. O valor residual encontrado (0.645) não está próximo a 0 (zero), o que indica
que este não foi um modelo tão bom para a análise dos dados. Tal modelo explicou menos de
1% dos dados (R2 =-0,03975). Esses achados significam que a duração do murmúrio nasal
não dependeu do ponto de articulação da consoante subseqüente.
Resumidamente, foram obtidos na parte 2 da análise dos dados os seguintes
resultados:
• A duração da vogal nasal [a] dependeu do ponto articulatório da consoante
subseqüente;
• A presença do murmúrio nasal não dependeu do ponto de articulação da
consoante subseqüente;
• O ponto de articulação da consoante subseqüente não foi importante na
determinação da duração do murmúrio nasal.
O fato de o murmúrio nasal ter sido encontrado significativamente apenas diante de
consoante plosiva reforça o modelo de produção da fala que é defendido pela Fonologia
Articulatória (FAR). Este modelo, como relatado anteriormente, postula que o murmúrio
nasal acontece devido à uma sobreposição de gestos articulatórios, em que um gesto de
abertura do véu palatino começa após o início da sobreposição do gesto vocálico e termina
depois do fim deste. A existência ou não do murmúrio nasal depende da sobreposição do
gesto consonantal seguinte e os gesto vocálico e velar, que não é especificada no léxico e
pode variar de acordo com o contexto prosódico, segmental ou pragmático (ALBANO,1999).
Como as consoantes fricativas não possuem na sua produção um momento de “pausa” e outro
de soltura, sendo contíguas aos sons seguintes, não é possível ter uma sobreposição de gestos
articulatórios. Por este motivo o murmúrio nasal não estaria presente diante destes sons.
Conforme citado anteriormente, Pickett (1998) afirma que o murmúrio nasal acontece
na produção de consoantes nasais. Segundo o autor, durante o intervalo em que o trato oral é
ocluído pela articulação da consoante nasal, o som produzido pela glote é propagado através
da abertura velar e da passagem nasal para fora do nariz. Este som vindo do nariz é chamado
de “murmúrio nasal”. Kent e Read (1992), afirmam que a característica articulatória de
abertura velofaríngea acompanhada pela obstrução da cavidade oral é ligada à característica
acústica do murmúrio nasal. O murmúrio é o segmento acústico associado com a radiação
exclusivamente nasal da energia sonora. Sendo assim, acredita-se que o murmúrio não deve
ser considerado como parte integrante da vogal nasal, pois pertence à consoante nasal. De
acordo com os achados do presente estudo, as vogais nasais foram mais longas que suas
correlatas orais e nasalizadas mesmo sem considerar as medidas de duração do murmúrio
75
nasal. Diante destes achados e do que Pickett (1998) e Kent e Read (1992) afirmam sobre o
murmúrio nasal, acredita-se que a inclusão deste segmento nas medidas de duração das vogais
nasais possa ser inadequado.
76
5 CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo permitem concluir que:
1. A maior duração da vogal nasal em relação às suas correlatas oral e nasalizada
também foi presente quando o murmúrio nasal foi excluído da medida de
duração;
2. A duração da vogal dependeu não apenas da nasalidade, mas da qualidade
vocálica, do ponto de articulação da consoante subseqüente e do modo
articulatório da consoante subseqüente;
3. A presença e a duração do murmúrio nasal não dependeram da qualidade
vocálica nem do ponto de articulação da consoante subseqüente;
4. A presença do murmúrio nasal dependeu do modo articulatório da consoante
subseqüente.
Conforme foi citado anteriormente, não foi possível investigar se a duração do
murmúrio nasal dependeu do modo articulatório da consoante subseqüente, pois ele esteve
presente, com uma única exceção, somente diante de consoantes plosivas.
No presente trabalho não foi incluída a medida de duração do murmúrio nasal na
duração das vogais nasais. Porém, os achados confirmaram o que é encontrado na literatura
em estudos que incluíram a duração do murmúrio nasal nas medidas de duração das vogais
nasais, que foram mais longas que suas correlatas orais e nasalizadas. Considerando o que é
exposto por Albano (1999), para a qual o murmúrio nasal é uma sobreposição de gestos
articulatórios e o que é exposto por Pickett (1998) e Kent e Read (1992), para os quais o
murmúrio nasal acontece na produção de consoantes nasais, pode-se dizer que os resultados
do presente estudo favoreceram a conduta de não incluir a duração do murmúrio nasal nas
medidas de duração das vogais nasais.
Assim, os achados do presente estudo têm uma contribuição sobretudo metodológica.
Quanto a sua extrapolação para interpretação da natureza fonológica dos resultados, esta seria
precoce. Em primeiro lugar, entende-se que, para justificar uma interpretação da duração
como manifestação fonética de uma estrutura bifonêmica, seria preciso que a vogal nasalizada
se comportasse como a vogal oral. Neste caso, a nasalidade fonética não seria suficiente para
provocar uma maior duração da vogal. Não foi o que se encontrou neste estudo, como já
77
explicado anteriormente. Neste sentido, os resultados são contraditórios. Por outro lado, este
padrão de resultados também não implica que a hipótese bifonêmica seja falsa, pois há
diferenças metodológicas importantes, que impedem uma comparação direta dos resultados.
Moraes e Wetzels (1992) estudaram apenas dois falantes e consideraram o contexto pretônico
para afirmar que os resultados apontaram para a hipótese bifonêmica. No presente estudo
foram analisados 15 falantes com as vogais alvo em sílaba tônica. Tais diferenças de métodos
podem justificar a diferença dos resultados entre os dois estudos.
Neste estudo foram utilizadas amostras de fala de 15 participantes, o que não permitiu
que fosse feita uma análise estatística envolvendo os quatro fatores juntos: grau de nasalidade,
qualidade vocálica, modo de articulação da consoante subseqüente e ponto de articulação da
consoante subseqüente. Sugere-se a realização de novos estudos que utilizem um número
maior de falantes e que possa realizar de forma conjunta uma análise sobre a interferência
destes quatro fatores na duração de vogais nasais e na presença e duração do murmúrio nasal.
Também se sugere a realização de outros estudos que visem uma investigação mais detalhada,
envolvendo não somente um número maior de falantes, mas também a análise da influência
da tonicidade da sílaba e da velocidade de fala na duração das vogais nasais.
Acredita-se que a realização de outros estudos envolvendo as vogais nasais possa
contribuir para as respostas de muitos questionamentos sobre este tipo de vogal, cuja duração,
aqui, surgiu como um fenômeno mais complexo do que era conhecido.
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBANO, E.C. O Português brasileiro e as controvérsias da fonética atual: pelo
aperfeiçoamento da Fonologia Articulatória. Documentação de estudos em linguística Teórica
e Aplicada,São Paulo, v.15, p.23-50. 1999.
AMELOT, A.; ROSSATO,S. Velar movements for two French speakers. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF PHONETIC SCIENCES, 16, 2007, Sarbrucken. Proceedings of… Sarbrucken, ICPhs, 2007. Disponível em:<http⁄⁄: www.icps2007.de⁄conference⁄Papers⁄1331⁄1331.pdf. Acesso em: junho-2008 AZEVEDO, L.L.; MIRANDA, I.C.C. Análise Acústica da Voz e da Fala. In: BRITO, A.T.B.O (Org). Livro de Fonoaudiologia. São José dos Campos: Pulso, 2005. p. 409-424.
BACK, E. São fonemas as vogais nasais do Português? Construtura, n.4, P. 297-318. 1973. BEHLAU, M.S.; PONTES, P. Desordens vocais no paciente com inadequação velo-faríngea. In: ALTMANN, E.B.C. (Ed.) Fissuras labiopalatinas. Carapicuíba: Pró-Fono, 1997. p. 405-420. BISOL, L.A. A nasalidade, um velho tema. Documentação de estudos em linguística teórica e aplicada v.14, 1998. Disponível em:<http⁄⁄: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 44501998000300004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: junho-2008 CAGLIARI, L.C. An experimental study of nasality with particular reference to Brazilian Portuguese. 1977. 319f. Thesis (Doctor of Philosophy) – University of Edinburgh, Edinburgh. ______. Elementos de fonética do português Brasileiro. 1981. 320f. Tese (Livre docência) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas. CALLOU, D.; LEITE, Y. Iniciação à fonética e fonologia. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990. CÂMARA JR, J. M.(Ed.). Estrutura da língua Portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1970.
79
______. História e Estrutura da Língua Portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1976. 264p. ______. Estrutura da língua portuguesa. 19 ed. Petrópolis: Vozes, 1989. 129 p.
COLEMAN Jr, R.O. The effect of changes in width of velopharyngeal aperture on acoustic and perceptual properties of nasalized vowels. 1963. 202f. Thesis (Doctor of Philosophy) – Northwestern University, Illinois. COUTO, H. H. Vowel nasality: case of Portuguese and Guarani. In: The Fifth Lacus Forum: Columbia South Carolina. 1978. DELATTRE, P. Les attributs acoustiques de la nasalité vocalique et consonantique, Studia Linguistica, v.8, p. 103-109. 1954.
DELATTRE, P.; MONNT, M. The role of duration in the identification of French nasal vowels. In: DELATTRE, P. Studies in Comparative Phonetics. Heidelberg: J. Groos, 1981. p.17-38.
DI NINNO, C.Q.M.S. O contraste de nasalidade em falantes normais e com fissura palatina: aspectos da produção. 2008. 284f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
GREGIO, F.N. Configuração do trato vocal supralótico na produção das vogais do português brasileiro: dados de imagem de ressonância magnética. 2006. 87f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. HAJEK, J.; MAEDA, S. Investigating universals of sounds change: the effect of vowel height and duration on the development of distinctive nasalization. In: BROE, M.; PIERREHUMBERT, J. (Eds.) Papers in Laboratory Phonology V: Language Acquisition and the Lexicon. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 52-69. HAWKINS, S.; STEVENS, K.N. Acoustic and perceptual correlates of the non-nasal – nasal distinction for vowels. Journal of the Acoustical Society of America, v. 77, n.4, p.1560-1575. 1985. HUFFMAN, M.K.; KRAKOW, R.A. Instruments and Techniques for investigating nasalization and velopharyngeal function in the laboratory: an introduction. In: HUFFMAN, M.K.; KRAKOW, R.A. (Eds.)Phonetics and Phonology- Nasals, Nasalization, end the Velum. San Diego: Academic Press, 1993. v. 5. p. 3-59.
80
JESUS, M.S.V. Estudo fonético da nasalidade vocálica em falantes normais e com fissura de palato – enfoque acústico. 1999. 145f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
______. Estudo fonético da nasalidade vocálica. In: REIS, C. (Ed.). Estudos em fonética e fonologia do português. Belo Horizonte: FALE Universidade Federal de Minas Gerais, 2002. P. 205-223. JHA, S.K. The nasal vowels in Maithili: an acoustic study. Journal of Phonetics, v.14, p.223-230. 1986. KENT, D.R.; READ,C. The acoustic analysis of speech. San Diego: Singular, 1992. 235p. KLATT, D.H. Linguistic uses of segmental duration in English: Acoustic and perceptual evidence. Journal Acoustic Society of America, v. 59, n5. 1976. NYROP, K. Manuel Phonétique du Français Parlé. New York: G. E. Stechert and Company, 1929, p. 96. LACERDA, A.; STREVENS, P.D. Some phonetic observation using a speech-stretcher. Revista do Laboratório de Fonética Experimental, v.3, p. 5-16. 1956. LEWIS, K.E.; WATTERSON, T.L.; QUINT, T. The effect of vowels on nasalance scores. The cleft Palate and Craniofacial Journal, v. 37, n.6, p. 584-589. 2000.
LOPEZ, B. The sound pattern of Brazilian Portuguese (Carioca Dialect). 1979. Tese (Doutorado) - Universidade da Califórnia, Los Angeles.
MACHADO, M. M. Étude Articulatoire et Acoustique des Voyelles Nasales du Portugais de Rio de Janeiro: analyses radiocinématographique, sonagraphique et oscillographique. 1981. Tese (Doctorat). Université de Strasbourg, Strasbourg.
MACHADO, M.M. Fenômenos de nasalização vocálica em português: Estudo cine-radiográfico. Caderno de estudos linguísticos, Campinas, v.25, p.163-174. 1993. MAEDA, S. Acoustic of vowel nasalization and articulatory shifts in French nasal vowels. In: HUFFMAN, M.K.; KRAKOW, R.A. (Eds.) Phonetics and Phonology- Nasals, Nasalization, end the Velum. London: Academic Press, 1993. p. 147-166.
81
MASTER, S. PONTES, P.A.L.; BEHLAU, M.S. Configurações do trato vocal nas vogais nasais do Português do Brasil. Acta AWHO, v. 10, n.2, p. 67-75. 1991.
MATEUS, M.H.M. Aspectos da fonologia portuguesa. Lisboa: Centro de Estudos Filológicos. 1975. MEDEIROS, B.R.; DEMOLIN, D. Vogais nasais do Português Brasileiro: um estudo de IRM. Revista da Associação Brasileira de Linguística v.5, n.1 e 2, 131-142. 2006. Disponível em: <http⁄⁄:209.85.165.104/search?q=cache:HLdyWhc1mMAJ:www.abralin.org⁄revista⁄RV5N1}_2⁄RV5N1_2_art6.pdf+vogais+nasais+do+portugu%C3AAs+brasileiro:+um+estudo+de+IRM7hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1. Acesso em: junho 2008. MORAES, J.A. Vowel nasalization in Brasilian Portuguese: an articulatory investigation. In: EUROSPEECH´97, 2, 1997, Rhodes. Proceedings of… Rhodes: European Speech Communication Association (ESCA), 1997. p. 733-736.
______. A nasalidade vocálica no português do Brasil e no português de Portugal. In: XXIII CONGRESSO INTERNACIONAL DE LINGÜÍSTICA Y FILOLOGIA ROMÂNTICA, 1, 2003, Tubingen. Proceeding of... Tubingen: Max Niemeyer Verlag, 2003. p.235-44. MORAES, J.A.; WETZELS, L.W. Sobre a duração dos segmentos vocálicos nasais e nasalizados em português: Um exercício de fonologia experimental. Cadernos de Estudos Linguísticos, v.23, p. 153-166. 1992.
PASSY,P. Les Sons du Français. Paris: Didier, 1929, 63p. PICKETT, J. M. Consonants: Nasal stop and fricative manners of articulation. In: Readings in Clinical Spectrography of Speech. A joint publications from Singular Publishing Group Inc. and Kay Elemetrics Corp. San Diego. 1991. p.113-123. ______. The Acoustics of speech communication: Fundamentals, Speech Perception Theory and Technology. Boston: Allyn & Bacon, 1998. PONTES, E. A estrutura do verbo no português coloquial. Petrópolis: Vozes, 1972. R Development Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing. Vienna, Austria. 2009.
82
REED, D.; LEITE,Y. The segmental phonemes of Brasilian Portuguese: standard paulist dialect. Phonemics: a thechnique for reducing language to writing by K.L. Pike. University of Michigan Press: Ann Arbor, 194a-202b. SEARA, I.C. Estudo acústico-perceptual da nasalidade das vogais do português brasileiro. 2000. 271f. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. SILVA, T.C. Fonética e Fonologia do Português - roteiro de estudos e guia de exercícios. 6. ed. São Paulo: Ed. Contexto, 2002. 275p. SOUZA, E.M.G. Para a caracterização fonético-acústica da nasalidade no português brasileiro. 1994. 141f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas. TEIXEIRA, A.; VAZ, F.; MOUTINHO, L.; COIMBRA, R. L. Acerca das vogais nasais do português europeu. Revista da Universidade de Aveiro – Letras, v.18, p. 241-274. 2001. WARREN, D.M.; DALSTON, R.M.; MAYO, R. Aerodynamic of nasalization. In: HUFFMAN, M.K.; KRAKOW, R.A. (Eds.) Phonetics and Phonology- Nasals, Nasalization, end the Velum. London: Academic Press, 1993. p. 119-146.
WHALEN, D.H.; BEDDOR, P.S. Connection between nasality and vowel duration and height: Elucidation of the Eastern Algonquian intrusive nasal. Journal of the Linguistic Society of America, v. 65. 1989.
83
ANEXOS
ANEXO A - FORMULÁRIO DO PARTICIPANTE
Identificação: ___________ Data da Coleta: ___/___/___
Nome: ________________________________________________________________ D.N: ___/___/___ Naturalidade: _______________________________________ Estado: ______ Cidade Residência atual: ______________________________ Estado: ______ Tem o Português brasileiro como língua materna? ( ) SIM ( ) NÃO Dialeto de BH? ( ) SIM ( ) NÃO Escolaridade: ___________________________________________________________ Alterações de fala/voz: ___________________________________________________ Outras informações: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
84
ANEXO B – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 1.
Tabela Duração Fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,068 0,064 0,05 0,0606667
T2-T1 0,128 0,126 0,135 0,1296667
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,08 0,061 0,053 0,0646667
T2-T1 0,156 0,148 0,141 0,1483333
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,056 0,071 0,054 0,0603333
T2-T1 0,158 0,144 0,151 0,151
T3-T2 0,012 0,02 0,01 0,01
T3-T1 0,17 0,164 0,161 0,165
Cata 1a 2a 3a Média 3o cata não foi dito
T1-T0 0,048 0,035 0,0415
T2-T1 0,111 0,121 0,116
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,126 0,122 0,124 0,124
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,158 0,164 0,147 0,1563333
Piço 1a 2a 3a Média Não falou o 3o piço
T1-T0 0,01 0,015 0,0125
T2-T1 0,119 0,135 0,127
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,012 0,009 0,011 0,0106667
T2-T1 0,169 0,166 0,152 0,1623333
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,016 0,02 0,013 0,0163333
T2-T1 0,111 0,131 0,14 0,1273333
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,024 0,016 0,02 0,02
T2-T1 0,138 0,154 0,162 0,1513333
T3-T2 0,01 0,011 0,016 0,0123333
T3-T1 0,148 0,165 0,178 0,1636667
Pito 1a 2a 3a Média 3o pito não foi dito
T1-T0 0,022 0,013 0,0175
T2-T1 0,097 0,116 0,1065
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,109 0,107 0,104 0,1066667
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,016 0,022 0,015 0,0176667
T2-T1 0,124 0,111 0,113 0,116
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,148 0,163 0,173 0,1613333
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,167 0,181 0,178 0,1753333
T3-T2 0,011 0,02 0,02 0,017
T3-T1 0,178 0,201 0,198 0,1923333
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,051 0,061 0,042 0,0513333
T2-T1 0,144 0,145 0,149 0,146
85
ANEXO C – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 2.
Tabela Duração Fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,078 0,021 0,0495 3o caça não foi dito.
T2-T1 0,164 0,144 0,154
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,042 0,045 0,039 0,042
T2-T1 0,126 0,165 0,149 0,146667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,059 0,054 0,047 0,053333
T2-T1 0,134 0,133 0,166 0,144333
T3-T2 0,026 0,024 0,023 0,024333
T3-T1 0,16 0,157 0,189 0,168667
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,058 0,025 0,025 0,036
T2-T1 0,163 0,157 0,157 0,159
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,102 0,153 0,134 0,129667
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,22 0,139 0,151 0,17
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,012 0,011 0,026 0,016333
T2-T1 0,119 0,153 0,142 0,138
Pinço 1a 2a 3a Média 3a vez não foi dito.
T1-T0 0,018 0,018 0,018
T2-T1 0,175 0,154 0,1645
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,103 0,006 0,016 0,041667
T2-T1 0,032 0,115 0,131 0,092667
Pinto 1a 2a 3a Média Sem murmurio
T1-T0 0,054 0,008 0,031 0,031
T2-T1 0,181 0,164 0,143 0,162667
T3-T2 0,009 0,02 0 0,009667
T3-T1 0,19 0,184 0,187
Pito 1a 2a 3a Média 3a vez não foi dito.
T1-T0 0,016 0,027 0,0215
T2-T1 0,129 0,105 0,117
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,078 0,076 0,084 0,079333
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,032 0,087 0,046
T2-T1 0,146 0,136 0,091 0,124333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,15 0,146 0,198 0,164667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,237 0,183 0,215 0,211667
T3-T2 0,055 0,049 0,052
T3-T1 0,237 0,238 0,264 0,246333
86
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,024 0,05 0,049 0,041
T2-T1 0,17 0,131 0,122 0,141
87
ANEXO D – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 3.
Tabela Duração Fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,029 0,04 0,0345 3a produção não foi dita.
T2-T1 0,167 0,157 0,162
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,034 0,042 0,07 0,0486667
T2-T1 0,147 0,169 0,132 0,1493333
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,052 0,049 0,05
T2-T1 0,141 0,153 0,143 0,1456667
T3-T2 0,01 0,016 0,011 0,0123333
T3-T1 0,151 0,154 0,1525
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,054 0,06 0,052 0,0553333
T2-T1 0,146 0,152 0,14 0,146
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,117 0,12 0,129 0,122
Núncio 1a 2a 3a Média
T1-T0 #DIV/0!
T2-T1 0,142 0,124 0,133 0,133
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,008 0,01 0,011 0,0096667
T2-T1 0,117 0,124 0,109 0,1166667
Pinço 1a 2a 3a Média 3o produção não foi dita.
T1-T0 0,009 0,01 0,0095
T2-T1 0,195 0,151 0,173
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,02 0,009 0,016 0,015
T2-T1 0,124 0,144 0,12 0,1293333
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,009 0,012 0,011 0,0106667
T2-T1 0,184 0,172 0,165 0,1736667
T3-T2 0,005 0,011 0,008
T3-T1 0,177 0,176 0,1765
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,009 0,009 0,011 0,0096667
T2-T1 0,122 0,112 0,101 0,1116667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,091 0,106 0,093 0,0966667
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,017 0,018 0,024 0,0196667
T2-T1 0,119 0,131 0,134 0,128
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,2 0,205 0,185 0,1966667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,166 0,191 0,164 0,1736667
T3-T2 0,013 0,016 0,021 0,0166667
T3-T1 0,179 0,207 0,185 0,1903333
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,062 0,056 0,0556667
T2-T1 0,169 0,14 0,122 0,1436667
88
ANEXO E – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 4.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,045 0,024 0,031 0,0333333
T2-T1 0,081 0,11 0,092 0,0943333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,044 0,037 0,027 0,036
T2-T1 0,07 0,08 0,06 0,07
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,033 0,025 0,028 0,0286667
T2-T1 0,112 0,102 0,11 0,108
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,03 0,025 0,03 0,0283333
T2-T1 0,108 0,088 0,079 0,0916667
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,053 0,059 0,072 0,0613333
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,086 0,086 0,099 0,0903333
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,009 0,015 0,0143333
T2-T1 0,084 0,085 0,091 0,0866667
Pinço 1a 2a 3a Média A 3a produção não foi dita.
T1-T0 0,021 0,017 0,0196667
T2-T1 0,105 0,121 0,1103333
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,018 0,029 0,012 0,0216667
T2-T1 0,073 0,068 0,075 0,072
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,014 0,011 0,014 0,013
T2-T1 0,12 0,101 0,088 0,103
T3-T2 0,015 0,018 0,016 0,0163333
T3-T1 0,135 0,119 0,104 0,1193333
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,015 0,017 0,015 0,0156667
T2-T1 0,096 0,081 0,072 0,083
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,064 0,071 0,07 0,0683333
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,017 0,019 0,021 0,019
T2-T1 0,084 0,066 0,067 0,0723333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,137 0,139 0,128 0,1346667
Unto 1a 2a 3a Média A 3a produção não teve murmurio.
T2-T1 0,131 0,142 0,152 0,1416667
T3-T2 0,01 0,006 0,008
T3-T1 0,141 0,148 0,1445
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,03 0,038 0,031 0,033
T2-T1 0,119 0,078 0,104 0,1003333
89
ANEXO F – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 5.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,025 0,04 0,037 0,034
T2-T1 0,131 0,114 0,103 0,116
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,046 0,048 0,047 0,047
T2-T1 0,086 0,105 0,084 0,0916667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,032 0,03 0,037 0,033
T2-T1 0,117 0,115 0,115 0,1156667
T3-T2 0,016 0,016 0,019 0,017
T3-T1 0,133 0,131 0,134 0,1326667
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,034 0,031 0,027 0,0306667
T2-T1 0,105 0,081 0,088 0,0913333
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,087 0,108 0,096 0,097
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,137 0,115 0,134 0,1286667
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,022 0,025 0,022 0,023
T2-T1 0,089 0,064 0,075 0,076
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,02 0,015 0,02 0,0183333
T2-T1 0,147 0,126 0,118 0,1303333
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,02 0,021 0,027 0,0226667
T2-T1 0,087 0,087 0,098 0,0906667
Pinto 1a 2a 3a Média 3a produção não foi dita.
T1-T0 0,025 0,024 0,0245
T2-T1 0,112 0,116 0,114
T3-T2 0,018 0,014 0,016
T3-T1 0,13 0,13 0 0,0866667
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,016 0,016 0,019 0,017
T2-T1 0,078 0,0121 0,07 0,0533667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,085 0,076 0,083 0,0813333
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,025 0,021 0,028 0,0246667
T2-T1 0,091 0,095 0,092 0,0926667
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,152 0,123 0,114 0,1296667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,155 0,155 0,16 0,1566667
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,042 0,035 0,042 0,0396667
T2-T1 0,135 0,134 0,109 0,126
90
ANEXO G – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 6.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,045 0,041 0,042 0,0426667
T2-T1 0,126 0,137 0,137 0,1333333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,059 0,054 0,058 0,057
T2-T1 0,113 0,115 0,11 0,1126667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,042 0,05 0,049 0,047
T2-T1 0,174 0,155 0,15 0,1596667
T3-T2 0,026 0,026 0,028 0,0266667
T3-T1 0,2 0,181 0,178 0,1863333
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,043 0,04 0,043 0,042
T2-T1 0,174 0,151 0,121 0,1486667
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,16 0,148 0,153 0,1536667
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,169 0,164 0,162 0,165
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,022 0,024 0,025 0,0236667
T2-T1 0,126 0,128 0,146 0,1333333
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,018 0,018 0,018
T2-T1 0,182 0,151 0,1665
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,014 0,013 0,019 0,0153333
T2-T1 0,137 0,142 0,143 0,1406667
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,016 0,013 0,013 0,014
T2-T1 0,172 0,163 0,137 0,1573333
T3-T2 0,024 0,021 0,029 0,0246667
T3-T1 0,196 0,184 0,166 0,182
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,015 0,019 0,018 0,0173333
T2-T1 0,113 0,131 0,141 0,1283333
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,115 0,127 0,115 0,119
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,031 0,031 0,0303333
T2-T1 0,122 0,119 0,099 0,1133333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,188 0,181 0,243 0,204
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,249 0,249 0,248 0,2486667
T3-T2 0,03 0,001 0,026 0,019
T3-T1 0,279 0,25 0,274 0,2676667
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,051 0,056 0,044 0,0503333
T2-T1 0,165 0,149 0,161 0,1583333
91
ANEXO H – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 7.
Tabela duração fonemas
Baco 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,006 0,006 0,012 0,008
T2-T1 0,188 0,177 0,185 0,1833333
Banco 1a 2a 3a Média Não houve murmúrio na 3a produção.
T1-T0 0,014 0,013 0,014 0,0136667
T2-T1 0,187 0,178 0,168 0,1776667
T3-T2 0,013 0,009 0,011
T3-T1 0,2 0,177 0,1885
Caça 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,048 0,044 0,04 0,044
T2-T1 0,144 0,153 0,155 0,1506667
Campo 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,055 0,058 0,051 0,0546667
T2-T1 0,145 0,168 0,136 0,1496667
T3-T2 0,028 0,008 0,026 0,0206667
T3-T1 0,173 0,176 0,162 0,1703333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,048 0,039 0,044 0,0436667
T2-T1 0,153 0,14 0,138 0,1436667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,045 0,054 0,0493333
T2-T1 0,164 0,157 0,155 0,1586667
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,036 0,036 0,036 0,036
T2-T1 0,13 0,14 0,132 0,134
Capo 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,034 0,043 0,0353333
T2-T1 0,141 0,143 0,137 0,1403333
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,144 0,119 0,114 0,1256667
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,16 0,143 0,166 0,1563333
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,024 0,027 0,015 0,022
T2-T1 0,146 0,141 0,12 0,1356667
Pinço 1a 2a 3a Média Não realizou a 3a produção de "pinço".
T1-T0 0,017 0,019 0,018
T2-T1 0,155 0,148 0,1515
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,018 0,019 0,021 0,0193333
T2-T1 0,139 0,131 0,108 0,126
Pinto 1a 2a 3a Média Não realizou a 3a produção de "pinto"
T1-T0 0,022 0,02 0,021
T2-T1 0,159 0,139 0,149
T3-T2 0,03 0,023 0,0265
T3-T1 0,189 0,162 0 0,117
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,015 0,016 0,0166667
92
T2-T1 0,153 0,117 0,119 0,1296667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,114 0,094 0,11 0,106
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,027 0,02 0,024 0,0236667
T2-T1 0,115 0,128 0,131 0,1246667
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,172 0,173 0,174 0,173
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,187 0,209 0,185 0,1936667
T3-T2 0,045 0,039 0,059 0,0476667
T3-T1 0,232 0,248 0,244 0,2413333
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,045 0,054 0,0493333
T2-T1 0,164 0,157 0,155 0,1586667
93
ANEXO I – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 8.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,059 0,063 0,061 A 3a produção não foi dits.
T2-T1 0,199 0,216 0,2075
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,062 0,057 0,077 0,0653333
T2-T1 0,174 0,193 0,236 0,201
Canta 1a 2a 3a Média 3a produção não teve murmurio.
T1-T0 0,065 0,059 0,069 0,0643333
T2-T1 0,179 0,205 0,252 0,212
T3-T2 0,023 0,032 0,0275
T3-T1 0,202 0,237 0,2195
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,058 0,084 0,068 0,07
T2-T1 0,172 0,168 0,18 0,1733333
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,183 0,193 0,195 0,1903333
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,189 0,213 0,169 0,1903333
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,018 0,014 0,011 0,0143333
T2-T1 0,16 0,162 0,171 0,1643333
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,008 0,021 0,025 0,018
T2-T1 0,215 0,218 0,181 0,2046667
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,014 0,024 0,24 0,0926667
T2-T1 0,158 0,179 0,167 0,168
Pinto 1a 2a 3a Média Somente a 3a produção teve murmúrio.
T1-T0 0,017 0,015 0,019 0,017
T2-T1 0,242 0,22 0,193 0,2183333
T3-T2 0,024 0,024
T3-T1 0,242 0,22 0,217 0,2263333
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,016 0,016 0,015 0,0156667
T2-T1 0,137 0,143 0,132 0,1373333
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,124 0,131 0,153 0,136
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,024 0,03 0,0243333
T2-T1 0,176 0,169 0,154 0,1663333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,218 0,178 0,23 0,2086667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,24 0,256 0,238 0,2446667
T3-T2 0,012 0,018 0,017 0,0156667
T3-T1 0,252 0,274 0,255 0,2603333
94
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,081 0,065 0,057 0,0676667
T2-T1 0,228 0,229 0,255 0,2373333
95
ANEXO J – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 9.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,007 0,071 0,057 0,045
T2-T1 0,148 0,2 0,164 0,1706667
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,073 0,05 0,086 0,0696667
T2-T1 0,162 0,143 0,139 0,148
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,039 0,063 0,052 0,0513333
T2-T1 0,186 0,162 0,183 0,177
T3-T2 0,035 0,039 0,049 0,041
T3-T1 0,221 0,201 0,232 0,218
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,069 0,066 0,068 0,0676667
T2-T1 0,13 0,149 0,15 0,143
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,115 0,132 0,11 0,119
Núncio 1a 2a 3a Média A 3a produção não foi dita.
T2-T1 0,152 0,173 0,1625
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,022 0,023 0,0225
T2-T1 0,108 0,106 0,107
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,021 0,014 0,015 0,0166667 A 1a produção não teve murmúrio
T2-T1 0,139 0,166 0,147 0,1506667 A 2a produção foi hiperarticulada
T3-T2 0,027 0,024 0,0255 e não foi incluída da análise de dados.
T3-T1 0,193 0,171 0,182
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,028 0,023 0,039 0,03
T2-T1 0,138 0,162 0,143 0,1476667
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,023 0,024 0,024 0,0236667
T2-T1 0,153 0,164 0,164 0,1603333
T3-T2 0,016 0,038 0,038 0,0306667
T3-T1 0,169 0,202 0,202 0,191
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,017 0,027 0,019 0,021
T2-T1 0,104 0,113 0,099 0,1053333
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,096 0,093 0,102 0,097
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,017 0,026 0,028 0,0236667
T2-T1 0,119 0,144 0,142 0,135
Uno 1a 2a 3a Média Disse "ano" no primeiro uno
T2-T1 0,236 0,272 0,254
Unto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,034 0,032 0,015 0,027
96
T2-T1 0,148 0,189 0,183 0,1733333
T3-T2 0,019 0,02 0,025 0,0213333
T3-T1 0,167 0,209 0,208 0,1946667
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,068 0,056 0,041 0,055
T2-T1 0,136 0,175 0,193 0,168
97
ANEXO K – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 10.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,036 0,042 0,042 0,04
T2-T1 0,17 0,137 0,147 0,1513333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,039 0,052 0,062 0,051
T2-T1 0,155 0,13 0,312 0,199
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,043 0,052 0,055 0,05
T2-T1 0,164 0,156 0,149 0,1563333
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,043 0,048 0,0466667
T2-T1 0,148 0,136 0,12 0,1346667
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,11 0,123 0,103 0,112
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,153 0,11 0,122 0,1283333
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,013 0,025 0,019 0,019
T2-T1 0,111 0,102 0,104 0,1056667
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,023 0,022 0,031 0,0253333
T2-T1 0,157 0,15 0,15 0,1523333
T3-T1 #REF! #REF! #REF! #REF!
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,023 0,018 0,018 0,0196667
T2-T1 0,155 0,152 0,149 0,152
Pinto 1a 2a 3a Média A 3a produção não foi dita.
T1-T0 0,016 0,028 0,022
T2-T1 0,177 0,178 0,1775
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,026 0,012 0,015 0,0176667
T2-T1 0,172 0,123 0,11 0,135
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,097 0,098 0,088 0,0943333
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,026 0,023 0,026
T2-T1 0,2 0,202 0,205 0,2023333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,15 0,142 0,198 0,1633333
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,194 0,18 0,184 0,186
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,051 0,043 0,07 0,0546667
T2-T1 0,153 0,163 0,145 0,1536667
98
ANEXO L – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 11.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,049 0,036 0,043 0,0426667
T2-T1 0,146 0,155 0,147 0,1493333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,046 0,059 0,042 0,049
T2-T1 0,131 0,121 0,143 0,1316667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,055 0,052 0,052 0,0473333
T2-T1 0,156 0,137 0,146 0,1443333
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,045 0,055 0,044 0,048
T2-T1 0,131 0,101 0,13 0,1206667
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,132 0,098 0,124 0,118
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,217 0,165 0,136 0,1726667
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,022 0,019 0,0233333
T2-T1 0,115 0,125 0,114 0,118
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,023 0,017 0,028 0,0226667
T2-T1 0,163 0,156 0,149 0,156
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,025 0,026 0,03 0,027
T2-T1 0,18 0,147 0,138 0,155
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,026 0,023 0,025 0,0246667
T2-T1 0,144 0,155 0,157 0,152
T3-T2 0,023 0,014 0,017 0,018
T3-T1 0,167 0,169 0,174 0,17
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,024 0,036 0,023 0,0276667
T2-T1 0,117 0,103 0,112 0,1106667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,126 0,12 0,127 0,1243333
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,033 0,034 0,032
T2-T1 0,127 0,155 0,142 0,1413333
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,176 0,166 0,1743333
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,181 0,193 0,176 0,1833333
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,038 0,036 0,051 0,0416667
T2-T1 0,15 0,163 0,157 0,1566667
99
ANEXO M – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 12.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,028 0,035 0,035 0,0326667
T2-T1 0,141 0,163 0,138 0,1473333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,067 0,044 0,037 0,0493333
T2-T1 0,095 0,12 0,139 0,118
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,048 0,044 0,05 0,0473333
T2-T1 0,207 0,206 0,178 0,197
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,037 0,034 0,03 0,0336667
T2-T1 0,114 0,129 0,124 0,1223333
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,096 0,097 0,098 0,097
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,153 0,178 0,179 0,17
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,015 0,014 0,018 0,0156667
T2-T1 0,103 0,1 0,09 0,0976667
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,014 0,019 0,018 0,017
T2-T1 0,18 0,19 0,184 0,1846667
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,022 0,021 0,019 0,0206667
T2-T1 0,127 0,15 0,121 0,1326667
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,02 0,019 0,016 0,0183333
T2-T1 0,169 0,173 0,177 0,173
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,013 0,012 0,013 0,0126667
T2-T1 0,095 0,091 0,087 0,091
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,094 0,093 0,094 0,0936667
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,033 0,04 0,036 0,0363333
T2-T1 0,116 0,108 0,105 0,1096667
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,145 0,141 0,162 0,1493333
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,238 0,194 0,208 0,2133333
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,036 0,034 0,038 0,036
T2-T1 0,165 0,19 0,175 0,1766667
100
ANEXO N – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 13.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,042 0,034 0,036 0,037333
T2-T1 0,139 0,137 0,133 0,136333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,058 0,063 0,047 0,056
T2-T1 0,11 0,12 0,119 0,116333
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,062 0,05 0,046 0,052667
T2-T1 0,126 0,15 0,15 0,142
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,039 0,037 0,041 0,039
T2-T1 0,1 0,105 0,101 0,102
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,09 0,101 0,106 0,099
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,112 0,115 0,106 0,111
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,03 0,014 0,016 0,02
T2-T1 0,065 0,09 0,095 0,083333
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,02 0,031 0,023333
T2-T1 0,124 0,113 0,153 0,13
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,03 0,025 0,028 0,027667
T2-T1 0,055 0,097 0,088 0,08
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,021 0,026 0,025 0,024
T2-T1 0,122 0,134 0,141 0,132333
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,017 0,017 0,017667
T2-T1 0,087 0,075 0,085 0,082333
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,088 0,084 0,08 0,084
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,031 0,035 0,03 0,032
T2-T1 0,087 0,082 0,109 0,092667
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,162 0,157 0,151 0,156667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,192 0,188 0,18 0,186667
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,05 0,049 0,061 0,053333
T2-T1 0,123 0,127 0,143 0,131
101
ANEXO O – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 14.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,055 0,044 0,044 0,0476667
T2-T1 0,167 0,17 0,184 0,1736667
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,045 0,054 0,055 0,0513333
T2-T1 0,149 0,138 0,132 0,1396667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,05 0,049 0,054 0,051
T2-T1 0,131 0,161 0,17 0,154
T3-T2 0,031 0,015 0,023
T3-T1 0,162 0,161 0,185 0,1693333
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,05 0,058 0,042 0,05
T2-T1 0,156 0,161 0,177 0,1646667
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,14 0,173 0,175 0,1626667
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,155 0,18 0,154 0,163
Piço 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,142 0,1423333
Pinço 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,147 0,138 0,143 0,147
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,024 0,023 0,022
T2-T1 0,124 0,127 0,15 0,1336667
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,024 0,029 0,038 0,0303333
T2-T1 0,161 0,199 0,159 0,173
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,026 0,032 0,025 0,0276667
T2-T1 0,134 0,129 0,138 0,1336667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,119 0,15 0,147 0,1386667
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,022 0,034 0,018 0,0246667
T2-T1 0,124 0,12 0,127 0,1236667
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,224 0,224 0,227 0,225
T3-T1 0 0 0 0
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,207 0,237 0,251 0,2316667
T3-T2 0,02 0,011 0,023 0,018
T3-T1 0,227 0,248 0,274 0,2496667
Cansa 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,049 0,05 0,0495
T2-T1 0,173 0,176 0,1745
102
ANEXO P – Tabela com valores de duração obtidos em cada vogal analisada e cálculo da média das três emissões produzidas para cada vogal referente ao Sujeito 15.
Tabela duração fonemas
Caça 1a 2a 3a Média Observações
T1-T0 0,046 0,055 0,045 0,0486667
T2-T1 0,101 0,095 0,117 0,1043333
Cana 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,061 0,048 0,051 0,0533333
T2-T1 0,095 0,113 0,112 0,1066667
Canta 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,045 0,038 0,032 0,0383333
T2-T1 0,093 0,107 0,099 0,0996667
T3-T2 0,03 0,024 0,029 0,0276667
T3-T1 0,123 0,131 0,128 0,1273333
Cata 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,037 0,044 0,038 0,0396667
T2-T1 0,11 0,1 0,099 0,103
Luto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,119 0,116 0,112 0,1156667
Núncio 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,171 0,151 0,139 0,1536667
Piço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,028 0,019 0,023 0,0233333
T2-T1 0,1 0,111 0,106 0,1056667
Pinço 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,029 0,02 0,024
T2-T1 0,119 0,124 0,118
Pino 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,023 0,031 0,028 0,0243333
T2-T1 0,111 0,114 0,121 0,1176667
Pinto 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,02 0,0195
T2-T1 0,128 0,128 0,128
Pito 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,019 0,025 0,02 0,0213333
T2-T1 0,111 0,074 0,093 0,0926667
Súcia 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,076 0,085 0,085 0,082
Túnel 1a 2a 3a Média
T1-T0 0,035 0,035 0,022 0,0306667
T2-T1 0,12 0,106 0,113 0,113
T3-T1 0,12 0,106 0,113 0,113
Uno 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,177 0,152 0,174 0,1676667
Unto 1a 2a 3a Média
T2-T1 0,175 0,143 0,159
T3-T1 0,175 0,143 0 0,106
Cansa 1a 2a 3a Média
103
T1-T0 0,056 0,052 0,053 0,0536667
T2-T1 0,113 0,11 0,104 0,109
104
ANEXO Q – Tabela utilizada para análise estatística da parte 1. Apresenta os valores das médias obtidas para cada vogal.
Sujeito Vogal Nasal Modo C Transição Estável Murmúrio Total
1 1 0 1 0,041 0,116
1 2 0 1 0,017 0,106
1 3 0 1 0,124
1 1 1 1 0,064 0,148
1 2 1 1 0,016 0,127
1 3 1 1 0,161
1 1 2 1 0,06 0,151 0,014 0,165
1 2 2 1 0,02 0,151 0,012 0,163
1 3 2 1 0,175 0,017 0,192
1 1 0 2 0,06 0,129
1 2 0 2 0,012 0,127
1 3 0 2 0,106
1 1 1 2 0,064 0,148
1 2 1 2 0,016 0,127
1 3 1 2 0,017 0,116
1 1 2 2 0,051 0,146
1 2 2 2 0,01 0,162
1 3 2 2 0,156
2 1 0 1 0,036 0,159
2 2 0 1 0,021 0,117
2 3 0 1 0,129
2 1 1 1 0,042 0,146
2 2 1 1 0,041 0,092
2 3 1 1 0,164
2 1 2 1 0,053 0,144 0,024 0,168
2 2 2 1 0,031 0,162 0,009 0,172
2 3 2 1 0,211 0,052 0,246
2 1 0 2 0,049 0,154
2 2 0 2 0,016 0,138
2 3 0 2 0,079
2 1 1 2 0,042 0,146
2 2 1 2 0,041 0,092
2 3 1 2 0,046 0,124
2 1 2 2 0,041 0,141
2 2 2 2 0,018 0,164
2 3 2 2 0,17
3 1 0 1 0,055 0,146
3 2 0 1 0,009 0,111
3 3 0 1 0,122
3 1 1 1 0,048 0,149
3 2 1 1 0,015 0,129
3 3 1 1 0,196
3 1 2 1 0,05 0,145 0,012
3 2 2 1 0,01 0,173 0,008 0,176
3 3 2 1 0,173 0,016 0,19
3 1 0 2 0,034 0,162
3 2 0 2 0,009 0,116
3 3 0 2 0,096
105
3 1 1 2 0,048 0,149
3 2 1 2 0,015 0,129
3 3 1 2 0,019
3 1 2 2 0,055 0,143
3 2 2 2 0,009 0,116
3 3 2 2 0,133
4 1 0 1 0,028 0,091
4 2 0 1 0,015 0,083
4 3 0 1 0,061
4 1 1 1 0,036 0,07
4 2 1 1 0,021 0,072
4 3 1 1 0,134
4 1 2 1 0,036 0,07
4 2 2 1 0,013 0,103 0,016 0,119
4 3 2 1 0,141 0,008 0,144
4 1 0 2 0,033 0,094
4 2 0 2 0,014 0,086
4 3 0 2 0,068
4 1 1 2 0,036 0,07
4 2 1 2 0,021 0,072
4 3 1 2 0,019 0,072
4 1 2 2 0,033 0,1
4 2 2 2 0,019 0,11
4 3 2 2 0,09
5 1 0 1 0,03 0,091
5 2 0 1 0,017 0,053
5 3 0 1 0,097
5 1 1 1 0,047 0,091
5 2 1 1 0,022 0,09
5 3 1 1 0,129
5 1 2 1 0,033 0,115 0,017 0,132
5 2 2 1 0,024 0,114 0,016 0,086
5 3 2 1 0,156 0,012 0,158
5 1 0 2 0,034 0,116
5 2 0 2 0,023 0,076
5 3 0 2 0,053
5 1 1 2 0,047 0,091
5 2 1 2 0,022 0,09
5 3 1 2 0,024 0,092
5 1 2 2 0,039 0,126
5 2 2 2 0,018 0,13
5 3 2 2 0,128
6 1 0 1 0,042 0,148
6 2 0 1 0,017 0,128
6 3 0 1 0,153
6 1 1 1 0,057 0,112
6 2 1 1 0,015 0,14
6 3 1 1 0,204
6 1 2 1 0,047 0,159 0,026 0,186
6 2 2 1 0,014 0,157 0,024 0,182
6 3 2 1 0,248 0,019 0,267
6 1 0 2 0,042 0,133
106
6 2 0 2 0,023 0,133
6 3 0 2 0,119
6 1 1 2 0,057 0,112
6 2 1 2 0,015 0,14
6 3 1 2 0,03 0,113
6 1 2 2 0,05 0,158
6 2 2 2 0,018 0,166
6 3 2 2 0,165
7 1 0 1 0,036 0,134
7 2 0 1 0,016 0,129
7 3 0 1 0,125
7 1 1 1 0,043 0,143
7 2 1 1 0,019 0,126
7 3 1 1 0,173
7 1 2 1 0,049 0,158
7 2 2 1 0,021 0,149 0,026 0,117
7 3 2 1 0,193 0,047 0,241
7 1 0 2 0,044 0,15
7 2 0 2 0,022 0,135
7 3 0 2 0,106
7 1 1 2 0,043 0,143
7 2 1 2 0,019 0,126
7 3 1 2 0,023 0,124
7 1 2 2 0,049 0,158
7 2 2 2 0,018 0,151
7 3 2 2 0,156
8 1 0 1 0,07 0,173
8 2 0 1 0,015 0,137
8 3 0 1 0,19
8 1 1 1 0,065 0,201
8 2 1 1 0,092 0,168
8 3 1 1 0,208
8 1 2 1 0,064 0,212 0,027 0,219
8 2 2 1 0,017 0,218 0,024 0,226
8 3 2 1 0,244 0,015 0,26
8 1 0 2 0,061 0,207
8 2 0 2 0,014 0,164
8 3 0 2 0,136
8 1 1 2 0,065 0,201
8 2 1 2 0,092 0,168
8 3 1 2 0,024 0,166
8 1 2 2 0,067 0,237
8 2 2 2 0,018 0,204
8 3 2 2 0,19
9 1 0 1 0,067 0,143
9 2 0 1 0,021 0,105
9 3 0 1 0,119
9 1 1 1 0,069 0,148
9 2 1 1 0,03 0,147
9 3 1 1 0,254
9 1 2 1 0,051 0,177 0,041 0,218
9 2 2 1 0,023 0,16 0,03 0,191
107
9 3 2 1 0,027 0,173 0,021 0,194
9 1 0 2 0,045 0,17
9 2 0 2 0,022 0,107
9 3 0 2 0,097
9 1 1 2 0,069 0,148
9 2 1 2 0,03 0,147
9 3 1 2 0,023 0,135
9 1 2 2 0,055 0,168
9 2 2 2 0,015 0,149 0,052 0,202
9 3 2 2 0,162
10 1 0 1 0,046 0,134
10 2 0 1 0,017 0,135
10 3 0 1 0,112
10 1 1 1 0,051 0,199
10 2 1 1 0,019 0,152
10 3 1 1 0,163
10 1 2 1 0,05 0,156
10 2 2 1 0,022 0,177
10 3 2 1 0,186
10 1 0 2 0,04 0,151
10 2 0 2 0,019 0,105
10 3 0 2 0,094
10 1 1 2 0,04 0,151
10 2 1 2 0,019 0,152
10 3 1 2 0,026 0,202
10 1 2 2 0,054 0,153
10 2 2 2 0,025 0,152
10 3 2 2 0,128
11 1 0 1 0,048 0,12
11 2 0 1 0,027 0,11
11 3 0 1 0,118
11 1 1 1 0,049 0,131
11 2 1 1 0,027 0,155
11 3 1 1 0,174
11 1 2 1 0,047 0,144
11 2 2 1 0,024 0,152
11 3 2 1 0,183
11 1 0 2 0,042 0,149
11 2 0 2 0,023 0,118
11 3 0 2 0,124
11 1 1 2 0,049 0,131
11 2 1 2 0,027 0,155
11 3 1 2 0,032 0,141
11 1 2 2 0,041 0,156
11 2 2 2 0,022 0,156
11 3 2 2 0,172
12 1 0 1 0,033 0,122
12 2 0 1 0,012 0,091
12 3 0 1 0,097
12 1 1 1 0,049 0,118
12 2 1 1 0,02 0,132
12 3 1 1 0,149
108
12 1 2 1 0,047 0,197
12 2 2 1 0,018 0,173
12 3 2 1 0,213
12 1 0 2 0,032 0,147
12 2 0 2 0,015 0,097
12 3 0 2 0,093
12 1 1 2 0,049 0,118
12 2 1 2 0,02 0,132
12 3 1 2 0,036 0,109
12 1 2 2 0,036 0,176
12 2 2 2 0,017 0,184
12 3 2 2 0,17
13 1 0 1 0,039 0,102
13 2 0 1 0,017 0,082
13 3 0 1 0,099
13 1 1 1 0,056 0,116
13 2 1 1 0,027 0,08
13 3 1 1 0,156
13 1 2 1 0,052 0,142
13 2 2 1 0,024 0,132
13 3 2 1 0,186
13 1 0 2 0,037 0,136
13 2 0 2 0,02 0,083
13 3 0 2 0,084
13 1 1 2 0,056 0,116
13 2 1 2 0,027 0,08
13 3 1 2 0,032 0,092
13 1 2 2 0,053 0,131
13 2 2 2 0,023 0,013
13 3 2 2 0,111
14 1 0 1 0,05 0,164
14 2 0 1 0,027 0,133
14 3 0 1 0,162
14 1 1 1 0,051 0,139
14 2 1 1 0,022 0,133
14 3 1 1 0,225
14 1 2 1 0,051 0,154 0,023 0,169
14 2 2 1 0,03 0,173
14 3 2 1 0,231 0,018 0,249
14 1 0 2 0,047 0,173
14 2 0 2 0,035 0,142
14 3 0 2 0,138
14 1 1 2 0,051 0,139
14 2 1 2 0,022 0,133
14 3 1 2 0,024 0,123
14 1 2 2 0,049 0,174
14 2 2 2 0,029 0,147
14 3 2 2 0,163
15 1 0 1 0,039 0,103
15 2 0 1 0,021 0,092
15 3 0 1 0,115
15 1 1 1 0,053 0,106
109
15 2 1 1 0,024 0,117
15 3 1 1 0,167
15 1 2 1 0,038 0,099 0,027 0,127
15 2 2 1 0,019 0,128
15 3 2 1 0,159
15 1 0 2 0,048 0,104
15 2 0 2 0,023 0,105
15 3 0 2 0,082
15 1 1 2 0,053 0,106
15 2 1 2 0,024 0,117
15 3 1 2 0,03 0,113
15 1 2 2 0,053 0,109
15 2 2 2 0,024 0,118
15 3 2 2 0,153
Legenda: coluna 1: número de identificação do sujeito participante; coluna 2: qualidade vocálica (1: a\; 2: i\; 3: u\); coluna 3: grau de nasalidade (0: vogal oral; 1: vogal nasalizada; 2: vogal nasal); coluna 4: modo de articulação da consoante subseqüente (1: plosivo; 2: fricativo); coluna 5: valor da média das três emissões do falante para a duração do período de transição inicial da respectiva vogal; coluna 6: valor da média das três emissões do falante para a duração do período estável da respectiva vogal; coluna 7: valor da média das três emissões do falante para a duração do murmúrio nasal da respectiva vogal, quando presente; coluna 8: duração do período estável da vogal incluindo o murmúrio, quando presente.
110
ANEXO R - Tabela utilizada para análise estatística da parte 2. Apresenta os valores das médias obtidas para cada vogal.
Sujeito Ponto C Nasal Transição Estável Murmúrio Total
1 0 1 0,014 0,14
1 1 1 0,02 0,16
1 0 2 0,041 0,116
1 1 2 0,06 0,151 0,014 0,165
1 0 3 0,05 0,12
1 1 3 0,045 0,134 0,012 0,146
2 0 1 0,01 0,18
2 1 1 0,013 0,187 0,017 0,204
2 0 3 0,036 0,159
2 1 3 0,053 0,144 0,024 0,168
2 0 2 0,04 0,156
2 1 2 0,034 0,166 0,012 0,178
3 0 1 0,008 0,16
3 1 1 0,009 0,179 0,011 0,183
3 0 2 0,055 0,146
3 1 2 0,05 0,145 0,012 0,157
3 0 3 0,042 0,127
3 1 3 0,056 0,148 0,011 0,156
4 0 1 0,006 0,107
4 1 1 0,005 0,112
4 0 2 0,028 0,091
4 1 2 0,036 0,07
4 0 3 0,025 0,108
4 1 3 0,035 0,097 0,014 0,112
5 0 1 0,017 0,117
5 1 1 0,012 0,156 0,068 0,224
5 0 2 0,03 0,091
5 1 2 0,033 0,115 0,017 0,132
5 0 3 0,038 0,078
5 1 3 0,033 0,14 0,017 0,157
6 0 1 0,01 0,165
6 1 1 0,014 0,166 0,02 0,186
6 0 2 0,042 0,148
6 1 2 0,047 0,159 0,026 0,186
6 0 3 0,044 0,147
6 1 3 0,048 0,136 0,027 0,164
7 0 1 0,008 0,183
7 1 1 0,013 0,177 0,011 0,189
7 0 2 0,036 0,134
7 1 2 0,049 0,158
7 0 3 0,035 0,14
7 1 3 0,054 0,149 0,02 0,17
8 0 1 0,02 0,183
8 1 1 0,015 0,208 0,026 0,235
8 0 2 0,07 0,173
8 1 2 0,064 0,212 0,027 0,219
8 0 3 0,052 0,188
8 1 3 0,07 0,198 0,025 0,224
111
9 0 1 0,016 0,179
9 1 1 0,012 0,186 0,032 0,145
9 0 2 0,067 0,143
9 1 2 0,051 0,177 0,041 0,218
9 0 3 0,058 0,129
9 1 3 0,046 0,173 0,034 0,207
10 0 1 0,014 0,134
10 1 1 0,011 0,181
10 0 2 0,046 0,134
10 1 2 0,05 0,156
10 0 3 0,047 0,129
10 1 3 0,053 0,156
12 0 1 0,019 0,145
12 1 1 0,023 0,17 0,032 0,203
12 0 2 0,033 0,122
12 1 2 0,047 0,197
12 0 3 0,031 0,128
12 1 3 0,04 0,15 0,025 0,175
13 0 1 0,013 0,13
13 1 1 0,013 0,144
13 0 2 0,039 0,102
13 1 2 0,052 0,142
13 0 3 0,032 0,111
13 1 3 0,047 0,155
14 0 1 0,019 0,173
14 1 1 0,015 0,18
14 0 2 0,05 0,164
14 1 2 0,051 0,154 0,023 0,169
14 0 3 0,053 0,166
14 1 3 0,045 0,176 0,018 0,188
15 0 1 0,018 0,14
15 1 1 0,019 0,124 0,018 0,142
15 0 2 0,039 0,103
15 1 2 0,038 0,099 0,027 0,127
15 0 3 0,044 0,102
15 1 3 0,034 0,111 0,03 0,141
Legenda: coluna 1: número de identificação do sujeito participante; coluna 2: grau de nasalidade (0: vogal oral; 1: vogal nasalizada; 2: vogal nasal); coluna 3: ponto de articulação da consoante subseqüente (1: velar; 2: dental; 3: bilabial); coluna 4: valor da média das três emissões do falante para a duração do período de transição inicial da respectiva vogal; coluna 5: valor da média das três emissões do falante para a duração do período estável da respectiva vogal; coluna 6: valor da média das três emissões do falante para a duração do murmúrio nasal da respectiva vogal, quando presente; coluna 7: duração do período estável da vogal incluindo o murmúrio, quando presente.
112
ANEXO S – Média e Desvio padrão da duração da parte estável da vogal /a/ oral e nasal seguida de consoante velar (vocábulos “Baco” e “Banco”), Dental (vocábulos: “Cata” e “Canta”) e Bilabial (vocábulos: “Capo” e “Campo”).
Consoante Subsequente
Velar Consoante Subsequente
Dental Consoante Subsequente
Bilabial
Média Desvio Padrão Média
Desvio Padrão Média
Desvio Padrão
Oral ,153 ,026 ,130 ,027 ,131 ,028 Nasal ,166 ,026 ,150 ,037 ,148 ,025