Post on 11-Nov-2018
Grupo de Trabalho
B1.05
Acoplamento de Linhas de
Transmissão Aéreas e Subterrâneas -
Recomendações Técnicas para as
Concessionárias Brasileiras
Janeiro 2016
020
1
Acoplamento de Linhas de
Transmissão Aéreas e
Subterrâneas – Recomendações
Técnicas para as Concessionárias
Brasileiras
Grupo de Trabalho B1. 05
Louredo, NHGR. (Coordenador), Peixoto, CD; do Vale, PAM;
Moreira, ROC; Camargo, JM; Coelho, M.
2
Agradecimentos Especiais
Julio Cesar Ramos Lopes (Coordenador CE B1)
Ioni Patriota de Siqueira (Chairman CE B5 )
Eduardo Karabolad Filho (Secretário CE B1)
Paulo Angelo Maia do Vale (CEB )
Carla Damasceno Peixoto (LIGHT SE/SA)
Romeu Fuscaldi (CEMIG )
Roberto Diniz Thomaz Júnior (EDS Engenharia e Consultoria LTDA)
4
1. Objetivo..............................................................................................................................................7
2. Escopo.................................................................................................................................................7
3. Histórico................................................................................................................................. ............7
4. Pesquisa..............................................................................................................................................9
5. Modelo de carta enviada às concessionárias brasileiras.............................................................. 10
6. Questionário enviado às concessionárias brasileiras ................................................................... 11
7. Justificativas técnicas para as questões do questionário ............................................................ 15
8. Diagramas representativos das respostas ao questionário ......................................................... 16
9. Material técnico ............................................................................................................................ 20
10. Casos exemplos internacionais e nacionais ................................................................................. 24
11. Casos exemplos internacionais .................................................................................................... 26
12. Casos exemplos nacionais ............................................................................................................ 41
13. Recomendações............................................................................................................................ 51
13.1. Proteção ................................................................................................................... 52
13.2. Religamento ............................................................................................................. 53
13.3. Bibliografia ............................................................................................................... 54
6
“Sempre imaginamos que o trabalho do outro é mais fácil que o nosso. Quanto
melhor ele faz, mais fácil parece.”
Eden Phillpotts (Escritor ingles)
7
1. OBJETIVO
O objetivo da presente publicação é o de fornecer recomendações as Concessionárias Brasileiras
quanto aos critérios de proteção e operação para instalações de transição Aéreo/Subterrâneas ou
vice-versa. Tais recomendações aplicam-se a linhas de transmissão em corrente alternada nas tensões
de 88 kV, 138 kV, 230 kV e 345 kV. Quanto aos sistemas de cabos isolados: isolação extrudada,
diretamente enterrados ou em banco de dutos, efetivamente aterrados nas extremidades ou com
aterramento especial (crossbonding, single point bonding).
2. ESCOPO
Elaboração de pesquisa junto a Concessionárias Brasileiras quanto a Sistemas Mistos.
Pesquisa em materiais técnicos no âmbito mundial, buscando procedimentos já renomados e
reconhecidos buscando adquirir uma base confiável a ser aplicada em Sistemas Mistos.
A partir do conhecimento dos procedimentos usualmente aplicados elaborarem uma
recomendação quanto aos critérios de proteção e operação de Sistemas Mistos, criando
também um “banco de dados” e referencias, com a apresentação do material técnico
utilizado.
3. HISTÓRICO
Em 1983 a Eletropaulo, Eletricidade de São Paulo, atualmente AES Eletropaulo, planejou, projetou e
instalou a linha de transmissão subterrânea em 88 /138 kV, que alimenta até esta data a subestação
do Aeroporto Internacional de São Paulo (Franco Montoro ou Aeroporto de Guarulhos como é
normalmente denominado). A linha subterrânea foi implantada a partir da instalação de uma estrutura
especial denominada torre 1DB (pertencente a “família” de torres metálicas da citada concessionária),
que permitia na verdade a derivação dos cabos de uma linha aérea conectando-se aos terminais de
cabos isolados de forma direta.
Esta linha subterrânea tem como características básicas:
Tensão de Operação: 88 kV
Tensão de isolação: 138 kV
Capacidade de transmissão: 60 MVA
Cabos Condutores: OFPO 250 mm 2 (Cu/Pb)
Extensão do trecho Subterrâneo: aproximadamente 170 metros
Extensão do trecho Aéreo: 10.600 metros
Equipamentos de Proteção: Para-Raios e Reles de proteção (ASA)
8
No início da década de 1990 a Eletropaulo, Eletricidade de São Paulo, planejou, projetou e instalou
uma Transição Subterrânea /Aérea, no Município de São Bernardo do Campo (SP), a qual possibilitou
a Alimentação na tensão de 88 kV/138 kV de três subestações pertencentes a três Grandes
Consumidores – Saab Scania, Wheaton e Toyota – São Bernardo do Campo. Esta linha subterrânea
tem como características básicas:
Tensão de Operação: 88 kV
Tensão de Isolação: 145 kV
Capacidade de Transmissão: 60 MVA
Cabos Condutores: EPR -400 mm2 (Cu/Fios Cu)
Extensão do trecho Subterrâneo: aproximadamente 1600 metros
Extensão do trecho Aéreo: 2151 m
Equipamentos de Proteção Instalados na estrutura de transição: Para-raios
Passados propriamente dez anos, no início da presente década, a implementação de Transições
Aéreo/Subterrâneas, tomou um vulto significativo, iniciando então as discussões técnicas sobre este
tipo de instalação. Verificou-se que algumas Concessionárias adotam critérios diferenciados, algumas
delas inviabilizam ou postergam este tipo de instalação, uma vez que dado aos equipamentos
envolvidos e filosofias de proteção adotadas o resultado normalmente envolve custos altíssimos.
Em resumo, a filosofia, independente das características da instalação - classe de tensão, capacidade
/potencia da linha, exige a implantação de verdadeiras subestações de transição, com a instalação de
disjuntores, TP’s, TC’s, etc. Desnecessário dizer que tal filosofia envolve: custos de terrenos com
áreas adequadas à instalação de subestações, projeto e aquisição de equipamentos de subestação,
etc. Ressalte-se que a realização da pesquisa constante neste documento junto as maiores
Concessionárias do Brasil, mostrou de fato uma certa diversidade de critérios para projetos
semelhantes tanto do ponto de vista de proteção como operativo. Em áreas urbanas dos grandes
centros, e até mesmo em outras regiões não urbanas, devido a necessidades específicas (ambientais,
por exemplo), a cada dia que passa, torna-se cada vez mais necessária à instalação destas transições.
A modernidade e a grande transformação dos viários dos grandes centros, bairros onde a existência
de trechos de linhas aéreas de transmissão não é mais “bem-vindos” dados a diversas razões
(impacto ambiental, uso das faixas das linhas aéreas para projetos de infraestrutura, entre outros),
torna premente a recomendação no que compete ao Brasil, quanto à forma mais segura, técnica e
economicamente viável de se instalar estas transições. Em fins de 2008, sob a Coordenação do Eng.
Júlio César Ramos Lopes, o CE B1, achou indicado à criação do GT – B1- 05 – Acoplamento de Linhas
Aéreas /Subterrâneas.
E tal como descrito no Escopo e no Termo de Referência deste grupo de trabalho, a finalidade básica
seria a de criar uma recomendação criteriosa que viabilizasse técnica e economicamente as transições
aéreo/subterrâneas (ou vice-versa), na tentativa de viabilizar um padrão pelo menos no que compete
a projetos nas classes de tensão mais usuais, dentre aquelas até então existentes no Sistema de
Transmissão do Brasil.
9
4. PESQUISA
Para a realização da pesquisa houve um consenso entre os membros do GT quanto a elaborar os
seguintes documentos:
Carta padrão encaminhada as Concessionárias Brasileiras abaixo relacionadas.
Questionário composto de questões a serem respondidas por representante(s) das
Concessionárias Brasileiras.
As correspondências foram encaminhadas via correio eletrônico aos representantes das
Concessionárias indicados de duas formas: por membros e por não membros do CE B1.
As Concessionárias Brasileiras objeto da pesquisa foram:
AES ELETROPAULO – São Paulo
ENERGIAS DO BRASIL – São Paulo
LIGHT – Rio de Janeiro
CEMIG – Minas Gerais
CELESC – Santa Catarina
CEEE – Rio Grande do Sul
ELETROSUL
FURNAS
CEB – Centrais Elétricas de Brasília – Distrito Federal
ENERSUL
ELETRONORTE
CHESF
Atenderam a pesquisa cerca de 50% das Concessionárias consultadas.
O resultado foi razoavelmente positivo no sentido de permitir a percepção dos critérios adotados por
cada empresa quanto às características das transições existentes ou aquelas eventualmente em fase
de estudos, bem como localização das mesmas, etc. Uma pequena parcela das questões do
questionário, de fato, não foi de imediato compreendida pelos técnicos, mas o problema foi
contornado mediante contatos verbais ou até mesmo via correio eletrônico estabelecidos na época da
pesquisa.
10
5. MODELO DE CARTA ENVIADA ÀS CONCESSIONÁRIAS
BRASILEIRAS
São Paulo,
A. (Concessionária de Energia Elétrica)
Att: Responsável e/ou Representante
Prezado (a) Senhor (a)
O Grupo de Trabalho GT B1-05 – “Acoplamento de Linhas de Transmissão Aéreas com Linhas
Subterrâneas” foi criado devido às necessidades crescentes das Concessionárias relativas à
implantação de Transições Aéreo-Subterrâneas.
O objetivo maior deste grupo de trabalho é exatamente fornecer recomendações relativas às práticas
e procedimentos para transições desta natureza, viabilizando trechos dos sistemas de transmissão ou
até mesmo de alimentação a subestações.
A implantação destas Transições envolve uma gama de razões para viabilizá-las: técnicas, meio
ambiente, IPHAN e até mesmo sociais.
Desta forma, por consenso entre os membros presentes na reunião de 13/03/2009, ficou acordado o
envio do questionário anexo às Concessionárias que possuam em seu sistema de transmissão estas
Transições ou não.
Este questionário visa coletar dados diversos que possibilitarão elaborar as citadas recomendações às
quais passarão a ser de conhecimento e uso geral
Portanto, solicito a gentileza das providencias de V.Sa. quanto a atender ao citado questionário.
Desde já agradeço,
Atenciosamente
Nadia Helena Gama Ribeiro de Louredo
Coordenador GT B1-05
11
6. QUESTIONÁRIO ENVIADO ÀS CONCESSIONÁRIAS
BRASILEIRAS
Nome/razão social da concessionária
Nome(s) do(s) responsável (eis) pelas respostas as
questões formuladas
Orgão (ãos) da concessionária responsável (eis) pelas respostas as questões formuladas
Fone(s) para contato
Sua empresa possui Transição Aéreo/Subterrânea em:
69 kv 88 kv 138 kv 230 kv 345 kv 500 kv
Sim
Não
Caso sua resposta ao item 1 tenha sido afirmativa, informe há mais ou menos quanto tempo a(s)
transição (ões) está (ão) em operação:
69 kv 88 kv 138 kv 230 kv 345 kv 500 kv
6 meses a 1 ano
1 a 2 anos
2 a 3 anos
3 a 4 anos
4 a 5 anos
5 a 6 anos
> que 6 até 10 anos
> que 10 até 20 anos
12
Quais tipos de Transição (ões) estão (ao) instalados(s) no sistema desta Concessionária:
Ramal
Subterrâneo derivado de uma Linha
Aérea
Ramal Aéreo
derivado de uma Linha Subterrânea
Inserção de
trecho Subterrâneo em local distante das
terminais (subestações)
Inserção de trecho
Subterrâneo em local próximo a Subestação Alimentadora (fonte)
Inserção de
trecho Subterrâneo em local
próximo a Subestação Alimentada (carga)
Inserção de
trecho Subterrâneo em área
interna a Subestações
69 Kv
88 kv
138 kv
230 kv
345 kv
500 kv
No tocante a relação das extensões dos trechos de Linhas Aéreas frente aos de Linhas Subterrâneas,
informar conforme exemplo:
Ramal Subterrâneo derivado de
uma Linha Aérea
Ramal Aéreo derivado de uma Linha
Subterrânea
Inserção de trecho Subterrâneo em
local distante das terminais (subestações)
Inserção de trecho Subterrâneo em local próximo a Subestação
Alimentadora (fonte)
Inserção de trecho Subterrâneo em
local próximo a Subestação Alimentada
(carga)
Inserção de trecho Subterrâneo em
área interna a Subestações
69
KV
88
KV
138
kV
230 kV
345 kV
500 kV
13
No que compete aos tipos de equipamentos de proteção e manobra instalados na Transição, informe:
Ramal Subterrâneo derivado de uma Linha Aérea
Para – Raios
Disjuntor
Relé de Proteção (Função ASA)
Chave
Sem equipamento de proteção e manobra
Ramal Aéreo derivado de uma Linha Subterrânea
Para – Raios
Disjuntor
Relé de Proteção (Função ASA)
Chave
Sem equipamento de proteção e manobra
Inserção de trecho Subterrâneo em local distante das
terminais (subestações)
Para – Raios
Disjuntor
Relé de Proteção (Função ASA)
Chave
Sem equipamento de proteção e manobra
Inserção de trecho Subterrâneo em local próximo da Subestação Alimentadora (Fonte)
Para – Raios
Disjuntor
Relé de Proteção (Função ASA)
Chave
Sem equipamento de proteção e manobra
Inserção de trecho Subterrâneo em local próximo da Subestação Alimentada (Carga)
Para – Raios
Disjuntor
Relé de Proteção (Função ASA)
Chave
Sem equipamento de proteção e manobra
14
Com relação ao tipo de material da estrutura de transição, informe:
AÇO CONCRETO
69 KV
88 kv
138 kv
230 kv
345 kv
500 kv
Quanto à natureza da(s) região (ões) / local (ais) onde está (ão) instalada(s) a(s) transição (ões),
informe:
Urbana Central Urbana Residencial Rural Dentro da área da Subestação
69 kv
88 kv
138 kv
230 kv
345 kv
500 kv
Quanto ao sistema de aterramento informe o(s) tipo (s) instalados no trecho subterrâneo (referencie
se possível à capacidade de transmissão / classe de tensão /extensão do trecho subterrâneo)
conforme exemplo:
Ramal Subterrâneo derivado de
uma Linha Aérea
Ramal Aéreo derivado de uma Linha
Subterrânea
Inserção de trecho Subterrâneo em
local distante das terminais (subestações)
Inserção de trecho Subterrâneo em
local próximo a Subestação Alimentadora
(fonte)
Inserção de trecho Subterrâneo em
local próximo a Subestação Alimentada
(carga)
Inserção de trecho Subterrâneo em
área interna a Subestações
Efetivamente
aterrado nas extremidades
Crossbonding
Single point
bonding
15
Relativo à Operação de Sistemas Mistos, informe como a Concessionária opera tais sistemas:
Ramal
Subterrâneo derivado de uma Linha
Aérea
Ramal Aéreo
derivado de uma Linha Subterrânea
Inserção de
trecho Subterrâneo em local
distante das terminais (subestações)
Inserção de trecho
Subterrâneo em local próximo a Subestação Alimentadora (fonte)
Inserção de
trecho Subterrâneo em local
próximo a Subestação Alimentada (carga)
Inserção de
trecho Subterrâneo em área
interna a Subestações
Permite religamento
Instantâneo?
Permite um segundo religamento temporizado?
Permite um terceiro
religamento?
Permite que a linha seja religada quando constatado que
o defeito não ocorreu no trecho subterrâneo.
7. JUSTIFICATIVAS TÉCNICAS PARA AS QUESTÕES DO
QUESTIONÁRIO
Questão 1: Ter a noção mais próxima da realidade quanto ao montante de Sistemas Mistos
atualmente existentes no Sistema Elétrico Brasileiro e em que níveis de tensão os mesmos encontram-
se instalados.
Questão 2: Há quanto tempo encontra-se em operação os Sistemas Mistos existentes no Sistema
Elétrico Brasileiro e em que níveis de tensão.
Questão 3: A referência [1] (ver Material Técnico), alertou o grupo de trabalho para a caracterização
do tipo de transição, ou seja:
a transição é uma linha subterrânea derivada de uma linha aérea? , a transição é uma linha aérea
derivada de uma linha subterrânea? trata-se da inserção de um trecho subterrâneo em um sistema de
linha aérea? esta inserção encontra-se mais próxima da terminal “fonte” ou da terminal “carga”?
trata-se de uma inserção dentro da área de uma Subestação?
Questão 4: Levando-se em conta a Questão 3, qual a relação de comprimento (em metros) do trecho
subterrâneo frente ao comprimento (em metros) do trecho aéreo? (Conforme referencia [1])
Questão 5: Esta questão visou verificar critérios de proteção aplicados pelas Concessionárias, no
tocante aos equipamentos instalados nos Sistemas Mistos.
16
Questão 6: O grupo formulou tal questão visando apenas o impacto visual quanto ao tipo de material
da estrutura.
Questão 7: A questão é bem clara quanto a verificar em que tipo de regiões encontram-se instaladas
as transições procurando inclusive avaliar em que classes de tensão encontram-se os sistemas.
Questão 8: Uma vez que o tipo de sistema de aterramento empregado no trecho subterrâneo tem
profunda influência no esquema utilizado na proteção, torna-se também justificado avaliar os tipos de
aterramento conjugando-se a esta informação a extensão do trecho subterrâneo.
Questão 9: Questão de vital importância que procurou claramente verificar os critérios de
operação/religamento dos sistemas mistos
8. DIAGRAMAS REPRESENTATIVOS DAS RESPOSTAS AO
QUESTIONÁRIO
0
1
2
3
4
5
6
7
69 kV 88 kV 138 kV 230 kV 345 kV 500 kV
Diagrama 1 – Quantidade de sistemas mistos por classe de tensão – Questão 1
17
Diagrama 2 – Tempo de operação de sistemas mistos por classe de tensão – Questão 2
Diagrama 3 – Caracterização do tipo de transição – Questão 3
18
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0,500
138 kV
Diagrama 4 – Relação de comprimento do trecho subterrâneo frente ao comprimento do trecho aéreo na tensão
138 kV – Questão 4
Diagrama 5 – Tipos de equipamentos de proteção instalados nos sistemas mistos - questão 5
19
Diagrama 6 – Material e classe de tensão das estruturas de transição - Questão 6
Diagrama 7 – Localização e classe de tensão das estruturas de transição - Questão 7
20
Diagrama 8 – Tipos de aterramento / extensão do trecho subterrâneo - Questão 8
Diagrama 9 – Condições de operação permitidas nas linhas mistas – Questão 9
9. MATERIAL TÉCNICO
É imperativo dizer que na elaboração desta recomendação para uso no Brasil, tornou-se indispensável
iniciar com uma pesquisa a bibliografias onde são apresentadas técnicas renomadas e reconhecidas.
Estas técnicas com certeza são acessíveis nos maiores fóruns mundiais de engenharia. A fonte de
informações apresentada neste guia certamente é a mais confiável que o GT B1-05 poderia encontrar.
21
De fato, as referências encontram-se dentro do contexto, conforme pode ser verificado no item 9
deste guia. O material pesquisado foi extremamente rico em todos os aspectos. Alguns documentos
técnicos focam determinados assuntos com mais ênfase do que outros, porém a reunião de todos
revelou-se uma unanimidade quanto aos mais responsáveis procedimentos tanto no aspecto técnico
quanto de segurança das instalações. Alguns documentos técnicos pesquisados foram utilizados para
elaborar algumas das questões do questionário utilizado para pesquisa junto a Concessionárias de
Energia Elétrica Brasileiras. Procuramos aqui discorrer sobre experiências, afirmações e
recomendações que, a nosso ver, são aquelas de fato imprescindíveis para o propósito deste guia.
Deve-se, porém ressaltar que a leitura na íntegra do material é de fato muito importante para aqueles
técnicos que desejarem um detalhamento sobre a questão das Transições Aéreo/Subterrâneas ou os
também denominados sistemas “Híbridos”.
Demetrious A. Tziovaras em ”Protection of High Voltage AC Cables”: Explica de forma
objetiva os critérios básicos para proteção a respeito de para-raios e tipos de relés mais indicados
para sistemas instalados em cabos de potência. Entre outros pontos importantes a observar no
aspecto proteção o autor ressalta a possibilidade de dimensionar os cabos de potencia termicamente
para a função auto - religamento, para linhas de pequena extensão, pois para linhas longas o auto-
religamento pode ou não ser viável. Ainda no tocante a operação dos sistemas mistos, oferece
parâmetros quanto à relação de comprimentos do trecho aéreo frente ao trecho subterrâneo,
estabelecendo uma regra relativamente simples para aplicação [1].
Zihan Xu e Dr. T.S. Sidhu em: ”Power Cable Protection in Transmission System”: Talvez
pela especificidade e a natureza de suas atividades (aluno e professor do Departamento de
Engenharia Elétrica e Computação da Universidade da Região Oeste de Ontário - Canada) os autores
ressaltam e caracterizam detalhadamente as diferenças elétricas entre cabos de potencia e cabos para
linhas aéreas (impedância, capacitância shunt, indutâncias série, etc.). Apresentam inclusive as
características das falhas das linhas subterrâneas e das linhas aéreas. O trabalho alerta para questões
nem sempre muito claras e, portanto de grande valia aqueles técnicos que atuam desde o
planejamento até a operação de sistemas instalados em cabos de potencia [2].
Technical Brochure 250:” General Guidelines for the Integration of a new Underground
cable System in the Network” - Working Group B1-19 - August 2004: O capítulo 4 da citada
Brochura Técnica é integralmente dedicado a Transições Aérea/Subterrâneas. É importante descrever
os itens objeto do capítulo 4:
Planejamento;
Seleção do local da transição;
Níveis de Sobretensão e de Isolação;
Ampacidade e sobrecorrentes;
“Clearances” Elétricos;
Blindagem para sobretensões;
Aterramento para proteção de pessoas;
22
Radio Interferência e Corona;
Ruído;
Contaminação de água;
Forças mecânicas;
Projeto Civil;
Proteção contra incêndio;
Segurança nas “Transições Compound” (*);
Especificação e Seleção dos principais componentes da Transição “Compound” (*);
O que é uma Transição “Compound”? : trata-se de uma transição em área isolada ou
“Compound” que é similar a uma pequena subestação com um limitado número de equipamentos:
terminais, para-raios e ocasionalmente disjuntores/seccionadores, dependendo do esquema de
conexão, desta forma Subestações e transições Isoladas “Compound” possuem muitos aspectos em
comum. Representa relevância para este guia, o item da Brochura Técnica 250 relativo aos critérios
que devem influenciar a escolha dos arranjos da Conexão e desta forma aqui se encontram
transcritos:
O nível de habilidade e experiência do pessoal de operação;
O futuro crescimento e desenvolvimento do sistema de fornecimento;
Economia nos primeiros estágios de desenvolvimento;
A facilidade de futuras extensões;
A duplicação dos circuitos dando rotas alternativas;
Capacidade de potencia a transmitir;
Importância estratégica dos circuitos;
A continuidade dos serviços de outras partes significativas da rede;
Confiabilidade, da transição em si e dos componentes da mesma;
Normas de organização;
Requisitos e Técnicas de Manutenção;
Regulamentos (exemplo; onde é possível ou não operar um disjuntor/seccionadora
remotamente para alterar arranjos sem confirmação visual).
23
Technical Brochure 338: “Statisticis of AC Underground Cables in Power Network” -
Working Group B1-07 - December 2007: No item 3.3 da citada Brochura Técnica são abordadas
as condições de Construção e Instalação para Transições. Questões quanto à inserção de trecho
subterrâneo em uma linha aérea do ponto de vista dos equipamentos para as conexões são
esclarecidas alertando para a implementação de acordo com as diversas classes de tensão. No item
3.4, projeto elétrico, alerta-se para as diferenças nos aspectos térmicos e construtivos das linhas
aéreas e subterrâneas, bem como quanto as questão das características de falhas em circuitos aéreos
e condições de religamento, tendo-se nesta altura, um reforço das argumentações práticas e teóricas
apresentados por Tziouvaras [1] e Zihan Xu e Dr. T.S. Sidhu Zihan [2], ressaltando também que em
circuitos “híbridos” (misto de aéreo + subterrâneo) o religamento pode ser possível desde que os
riscos envolvidos sejam bem estudados. O Apêndice C1 (Projeto Elétrico) ressalta ainda que falhas
transitórias em sistemas que utilizam cabos de potencia são extremamente raras, configurando que
em sistemas em cabos a óleo -fluido (OFPO) o religamento automático pode causar explosão o que
representa riscos ao público e ao meio- ambiente. No aspecto proteção indica o uso de unidades de
proteção do tipo relés diferenciais e de zona como uma técnica simples, porém que envolve custos
relativamente altos.
“Protection of Combined Cable and Overhead Lines” autores: S. López (REE, Spain), J.L.
Martínez (IBERDROLA, Spain), J.M. Roca (Unión Fenosa, Spain), A. Montoya (GE Power
Management, Spain), I. Zamora (ETSI Bilbao, Spain) – Artigo 315 - Study Committee B5
Colloquium 2007 October 15-20- Madrid, SPAIN: Este documento apresenta práticas de
proteção e religamento a partir da experiência adquirida em Concessionárias da Espanha. Inicialmente
apresenta as diversas situações onde circuitos híbridos (aéreo e subterrâneo), são aplicáveis. A
exemplo das outras referencias já citadas, elenca os problemas relativos à proteção de sistemas
instalados em cabos de potencia subterrâneos. Os autores também se preocuparam em analisar as
alternativas quanto à proteção contra falhas e sobrecarga bem como quanto ao religamento destes
sistemas, encerrando o documento com recomendações quanto a: proteção, religamento, sobrecarga
e canais de comunicação.
Session CIGRE 2002-21-108: “Technical issues regarding the integration of HVAC
Underground Cable Systems in the Network”, T.Roizard-P. Argaut (France), S.Meregalli
(Italy), H.Ohno (Japan), J.E.Larsen (Norway), J.Karlstrand (Sweden), S.D.Mikkelsen
(Denmark) – Em nome do WG B1-19: O item 3.5 do material apresentado na Sessão CIGRE 2002
é dedicado à questão de proteção e religamento sendo que os autores salientam que em sistemas
híbridos a distancia do trecho subterrâneo as subestações (fonte e carga) representa um fator crítico,
assim aconselhando políticas de religamento e o uso de sistemas de proteção mais ou menos
complexos. Os autores afirmam que a questão do religamento está diretamente relacionada ao tipo
de instalação bem como ao nível de suporte térmico do cabo. Assim, a exemplo das outras referencias
aqui citadas, atenta para a questão relacionada ao aumento de temperatura na blindagem metálica
devido a um curto circuito monofásico de 31 kA durante 0,5 s, informando que em curtos circuitos
monofásicos até 25 kA, o religamento é viável em sistemas aéreos e subterrâneos.
24
IEEE Guide for Planning and Designing Transition Facilities between Overhead and
Underground Transmission Lines -Sponsored by the Insulated Conductors Committee
IEEE Power and Energy Society - IEEE Std 1793™-2012: O guia lista e descreve as bases que
devem ser levadas em consideração no planejamento e no projeto de instalações de linhas mistas. Os
autores frisam que o documento é abrangente, mas que não contemplam todas as questões
relacionadas à instalação, manutenção e operação que sem dúvida necessitam ser consideradas.
Technical Brochure 587: “Short Circuit Protection of Circuits with Mixed Conductor
Technologies in Transmission Networks”- Working Group B5-23 – June 2014: A brochura é
eminentemente dedicada à proteção contra curto-circuito em sistemas mistos. O documento é
extremamente abrangente, contemplando:
Tecnologia de cabos e instalação (estatísticas de falhas);
Impedâncias de sequencia da composição Linha Aérea + Linha subterrânea;
Controle, Proteção e Monitoramento;
Requisitos da Transição;
Teste do Sistema;
Futuras tendências;
Devido as diferentes práticas existentes quanto a esquemas de proteção e de religamento para linhas
mistas, o Grupo de Trabalho composto por especialistas do CIGRE SC B5 –Proteção e Automação -
elaborou um questionário que foi distribuído e entregue aos TSO’s (Operadores de Sistema) de
diversos países, tais como: Suécia, Alemanha, Bélgica, Canadá e Espanha. A partir do resultado da
pesquisa foi realizada uma análise das regras e aplicações usuais quanto a tipos de reles/esquemas de
proteção e filosofias de operação.
10. CASOS EXEMPLOS INTERNACIONAIS E NACIONAIS
O GT B1-05 acredita que a visualização de imagens de instalações de Transição Aéreo-Subterrâneas
ou “Híbridas”, para a finalidade deste guia representa uma ferramenta importante para atender a
diversos propósitos, quais sejam principalmente:
Locais ou áreas onde se encontram tais instalações no âmbito nacional e internacional;
Tipos de Estruturas de transição;
Preocupação com a segurança pessoal a partir de fatores diversos: proteções nas estruturas
ou na área onde se encontram os equipamentos de forma a não possibilitar o acesso público,
por exemplo;
Impacto visual;
Etc.
25
Há também o fator experiência, a partir do qual é possível muitas vezes oferecer alternativas a
estudos futuros baseados e justificados em situações existentes e em operação. De fato, para a
maioria das imagens aqui apresentadas, seria necessária uma pesquisa, uma consulta para obter
dados específicos de cada instalação, uma vez que, ressalte-se, a maioria delas apenas indica ,
quando muito , a classe de tensão do sistema, omitindo na grande maioria dos casos, por exemplo:
capacidade de transmissão, extensão do trecho aéreo e do trecho subterrâneo, esquemas de proteção
e critérios de religamento. Apenas para um caso internacional existente, foi possível obter alguns
dados complementares, como poderá ser observado no exemplo relativo ao sistema SP17: Pioltello -
AEM Milano -Itália [5].
Há também um caso internacional, que, entretanto não foi instalado devido a questões ambientais
dado as características específicas do sistema (classe de tensão, transmissão em CC, etc.), foi
encontrado no sistema Internet [9] e [10].
Outrossim, no que diz respeito aos casos nacionais, foi possível, graças às colaborações dos
integrantes deste Grupo de Estudo, fornecer maiores dados sobre as instalações, (material objeto das
referencias [7] e [8]), além das contribuições de empresas projetistas.
28
Figura 11.4 - Subestação de transição (120 kV) - [4]
Figura 11.5 - Subestação de transição protegida por paredes de concreto (400 kV) - [4]
29
Figura 11.6 - Torre de transição com terminais poliméricos (100 kV) - [4]
Figura 11.7 - Transição em Torre reticulada -[4]
31
Figura 11.9 - Transição em Poste com os cabos de potencia instalados internamente a estrutura -[4]
32
Figura 11.10 - Transição em Poste - os cabos de potencia encontram-se instalados externamente a estrutura e
protegidos na base - [4]
33
Figura 11.11 - Torre de transição com os equipamentos instalados em uma plataforma - [4]
Figura 11.12 - Terminações da transição montadas na Torre para uma linha de 90 kV - [5]
34
Figura 11.13 - Detalhe da terminação referida a Figura 1.12 - [5]
Figura 11.14 - Terminações montadas em plataforma para uma linha de 110 kV - [5]
35
Figura 11.15 - Subestação de Transição de 400 kV - [5]
Figura 11.16 – Layout de uma transição - [11]
36
Figura 11.17 – Layout de uma transição - [11]
Figura 11.16 - Caso Exemplo SP17: Pioltello – AEM Milano (Itália) -[5]
Detalhes Gerais da Instalação: Para o sistema de transmissão em 220 kV, a “Aem Transmissione
S.p. A” (Italia) decidiu tornar subterrânea parte das linhas aéreas entre as Subestações Cassano e
Milano Ricevitrice Norte. Tal decisão levou a instalação de um sistema subterrâneo com dois circuitos
e ao longo de uma extensão de 3.0 km. Esta conexão atravessa uma área densamente povoada em
parte da rota da linha aérea que possui 20.0 km de extensão na região de Pioltello (subúrbio de
Milão). A transição (Figura 11.16) entre a linha aérea e os cabos da linha subterrânea foi montada
diretamente na estrutura usando terminais em composto polimérico.
37
Detalhes Técnicos: Os cabos de potencia foram projetados para uma corrente de 950 A para cada
circuito. Tal necessidade resultou em um cabo singelo de 1600 mm², condutor de alumínio, isolação
em XLPE, blindagem de alumínio e uma capa externa de polietileno extrudado, grafitada. As capas
metálicas foram conectadas em sistema crossbonding (uma). Seção de crossbonding = (3 lances
consecutivas) e single-point-bonding (duas seções= 2 lances), perfazendo um total de cinco lances
para cada circuito. Os cabos foram instalados diretamente enterrados em uma vala, envolvidos por
materiais que garantem as condições térmicas ambientes. O cabo possui uma blindagem especial de
forma a reduzir o campo magnético em alguns trechos da rota obedecendo às leis Italianas. A
transição aéreo-subterrânea foi realizada em ambas as extremidades dos circuitos diretamente da
estrutura sem a instalação de equipamentos contra surtos uma vez que o cabo de potencia é auto-
protegido contra sobretensões atmosféricas e transitórias.
Nota: A extensão da linha é de 20.000 metros contra 3000 metros de extensão do trecho subterrâneo
(a extensão da linha subterrânea representa 15% da extensão da linha aérea – Vide Caso 2 das
citações de Demetriuos Tziouvaras em “Protection of High Voltage AC Cables”) [1]
Figura 11.17 - Na figura acima se pode visualizar a região entre Cassano d’Adda (Usina Termoelétrica) e
Pioltello (Simulação realizada no Google. map para localizar área envolvida - linha em vermelho: trecho aéreo).
Cassano
d’Adda
Pioltello
38
Figura 11.18 - Na figura acima se pode visualizar a região entre Cassano d’Adda (Usina Termoelétrica) e o
centro de Milão (Simulação realizada no Google. map para localizar área envolvida linha em vermelho: trecho
aéreo, linha em azul tracejado: trecho subterrâneo).
New York Regional Interconnection (Estados Unidos) - [9]: A proposta da New York regional
Interconnection (NYRI) apresentava a construção de aproximadamente 304 km de bipolo de alta
tensão, em corrente continua em região do estado de New York (EEUU). O sistema consistiria de:
Estação Conversora (conversão de sistema trifásico, 60 Hz, corrente alternada para 400 kV
corrente continua);
Linha aérea de transmissão conectando as estações conversoras;
Estação Conversora de 400 kV corrente continua para 345 kV corrente alternada;
Três interconexões de 345 kV entre Subestações do Sistema.
Dentro do sistema de 345 kV (CA) foi proposta a instalação de um trecho subterrâneo de
aproximadamente 600 m, com a consequente transição para a linha aérea.
Milão
Pioltello
39
De acordo com o item E-3. 8 [9]– “Overhead to Underground Transition Stations” a Subestação de
Transição teria os seguintes equipamentos principais:
Estrutura de “final de linha”
Para-Raios – classe 345 kV CA
Terminais de cabos subterrâneos
Interface de fibra ótica (se solicitada)
O projeto foi suspenso por interferência das comunidades envolvidas que se posicionaram contra a
implantação da linha em 400 kV (CC) ao longo do Vale do Rio Delaware devido a questões
ambientais.
Figura 11.19 - Diagrama Ilustrativo - Planejamento da “New York Regional Interconnection” - [9]
40
Figura 11.20 - Mapa Ilustrativo da NYRI (New York Regional Interconnection) - [9]
New York Regional
Interconnection (Rota da linha
ao longo da região ao longo
do Rio Delaware)
41
12. CASOS EXEMPLOS NACIONAIS
Figura 12.1 - Conjunto de Transições e Chaveamento para derivação aérea - Ramais Wheaton - Scania - 138 kV
- São Bernardo do Campo - AES Eletropaulo - [7] (Nota: os quadros / indicações são de responsabilidade dos
autores deste guia)
A linha subterrânea parte /deriva da subestação SE Alvarenga. Na primeira estrutura de transição
“aflora” para permitir a ligação na estrutura de chaveamento, seguindo-se a partir dai um trecho
aéreo com aproximadamente 2,0 km, que alimenta a SE da Toyota do Brasil (SBC).
Na segunda estrutura de transição “mergulha”, seguindo subterrânea até as SE’s Wheaton e Scania
(os cabos subterrâneos atravessam a Av. Robert Kennedy em São Bernardo do Campo, onde atrás do
muro que pode visualizado na foto acima se encontram os terrenos dos consumidores Wheaton e
Scania).
Trecho Aéreo com
aproximadamente 2,0 km
Trecho Subterrâneo com
aproximadamente 1,6 km
(Derivação a partir da
Subestação Alvarenga -
SBC)
Trecho Subterrâneo
(travessia da Av. Robert
Kennedy) até as SE’s
Wheaton e Scania
42
Características básicas:
Tensão de operação 88 kV (isolado para 145 kV)
Capacidade de transporte em 88 kV: 60 MVA
Cabo condutor EPR 1 x 400 mm2
Sistema de aterramento: efetivamente aterrado nas extremidades
Figura 12.2 - Portonave - 138 kV - CELESC -Transição com para-raios na estrutura de concreto [7]
Figura 12.3 - Portonave - 138 kV - CELESC -Transição com para-raios na estrutura de concreto [7]
43
A linha de transmissão Itajaí Itaipava–Salseiros-Portonave tem aproximadamente 21 km. O trecho
aéreo possui 19,0 km de extensão e o trecho subterrâneo 2,3 km. O trecho subterrâneo foi
implementado uma vez que não foi possível instalar a linha de transmissão aérea nas proximidades do
Aeroporto de Navegantes.
Características do trecho subterrâneo:
Tensão de operação: 138 kV
Capacidade de transporte: 20 MVA em 138 kV
Cabo Condutor XLPE - 1 x 400 mm2 - (Cu/Al)
Sistema de aterramento: crossbonding
Figure 12.4A - Biguaçu –Desterro – 230 kV- Linha de Transmissão Submarina –ELETROSUL (Santa Catarina)–
Transição no lado do continente [8]
44
Figure 12.4B - Biguaçu –Desterro – 230 kV- Linha de Transmissão Submarina –ELETROSUL (Santa Catarina)–
Transição no lado da Ilha de Santa Catarina [8]
A linha de transmissão que interliga a SE Biguaçu, no continente, a SE Desterro, na Ilha de Santa
Catarina, compõem-se de três trechos: Um trecho aéreo no lado do continente com 38,5 km de
extensão, um trecho submarino entre o continente e a Ilha com 4,65km e o trecho aéreo na Ilha com
13,5km.
As características básicas da instalação submarina são:
Tensão nominal 230kV e máxima de 245kV
Potência nominal de 310MVA com fator de carga de 0,95
Potência máxima em emergência de 350MVA
Cabo Condutor XLPE - 1 x 500 mm2 (Cu/Pb) - cobertura HDPE
Sistema de aterramento: single -point nas extremidades terrestres
45
Figura 12.5A- Transição Aérea-Subterrânea – RSE Paineiras – 88/138 kV – AES Eletropaulo - São Paulo
46
Figura 12.5B - Transição Aérea – Subterrânea – RSE Paineiras 88/138 kV – AES Eletropaulo São Paulo
Montagem do Poste de Transição na faixa da linha aérea (Linha Aérea em Carga)
47
Figura 12.6 - Transição Aérea-Subterrânea –LT Brasília Centro- Mangueiral -138 kV – CEB – Brasília – DF
Figura 12.7 - Transição Aérea-Subterrânea –LT Brasília Norte- Sudoeste -138 kV – CEB – Brasília – DF
(Em Outubro de 2010 ainda em fase de conclusão das instalações com as mesmas
características da LT Brasília Centro – Mangueiral – 138 kV)
48
Figura 12.8 – Transição Aérea-Subterrânea – Ramal Recreio 138 kV – Light - Rio de Janeiro
Adoção de solução mista para viabilizar a alimentação da subestação Recreio implantada em área
nobre da Cidade do RJ no bairro Recreio dos Bandeirantes, região com alta taxa de crescimento. Parte
dos dois ramais foram enterrados em seu trecho final de chegada à nova subestação por exigência
dos moradores e da Prefeitura, extensão enterrada 500 m.
Características básicas do trecho subterrâneo:
Tensão nominal 138kV e máxima de 145kV
Potência nominal de 120MVA com fator de carga de 100%
Potência máxima em emergência de 350MVA
Cabo Condutor XLPE – 1 x 500 mm2 (Al/APL/cobertura HDPE)
Sistema de aterramento: direto nas extremidades
49
Figura 12.9A - Transição Aérea-Subterrânea – Complexo do Alemão 138 kV – Light - Rio de Janeiro
Figura 12.9B - Transição Aérea-Subterrânea – Complexo do Alemão 138 kV – Light - Rio de Janeiro
50
Enterramento de trecho intermediário de 4 linhas aéreas, extensão de cada circuito 90 m, para
permitir a instalação de um teleférico na comunidade do Complexo do Morro do Alemão no Rio de
Janeiro. Os trechos subterrâneos situam-se no interior da subestação de transição, totalmente
murada, para evitar invasões. Essa obra fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
do Governo Federal visando a inserção e melhorias gerais, incluindo o transporte, em comunidades
carentes.
As características básicas do trecho subterrâneo:
Tensão nominal 138kV e máxima de 145kV
Potência nominal de 310MVA com fator de carga de 100%
Potência máxima em emergência de 340MVA
Cabo Condutor XLPE - 1 x 1200 mm2 (Cu/APL/cobertura HDPE)
Sistema de aterramento: single -point bonding
51
Figura 12.10 - Transição Aéreo-Subterrânea - Ramal FIAT 138 kV - CEMIG - Minas Gerais
13. RECOMENDAÇÕES
O principal objetivo do GT B1-05 refere-se às recomendações que foram eminentemente baseadas no
material técnico descrito no item 5 deste guia. As recomendações dizem respeito a sistemas mistos,
que tem uma única transição (direto da estrutura de transição para o (s) circuito(s) subterrâneo(s)).
O item 9.1 fornece uma orientação básica quanto aos esquemas de proteção destes sistemas. O item
9.2 fornece uma orientação básica quanto aos critérios de religamento destes sistemas.
Podem ser aplicados pelas concessionárias brasileiras para sistemas mistos com uma única transição
direta da estrutura em nas classes de tensão de 88/138 kV. Torna-se importante ressaltar que a
referência técnica [11] – Technical Brochure 587 -apresenta-se como um documento completo e
abrangente, quanto a as questões de proteção e religamento. No capítulo 7 da TB 587, designado por
“Futuras tendências”, os autores ressaltam que o objetivo deste capítulo é introduzir novas ideias,
desenvolvimentos, que podem levar a:
52
melhorias do sistema de proteção utilizado em linhas mistas;
simplificação significativa da subestação de transição;
redução de custo para o sistema de proteção;
Como já vimos nos capítulos anteriores, o melhor sistema para discriminar entre uma falha no trecho
subterrâneo e uma falha no trecho aéreo é aquele que utiliza relé diferencial dedicado sobre a seção
do cabo. No entanto, esta opção geralmente implica em elevados custos de investimento e
manutenção, devido à necessidade de instalar um relé diferencial e equipamento associados na
subestação de transição.
Technical Brochure 587: “Short Circuit Protection of Circuits with Mixed Conductor Technologies in
Transmission Networks ” – Working Group B5-23 – June 2014 -Luc Uyttersprot, Convenor (BE) ,José
Manuel Roca, Secretary (ES),André dos Santos (PT),Demetrios Tziouvaras (USA),Jens Eilart (DE),
John Kemmlert (SE),Laurent Dormès (FR),Peter Rønne-Hansen (DK), Simon Chano (CA),Terje Myhr
(NO) ,Corresponding Member Richard Prins (AU)
13.1. PROTEÇÃO
Para-raios: O dispositivo de proteção que deve ser utilizado como prática comum em Linhas
de Transmissão Mista para limitar as sobretensões é o Para-Raios, localizado na estrutura de
transição (lado da linha aérea) e na outra extremidade subterrânea. O para-raios deve ser
selecionado a partir de um dimensionamento adequado, considerando o nível de impulso
atmosférico, a classe de tensão e as impedâncias de “pé de torre/estrutura”.
Reles: Os tipo de relés mais comumente utilizados em linhas aéreas, não são capazes de
localizar precisamente as falhas típicas de sistemas em cabos de potencia subterrâneos. A
maioria das falhas em linhas de transmissão aéreas são temporárias. Mas defeitos em cabos
de potencia são permanentes. Antes que a falha permanente esteja totalmente desenvolvida
nos cabos, existe normalmente uma “Pre-falha”, ou seja, falhas incipientes, com duração
muito longa. Além do cabo propriamente, as junções entre as seções do cabo estão sujeitas a
desenvolverem falhas permanentes a partir de falhas incipientes. Falhas incipientes em cabos
de alimentação normalmente se originam gradualmente a partir de deterioração localizada da
isolação. Existem dois tipos de defeitos. O primeiro é o “arvoreamento elétrico”, que é
causado pelas descargas parciais periódicas em ambiente seco. O outro tipo, o “water tree” é
causado pela penetração de umidade no cabo. Ambos partem de alguns pontos de defeito,
propagando-se através da isolação e ramificando-se sob a forma de uma árvore. A maioria
das falhas incipientes envolvem arcos intermitentes, induzindo correntes de defeito
relativamente pequenas e de curta duração variando entre ¼ a 5 ciclos. Assim os relés
normalmente utilizados geralmente não podem detectar ou operar este tipo de falhas. A falha
incipiente causará um rompimento da isolação mais cedo ou mais tarde, uma vez que danos
na isolação são irreparáveis e irreversíveis. Por conseguinte, ocorrerá uma falha permanente.
Desde que a falha é permanente, o “auto-religamento” não é permitido para a proteção do
cabo. As falhas nos cabos são afetadas pelos seguintes fatores:
as correntes da blindagem afetam a resistência e a reatância dos cabos;
53
a resistência pode ser afetada pelas correntes circulantes geradas pela proximidade entre os
condutores;
o efeito “skin” pode afetar a resistência dos cabos;
a impedância de sequência zero depende dos caminhos de retorno da falha, os quais
dependem das características do cabo, aterramento da blindagem metálica sistemas de
aterramentos, topologia da rede e condições da falha. (Zhihan Xu, Dr. T. S Sidhu [2]).
Da mesma forma é importante saber sobre o estado da arte do uso de relés de proteção em sistemas
mistos:
Esquemas de proteção utilizando relés de distância: Não recomendado devido
principalmente as dificuldades oferecidas pelo fato de que o relé poderia “ver” impedâncias
diferentes para os vários tipos de aterramento (não linearidade da impedância de sequência
zero, uma vez que o caminho de retorno da corrente é afetado pelo tipo de sistema de
aterramento: solidamente aterrado nas extremidades, Crossbonding e singlepoint bonding).
Esquemas de proteção utilizando relés diferenciais: Existem aplicações que utilizam
relés diferenciais, mas neste tipo de esquema principalmente os efeitos das correntes de
carga e shunt (se aplicável) devem ser compensados. A solução com Relé diferencial tem
custos elevados devido à infraestrutura necessária.
Esquemas de proteção utilizando relés de impedância: Esta alternativa pode substituir
a que utiliza o relé diferencial, mas no momento da realização dos testes de comissionamento
será necessário efetuar medições relativas aos parâmetros de impedância (extensão do trecho
subterrâneo menor que a do trecho aéreo).
13.2. RELIGAMENTO
Em sistemas onde a extensão do trecho subterrâneo for aproximadamente igual a 10% da extensão
total do circuito geralmente pode ser habilitado o “auto-religamento”. Exemplo: Um circuito com
10.000 m de extensão, onde o trecho subterrâneo tenha uma extensão de até 1.000 m o “auto-
religamento” pode ser habilitado.
Quando a extensão do trecho subterrâneo é muito curta, menor do que 300 m como parâmetro de
referencia, é permitido o religamento rápido. Em alguns casos, será mais econômico que o trecho
instalado em cabos de potencia enterrado (linha de transmissão subterrânea) seja termicamente
avaliado. Este fato implica em aumentar o tempo de atuação da proteção para um mesmo valor do
curto-circuito monofásico.
Geralmente, espera-se que os cabos subterrâneos não sejam danificados em um religamento, onde
quer que a falha ocorra. Assim, a possibilidade de religamento diante de uma falha em um cabo
subterrâneo é determinada mais pelas condições de instalação bem como pelo nível de
suportabilidade térmica do cabo. T.Roizard-P. Argaut (France), S.Meregalli (Italy), H.Ohno Japan),
J.E.Larsen (Norway), J.Karlstrand (Sweden), S.D.Mikkelsen (Denmark) [3].
54
13.3. BIBLIOGRAFIA
[1] Tziouvaras A. Demetrios -”Protection of High Voltage AC Cables “,Schweitzer Engineering
Laboratories.
[2] Zhihan Xu (Student)-Dr. Sidhu T.S (Supervisor)-“Power cable Protection in Transmission System “
[3] Session CIGRE 2002- 21-108 : “ Technical issues regarding the integration of HVAC Underground
Cable Systems in the Network” , T.Roizard-P.Argaut (France) , S.Meregalli (Italy) ,H.Ohno
(Japan),J.E.Larsen (Norway) , J.Karlstrand(Sweden) , S.D.Mikkelsen(Denmark) – Em nome do WG B1-
19.
[4] Technical Brochure 250 : “ General Guidelines for Integration of a new Underground Cable System
in the Network” - Working Group B1-19 - August 2004.
[5] Technical Brochure 338 : “ Statistics of AC Underground Cables in Power Networks” – Working
Group B1-07 - December 2007
[6] S. López (REE, Spain), J.L. Martínez (IBERDROLA, Spain), J.M. Roca (Unión Fenosa, Spain), A.
Montoya (GE Power Management, Spain), I. Zamora (ETSI Bilbao, Spain) :”Protection of Combined
Cable and Overhead Lines” – Artigo 315 - Study Committee B5 Colloquium 2007 October 15-20-
Madrid, Spain
[7] A.J. de Oliveira Lima, W.J. Lee, F.G de Oliveira. ”Transição de Linhas de Transmissão Aérea para
Subterrânea: para cada instalação uma solução diferente” (XIII ERIAC. Argentina –Março 2009)
[8] W.J. Lee, A.J. de Oliveira Lima, J.F. Dutra, J. M. Pinheiro, F.F. Lago, C.A.V. Granata. ”Projeto de
Linha de Transmissão Submarina Biguaçu-Desterro em 230 kV” (XIII ERIAC. Argentina – Março 2009).
[9] New York Regional Interconnection – Exhibit E-3 –Underground Construction”
J:\P252-000 NYRI\P252-009 Article VII Rev\Exhibits\Exhibit E-3_Underground Construction\Exhibit
E-3_FINAL_01-14-08.doc
[10] IEEE Guide for Planning and Designing Transition Facilities between Overhead and Underground
Transmission Lines -Sponsored by the Insulated Conductors Committee IEEE -3 Park Avenue New
York, NY 10016-5997 –USA -8 January 2013 -IEEE Power and Energy Society -IEEE Std 1793™-2012
Copyrighted material licensed to Nadia Helena Louredo on 2013-05-02 for licensee's use only.
Copyrighted and Authorized by IEEE. Restrictions Apply.
[11] Technical Brochure 587: “Short Circuit Protection of Circuits with Mixed Conductor Technologies
in Transmission Networks ” – Working Group B5-23 – June 2014
55
Nota dos autores:
As referencias [1] e [2] podem ser encontradas em:
[1]
http://www.ceb5.cepel.br/arquivos/grupos_trabalho/WgB5.07/ProtectionACCables_DT_20060126.pdf
[2] http://www.eng.uwo.ca/people/tsidhu/Documents/Power%20cable%20protectiont.pdf
As referencias [3], [4], [5], e [11], podem ser adquiridas em www.e-cigre.org (Para Membros CIGRE
o “download” pode ser efetuado sem custos).
A referencia [6] foi gentilmente cedida pelo atual “Chairman” do SC B5 – Eng. Ioni Patriota através de
solicitação efetuada junto a Mme. Sylvie Bourneuf (Session & Symposium Papers Processing) em
www.cigre.org
As referencias [7] e [8] foram retiradas do Material de Apresentação do XIII ERIAC Argentina – Março
de 2009.
A referencia [10] refere-se à Norma IEEE, adquirida pela Coordenadora deste Guia, no site do IEEE.
A referencia [9] pode ser encontrada em: http://www.nyri.us/pdfs/Article7/Exhibit%20E-FINAL_02-
04-08.pdf
http://legalectric.org/weblog/3237/