Post on 09-Nov-2018
ANÁLISE DE MERCADO E ESTUDO DE
VIABILIDADE FINANCEIRA DA
IMPLANTAÇÃO DE UMA EMPRESA
PRODUTORA DE SABONETES
REPELENTES PARA INSETOS
Alcimar das Chagas Ribeiro (UENF)
alcimar@uenf.br
Hans Werneck Rodrigues (UENF)
hansrodrigues@yahoo.com.br
RAFAEL ALVES DE ARAUJO (UENF)
rafael_alvaraujo@yahoo.com.br
Este trabalho visou, de forma sistemática, estimar a demanda e
analisar a viabilidade financeira da implantação de uma indústria
produtora de repelente em forma de barra para insetos de um modo
geral, mas com foco no transmissor da dengue ““Aedes aegypti”. Tal
trabalho passou por uma análise de mercado para estimar o grau de
aceitabilidade do novo produto e concomitantemente estimar sua
demanda, após isto foram feitos estudos de cunho econômico-
financeiro: quadro de investimentos, aplicação de recursos, projeção
de resultados, fluxo de caixa, cálculo do payback, valor atual líquido,
taxa interna de retorno, ponto de equilíbrio; a fim de embasar a
tomada de decisão de executar ou não o projeto.
Palavras-chaves: análise de mercado, viabilidade econômica,
implantação de projetos
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
2
1. Introdução
A dengue é transmitida por mosquitos e, nos últimos anos, ela se tornou um problema sério de
saúde. A dengue aparece especialmente nas áreas urbanas. Estima-se que ocorrem cerca de 50
a 100 milhões de casos de dengue todos os anos (Organização Mundial de Saúde - OMS).
Também há uma complicação conhecida como dengue hemorrágica e mais de 40 países ao
redor do mundo já tiveram epidemias.
Conforme dados da OMS (Word Health Organization), epidemias mais severas, da forma
hemorrágica da doença, têm ocorrido na Ásia, a partir da década dos anos 50, e no sul do
Pacífico, nos anos 80. Contudo, a doença não é tão recente. Ocorreu nos EUA, África do Sul e
Ásia no fim do século XIX e início do XX. Durante a epidemia que ocorreu em Cuba em 1981,
foi relatado o primeiro caso de dengue hemorrágica, fora do sudeste da Ásia e Pacífico. Este
foi considerado o evento mais importante em relação à doença nas Américas. Naquela ocasião,
foram notificados 344.203 casos clínicos de dengue, sendo 34 mil casos, 10.312 das formas
mais severas, 158 óbitos (101 em crianças). O custo estimado da epidemia foi de US$ 103
milhões (TALIBERTI & ZUCCHI, 2010, p. 178).
Consoli (1994) indica que a ausência de uma vacina preventiva e eficaz de tratamento
etiológico e quimioprofilaxia efetivos, faz com que a dengue hoje seja a principal doença re-
emergente no mundo. De acordo com o autor, o único elo vulnerável para reduzir a sua
transmissão é o mosquito Aedes aegypti, seu principal vetor. As dificuldades de combater este
mosquito, em grandes e médias cidades, são muitas. Há facilidades para sua proliferação e
limitações para reduzir seus índices de infestação, geradas pela complexidade da vida urbana
atual.
Em função das dificuldades elencadas, surgem oportunidades potenciais de intervenção
através de inovações que possam contribuir na minimização ao presente problema.
Este trabalho se insere nessa problemática estudando a viabilidade econômica da produção de
um sabonete repelente. Esta tecnologia objetiva funcionar como a arma de amplo espectro em
programas preventivos para população de baixa renda.
2. Revisão bibliográfica
2.1 Aspectos da epidemia
Os objetivos do controle da dengue devem ser estabelecidos com base nos conhecimentos
científicos e técnicos disponíveis. Para Dias (2006) já que não é possível evitar casos de
dengue em áreas infestadas pelo Aedes aegypti, deve-se prevenir epidemias de grandes
dimensões por meio do aprimoramento da vigilância epidemiológica. É possível e factível
reduzir a letalidade da doença dos níveis atuais de 5 a 6% para cerca de 1% das formas
graves. A elaboração e execução de planos estratégicos de organização da assistência aos
casos suspeitos de dengue têm mostrado tanto em outros países, como em algumas cidades
brasileiras, ser um instrumento muito útil na redução da letalidade.
As campanhas de combate a dengue, tendo em vista as características de contaminação do
vírus, objetivam informar sobre os métodos de prevenção da proliferação do seu principal
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
3
vetor – o mosquito Aedes aegypti, sobre os sintomas da contaminação, além de mobilizar os
gestores públicos, os profissionais de saúde e de comunicação e a população em geral no
combate ao vírus.
Tauil (2002) afirma que o mosquito Aedes aegypti é um mosquito doméstico, antropofílico,
com atividade hematofágica diurna. A re-emergência do dengue está diretamente relacionada à
reinfestação do país pelo Aedes aegypti.
Segundo Teixeira (2005), outro vetor transmissor de dengue no Sudeste Asiático, existente no
Brasil desde 1986, é o aedes albopictus, até agora não encontrado naturalmente infectado no
país, mas possui uma valência ecológica bem mais ampla que o Aedes aegypti, sendo
encontrado também em ambiente silvestre, não passível, portanto de eliminação. É um vetor
secundário, uma vez que não é muito doméstico e nem muito antropofílico. Assim, mesmo que
o Aedes aegypti seja eliminado, ainda existe, de forma reduzida, o risco de transmissão de
dengue pelo aedes albopictus.
Teixeira (2005) mostra que a proliferação do mosquito nas Américas, e em particular no
Brasil, tem múltiplos condicionantes. O fluxo rural-urbano intenso nos últimos trinta anos
resultou numa concentração populacional muito elevada em médias e grandes cidades. Mais de
80% da população brasileira vive hoje em área urbana. As cidades, pressionadas por essa
demanda, não conseguiram oferecer condições satisfatórias de habitação e de saneamento
básico a uma fração importante dos seus habitantes: em torno de 20% vivem em favelas,
invasões, mocambos ou cortiços, onde, quando existem, o abastecimento de água e a coleta de
dejetos são irregulares. Além das facilidades de proliferação e disseminação do Aedes aegypti
oferecidas pelas condições atuais de vida urbana, o combate ao mosquito também apresenta
limitações.
2.2 Aspectos da modelagem de análise de projetos
Previsão de demanda
Para Viceconti & Neves (2005) a demanda de um determinado bem é dada pela quantidade
deste bem que os compradores desejam adquirir num determinado período de tempo. Para
chegar nesta quantidade leva-se em consideração uma série de variáveis como: preço do bem,
a renda do consumidor, preço de outros bens, hábitos e gosto dos consumidores. A demanda
do bem é, portanto, o resultado da ação mútua de todos estes fatores.
Sazonalidade em vendas
Segundo Wallis & Thomas (1971) a sazonalidade pode ser definida como o conjunto dos
movimentos ou flutuações com período igual ou inferior a um ano, sistemáticos, mas não
necessariamente regulares, que ocorrem numa série temporal. A sazonalidade é o resultado de
causas naturais, econômicas, sociais e institucionais. Outra característica da sazonalidade é se
ela é aditiva ou multiplicativa. No caso aditivo, a série mostra uma flutuação sazonal estável,
sem levar em consideração o nível médio da série; no caso multiplicativo, o tamanho da
flutuação sazonal varia, dependendo do nível médio da série.
Fluxo de caixa
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
4
Fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro com objetivo de fornecer
estimativa da situação de caixa da empresa em um determinado período de tempo à frente.
Desta forma podemos dizer que o fluxo é a capacidade que a empresa tem de liquidar seus
compromissos financeiros, podendo planejar e avaliar os impactos que as transações
financeiras representam em seu caixa (SANTOS, 2001).
Custos
Ainda para Viceconti & Neves (2005) os custos da empresa são divididos em dois grandes
grupos:
Custos variáveis: são atribuíveis diretamente aos produtos e que são supostos a variar
proporcionalmente ao nível de produção num intervalo de tempo relevante;
Custos fixos: são os custos comuns à produção de vários produtos e que somente
podem ser a eles atribuídos mediante um critério de rateio. O total desses custos é
denominado custos fixos totais.
Lucro
Para melhor entender a questão do lucro, Lamberton (1965) diz que muitas são as definições
de lucro e mesmo nos escritos dos contemporâneos elas são encontradiças. Ouvem-se ainda os
ecos da identificação mercantilista do lucro com o comércio (muito criticado) e do seu uso,
ligeiramente menos amplo, na teoria da distribuição na qual ele é contrastado com os salários
e compreende, em geral, a renda dos proprietários. Como a diferença entre a renda esperada e
a realizada, o lucro, seja ele positivo ou negativo, pode ser um componente de todas as
categorias de renda. Atribui-se essa divergência de valores ex-post e ex-ante á mudança
econômica e essa mudança surge do processo de inovação, o lucro se torna a recompensa do
inovador. O lucro é um acumulador de capital, e, mesmo transmutando em diversas classes,
não se pode esquecer essa face de acumular mais e mais bens, de desenvolvimento a
recolhimento e de tornar difícil uma otimização no sistema distributivo dos lucros.
Valor presente líquido
Woiler & Mathias (1996) definem valor presente líquido (VPL) como uma vez admitida
determinada taxa de juros (também chamada taxa de desconto), o valor presente líquido,
também conhecido como valor atual líquido (VAL), ou método do valor atual, como sendo a
soma algébrica dos saldos do fluxo de caixa descontados àquela taxa para determinada data. O
valor atual líquido positivo significa que os ganhos do projeto remuneram o investimento feito
na determinada taxa de juros (ao ano) e ainda permite aumentar o valor da empresa naquele
valor.
De modo geral, VPL é a fórmula matemático-financeira capaz de determinar o valor presente
de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do
investimento inicial. Basicamente, é o calculo de quanto os futuros pagamentos somados a um
custo inicial estariam valendo atualmente. Temos que considerar o conceito de valor do
dinheiro no tempo, pois o capital investido hoje não teria o mesmo valor daqui a um ano,
devido ao custo de oportunidade de se colocar, por exemplo, tal montante de dinheiro na
poupança para render juros.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
5
Demonstrativo de Resultados
Segundo Costa & Alves (2001) a demonstração do resultado é uma operação contábil
dinâmica que se destina a evidenciar a formação do resultado líquido em um exercício,
através do confronto das receitas, custos e resultados apurados.
A demonstração do resultado do exercício oferece uma síntese financeira dos resultados
operacionais e não operacionais de uma empresa em certo período. Embora sejam elaboradas
anualmente para fins legais de divulgação, em geral são feitas mensalmente para fins
administrativos e trimestralmente para fins fiscais.
De acordo com a legislação brasileira (Lei nº 6.404, de 17-12-1976, Lei da Sociedade por
Ações), as empresas deverão discriminar na Demonstração do Resultado do Exercício:
A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os
impostos;
A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias vendidas e serviços
prestados e o lucro bruto;
As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as
despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provisão para tal imposto;
As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias,
mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de
assistências e previdência de empregados;
O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
Taxa Interna de Retorno
De acordo com Woiler & Mathias (1996) a taxa interna de retorno é a taxa de desconto que
torna nulo o valor atual líquido do investimento. A determinação da taxa interna de retorno,
no caso mais geral, envolve encontrar a raiz de uma equação de grau superior a dois. Por esse
motivo, determiná-la é uma tarefa trabalhosa. Na prática, esta determinação é feita
graficamente, ou seja, fazendo o gráfico do valor atual líquido ou por aproximações
sucessivas, isto é, determina-se um intervalo de taxas que contenha um valor atual líquido
positivo e outro negativo e fazem-se aproximações lineares sucessivas para se determinar a
taxa interna de retorno com certa aproximação.
A regra de decisão para critério de escolha é que serão escolhidos aqueles investimentos com
as maiores taxas internas de retorno, isto é, quanto maior a taxa interna de retorno melhor é o
projeto.
3. Resultados e discussões
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
6
A Tabela 1 indica um número elevado de casos de dengue no Brasil, aproximadamente 54,4%
dos casos do país em quatro estados: Rio de Janeiro (21,6%), São Paulo (15,7%), Amazonas
(8,7%) e Ceará (8,5%).
Tabela 1 – Comparação dos casos de dengue nos anos
2010 e 2011 por região
A Figura 1 apresenta os casos de dengue entre a
Semana Epidemiológica (SE) 01 (03 a 09/01) de
2010 até a SE 39 de 2011 no Brasil, de
acordo com as regiões do país.
UF Semanas 1 a 39
2010 2011
Norte 77.542 113.638
RO 18.578 3.245
AC 25.591 18.699
AM 4.581 61.224
RR 7.298 1.196
PA 10.450 16.387
AP 2.643 2.799
TO 8.401 10.088
Nordeste 156.065 184.663
MA 4.832 10.512
PI 6.484 10.160
CE 14.492 62.497
RN 5.796 21.425
PB 5.509 12.512
PE 32.750 20.001
AL 44.492 7.605
SE 525 3.161
BA 41.185 36.791
Sudeste 466.226 343.731
MG 211.869 36.380
ES 22.325 38.376
RJ 26.512 155.771
SP(1) 205.520 113.204
Sul 40.346 34.962
PR 36.450 34.452
SC(2) 176 147
RS(2) 3.630 363
Centro Oeste 204.483 44.552
MS 62.332 7.507
MT 33.340 4.698
GO 94.030 29.331
DF 14.781 3.016
Total 944.662 721.546
Fonte: Ministério da Saúde (2011)
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
7
Figura 1 – Casos notificados de dengue de acordo com a semana de início dos sintomas por região do Brasil,
2010 e 2011. Fonte: Ministério da Saúde (2011).
Observa-se tendência de aumento no número de casos a partir do início do ano de 2011
(SE01) em todas as regiões e uma redução sustentada a partir da SE 08 (20 a 26/02) no Norte
e SE14 (03 a 09/04) no nordeste e sudeste do país.
De acordo com este gráfico (Figura 1), percebe-se que os casos de incidência de dengue são
eventos com comportamentos sazonais.
Portanto, espera-se uma demanda de comportamento sazonal para o sabonete repelente, pois
embora seja um produto novo no mercado, não há histórico do seu consumo. Existem apenas
dados que comprovam a expansão deste setor.
Segundo os dados levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e
Cosméticos – ABIHPEC (2011) estima-se que o circulante deste ano ultrapasse 37 milhões de
reais em movimentação de repelentes no Brasil, o que indica um aumento 26% em relação ao
ano anterior.
Considerando que um quarto da população brasileira encontra-se no Nordeste, o circulante
tende a ultrapassar 8 milhões de reais para esta região. A Tabela 2 abaixo mostra uma meta
específica das vendas do produto, visando o início das atividades a partir do mês de agosto
devido às condições climáticas e de incidência de dengue ser favoráveis.
Anos Meses Vendas (unidades) Variação de vendas
Ano 0
Agosto 1700 0
Setembro 1700 0
Outubro 1785 1,05
Novembro 1874 1,05
Dezembro 2437 1,3
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
8
Tabela 2 - Previsão de vendas para os próximos 5 anos
É importante perceber que este produto tem pico de venda nos meses entre fevereiro e abril,
pois neste período existe um aumento significativo nos casos de dengue, como demonstra o
gráfico abaixo.
Figura 2 – Sazonalidade das vendas no 1º ano
Janeiro 3289 1,35
Fevereiro 4441 1,35
Março 4441 1
Abril 3774 0,85
Maio 3020 0,8
Junho 2416 0,8
Julho 2416 1
Totais
33292 -------------------
Ano 1 44945 1,35
Ano 2 60675 1,35
Ano 3 81911 1,35
Ano 4 110580 1,35
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
9
De acordo com a Tabela 2 foi possível estimar os custos de produção para os próximos
5 anos, com base nas vendas previstas.A receita dada foi calculada usando as vendas previstas
e o valor do produto igual a 5 reais, desta forma basta multiplicá-los, os resultado é mostrado
na Tabela 3:
Tabela 3: Estimativa de custos, receita e lucro (reais)
Para melhor demonstrar os resultados da combinação de vendas e custos, foi construído o
gráfico a seguir:
MATERIAL ESPECIFICAÇÃO CUSTO CUSTO CUSTO CUSTO CUSTO
CUSTEIO Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4
Serviços de
terceiros/ Pessoa
Física
Prestação de serviços
na divulgação,
marketing e mídia de
embalagens para o
produto.
20.000,00 21.000,00 22.050,00 23.152,50 24.310,13
Material de
Consumo
Reagentes, solventes e
kits de análise,
Vidrarias para síntese
(manipulação) do
sabonete repelente/
barra repelente.
80.030,00 84.031,50 88.233,08 92.644,73 97.276,97
Serviços de
terceiros/ Pessoa
Jurídica
Transporte, montagem
e aluguel de
equipamentos. 20.000,00 21.000,00 22.050,00 23.152,50 24.310,13
Material
permanente
Recipientes, mesas de
secagem, outros. 20.000,00 21.000,00 22.050,00 23.152,50 24.310,13
Equipamentos Equipamentos/
aparelhos para
produção em escala
piloto.
93.272,00 97.935,60 102.832,38 107.974,00 113.372,70
Pequenas
obras/instalações
Obras de adaptação do
espaço segundo
normas ANVISA. 20.000,00 21.000,00 22.050,00 23.152,50 24.310,13
Custo Total Anual 253.302,00 265.967,10 279.265,46 293.228,73 307.890,16
Receita Anual 166.460,00 224.721 303373,35 409554,02 552897,93
Lucro -86.842,00 -41.246,10 24.107,90 116.325,29 245.007,77
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
10
Figura 3 – Demonstrativo de resultatdos (reais)
O gráfico esboçado pela Figura 3 mostra o ponto de equilíbrio, que consiste na igualdade de
valores entre custo e receita totais, neste ponto a empresa não possui lucro e nem prejuízo.
Na Tabela 4 são apresentados os fatores de desconto do fluxo de caixa referente à Tabela 3 e
o valor total presente.
Ano Fluxo de Caixa
Fatores de desconto
10% 15% 20% 25% 30% 45%
0 -86.842,00 0,91 0,87 0,83 0,80 0,77 0,69
1 -41.246,10 0,83 0,76 0,69 0,64 0,59 0,48
2 24.107,90 0,75 0,66 0,58 0,51 0,46 0,33
3 116.325,29 0,68 0,57 0,48 0,41 0,35 0,23
4 245.007,77 0,62 0,50 0,40 0,33 0,27 0,16
Valor Presente Líquido
R$
136.659,95
R$
97.470,10
R$
67.501,23
R$
44.403,13
R$
26.482,02
(R$
7.061,63)
Taxa Interna de
Retorno -------------------------------------------------- 38,18%
Tabela 4 – Desconto do fluxo de caixa
Baseado na Tabela 4 encontrou-se a taxa interna de retorno (TIR) de 38,18%, referente ao
negócio. Fixando-se uma taxa mínima de atratividade de 15%, pode-se dizer que o negócio
oferece bom retorno e, portanto, é viável.
A TIR foi calculada da seguinte maneira:
TIR = Taxa do menor valor atual + ((Menor valor atual positivo) / (Menor valor atual positivo
+ Valor absoluto do valor atual negativo seguinte)) x Intervalo.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
11
4. Conclusões
De acordo com os resultados, observa-se uma taxa interna de retorno igual a 38,18%. As
estimativas feitas enquadram-se na situação atual da economia e caso a realidade se altere, os
resultados podem ser melhores ou piores.
É importante mencionar que as dimensões projetadas para o empreendimento mostram lucros
positivos no terceiro ano de execução e que seu ponto de equilíbrio, ou seja, custos de
produção iguais as receitas, é de 55 mil unidades vendidas durante o ano, aproximadamente.
O sabonete repelente/ barra repelente não exige pessoal especializado, infra-estrutura onerosa
ou equipamentos sofisticados para promover, executar e controlar o seu uso em áreas
endêmicas.
A situação financeira projetada da empresa torna um indicador confiável do seu futuro, mas
sujeito a variações de causas imprevistas e certas variáveis (tais como caixa, contas a receber
e estoques) podem ser forçadas a assumir valores desejados.
Apesar de suas limitações, os enfoques simplificados para a elaboração de demonstrações
financeiras projetadas continuam sendo bastante usados, justamente por causa de sua relativa
simplicidade.
Esta tecnologia torna elementar o sabonete repelente como a arma de escolha de amplo
espectro em programas preventivos e para população de baixa renda. Torna-se, portanto,
aceitável e viável economicamente a idéia de implantação de uma indústria que desenvolva
atividades de produção voltada para este setor.
5. Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL,
PERFUMARIA E COSMÉTICOS – ABIHPEC. Panorama do Setor 2010 – 2011.
Disponível em: <http://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2010/11/Microsoft-Word-
Panorama-do-setor-2010-2011-14_04_2011.pdf>. Acesso em: 14 Fev. 2012.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 17-12-1976, Lei da Sociedade por Ações. Disponível em:
<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/lei6404_1976.htm>. Acesso em: 14 fev.
2012.
CONSOLI, R. & OLIVEIRA, R.L. Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil.
20. Ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994.
COSTA, C. & ALVES, G. “Demonstrações Financeiras”, Contabilidade Financeira.
Editora Rei dos Livros, 3ª Edição, Lisboa, 2001, p. 105-143
DIAS, J.P. Avaliação da efetividade do Programa de Erradicação do Aedes aegypti. Brasil,
1996-2002. Tese (Doutorado) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia,
Salvador. 2006.
LAMBERTON, D.M. Teoria dos lucros. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1965.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação Geral do
Programa Nacional de Controle da Dengue, Balanço Dengue, Semana Epidemiológica 1 a
39 de 2011. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/informe_dengue_2
011_37_39.pdf>. Acesso em: 14 Fev. 2012.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
12
SANTOS, A.O. dos. Administração Financeira de Pequena e Média Empresa. São Paulo:
Atlas, 2001.
TALIBERTI, H. & ZUCCHI, P. Custos diretos do programa de prevenção e controle da
dengue no Município de São Paulo em 2005. Rev Panam Salud Publica. 2010;27(3):175–80.
TAUIL, P.L. Aspectos críticos do controle do dengue no Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 18,
n.3, p. 867-71, 2002.
TEIXEIRA, M.G. et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever epidemics in Brasil: what
research is needed based on trends, surveillance, and control experiences? Cadernos de
Saúde Pública, v. 21, n.5, Sept – Oct. 2005.
VICECONTI, P.E.V & NEVES, S. das. Introdução à economia. 7ª Ed. – São Paulo: Frase
Editora, 2005.
WALLIS, K. F. & THOMAS, J. J. Seasonal variation in regression analysis. Journal of the
Royal Statistical Society, Ser. A, v. 134, n. 1, p. 57-72, 1971.
WOILER, S. & MATHIAS, F.M. Projetos: planejamento, elaboração, análise. 1ª Ed. –
São Paulo: Atlas, 1996.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue and severe dengue. Janeiro de 2012.
Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs117/en/>. Acesso em: 14 fev.
2012.
6. Anexo
É apresentado a seguir o orçamento anual detalhado, exceto para os casos de materiais e
equipamentos permanentes, os quais demandam manutenção periódica e preventiva:
MATERIAL DE CONSUMO
ITENS DISCRIMINAÇÃO UNIDADES QUANTIDADES VALOR
UNITÁRIO(R$)
VALOR
TOTAL(R$)
01 Massa base
glicerinada.
quilo 960 5,00 4800,00
02 N’,N’-Dietil meta
toluamida.
quilo 150 150,00 22.500,00
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
13
03 Citral 97% P.A. litro 50 66,00 3300,00
04 Citronelal 95% P.A. litro 50 56,00 2800,00
05 Eugenol litro 20 180,00 3600,00
06 Manteiga de cacau
desodorizada.
quilo 60 30,00 1800,00
07 Óleo de amêndoa. litro 60 25,00 1500,00
08 Manteiga de karité quilo 60 23,00 1380,00
09 Aloe Vera. quilo 50 30,00 1500,00
10 Álcool de cereais litro 30 8,00 240,00
11 Vidrarias análise e
controle de qualidade
unidade 36 100,00 3600,00
12 Formas de silicone
para sabonetes de 80
gramas com 30 furos.
unidade 100 30,00 3000,00
13 Embalagens plástica
para desodorante stick
65g.
unidade 20000 1,50 30.000,00
VALOR MATERIAL DE CONSUMO TOTAL R$ 80.030,00
EQUIPAMENTOS
ITENS DISCRIMINAÇÃO UNIDADES QUANTIDADES VALOR
UNITÁRIO(R$)
VALOR
TOTAL(R$)
01 Reator em aço inox 316
com misturador e
termostato cap. 500 L
unidade 1 23.000,00 23.000,00
02 Extrusora em aço
carbono 100 mm
unidade 1 20.372,00 20.372,00
03 Prensa para sabonete unidade 1 24.100.00 24.100.00
04 Cortador para sabonete
automático
unidade 1 9800.00 9800.00
05 Envasadora e dosadora
para sabonete com pistão
com funil
unidade 1 15.000,00 15.000,00
VALOR EQUIPAMENTOS TOTAL R$ 93.272,00
MATERIAL DE PERMANENTE
ITENS DISCRIMINAÇÃO UNIDADES QUANTIDADES VALOR
UNITÁRIO
(R$)
VALOR
TOTAL(R$)
01 Cadeira executiva 4 pés unidade 8 135,00 1080,00
02 Mesa 0,96x0,60m sem
gaveta
unidade 5 136,00 680,00
03 Roupeiro vestiário 12
portas
unidade 1 781,00 781,00
04 Arquivo de aço 3 gavetas unidade 3 285,00 855,00
05 Quadro branco
0,60x0,90m
unidade 3 110,00 330,00
06 Armário de aço
1,98x1,2x0,40m porta de
correr
unidade 4 310,00 1240,00
07 Estante de aço com 8
prateleiras 2,43m alt.
unidade 6 275,00 1650,00
08 Poltrona giratória com
gomos laterais
unidade 3 256,00 768,00
09 Mesa de reunião redonda
1,50m diâmetro
unidade 2 215,00 430,00
10 Conjunto mesa em L mais
armário em MDF
unidade 2 1260,00 2520,00
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
14
11 Gaveteiro volante 4
gavetas em MDF
unidade 6 275,00 1650,00
12 Armário misto 2 portas
MDF
unidade 4 305,00 1220,00
13 Mesa para escritório
Delta 1,60x1,60m
unidade 1 756,00 756,00
14 Microcomputador
Pentium 512 MB
unidade 3 1200,00 3600,00
15 Impressora jato de tinta
Hp C4280
unidade 2 420,00 840,00
16 Recipiente em aço inox
(316) 200 litros
unidade 2 600,00 1200,00
17 Recipiente em aço inox
(316) 100 litros
unidade 1 400,00 400,00
VALOR MATERIAL PERMANENTE TOTAL R$ 20.000,00
SERVIÇOS DE TERCEIROS – PESSOA FÍSICA
ITEM ESPECIFICAÇÃO CUSTO TOTAL
Prestação de serviços Divulgação, marketing e mídia de embalagens para o
sabonete repelente/barra repelente. R$ 20.000,00
CUSTO TOTAL SERVIÇOS DE TERCEIROS PESSOA FÍSICA R$ 20.000,00
SERVIÇOS DE TERCEIROS - PESSOA JURÍDICA
ITEM ESPECIFICAÇÃO CUSTO TOTAL
Prestação de serviços Transporte, montagem e aluguel de equipamentos e
testes para produção e manipulação sabonete repelente/
barra repelente
R$ 20.000,00
CUSTO TOTAL SERVIÇOS DE TERCEIROS PESSOA JURÍDICA R$ 20.000,00
PEQUENAS OBRAS/INSTALAÇÕES
ITEM ESPECIFICAÇÃO CUSTO TOTAL
Pequenas
obras/instalações
Obras de adaptação/instalação no espaço físico segundo
normas de segurança da ANVISA. R$ 20.000,00
CUSTO TOTAL PEQUENAS OBRAS/INSTALAÇÕES R$ 20.000,00
Tabela 5 – Orçamento detalhado
CUSTO TOTAL DO PROJETO R$253.302,00
Tabela 6 – Custo total do projeto