Post on 11-Jun-2018
A Nova Jerusalém e sua Doutrina Celeste
Por Emanuel Swedenborg
&1 "A Nova Jerusalém e sua Doutrina Celeste" é uma das inúmeras obras teológicas
de EMANUEL SWEDENBORG. Nesta ele nos da, de unia forma sumaria,
ensinamentos preciosos sobre os pontos principais da Doutrina da Nova Igreja
revelada pelo Senhor por seu intermédio.
Este livro foi publicado em latim pelo autor em 1758, e foi traduzido para o francês,
por J. F. E. Le Boys des Guays, em 1854.
A tradução de Le Boys des Guays foi feita corri extraordinário cuidado para evitar
qualquer adulteração da forma por que as idéias são apresentadas rio original. Daí a
necessidade que teve o tradutor de ater-se, o mais possível, à forma latina, mesmo
com sacrifício da elegância de expressão da língua francesa.
Assim procedendo, Le Boys des Guays agiu com muito acerto, pois, o estilo de
SWEDENBORG tem características especialíssimas que o distinguem de qualquer
estilo humano; é, por assim dizer, uma roupagem natural de idéias espirituais que só
podiam ser apresentadas aos homens na terra dessa maneira, não sendo possível
alterá-la sem prejudicar-lhe a essência.
Como não conheço suficientemente o latim para tentar unia tradução de tanta
responsabilidade como esta utilizei-me da tradução francesa de Le Boys de Guays;
seguindo o mesmo método que ele adotou para fazer o seu trabalho, isto é, ficar o
mais próximo possível da letra do texto francês, mesmo com sacrifício da beleza e
da elegância de nossos estilos literários. Fiz, pois, deliberadamente, uma tradução
literal, para reduzir ao mínimo o perigo de adulterar o pensamento do autor.
Na época, em que esta tradução foi feita (1929), ainda não havia sido decretada a
reforma ortográfica; de modo que ela sai publicada na ortografia corrente então.
Rio de janeiro, Outubro de 1945. J. M. Lima.
0 NOVO CÉO E A NOVA TERRA. E 0 QUE É ENTENDIDO PELA NOVA
JERUSALÉM
1 - No Apocalipse (Cap. XXI, 1, 2, 12 a 24) se diz: "Vi um Céu novo e uma Terra
nova, porque o primeiro Céu e a primeira Terra tinham passado. E vi esta santa
Cidade, a Jerusalém Nova, descendo de Deus pelo Céu, ataviada como uma esposa
ornada para seu marido. A cidade tinha uma muralha grande e elevada, tendo doze
portas, e sobre as portas doze Anjos, e nomes inscritos, que são os nomes das doze
Tribos de Israel. E a muralha da cidade tinha doze fundamentos e sobre eles os
nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro. A cidade mesma estava posta em
quadrado, e o seu comprimento era igual à sua largura. E ele médio a cidade com a
cana até doze mil estádios; e o seu comprimento e a sua largura e a sua altura eram
iguais. E médio a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de
homem, isto é, de Anjo. A sua muralha era de jaspe; e a cidade, ouro puro,
semelhante a vidro puro. E os fundamentos da muralha da cidade eram ornados de
toda pedra preciosa. As doze portas, doze pérolas; e a praça da cidade de ouro
puro, como vidro transparente. A gloria de Deus a iluminava; e sua lâmpada era o
Cordeiro. As nações que se salvarem, em sua luz marcharão, e os reis da terra a
sua gloria e a sua honra a ela trarão”.
O homem que lê estas palavras não as entende de outro modo senão de acordo
com o sentido da letra, a saber; que o Céu visível perecerá com a Terra; que existirá
uni novo Céu; que sobre uma nova Terra descerá a santa Cidade de Jerusalém; e
que ela será quanto ás suas medidas segundo a descrição. Mas os Anjos a
compreendem inteiramente de outra maneira, quer dizer que eles compreendem
espiritualmente cada unia destas palavras que o homem compreende naturalmente;
e o que compreendem assim é precisamente o que elas significam, e é isso o
sentido interno ou espiritual da Palavra; no sentido interno ou espiritual, em que
estão os Anjos, pelo novo Céu e a nova Terra entende-se a nova Igreja tanto nos
céus como nas terras; falar-se-á aqui depois de uma e de outra Igreja; pela cidade
de Jerusalém, descendo de Deus pelo céu, entende-se a doutrina celeste desta
Igreja; pelo comprimento, a largura e a altura, que são iguais, entende-se todos os
bens e todos os veros desta doutrina no complexo; por sua muralha entende-se os
veros que a defendem; pela medida da muralha que é de cento e quarenta e quatro
côvados, medida de homem, isto é, de Anjo, entende-se todos esses veros que a
defendem rio complexo, e sua qualidade; pelas doze portas, que eram perolas,
entende-se os veros que introduzem, semelhantemente pelos doze Anjos sobre as
portas; pelos fundamentos da muralha que eram ornados de toda pedra preciosa,
entende-se os conhecimentos sobre os quais essa doutrina é fundada; pelas doze
Tribos de Israel entende-se todas as cousas da Igreja, em geral e em particular;
semelhantemente pelos doze Apóstolos; pelo ouro semelhante a vidro puro, de que
a cidade e a praça eram formadas, entende-se o bem do amor pelo qual brilha a
doutrina com seus veros; pelas nações que forem salvas e pelos reis da terra que
trarão a ela a sua gloria e a sua honra, entende-se todos os da Igreja que estão nos
bens e nos veros; por Deus e pelo Cordeiro entende-se o Senhor quanto ao Divino
Mesmo e quanto ao Divino Humano. Tal é o sentido espiritual da Palavra, ao qual o
sentido natural, que é o sentido da letra, serve de base; mas não obstante, estes
dois sentidos, o espiritual e o natural, fazem um pela correspondência.
Que todas estas palavras sejam assim compreendidas espiritualmente, não é aqui o
momento de o demonstrar, porque não é este o fim desta obra; mas encontra-se a
prova disso nos Arcanos Celestes nos lugares seguintes: Na Palavra, pela Terra, é
significada a Igreja, sobretudo quando pela Terra entende-se a Terra de Canaã, nºs
662, 1066, 1067, 1262, 1413, 1607, 2928, 3355, 4447, 4535, 5577, 9011, 9325,
9643; porque, no sentido espiritual, pela Terra entende-se a Nação que a habita, e o
culto desta nação, nº 1262. O povo da terra representa aqueles que são da Igreja
espiritual, nº 2928. Um Novo Céu e uma Nova Terra significam o novo nos Céus e
nas Terras quanto aos bens e aos veros, portanto quanto às cousas que pertencem
à Igreja nos céus e à Igreja nas terras, nºs 1733, 1850, 2117, 2118, 3355, 4535,
10373. 0 que é compreendido pelo primeiro Céu e pela primeira Terra que tinham
passado, vê-se no Opúsculo do Julgamento Final e da Babilônia Destruída, desde o
começo até o fim, e especialmente nos nº 65 a 72. Por Jerusalém, é significada a
Igreja quanto à doutrina, nºs 402, 3654, 9166. Pelas Cidades (urbs) e as Cidades
(civitas) são significadas as doutrinas que pertencem à Igreja e à Religião, nºs 402,
2450, 2712, 2943, 3216, 4492, 4493. Pela Muralha da cidade (civiIas) é significado o
(Ia doutrina, vero defensivo, nº 6419.Pelas Portas da cidade são significados os
veros que introduzem na doutrina, e, por meio da doutrina, na Igreja; nºs 2943, 4477,
4493, 4492. Pelas Doze Tribos de Israel, foram representados, e por conseguinte
são significados todos os veros e todos os bens da Igreja, em geral e em particular
portanto todas as cousas da fé e do amor, nºs 3858, 3926, 4060, 6335. Pelos Doze
Apóstolos do Senhor, o mesmo, nºs 2129, 2553, 3354, 3488, 3858, 6397; o que se
diz dos Apóstolos, que eles se assentarão sobre doze tronos e que julgarão as doze
tribos de Israel, significa que todos devem ser julgados segundo os veros e os bens
da Igreja, portanto pelo Senhor de quem procedem estes veros e estes bens, nºs
2129. 6397. Por Doze são significadas todas as cousas no complexo, n ºs 577, 2089,
2129, 2,130, 3272, 3858, 3918; o mesmo pelo numero cento e quarenta e quatro,
porque este numero é o produto de doze multiplicado por doze, nº 7973; o mesmo
por doze mil, nº 7973 ; todos os números na Palavra significam cousas, nºs 482, 487,
647, 648, 755, 813, 1963, 1988, 2075, 2252, 3252, 4264, 6175, 9488, 9659, 10217,
10253; os números que são o produto de uma multiplicação, significam a mesma
cousa que os números simples donde provêm, nºs 5291, 5335, 5708, 7973. Pela
Medida, é significada a qualidade da cousa quanto ao vero e quanto ao bem, nºs
3104, 9603, 10262. Pelos Fundamentos da muralha são significados os
conhecimentos dos veros sobre os quais as doutrinas são fundadas, nº 9643. Pelo
Quadrangular ou quadrado é significado o perfeito, nºs 9717; 9861. Pelo
Comprimento é significado o bem e sua extensão; e pela largura o vero e sua
extensão, nºs 1613, 9487. Pelas Pedras preciosas são significados os veros
conforme o bem, nºs 114, 9863, 9865; o que é significado pelas Pedras preciosas no
Urim e no Thumin, em geral e em particular, nºs 3863, 9864, 9866, 9891, 9895, 9905;
o que é significado pelo Jaspe (lê que a muralha era constituída, nº 9872. Pela Praça
da cidade é significado o vero da doutrina conforme o bem, nº 2336. Pelo Ouro é
significado o Bem do amor, nºs 113, 1551, 1552, 5658, 6914, 6917, 9510, 9874,
9881. Pela Glória é significado o Divino Vero, tal qual está no Céu e por
conseguinte, a inteligência e a sabedoria, nºs 4809, 5292, 5922, 8267, 8427, 9429,
10574. Pelas Nações são significados os que, na Igreja, estão no bem; e daí, por
abstração, os bens da Igreja, nºs 1059, 1159, 1258, 1260, 1261, 1416, 1849, 4574,
6860, 9255, 9256. Pelos Reis são significados os que, lia Igreja, estão nos veros; e
daí, por abstração, os veros da Igreja, nºs 1672, 2015, 2069, 4575, 5014; as
cerimônias do coroamento dos reis envolvem coisas que pertencem ao Divino Vero;
mas o conhecimento destas cousas está perdido hoje, nºs 4581, 4966.
2 - Antes de tratar-se da Nova Jerusalém e de sua Doutrina, dir-se-á alguma cousa
do Novo Céu e da Nova Terra. No Opúsculo do Julgamento Final e da Babilônia
Destruída, mostrou-se o que se entende pelo primeiro Céu e pela primeira Terra que
tinham passado; depois que eles passaram, portanto depois que o julgamento Filial
tinha acabado, um Novo Céu foi criado, isto é, formado pelo Senhor; este Céu foi
formado com todos os que, desde a vinda do Senhor até esta época, tinham vivido a
vida da fé e da caridade, pois somente estes eram formas do Céu; porque a forma
do Céu, segundo a qual se fazem aí todas as consorciações e todas as
comunicações, é a forma da Divina Verdade segundo o Divino Bem procedente do
Senhor, e o homem reveste esta forma, quanto a seu espírito, pela vida segundo o
Divino Vero; que daí decorre a forma do Céu, vê-se no tratado do Céu o do Inferno
nº 200 a 212; e que todos os Anjos sejam formas do Céu vê-se no mesmo tratado
nºs 51 a 58 e 73 a 77. Por isso pode-se saber com quem foi composto o Novo Céu,
e, por conseguinte, qual é este Céu, isto é, que é absolutamente unânime; porque o
que vive a vida da fé e da caridade ama a outrem como a si mesmo, e pelo amor o
conjunge a si e vice e versa, portanto, e mutuamente, porque o amor é lima
conjunção no Mundo Espiritual; é por isso que quando todos agem assim, então de
muitos, e mesmo de uma quantidade inumerável de indivíduos consorciados
segundo a forma do Céu, constitue-se um unânime, e este unânime torna-se como
um; porque não há cousa alguma que separe e divida, porém tudo conjunge e une.
3 - Como este Céu foi formado com todos os que eram assim, desde a época, do
Senhor à presente, vê-se que é composto tanto de cristãos como de gentios, mas
principalmente de crianças de todas as partes do mundo que morreram desde o
tempo do Senhor, porque todas elas foram recebidas, elevadas ao Céu, instruídas
pelos Anjos e enfim, reservadas para constituírem um Novo Céu conjuntamente com
os outros; daí pode-se concluir quanto este céu é grande; que todos os que morrem
crianças são elevadas, ao Céu e se tornam anjos, vê-se no Tratado do Céu e do
Inferno, nº 329 a 345. E que o Céu seja formado tanto de gentios como de cristãos
vê-se no mesmo tratado, nº 318 a 328.
4 - Alem disso, quanto ao que concerne a este Novo Céu, e preciso que se saiba
que ele é distinto dos Céus Antigos, isto é, dos Céus que foram formados antes da
vinda do Senhor; mas não obstante estes Céus foram de tal modo coordenados com
ele, que constituem em conjunto um só Céu. Si este Novo Céu é distinto dos Céus
Antigos é porque nas Antigas Igrejas não havia outra Doutrina alem da Doutrina do
Amor e da Caridade e porque, então, não se tinha conhecimento de Doutrina alguma
da fé separada; é também por isso que os Antigos Céus constituem as extensões
superiores, e o Novo Céu a extensão abaixo deles; porque os Céus são extensões
unias acima das outras; nas extensões supremas habitam os que são chamados
Anjos Celestes, dos quais a maior parte é da: Antiqüíssima Igreja; os que estão lá
são chamados Anjos Celestes por causa do Amor Celeste, que é o amor para com o
Senhor; nas extensões abaixo destas habitam os que são chamados Anjos
Espirituais, dos quais a maior parte é da Igreja Antiga; os que estão lá são
chamados Anjos Espirituais por causa do Amor Espiritual que é a bondade em
relação ao próximo; sob estes habitam os Anjos que estão no bem da fé; viver a vida
da fé é viver segundo a doutrina da sua Igreja; e viver é querer e fazer. Todos estes
Céus, contudo, fazem um pelo influxo mediato e imediato procedente do Senhor.
Pode-se porém formar destes Céus uma idéia mais completa pelo que foi mostrado
no Tratado do Céu e do Inferno; e aí, no artigo dos dois Reinos em que os Céus, em
geral., foram distinguidos nº 20 a 28; e no Artigo dos três Céus, nº 29 a 40; a
respeito do influxo mediato e imediato, na Coleção de Extratos dos Arcanos
Celestes, em seguimento ao nº 603; e, a respeito das Igrejas Antiqüíssima e Antiga,
no Opúsculo do Julgamento Final e da Babilônia Destruída, nº 46.
5 - Isto basta quanto ao Novo Céu; agora dir-se-á alguma cousa da Nova Terra: Pela
Nova Terra entende-se a Nova Igreja nas terras, porque quando uma Igreja
precedente deixa de ser, uma Nova Igreja é então instaurada pelo Senhor; com
efeito, o Senhor provê a que haja sempre urna Igreja nas terras, porque pela Igreja
lia conjunção do Senhor com o Gênero Humano, e do Céu com o Mundo, pois que aí
o Senhor é conhecido e ai há os Divinos Veros pelos quais o homem é conjunto; que
hoje tinia Nova Igreja seja instaurada, vê-se no Opúsculo do Julgamento Final, nº 74.
Si a Nova Igreja é significada pela Nova Terra, é de acordo com o sentido espiritual
da Palavra; com efeito, neste sentido, pela terra entende-se, não uma terra ou
região, nas a nação mesma que a habita e o seu Culto Divino, porque reside aí o
espiritual que a terra representa; alem disso, pela terra, na Palavra, quando não se
acrescenta o nome da região, entende-se a terra de Canaã, e na terra de Canaã
houve Igreja desde os tempos mais remotos, por isso aconteceu que todos os
lugares desta terra, e os dos arredores, com as montanhas e os rios que são
mencionados na Palavra, tornaram-se representativos e significativos das cousas
que constituem os internos da Igreja, e que são os seus espirituais; é daí que, como
foi dito, pela terra, na Palavra, porque se entende a terra de Canaã, é significada a
Igreja, semelhantemente aqui, pela Nova Terra; daí vem que tenha sido aceito dizer
na Igreja, a Canaã Celeste, entendendo-se por isso o Céu. Que pela terra de Canaã
no sentido espiritual da Palavra seja entendida a Igreja, mostrou-se nos Arcanos
Celestes, em diversos artigos, dentre os quais serão referidos os seguintes: A
Antiqüíssima Igreja que existia antes do Dilúvio e a Igreja Antiga que existia depois
do Dilúvio, estavam na terra de Canaã, nºs 567, 3686, 4447, 4454, 4516, 4517, 5136,
6516, 9327. Então todos os lugares tornaram-se representativos das cousas que
estão no Reino do Senhor e na Igreja, nºs 1585, 3686, 4-147, 5136. E por isso que
Abraão recebeu ordem de ir para ai, visto que entre os descendentes de Jacob devia
ser instituída uma Igreja representativa, e devia ser escrita unia Palavra, cujo sentido
filial consistiria em representativos e significativos que estavam nesta terra, nºs 3686,
4447, 5136, 6516. Daí vem que pela Terra, e pela terra de Canaã na Palavra seja
significada a Igreja, nºs 3083, 3481, 3705, 4447, 4517, 5757, 10568.
6 - Dir-se-á também em poucas palavras o que se entende por Jerusalém lia
Palavra, em seu sentido espiritual: Por Jerusalém entende-se a Igreja mesma,
quanto à doutrina; e isso, pela razão de que aí na terra de Canaã, e não em outra
parte, estava o Templo, estava o Altar, faziam-se sacrifícios, portanto o próprio culto
Divino; é Por isso que três festas em cada ano eram ai celebradas também, e todo
varão dessa terra era obrigado a assistí-las; é portanto por isso que por Jerusalém,
no sentido espiritual, é significada a Igreja quanto ao culto, ou, o que é a mesma
cousa, quanto à doutrina, porque o culto é prescrito na doutrina e se faz segundo a
doutrina. Se diz a Santa Cidade, a Nova Jerusalém descendo de Deus pelo Céu, é
porque no sentido espiritual da Palavra, pela cidade (urbs) e pela cidade (civitas) é
significada a Doutrina, e pela santa cidade a doutrina do Divino Vero, porque o
Divino Vero é o que se chama Santo lia Palavra; se se diz a Nova Jerusalém, é por
uma razão semelhante aquela pela qual a Terra é chamada Nova; porque, como
acaba de se dizer, pela Terra é significada a Igreja, e por Jerusalém esta Igreja
quanto a doutrina; se se diz "descendo de Deus pela Céu" é porque, todo Vero
Divino, donde procede a doutrina, desce do Senhor pelo Céu. Que por Jerusalém
não se entende uma cidade, ainda que tenha sido vista como cidade, isso é bem
evidente, porque se diz que sua altura era, como o comprimento e a largura, de doze
mil estádios, vers. 16; e que a. medida de sua muralha, que era de cento e quarenta
e quatro côvados era medida de homem, isto é, de Anjo, vers. 17; depois, porque se
diz que ela estava ornada, como uma esposa diante de seu marido, vers. 2; e mais
adiante, "O Anjo disse: vem, eu te mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro; e ele me
mostrou a Cidade santa, esta Jerusalém”, vers. 10; é a Igreja que, na Palavra, é
chamada noiva e esposa do Senhor, noiva antes de estar conjunta, e esposa
quando está conjunta; ver nos Arcanos Celestes, nºs 3103, 3105, 3164, 3165, 3207,
7022, 9182.
7 - Quanto ao que concerne em particular à Doutrina que vai ser exposta, ela vem
também do Céu, porque vem do sentido espiritual da Palavra; e o sentido espiritual
da Palavra é a mesma cousa que a Doutrina que está no Céu; porque no Céu, do
mesmo modo que sobre a terra, há uma Igreja; com efeito, ali há a Palavra, há uma
Doutrina segundo a Palavra, há Templos, e nesses Templos se fazem predicas,
porque lá há Governos eclesiásticos e civis; em uma palavra, entre as cousas que
estão nos Céus e as cousas que estão na Terra, não há diferença senão porque
todas as cousas dos Céus estão em um estado mais perfeito, porque todos que lá
habitam são espirituais, e as cousas espirituais ultrapassam imensamente em
perfeição as cousas naturais; que nos Céus haja essas cousas, vê-se-no Tratado do
Céu e do Inferno, especialmente no Artigo dos governos no Céu, nº 213 a 220; e no
Artigo do Culto Divino no Céu, nº 221 a 227. Pelo exposto, pode-se ver o que se
entende pela santa Cidade, a Nova Jerusalém, vista descendo de Deus pelo Céu.
Mas chego à Doutrina mesma, que é para a Nova Igreja, e que, por me ter sido
revelada do Céu, é chamada Doutrina Celeste; porque dar esta Doutrina é o objetivo
desta Obra.
INTRODUÇÃO Á DOUTRINA
8 - A Igreja chega ao fim, quando não há mais fé porque não há mais caridade,
como foi mostrado no Opúsculo do Julgamento Final e da Babilônia Destruída, nº 33
a 39. Ora, como as Igrejas no Mundo Cristão se distinguiram unicamente por cousas
que são do domínio da fé, e como, entretanto a fé é nula onde não há mais caridade,
vou, antes de expor a Doutrina da Nova Jerusalém, apresentar aqui algumas
observações sobre a Doutrina da Caridade entre os Antigos. Diz-se as Igrejas no
Mundo Cristão, e por eIas se entendem as Igrejas entre os Reformados ou os
Evangélicos, mas não entre os Católico-romanos, visto como a Igreja Cristã não está
mais entre estes, porque onde lia a Igreja, ai o Senhor é adorado e a Palavra é lida,
entre eles isso é de outro modo. Eles mesmos são adorados em lugar do Senhor, é
proibido ao povo ler a Palavra e as decisões do Papa são postas no mesmo nível
que a Palavra, e mesmo acima da Palavra.
9 - A Doutrina da Caridade, que é a Doutrina de vida, era a Doutrina mesma das
Igrejas Antigas; sobre estas Igrejas, ver os Arcanos Celestes os nº 1238 e 2385; e
esta Doutrina conjuntava todas as Igrejas, e assim de varias fazia unia só; com
efeito, reconheciam-se como homens da Igreja, todos os que viviam no bem da
caridade, e chamavam-nos irmãos, de qualquer maneira que divergissem, aliás,
quanto aos veros que hoje são chamados veros da fé; instruiam-se uns aos outros
nestes veros, o que estava incluído no numero de obras de caridade, e não se ficava
indignado quando um não acedia à opinião do outro; sabia-se que cada um só
recebia o vero na proporção em que estava no bem. Como assim foram as Igrejas
Antigas, por isso mesmo os homens dessas Igrejas, eram homens interiores, e
porque eram interiores tinham mais sabedoria; pois os que estão no bem do amor e
da caridade, estão, quanto ao homem interno, no Céu, e portanto, quanto a este
homem, na Sociedade Angélica que está em bem semelhante; dai a elevação de
seu mental para os interiores, e por conseqüência, sua sabedoria: com efeito, a
sabedoria não pode vir de outra parte senão do Céu, isto é, do Senhor pelo Céu; e a
sabedoria está no Céu, porque ai todos estão rio bem. A sabedoria consiste em ver
o vero segundo a luz do vero, e a luz do vero é a luz que está no Céu. Mas esta
sabedoria antiga diminuiu na sucessão dos tempos; porque o Gênero humano se
afastou tanto do bem do amor para com o Senhor, e do amor em relação ao
próximo, amor que se chama caridade, quanto também se afastou da sabedoria,
pois outro tanto se afastou do Céu; portanto de homem Interno, o homem tornou-se
Externo, e isso gradativamente; e quando o homem se torna Externo, torna-se
também Mundano e Corporal e quando é assim, pouco se ocupa com as
cousas que são do Céu, pois então os prazeres dos amores terrestres, e com estes,
os males que segundo esses amores, são prazeres para o homem, se apoderam
inteiramente dele; e então o que ouve dizer da Vida após a morte, do Céu e do
Inferno, em uma palavra, dos Espirituais, é como se estivesse fora dele, e não
dentro dele, como era preciso que fosse. Daí vem também que a Doutrina da
caridade, que era de tão grande valor entre os Antigos, pertence hoje ao numero das
cousas inteiramente perdidas; pois, hoje, quem sabe o que é a Caridade no sentido
real, e o que é o Próximo no sentido real? E, entretanto esta Doutrina não somente
ensina isso, mas contém alem disso inumeráveis cousas, de que riem a milésima
parte é conhecida hoje: toda a Escritura Santa não é outra cousa mais do que a
Doutrina do Amor e da Caridade; é mesmo o que o Senhor ensina dizendo: amarás
o Senhor teu Deus de todo teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
Pensamento; é este o primeiro e grande mandamento; o segundo lhe é semelhante.
Tu amarás teu Próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem a
Lei e os Profetas." - Mat. XXII, 37, 38, 39. A Lei e os Profetas são a Palavra, em
geral e em particular.
10 - No que segue, a cada seção da Doutrina, serão anexadas Coletâneas dos
Arcanos Celestes, porque as mesmas cousas aí são mais amplamente explicadas.
DO BEM E DO VERO
11 - No Universo, todas as cousas que estão de acordo com a Ordem Divina se
referem ao Bem e ao Vero; não há cousa alguma no Céu, nem cousa alguma no
Mundo, que não se refira a estes dois; e isso, porque um e outro, tanto o Bem como
o Vero, procedem do Divino, de Que procedem todas as cousas.
12 – Daí é evidente que nada é mais necessário ao homem do que saber o que é o
Bem, e o que é o Vero, como um se relaciona com o outro e como um é conjunto ao
outro; mas isso é principalmente necessário ao homem da Igreja, pois assim como
todas as cousas do Céu se referem ao Bem e ao Vero, do mesmo modo também
todas as cousas da Igreja, porque o Bem e o Vero do Céu são também o Bem e o
Vero da Igreja. E por isso que antes de tudo se fala aqui do Bem e do Vero.
13 - E segundo a Ordem Divina que o Bem e o Vero sejam conjuntos, e não
separados, de tal sorte que sejam um e não dois, pois procedem conjuntos do
Divino, e conjuntos estão no Céu, e por conseqüência conjuntos devem estar na
Igreja; a Conjunção do Bem e do Vero chama-se, no Céu, Casamento Celeste,
porque neste casamento estão todos os que habitam lá: daí vem que, na Palavra, o
Céu é comparado a um Casamento, e o Senhor é chamado Noivo e Marido, e o
Céu, Noiva e Esposa, semelhantemente a Igreja; si o Céu e a Igreja são chamados
assim, é porque os que aí estão recebem o Divino Bem nos Veros.
14 - Toda a Inteligência e toda a Sabedoria que possuem os Anjos, vêm desse
Casamento, e nenhuma vem do Bem separado do Vero, nem do Vero separado do
Bem: o mesmo se dá entre os homens da Igreja.
15 - Visto que a Conjunção do Bem e do Vero é como um Casamento, torna-se
evidente que o Bem e o Vero; que, reciprocamente, o Vero ama o Bem; e que um
desejo ser conjunto ao outro; o homem da Igreja, em que não há um tal amor nem
um tal desejo, não está no Casamento Celeste, por conseqüência não há ainda nele
a igreja, porque é a conjunção do Bem e do Vero que faz a Igreja.
16 - Os Bens são de varias espécies; em geral, há o Bem espiritual e o Bem natural,
e um e outro estão conjuntos no Bem moral real. Assim como são os Bens, assim
também são os Veros, porque os Veros pertencem ao bem, e são as formas do
bem.
17 - Como acontece com o Bem e o Vero, igualmente acontece, pelo oposto, corri o
Mal e o Falso; porque assim como no Universo todas as cousas que estão de acordo
com a Ordem Divina se referem ao bem e ao vero, do mesmo modo todas as que
são contra a Ordem Divina se referem ao mal e ao falso, pois também, assim como
o bem quer estar conjunto ao vero, e reciprocamente, do mesmo modo o mal quer
estar conjunto ao falso e reciprocamente, pois ainda, assim como toda inteligência e
toda sabedoria nascem da conjunção do bem e do vero, do mesmo modo toda tolice
e toda loucura, nascem da conjunção do mal e do falso. A conjunção do mal e do
falso é chamada Casamento Infernal.
18 - Pelo fato do mal e do falso serem opostos ao bem e ao vero, é evidente que o
vero pão pode ser conjunto ao mal, nem o bem ao falso do mal; si o vero está
adjunto ao mal, não é mais o vero, mas é o falso, porque foi falsificado; e se o bem
está adjunto ao falso do mal, não é mais o bem mas é o mal, porque foi adulterado.
Todavia, o falso que não é o falso do mal, pode ser conjunto ao bem.
19 - Quem quer que esteja rio mal e, por conseqüência, no falso, segundo a
confirmação e a vida, não pode saber o que é o bem e o vero, porque acredita que
seu mal é o bem, e por causa disso crê que seu falso é o vero; mas quem quer que
esteja no bem e, por conseqüência, no vero, segundo a confirmação e a vida, pode
saber o que é o mal e o falso; a razão disso, é que todo bem e todo vero do Bem são
celestes em sua essência, e se não são celestes em sua essência, ao menos são de
unia origem celeste, e que todo mal e, por conseqüência, todo falso são infernais em
sua essência, e se não são infernais em sua essência, ao menos são de uma origem
infernal; ora, tudo que é celeste está na luz, e tudo que é infernal está nas trevas.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
20 - Toda e cada uma das cousas do Universo se referem ao Bem e ao Vero ou ao
Mal e ao Falso; ao Bem e ao Vero as que estão e se fazem de acordo com a Ordem
Divina, e ao Mal e ao Falso as que estão e se fazem contra a Ordem Divina, nºs
2452, 3166, 4390, 4409, 5232, 7256, 10122; portanto no homem, ao Entendimento e
à Vontade, visto como o Entendimento elo homem é o recipiente do vero e do falso,
e a Vontade, o recipiente do bem e do mal, nº 10122. Hoje, lia poucos que sabem o
que é o Vero em sua essência real porque pouco se conhece a respeito do Bem,
quando, entretanto, todo vero vem do bem, e todo bem existe pelos veros, nºs 2507,
3603, 4136, 9186, 9995.
Há quatro espécies de homens: 1º Os que estão nos falsos segundo o mal, e os que
estão nos falsos não segundo o mal. 2º Os que estão nos veros sem o bem. 3º Os
que estão nos veros e que pelos veros encaram o bem e tendem para ele. 4º Os que
estão nos veros segundo o bem.
Mas cada uma destas espécies vai ser examinada em particular.
21 – 1º Dos que estão nos falsos segundo o mal, e dos que estão nos falsos
não segundo o mal; assim dos falsos segundo o mal, e dos falsos não
segundo o mal.
Há inumeráveis espécies de falsos, a saber, tantas quantas de males; e as origens
dos males, e dos falsos provenientes de males, são em grande número, nºs 1188,
1212, 4729, 4822, 7574. Há o falso segundo o mal, ou o falso do mal; e há o mal
segundo o falso ou o mal do falso, e de novo, por conseguinte, o falso, assim por
derivação, nºs 1679, 2243. De um único falso, sobretudo si ele tem foros de principio,
decorrem falsos em serie continua, nºs 1510, 1511, 4717, 4721. Há o falso segundo
as cobiças do amor de si e do mundo; e há o falso segundo as ilusões dos sentidos,
nºs 1295, 4729. Há os falsos da religião, e há os falsos da ignorância, nºs 4729, 8318,
9258. Há o falso em que está o bem, e o falso em que não está o bem, nºs 2863,
9304, 10109, 10302. Há o falsificado, nºs 7318, 7319, 10648. Todo mal tem consigo
um falso, nºs 7577, 8094. O falso segundo as cobiças do amor de si é o falso mesmo
do mal, e as piores espécies de falso vêm daí, nº 4729.
O mal é pesado e caí por si mesmo no inferno, mas não o falso, a não ser que
provenha do mal, nºs8279, 8298. O bem é mudado em mal, e o vero em falso,
quando caem do Céu no Inferno, porque assim caem em uma atmosfera espessa e
impura, nº 3607. Os falsos segundo o mal aparecem como nevoeiros e como águas
impuras acima dos Infernos, nºs 8137, 8138, 8146. Os que estão nos Infernos
proferem falsos segundo o mal, n nºs 1695, 7351, 7352, 7357, 7392, 7689. Os que
estão no mal só podem pensar o falso, quando pensam por si mesmos, nº 7437.
Várias particularidades sobre o mal do falso, nºs 2408. 4818, 7272, 8265, 8279; e
sobre o falso do mal, nºs 6359, 7272, 9304, 10302.
Todo falso pode ser confirmado, e quando é confirmado aparece como vero, nºs
5033, 6865, 8521, 8780. E por isso que antes de confirmar alguma cousa, é preciso
examinar si é um vero ou não, nºs 4741, 7012, 7680, 7950, 8521. É muito necessário
evitar confirmar falsos de religião, porque daí vem à persuasão do falso, que
permanece no homem após a morte, nºs 845, 8780. Quanto é perniciosa a
persuasão do falso, nºs 794, 806, 5096, 7686.
Os bens não podem influir nos veros, enquanto o homem está rio mal, nº 2434.
Tanto o homem está no mal e por conseqüência nos falsos, quando os bens e os
veros se afastam dele, nº 3402. As maiores precauções são tomadas pelo Senhor,
para que o vero não seja conjunto ao mal, nem o falso do mal, ao bem, nºs 3110,
3116, 4416, 5217. Desta mistura resulta a profanação nº' 6348. Os veros
exterminam os falsos, e os falsos, aos veros, nº 5207. Os veros não podem ser
recebidos profundamente enquanto reinar a incredulidade, nº 3399.
Os veros podem ser falsificados. Como? Exemplos, nº 7318. É permitido aos maus
falsificar os veros. Por quê? Nº 7332. Os veros são falsificados pelos maus, porque
são aplicados e por conseqüência dirigidos para o mal, nºs 8094, 8149. O vero é
falsificado quando é aplicado ao mal, o que é feito principalmente pelas ilusões e
pelas aparências nos externos, nºs 7344, 8062. É permitido aos maus atacar os
veros, mas não o bem, porque podem falsificar o vero por diversas interpretações e
diversas aplicações, nº 6677. 0 vero falsificado de acordo com o mal é contra o vero
e o bem, nº 8062. 0 vero falsificado de acordo com o mal cheira excessivamente
mal, na outra vida, nº 7319. Várias particularidades sobre a falsificação do vero, nºs
7318, 7319, 10648.
Há falsos de religião que estão em concordância com o bem, e há os que estão em
discordância, nº 9259. Os falsos de religião si não estão em discordância com o
bem, não produzem 0 mal exceto naqueles que estão no mal, nº 8318. Os falsos de
religião não são imputados aos que estão no bem, mas o são a aqueles que estão
no mal, nºs 8051, 8149. Os veros não reais e também os falsos, podem ser
consociados com os veros reais naqueles que estão no bem, mas não nos que
estão no mal, nºs 3470, 3471, 4551, 4552, 7344, 8149, 9298. Os falsos e os veros
são consociados pelas aparências segundo o sentido da letra da Palavra, nº 7344.
Os falsos tornam-se veros pelo bem, e são adoçados porque são aplicados e
dirigidos para o bem, e porque o mal é afastado, nº 8149. Os falsos de religião,
naqueles que estão no bem, são recebidos pelo Senhor como veros, nºs 4736, 8149.
O bem, cuja qualidade vem de um falso de religião, é aceito pelo Senhor, se há
ignorância, e si na ignorância há a inocência e bom fim, nº 7887. Os veros no
homem, são aparências do vero e do bem, imbuídos de ilusões, mas não obstante o
Senhor os adapta aos veros reais no homem que vive no bem, nº 2053. Os falsos
em que está o bem se encontram naqueles que estão fora da Igreja, e por
conseqüência lia ignorância do vero, e também naqueles que estão dentro da Igreja
em que lia falsos de doutrina, nºs 2589, a 2604, 2861, 2863, 3263, 3778, 4189, 4190,
4197, 6700, 9256. Os falsos em que não está o bem são mais graves nos que estão
dentro da Igreja do que nos que estão fora da Igreja, nº 7688. Na outra vida os veros
e os bens são tirados dos maus, e são dados aos bons, segundo as palavras do
Senhor: "'A aquele que tem será dado afim de que tenha abundantemente, e a
aquele que não tem, será tirado o que ele tem" (Mat. XXV, 29), nº 7770.
22 -2º Dos que estão nos veros e não no bem; assim os veros sem o bem.
Os veros sem o bem não são em si mesmos veros, porque não têm a vida pois toda
a vida dos veros vem do bem, nº 3603. São portanto como um corpo sem alma, nºs
8530, 9154. Os conhecimentos do vero e do bem que estão unicamente na memória
e não na vida, eles acreditam ser veros, nº 5276. Os veros não são apropriados pelo
homem, e não se tornam cousa sua, quando ele só os sabe e reconhece por cousas
que procedem do amor de si e do mundo, nºs 3402, 3834. Mas aqueles que ele
reconhece por causa do vero mesmo e do bem mesmo, são apropriados, nº 3849.
Os veros sem o bem não são aceitos pelo Senhor, nº 4368; e não salvam, nº 2261.
Os que estão nos veros sem o bem não são da Igreja, nº 3963. Não podem ser
regenerados, nº 10367. O Senhor não influi nos veros senão pelo bem, nº 10367.
Da separação do vero do bem, nºs 5008, 5009, 5022, 5028. O que é o vero sem o
bem, e o que é ele com o bem, nºs 1949, 1950, 1964, 5951; por comparações, nº
5804. O vero sem o bem é melancólico, nºs 1949, 1950, 1951, 1964. No Mundo
Espiritual parece duro, nºs 6359, 7068; e agudo, nº 2799. O vero sem o bem é como
a luz do inverno, em que todas as cousas da terra se entorpecem e nada se produz;
mas o vero com o bem é como a luz da primavera e do verão, em que todas as
cousas florescem e são produzidas, nºs 2231, 3146, 3412, 3413. Uma tal luz de
inverno é mudada em espessas trevas quando influi a luz do Céu, e então os que
estão nesses veros cabem na cegueira e na estupidez, nºs 3412, 3413.
Os que separam os veros do bem estão nas trevas e na ignorância dos veros e nos
falsos, nº 9186. Dos falsos eles se lançam nos males, nºs 3325, 8094. Erros e falsos
em que se lançam, nºs 4721, 4730, 4776, 4783, 4925, 7779, 8313, 8765, 9222. A
Palavra está fechada para eles, nºs 3773, 4783, 8780. Não vêem tudo que o Senhor
disse sobre o amor e sobre a caridade, portanto sobre o bem, e não lhes dão
atenção, nºs 2371, 3416. Não sabem o que é o bem e por conseqüência o que é o
amor celeste e a caridade, nº 2417, 3603, 4136, 9995. Os que conhecem os veros
da fé, e vivem mal, abusam dos veros na outra vida para dominar; o que são eles e
qual é a sua sorte lá, nº 4802.
O Divino Vero condena ao Inferno, mas o Divino Bem eleva ao Céu, nº 2258. O
Divino Vero inspira o terror, mas não o Divino Bem, nº 4180. O que é ser julgado
segundo o vero e segundo o bem, nº 2335.
23 -3º Dos que estão nos veros, e que pelos veros encaram o bem e tendem
para o bem; assim dos veros pelos quais vem o bem.
O que o homem ama ele o quer, e o que o homem ama, ou quer, ele o pensa e o
confirma por diversos argumentos; o que o homem pensa ou quer, o chama bem; e
o que, por conseqüência, o homem pensa e confirma por diversos argumentos,
chama vero, nº 1070. É por isso que o vero se torna o bem, quando se torna cousa
do amor ou da vontade, ou quando o homem o ama e o quer, nºs 5526, 7835, 10367.
E como o amor ou a vontade é a vida mesma do homem, o vero não vive no homem
quando o homem somente o sabe e o pensa, mas vive quando o ama e o quer, e
segundo o amor e a vontade, o faz, nºs 5595 9282. Os veros, por conseguinte,
recebem assim a vida segundo o bem, nºs 2434, 3111, 3607. Por conseqüência os
veros têm a vida pelo bem, e não há para os veros nenhuma vida sem o bem, nºs
1589, 1947, 1997, 3579, 8530, 4070, 4096, 4097, 4736, 4757, 4884, 5747, 5928,
9154, 9667, 9841, 10729; ilustrando, nº 9154. Quando se deve dizer que os veros
adquiriram a vida, nº 1928. O vero quando é conjunto ao bem, é apropriado pelo
homem, porque se torna cousa de sua vida, nºs 3108, 3161. Para que o vero seja
conjunto ao bem, é preciso que haja consentimento do entendimento e da vontade;
quando a vontade também consente, então na conjunção nºs 3157, 3158, 3161.
Quando o homem é regenerado, os veros entram com o prazer da afeição porque
ele gosta de fazê-los; e são reproduzidos com a mesma afeição, porque lia
coerência, nºs 2483, 2497, 3140, 3066, 3074, 3336, 4018, 5893, 7967. A afeição, que
pertence ao amor, se junta sempre aos veros segundo os usos da vida; esta afeição
é reproduzida com os veros, e os veros são reproduzidos com a afeição, nºs 3336,
3824, 3849, 4205, 5893, 7967. O bem só reconhece como vero o que concorda com
a afeição que pertence ao amor, nº 3161. Os veros são introduzidos por prazeres e
encantos convenientes, nºs 3502 e 3512. Toda afeição real do vero vem do bem, e
está de acordo com o bem, nºs 4373, 8349, 8356. Assim, lia insinuação e influxo do
bem nos veros, e conjunção, nº 4301. E assim os veros têm vida, nºs 7918, 7967.
Uma vez que a afeição que pertence ao amor, se agrega sempre aos veros segundo
os usos da vida, o bem reconhece seu vero, e o vero reconhece seu bem, nºs 2429,
3101, 3102, 3161, 3179, 3180, 4358, 5807, 5835, 9637. Por conseguinte na
conjunção do vero e do bem; sobre esta conjunção, nºs 3834, 4096, 4097, 4301,
4345, 4353, 4364, 4368, 5365, 7623 a 7627, 7752 a 7762, 8530, 9258, 10555. Os
veros também se reconhecem e se consociam mutuamente, nº 9079; e isso vem do
influxo do Céu, nº 9079.
O bem é o Ser da vida, e o vero é por conseguinte o Existir da vida; assim o bem
tem seu Existir da vida no vero, e o vero tem seu Ser da vida no bem, nºs 3049,
3180, 4574, 5002, 9154. Por conseguinte todo bem tem seu vero, e todo vero tem
seu bem, porque o bem sem o vero não Existe e o vero sem o bem não É, nº 9637.
Pois também o bem tem sua forma e sua qualidade pelos veros, assim, o vero é a
forma é a qualidade do bem, nºs 3049, 4574, 6917, 9154. E por conseqüência o vero
e o bem devem ser conjuntos, para que sejam alguma cousa, nº 10555. Por isso, o
bem está em um perpetuo esforço e em um perpetuo desejo de se conjuntar aos
veros, nºs 9206, 9495; ilustrado, nº 9207. E os veros reciprocamente se conjuntam
com o bem, nº 9206. Há conjunção recíproca do bem com o vero e do vero com o
bem, nºs 5365, 8516. O bem age, e o vero reage, mas segundo o bem, nºs 3155,
4380, 4757, 5928, 10.729. Os veros encaram seu bem como principio e fim, nº 4353.
Acontece com a conjunção do vero com o bem, o mesmo que com a progressão da
vida do homem, desde a infância, em que a principio ele apanha os veros
cientificamente, em seguida racionalmente, e enfim o faz cousa de sua vida, nºs
3024, 3665, 3691; acontece também como a respeito de uma criança, que é
concebida, carregada no útero, depois nasce, cresce, e torna-se obediente, nºs 2398,
3299, 3308, 3665, 3690; e também como com as sementes e o húmus, nº 3671; e
como a respeito da água com o pão, nº 4976. A primeira afeição do vero não é
genuína, mas é purificada à medida que o homem é aperfeiçoado, nºs 3040, 3089.
Contudo os bens e os veros não reais servem à introdução dos bens e dos veros
reais, e em seguida os que precederam são abandonados, nºs 3665, 3690, 3974,
3982, 3986, 4145.
De mais, o homem é conduzido ao bem pelos veros e não sem os veros, nºs 10124,
10367. Se o homem não aprende ou não recebe os veros, o bem não pode influir,
portanto o homem não pode tornar-se espiritual, nº 3387. A conjunção do bem e do
vero se faz de acordo com o crescimento dos conhecimentos, nº 3141. Os veros são
recebidos por cada um, conforme são compreendidos, nº 3385.
Os veros do homem natural são científicos, nºs 3293, 3309, 3310. Os científicos e os
conhecimentos são como vasos, nºs 6004, 6023, 6052, 6071, 6077. Os veros são
vasos do bem, porque são os recipientes dele, nºs 1469, 1900, 2063, 2261, 2269,
3318, 3368, 3365.
O bem influi no homem pelo caminho interno ou da alma, mas os veros pelo
caminho externo ou do ouvido e da vista, e são conjuntos nos seus interiores pelo
Senhor, nº 3030, 3098. Os veros são elevados do homem natural, e implantados no
bem, no homem espiritual, e assim os veros tornam-se espirituais, nºs 3085, 3086. E
mais tarde influem daí no homem natural, o bem espiritual no bem do natural
imediatamente, mas no vero do natural mediatamente, nºs 3314, 3573, 4563,
ilustrado, nºs 3314, 3576, 3616, 3969, 3995. Em uma palavra, os veros são conjuntos
ao bem no homem, tanto quanto e da mesma maneira que o homem está no bem
quanto à vida nºs 3834, 3843. A conjunção se faz de uma maneira nos celestes e de
uma outra maneira nos espirituais, nº 10124. Varias particularidades sobre a
conjunção do bem e do vero, e sobre a maneira por que ela se faz, nºs 3090, 3203,
3318, 4096, 4097, 4345, 4353, 5365, 7623, 7627. Como o bem espiritual é formado
pelos veros, nºs 3470, 3570.
24 – 4º Dos que estão nos veros segundo o bem; assim, dos veros segundo o
bem.
Diferença entre o vero que conduz ao bem e o vero que procede do bem, nº63. O
vero não é essencialmente o vero senão na medida em que procede do bem, nº
4736, 10619; porque o vero tira do bem o seu Ser, nºs 3049, 3180, 4574, 5002, 9144;
e sua vida, nºs 3111, 2434, 6077; e porque o vero é a forma ou a qualidade do bem,
nºs 3049, 4574, 5951, 9144. O vero é absolutamente como o bem, no homem, na
mesma relação e no mesmo grão, nº 2429. 0 vero, para que seja o vero, deve tirar
sua essência do bem da caridade e da inocência, nºs 3111, 6013. Os veros que
provêm do bem são veros espirituais, nº 5951.
O vero, quando procede do bem, faz um com o bem, a tal ponto que os dois juntos
são um único bem, nºs 4301, 7835, 10252, 10266. O entendimento e a vontade
fazem um só mental e uma só vida, quando o entendimento procede da vontade,
visto que o entendimento é o recipiente do vero, e a vontade o recipiente do beira,
mas não quando o homem pensa e fala diferentemente do que quer, nº 3623. O vero
segundo o bem é o vero em vontade e em ato, nºs 4337, 4353, 4385, 4390. Quando
o vero procede do bem, o bem tem sua imagem no vero, nº 3180.
No Céu inteiro e no mundo inteiro, e em cada uma das cousas que os constituem,
há uma semelhança, do casamento, nº 54, 718, 747, 917, 1432, 2173, 2516, 5194;
principalmente ente entre o vero e o bem, nºs 1904, 2173, 2508; visto como todas as
cousas do universo se referem ao vero e ao bem para ser alguma cousa, e a sua
conjunção para produzir alguma cousa, nºs 2452, 3166, 4390, 4409, 5232, 7256,
10122, 10555. Os antigos também tinham instituído um casamento entre o vero e o
bem, nº 1904. A lei do casamento é que dois sejam um, segundo as palavras do
Senhor, nºs 10130, 10168, 10169. O amor verdadeiramente conjugal desce do céu e
existe pelo casamento do bem e do vero, nºs 2728, 2729.
O homem é sábio quando está no bem e, por conseqüência, no vero, mas não
quando sabe os veros sem estar no bem, nºs 3182, 3190, 4884. O homem, que está
nos veros segundo o bem, na atualidade é levado da luz do mundo à luz do céu,
portanto da obscuridade à claridade; e vice-versa, está na luz do mundo e lia
obscuridade quando sabe os veros e não está no bem, nºs 3190, 3192. O homem
não sabe o que é o bem, antes de estar no bem; é pelo bem que o sabe, nºs 3325,
3330, 3336. Os veros crescem imensamente quando procedem do bem, nºs 2846,
2847, 5345; deste crescimento, nº 5355. Este crescimento é como a frutificação da
arvore, e a multiplicação pelas sementes, de que se formam jardins inteiros, nºs
1873, 2846, 2847. Do mesmo modo também aumenta a sabedoria, e isso
eternamente, nºs 3200, 3314, 4220, 4221, 5527, 6663. Do mesmo modo, o homem,
que está nos veros segundo o bem, é ilustrado, e em uma ilustração maior quando
lê a Palavra, nºs 9382, 10548, 10549, 10550, 10691, 10694. O bem do amor é como
um fogo, e o vero que provem dele é como a luz produzida por este fogo, nºs 3195,
3222, 5400, 8644, 9399, 9548, 9684. No céu, os veros segundo o bem também
brilham, nº 5219. Os veros segundo o bem, pelos quais existe a sabedoria, crescem
segundo a qualidade e a quantidade do amor do bem, e de outro lado, os falsos
segundo o mal, crescem segundo a qualidade e a quantidade do amor do mal, nº
4099. O homem que está nos veros segundo o bem, vem à inteligência e à
sabedoria angélicas, que estão escondidas em seus interiores enquanto vive no
mundo, mas são postos à descoberto lia outra vida, nº 2494. O homem que está nos
veros segundo o bem, torna-se anjo depois da morte, nº 8747.
Os veros segundo o bem são como as gerações, nº 9079. São dispostos em series,
nºs 5339, 5343, 5530, 7408, 10303.
A ordenação destes veros segundo o bem comparada com as fibras e os vasos
sanguíneos do corpo, e por conseguinte com sua textura e suas formas segundo os
usos da vida, nº 3470, 3570, 3379, 9154. Os veros segundo o bem formam como
uma cidade, e isto pelo influxo do céu, nº 3584. No meio estão os veros que
pertencem ao vero principal, e os outros são afastados dele conforme o grão de
discrepância, nºs 3983, 4551, 4552, 5530, 6028. O mesmo arranjo tem lugar entre os
maus para os falsos, nºs 4551, 4552. Os veros quando procedem do bem, são
postos em ordem segundo a forma do céu, nºs 4302, 5704, 5339, 5343, 6028, 10303;
e isso conforme a ordem em que estão as sociedades angélicas, nº 10303. Todos os
veros, quando procedem do bem, são conjuntos entre si por uma sorte de afinidade,
e dá-se com eles como com as derivações de famílias proveniente de uni mesmo
pão, nº 2863. Todo vero tem também uma esfera de extensão no céu segundo a
qualidade e a quantidade do bem de que provêm, nº 8063. O casamento do bem e
do vero é a Igreja e o Céu no homem, nºs 2173, 7752, 7753, 9224, 9995, 10122. Do
prazer e da felicidade daqueles em quem o bem está nos veros, nº 1470. O vero
segundo o bem, estando conjunto, apresenta a imagem do homem, nº 8370. O
homem não é absolutamente senão seu bem e o vero que dele procede, ou seu mal
e o falso que dele procede, nº 10298.
Em suma: Pelos veros há a fé, nºs 4352, 4997, 7178, 10367. Pelos veros lia a
caridade para com o próximo, nºs 4368, 7623, 7624, 8034. Pelos veros há o amor
para com o Senhor, nºs 10143, 10153, 10310, 10578, 10645. Pelos veros há a
consciência, nºs 1077, 2053, 9113. Pelos veros há a inocência, nºs 3183, 3494, 6013.
Pelos veros há a purificação dos males nºs 2799 5954, 7044, 7918, 9088, 10229,
10237. Pelos veros há a regeneração, nºs 1555, 1904, 2046, 2189, 9088, 9959,
10028. Pelos veros há a inteligência e a sabedoria, nºs 3182, 3190, 3387, 10064,
Pelos veros há beleza para os anjos, e por conseqüência para os homens quanto
aos interiores que pertencem a seu espírito, nºs 553, 3080, 4785, 5199. Pelos veros
há poder contra os males e os falsos, nºs 3091, 4015, 10481. Pelos veros há ordem
tal qual existe no céu, nºs 3316, 3417, 3570, 5704, 5339, 5343, 6028, 10303. Pelos
veros há a Igreja, nºs 1798, 1799, 3963, 4468, 4672. Pelos veros há o céu para o
homem, nºs 1900, 9832, 9931, 10303 Pelos veros o homem torna-se homem, nºs
3175, 3387, 8370, 10298. Mas, entretanto todas estas cousas pelos veros segundo o
bem, não pelos veros sem o bem e o bem vem do Senhor, nºs 2434, 4070, 4736,
5147. Todo bem vem do Senhor, nºs 1614, 2016, 2904 4151, 9981.
25 - Todo bem e todo vero vêm do Senhor.
O Senhor é o Bem mesmo e o vero mesmo, nºs 2011, 4151, 10336, 10619. O
Senhor, quanto a um e a outro é o Divino e o Humano, é o Divino Bem do Divino
Amor, e deste Divino Bem procede o Divino Vero, nºs 3704, 3712, 4180, 4577. O
Divino Vero procede do Divino Bem do Senhor, por comparação, como a luz
procede do Sol, nºs 3704, 3712, 4180, 4577. O Divino Vero procedente do Senhor
aparece nos céus como Luz, e constitui toda a luz do céu, nºs 3195, 3223, 5400,
8694, 9399, 9548, 9684. A Luz do céu que é o Divino Vero unido ao Divino Bem,
ilumina a vista e o entendimento dos anjos e dos espíritos, nºs 2776, 3138. O Céu
está na luz e no calor porque está no vero e rio bem, visto que lá o Divino Vero é a
Luz e o Divino Bem é o Calor, nºs 3643, 9399, 9400, e no Tratado do Céu e do
Inferno, nº 126 a 140. O Divino Vero procedendo do Divino Bem do Senhor forma e
põe em ordem o Céu Angélico, nºs 3038, 9408, 9613, 10716, 10717. O Divino Bem
unido ao Divino Vero, que está nos céus, é chamado Divino Vero, nº 10196.
O Divino Vero procedente do Senhor é o único real, nºs 6880, 7004, 8200. Pelo
Divino Vero todas as cousas foram feitas e criadas, nºs 2803, 2894, 5272, 7678. Ao
Divino Vero pertence também todo o poder, nº 8200.
O homem não pode por si mesmo, fazer cousa alguma de bem nem pensar cousa
alguma do vero, nºs 874, 875, 876. O racional do homem não pôde por si mesmo
perceber o Divino Vero, nºs 2196, 2203, 2209. Os veros que não procedem do
Senhor vêm do próprio do homem, e não são veros, mas somente aparecem como
veros, nºs 88,68.
Todo bem e todo vero vem do Senhor, e do homem não vem bem algum nem vero
algum, nºs 1614, 2016, 2904, 4151, 9981. Os bens e veros não são bens e veros
senão quando têm em si o Senhor, nºs 2904, 3061, 8480. Do Divino Vero
procedendo imediatamente do Senhor, e do Divino Vero procedendo mediatamente
pelos anjos; e do influxo destes veros no homem, nº 7055, 7056, 7058. 0 Senhor
inclui no, bem no homem, e pelo bem nos veros, nºs 10153. Ele influi pelo bem nos
veros de todo gênero, sobretudo nos veros reais, nºs 2531, 2554. 0 Senhor não influi
rios veros separados dos bens, e não há paralelismo entre o Senhor e o homem
quanto a estes veros, mas lia quanto aos bens, nºs 1831, 3514, 3564.
Fazer o bem e o vero pelo bem e o vero, é amar o Senhor e amar o próximo, nº
10336. Os que estão no interno da Palavra, da Igreja e do Culto, gostam de fazer o
bem e o vero pelo bem e o vero; mas os que estão no externo destas coisas sem
estar no interno, gostam de fazer o bem e o vero por eles mesmos e pelo mundo, nº
10683. O que é fazer o bem e o vero pelo bem e o vero, ilustrado por exemplos, nº
10683.
26 - Dos diversos bens e dos diversos veros.
Existe uma variedade infinita e jamais tinia cousa é identicamente a mesma que
uma outra, nºs 7236, 9002. Nos céus existe também uma variedade infinita, nºs 684,
690, 8744, 5598, 7236. As variedades nos céus são as variedades do bem, e por
conseguinte lá, há distinção de todas as cousas, nºs 3519, 3744, 3804, 3986, 4005,
4067, 4149, 4263, 7236, 7833, 7836, 9002. Estas variedades vêm dos veros, que
são de varias espécies, pelos quais cada um tem o bem, nºs 3470, 3519, 3804,
4149, 6917, 7236. Daí todas as sociedades angélicas nos céus são distintas entre si,
e em cada sociedade uni anjo é distinto de uni outro anjo, nºs 690, 3241, 3519, 3804,
3986, 4067, 4149, 4263, 7236, 7833, 7836. Mas não obstante fazem tini pelo Amor
procedente do Senhor, é por isso que eles tendem a uni mesmo fim, nºs 457, 3896.
Os bens e os veros em geral são distinguidos segundo o3 grãos, em naturais,
espirituais, e celestiais, nº 2069, 3240. Há três graus do bem e por conseqüência do
vero, no comum, segundo os três céus, nºs 4154, 9873, 10270. Há bens e veros
deste tríplice gênero no homem interno, e outro tanto no homem externo, nº 4154.
Há o bem natural, o bem civil e o bem moral, nº 3768. O bem natural em que alguns
nascem não é um bem na outra vida, a menos que não se torne bem espiritual, nºs
2463, 2464, 2468, 3408, 3469, 3470, 3518, 7761. Do bem natural espiritual, e do
bem natural não espiritual, nºs 4988, 4922, 5032. Há o vero intelectual, e há o vero
científico, nºs 1904, 1911, 2503.
27- A sabedoria vem do bem pelos veros.
Como o racional é concebido e nasce no homem, nºs 2094, 2524, 2557, 3030, 5126.
É pelo influxo do Senhor através dos céus nos conhecimentos e nas ciências que
estão no homem, e por conseqüência por elevação, nºs 1895, 1899, 1900, 1901. A
elevação é de acordo com os usos e o amor dos usos, nºs 3074, 3085, 3086. O
racional nasce pelos veros, daí tal são os veros tal é o racional, nºs 2094, 2524,
2557. O racional é aberto e formado pelos veros segundo o bem, e é fechado e
destruído pelos falsos segundo o mal, nºs 3108, 5126. O homem não é racional pelo
fato de poder raciocinar sobre uma cousa qualquer, mas o é porque pode ver e
perceber si uma cousa é um vero ou não é um vero, nº 1944. O homem não nasce
em vero algum, porque não nasce, em bem algum, mas deve aprender os veros e se
compenetrar deles nº 3175. O homem dificilmente pode receber os veros reais, e
assim tornar-se sábio, por causa das ilusões dos sentidos e das persuasões do
falso, e por cansa dos raciocínios e das dúvidas que daí provêm, nº 3175. O homem
começa a ser sábio, quando começa a ter em aversão os raciocínios contra os veros
e a rejeitar as dúvidas, nº 3175. O racional humano não ilustrado mete a ridículo os
veros interiores; exemplos, nº 2654. Diz-se que os veros são interiores no homem,
quando estão implantados em sua vida, e não somente porque ele os conhece,
quando mesmo sejam veros que são chamados veros interiores, nº 10199.
No bem há a faculdade de ser sábio; daí, aqueles que no mundo viveram no bem
vêm à sabedoria angélica após sua saída do mundo, nºs 5527, 5859, 8321. Em cada
bem há cousas inúmeras, nº 3612. Da multiplicação do vero segundo o bem, nºs
5345, 5355, 5912. Pelos veros e pela vida segundo os veros o bem da infância
torna-se o bem da sabedoria, nº 3504. Há a afeição do vero e a afeição do bem, nºs
1904, 1997.
Quais são os que estão na afeição do vero e quais são os que estão na afeição do
bem, nºs 2422, 2429. Quais são os que podem vir à afeição do vero, e quais são os
que não o podem, nº 2689. Todos os veros são postos em ordem sob uma afeição
comum, nº 9094. A afeição do vero e a afeição do bem no homem natural são como
o irmão e a irmã, e no homem espiritual como o marido e a mulher, nº 3160.
Não há veros puros no homem, nem mesmo no anjo, mas somente no Senhor nºs
3207, 7902. Os veros no homem são aparências do vero, nºs 2053, 2719. Os
primeiros veros no homem são aparências do vero segundo as ilusões dos sentidos,
contudo ele se despoja delas sucessivamente, à medida que se aperfeiçoa quanto à
sabedoria, nº 3131. As aparências do vero no homem, que está no bem, são
recebidas pelo Senhor como se fossem veros nºs 2053, 3207. O que são as
aparências do vero e qual é a sua qualidade, nºs 3207, 3357 a 3362, 3368, 3404,
3405, 3417. O sentido da letra da Palavra está em muitos lugares, de acordo com as
aparências, nº 1838. Os mesmos veros são mais veros em um, em outro o são
menos, e em outro são falsos porque foram falsificados, nº 2439. Os veros também
são veros segundo a correspondência entre o homem natural e o espiritual, nºs 3128,
3138. Os veros diferem segundo as diversas idéias e as diversas percepções que se
tem deles, nºs 3470, 3804,6907.
O vero quando está conjunto ao bem, se esvai da memória, porque então torna-se
cousa da vida, nº 3180. Os veros não podem ser conjuntos ao bem senão no estado
livre, nº 3158. Os veros são conjuntos ao bem pelas tentações, nºs 3318, 4572,
7122. Há no bem um continuo esforço para pôr em ordem os veros e restabelecer
por isso o seu estado, nº 3610. Os veros parecem desagradáveis, quando a
comunicação com o bem é interceptada, nº 8350. O homem dificilmente pode
distinguir entre o vero e o bem, porque dificilmente distingue entre pensar e querer,
nº 9995. O bem na Palavra chama-se irmão do vero, nº 4267. E também sob certos
aspectos chama-se senhor, e o vero servidor, nº 3409, 4267.
DA VONTADE E DO ENTENDIMENTO
28 - Há no homem duas faculdades que fazem sua vida, uma se chama Vontade, e
a outra Entendimento, elas são distintas entre si, mas foram criadas de maneira que
sejam, um, e quando são um, chama-se Mental; são portanto o Mental humano, e
toda vida do homem está aí.
29 - Assim como no Universo todas as cousas, que estão de acordo com a Ordem
Divina, se referem ao Bem e ao Vero, do mesmo modo no homem referem-se todas
à Vontade e ao Entendimento, por que o bem no homem pertence à vontade, e o
vero, nele, pertence ao entendimento; com efeito, estas duas faculdades, ou estas
duas vidas do homem, são os receptáculos e os objetos do bem e do vero, a
Vontade é o receptáculo e o objeto de tudo o que pertence ao bem, e o
Entendimento é o receptáculo e o objeto de tudo o que pertence ao vero; os bens e
os veros no homem não estão em outra parte; e como os bens e os veros no homem
não estão em outra parte, segue-se que o Amor e a Fé não estão também em outra
parte, visto que o amor pertence ao bem, e o bem ao amor, e que a fé pertence ao
vero, e o vero à fé.
30 - Agora, como todas as cousas do Universo se referem o bem e ao vero e todas
as cousas da Igreja ao bem e ao amor, e ao vero e à fé, e como o homem é homem
por estas duas faculdades (vontade e entendimento), é por isso que também se trata
destas duas faculdades nesta Doutrina; de outro modo o homem não poderia ter
dela uma idéia distinta, e seu pensamento não teria base.
31 - A Vontade e o Entendimento fazem também o Espírito do homem, porque aí
residem sua sabedoria e sua inteligência, e em geral sua vida; o corpo não é mais,
do que uma obediência.
32 - O que há de mais importante a saber, é como a Vontade e o Entendimento
fazem um único Mental; fazem um só Mental como o bem e o vero fazem um;
porque lia entre a vontade e o entendimento o mesmo casamento que entre o bem e
o vero; qual seja esse casamento pode-se ver plenamente pelo que foi referido
acima sobre o bem e o vero, a saber, que como o bem é o Ser mesmo da cousa, e o
vero é o Existir desta cousa, do mesmo modo no homem a Vontade é o Ser mesmo
da sua vida e o Entendimento é por conseguinte o Existir da vida que procede do
Ser; porque o bem que pertence a Vontade se forma no Entendimento, e se
apresenta à vista.
33 - Naqueles que estão no bem e no vero há a vontade é o entendimento, mas
naqueles que estão no mal e no falso não há a vontade nem o entendimento; em
lugar da vontade lia a cobiça, e em lugar do entendimento a ciência; porque a
vontade verdadeiramente humana, é o receptáculo do bem, e o entendimento o
receptáculo do vero; é por isso que a vontade não se pode dizer do mal, nem o
entendimento do falso, porque são opostos, e o oposto destrói. Daí vem que o
homem que está no mal, e por conseguinte no falso, não se pode dizer um racional,
nem sábio, nem inteligente; e mesmo nos maus foram fechados os interiores que
pertencem ao Mental, onde residem principalmente a vontade e o entendimento.
Acredita-se que nos maus há também a vontade e o entendimento, porque eles
dizem que querem e que compreendem, mas neles querer não é senão cobiçar, e
compreender não é senão saber.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
34 - Os Veros espirituais não podem ser compreendidos, a menos que se não
conheça os Universais seguintes: I - Todas as cousas no Universo se referem ao
Bem e ao Vero, e, à conjunção de um e de outro, para ser alguma cousa; portanto
ao Amor e à Fé, e à sua conjunção. II - No homem há a vontade e o entendimento; a
Vontade é o receptáculo do Bem, e o Entendimento é o receptáculo do Vero, e todas
as cousas do homem se referem à vontade e ao entendimento, e à sua conjunção,
do mesmo modo que todas as cousas se referem ao bem e ao vero e à sua
conjunção. III - Há o Homem Interno e o Homem Externo, e os dois são distintos
entre si como o Céu e o Mundo, entretanto eles devem fazer uni, para que o homem
seja verdadeiramente homem. IV – É na Luz do céu que está o homem interno, e na
Luz do mundo que está o homem externo; e a Luz do Céu Divino Vero mesmo,
donde procede toda a inteligência. V - Entre as cousas que estão no homem interno
e as que estão no homem externo lia correspondência, e, por conseguinte aparecem
em cada um deles sob uma forma diferente, de tal modo que não podem ser
discernidos senão pela ciência das correspondências. Si estes Universais e vários
outros não são conhecidos, não se pode formar sobre os Espirituais e os Celestes
senão idéias desprovidas de justeza; e assim, sem estes Universais, os científicos e
os conhecimentos, que pertencem ao homem externo, só de pouca utilidade podem
ser ao homem racional para seu entendimento e crescimento. Daí vê-se quanto são
necessários os científicos. Trata-se varias vezes destes Universais nos Arcanos
Celestes.
35 - Há no homem duas faculdades, uma que é chamada Vontade, e a outra que é
chamada Entendimento, nºs 35, 641, 3539, 3623, 10122. Estas duas faculdades
fazem o homem mesmo, nºs 10076, 10109, 10110, 10264, 10284. O homem é tal
qual são estas duas faculdades nele, nºs 7342, 8885, 9282, 10264, 10284. Por elas
também o homem é distinguido dos animais; e isso, porque o Entendimento do
homem pode ser elevado pelo Senhor e, ver os Veros Divinos, e a vontade o pode
ser semelhantemente e perceber os Bens Divinos; e assim o homem pelas duas
faculdades que o constituem pode ser conjunto ao Senhor; mas é inteiramente
diferente com os animais, nºs 4525, 5114, 5302, 6323, 9231. E como o homem pode
ser assim conjunto ao Senhor, ele não pode morrer quanto aos seus interiores que
pertencem ao espírito, mas vive eternamente, nº 5302. O homem é homem, não
pela forma, mas pelo bem e o vero que pertencem à sua vontade e a seu
entendimento, nºs 4051, 5302.
Assim como todas as cousas do Universo se referem ao Bem e ao Vero, do mesmo
modo todas as cousas do homem se referem à Vontade e ao Entendimento, nºs 803,
10122; porque a Vontade é o receptáculo do bem, e o Entendimento é o receptáculo
do vero, nºs 3332, 3623, 5113, 6065, 6125, 7503, 9300, 9930. Dá no mesmo dizer o
vero ou dizer a fé, porque a fé pertence ao vero e o vero pertence à fé; dá no mesmo
dizer o bem ou dizer o amor, porque o amor pertence ao bem e o bem pertence ao
amor; com efeito, o que o homem crê chama vero, e o que o homem ama, chama
bem, nºs 4353, 4997, 7178, 10122, 10367. Segue-se daí que o Entendimento é o
receptáculo da fé e a Vontade o recipiente do amor; e que a fé e o amor estão rio
homem, quando estão no Entendimento e na Vontade, porque a vida do homem não
está em outra parte, nºs 7178, 10122, 10367. E como o Entendimento do homem
pode receber a fé no Senhor, a e sua Vontade pode receber o amor para com o
Senhor, o homem pode pela fé e pelo amor ser conjunto ao Senhor, e aquele que
pode ser conjunto ao Senhor pela fé e pelo amor, não pode morrer na eternidade, nºs
4525, 6323, 9231. O Amor é a conjunção no Mundo Espiritual, nºs 1594, 2057, 3939,
4018, 5807, 6195, 7081 a 7086, 7501, 10130.
A Vontade do homem é o Ser mesmo de sua vida, porque é receptáculo do bem, e o
Entendimento é o Existir da vida proveniente do Ser, porque é o receptáculo do vero,
nºs 3619, 5002, 9282. Assim, a vida da Vontade é a vida principal do homem e a vida
do Entendimento procede dela, nºs 585, 590, 3619, 7342, 8885, 9282, 10076, 10109,
10110, do mesmo modo que a luz procede do fogo ou da chama, nºs 6032, 6314. As
cousas que vêm ao Entendimento e ao mesmo tempo à Vontade são apropriadas
pelo homem, mas não as que vêm somente ao entendimento, nºs 9009, 9069, 9071,
9129, 9182, 9386, 9393, 10076, 10109, 10110. As que são recebidas pela Vontade,
e daí pelo Entendimento, tornam-se cousas da vida do homem, nºs 8911, 9069,
9071, 10076, 10109, 10110. Todo homem é amado e estimado pelos outros
conforme o bem de sua Vontade e do Entendimento que dele procede, porque
aquele que quer o que é bom, e compreende o que é bom, é amado e estimado;
mas aquele que compreende o que é bom más não quer o que é bom, é rejeitado e
desprezado, nºs 8911, 10076. O homem depois da morte também permanece tal
qual é a sua Vontade e o Entendimento que dela deriva, nºs 9069, 9071, 9386,
10153. E então as cousas que pertencem ao Entendimento, e não ao mesmo à
Vontade, dissipam-se, porque não estão no espírito do homem, nº 9282. Ou, o que
dá no mesmo, o homem após a morte permanece tal qual é seu amor e a fé que
dele deriva, ou tal qual é seu bem e o vero que dele deriva; e as cousas que
pertencem à fé e não ao mesmo tempo ao amor, ou que pertencem ao vero e não
ao mesmo tempo ao bem, dissipam-se porque não estão no homem; portanto, por
que não pertencem ao homem, nºs 553, 2363, 10153. O homem pode compreender
pelo Entendimento aquilo que não faz segundo a Vontade, ou pode compreender o
que ele não quer, porque é contra o seu amor, nº 3539.
A vontade e o entendimento constituem um único mental, nºs 35, 3623, 5835, 10122.
Estas duas faculdades da vida devem fazer um, para que o homem seja homem, nºs
3623, 5835. 5969, 9300. Quão pervertido é o estado daqueles em quem o
Entendimento e a Vontade não fazem um, nº 9075. Tal é o estado dos hipócritas,
dos velhacos, dos aduladores e dos impostores, nºs 4327, 3573, 4799, 8250. A
Vontade e o Entendimento são reconduzidos à unidade lia outra vida, lá não é
permitido ter um mental dividido, nº 8250.
Todo Doutrinal da Nova Igreja tem em si idéias e por elas é percebido qual ele é, nº
3110. Segundo essas idéias há o entendimento do doutrinal, e sem a idéia
intelectual no homem, não lia senão a idéia da palavra, e de modo algum a idéia de
cousa, nº 3825. As idéias do entendimento se estendem amplamente lias
sociedades dos espíritos e dos anjos de todos os lados, nºs 6599, 6600 a 6605,
6609, 6613. As idéias do entendimento do homem são abertas na outra vida, e se
mostram ao vivo tal qual são, nºs 1869, 3310, 5510. Que aspectos apresentam as
idéias de certos homens, nº 6200, 8885.
Toda vontade do bem e todo entendimento do vero procedem do Senhor, não se dá
o mesmo com o entendimento do vero separado da vontade do bem, nºs 1831, 3514,
5483, 5649, 6027, 8685, 8701, 10153. É o Entendimento que é ilustrado pelo
Senhor, nºs 6222, 6608, 10659. A aqueles que são ilustrados o Senhor concede ver
e compreender o vero, nºs 9382, 10659. A ilustração do entendimento é variada de
acordo com o estado da vida do homem, nºs 5221, 7012, 7233. O Entendimento é
ilustração trado quando o homem recebe o vero pela Vontade; isto é, quando quer
agir de acordo com o vero, nº 3619. É ilustrado o Entendimento daqueles que lêem a
Palavra de acordo com o Amor do vero e de acordo com o Amor do uso da vida,
mas não o entendimento daqueles que lêem de acordo com o amor da reputação,
da honra e do ganho, nºs 9382, 10549, 10551. A ilustração é uma elevação atual da
mente na luz do Céu, nº 10330; segundo a experiência, nºs 1526, 6608. A luz do Céu
é ilustração para o Entendimento como a luz do mundo para a vista, nºs 1524, 5114,
6608, 9128. A luz do Céu é o Divino Vero donde procedem toda sabedoria e toda
inteligência, nºs 3195, 3222, 5400, 8644, 9399, 9548, 9684. É o Entendimento do
homem que é ilustrado por esta luz, nºs 1524, 3138, 3167, 4408, 6608, 8707, 9399,
10569.
O Entendimento é tal como são os veros segundo o bem pelos quais foi formado, nº
10064. O Entendimento (real) é o que é formado pelos veros procedentes do bem, e
não o que é formado pelos falsos procedentes do mel, nº 10675. O Entendimento
consiste em ver, de acordo com as cousas que pertencem à experiência e à ciência,
os veros, as causas das cousas, os encadeamentos, e as conseqüências em serie,
nº 6215. Pertence ao entendimento a faculdade de ver e perceber si uma cousa é
verdadeira antes de a confirmar, e não a faculdade de poder confirmar o que quer
que seja, nºs 4741, 7012, 7680, 7950, 8521, 8780. A luz da confirmação sem a
percepção previa do vero, é urna luz natural; pode existir mesmo naqueles que não
são sábios, nº 8780. Ver e perceber se uma cousa é verdadeira antes de a
confirmar, é dado somente a aqueles que são afetados pelo vero, portanto a aqueles
que estão na luz espiritual, nº 8780. Todos os dogmas mesmo, os que são falsos
podem ser confirmados, até ao ponto de se mostrarem como veros, nºs 4677, 4741,
5033, 6865, 7950.
Como é concebido e nasce o Racional no homem, nºs 2094, 2524, 2557, 3030,
5126. É pelo influxo da luz do Céu procedente do Senhor pelo homem interno nos
conhecimentos e nas ciências que estão no homem Externo, e por conseqüência há
elevação, nºs 1895, 1899, 1900, 1901, 1902. O Racional nasce pelos veros e não
pelos falsos; por conseguinte tais são os veros, tal é o Racional, nºs 2094, 2524,
2557. O Racional é aberto e formado pelos veros segundo o bem, e é fechado e
destruído pelos falsos segundo o mal, nºs 3108, 5126. Aquele que está nos falsos
segundo o mal, não é um homem racional; e pelo fato de poder raciocinar sobre seja
o que for, não se segue que seja por isso racional, nº 1944.
O homem dificilmente sabe distinguir entre o Entendimento e a Vontade, porque
dificilmente sabe distinguir entre pensar e querer, nº 9995.
Segundo o que foi referido acima sobre o Bem e o Vero, pode-se saber e concluir
muitas coisas sobre a Vontade e o Entendimento, desde que em lugar do Bem se
perceba a Vontade e em lugar do Vero o Entendimento porque a Vontade pertence
ao Bem e o Entendimento pertence ao Vero.
DO HOMEM INTERNO E DO HOMEM EXTERNO
36 - O homem foi criado de tal sorte, que ele está ao mesmo tempo no Mundo
espiritual e no Mundo natural; o Mundo espiritual é onde estão os anjos, e o Mundo
natural onde estão os homens; e como o homem foi criado assim, é por isso que lhe
foi dado um Interno e um Externo; um Interno pelo qual está no Mundo espiritual; um
Externo, pelo qual está no Mundo natural, seu Interno é o que se chama homem
Interno, e seu Externo é o que se chama homem Externo.
37 - Em cada homem há um Interno é um Externo, mas de um modo nos bons e de
outro modo nos maus; o Interno nos bons está no Céu e na luz do Céu, e o Externo
está no Mundo e na luz do mundo, e esta luz neles é esclarecida pela luz do Céu, e
deste modo o Interno e o Externo fazem um como a causa eficiente e o efeito, ou
como o anterior e o posterior. Mas nos maus o Interno está no Mundo e na luz do
mundo, e e nesta mesma luz está também o Externo; é por isso que eles não vêm
cousa alguma segundo a luz do Céu, mas vêm unicamente segundo a luz do
mundo, luz que é chamada por eles clarão da natureza; daí vem que as cousas que
estão no Céu estão para eles na obscuridade, e as cousas que estão no Mundo
estão na luz. Por isso é evidente que para os Bons lia homem Interno e homem
Externo, mas para os maus não há homem Interno, mas somente homem Externo.
38 - O homem Interno é o que se chama homem Espiritual, porque está na luz do
Céu, luz que é espiritual; e o homem Externo é o que se chama homem natural,
porque está na luz do Mundo, luz que é natural; o homem cujo Interno está na luz do
Céu, e o Externo na luz do Mundo é homem Espiritual quanto a um e outro; mas o
homem cujo Interno não está na luz do Céu, mas está somente na luz do Mundo, em
que está também o Externo, é homem Natural quanto ao interno e ao externo. 0
homem Espiritual é o que na Palavra se chama Vivente, e o homem Natural é o que
se chama Morto.
39 - O homem, cujo Interno está na luz do Céu, e o Externo na luz do Mundo pensa
espiritual e naturalmente, mas então o seu pensamento espiritual influi no seu
pensamento natural, e aí é recebido. O homem, porém cujo Interno e Externo estão
na luz do Mundo pensa não espiritualmente, mas materialmente; porque pensa
segundo cousas que estão na natureza do mundo, que são todas materiais. Pensar
espiritualmente é pensar as próprias cousas em si, ver os veros segundo a luz do
vero, e perceber os bens segundo o amor do bem, alem disso ver também as
qualidades das cousas e perceber-lhes as afeições, abstração feita da matéria; mas
pensar materialmente é pensar, ver e perceber estas cousas conjuntamente com a
matéria e na matéria, portanto relativamente, de uma maneira grosseira e obscura.
40 - O homem Interno Espiritual considerado em si mesmo é um Anjo do Céu e
mesmo enquanto vive no corpo está em sociedade com os Anjos, ainda que então
não o saiba, e após se desembaraçar do corpo vem para o meio dos anjos; mas o
homem Interno puramente natural, considerado em si mesmo é um espírito e não
um Anjo, e também enquanto vive no corpo está em sociedade com os espíritos,
mas com aqueles que estão no Inferno, e após se desembaraçar do corpo vem
também para o meio deles.
41 - Os interiores dos que são homens espirituais foram mesmo na atualidade
elevados do lado do Céu, porque o consideram em primeiro lugar; mas os interiores
pertencentes ao mental nos que são puramente naturais, foram na atualidade
voltados para o mundo, pois consideram o mundo em primeiro lugar. Os interiores
que pertencem ao mental (mens) são voltados, em cada um, para o que ele ama
acima de todas as cousas; e os exteriores que pertencem ao mental (animus) são
voltados para o lado onde estão os interiores.
42 - Aqueles que só têm uma idéia comum do homem Interno e do homem Externo,
crêem que o homem Interno é o que pensa e quer, e o homem Externo é o que fala
e age, porque pensar e querer é interno, e porque falar e agir é externo; mas é
preciso que se saiba que quando o homem pensa com inteligência e quer com
sabedoria, ele pensa e quer segundo o interno espiritual; mas que quando o homem
pensa sem inteligência e quer sem sabedoria, ele pensa e quer segundo o Interno
natural; por conseqüência quando, a respeito do Senhor e das cousas que
pertencem ao Senhor, e a respeito do próximo e das cousas que pertencem ao
próximo, o homem pensa bem e lhes quer bem, então ele pensa e quer segundo o
Interno espiritual, porque é segundo a fé do vero e o amor do bem, portanto segundo
o Céu; mas quando o homem pensa mal deles e lhes quer mal, ele pensa e quer
segundo o Interno natural, porque é segundo a fé do falso e o amor do falso,
portanto segundo o Inferno; em uma palavra, quanto mais o homem está no amor
para com o Senhor e rio amor em relação ao próximo, tanto mais está no Interno
espiritual, e pensa e quer, e também fala e age segundo este interno; mas quanto
mais o homem está no amor de si e no amor do mundo, tanto mais está no Interno
natural, e pensa e quer, e também fala e age segundo este interno.
43 - Foi provido pelo Senhor e regulando de modo que tanto mais o homem pensa e
quer segundo o Céu, quanto mais é aberto e formado o homem Interno espiritual; há
abertura no Céu até ao Senhor, e há formação segundo as cousas que pertencem
ao Céu. Mas, vice-versa, quanto mais o homem pensa e quer não segundo o Céu,
porém segundo o Mundo, tanto mais o homem interno espiritual é fechado, e o
homem Externo aberto, há abertura no Mundo e formação segundo as cousas que
pertencem ao Mundo.
44 - Aqueles em quem o homem Interno espiritual foi aberto no Céu para o Senhor,
estão na luz do Céu, e na iluminação pelo Senhor, e por conseguinte na inteligência
e na sabedoria, eles vêm o vero porque é o vero e percebem o bem porque é o bem.
Mas aqueles em quem o homem Interno foi fechado não sabem que há um homem
Interno, nem com mais forte razão o que é o homem Interno, e não crêem nem no
Divino nem na vida após a morte, riem por conseguinte nas cousas que são do Céu
e da Igreja; e como estão somente na luz do inundo, e na claridade que provêm
dela, crêem na Natureza como sendo o Divino; vêm os falsos como vero, e
percebem o mal como bem.
45 - O homem cujo interno é de tal modo Externo, que não crê senão o que pode ver
com os olhos e tocar com as mãos, chama-se homem sensual; é homem natural no
mais baixo grão, e está na ilusão sobre todas as cousas que pertencem à fé da
Igreja.
46 - O Interno e o Externo de que se acabou de falar, são o Interno e o Externo do
Espírito do homem; seu corpo é unicamente um Externo acrescentado à mais, no
interior do qual existem este interno e este externo; pois o corpo não faz cousa
alguma por si mesmo, age porém segundo o Espírito que está nele. É' preciso que
se saiba que o Espírito do homem, depois que é desembaraçado do corpo, pensa e
quer, fala e age como antes, pensar e querer é seu Interno; e falar e agir é então seu
Externo. Ver sobre este assunto, no Tratado do Céu e do Inferno, nºs 234 a 245, 265
a 275, 432 a 444, 453 a 484.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
47 - Do Interno e do Externo no homem.
Sabe-se no Mundo cristão que o homem tem uni Interno e um Externo ou um
Homem interno e um Homem externo, mas sabe-se pouco sobre o que é um e o que
é outro, nº 1889, 1940. 0 homem interno é espiritual e o homem externo é natural, nº
978, 1015, 4459, 6309, 9701 a 9709. O homem interno que é espiritual foi formado à
imagem do Céu, e o homem externo que é natural foi formado à imagem do mundo.
Como? E é por causa disso que o homem foi chamado Microcosmo, pelos antigos,
nºs 3628, 4523, 4524, 6057, 6314, 9760, 10156, 10472. Portanto no homem o Mundo
espiritual e o Mundo natural foram conjuntos, nº 6057, 10172. Por conseguinte o
homem é tal que pode olhar para cima para o Céu e para baixo para o Mundo, nºs
7601, 7604, 7607. Quando olha para cima, está lia luz do Céu e vê por esta luz, mas
quando olha para baixo, está na luz do Mundo e vê por esta luz, nºs 3167, 10134. Há
no homem descida do Mundo espiritual ao Mundo natural, nºs 3702, 4042.
O homem interno, que é espiritual, e o homem externo, que é natural, são
absolutamente distintos, nºs 1999, 2018, 3691, 4459. A distinção é como a que existe
entre causa e efeito, e entre o anterior e o posterior, e não há continuidade nºs 3691,
51451 5146, 5711, 6275, 62811, 6299, 6326, 6465, 8613, 10076, 10099, 10181. Por
conseqüência a distinção é como entre o Céu e o Mundo, ou entre o Espiritual e o
Natural, nºs 4524, 5128, 5639. Os interiores e os exteriores do homem não são
contínuos, mas são distintos segundo os graus, e cada grão tem seu limite, nºs 691,
4145, 5114, 6326, 6465, 8603, 10099. Aquele que não percebe as distinções dos
interiores e dos exteriores do homem segundo os graus, e que não compreende o
que são os graus, não pode compreender o Interno e o Externo do homem, nºs 5146,
6465, 10099, 10181. As cousas que estão em um grau superior, são mais perfeitas
que as que estão em um grau inferior, nº 3405. Há no homem três grãos segundo os
três Céus, nº 4154. Os Exteriores são mais afastados do Divino no homem, e por
isso são obscuros relativamente, e são comuns, nº 6451. E são relativamente
desordenadas, nºs 996, 3855. Os Interiores são mais perfeitos, porque são mais
aproximados do Divino, nºs 5146, 5147. No Interno há milhares e milhares de cousas
que no externo aparecem como um único comum, nº 5707. Por conseqüência,
quanto mais o pensamento e a percepção são interiores, mais claros são, nº 5920.
Segue se daí que o homem deve estar nos Internos, nºs 1175, 4464.
No homem que está no amor e na caridade, os Interiores que pertencem ao mental
são elevados em atualidade pelo Senhor, e de outro modo eles olhariam para baixo,
nºs 6952, 6954, 10330. O Influxo e a Ilustração procedentes do Céu, no homem, são
unia elevação atual dos interiores pelo Senhor, nºs 7816, 10330. O homem é elevado
quando olha para os espirituais, nº 9922. Quanto mais o homem é elevado dos
Externos para Interiores, tanto mais ele vem para a Luz, por conseqüência para a
inteligência, e é isto ser tirado para fora dos sensuais, como diziam os Antigos, nºs
6183, 6313. A elevação fora dos Externos para os Interiores, é como a elevação fora
do nevoeiro para a luz, nº 4598.
Há influxo do Senhor através do homem Interno no homem Externo, nºs 1940, 5119.
Os Interiores podem influir os Exteriores, e não vice-versa; portanto há um Influxo
espiritual e não um Influxo físico, a saber, um influxo do homem espiritual no homem
natural, e não um influxo do homem natural no homem espiritual, nºs 3219, 5110,
5259, 5427, 5428, 5477, 6322, 9109, 9110. O Senhor pelo Interno, onde tudo é
pacífico, governa os Externos, onde tudo é tumultuoso, nº 5696.
O Interno pode ver todas as cousas do Externo, mas não vice-versa, nºs 1914, 1953,
5428, 5477. Quando o homem vive no mundo, pensa segundo o Interno no Externo,
e portanto seu pensamento espiritual influi no pensamento natural, e aí se apresenta
naturalmente, nº 3679. Quando o homem pensa bem, é segundo o Interno ou
Espiritual no Externo ou natural, nºs 9704, 9705, 9707. O homem externo pensa e
quer segundo a conjunção com o homem interno, nºs 9702, 9703. Há um
pensamento interior e um pensamento exterior; o que é um, e o que o outro, nºs
2515, 2552, 5127, 5141, 5168, 6007. Enquanto o homem vive no Mundo, não
percebe nem o pensamento a afeição que estão no Interno, mas percebe as que, em
conseqüência, estão no Externo, nºs 10236, 10240. Mas na outra vida os externos
são retirados e o homem então é posto nos seus internos, nº 8870.
Vê-se então claramente quais são os internos, nºs 1806, 1807.
O Interno produz o Externo, nºs 994, 995. E o Interno então se reveste de cousas
pelas quais possa produzir o efeito no Externo, nº 6275, 6284, 6299. E pelas quais
possa viver no Externo, nºs 1175, 6275. O Senhor conjunta o homem Interno ou
espiritual ao homem Externo ou natural, quando o regenera, nºs 1577, 1594, 1904,
1999. O homem Externo ou natural é então reposto na ordem pelo homem Interno
ou espiritual, e se subordina, nº 9708.
O Externo deve ser subordinado e submetido ao Interno, nºs 5077, 5125, 5128, 5786,
5947, 10272. O Externo foi criado de maneira que esteja ao serviço do Interno, nº
5947. O Interno deve ser o chefe, e o Externo deve ser um ministro, e sob certos
aspectos seu servidor, nº 10471.
O Externo deve estar em correspondência com o Interno para que haja conjunção,
nºs 5427, 5428, 5477. Qual é o Externo quando corresponde ao Interno, e o que é
quando não corresponde, nºs 3493, 5422, 5423, 5427, 5428, 5477, 5511. No homem
Externo lia cousas que correspondem e concordam com o homem Interno, e há
outras que não correspondem e não concordam, nºs 1563, 1568.
O Externo tira sua qualidade do Interno, nºs 9912, 9921, 9922. Quão grande é a
beleza do homem Externo, quando está conjunto ao homem Interno, nº 1590. E
quão grande é sua lealdade quando não está conjunto, n 1598. 0 amor para com o
Senhor e a caridade em relação ao próximo conjuntam o homem Externo e o
homem Interno, n 1594. Si o homem Interno não é conjunto ao homem Externo, não
há frutificação alguma, nº 3987.
Os Interiores, sucessivamente, influem nos Exteriores, até ao Extremo ou Último, e
aí existem e subsistem em conjunto, nºs 634, 6239, 9215, 9216. Não influem só
sucessivamente, mas ainda formam no Último um simultâneo. Em que ordem? Nºs
5897, 6451, 8603, 10099. Todos os interiores são contidos em um encadeamento a
partir do Primeiro até ao Ultimo, nº 9828. E por isso que nos Últimos há força e
potência, nº 9836. E por isso também que as respostas e as revelações eram feitas
segundo os Últimos, nº 9905, 10548. É ainda por isso que o Último é mais santo que
os interiores, nº 9828. Daí, na Palavra o Primeiro e o Último significam todas as
cousas em geral e em particular, portanto o todo, nºs 10044, 10329, 10335.
O homem Interno foi aberto naquele que está na Ordem Divina, mas foi fechado
naquele que não está na Ordem Divina, nº 8513. Não na conjunção do Céu com o
homem Externo sem o Interno, nº 9380. Os males é os falsos do mal fecham o
homem Interno, e fazem com que o homem esteja unicamente nos Externos, nºs
1587, 10492. Principalmente os males provenientes do amor de si, nº 1594. Os
Interiores são fechados até ao sensual, que é o último, se o Divino é negado, nº
6564. Nos inteligentes e nos sábios do mundo, que se confirmaram de acordo com
as ciências, contra as cousas que são do Céu e da Igreja, o Interno é mais fechado
do que nos simples, nº 10492.
Visto que o homem Interno está na luz do Céu e o homem Externo na luz do mundo,
é por isso que os que estão no Externo sem o Interno, isto é, aqueles em quem foi
fechado o Interno, não se preocupam com os Internos que pertencem ao Céu e à
Igreja, nºs 4464, 4946. Na outra vida, eles não suportam, mesmo, os Internos, nºs
10694, 10701, 10707. Não crêem em cousa alguma, nºs 10396, 10400, 10411,
10429. Amam-se e amam ao inundo acima de tudo nºs 10407, 10412, 20420. Seus
Interiores, ou as cousas que pertencem ao pensamento e à afeição, são
emporcalhadas, corrompidas e profanadas, de qualquer maneira que apareçam nos
Externos, nºs 1182, 7046, 9705, 9707. As idéias de seu pensamento são materiais, e
de medo algum espirituais, nº 10582. Quais são aqueles em quem o Interno, que
encara o Céu, foi fechado, nºs 4459, 9709, 10284, 10286, 10429, 10472, 10492,
10602, 10683.
Quanto mais o Interno, que é espiritual é aberto, tanto mais são multiplicados os
veros e os bens; e quanto mais o Interno, que é espiritual, é fechado, tanto mais os
veros e os bens se dissipam, nº 4099. A Igreja está no homem Interno espiritual,
porque este está no Céu, mas não está no homem Externo sem o homem Interno, nº
10698. Por isso, no homem, a Igreja Externa nada é sem a Igreja interna, nº 1795. O
culto externo sem o culto interno é um culto nulo, nºs 1094, 1175. Dos que estão no
Interno da Igreja, do Culto e da Palavra, dos que estão no Externo em que está o
Interno; e dos que estão no Externo sem o Interno, nº 10683. O Externo é duro sem
o Interno, nº 10628.
O homem puramente natural está no Inferno, a menos que não se torne espiritual
pela regeneração, nº 10156. Todos os que estão no Externo sem o Interno, ou
aqueles em quem o Interno Espiritual está fechado, estão no Inferno, nºs 9128,
10483, 10487.
Os Interiores do homem estão na atualidade voltados segundo os amores, nº 10702.
Em todas as cousas em geral e em cada cousa em particular, é necessário que haja
um interno e um Externo, afim de que subsistam, nº 9473.
O supremo e o Alto lia Palavra significam o Interno, nºs 1735 2148, 4210, 4599. Por
isso, na Palavra, o superior é Interior e o Inferior é Exterior, nº 3084.
48 - Do Natural e do Espiritual.
Que perversão hoje a do mundo, atribuindo tanto à natureza, e tão pouco ao Divino,
nº 3483. Porque é assim, nº 5116; quando entretanto todas e cada uma das cousas
da natureza, não somente existem mas subsistem continuamente pelo Divino; e isso
por meio ao Mundo espiritual; nºs 775, 8211. Os Divinos, os Celestes e os
Espirituais, terminam na Natureza, nºs 4240, 4939. A Natureza é o último plano em
que se detêm, nºs 4240, 5651, 6275, 6284, 6299, 9216. Os Celestes, os Espirituais e
os Naturais seguem-se e sucedem-se em ordem, portanto com eles o Divino, porque
aqueles procedem do Divino, nºs 880, 4938, 4939, 999, 10005, 10017, 10068. Os
Celestes são a cabeça os Espirituais o corpo e, os Naturais os pés, nºs 4938, 4939.
Eles influem também na mesma ordem em que se seguem e se sucedem, nº 4939.
0 Bem do íntimo ou terceiro Céu chama-se Celeste, o do Céu médio ou segundo
Céu chama-se Espiritual, o Bem do ultimo ou primeiro Céu chama-se Natural; daí
pode-se saber o que é o Celeste, o Espiritual e o Natural, nºs 4279, 4286, 4938,
4939, 9992, 10005, 10017, 10068; e no Tratado do Céu e do Inferno, nºs 20, a 28, e
29 a 40.
Todas as cousas do Mundo natural procedem do Divino pelo Mundo espiritual, nº
5013. Por isso o espiritual está em todo natural como a causa eficiente está no
efeito, nºs 3562, 5711; e também como o esforço está no movimento, nº 5173; e
como o interno está no externo n.0 3562, 5711, 5326. E visto que a causa é o
essencial, mesmo, no efeito, semelhantemente o esforço no movimento, e também o
interno rio externo, segue-se que o Espiritual é o essencial, mesmo no Natural, por
conseqüência o Divino, de que ele procede, é o essencial mesmo, nºs 2987, 9701 a
9709. Os espirituais se apresentam no natural às cousas que se apresentam são
representativas e correspondências, nºs 1682, 2087 a 3002. Daí vem toda a
Natureza é o teatro representativo do Mundo espiritual, isto é, do Céu, nºs 2758,
2999, 3000, 4939, 8848, 9280. Todas as cousas da Natureza foram dispostas em
ordem e em série segundo os fins, nº 4104. Isto vem do Mundo espiritual, isto é, do
Céu, porque lá reinam os fins que são os usos, nºs 154, 696, 1103, 3645, 7038. O
homem foi criado de tal maneira que os Divinos, que segundo a Ordem descem à
Natureza, sejam percebidos nele, nº 3702.
Em cada homem que está na Ordem Divina, há um Interno e um Externo; seu
Interno chama-se o Espiritual ou o homem Espiritual, e seu Externo chama-se o
Natural ou o homem Natural nºs 978, 1015, 4459, 6309, 9701 a 9709. O homem
Espiritual está na luz do Céu, e o homem Natural lia luz do Mundo, nº 5965. O
homem Natural nada pode discernir por si mesmo, mas é segundo o homem
Espiritual, nº 5286. O Natural é como unia face na qual se vêm os interiores, e dessa
forma o homem pensa, nº 5165. O espiritual pensa no homem natural, portanto
naturalmente, tanto quanto está lia percepção sensual deste, nºs 3679, 5165, 6284,
6299. O Natural é o plano em que termina o Espiritual, nºs 5651, 6275, 6284, 6299,
9216. O Espiritual não vê cousa alguma a menos que o Natural não corresponda, nºs
3493, 3620, 3623. O homem Espiritual ou interno pode ver o que se faz no homem
Natural ou externo, e não vice-versa, porque o Espiritual influi no Natural, e o Natural
não influi no Espiritual, nºs 3219, 4667, 5119, 5259, 5427, 5428, 5477, 6322, 9109,
9110. O homem Natural segundo sua luz, que se chama clarão da natureza, nada
sabe concernente ao Divino, nem concernente ao Céu, nem concernente à Vida
após a morte, e se ele ouve falar disso, não o crê, a menos que nesta luz não influa
a luz espiritual, que é a luz procedente do Céu, nº 8944.
O homem Natural é por si mesmo oposto ao homem Espiritual, porque por
nascimento lhe é oposto, nº 3913, 3928. Por isso, enquanto são opostos um ao
outro, o homem sente desprazer em pensar nos espirituais e nos celestes, e prazer
em pensar nos naturais e nos corporais, nº 4096. Sente desgosto pelas cousas que
estão no Céu, e também só ao nome de espiritual; segundo a experiência, nº 5006,
9i09. Aqueles que são puramente Naturais encaram o bem e o vero espirituais como
servidores, nºs 5013, 5025; quando, entretanto o homem Natural deve ser
subordinado ao homem Espiritual, e serví-lo, nºs 3019, 5168. Diz-se que o homem
Espiritual serve e homem Natural quando este seguido o intelectual, procura
confirmações para as cousas que cobiça, principalmente segundo a Palavra, nºs
3019, 5013, 5025, 5168. De que maneira aparecem na outra vida os homens
puramente naturais, e qual é aí o seu estado e sua sorte, nºs 4630, 4633, 4940 a
4952, 5032, 5571.
Os veros que estão no homem Natural são denominados científicos e
conhecimentos nº 3293. No homem Natural considerado em si mesmo há uma
imaginação material, há afeições tais como são as dos animais. Mas o cogitativo e o
imaginativo reais vêm do homem Interno ou Espiritual, quando de acordo com ele o
homem Natural vê, age e vive, nºs 3493, 5422, 5423, 5427, 5511.
As cousas que estão rio homem Natural são comuns relativamente ás que estão no
homem Espiritual, nºs 3513, 5707. E portanto são relativamente obscuras, nº 6686.
Há no homem um Natural interior e um Natural exterior, nºs 3293, 3294, 3793, 5118,
5126, 5497, 5649. Há também um médium entre eles, nºs 4570, 9216. As
exonerações do homem espiritual se fazem no homem natural, e por ele, nº 9572.
Aqueles que fazem o bem unicamente segundo uma inclinação natural, e não
segundo a religião, não são recebidos no Céu, nº 8002, 8772.
49 - Da Luz do Céu na qual está o homem Espiritual.
Há uma grande luz nos Céus, nºs 1117, 1533, 1619 a 1632. A luz nos Céus
ultrapassa em um grande número de graus a luz do meio-dia sobre a terra nºs 1117,
1521, 4527, 5100, 8644. Esta luz foi vista muito frequentemente por mim, nºs 1522,
4527, 7174. A Luz para os Anjos do Céu íntimo ou terceiro Céu é Como a luz do Sol,
mas a luz para os Anjos do seguido Céu é como a luz da Lua, nºs 1529, 1530. No
Céu intimo a Luz é cor de chama e 9no segundo Céu é de uma brancura brilhante,
nº 9570.
A Luz nos Céus vem do Senhor como Sol, nºs 1053, 1521, 3195, 3341, 3636, 3643,
4415, 9548, 9648, 10809. O Senhor é o Sol do Céu Angélico, e este Sol é o seu
Divino Amor, nºs 1521, 1529, 1550, 1531, 1837, 4321, 4696, 7078, 7083, 7173. O
Divino Vero procedente do Senhor nos Céus aparece como Luz, e constitui toda a
luz do Céu; por conseqüência esta Luz é a Luz espiritual, nºs 3195, 322, 5400, 8644,
9399, 9548, 9644. E por isso que o Senhor na Palavra é chamado a Luz, nº 3195.
Como esta Luz é o Divino Vero, há nesta Luz a Divina Sabedoria e a Divina
inteligência, nºs 3195, 3485, 3636, 3643, 3993, 4303, 4413, 4415, 9548, 9684. Como
a Luz procedente do Senhor influi nos Céus; ilustrado pelos círculos radiosos em
torno do sol, nº 9407. O Senhor é o Sol para os Céus, e toda luz lá procede d'Ele;
ver no Tratado do Céu e do Inferno, nº 116 a 125. E a luz procedente deste Sol é o
Divino Vero e o Calor procedente deste Sol é o Divino Bem do Divino Amor no
mesmo Tratado, nº 126 a 140.
A Luz do Céu ilumina a vista e o entendimento dos Anjos e dos Espíritos, nºs 2776,
3138. A luz aí está de acordo com a sua inteligência e a sua sabedoria, nºs 1524,
3339. Provado segundo a Palavra, nºs 1529, 1530. As diferenças da Luz nos Céus
são em tão grande numero quanto o das Sociedades Angélicas, nº 4414. Como há
nos Céus variedades perpetuas quanto ao bem e ao vero, há semelhantemente
quanto à sabedoria e à inteligência, nºs 684, 690, 3241, 3744, 3745, 5598, 7236,
3833, 7836. O Céu está na luz e no Calor, o que significa que está na sabedoria e no
amor, nºs 3643, 9399, 9400.
A Luz do Céu esclarece o entendimento do homem, nºs 1524, 3138, 3167, 4408,
6608, 8707, 9128, 9399, 10569. Quando o homem é elevado para fora do sensual,
atinge a tinia claridade mais doce e enfim à luz celeste, nºs 6313, 6315, 9407. Há
elevação na Luz do Céu, quando o homem atinge à inteligência, nº 3190. Que
grande luz foi percebida por mim, quando fui tirado para fora das idéias mundanas,
nºs 1526, 6608. A vista do homem Interno está na luz do Céu, e é por isso que o
homem pode pensar analiticamente e racionalmente, nº 1532. A Luz do Céu
procedente do Senhor está sempre presente no homem, porém ela não influi senão
quando o homem está nos veros segundo os bens, nºs 4060, 4214. Esta Luz é
segundo os veros de acordo com o bem, nº 3084. Os veros brilham no Mundo
espiritual, nº 5219. O Calor espiritual e a Luz espiritual fazem a verdadeira vida do
homem, nº 6032.
A Luz do mundo é para o homem Externo, a Luz do Céu é para o homem Interno, nºs
3223, 3224, 3337. A Luz do Céu influi na luminosidade natural, e quanto mais o
homem recebe esta luz, tanto mais é sábio, nºs 4302, 4408. Entre estas Luzes há
correspondência, nº 3225. Pela Luz do mundo no homem, luz que se chama
luminosidade natural, as cousas que estão na Luz do Céu não podem ser vistas;
mas pela Luz do Céu as cousas que estão na luz do mundo podem ser vistas, nºs
9577. 9577. Daí vem que aqueles que estão unicamente na luz do mundo, que se
chama luminosidade natural não percebem as cousas que estão na Luz do Céu, nº
3108. A Luz do Céu e lima obscuridade para aqueles que estão nos falsos segundo
o mal, nºs 1783, 3337, 3413, 4060, 6907, 8197. A Luz do mundo brilha com fulgor
entre os maus, e quanto mais brilha com fulgor tanto mais as cousas que pertencem
à Luz do Céu estão nas trevas para eles, nº 6907. A Luz do mundo não aparece aos
anjos, nºs 1521, 1783, 1880.
Nos Céus toda Luz vem do Senhor e toda sombra vem da ignorância e do próprio
dos Anjos e dos Espíritos; daí as modificações e as variações de luz e sombra que
são as cores, nº 3341. As variações da luz pelo Urim e o Thumin, nº 3862.
A Luz daqueles que estão na fé separada da caridade e cor de neve, e é como a luz
do inverno, nºs 3412, 3413. Esta luz é mudada em puras trevas quando influi a Luz
do Céu, nº 3412. Da luz dos que estão na fé persuasiva e lia vida do mal, nº 4416.
De que qualidade aparece à luz naqueles que estão lia inteligência vinda do próprio,
e de que qualidade ela aparece naqueles que estão na inteligência procedente do
Senhor, nº 4419.
Há uma luminosidade nos infernos, mas é quimérica, nºs 1528, 3340, 4214, 4418,
4531. A luminosidade aí é como a luminosidade do fogo de carvão nºs 1528, 4418,
4531. Os que estão nos infernos aparecem à eles mesmos, na sua luminosidade
como homens, mas na luz do Céu como diabos e monstros, nºs 4532, 4533, 4674,
5057, 5058, 6605, 6626. Todas as cousas na Luz do Céu aparecem tais quais são,
nº 4674. Se se diz que os Infernos estão na obscuridade e nas trevas, é porque
estão nos falsos segundo o mal, nºs 3340, 4418, 4531. As trevas significam os
falsos, e a obscuridade significa o falso do mal, nºs 1839, 1860, 7688, 7711.
50 - Do homem sensual, que é o homem natural no mais baixo grau de que se
fala na Doutrina, acima nº 45.
O sensual é o ultimo da vida do homem, aderente e inerente a seu corporal, nºs
5077, 5767, 9219, 9216, 9331, 9730. Chama-se homem sensual aquele que julga e
conclui todas as cousas segundo os sentidos do corpo, e que não crê senão que
pode ver com os olhos e tocar com as mãos, dizendo que isso é alguma cousa e
rejeitando todo o resto, nºs 5094, 7693. Um tal homem pensa nos extremos e não
interiormente em si, nºs 5089, 5094, 6564, 7693. Seus interiores foram fechados, de
tal modo que nada vê do vero, nºs 6564, 6844, 6845. Em uma palavra está em uma
grosseira luminosidade espiritual; portanto nada percebe do que está na luz do Céu,
nºs 6201, 6310, 6564, 6844, 6845, 6598, 6612, 6614, 6622, 6624. Por conseguinte é
interiormente contra as cousas que pertencem ao Céu e à Igreja, nºs 6201, 6316,
6844, 6845, 6948, 6949. Os Eruditos que se confirmam contra os veros da Igreja são
sensuais, nº 6316.
Os homens sensuais raciocinam com rigor e destreza, porque seu pensamento está
tão perto da palavra que quase está nela, e porque colocam toda a inteligência nos
discursos provenientes só da memória, nºs 195, 196, 5700, 10236. Mas raciocinam
segundo as ilusões dos sentidos, pelas quais o vulgo é seduzido, nºs 5084, 6948,
6949, 7693.
Os homens sensuais têm mais astúcia e mais malicia que todos os outros, nºs 7693,
10236. Os avarentos, os adúlteros, os voluptuosos e os velhacos são principalmente
sensuais, nº 6310. Seus Interiores são sujos e corrompidos, nº 6210. Por eles
comunicam com o Inferno, nº 6311. Aqueles que estão nos infernos são sensuais, e
quanto mais são sensuais mais profundamente aí estão, nºs 4623, 6311. A esfera
dos espíritos infernais se conjunta com o sensual do homem pelo dorso, nº 6312. Os
que raciocinam pelo sensual, e por conseguinte contra os veros da fé, eram
chamados pelos Antigos serpentes da arvore da ciência, nºs 195, 196, 197, 6398,
6949, 10313.
De mais, o sensual do homem e o homem sensual são descritos no nº 10236; e a
extensão do sensual no homem, nº 9731.
Os sensuais devem estar no ultimo lugar e não no primeiro e no homem sábio e
inteligência te estão rio último lugar, e submetidos aos interiores, mas no homem
insensato estão no primeiro lugar e dominam, nºs 5077, 5125, 5128, 7645. Se os
sensuais estão no último lugar e submetidos aos interiores, por eles é aberto o
caminho para o entendimento e os veros são deputados por espécie de nº 5580.
Estes sensuais do homem mantêm-se muito perto do mundo, e admitem cousas que
afluem do mundo, e por dizer peneram, nº 9726. O homem Externo ou Natural
comunica com o Mundo por estes sensuais, e com o Céu pelos racionais, nº 4009.
Os sensuais fornecem portanto as cousas que servem aos interiores do homem, nºs
5077, 5081. Há sensuais que fornecem a parte intelectual, e sensuais que fornecem
a parte voluntária, nº 5077.
Se o pensamento não é elevado para fora dos sensuais, o homem tem pouca
sabedoria, nº 5089. O homem sábio pensa acima do sensual, nºs 5089, 5094.
Quando seu pensamento e elevado acima dos sensuais, o homem atinge a uma luz
mais clara, e enfim a tinia luz celeste, nºs 6183, 6313, 6315, 9407, 9730, 9922. A
elevação acima dos sensuais e o desprendimento dos sensuais eram conhecidos
dos Antigos, nº 6313. O homem por seu espírito poderia ver as cousas que estão no
Mundo Espiritual, se pudesse ser destacado dos sensuais que são do corpo, e ser
na luz do Céu pelo Senhor, nº 4622. A razão disso é que o corpo não sente, mas é o
espírito do homem que sente no corpo, e quanto mais sento no corpo, tanto mais
grosseira e obscuramente sente, portanto nas trevas; mas quanto mais sente não no
corpo, tanto mais claramente e na luz sente, nºs 4622, 6614, 6622.
O último do entendimento é o científico sensual, e o último da vontade é o prazer do
sensual; ver sobre esses assuntos, nº 9996. Qual é a diferença entre os sensuais
comuns com os animais e os sensuais não comuns com eles, nº 10236. Há homens
sensuais que não são maus porque os seus interiores não foram tão fechados; do
seu estado na outra vida, nº 6311.
51- Das ciências e dos conhecimentos peIos quais o homem espiritual interno
é aberto.
Chamam-se científicas as cousas que estão no homem Externo ou Natural e em sua
Memória, mas não as que estão no homem Interno ou Espiritual, nºs 3019, 3020,
3293, 3309, 4967, 9918, 9922. Os científicos, porque pertencem ao homem Externo
ou Natural, são relativamente meios de serviço, visto que o homem Externo ou
Natural foi feito para servir ao homem Interno ou Espiritual, como o mundo para
servir ao Céu, nºs 5077, 5125, 5128, 5786, 5947, 10272, 10471. O homem externo é,
relativamente, o Mundo, porque nele foram inscritos as leis da Ordem Divina que
estão rio Mundo, e o homem Interno é, relativamente, o Céu, porque nele foram
inscritas as leis da Ordem Divina que estão no Céu, nºs 4523, 4524, 5368, 6013,
6057, 9279, 9283, 9278, 9709, 10156, 10472, e no Tratado do Céu e do Inferno, nº
51a 58. Há científicos que concernem ás cousas naturais, outros que pertencem ao
estado e à vida civil, outros que pertencem ao estado e à vida moral, e outros que
pertencem ao estado e à vida espiritual, nºs 5774, 5934. Mas para que haja
distinção, os que pertencem ao estado e à vida espiritual, são chamados
Conhecimentos, e são principalmente os Doutrinais, nº 9945.
O homem deve ser imbuído de ciências e de conhecimentos, visto que por eles
aprende a pensar, em seguida a compreender o que é o vero e o bem, e enfim a ser
sábio, isto é, a viver de acordo com o vero e o bem, nºs 129, 1450, 1451, 1453, 1548,
1802. Os científicos e os conhecimentos são as primeiras cousas sobre as quais é
construída e fundada a vida do homem, tanto civil como moral, e mesmo espiritual;
mas devem ser aprendidos em vista do uso da vida como fim, nºs 1489, 3310. Os
conhecimentos abrem caminho para o homem Interno e em seguida o conjugem
com o homem Externo de acordo com os usos, nºs 1563, 1616. O Racional nasce
pelas ciências e pelos conhecimentos, nºs 1895, 1900, 3086; não pelas ciências
mesmas, nem pelos conhecimentos mesmos, mas pela afeição dos usos derivados
deles, e de acordo com esta afeição, nº 1895. O homem Interno é aberto e é
sucessivamente aperfeiçoado pelas ciências e pelos conhecimentos, se o homem
tem por fim uni uso bom, sobretudo um uso concernente à vida externa, nº 3086.
Então ao encontro dos científicos e dos conhecimentos, que estão no homem
natural, ocorrem os espirituais que procedem do homem celeste e do homem
espiritual, e adaptam os que convêm, nº 1495. Os usos da vida celeste são então
pelo Senhor, por meio do homem Interno, extraídos, depurados e elevados para fora
dos científicos e dos conhecimentos que estão no homem Natural, nºs 1895, 1896,
1900, 1901, 1902, 5871, 5874, 5901. E os científicos que não convém e são opostos
são rejeitados sobre os lados e aniquilados, nºs 5871, 5886, 5889. A vista do homem
Interno só atrai os científicos e conhecimentos do homem Externo que pertencem a
seu amor, nº 9394. Os científicos e os conhecimentos são dispostos em feixes e
conjuntos de acordo com os amores pelos quais foram introduzidos, nº 5881. Então
sob a vista do homem Interno estão no centro e ria claridade as cousas que
pertencem ao amor, mas sobre os lados e lia obscuridade as que não pertencem ao
amor, nºs 6068, 6084. Os científicos e os conhecimentos no homem são
sucessivamente implantados nos seus amores, e aí habitam, nº 6325. O homem
nasceria em toda ciência e, por conseguinte, em toda inteligência, se nascesse rio
amor para com o Senhor e no amor em relação ao próximo; mas porque nasce no
amor de si e do mundo, nasce na ignorância total, nºs 6323, 6325. A Ciência, a
Inteligência e a Sabedoria são os filhos do amor para com o Senhor e do amor em
relação ao próximo, nºs 1226, 2049, 2116.
Os científicos e os conhecimentos, porque pertencem ao homem Externo ou Natural,
estão na luz do mundo; mas os veros que se tornaram cousas do amor e da fé, e
que por conseguinte adquiriram a vida, estão lia luz do Céu, nº 5212. Não obstante,
os veros que adquiriram assim a vida, são apreendidos pelo homem por meio das
idéias naturais, nº 5510. O influxo espiritual vem do homem Interno aos científicos e
aos conhecimentos que estão no homem, Externo, nºs 1940, 8005. Os científicos e
os Conhecimentos são os receptáculos e como os vasos do vero e do bem que
pertencem ao homem Interno, nºs 1469, 1496, 3068, 5489, 6004, 6023, 6052, 6071,
6077, 7770, 9922. É por isso que na Palavra pelos veros são significados no sentido
espiritual os científicos e os conhecimentos, nºs 3068, 3069, 3079, 9394, 9544, 9723,
9724. Os científicos são por assim dizer espelhos, nos quais os bens e os veros do
homem Interno aparecem e são percebidos como em imagem, nº 5201. Aí estão
juntos como nos seus últimos, nºs 5373, 5874, 5886, 5901, 6004, 6023, 6052, 6071,
6077. Os Científicos porque estão na luz do mundo, estão na confusão e são
obscuros relativamente ás cousas que estão na luz do Céu, do mesmo modo que as
cousas que estão no homem Externo relativamente ás que estão no homem lnterno,
nº 2831. É mesmo por isso que na Palavra o científico é significado pelo confuso
(implexum), nº 2851. E também pela obscuridade da nuvem nºs 8443, 10551.
Todo princípio deve ser tirado dos veros da Doutrina segundo a Palavra, e estes
veros devem ser reconhecidos primeiro, e em seguida é permitido consultar os
Científicos para os confirmar, e desta maneira eles são corroborados, nº 6047.
Portanto aqueles que estão lia afirmativa sobre os veros da fé, é, permitido
confirmá-las intelectualmente pelos científicos, mas não aqueles que estão no
negativo, porque o afirmativo atrai todos os Científicos para o seu partido, e o
negativo que precede atrai-os todos para o seu, nºs 2568, 2588, 3913, 4760, 6047.
Há a duvida afirmativa e há a duvida negativa, aquela em alguns bons e esta nos
naus, nº 2568. Entrar pelos veros da fé, nos científicos é segundo a ordem, mas
entrar pelos científicos nos veros da fé é contra a ordem, nº 10236. Como lia um
Influxo espiritual e não um Influxo físico ou natural, por conseqüência pelos veros da
fé, visto que são espirituais, há influxo nos científicos, porque estes são naturais, nºs
3219, 5119, 5259, 5427, 5428, 5477, 6322, 9109, 9110.
Aquele que está na duvida negativa que em si é o negativo e que diz que não crê
antes de ser persuadido pelos científicos, não crerá jamais, nºs 2094, 2832. Aqueles
que agem assim tornam-se insensatos, quanto ás cousas que pertencem à Igreja e
ao Céu, nºs 128, 129, 130. Caem nos falsos do mal, nºs 232, 233, 6047. E na outra
vida quando pensam nos espirituais tornam-se como bêbados, nº 1072. O que são
eles além disso, nº 196. Exemplos que mostram claramente que os espirituais não
podem ser apreendidos si, em ordem inversa, se entra neles, nºs 233, 20941, 2196,
2203, 2209. Um grande número de Eruditos desarrazoam mais do que os simples, a
respeito dos espirituais e isso porque estão no negativo e têm em muito grande
abundancia científicos pelos quais confirmam o negativo, nº 4760. Exemplos de um
Erudito que nada pode compreender concernente à vida espiritual, nº 8629. Aqueles
que raciocinam de acordo com os científicos contra os veros da fé, raciocinam com
rigor, porque é de acordo com as ilusões dos sentidos que cativam e persuadem,
porque não podem ser dissipados senão dificilmente nº 5700. Aqueles que não
compreendem cousa alguma do vero, e também aqueles que estão no mal, podem
raciocinar sobre os veros e os bens da fé, e não estar entretanto em ilustração
alguma, nº 4214 Confirmar unicamente um dogma, não é cousa de um homem
inteligente, porque o falso pode ser confirmado tão bem como o vero, nºs 1017,
2482, 2490, 4741, 5033, 6865, 7012, 7680, 7950, 8521, 8780. Aqueles que
raciocinam sobre os veros da Igreja para saber se são ou não são veros, estão
completamente na obscuridade sobre os veros, e não estão ainda na luz espiritual,
nºs 215, 1385, 3033, 3428.
Há científicos que admitem os veros Divinos, e os há que os admitem, nº 5213. Os
científicos não devem ser destruídos, nºs 1489, 1492, 1499, 1500. Científicos vãos
são aqueles que tem por fim e confirmam os amores de si e do mundo, e que
afastam os amores para com o Senhor e a respeito do próximo, porque estes
científicos fecham o homem Interno, a ponto que o homem em seguida nada pode
receber do Céu, nºs 1563, 1600. Os científicos são meios de tornar-se sábio, e meios
de tornar-se insensatos; por eles o homem Interno é aberto ou fechado; e por
conseqüência o Racional é cultivado ou destruído, nºs 4156, 8628, 9922.
As ciências, depois da morte, não são de utilidade alguma, mas o que é útil é o que
o homem tirou das ciências para o entendimento e a vida, nº 2480. Não obstante
todos os científicos permanecem após a morte, mas entram em repouso, nºs 2476 a
2479, 2481 a 2486.
Os mesmos científicos são falsos nos homens maus, porque são aplicados aos
inales, e veros nos bons porque são aplicados aos bens, nº 6917. Os veros
científicos nos maus, não são veros, ainda que apareçam como veros quando os
pronunciam, porque neles há interiormente o mal, e por conseguinte falsificados; e
neles, ciência não merece mesmo ser chamada ciência visto que é sem vida, nº
10331.
Uma cousa é ser sábio, outra cousa compreender, outra cousa saber, e outra cousa
fazer, mas não obstante, naqueles que estão na vida espiritual estas cousas
seguem-se em ordem e correspondem, e estão em conjunto no fazer ou nos fatos,
nº 10331. E também uma cousa é saber, outra cousa reconhecer e outra cousa ter
fé, nº 896.
Qual é, entre os espíritos, o desejo de saber, exemplo, nº 1973. Entre os Anjos, o
desejo de saber e de ser sábio é imenso, porque a ciência, a inteligência e a
sabedoria são a nutrição espiritual, nºs 3114, 4459, 4792, 4976, 5147, 5293, 5340,
5342, 5410, 5426, 5576, 5582, 5586, 5655, 6277, 8562, 9003.
A ciência principal para os Antigos era a Ciência das Correspondências, mas hoje
esta ciência está obliterada, nºs 3021, 3419, 4280, 4844, 4964, 4966, 6004, 7729,
10252. Entre os Orientais e no Egito houve a ciência das Correspondências, nºs
5702, 6692, 7097. Os Antigos pela ciência das Correspondências se introduziam no
conhecimento dos espirituais, nºs 4844, 4749. A Palavra foi escrita por puras
correspondências; daí, seu sentido interno ou espiritual; e sem a Ciência das
Correspondências não se pode saber que este sentido existe, nem qual é a Palavra,
nºs 3131, 3472 a 3485, 8615, 10687. Quanto à ciência das Correspondências está
acima das outras ciências, nº 4280.
52 - Da Memória Natural que pertence ao homem Externo, e da Memória
Espiritual que pertence ao homem Interno.
O homem possui duas Memórias uma Exterior e outra Interior, nºs 2470, 2471.
Quanto a Memória Interior sobrepuja a Memória exterior, nº 2473. As cousas que
estão Na Memória exterior estão na luz natural, mas as que estão na Memória
interior estão na luz espiritual, nº 5212. É segundo a Memória interior que o homem
pode pensar e falar intelectual e racionalmente, nº 9394. Todas as cousas em geral
e em particular, que o homem pensou, pronunciou e fez e todas as que ouviu e viu,
foram inscritas em sua Memória interior, nºs 2474, 7398.Esta Memória é o Livro da
vida do homem, nºs 2475, 9386, 9841, 10505. Na Memória interior estão os veros
que se tornaram cousas do amor, nº 5212, 8067. As cousas que passaram a habito
e se tornaram cousas da vida,
estão na Memória interior, nºs 9394, 9723, 9841. Os científicos e os Conhecimentos
pertencem à Memória exterior, nºs 5212, 9922. Estão em uma sombra muito grande
e lia confusão relativamente ás cousas que pertencem à Memória interior, nº 2831.
O homem no Mundo fala as línguas segundo a Memória Exterior, nºs 2472, 2476. Os
Espíritos e os Anjos falam segundo a Memória Interior, e é daí que possuem a
Língua universal, que é tal que todos, de qualquer terra que sejam, podem falar
entre si, nºs 2472, 2476, 2490, 2493; sobre esta Língua ver no Tratado do Céu e do
Inferno, nº 234, a 245; e sobre os efeitos admiráveis da Memória que permanece no
homem após a morte vero mesmo Tratado o nº 463.
53 - Das ilusões dos sentidos em que estão os homens naturais e sensuais, de
que se fala nesta Doutrina, acima, nº 45.
Os homens inteiramente naturais e sensuais pensam e raciocinam segundo as
ilusões dos sentidos, nºs 5084, 5700, 6948, 6949, 7693. Quais são as Ilusões dos
sentidos, nºs 5084, 5094, 6400, 6948. A isso serão acrescentadas estas
particularidades: há ilusões dos sentidos nas cousas naturais, nas civis, nas cousas
morais, e nas cousas espirituais; em grande número em cada gênero destas cousas,
mas aqui vou enumerar algumas dessas ilusões nas cousas espirituais Aquele que
pensa segundo as ilusões dos sentidos não pode compreender: 1 - Que o homem
possa depois da morte aparecer como um homem; nem que possa gozar dos
sentidos como antes; nem por conseqüência que os Anjos o possam. 2 - Pensa que
a alma é somente algum vital, puramente etéreo, de que não se pode' formar idéia
alguma. 3 - Que é unicamente o corpo que sente, vê e ouve. 4 - Que o homem é
semelhante ao animal, com a única diferença que o homem pode falar seguido o
pensamento. 5 - Que a natureza é o todo e o primeiro donde procedem todas as
cousas. 6 - Que o homem se acostuma e aprende a pensar pelo influxo da natureza
interior e da ordem desta natureza. 7 - Que não há o espiritual; e que se o há, é um
natural mais puro. 8 - Que o homem não pode gozar felicidade alguma, se for
privado dos prazeres do amor da glória, da honra e do ganho. 9 - Que a consciência
é unicamente um mal estar do mental (animus) proveniente da enfermidade do
corpo e do infortúnio. 10 - Que o Amor Divino do Senhor é o amor da glória. 11 - Que
não há Providência, mas que todas as cousas decorrem da própria prudência e da
própria inteligência. 12 - Que as honras e as riquezas são bênçãos reais que são
dadas por Deus: sem falar de várias outras opiniões semelhantes. Tais são as
ilusões dos sentidos nas cousas espirituais. Por aí se pode ver que os celestes não
podem ser apreendidos por aqueles que são inteiramente naturais e sensuais; são
inteiramente naturais e sensuais aqueles em quem o homem Interno espiritual foi
fechado, e o homem Natural, somente está aberto.
DO AMOR EM GERAL
54 - Vida mesma do homem e seu Amor; e tal é o Amor tal é a Vida, e mesmo tal é
o homem inteiro; mas é o Amor dominante ou reinante que faz o homem. Este amor
tem sob sua dependência vários amores, que são derivações; estes se mostram sob
uma outra forma, mas não obstante estão todos no Amor Dominante, e fazem com
ele uni mesmo Reino; o Amor Dominante é como seu Rei e seu Chefe; ele os dirige,
e por eles, como por fins médios, visa e tende a seu Fim, que é o primeiro e o ultimo
de todos; isso tanto direta como indiretamente. O que pertence ao Amor dominante
é o que é amado, acima de todas as cousas.
55 - O que o homem ama acima de todas as cousas está sem cessar em seu
pensamento, e também em sua Vontade e faz a sua vida mesma (ipsissima); por
exemplo, aquele que ama acima de todas as cousas as riquezas, seja que elas
consistam em dinheiro ou em posses, está continuamente preocupado com os
meios de adquiri-las; está intimamente na alegria, quando as adquire, está
intimamente na tristeza quando as perde; seu coração está nelas. Aquele que se
ama acima de todas as cousas, em todas as circunstancias se lembra de si, pensa
em si, age para si, porque sua vida é a vida de si mesmo.
56 - O homem tem por fim o que ama acima de tudo, o tem em vista em todas as
cousas e em cada cousa; isso está em sua vontade como o veio escondido de um
rio, que o arrasta e o arrebata, mesmo quando se ocupa de outra cousa porque é o
que o anima. E isso que um homem examina em um outro, e vê mesmo; e por aí, ou
o dirige, ou age com ele.
57 - O homem é absolutamente tal qual o Dominante de sua vida; por este
Dominante é distinguido dos outros; de acordo com ele se faz o seu Céu se é bom, e
se faz o seu Inferno se é mau; é sua Vontade mesma, seu Próprio mesmo, e sua
Natureza mesma, porque é o Ser mesmo de sua vida; depois da morte não pode ser
mudado porque é o homem mesmo.
58- Todo prazer, toda ventura e toda felicidade procedem, em cada um, do seu
Amor dominante, e existe segundo este amor; porque o homem chama prazer o que
ama, porque o sente; o que pensa e não ama, pode chamar prazer, mas não é o
prazer de sua vida. E o prazer do seu amor que é para o homem o Bem, e é o
desprazer que é para ele o Mal.
59 - Há dois Amores donde decorrem como de suas fontes mesmas, todos os bens
e todos veros; e há dois Amores donde decorrem todos os males e todos os falsos.
Os dois Amores donde decorrem todos os bens e todos os veros, são o Amor para
com o Senhor e o Amor em relação ao próximo; e os dois Amores donde decorrem
todos os males e todos os falsos, são o Amor de si e o Amor do mundo; estes dois
Amores são inteiramente opostos aos dois outros Amores.
60 - Os dois Amores donde decorrem todos os bens e todos os veros, e que são,
como foi dito, o Amor para com o Senhor e o Amor em relação ao próximo, fazem o
Céu o homem; é por isso também que eles reinam no Céu; e como fazem o Céu no
homem, fazem também a Igreja nele; os dois Amores donde decorrem todos os
males e todos os falsos, e que são, como foi dito o Amor de si e o Amor do mundo,
fazem o Inferno no homem, é por isso também que reinam no Inferno.
61 - Os dois Amores de que decorrem todos os bens e todos os veros e que são,
como foi dito, os Amores do Céu, abrem e formam o homem Interno espiritual,
porque residem neste homem; mas os dois Amores donde decorrem todos os males
e todos os falsos fecham e destroem o homem Interno espiritual, quando dominam,
e fazem que o homem seja natural e sensual segundo a quantidade e qualidade do
seu domínio.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
62 - O Amor é o Ser da vida do homem, nº 5002. O homem, o espírito e o anjo são
absolutamente como é seu amor, nºs 6872, 10177, 10284. O homem tem por fim o
que ele ama, nº 3796. O que o homem ama e tem fim reina universalmente nele, isto
é, em todas as cousas em geral e em particular, nºs 3796, 5130, 5949. O Amor é o
calor espiritual e o vital mesmo do homem, nºs 1589, 2146, 3338, 4906, 7081 a 7086,
9954, 10740. No homem todos os interiores que pertencem a seu entendimento e à
sua vontade, são dispostos em uma forma de acordo com o seu amor dominante, n
2023, 3189, 6609. O Amor é uma conjunção espiritual, nºs 1594, 2057, 3939, 4018,
5807, 6195, 6196, 7081 a 7086, 7501, 10130. Por conseguinte, todos no Mundo
espiritual são associados segundo seus amores, ibid. A afeição é uma continuidade
do amor, nº 3938. Todo prazer, todo divertimento, toda felicidade e toda alegria do
coração, pertencem ao amor e sua qualidade está de acordo com a qualidade do
amor, nºs 994, 995, 2204. Há tantos gêneros e espécies de prazeres e de volúpias
quantos gêneros e espécies há de afeições que pertencem ao amor, nºs 994, 995,
2204. O prazer do amor é tanto mais vil quanto mais externo, nº 996. A vida do
homem depois da morte é tal qual é seu amor, nº 2363.
63 - Pode-se, sobre o Amor e sobre sua essência e sua qualidade, saber muitas
cousas por aquelas que foram ditas e referidas acima sobre o Bem e o Vero; depois,
por aquelas que foram ditas e referidas sobre a vontade e sobre o entendimento;
depois também por aquelas que foram ditas e referidas sobre o homem Interno e o
homem Externo, visto que todas as cousas que pertencem ao amor se referem aos
bens ou aos males e que dá-se o mesmo com todos os que pertencem à vontade, e
visto que os dois Amores do Céu abrem e formam o homem Interno e os dois
Amores do Inferno o fecham e destroem. Dai, podem-se fazer aplicações e tirar
conclusões sobre a qualidade do Amor em geral e em particular.
64 - Na Obra sobre o Céu e o Inferno também se tratou dos Amores; a saber, que o
Divino do Senhor, nos Céus é o Amor para com Ele e o Amor em relação ao
próximo, nº 13 a 19; que todos os que estão nos Infernos estão nos males e, por
conseguinte nos falsos, de acordo com os Amores de si e do mundo, nº 551 a 565;
que os prazeres do amor de cada um são mudados na outra vida em prazeres
correspondentes, nºs 485 a 490; que o Calor espiritual em sua essência é o Amor, nº
133 a 140.
DOS AMORES DE SI E DO MUNDO
65 - O Amor de si consiste em não querer bem senão a si só, e em não querê-lo aos
outros, mesmo à Igreja, à Pátria, a qualquer Sociedade humana, ou ao Concidadão,
senão em relação a si; como também em não lhes fazer bem senão em vista da
reputação, da honra e da glória, de sorte que se não vê a reputação, a honra ou a
gloria no bem que lhes pode fazer, diz no coração: "Que me importa? Por que fazê-
lo? Que me adviria daí?" E assim não o faz; por isso é evidente que aquele que está
no amor de si não ama a Igreja, nem a Pátria, nem a Sociedade, nem o Concidadão,
nem Bem algum, mas que só ama a si mesmo.
66 - O homem está no Amor de si, quando nas cousas que pensa e que faz, não
encara o Próximo, nem por conseqüência o Público, ainda menos o Senhor, mas só
vê a si mesmo e aos seus; por conseqüência quando faz todas as cousas para si
mesmo e para os seus, e também quando faz alguma cousa para a Pátria e o
Próximo, unicamente a fim de se fazer ver.
67 - Foi dito para ele mesmo e para os seus, porque aquele que se ama, ama
também os seus, que são especialmente os seus Filhos e seus descendentes, e
geralmente todos os que fazem um com ele e que ele chama os Seus; amar uns e
outros é também amar-se a si mesmo, porque os considera como em si, e se
considera como neles, entre aqueles que ele chama seus estão também os que o
louvam, o honram e o veneram.
68 - No Amor de si está o homem que despreza o próximo comparando-o a si
próprio, que o considera como inimigo se não lhe é favorável, e se não o venera e
não lhe rende homenagem, ainda mais no Amor de si está aquele que, por causa
disso, odeia o próximo e o persegue; e ainda mais aquele que, por causa disso, arde
em vingança contra ele e deseja ardentemente sua perda; tais homens enfim amam
o exercício das crueldades.
69 - Pela comparação com o Amor celeste pode-se ver qual é o Amor de si: O Amor
celeste consiste em amar os usos por causa dos usos, ou o bem por causa do bem,
que se faz à Igreja, a Pátria, a uma Sociedade humana e ao Concidadão; mas o que
os ama por causa de si, não os ama senão como a criados, porque o servem:
segue-se dai que aquele que está no Amor de si, quer que a Igreja, a Pátria, as
Sociedades humanas e os concidadãos o sirvam, e não quer servi-los; coloca-se
acima deles, e os põe abaixo de si.
70 - Alem disso, quanto mais alguém está no Amor celeste, que consiste em amar
os usos e os bens, e ser afetado pelo prazer do coração fazendo-os, tanto mais é
conduzido pelo Senhor, porque este Amor é aquele em que está o Senhor, e o que
vem do Senhor; mas quanto mais alguém está no Amor de si, tanto mais é
conduzido por si mesmo; e quanto mais é conduzido por si mesmo, tanto mais o é
por seu Próprio; e o Próprio do homem não é senão mal, porque é seu mal
hereditário, que consiste em se amar de preferência a Deus e em amar o Mundo de
preferência ao Céu.
71 - O Amor de si é ainda tal que, quanto mais se lhe afrouxam os freios, isto é,
quanto mais são afastados os constrangimentos externos, que são o medo da lei e
de seus castigos, e o medo de perder a reputação, a honra, o ganho, os empregos e
a vida, tanto mais se desenvolve até querer dominar não somente sobre todo o
globo, mas ainda sobre o Céu, e sobre o Divino Mesmo; não lia jamais para ele
termo algum ou fim algum; esta cobiça está escondida em todo homem que está no
Amor de si, ainda que não se manifeste diante do Mundo, onde os freios e os
constrangimentos acima nomeados os retêm; e quem é assim, quando encontra um
obstáculo impossível de remover, se detêm aí, até que a cousa se torne possível; é
por causa de tudo isto que o homem que esta neste amor, não sabe que esta louca
cobiça está escondida nele. Que entretanto isto seja assim, cada um pode vê-lo nos
Poderosos e nos Reis, para os quais estes freios, e estes constrangimentos e estas
impossibilidades não existem, os quais se precipitam sobre as Províncias e os
Reinos, os subjugam, tanto quanto o sucesso os favorece, e aspiram a um poder e a
uma gloria sem limites; e mais ainda naqueles que estendem sua Dominação sobre
o Céu, e transferem para si todo o Poder Divino do Senhor; estes desejam
continuamente mais.
72 - Há dois gêneros de Dominação: uma do Amor em relação ao próximo; e a outra
do Amor de si. Estas duas Dominações são, em sua essência, opostas uma à outra;
aquele que domina seguido o Amor em relação ao próximo quer bem a todos, não
ama cousa alguma mais, do que fazer usos, e, portanto servir aos outros; servir aos
outros, está de acordo com o bem querer fazer bem aos outros e fazer usos; está aí
o seu Amor, e está aí o prazer de seu coração; quanto mais este é elevado ás
dignidades, tanto mais também se regozija, não por causa das dignidades, mas por
causa dos usos que pode então fazer em maior abundância e em um grau mais
extenso; tal é a dominação nos Céus. Mas aquele que domina segundo o Amor de si
não quer bem a quem quer que seja; só o quer para si e os seus; os usos que faz
são para sua própria honra e sua própria glória; estão aí para ele os únicos usos;
serve aos outros a fim de ser, servido, de ser honrado e de dominar; ambiciona as
dignidades, não pelo bem que poderia fazer, mas para estar acima dos outros e na
glória, e por conseguinte no prazer de seu coração.
73 - O Amor da Dominação permanece também após a vida no Mundo; mas aqueles
que dominaram conforme o Amor era relação ao próximo, é confiada também unia
Dominação nos Céus; e então não são eles que dominam, mas são os usos e os
bens que eles amam; e quando os usos e os bens dominam, o Senhor domina;
quanto aqueles que no Mundo dominaram segundo o Amor de Si, estes, após a vida
no Mundo, estão no Inferno, e aí são vis escravos.
74 - Agora, depois do que acaba de ser dito, pode-se conhecer quais são os que
estão no Amor de Si; pouco importa a aparência que tenham na forma externa, que
estejam elevados ou submissos, porque os motivos de dominação estão no homem
Interior, e na maioria o homem Interior está escondido, e o homem Exterior é
instruído em fingir afeições que pertencem ao Amor do Publico e do próximo,
portanto, afeições contrarias, e isso também em vista de si mesmo; pois aqueles,
sabem que amar ao Público e ao próximo impressiona interiormente à todos os
homens, e que se é mais amado e estimado por isso; se isso faz impressão é
porque o Céu influi neste amor.
75 - Os males naqueles que estão no Amor de si, são em geral o Desprezo pelos
outros, a Inveja, a Inimizade contra aqueles que não lhe são favoráveis, a
Hostilidade que dai provem, os Ódios de diversos gêneros, as Vinganças, a Astúcia,
as Trapaças, a Desumanidade, a Crueldade; e aí há onde estão tais Males, lia
também o Desprezo pelo Divino, e pelos Divinos que são os veros e os bens da
Igreja; se os honram, é unicamente de boca e não de coração.
E como estes males provêm deste amor, dele provêm também falsos semelhantes,
porque os falsos vêm dos males.
76 - O Amor do Mundo consiste em querer atrair a si as Riquezas dos outros por
qualquer meio, em colocar seu coração nestas riquezas, e em tolerar que o Mundo o
retire e o afaste do Amor Espiritual que é o Amor em relação ao próximo, e portanto
o afaste do Céu. No Amor do Mundo estão aqueles que desejam se apoderar dos
bens dos outros por diversos meios, sobretudo aqueles que empregam a astúcia e a
velhacaria considerando como nada o bem do próximo: os que estão neste amor
cobiçam os bens dos outros; quando não temem as leis nem a perda de sua
reputação por causa do proveito que ela dá, espoliam e mesmo pilham.
77 - Entretanto o Amor do mundo não é oposto ao Amor celeste no mesmo grão que
o Amor de si; porque não há males tão grandes encerrados nele. Este Amor é de
varias espécies: Há o Amor das riquezas para se elevar ás honras; há o Amor das
honras e das dignidades para se obter riquezas; há o Amor das riquezas para
diferentes usos que produzem prazeres no Mundo; há o Amor das riquezas só pelas
riquezas, tal é o Amor dos Avarentos; e assim de resto; o fim pelo qual se deseja as
riquezas é chamado uso, e é do fim ou do uso que o Amor tira sua qualidade; porque
tal é o fim pelo qual se deseja tal é o Amor; todas as outras cousas lhe servem como
meio.
78 - Em uma palavra, o Amor de si e o Amor do mundo são absolutamente opostos
ao Amor para com o Senhor e ao Amor em relação ao próximo; é por isso que o
Amor de si e o Amor do inundo são Amores infernais, e reinam no Inferno, e mesmo
fazem o Inferno no homem. Ao contrário, o Amor para com o Senhor e o Amor em
relação ao próximo são Amores Celestes, e reinam no Céu, e mesmo fazem o Céu
rio homem.
79 - Pelo que acaba de ser dito pode-se ver que todos os males estão nestes dois
Amores, e deles tiram sua origem, por que estes males, que foram enumerados, nº
75, são males comuns (ou gerais), e todos os outros que não foram enumerados,
porque são males específicos (ou particulares) derivam daqueles e deles decorrem.
Dai pode-se ver que o homem, porque nasce nestes dois amores, nasce nos males
de todo o gênero.
80 - Para que o homem conheça os Males, deve conhecer-lhes as origens, e se não
conhece os Males, não pode conhecer os Bens, portanto não pode saber o que ele
é; é por isso que se tratou aqui destas duas origens dos Males.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
81 - Dos Amores de si e do mundo.
Do mesmo modo que o Amor para com o Senhor, e o Amor em relação ao próximo,
ou a caridade, fazem o Céu, assim também o Amor de si e o Amor do inundo,
quando reinam, fazem o Inferno; é por isto que estes amores são opostos, nºs 2041,
3610, 4225, 4776, 6210, 7366, 7369, 7489, 7490, 7232, 8678, 10455, 10741, 10742,
10743, 10745. Do Amor de si e do Amor do mundo provêm todos os males, nºs
1307, 1308, 1321, 1594, 1691, 3413, 7255, 7376, 7488, 8318, 9335, 9348, 10038,
10742. Do Amor de si e do Amor do mundo provem o desprezo pelos outros, a
inimizade, o ódio, a vingança, a crueldade, as velhacarias, portanto todo mal e toda
maldade, nºs 6667, 7372, 7373, 7374, 9348, 10038, 10742. Estes Amores se lançam
com impetuosidade à proporção que se lhes afrouxam os freios, e o Amor de si se
lança até ao trono de Deus, nºs 7375, 9678. O Amor de si e o Amor do mundo são
destrutivos da sociedade humana e da ordem celeste, nºs 2045, 2057. Por causa
desses amores o Gênero Humano foi obrigado a estabelecer Governos, a submeter-
se-á Autoridades, a fim de estar em segurança, nºs 7364, 10160, 10814. Onde
reinam estes Amores o bem do amor e o bem da fé são rejeitados, ou abafados ou
pervertidos, nºs 2041, 7491, 7492, 7643, 8487, 10455, 10743. Nestes Amores lia,
não há vida, mas há morte espiritual, nºs 7494, 10731, 10741. A qualidade destes
Amores é descrita, nºs 1505, 2219, 2363, 2364, 2444, 4221, 4227, 4948, 4949, 5721,
7366 a 7377, 8678. Toda cupidez e toda cobiça pertencem ao Amor de si e ao Amor
do mundo, nºs 1668, 8910.
Os Amores de si e do mundo devem servir como meios e de modo algum como fins,
nºs 7377, 7819, 7820. Quando o homem se reforma estes Amores são virados para
que sejam conto meios e não como fim, portanto para que sejam como a planta dos
pés e não como a cabeça, nºs 8995, 9210. Naqueles que estão nos Amores de si e
do mundo, não lia o interno, mas há o externo sem o interno, porque o interno está
fechado do lado do Céu, mas o externo está aberto do lado do mundo, nºs 10396,
10400, 10409, 10412, 10422, 10429. Aqueles que estão nos Amores de si e do
mundo, não sabem o que é a caridade, o que é a consciência nem o que é a vida do
Céu, nº 7490. Quanto mais o homem está no Amor de si e do mundo, tanto mais
não recebe o bem e o vero da fé, que influem continuamente do Senhor, no homem,
nº 7491.
Naqueles que estão no amor de si e do mundo há freios externos, mas nenhum freio
interno; é por isso que os freios externos sendo retirados, eles se precipitam em
todos os crimes, nºs 107442, 107452, 10740. Todos no Mundo espiritual se voltam
segundo os amores; os que estão no amor para com o Senhor e no amor em
relação ao próximo se voltam para o Senhor, e os que estão no amor de si e no
amor do mundo se desviam do Senhor, nºs 10130, 10189, 10420, 10742. Qual é o
culto em que há o Amor de si, nºs 1304, 1306, 1307, 1308, 1321, 1322. O Senhor
governa o mundo por meio dos maus, conduzindo-os por seus próprios amores que
se referem ao amor de si e ao amor do mundo, nºs 6481, 6495. Os maus podem do
mesmo modo que os bons desempenhar funções e fazer usos e bens porque
encaram as honras e o ganho como recompensas pelas quais agem na forma
externa do mesmo modo que os bons, nºs 6481, 6495.
Todos os que estão nos infernos estão nos males e, por conseguinte nos falsos
conforme os amores de si e do mundo: ver o Tratado do Céu e do Inferno, nº 551 a
565.
82 - Do Próprio do homem de que se fala na Doutrina, acima nº 70. É o amor de
si e do mundo.
O Próprio do homem não é absolutamente senão um mal espesso, nºs 210, 215,
731, 874, 875, 876, 987, 1047, 2307, 2308, 3518, 3701, 3812, 8480, 8550, 10283,
10284, 10286, 10731. O Próprio do homem é seu voluntário, nº 4328. O Próprio do
homem é amar-se de preferência a Deus, e amar ao mundo de preferência ao Céu,
e considerar o próximo como nada relativamente a si, portanto é o amor de si e do
mundo, nºs 694, 731, 4317, 5660. Do Próprio do homem decorre não somente todo
mal, mas também todo falso, e este falso é o falso do mal, nºs 1047, 10283, 10284,
10286. O Próprio do homem é o Inferno nele, nºs 694, 8480. E por isso que o homem
que é conduzido por seu Próprio, não pode ser salvo, nº 10731. O bem que o
homem faz pelo Próprio, não é o bem, mas é em si o mal, porque o faz para si
mesmo e para o mundo, nº 8480.
O Próprio do homem deve ser separado para que o Senhor possa estar presente, nºs
1023, 1044. E é separado em atualidade quando o homem é reformado, nºs 9334,
9335, 9336, 9452, 91.53, 9454, 9938. Isso é feito só pelo Senhor, nº 9445. O homem
pela regeneração recebe o Próprio Celeste, nºs 1937, 1947, 2881, 2883, 2891.
Parece ao homem que este próprio é seu, mas não é seu, é do Senhor nele, nº
8497. Os que estão neste próprio estão no Livre mesmo, porque o Livre é ser
conduzido pelo Senhor e pelo Próprio do Senhor, nºs 892, 905, 2872, 2886, 2890,
2891, 2892, 4096, 9586, 9587, 9589, 9590, 9591. Todo Livre vern do Próprio, e sua
qualidade é conforme o Próprio, nº 2880. Qual é o Próprio celeste, nºs 164, 5660,
8480. Como é implantado o Próprio celeste, nºs 1712, 1937, 1947.
83 - Da Hereditariedade do homem, de que se fala na Doutrina, acima nº 70 a
79. É o Amor de si e do mundo.
Todos os homens, sem exceção, nascem nos males de todo gênero, ao ponto que
seu Próprio não é senão mal, nºs 210, 215, 731, 874, 875, 876, 987, 1047, 2307,
2308, 3701, 3812, 8480, 8550, 10283, 10284, 10286, 10731. O homem por
conseqüência deve renascer, isto é, ser regenerado. Afim de receber do Senhor uma
nova vida, nº 3701.
Os males hereditários são derivados dos pais e dos avós em uma longa serie
ascendente, durante a qual se acresceram e acumularam; e não provêm, como se
acredita, de um primeiro homem porque comeu da árvore da ciência, nºs 313, 494,
2910, 3469, 3701, 4317, 8550. É por isso que os males hereditários têm hoje mais
malignidade do que outrora, nº 2122. As crianças que morrem crianças e recebem
sua educação no Céu, são inteiramente más pelo hereditário, nºs 2307, 2308, 4563.
Por conseguinte tem caracteres diversos e inclinações diversas, nº 2300. Em cada
um os males interiores vêm do pai, e os males exteriores vêm da mãe, nº 3701.
Aos males hereditários o homem ajunta por si mesmo novos males que se chamam
Males atuais, nº 8551. Na outra vida ninguém é punido pelos males hereditários,
luas sim pelos males atuais que voltam, nºs 966 e 2308. Os infernos mais maliciosos
são mantidos separados, afim de que não operem os males hereditários do homem
e dos espíritos, nºs 1667, 8806.
Os males hereditários são os males do amor de si e do mundo, que consistem em o
homem se amar de preferência a Deus, e amar ao mundo de preferência ao Céu, e
considerar o próximo como nada, nºs 694, 4717, 5660. E como estes males são
contra os bens do Céu, e contra a Ordem Divina, o homem só pode nascer em uma
completa ignorância, nºs 1050, 1902, 1992 3175. O Bem natural nasce com alguns
homens, este bem, entretanto, não é o bem, porque é inclinado a todos os males e a
todos os falsos, e este bem não é aceito no Céu, a menos que não se torne bem
espiritual, nºs 2463, 2464, 2468, 3304, 3408, 3469, 3470, 3508, 3518, 7761.
DO AMOR EM RELAÇÃO AO PROXIMO OU DA CARIDADE
84 - É preciso dizer primeiro o que é o Próximo, porque é ele que deve ser amado e
é em relação a ele que a Caridade deve ser exercida; com efeito, se não se sabe o
que é o Próximo, a Caridade pode ser exercida sem distinção, da mesma maneira
em relação aos maus que em relação aos bons; assim a Caridade não é a Caridade,
porque os maus pelo bem que se lhes faz, fazem mal ao próximo, mas os bons lhe
fazem bem.
85 - A opinião comum, hoje, é que todos os homens são igualmente o próximo e que
se deve fazer o bem a quem quer que tenha necessidade de socorro; mas é da
prudência cristã bem examinar qual é a vida do homem, e exercer a Caridade de
acordo com esta vida; o homem da Igreja Interna faz isso com distinção, por
conseqüência com inteligência; ao contrario, o homem da Igreja externa não
podendo discernir as cousas desta maneira, o faz sem distinção.
86 - As distinções do Próximo, que o homem da Igreja deve absolutamente
conhecer, estão em relação com o bem que está em cada um; e como todo bem
procede do Senhor, o Senhor é no sentido supremo e no grau mais eminente, o
Próximo de Que procede a origem; dai resulta que cada um é o Próximo lia
proporção do que tem do Senhor em si; e como ninguém recebe da mesma maneira
o Senhor, isto é, o bem que procede do Senhor, é por isso que um não é o Próximo
da mesma maneira que o outro; com efeito, todos os que estão nos Céus, e todos os
que são bons nas terras, diferem quanto ao bem; não há jamais em duas pessoas
um bem absolutamente um e o mesmo; é preciso que seja diferente, a fim de que
cada um subsista por si. Mas todos estes bens diferentes, por conseqüência todas
as distinções do Próximo, que estão em relação com a recepção do Senhor, isto é,
com a recepção do Bem que procede do Senhor, jamais homem algum nem mesmo
Anjo algum pode, conhecê-los; pode-se conhecê-los somente no comum, por
conseqüência os gêneros e algumas de suas espécies; e o Senhor não exige do
homem da Igreja mais do que viver de acordo com o que ele sabe.
87 - Como o Bem em cada um é diferente, segue-se que a qualidade do Bem
determina em que grão e em que relação cada um é o Próximo; que seja assim
vê-se claramente pela parábola do Senhor sobre o homem "que caiu lias mãos dos
ladrões e foi deixado por eles meio morto; um Sacerdote passou adiante e uni Levita
também, mas um Samaritano, depois de ter pensado suas chagas e ter derramado
azeite e vinho nelas, o colocou sobre sua própria montada, o conduziu a uma
hospedaria, e deu ordem para que tivessem cuidado com ele; este, lendo exercido o
bem da Caridade, é chamado o Próximo, Luc. X 29 a 37. Por aí pode-se saber que
aqueles que estão no bem são o Próximo: o azeite e o vinho que o Samaritano
derramou nas chagas, significam também bem e o vero desse bem.
88 - Pelo que acaba de ser dito, é evidente que em uni sentido universal, o Bem é o
Próximo, visto que o homem é o próximo conforme a qualidade do bem que nele
procede do Senhor; e como o Bem é o Próximo, o Amor é o Próximo, porque todo
bem pertence ao amor: portanto cada homem é o Próximo de acordo com a
qualidade do amor que está nele pelo Senhor.
89 - Que seja o Amor que faz com que haja o Próximo, e que cada um seja o
Próximo conforme a qualidade do seu Amor é o que se vê claramente por aqueles
que estão no amor de si; esses reconhecem por Próximo os que os aluam mais, isto
é, tanto quanto são dos seus; os abraçam, lhes dão beijos, lhes fazem bem e os
chamam irmãos; e ainda mais, como são maus, dizem que estes são o Próximo de
preferência aos outros; e consideram os outros como Próximo conforme os outros os
amam; portanto conforme a qualidade e a quantidade do amor; tais homens tiram de
si mesmos a origem do Próximo, por esta razão que é o amor que faz e que
determina. Aqueles, ao contrário, que não se amam de preferência aos outros, como
são todos os que pertencem ao Reino do Senhor, tiram a origem do Próximo
d'Aquele que devem amar acima de todas as cousas, por conseqüência do Senhor;
por Próximo terão a cada um conforme a qualidade do amor para com o Senhor e
procedente do Senhor. Por aí se vê claramente donde o homem da Igreja deve tirar
a origem do próximo, e que cada um é o próximo conforme o bem que procede do
Senhor e que portanto o Bem mesmo é o Próximo.
90 - Que seja assim o Senhor ensina também em Matheus XXV, 34 a 40; porque
"aqueles que estavam no Bem, Ele diz que Lhe tinham dado de comer, que lhe
tinham, dado de beber, que O tinham recolhido, que O tinham vestido; que O tinham
visitado, e que tinham ido a Ele na prisão; e em seguida que quando fizeram isso a
um destes menores dos seus irmãos, a Ele mesmo o fizeram". Nestes seis bens,
entendidos no sentido espiritual, estão compreendidos todos os gêneros tio Próximo.
Dai é ainda evidente, que quando se ama o Bem, ama-se o Senhor, porque é do
Senhor que procede o bem, é Ele que está no Bem, e é Ele que é o Bem mesmo.
91 - O Próximo é não somente o homem no singular, mas é também o homem tio
plural, com efeito, é uma sociedade pequena ou grande, é a Pátria, é a Igreja, é o
Reino do Senhor, e, acima de tudo, é o Senhor Mesmo, eis o Próximo ao qual se
deve fazer bem por amor. Estão aí também os grãos ascendentes do Próximo;
porque uma Sociedade de varias pessoas é um grão mais elevado do que um
homem tomado separadamente; a Pátria é um grão mais elevado do que uma
sociedade; em um grão mais elevado ainda está a Igreja; e em uni grão mais
elevado ainda está o Reino do Senhor; enfim, no grau supremo está o Senhor. Estes
grãos ascendentes são como os degraus de uma escada, no cimo da qual está o
Senhor.
92 - Uma Sociedade é o Próximo de preferência à um homem só, porque se compõe
de vários homens; a caridade deve ser exercida em relação a ela da mesma
maneira que em relação ao homem no singular, à saber, de acordo com a qualidade
do bem que está nela; portanto de modo inteiramente diverso com unia sociedade
de homens probos do que com unia sociedade de homens não probos: uma
Sociedade é amada quando se provê ao seu bem por amor ao bem.
93 - A Pátria é o Próximo de preferência a uma sociedade, porque é como uma mãe;
pois o homem aí nasceu, ela o nutre, e o mantêm ao abrigo de injurias. Deve-se por
amor fazer bem à Pátria conforme suas necessidades que concernem
principalmente à sua manutenção, e à vida civil e a vida espiritual daqueles que a
habitam. Aquele que ama a Pátria e que lhe faz bem por bem querê-la, este na outra
vida ama o Reino do Senhor, pois lá o Reino do Senhor é para ele a Pátria; e o que
ama o Reino do Senhor ama o Senhor, porque o Senhor é tudo em todas as cousas
do seu Reino.
94 - A Igreja é o Próximo de preferência à Pátria, pois aquele que provê à Igreja,
provê as almas e à vida eterna dos homens que estão na Pátria; é por isso que o
que provê à Igreja por amor, ama ao Próximo em um grão superior, pois deseja e
quer para os outros o céu e a felicidade da vida para a eternidade.
95 - O Reino do Senhor é o Próximo em um grau ainda superior; pois o Reino do
Senhor se compõe de todos os que estão rio bem, tanto dos que estão nas terras
como dos que estão nos Céus; portanto o Reino do Senhor é o bem com toda sua
qualidade no complexo; quando se ama este bem, ama-se a cada um dos que estão
no bem.
96 - Estes são os grãos do Próximo, e conforme estes graus se eleva o amor
naqueles que estão no amor em relação ao Próximo; mas estes grãos são grãos na
ordem sucessiva, em que o grau anterior ou superior deve ser preferido ao grau
posterior ou inferior; e como o Senhor está no grau Supremo e Ele Mesmo deve ser
considerado, em cada grau, como o fim para o qual o homem deve tender, deve por
conseqüência ser amado acima de todos e de todas as cousas. Por isto se pode
agora ver como o Amor para o Senhor se conjunge com o Amor em relação ao
Próximo.
97 - Comumente se diz, na Conversação, que cada um é para si mesmo o próximo,
isto é, que cada um deve primeiro se ocupar consigo; mas a Doutrina da Caridade
ensina como isto deve ser entendido: Cada um deve pensar primeiro em obter para
si as necessidades da vida, isto é, a alimentação, o vestuário, o alojamento, e varias
outras cousas que são absolutamente necessárias na vida civil onde se está; e isso,
não somente para si irias também para os seus; e não, somente para o tempo
presente, mas também para o futuro. Pois se o homem não provê as necessidades
da sua vida, não pode estar em estado de exercer a caridade; com efeito lhe falta
tudo.
98 -- De que modo cada um deve ser para si o Próximo, pode-se ver por isto que é a
mesma cousa. Cada um deve se ocupar com o seu corpo para alimentá-lo e vesti-lo,
é o que se deve fazer em primeiro lugar, mas com o fim de se ter um mental são em
tini corpo são; e cada um deve se ocupar com o seu mental quanto à alimentação,
isto é, quanto ás cousas que pertencem à inteligência e à sabedoria, afim de que o
mental esteja em condições de servir ao Concidadão, ás Sociedades dos homens, à
Pátria e à Igreja, portanto ao Senhor; aquele que age assim vela bem pelos seus
interesses eternos; daí é evidente que o principal está onde há o fim propter quem
(pelo qual se age) ; pois tudo se relaciona a isso. Acontece ainda em relação a, isso
como com aquele que constrói unia casa; ele deve primeiro pôr os fundamentos,
porem os fundamentos serão para a casa e a casa será para a habitação; aquele
que acredita que é para si mesmo o próximo em primeiro lugar, é semelhante ao que
considera como fim os fundamentos e não a casa e a habitação, quando entretanto
a habitação é o fim mesmo, primeiro e último, sendo a casa com os fundamentos
unicamente um meio para o fim.
99 - O fim faz conhecer como cada um será para si o próximo, e se ocupará primeiro
de si; se o fim é ser mais rico que os outros, unicamente pelas riquezas, ou pela
volúpia, ou pela proeminência, e outras cousas semelhantes, o fim é mau; este não
ama o próximo, ama a si próprio; mas se o fim é adquirir riquezas para ficar em
estado de ser útil ao Concidadão, ás Sociedades de homens, à Pátria e à Igreja,
como também obter funções para este mesmo fim, este ama o próximo. O fim
mesmo pelo qual se age faz o homem, pois o fim é seu amor, cada um tendo por
primeiro e ultimo o que ama acima de todas as cousas.
0 que precede concerne ao Próximo, agora falar-se-á do Amor a seu respeito, ou da
Caridade.
100 - Muitos imaginam que o Amor em relação ao Próximo consiste em dar aos
pobres, em socorrer o indigente, e fazer bem a todos; mas a Caridade consiste em
agir com prudência, afim de que dela resulte bem. Aquele que socorre algum pobre,
ou algum indigente malfazejo, faz por ele mal ao próximo, pois pelo socorro que lhe
dá confirma-o no mal e lhe fornece a faculdade de fazer mal aos outros; é
inteiramente diferente o que vem em socorro dos bons.
101 - Mas a Caridade se estende muito mais longe do que aos pobres, e nos
indigentes; pois a Caridade consiste em agir com retidão em todo trabalho, e em
fazer seu dever em toda função. Se o juiz faz justiça pela justiça, exerce a caridade;
se pune o culpado e absolve o inocente, exerce a caridade, pois assim provê aos
interesses do concidadão e aos interesses da Pátria. O sacerdote que ensina a
verdade, e conduz ao bem, Pelo vero e pelo bem, exerce a caridade; mas aquele
que age assim por si mesmo e pelo mundo, não exerce a caridade, porque não ama
ao próximo mas uma a si próprio.
102 - Dá-se o mesmo com todos os outros, quer desempenhem alguma função, quer
não desempenhem; por exemplo, com os filhos em relação aos pais, e com os pais
em relação aos filhos; com os criados em relação aos patrões e com os patrões em
relação aos criados; com os súbditos em relação ao rei e com o rei em relação aos
súbditos; os que, dentre eles, cumprem o dever conforme o dever, e executam o
justo conforme o justo exercem a caridade.
103 - Que seja isso o que constitui o Amor em relação ao próximo ou a Caridade, é
porque, como já foi dito, cada homem é o próximo, mas de uma maneira diferente;
unia Sociedade pequena ou grande, é mais o próximo; a Pátria ainda mais; a Igreja
ainda mais; o Reino do Senhor ainda mais; e o Senhor acima de tudo; e porque rio
sentido universal, o Bem que procede do Senhor é o próximo, conseqüentemente
também o sincero e o justo; aquele portanto que faz um bem qualquer pelo bem, e
age com sinceridade e justiça pelo sincero e o justo, ama o próximo e exerce a
Caridade, pois age conforme o amor do bem, do sincero e do justo.
104 - A Caridade, portanto é uma afeição interna, segundo a qual o homem quer
fazer o bem; e isso sem remuneração; o prazer de sua vida é fazer o bem. Naqueles
que fazem o bem por uma afeição interna, há a Caridade em cada uma das cousas
que pensam e dizem, e que querem e fazem; pode-se dizer que o homem e o anjo
quanto a seus interiores são a Caridade, quando o bem é para eles o próximo. A
Caridade se estende tão extensamente quanto isso.
105 - Os que têm por fim o amor de si e o amor do mundo não podem, de modo
algum, estar lia caridade; não sabem mesmo o que é a caridade; e não
compreendem, de modo algum, que querer e fazer bem ao próximo, sem um fim de
recompensa, sela o Céu no homem e que haja nesta afeição unia tão grande
felicidade como a dos Anjos no Céu, que é inefável; pois acreditam que se fossem
privados da alegria que tiram da gloria das honras e das riquezas, não teriam mais
alegria alguma, e entretanto é somente então que começa a alegria celeste, que
ultrapassa infinitamente qualquer outra alegria.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
106 - O Céu é distinguido em dois Reinos, dos quais um é chamado Reino Celeste,
e o outro, Reino Espiritual; o Amor no Reino Celeste é o Amor para com o Senhor e
chama-se Amor Celeste; e o Amor no Reino espiritual é o Amor em relação ao
próximo ou a Caridade e chama-se Amor espiritual nºs 3325, 3653, 7257, 9002,
9835, 9961. Pode-se ver no Tratado do Céu e do Inferno, que o Céu foi distinguido n
estes dois Reinos, nº 20 a 28; e que o Divino do Senhor nos Céus é o Amor para
com Ele e a Caridade em relação ao próximo, nº 13 a 19.
Não se sabe o que é o Bem nem o que é o Vero, a menos que não se saiba o que é
o Amor para com o Senhor, e o que é o Amor em relação ao próximo, visto que todo
bem pertence ao Amor, e todo Vero pertence ao Bem, nºs 7255, 7366. Saber os
veros, querer os veros e impressionar-se com os veros pelos veros, isto é, porque
são veros, é a Caridade, nºs 3876, 3877. A Caridade consiste na afeição interna de
fazer o vero, e não na afeição externa sem a afeição interna, nºs 2430, 2422, 3776,
4899, 4956, 8033. Portanto a Caridade consiste em fazer usos pelos usos, nºs 7038,
8253. A Caridade é a vida espiritual do homem, nº 7801. A Palavra toda é a
Doutrina, do Amor e da Caridade, nºs 6632, 7262. Não se sabe hoje o que é a
Caridade, nºs 2417, 3398, 4776, 6632. Entretanto, o homem pela luz da razão pode
saber que o Amor e a Caridade fazem o homem nºs 3957, 6273, e também que o
Bem e o Vero concordam, e que um pertence ao outro; do mesmo modo o Amor e a
Fé, nº 7627.
O Senhor no sentido supremo é o Próximo, porque Ele deve ser amado acima de
todas as cousas; dai é o Próximo tudo que procede d'Ele e em que Ele mesmo está,
portanto .o Bem e o Vero, nºs 2425, 3419, 6706, 6819, 6823, 8124. A diferença do
Próximo está de acordo com a qualidade do Bem, portanto segundo a presença do
Senhor, nº 6707 a 6710. Todo homem e toda sociedade, depois a Pátria e a Igreja, e
no sentido universal o Reino do Senhor, são o Próximo, e lhes fazer bem pelo amor
do bem de acordo com a qualidade de seu estado, é amar o próximo, portanto o
próximo é um bem pelo qual se deve velar, nºs 6818 a 6824, 8123. O Bem civil que é
o Justo, e o Bem moral que é o Bem da vida na sociedade, e é chamado o sincero,
são o Próximo, nºs 2915, 4730, 8120, 8121, 8122. Amar o próximo é amar não a
pessoa, mas o que na pessoa faz com que ela seja o próximo, portanto o bem e o
vero, nºs 5025, 10336. Os que amam a pessoa e não o que faz na pessoa com que
ela seja o próximo, amam o mal do mesmo modo que o bem, nº 3820. E fazem bem
aos maus do mesmo modo que aos bons, o que não é amar o próximo, nºs 3820,
6703, 8120. O juiz que pune os maus afim de que se corrijam, e os bons não sejam
corrompidos por eles, ama o próximo, nºs 3820, 8120, 8121.
Amar ao próximo é amar o bem, o justo e o direito em toda obra e em toda função,
nº 8120 a 8122. Portanto a Caridade em relação ao próximo se estende a tudo que
em geral e em particular que o homem pensa, quer e faz, nº 8124. Fazer o bem e o
vero é amar o próximo, nºs 10310, 10336. Os que agem assim amam o Senhor, que,
no sentido supremo, é o Próximo, nº 9210. A vida da caridade é a vida de acordo
com os preceitos do Senhor, e viver segundo os Divinos Veros é amar o Senhor, nºs
10143, 10153, 10310, 10578, 10648.
A caridade real não é meritória, nºs 2340, 2373, 2100, 3887, 6388 6393; porque
procede da afeição interna; portanto do prazer da vida de fazer o bem, nºs 2373,
2400, 3887, 6388, 6393. Os que separam a fé da caridade fazem meritórias, na
outra vida, a fé e as boas obras que fizeram na forma externa, nº 2373. Os que estão
nos males pelo amor de si ou do mundo, não sabem o que é fazer o bem sem
remuneração, nem por conseqüência o que é a caridade não meritória, nº 8037.
A Doutrina da Antiga Igreja era a Doutrina da Vida, que é a Doutrina da Caridade, nºs
2385, 2417, 3419, 3420, 4844, 6628. Dai lhes vinha à inteligência e a sabedoria, nºs
2417, 6629, 7259 a 7262. A inteligência e a sabedoria aumentam imensamente na
outra vida naqueles que viveram no mundo a vida da caridade, nºs 1941, 5859.
O Senhor com o Divino Vero influi na caridade, porque Ele influi na vida mesma do
homem, nº 2063. O homem é como um jardim, quando nele a caridade e a fé estão
conjuntos; mas é como um deserto, quando elas não estão conjuntas, nº 7626.
Quanto mais o homem se afasta da caridade, tanto mais se afasta da sabedoria; e
aqueles que não estão na caridade estão na ignorância sobre os Divinos Veros,
ainda que acreditem ser sábios, nºs 2416, 2435. A Vida angélica consiste em fazer
os bens da caridade que são os usos, nº 454. Os Anjos espirituais, a saber, os Anjos
que estão no bem da caridade, são formas da caridade, nºs 553, 3804, 4735.
Todos os Veros espirituais encaram a Caridade como seu começo, e seu fim, nº
4353. Os Doutrinais da Igreja não servem para cousa alguma se não encaram a
Caridade como seu fim, nºs 2049, 2116.
A presença do Senhor nos homens e nos anjos é conforme o estado de seu amor e
de sua caridade, nºs 549, 904. A caridade é a imagem de Deus, nº 1013. Dentro da
Caridade há o amor para com o Senhor, ainda que o homem não o saiba, nºs 2227,
5066, 5067. Os que vivem a vida da Caridade são recebidos como cidadãos, tanto
no Mundo como no Céu, nº 1121. O bem da Caridade não deve ser violado, nº 2359.
Os que não estão na Caridade não podem reconhecer e adorar o Senhor, senão por
hipocrisia, nºs 2132, 4424, 9833. As formas do ódio e da caridade não podem estar
juntas, nº 1860.
107 - É necessário ajuntar aqui algumas particularidades sobre a Doutrina do Amor
para com o Senhor; e também sobre a Doutrina sobre a Caridade tal como a tinham
os Antigos em que estava a Igreja, afim de que se saiba o que foi outrora esta
Doutrina, que não existe mais hoje. Estas particularidades são também segundo os
Arcanos Celestes, nº 7257 a 7263.
O Bem que pertence ao Amor para com o Senhor é chamado celeste, e o Bem que
pertence ao Amor para com o próximo, ou a Caridade, é chamado bem espiritual,;
os Anjos que estão no Céu intimo ou terceiro Céu, estão no bem do Amor para com
o Senhor, é por isso que são chamados Anjos celestes; mas os Anjos que estão no
Céu médio, ou segundo Céu, estão no Bem do Amor em relação ao próximo, e é por
isso que são chamados Anjos espirituais.
A Doutrina do Bem Celeste que pertence ao Amor para com o Senhor, é a mais
vasta e a mais cheia de arcanos, pois é a Doutrina dos Anjos do Céu intimo ou
terceiro Céu; é tal que se fosse expressa pela boca deles, a sua milésima parte seria
apenas compreendida: são coisas inefáveis que ela contem. Esta Doutrina está
contida no sentido íntimo da Palavra; a Doutrina do Amor espiritual, porém, está
contida no sentido interno. A Doutrina do Bem espiritual que pertence ao Amor em
relação ao próximo também é vasta, e cheia também de arcanos, mas muito menos
que a Doutrina do Bem celeste, que pertence ao Amor para com o Senhor. Que a
Doutrina do Amor em relação ao próximo seja vasta, é o que se pode ver pelo fato
dela se estender a cada uma das cousas que o homem pensa e quer, por
conseqüência a todas as que ele diz e faz; alem disso também porque a caridade
em um, não é a mesma que em outro, e porque um não é o próximo da mesma
maneira que outro.
Como a Doutrina da Caridade era tão vasta, os Antigos, entre os quais a Doutrina da
Caridade era a Doutrina mesma da Igreja, distinguiam a caridade em relação ao
próximo em várias Classes, que subdividiam ainda; davam um nome a cada Classe,
e ensinavam como a Caridade devia ser exercida em relação a aqueles que
estavam em uma Classe, e como devia sê-lo em relação a aqueles que estavam em
uma outra; e desta maneira redigiam em ordem a Doutrina da Caridade e os
exercícios da Caridade, a fim de os colocar distintamente ao alcance do
entendimento.
Os Nomes que eles davam a aqueles em relação aos quais deviam exercer a
Caridade eram em grande número denominavam alguns Cegos, a outros Coxos, a
outros Manetas, a outros Pobres e também Miseráveis e Aflitos, a outros Órfãos, a
outros Viúvas; mas em geral os denominavam Famintos aos quais deviam dar de
comer, Sedentos aos quais deviam dar de beber, Viajantes que deviam recolher,
Nus que deviam vestir, Doentes que deviam visitar, e Prisioneiros que deviam ir ver.
Quais são aqueles que os Antigos entendiam por estes nomes é o que foi exposto
nos Arcanos Celestes; assim por Cegos, nºs 2383, 6990; por Coxos, nº 4302; por
Pobres, nºs 2199, 4459, 4958, 9209, 9253, 10227; por Miseráveis, nº 2129; por
Aflitos, nº 6663, 6851, 9196; por Órfãos, nºs 4844, 9198 a 9200; por Viúvas, nºs 4844,
9198, 9200; por Famintos, nºs 4958, 10227; por Sedentos, nºs 4958, 8568; por
Viajantes, nºs 4444, 7908, 8007, 8013, 9196, 9200; por Nus, nºs 1073, 5453, 9960;
por Doentes, nºs 4958, 6221, 8364, 9031; por Prisioneiros, nºs 5037, 5038, 5086,
5096. Nos serviços de que fala o Senhor, em relação aos Famintos, aos Sedentos,
aos Viajantes, aos Nus, aos Doentes e aos Prisioneiros, Math. XXV, 34 a 36 e
seguintes, se acha encerrada toda a Doutrina da Caridade, ver, nº 4954 a 4959.
Estes Nomes tinham sido dados do Céu aos Antigos que eram da Igreja, e por
aqueles que eram assim denominados entendiam os que eram tais espiritualmente;
sua Doutrina da Caridade ensinava não somente quem eles eram, mas também qual
devia ser a Caridade em relação a cada um. Daí vem que estes mesmos Nomes
estão na Palavra, e significam os que são tais no sentido espiritual. A Palavra em si
mesma não é senão a Doutrina do Amor para com o Senhor e a Caridade em
relação ao próximo, como o Senhor também o ensinava (Math XXII, 37 a 40):
"Atuarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu
pensamento, é este o primeiro e o grande Mandamento: o segundo lhe é
semelhante: Amarás o teu próximo como a ti mesmo; destes dois Mandamentos
dependem a Lei e os Profetas.” A Lei e os Profetas são toda a Palavra, nºs 2606,
3382, 6752, 7463.
Se estes mesmos Nomes foram postos na Palavra, foi afim de que a Palavra, que é
em si mesma espiritual, fosse natural no seu último, e porque aqueles que estavam
no culto externo deviam exercer a caridade em relação aos homens designados
espiritualmente por estes nomes, portanto era para que os simples entendessem a
praticassem a Palavra com simplicidade e os sábios com sabedoria. Além disso,
também para que os simples pelos Externos da Caridade fossem iniciados nos
internos da Caridade.
DA FÉ
108 - Não se pode saber o que é a Fé em sua essência se não se sabe o que é a
Caridade, porque onde não há Caridade, não na Fé, pois a Caridade faz um com a
Fé, como o bem com o Vero; com efeito, o que o homem ama, ou o que lhe é caro,
é para ele o bem, e o que o homem crê e para ele o vero; daí é evidente que entre a
Caridade e a Fé lia a mesma união que entre o Bem e o Vero; pode-se ver qual é
esta união pelo que foi dito acima sobre o Bem e o Vero.
109 - A união da Caridade e da Fé é como é a da Vontade e do Entendimento no
homem, pois são estas duas Faculdades que recebem o Bem e o Vero; a Vontade, o
Bem e o Entendimento, o Vero, portanto estas duas Faculdades recebem também a
Caridade e a Fé, visto que o Bem pertence à Caridade e o Vero à Fé; todos sabem
que a Caridade e a Fé estão dentro do homem e no homem, e visto que estão
dentro dele e nele, não estão noutra parte que não seja sua Vontade e seu
Entendimento, pois toda vida do homem está aí e vem daí. O homem tem também a
Memória mas esta é unicamente um vestíbulo onde estão reunidas as cousas que
devem entrar no Entendimento e na Vontade: dai é evidente que entre a Caridade e
a Fé lia a mesma união que entre a Vontade e o Entendimento; pode-se ver qual é
esta união pelo que foi dito acima sobre a Vontade e o Entendimento.
110 - A Caridade se conjunge com a Fé no homem, quando o homem quer o que
sabe e percebe; querer pertence à Caridade, saber e perceber pertence à Fé; a Fé
entra no homem e se torna cousa do homem quando ele quer e ama o que sabe e
percebe; antes disso ela está fora dele.
111 – A Fé não é a Fé no homem a não ser que ele se torne espiritual; e ele não se
torna espiritual a não ser que ela se torne cousa do amor, e ela se torna cousa do
amor quando o homem gosta de viver o vero e o bem, isto é, viver segundo o que é
prescrito na Palavra.
112 - A Fé é a afeição do Vero, proveniente de querer o vero porque é o vero, e
querer o vero porque o vero é o espiritual mesmo do homem; com efeito, isso é
inteiramente separado do natural que é querer o vero não pelo vero, mas para gloria
de si mesmo, pela reputação ou pelo lucro; o Vero, abstração feita desses motivos, é
espiritual porque vem do Divino; o que procede do Divino é espiritual, e isso é
conjunto ao homem pelo amor; pois o amor é unia conjunção espiritual.
113 - O homem pode saber, pensar e compreender muitas cousas, mas as que não
concordam com o seu amor, ele as rejeita para longe de si, quando, entregue a si
mesmo, reflete; e é por isso também que as rejeita após a vida do corpo, quando
está em espírito, pois no espírito elo homem não permanece senão o que entrou em
seu amor; as outras cousas após a morte são consideradas como estranhas, e
porque não pertencem à seu amor, as expulsa de casa. Diz-se no espírito do homem
porque o homem vive espírito após a morte.
114 - Pela luz e o calor do Sol pode-se formar unia idéia do bem que pertence à
Caridade e do vero que pertence à Fé; quando a Luz que procede do Sol está
conjunta ao calor, o que acontece na estação da primavera e na do Verão, todas as
produções da terra germinam e florescem, mas quando na luz não há o calor, como
na estação do inverno, todas as produções da terra definham e ficam em estado de
morte: e a Luz espiritual é mesmo o vero da fé, e o calor espiritual é o amor. Por isso
se pode formar unia idéia do homem da Igreja, tal qual ele é quando nele a fé foi
conjunta à caridade, a saber, que é como um jardim e como um paraíso; e tal qual é
quando nele a fé não está conjunta à caridade, a saber, que é como um deserto e
como uma terra coberta de neve.
115 - A Confiança e a segurança que se diz da fé e é chamada a fé mesma que
salva, é uma confiança ou segurança natural, mas não espiritual, quando pertence à
fé só; a confiança ou segurança espiritual tem sua essência e sua vida pelo bem do
amor mas não pelo vero da fé separada; a confiança da fé separada é morta; é por
isso que a verdadeira confiança não pode existir naqueles que levaram uma vida
má; e também a confiança em que há salvação por causa do mérito do Senhor junto
ao Pai, qualquer que tenha sido a vida do homem, não existe pelo vero. Todos os
que estão na fé espiritual, têm a confiança era que são salvos pelo Senhor, pois
crêem que o Senhor veio ao mundo para dar a vida eterna aqueles que crêem e
vivem segundo os preceitos que Ele ensinou, e que Ele os regenera e os torna
próprios para o Céu, e que Ele só faz isso, sem o concurso do homem, por pura
Misericórdia.
116 - Crer nas cousas que ensina a Palavra, ou que ensina a Doutrina da Igreja e
não conformar sua vida com isso, parece ser a Fé, e mesmo alguns imaginam que
são salvos por ela; mas ninguém é salvo por eIa só, pois é uma fé persuasiva, de
cuja qualidade vai se falar agora.
117 - Há fé persuasiva quando se crê e se ama a Palavra e a Doutrina da Igreja, não
pelo vero e a vida segundo o vero, mas pelo lucro, as honras e o renome da
erudição, como fins; e aqueles que estão nesta fé, dirigem suas vistas não para o
Senhor, nem para o Céu, irias para eles mesmos e para o Mundo. Aqueles que no
inundo aspiram as grandes cousas, e desejam muitas cousas, estão num mais forte
persuasivo de que o que ensina a Doutrina da Igreja é o Vero, do que aqueles que
não aspiram às grandes cousas e não aspiram muitas cousas; e isso porque a
Doutrina da Igreja não é para eles senão uni meio para atingir a seus fins, e quanto
mais se deseja os fins, tanto mais se ama os meios e tanto mais se crê neles. Mas
eis o que é a cousa em si mesma: Quanto mais estão no fogo dos amores de si e do
mundo, e por este fogo falam, pregam, e agem, tanto mais estão neste persuasivo; e
então nada mais sabem senão que a cousa é assim: mas quando não estão no fogo
de seus amores, crêem pouco, e muitos dentre eles nada crêem: daí é evidente que
a fé persuasiva é uma fé de boca, e não de coração, e portanto em si mesma não é
a fé.
118 - Os que estão na fé persuasiva não sabem, por ilustração interna alguma, si as
cousas, que ensinam são veros ou falsos, não se preocupam mesmo com isso,
desde que sejam criadas pelo vulgo; com efeito, não estão em afeição alguma do
vero pelo vero: é por isso que se são privados das honras e dos proveitos, se
afastam da fé, desde que sua reputação não corra perigo; pois a fé persuasiva não
está interiormente no homem, mas se mantêm no exterior, somente na memória,
donde é tirada quando é ensinada; é por isso também que esta fé se esvai com seus
veros após a morte; com efeito, não resta então da fé senão o que está interiormente
no homem, isto é, o que está enraizado rio bem, por conseqüência o que se torna
cousa da vida.
119 - Aqueles que estão na fé persuasiva são compreendidos por estes, em
Matheus VII, 22, 23: "Muitos lhe dirão naquele dia: Senhor! Senhor! Por teu Nome
não profetizamos? E por teu Nome não expulsamos os demônios? E em teu Nome
não praticamos vários atos de poder? Mas então eu lhes direi: Eu não vos conheço,
obreiros da iniqüidade. Depois em Lucas XIII, 26, 27: "Então começaríeis a dizer:
Temos comido diante de Ti, e temos bebido, e em nossas praças tens ensinado;
mas ele dirá: Eu vos digo: Eu não sei donde sois, retirai-vos de Mim (vós) todos,
obreiros da iniqüidade." São também compreendidas pelas cinco virgens insensatas,
que não tinham azeite em suas lâmpadas, em Matheus XXV, 11, 12: "Enfim vieram
também as outras virgens dizendo: Senhor! Senhor! Abre-nos! Mas Ele
respondendo, disse: Em verdade vos digo: Eu não vos conheço." O azeite nas
lâmpadas é o Bem do amor na Fé.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
120 - Aqueles que não sabem que todas as cousas do universo se referem ao Vero
e ao Bem, e à conjunção de um e de outro, para que alguma cousa seja produzida,
não sabem também que todas as cousas da Igreja se referem à Fé e ao Amor, e à
conjunção de um e de outro para que haja Igreja, nº 7752 a 7762, 9186, 9224. Todas
as cousas do universo que estão de acordo com a Ordem
Divina, se referem ao Bem e ao Vero e à conjunção de um e de outro, nºs 2452,
3166, 4390, 4409, 5232, 7256, 10122, 10555. Os Veros pertencem à Fé e os Bens
pertencem ao Amor, nºs 4352, 4997, 7178, 10367. É por isso que nesta Doutrina
tratou-se do Bem e do Vero, pode-se portanto, pelo que foi referido, concluir a
respeito da Fé e do Amor, e saber quais são quando estão conjuntos, e quais são
quando não estão conjuntos, substituindo o Amor pelo Bem, e a Fé pelo Vero e
fazendo aplicação.
Aqueles que não sabem que todas as cousas, em geral e em particular, no homem,
se referem ao Entendimento e à Vontade, e à conjunção de um e de outro, para que
o homem seja homem, não sabem claramente que todas as cousas da Igreja se
referem à Fé e ao Amor, e à conjunção de um e de outro, para que rio homem haja
Igreja, nºs 2231, 7752, 7753, 7754, 9224, 9995, 10122. Há no homem duas
faculdades, uma chamada Entendimento e a outra chamada Vontade, nºs 641, 903,
3623, 3539. O Entendimento foi destinado a receber os veros, portanto as cousas
pertencentes à Fé; e a Vontade foi destinada a receber os Bens, portanto as cousas
pertencentes ao Amor, nºs 9300, 9930, 10064. É por isso que nesta Doutrina
tratou-se também da Vontade e do Entendimento, pois pelo que foi referido, pode-se
também concluir a respeito da Fé e do Amor, e saber quais são quando estão
conjuntos e quais são quando não estão conjuntos, pensando que o Amor está na
Vontade, e a Fé rio Entendimento.
Aqueles que não sabem que no homem há um Interno e um Externo, ou um Homem
Interno e um Homem Externo; que todas as cousas do Céu se referem ao Homem
Interno, e todas as do Mundo ao Homem Externo, e que sua conjunção é como a
conjunção do Mundo espiritual e do Mundo natural, estes, não sabem o que é a Fé
espiritual e o Amor espiritual, nºs 4292, 5132, 8610. Há o Homem Interno e o Homem
Externo; o homem interno é o homem espiritual, e o homem externo é o homem
natural, nºs 978, 1015, 4459, 6309, 9701 a 9709. A Fé é espiritual, e por
conseqüência, a Fé não é a Fé senão quando ela está no Homem Interno; acontece
o mesmo com o Amor, nºs 1594, 3967, 8443. E quanto mais são amados os veros
que pertencem à fé, tanto mais se tornam espirituais, nºs 1594, 3987. É por isso que
se tratou do homem Interno, e do homem Externo; pois, pelo que foi referido,
pode-se concluir, a respeito da Fé e do Amor, o que são eles quando espirituais, e o
que são quando não espirituais, por conseqüência em que quantidade pertencem à
Igreja, e em que quantidade não pertencem à Igreja.
121 - A fé separada do amor ou da caridade é como a luz do inverno, na qual todas
as cousas da terra ficam entorpecidas, sem que nem colheita, nem flor, nem frutas
sejam produzidas; mas a Fé com o amor ou a caridade é como a luz da primavera e
do verão na qual tudo floresce e tudo é produzido, nºs 2231, 3146, 3412, 3413. A luz
do inverno, que é da fé separada da caridade, é mudada em espessas trevas,
quando a luz influi do Céu; e os que estão nesta fé caem então na cegueira e tia
estupidez, nºs 3412, 3413. Aqueles que separam a Fé da Caridade pela doutrina e
pela vida estão nas trevas, portanto na ignorância do vero e nos falsos, pois os
falsos são is trevas, nº 9186. Eles se lançam nos falsos e por conseqüência nos
males, nºs 3325, 8094. Erros e falsos em que se lançam, nºs 4721, 1730, 4776, 4783,
7779, 8313, 8765, 9224. A Palavra é fechada para eles, nºs 3773, 4783, 8780. Eles
não vêm e não pesam tudo o que o Senhor pronunciou tantas vezes sobre o Amor e
a Caridade, e sobre seus frutos ou os bens em ato, nºs 1017, 3416. Não sabem tão
pouco o que é o Bem, nem por conseqüência o que é o Amor celeste, nem o que é a
Caridade, nºs 2417, 3603, 4136, 9995.
A Fé separada da Caridade é uma fé nula, nºs 654, 724, 1162, 1176, 2049, 2116,
2340, 2349, 2419, 3849, 3863, 6348, 7039, 9242, 9783. Uma tal Fé na outra vida
perece, nº 2238, 5820. Ouando se estabelece a Fé só, por princípio, os veros são
manchados pelo falso do principio, nº 2383. Não se deixam também persuadir
porque os veros são contra o principio, nº 2385. Os Doutrinais sobre a Fé só
destroem a Caridade, nºs 6353, 8094. Os que separam a Fé da Caridade foram
representados por Cain, por Chann, por Rubens, pelo primogênito dos Egípcios e
pelos Filisteus, nºs 3325, 7097, 7317, 8093. Os que fazem salvifica a Fé só,
desculpam a vida do mal, e naqueles que estão na vida do mal não lia Fé alguma,
porque não há Caridade alguma, nºs 3865, 7766, 7778, 7790, 7950. Por esta razão o
bem não lhes pode ser conjunto, nºs 8931, 8993. E mesmo na outra vida eles são
contra o bem, e contra aqueles que estão no bem, nºs 7097, 7127, 7317, 7502, 7545,
8096, 8313. Os que são simples de coração e, entretanto sábios, sabem o que é o
bem da vida, portanto o que é a Caridade, e não sabem o que é a fé separada, nºs
4741, 4754.
Todas as cousas da Igreja se referem ao Bem e ao Vero, portanto à Caridade e à
Fé, nºs 7753, 7754. A Igreja não está no homem antes dos veros terem sido
implantados lia vida, e portanto terem se tornado bem da Caridade, nº 3310. A
Caridade faz a Igreja, e a Fé separada da Caridade não a faz, nºs 809, 916, 1798,
1799, 1834, 1844. O Interno da Igreja já é a Caridade, nºs 1799, 7755. Por
conseguinte não há Igreja onde não há Caridade, nºs 4766, 5826. A Igreja seria uma,
si todos fossem considerados de acordo com a Caridade, ainda que diferissem
quanto aos doutrinais da Fé, e quanto aos ritos do culto nºs 1286, 1816, 1798, 1799,
1834, 1844, 2385, 2982, 3267, 3451. Quantos bens haveria na Igreja, se a Caridade
fosse considerada em primeiro lugar e a Fé em segundo lugar? Nºs 6269, 6272.
Toda Igreja começa pela Caridade, mas com a continuação do tempo se afasta para
a Fé, e enfim para a Fé só, nºs 1834, 1835, 2231, 4683, 8094. No ultimo tempo da
Igreja não há Fé alguma, porque não há Caridade alguma, nº 1843. O Culto do
Senhor consiste na vida da Caridade, nºs 8254, 8256. A qualidade do culto está de
acordo com a qualidade da Caridade, nº 2190. Os homens da Igreja Externa têm o
Interno, se estão na Caridade, nºs 1100, 1102, 1151, 1153. A Doutrina das Antigas
Igrejas foi a Doutrina de Vida, isto é, a Doutrina da Caridade, e não a Doutrina da Fé
separada, nºs 2417, 2385, 3419, 3420, 4844, 6628, 7259 a 7262.
O Senhor semeia e implanta o vero no bem da caridade, quando regenera o homem,
nºs 2063, 2189, 3310. De outro modo, a semente, que é o vero da fé, não pode criar
raiz, nº 880. Os bens e os veros crescem em seguida segundo a qualidade e a
quantidade da caridade recebida, nº 1016. A luz do regenerado vem, não da fé, mas
da caridade pela fé, nº 854. Os veros da fé, quando o homem é regenerado, entram
com o prazer da afeição, porque ele estima praticá-los; e são reproduzidos com a
mesma afeição, porque são coerentes, nºs 2484, 2487, 3040, 3066, 3074, 3336,
4018, 5893.
Os que vivem no amor para com o Senhor e na Caridade em relação ao próximo,
nada perdem durante a eternidade, porque estão conjuntos ao Senhor. é
inteiramente diferente com aqueles que estão na fé separada, nºs 7506, 7507. O
homem permanece tal qual foi a sua vida da caridade, e não tal qual foi sua fé
separada, nº 8256. Todos os estados de prazer daqueles que viveram na caridade
voltam na outra vida, e são imensamente aumentados, nº 823. A beatitude celeste
influi do Senhor na Caridade, porque influi na vida mesma do homem e não na fé
sem Caridade, nº 2363. No Céu todos são considerados segundo a Caridade, e
ninguém o é segundo a fé separada, nºs 1258, 1394. Todos no Céu também são
consociados segundo os amores, nº 7085. Ninguém é admitido no Céu por pensar o
bem, nºs 2401, 3459. Si fazer o bem não estiver conjunto com querer o bem e pensar
o bem, não há salvação alguma, nem conjunção alguma do homem Interno com o
homem Externo, nº 3987. O Senhor e a Fé n'Ele não são recebidos na outra vida
senão por aqueles que estão na Caridade, nº 2343.
O Bem está em um perpétuo desejo e por conseguinte num perpetuo esforço para
se conjugar com os veros; acontece o mesmo com a Caridade em relação à Fé, nºs
9206, 9207, 9495. O Bem da Caridade reconhece seu vero da Fé, e o Vero da fé
reconhece seu Bem da caridade, nºs 2429, 3101, 3102, 3161, 3179, 3180, 4359,
5807, 5835, 9637. Por isso há uma conjunção do Vero da fé e do Bem da caridade;
sobre esta conjunção, ver nºs 3834, 4096, 4097, 4301, 4345, 4353, 4364, 4368,
5365, 7623 a 7627, 7752 a 7762, 8530, 9258, 10555. Sua conjunção é como um
Casamento, nºs 1904, 2173, 2508. A Lei do Casamento é que dois sejam um,
segundo a Palavra do Senhor, nºs 10130, 10168, 10169. O mesmo a respeito da Fé
e da Caridade, nºs 1904, 2173, 3508. É por isso que a Fé, que é a Fé, é quanto a sua
essência a Caridade, nºs 2228, 2839, 3180, 9783. Do mesmo modo que o Bem é o
Ser de uma cousa, e o Vero é o seu Existir, também à Caridade é o Ser da Igreja, e
a Fé é o seu Existir, nº 3049, 3180, 4574, 5002, 9154. O Vero da fé vive pelo Bem
da caridade, portanto a vida segundo os veros da fé, é a caridade, nºs 1589, 1947,
3579, 4070, 4096, 4097, 4736, 4757, 4884, 5147, 5928, 9154, 9667, 9841, 10729. A
fé não pode existir senão na caridade; si ela não está na caridade, o que está na fé
não é o bem, nºs 2261, 4368. A fé não vive no homem, quando ele sabe e pensa
somente as cousas que pertencem à fé, vive, porém, quando ele os quer, e segundo
o querer os faz, nº 9224.
Não há salvação alguma pela fé, mas há salvação pela vida segundo os veros da fé;
esta vida é a caridade, nºs 379, 389, 2228, 4663, 4721. São salvos aqueles que,
segundo a doutrina de sua Igreja, pensam que a fé só salva, se fazem o justo por
causa do justo e o bem por causa do bem, pois assim estão, não obstante, na
caridade, nºs 2442, 3242, 3459, 3463, 7506, 7507. Se a fé cogitativa somente,
salvasse, todos seriam salvos, nºs 2363, 10659. A Caridade faz o Céu no homem, e
a fé sem a caridade não o faz, nºs 3815, 3513, 3584, 9832, 10714, 10715, 10721,
10724. Todos no Céu são considerados segundo a caridade e não seguido à fé, nºs
1258, 1394, 2363, 4802. A conjunção do Senhor com o homem se faz não pela fé,
mas pela vida segundo os veros que pertencem à fé, nºs 9380, 10143, 10153, 10310,
10578, 10645, 10648. O Senhor é a Arvore da Vida, os bens da caridade são os
seus frutos, e a fé as suas folhas, nºs 3427, 9337. A Fé é o luminar menor, e o Amor
é o luminar grande, nº 30 a 38.
Os Anjos do Reino celeste do Senhor não sabem o que é a fé, a tal ponto que não
lhe pronunciam mesmo o nome; mas os Anjos do Reino espiritual do Senhor falam
da fé, porque raciocinam sobre os veros, nºs 202, 283, 337, 2715, 3246, 4448, 9166,
10786. Os Anjos, no Reino celeste do Senhor, dizem unicamente: Sim, sim; ou: Não,
não; mas os Anjos do Reino espiritual raciocinam para decidir se a cousa é assim ou
não é assim; quando conversam sobre os veros espirituais que pertencem à fé, nºs
2715, 3246, 4448, 9166, 10786, onde estão explicadas estas palavras do Senhor
Math, V, 37: "Que vossa palavra seja: Sim, sim; não, não; pois o que passa disso
vem do mal". Se os Anjos celestes são assim, é porque põem imediatamente na
vida os veros da fé, e não primeiro lia memória, como os Anjos espirituais; e os
Anjos celestes estão, por conseguinte, na percepção de todas as cousas que
pertencem à fé, nºs 202, 585, 597, 607, 784, 1121, 1387, 1398, 1142, 1919, 5113,
5897, 6367, 7680, 7877, 8521, 8780, 9936, 9995, 10124.
A Certeza ou a Confiança, que em um sentido elevado é chamada a fé que salva,
não existe senão naqueles que estão no bem quanto à vida, portanto nos que estão
lia caridade, nºs 2982, 4352, 4683, 4689, 7762, 8240, 9239 a 9245. Há poucos que
saibam o que é a Confiança, nºs 3868, 4352.
Que diferença há entre crer nas cousas que são de Deus, e crer em Deus, nº 9239,
9243. Uma cousa é saber, outra cousa é reconhecer e outra cousa ter fé, nºs 896,
4319, 5664 (bis). Há os científicos da fé, os racionais da fé e os espirituais da fé, nº
2504, 8078. A prime-ira cousa é o reconhecimento do Senhor, nº 10083. Tudo o que
influi do Senhor no homem é o bem, nºs 1614, 2016, 2751, 2882, 2883, 2891, 2892,
2904, 6193, 7643, 9128.
Há a fé persuasiva, que entretanto não é a Fé, nºs 2343, 2682, 2689, 3427, 3865,
8148.
Segundo diversos raciocínios parece que a fé é anterior à caridade, mas é unia
ilusão, nº 3324. Só pela luz da razão pode-se saber que o bem está em primeiro
lugar, do mesmo modo a caridade, e que o vero está em segundo, do mesmo modo
a fé, nº 6273. O bem, por conseqüência, a caridade, está em atualidade em primeiro
lugar, ou é a primeira cousa da Igreja; e o vero, por conseqüência, a fé, está no
segundo lugar, ou é a segunda cousa da Igreja, ainda que pareça de outro modo, nºs
3324, 3325, 3330, 3336, 3494, 3539, 3556, 3570, 3576, 3603, 3701, 3995, 4337,
4601, 4925, 4926, 4928, 4930, 5351, 6256, 6259, 6272, 6273, 8042, 8080, 10110.
Entre os Antigos também se discutia a respeito da primeira cousa ou do primogênito
da Igreja, se era a fé, ou se era a caridade, nºs 367, 2435, 3324.
122 - Os doze discípulos do Senhor representaram a Igreja quanto a todas as
cousas da fé e da caridade, no complexo, da mesma maneira que as doze Tribos de
Israel, nºs 2129, 3354, 3488, 3858, 6397. Pedro, Jacques e João representavam a
Fé, a Caridade e os Bens da caridade, em sua ordem, nº 3750. Pedro representou a
Fé, nºs 4738, 6000, 6073, 6344, 10087, 10580; e João os Bens da caridade, Gênesis
cap. XVIII e XXIII. Que no ultimo tempo não haverá fé alguma no Senhor, porque não
haverá nenhuma cavidade, isso foi representado por Pedro renegando três vezes o
Senhor antes que o galo tivesse cantado três vezes; pois aí no sentido
representativo, Pedro é a Fé, nºs 6000, 6073. Na Palavra o canto do galo, do mesmo
modo que a madrugada significa o último tempo da Igreja, nº 10134; e três ou três
vezes significa o completo até o fim, nºs 2788, 4495, 5159, 9198, 10127. A mesma
cousa é significada pelo que o Senhor disse a Pedro quando este viu João seguir o
Senhor (João, XXI, 21, 22): "Que te importa Pedro? Tu segue-me João"; pois Pedro
dizia de João: "Este, o que é?” Nº 10087. Porque João representava o bem da
Caridade, se inclinou na mesa sobre o peito do Senhor, nºs 3934, 10087. Que o Bem
da Caridade faça a Igreja, é também o que é significado pelas palavras do Senhor
do alto da cruz a João (João XIX, 26, 27):"Jesus viu sua mãe, e perto dela, o
discípulo que Ele amava, e disse à sua mãe: Mulher, eis teu filho; depois disse ao
discípulo Eis tua mãe. E desde esta hora este discípulo a recebeu em sua,
casa".;por João entende-se o Bem da caridade; e pela Mulher e pela Mãe, a Igreja; e
por toda passagem, que a Igreja estará onde houver o Bem da Caridade: pela
Mulher, na Palavra, entende-se a Igreja, nºs 252, 253, 749, 770, 3160, 6014, 7337,
8994; semelhantemente pela Mãe, nºs 289, 2691, 2717, 3703, 4257, 5581, 8897,
10490. Todos os nomes de pessoas e de lugares na Palavra significam cousas,
abstração feita das pessoas e dos lugares, nºs 768, 1888, 4310, 4442, 10329.
DA PIEDADE
123 - Muitas pessoas crêem que a vida espiritual ou a vida que conduz ao Céu,
consiste na Piedade, na Santidade externa, e na Renúncia ao mundo; mas a
Piedade sem a Caridade, a Santidade externa sem a santidade interna, e a
Renuncia ao mundo sem a vida no mundo, não fazem a vida espiritual; o que a faz,
é a Piedade segundo a Caridade, a Santidade externa segundo a santidade interna,
e a Renuncia ao mundo com a vida no mundo.
124 - A Piedade consiste em pensar e em falar piedosamente, e em dedicar-se
muito à prece, em comportar-se então com humildade, em freqüentar os templos e
em escutar aí com devoção as prédicas, em participar frequentemente, cada ano, do
Sacramento da Santa Ceia, e em assistir ás outras cerimoniais do culto segundo os
estatutos da Igreja. Mas a vida da Caridade é querer bem e fazer bem ao próximo,
agir em todo trabalho segundo o justo e o eqüitativo segundo o bem e o Vero,
semelhantemente em toda função; em uma palavra, a vida da caridade consiste em
fazer usos. O Culto Divino consiste principalmente na vida da caridade, mas em
segundo lugar na vida da piedade; é por isso que o que separa uma da outra, a
saber, o que leva à vida da piedade e não ao mesmo tempo à vida da caridade, não
presta culto a Deus; ele pensa em Deus, é verdade, mas é por si mesmo e não por
Deus; pois pensa continuamente em si mesmo e de modo algum no próximo, e se
pensa no próximo, o despreza se não é semelhante a si; pensa também no Céu
como recompensa, dai, em seu mental (animus) há o mérito, e também o amor de
si, alem do desprezo e negligencia dos usos, e portanto do próximo, e ao mesmo
tempo a crença de que é isento de faltas. Por aí pode-se ver que a vida da Piedade
separada da vida da Caridade não é a vida espiritual que deve estar no Culto Divino.
Math. VI, 7, 8.
125 - A Santidade externa é semelhante à Piedade externa; mas isso no homem não
é santo a menos que seu interno não seja santo; pois tal é o homem quanto a seu
Interno, tal ele é quanto ao Externo; com efeito, este procede daquele, como a ação
procede de sua causa; é por isso que a Santidade externa sem a Santidade interna
é natural e não espiritual; dai vem que se encontre entre os maus como entre os
bons; e aqueles que põem nela todo culto são ordinariamente vazios, isto é, sem o
conhecimento do bem e do vero, e entretanto os bens e os veros são as santidades
mesmas que se deve saber, crer e amar, porque vêm do Divino e o Divino está
neles; a santidade interna consiste portanto em amar o bem e o vero pelo bem e o
vero, e também o justo e o sincero pelo justo e o sincero; quanto mais o homem os
ama desta maneira, tanto mais é espiritual, ele e seu culto, pois tanto mais os quer
saber e fazer; mas quanto mais o homem não os ama desta maneira, tanto mais é
natural, ele e seu culto, e tanto mais não os quer saber nem os fazer. O culto externo
sem o culto interno pode ser comparado com a vida da respiração sem a vida do
coração, e o culto externo segundo o culto interno, à vida da respiração conjunta à
vida do coração.
126 - Quanto ao que concerne a Renúncia ao mundo, muitas pessoas crêem que
renunciar ao mundo, é viver pelo espírito e não pela carne, é rejeitar as cousas
inundarias, que são principalmente as riquezas e as honras, e estar continuamente
em piedosa meditação sobre Deus, sobre a salvação e sobre a vida eterna, passar
sua vida nas preces, na leitura da Palavra e dos livros piedosos e impôr-se aflições;
mas não é isso renunciar ao inundo; renunciar ao inundo, é amar a Deus e amar ao
próximo; Deus é amado quando se vive segundo os seus preceitos, e o próximo é
amado quando o homem faz risos é por isso que para o homem receber a vida do
Céu, é preciso absolutamente que viva no mundo, e aí, nos empregos e nos
negócios; a vida destacada das cousas do mundo é a vida do pensamento e da fé
separada da vida do amor e da caridade, e na qual perece a respeito do próximo o
bem-querer e o bem-fazer; e quando isso perece a vida espiritual é como uma casa
sem fundamento, que sucessivamente ou se esfacela, ou se fende e se entreabre,
ou vacila até que desmorona.
127 - Que fazer o bem seja render culto ao Senhor, é o que provam estas palavras
do Senhor: "Quem ouve as minhas palavras e as faz, eu o compararei a um homem
prudente que construiu sua casa sobre a rocha; mas quem ouve as minhas palavras
e não as faz, será comparado, a um homem insensato que construiu sua casa sobre
areia, ou sobre o solo sem fundamento", Math. VII, 24 a 27 e Lucas VI, 47 a 49.
128 - Por estas considerações é evidente que a vida da Piedade não tem valor e não
é aceita pelo Senhor senão quando a vida da Caridade lhe é conjunta, pois esta é o
principal, e tal é esta tal é a outra; que a Santidade externa não tem valor e não é
aceita pelo Senhor senão quando procede da Santidade interna, pois tal é esta tal é
a outra; e que a Renuncia ao mundo não tem valor e não é aceita pelo Senhor senão
quando se faz no mundo, pois renunciam ao mundo os que afastam de si o é amor
de si e do mundo, e que em todas as funções, em todo negocio e em todo trabalho,
agem com justiça e sinceridade se quando o interior, portanto por uma origem
celeste, origem que está na vida do homem, quando age com equidade, sinceridade
e justiça porque isto é conforme as leis Divinas.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
129 - A vida da Piedade sem a vida da Caridade não tem valor; mas com ela é útil,
nº 8252 e seguintes. A Santidade externa sem a Santidade Interna não é a
Santidade, nºs 2190, 10177. Dos que viveram na Santidade externa e não de acordo
a Santidade interna; o que são na outra vida, nºs 951, 952.
Há um interno da Igreja e um externo da Igreja, nº 1098. Há um Culto interno e um
Culto externo; o que é uni e o que é outro, nºs 1083, 1098, 1100, 1151, 1153. São os
internos que fazem o Culto, nº 1175. O Culto externo sem o Culto interno é um Culto
nulo, nºs 1094, 7724. O interno está no culto se a vida do homem é a vida da
caridade, nºs 1100, 11511 1153. O homem está no verdadeiro Culto quando está no
amor e na Caridade, isto é, quando está no bem quanto à vida, nºs 1618, 7724,
10242. A qualidade do culto está de acordo com o bem, nº 2190. O Culto mesmo é a
vida segundo os preceitos da Igreja, que são tirados da Palavra, nºs 7884, 9921,
10143, 1053, 10196, 10645.
O verdadeiro culto vem do Senhor ao homem, e não do homem mesmo, nºs 10203,
10299. O Senhor exige do homem um culto para a salvação do homem, e não para
Sua própria Gloria, nºs 4593, 8263, 10646. O homem crê que o Senhor exige do
homem um culto pela Gloria; irias aqueles que crêem assim não sabem o que é a
Gloria Divina, nem que a Gloria Divina é a salvação do Gênero Humano, salvação
que está no homem quando ele não se atribui cousa alguma, e quando por
humilhação afasta o seu próprio, porque então o Divino pode influir primeiro, nºs
4347, 4593, 5957, 7550, 8263, 10646. A humilhação de coração no homem existe
pelo reconhecimento de si mesmo, a saber, que ele não é senão mal, e que ele
mesmo nada pode, e pelo reconhecimento do Senhor então, a saber, que do Senhor
não procede senão o bem, e que o Senhor pode todas as cousas, nºs 2327, 3994,
7478. O Divino não pode influir, senão em uni coração humilde, porque quanto mais
o homem está na humilhação, tanto mais está ausente do seu próprio, por
conseqüência do amor de si, nºs 3994, 4347, 5957. O Senhor, portanto quer a
humilhação não para Ele mesmo, mas pelo homem, afim de que o homem esteja
em estado de receber o Divino, nºs 4347, 5957. O Culto não é culto sem humilhação,
nºs 2327, 2423, 8873. O que é a humilhação externa sem a humilhação interna, nºs
5420, 9377. O que é a humilhação de coração que é a humilhação interna, nº 7478.
Não há humilhação de coração nos maus, nº 7640.
O Culto externo sem o Culto interno está entre os que não têm caridade nem fé, nº
1200. Se interiormente no homem reina o amor de si e do mundo, seu culto é
externo sem interno, de qualquer maneira que se mostre ria forma externa, nºs 1182,
10307 a 10309. O Culto externo em que reina interiormente o amor de si, tal como é
nos que são da BabiIônia, é profano, nºs 1304, 1306 a 1308, 1321, 1322, 1326. Imitar
as afeições celestes no Culto quando se está nos inales provenientes do amor de si,
é uma cousa infernal, nº 10309.
Sobre o Culto externo; o que ele é quando procede do Culto interno, e o que é
quando não procede, pode-se ver e concluir pelo que foi dito e referido acima sobre
o Homem Interno e o Homem Externo.
Quanto aos que renunciam ao mundo, e aos que não renunciam, o que eles são, e
qual é sua sorte na outra vida, ver vários detalhes rio Tratado do Céu e do Inferno, e
aí em dois artigos; em um, onde se trata dos Ricos e dos Pobres no Céu, nº 357 a
365; e no outro, onde se trata da Vida que conduz ao Céu, nº 528 a 535.
DA CONSCIÊNCIA
130 - A Consciência é formada no homem pela religiosidade em que está segundo a
sua recepção interior.
131- A Consciência no homem da Igreja é formada pelos veros da fé segundo a
Palavra, ou segundo uma Doutrina tirada da Palavra, de acordo com a recepção destes
veros no coração; com efeito, quando o homem sabe os veros da fé e os compreende
à sua maneira, e em seguida os quer e os faz, se forma então nele uma Consciência; a
recepção no coração, é na vontade, pois é a vontade do homem que se chama
coração. Dai vem que os que têm Consciência dizem de coração o que eles dizem e
fazem de coração o que fazem. Aqueles têm também um mental não dividido, pois
agem de acordo com o que compreendem e crêem ser o vero e o bem.
132 - Naqueles que foram mais do que os outros, ilustrados nos veros da fé, e que
estão, mais do que os outros, em uma percepção clara, pode haver urna Consciência
mais perfeita do que naqueles que foram menos ilustrados e que estão em urda
percepção obscura.
133 - A Vida espiritual, mesma, do homem está na verdadeira Consciência, pois sua fé
aí está conjunta com a caridade; é por isso que para aquele, agir de acordo com a
Consciência é agir de acordo com a sua vida espiritual, e agir contra a Consciência, é
agir contra sua vida espiritual. Dai vem que eles estão na tranqüilidade da paz e na
beatitude interna, quando agem de acordo com a Consciência, e na inquietação e na
dor quando agem contra ela: é esta dor que se chama remorso de Consciência.
134 - Há no homem a Consciência do bem e a Consciência do justo; a Consciência do
bem é a Consciência do homem interno, e a Consciência do justo é a Consciência do
homem externo; a Consciência do bem consiste em agir de acordo com os preceitos da
fé pela afeição interna; a Consciência do justo consiste em agir de acordo com as leis
civis e morais pela afeição externa. Os que têm a Consciência do bem têm também a
Consciência do justo, os que têm somente a Consciência do justo estão ria faculdade
de receber a Consciência do bem e mesmo a recebem quando são instruídos.
135 - A Consciência dos que estão na Caridade em relação ao próximo é a
Consciência do vero porque é formada pela fé do vero; A Consciência nos que estão
no Amor para com o Senhor, é a Consciência do bem, porque é formada pelo amor do
vero A Consciência destes é uma Consciência superior e chama-se a Percepção do
vero pelo bem. Os que têm a Consciência do vero estão no Reino espiritual do Senhor;
mas o que têm a Consciência superior, chamada Percepção, estão no Reino celeste do
Senhor.
136 - Exemplos mostrarão, porém, claramente, o que é a Consciência: Alguém tem
consigo os bens de um outro sem que este outro o saiba, e assim pode tirar proveito
deles sem temer a lei, e sem temer a perda da honra e da reputação; se entretanto os
restitui ao outro porque eles não lhe pertencem, tem Consciência, porque faz o bem por
cansa do bem e o justo por causa do justo. Seja ainda este exemplo: Alguém pode
obter uma dignidade, mas vê que outro que a procura também, é mais útil à Pátria; se
lhe cede o lugar pelo bem da Pátria tem uma boa Consciência. Do mesmo modo em
outros casos.
137 - Por estes exemplos, pode-se concluir quais são os que têm a Consciencia; eles
são conhecidos pelo oposto: Aqueles que pelo ganho fazem tudo afim de que o injusto
pareça como justo, e que o mal pareça como bem, e vice-versa, não têm Consciência;
não sabem o que é a Consciência, e se lhes ensinam o que é, não o crêem, e alguns
não o querem saber. Tais são os que tudo fazem para si e para o mundo.
138 - Aqueles que não receberam a Consciência no Mundo, não podem receber a
Consciência na outra vida; portanto, não podem ser salvos; e isso porque não têm o
plano em que influi e pelo qual opera o Céu, isto é, o Senhor pelo Céu, e pelo qual o
Senhor os conduz a Si; pois a Consciência é o plano e o receptáculo do influxo do Céu.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
139 - Da Consciência.
Aqueles que não têm a Consciência, não sabem o que é a Consciência, nºs 7490,
9121. Há alguns que escarnecem da Consciência, quando se lhes diz o que é, nº 7217.
Outros crêem que a Consciência nada é, outros que é uma cousa triste, uma espécie
de dor natural, provenientes ou de cousas do corpo ou de cousas do mundo; outros
que é alguma cousa proveniente da religiosidade no vulgo, nº 950. Alguns não sabem
que têm Consciência, ainda que a tenham entretanto, nº 2380.
Os bons têm a Consciência, mas não os maus, nºs 831, 965, 7490. Os que estão no
Amor para com Deus e no amor em relação ao próximo tem a Consciência, nº 2380.
A Consciência está principalmente naqueles que foram regenerados pelo Senhor, nº
777. Aqueles que estão nos veros unicamente, e não na vida segundo os veros, não
têm a Consciencia, nºs 1076, 1077, 1919. Aqueles que fazem o bem pelo bem natural e
não pela religião, não têm a Consciência, nº 6208.
A Consciência do homem vem da doutrina da sua Igreja ou de sua religiosidade, e está
de acordo com ela, nº 9112. A Consciencia no homem é formada pelas cousas que são
de sua religião e ele crê serem veros, nºs 1077, 2053, 9113. A Consciência é uni freio
interno, pelo qual o homem é obrigado a pensar, dizer e fazer bem, e pelo qual é
afastado de pensar, dizer e fazer o mal, e isso, não por causa de si mesmo e mundo,
mas por causa do bem, do vero, do justo e do direito, nºs 1919, 9120. A Consciência é
um ditame interno, que tal ou tal cousa deve ser feita ou não ser feita, nºs 1919, 1935. A
Consciência em sua essência é a consciência do vero e do direito, nºs 986, 2081. A
nova vontade no homem espiritual regenerado é a Consciência nºs 927, 1023, 1043,
1044, 4299, 4328, 4493, 9115, 9596. Da Consciencia vem a vida espiritual para o
homem, nº 9117.
Há a Consciencia verdadeira, a Consciência bastarda e a Consciência falsa; sobre
estas Consciências, ver nº 1033. A Consciência é tanto mais verdadeira quanto mais é
formada por veros reais, nºs 2053, 2063, 9114. Em geral, a Consciencia é dupla, interior
e exterior; a interior é a do bem espiritual que em sua essência é o vero, e a exterior é a
do bem moral e do bem civil que em sua essência são o sincero é o justo, em geral, o
direito, nºs 6207, 10296,
A dor da Consciência é uma ansiedade do mental por causa do injusto, do não sincero
e de um mal qualquer, que o homem acredita ser contra Deus e contra o bem do
próximo, nº 7217. Se o homem sofre ansiedade quando pensa o mal, isso vem da
Consciência, nº 5470. A dor da Consciência é estar angustiado por causa do mal que
se faz, e também por causa da privação do bem e do vero, nº 7217. Como a tentação é
um combate do vero e do falso nos interiores do homem, e como nas tentações lia dor
e ansiedade, é por isso que só são admitidos nas tentações espirituais aqueles que
têm Consciência, nº 847.
Os que têm Consciência falam e agem pelo coração, nºs 7935, 9114. Os que têm
Consciência não juram em vão, nº 2842. Os que têm Consciência estão na beatitude
interior, quando fazem o bem e o justo de acordo com a Consciência, nº 9118. Os que
têm Consciência no mundo têm também Consciencia na outra vida, e lá estão entre os
felizes, nº 965. O influxo do Céu tem lugar na Consciência do homem, nºs 6207, 6213,
9112. O Senhor governa o homem espiritual por meio da Consciência que é para ele
um freio interno, nº 1862. Os que têm Consciência têm o pensamento interior, mas os
que não têm Consciência têm somente o pensamento exterior, nºs 1919, 1935. Os que
têm Consciência pensam segundo o espiritual, mas os que não têm Consciência
pensam unicamente seguido o natural, nº 1820. Os que não têm Consciência são
unicamente homens externos nº 4459. Os que não têm Consciência o Senhor governa
por freios externos, que são todas as coisas pertencentes ao amor de si e do inundo, e
por conseqüência ao medo da perda da reputação, da honra, das funções, dos
proveitos, das riquezas, e o medo da lei e da perda da vida, nºs 1077, 1080, 1835. Os
que não têm Consciência e que não obstante se deixam governar pelos freios externos,
podem exercer empregos eminentes no mundo, e fazer o bem do mesmo modo que os
que têm Consciência, mas aqueles na forma externa pelos freios externos, e estes na
forma interna pelos freios internos, nº 6207.
Os que não têm Consciência querem destruir a Consciência naqueles que a têm, nº
1820. Os que não têm Consciência no mundo, não têm também Consciência na outra
vida, nºs 965, 9122. Por conseguinte naqueles que estão no inferno não há remorso de
Consciência pelos males que fizeram no mundo, nºs 965, 9122. O que são e quais são
os escrúpulos da Consciência, quanto são desagradáveis, e a que correspondem no
mundo espiritual, nº 5386, 5724.
Os que são do Reino espiritual do Senhor têm Consciência, e foi formada em sua parte
intelectual, nºs 863, 865, 875, 895, 927, 1043, 1044, 1555, 2256, 4328, 4493, 5113,
6367, 8521, 9596, 9915, 9995, 10124. É diferente com aqueles que são do Reino
celeste do Senhor, nºs 927, 2256, 5113, 6367, 8521, 9915, 9995, 10124.
140 - Da percepção.
A percepção consiste em ver o que é vero e bem pelo influxo procedente do Senhor,
nºs 202, 895, 7680, 9128. A Percepção existe somente naqueles que estão no bem do
Amor para com o Senhor pelo Senhor, nºs 202, 371, 1442, 5228. A Percepção existe,
no Céu, naqueles que, quando viviam como homens no Mundo, punham
imediatamente na vida os doutrinais da Igreja tirados da Palavra sem os confiar
previamente à memória; desta maneira os interiores pertencentes à seu mental foram
formados para a recepção do Influxo Divino, e é por isso que seu entendimento no Céu
está continuamente na ilustração, nºs 104, 495, 503, 521, 536, 1616, 1791, 5145. Eles
sabem coisas inumeráveis, e são imensamente sábios, nºs 2718, 9543. Os que estão
lia Percepção não raciocinam sobre os veros da fé, e si raciocinassem a sua percepção
pereceria, nºs 586, 1398, 5897. Os que acreditam saber e ser sábios por si mesmos
não podem ter a Percepção, nº 1386. Os eruditos não apreendem o que é esta
percepção; mostrado pela experiência, nº 1387.
Os que estão no Reino celeste do Senhor têm a Percepção, mas os que estão rio
Reino espiritual não a têm; em lugar da Percepção têm a Consciência, nºs 805, 2144,
2145, 8081. Os que estão no Reino celeste do Senhor não pensam segundo a fé como
fazem os que estão rio Reino espiritual do Senhor; porque os que estão no Reino
celeste estão pelo Senhor lia percepção de todas as cousas que pertencem à fé, nºs
202, 597, 607, 784, 1121, 1387, 1398, 1442, 1919, 7680, 7877, 8780. É por isso que, a
respeito dos veros da fé, os Anjos celestes dizem somente, sim, sim; não, não, porque
eles os percebem e os vêm; mas os Anjos espirituais raciocinam, a respeito dos veros
da fé, para decidir se tal cousa é um vero ou não é uni vero, nºs 2715, 3246, 4448,
9166, 10786, onde estão explicadas as palavras do Senhor (Math. V, 37): "Que a vossa
palavra seja: Sim, sim; não, não, pois o que passa disso vern do mal". Os Anjos
celestes, porque sabem pela percepção os veros da fé, não querem mesmo nomear a
fé, nºs 202, 337. Diferença entre os Anjos celestes e os anjos espirituais, nºs 2088,
2669, 2708, 2715, 3235, 3240, 4788, 7068, 8521, 9277, 10295. Da Percepção dos que
foram da Igreja Antiqüíssima, Igreja que era celeste, nºs 125, 597, 607, 784, 895, 1121,
5121.
Há uma percepção interior e uma Percepção exterior, nºs 2145, 2171, 2831, 5920. No
mundo há a percepção do justo e do eqüitativo, mas raramente a percepção do vero e
do bem espiritual, nºs 2831, 5937, 7977. A luz da percepção é absolutamente diferente
da luz da Confirmação; e não é semelhante, ainda que para algumas pessoas possa
parecer semelhante, nºs 8521, 8780.
DO LIVRE
141 - Todo livre pertence ao Amor, pois o que o homem ama ele o faz livremente; daí
também, todo Livre pertence à Vontade, pois o que o homem ama ele o quer também;
e como o Amor e a Vontade fazem à vida do homem, o Livre o faz também. Por aí se
pode ver o que é o Livre, a saber, é o que pertence ao Amor e a Vontade, e, por
conseguinte à vida do homem: daí vem que o que o homem faz pelo Livre lhe parece
feito segundo o seu Próprio.
142 - Fazer pelo Livre o mal parece ser o livre, mas isso é o servil, porque este livre
vem do amor de si e do amor do inundo e estes amores vêm do inferno; um tal livre é
mesmo mudado, na atualidade, em servil depois da morte; pois o homem, cujo livre foi
esse, torna-se então, no inferno, um vil escravo: mas fazer pelo Livre o bem, é o Livre
mesmo, porque este vem do amor para com o Senhor e do amor em relação ao
próximo, e estes amores vem do Céu; este Livre permanece mesmo depois da morte, e
torna-se então verdadeiramente o Livre, pois o homem cujo Livre foi esse, torna-se no
Céu como um filho da casa: o Senhor ensina isso assim (João VIII, 34 a 36): "Quem faz
o pecado é escravo do pecado; o escravo não permanece ria casa para sempre, o filho
fica para sempre; se o Filho vos faz livres, verdadeiramente livres sereis". Agora, pois
que todo bem vem do Senhor e todo mal vem do inferno, segue-se que o Livre consiste
em ser conduzido pelo Senhor, e o Servil em ser conduzido pelo Inferno.
143 - Se o homem tem o Livre de pensar o mal e o falso, e de o fazer também, tanto
quanto as leis não o impedem, é afim de que possa ser reformado; pois os bens e os
veros devem ser implantados em seu amor e em sua vontade, para que se tornem
cousa de sua vida, e isso pode ser feito, a menos que não tenha o livre de pensar tanto
o mal e o falso como o bem e o vero; este livre é dado a cada um pelo Senhor, e
quando o homem pensa o bem e o vero; então quanto mais não ama o mal e o falso,
tanto mais o Senhor implanta o bem e o vero em seu amor e em sua vontade, por
conseqüência em sua vida, e assim o reforma. O que é semeado no Livre, isso
também fica; mas o que é semeado no Constrangido, isso não fica porque o
constrangido não provém da vontade do homem, mas da vontade daquele que
constrange. É mesmo por isso que o culto pelo livre agrada ao Senhor, mas não o culto
pelo, pois o culto pelo livre é um culto proveniente do amor; mas não é assim o culto
pelo constrangimento.
144 - O Livre de fazer o bem, e o Livre de fazer o mal, ainda que semelhantes no
exterior são tão diferentes entre si e tão distantes um do outro com o Céu do Inferno; o
Livre de fazer o bem vem também do Céu, e é chamado Livre celeste, mas o Livre de
fazer o mal vem do inferno e é chamado Livre infernal.
Quanto mais o homem está em um, tanto mais não está em outro, pois ninguém pode
servir a dois senhores. Matheus VI, 24. É mesmo o que é evidente em que os que
estão no Livre infernal crêem que o servil e o constrangido, é não ter permissão para
querer o mal e pensar o falso a seu bel prazer, enquanto que os que estão no Livre
celeste têm horror a querer o mal ou pensar o falso, e si a isso fossem constrangidos,
estariam no tormento.
145 - Visto que parece ao homem que agir pelo Livre, é agir por seu próprio, segue-se
que o Livre celeste pode também ser chamado o Próprio celeste, e o Livre infernal ser
chamado o Próprio infernal; é no próprio infernal que nasceu o homem, e este Próprio é
o mal; mas é no Próprio celeste que o homem é reformado, e este Próprio é o bem.
146 - Pelo que acaba de ser dito, pode-se ver o que é o Livre Arbítrio, a saber, que é
fazer o bem por seu arbítrio ou sua vontade, e são os que o Senhor conduz que estão
neste Livre, e o Senhor conduz aqueles que amam o bem e o vero pelo bem e o vero.
147 - O homem pode conhecer que Livre tem pelo prazer, quando pensa, fala, age,
ouve e vê, pois todo prazer vem do amor.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
148 - Todo Livre pertence ao amor ou à afeição, visto como o que o homem ama, ele o
faz livremente, nºs 2870, 3158, 8987, 8990, 9585, 9591. Como o Livre pertence ao
amor, é a vida de cada um, nº 2873. Há o Livre celeste e o Livre infernal, nºs 2870,
2873, 2874, 9589, 9590. O Livre celeste pertence ao amor do bem e do vero, nºs 1947,
2870, 2872. E o amor do bem e do vero vem do Senhor, o Livre mesmo consiste em
ser conduzido pelo Senhor nºs 892, 905, 2872, 2886, 2890, 2891, 2892, 9096, 9587 a
9591. O homem é introduzido pelo Senhor no Livre celeste por meio da regeneração,
nºs 1937, 1947, 2876, 2881, 3145, 3158, 4031, 8700. De outro modo o amor do bem e
do vero não pode ser implantado no homem, nem lhe ser apropriado em aparência
com o seu, nºs 2877, 2879, 5700, 2880, 2888. Cousa alguma do que é feito rio
constrangimento é conjunta ao homem, nºs 2875, 8700. Si o homem podesse ser
reformado por constrangimento, todos seriam salvos, nº 2881. O Constrangimento na
reformação é perigoso, nº 4031. O culto pelo Livre é um culto, mas o culto pelo
constrangimento não é um culto, nºs 1947, 2880, 7349, 10097. A Penitência deve ser
feita no estado livre, e o que é feito rio estado de constrangimento não tem valor algum,
nº 8392. Quais são os estados constrangidos, nº 8392.
Foi dado ao homem agir segundo o livre da razão, afim de que fosse provido o bem
para ele, e é por isso que o homem está no livre de pensar e de querer o mal, e
também de fazê-lo, tanto quanto as leis não o proíbem, nº 1077. O homem é mantido
pelo Senhor entre o Céu e o Inferno, e portanto em equilíbrio, afim de que esteja no
livre para a reformação, nºs 5982, 6477, 8209, 8987. O que foi semeado no livre fica,
mas não o que foi semeado no constrangimento, nºs 9588, 10777. É por isso que o livre
jamais é tirado a quem quer que seja, nºs 2876, 2881. Ninguém é constrangido pelo
Senhor, nºs 1937, 1947. Como o Senhor conduz o homem pelo livre ao bem, a saber,
que pelo livre Ele o afasta do mal, e o volta para o bem, conduzindo-o tão docemente e
tão tacitamente, que o homem não sabe outra cousa senão que é de si mesmo que
tudo procede, nº 9587.
Constranger-se vem do livre, porém não ser constrangido, nºs 1937, 1947. O homem
deve se constranger para resistir ao mal, nºs 1937, 1947, 7914. E também para fazer o
bem como por si mesmo, mas não obstante reconhecer que é pelo Senhor, nºs 2883,
2891, 2892, 7914. O homem tem um livre mais forte nos combates das tentações, em
que é vencedor, pois então o homem se constrange interiormente para resistir aos
males ainda que pareça de outro modo, nºs 1937, 1947, 2881. Em toda tentação há o
livre, mas este livre está interiormente no homem pelo Senhor e é por isso que ele
combate e quer vencer e não ser vencido, o que não o faria sem o livre, nºs 1937, 1947,
2881. O Senhor, pela afeição do vero e do bem impresso no homem interno, opera isso
sem o homem saber, nº 5044.
O Livre infernal é ser conduzido pelos amores de si e do mundo, e por suas cobiças, nºs
2870, 2873. Os que estão no Inferno não conhecem outro livre, nº 2871. O Livre celeste
está tão afastado do Livre infernal, como o Céu está afastado do inferno, nºs 2873,
2874. O Livre infernal, considerado em si mesmo, é o servil, nºs 2884, 2890; visto como
o servil é ser conduzido pelo Inferno, nºs 9586, 9590, 0591.
Todo livre é como o proprio e de acordo com o próprio, nº 2880. O homem pela
regeneração recebe do Senhor o Próprio celeste, nºs 1937, 1947, 2882, 2883, 291.
Qual é o Próprio celeste nºs 164, 5660, 8480. Este Próprio parece ao homem como o
seu proprio, mas não lhe pertence, é o Próprio do Senhor nele nº 8497. Os que estão
neste Próprio estão no Livre mesmo, porque o livre é ser conduzido pelo Senhor e pelo
Próprio do Senhor, nºs 892, 2872, 2886, 2890, 2891, 2892, 4096, 9586, 9590, 9591.
149 - Que o Livre venha do equilíbrio entre o Céu e o Inferno e que o homem, a não ser
que tenha o livre, não pode ser reformado, é o que foi mostrado no Tratado do Céu e
do Inferno a respeito do Equilíbrio mesmo, nº 589 a 596, e a respeito do Livre, nº 597
até ao fim; mas para melhor fazer compreender o que é o Livre e que o homem é
reformado pelo Livre vou referir estas passagens: Foi mostrado que o Equilíbrio entre o
Céu e o Inferno é o Equilíbrio entre o Bem que procede do Céu e o mal que procede do
Inferno, que portanto é um equilíbrio espiritual, que em sua essência é o Livre. Se o
Equilíbrio espiritual em sua essência é o Livre, é porque ele existe entre o bem e o mal,
e entre o vero e o falso, e estas cousas são espirituais; é por isso que ter a
possibilidade de querer o bem e o mal, ou de pensar o vero e o falso, e de escolher um
de preferência ao outro, é o Livre. Este Livre é dado pelo Senhor a cada homem, e não
é jamais retirado; na verdade, pela sua origem, pertence ao Senhor e não ao homem,
porque vem do Senhor, mas não obstante é dado com a vida ao homem como sendo
dele e isso afim de que o homem possa ser reformado e salvo, pois sem o Livre, não
lia reformação alguma nem salvação alguma. Cada um pode ver por unia espécie de
intuição racional que está no Livre do homem pensar mal ou bem, com sinceridade ou
sem sinceridade, justamente ou injustamente; e também que pode falar e agir bem,
com sinceridade e justamente, mas não mal, sem sinceridade e injustamente por causa
das leis morais e civis, pelas quais seu Externo é mantido nus laços (sociaes). Por isso
é evidente que o Espírito do homem, isto é, aquilo que rio homem pensa e quer, está
no livre mas não se dá o mesmo com o Externo do homem, isto é, com aquilo que no
homem fala e age, a menos que não fale e atue segundo as leis morais e civis. Se o
homem não pode ser reformado, a não ser que esteja no livre, é porque nasce nos
males de todo gênero, que devem, entretanto, ser afastados, para que possa ser salvo;
e eles não podem ser afastados, a menos que não os veja em si e não os reconheça e
em seguida, não cesse de os querer, e enfim não os tenha em aversão; é só então que
são afastados: isso não se pode fazer, se o homem não estiver ao mesmo tempo tanto
no bem como no mal; com efeito, pelo bem ele pode ver os males, mas pelo mal não
pode ver os bens; os bens espirituais que o homem pode pensar, os aprendeu desde a
infância pela leitura da Palavra e pela predicação; e os bens morais e civis, aprende-os
pela vida no mundo; eis em primeiro lugar por que o homem deve estar no Livre. Em
segundo lugar, é que cousa alguma é apropriada pelo homem, senão o que se faz pela
afeição pertencente ao amor; tudo mais, é verdade, pode entrar, mas não alem do
pensamento, e não na vontade, e o que não entra até a vontade do homem não se
torna sua propriedade, pois o pensamento tira o que lhe pertence da memória, mas a
vontade tira o que lhe pertence da vida mesma; jamais é livre alguma cousa, que não
venha da afeição pertencente ao amor; com efeito, tudo o que o homem quer ou ama,
ele o faz livremente; daí resulta que o livre do homem e a afeição que pertence a seu
amor ou à sua vontade são um; e, homem tem portanto o livre, afim de que possa ser
afetado pelo vero e pelo bem, ou amá-los, e que portanto o bem e o vero possam
tornar-se como sua propriedade; em unia palavra, tudo o que não entra no Livre no
homem não permanece, porque isso não pertence a seu amor ou à sua vontade, e o
que não pertence ao amor ou à vontade do homem não pertence à seu espírito; pois o
Ser do Espírito do homem é o Amor ou a vontade. Afim de que o homem esteja no
Livre, e isso, para que seja reformado, é conjunto quanto a seu espírito com o Céu e
com o Inferno; com efeito, em cada homem há espíritos do Inferno e Anjos do Céu;
pelos Espíritos do Inferno o homem está em seu mal, mas pelos Anjos do Céu o
homem está no bem que procede do Senhor, portanto está no Equilíbrio espiritual, isto
é, no Livre. Que anjos do céu e espíritos do inferno estejam adjuntos a cada homem,
vê-se no Artigo sobre a Conjunção do Céu com o Gênero Humano nº 291 a 302.
DO MERITO
150 - Os que fazem o bem a fim de merecer, fazem o bem não por amor ao bem, mas
por amor da recompensa, os que agem assim consideram e colocam o prazer na
recompensa, e não no bem; é por isso que não são espirituais, mas são naturais.
151 - Fazer o bem, que é o bem, deve ter lugar pelo amor do bem, portanto pelo bem;
aqueles que estão neste amor não querem ouvir falar de Mérito, pois estimam fazê-lo,
e percebem nisso a felicidade, e vice-versa, e entristecem se se acredita que agem por
alguma vantagem própria. Isso é pouco mais ou agem menos como quando se faz bem
aos amigos por causa da amizade a um irmão por causa da fraternidade, a esposa e
filhos por são esposa e filhos, à pátria por causa da pátria, portanto por amizade e por
amor; também os que pensam bem, dizem e se persuadem que fazem o bem, não
para si mesmos, mas para aqueles.
152 - Os que fazem o bem pela recompensa não fazem o bem pelo Senhor, fazem-no
por si mesmos, pois consideram-se a si mesmos em primeiro lugar, porque consideram
o seu próprio bem e não consideram o bem do próximo, que é o bem do concidadão,
de uma sociedade de homens, da pátria e da Igreja senão como um meio para seu fim;
daí vem que no bem do Mérito está escondido o bem do amor de si e do mundo, e este
bem procede do homem e não do Senhor; e todo bem que procede do homem não é o
bem, e mesmo, tanto quanto tem escondido em si o eu mesmo e o mundo, é mal.
153 - A caridade real e a fé real são isentas de todo mérito, pois o prazer da caridade é
o bem mesmo, e o prazer da fé é o vero mesmo; é por isso que os que estão nesta
caridade e nesta fé sabem o que é o Bem não meritório mas os que não estão na
caridade e na fé não o sabem.
154 - Que se não deve fazer o bem tendo em vista tinia recompensa, o Senhor Mesmo
o ensina em Lucas VI, 32 a 35: "Se amais os que vos amam que graça é a vossa? Pois
os pecadores fazem o mesmo: amai antes vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai
sem nada esperar, então vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo.
Que o homem também não possa por si mesmo fazer o bem, que seja realmente o
bem, é ainda o que o Senhor ensina em João III, 27: "Um homem nada pode receber,
se não lhe for dado do Céu". E noutra parte em João XV, 4 a 8: "Jesus disse: Eu sou a
vinha, vós os sarmentos. Como o sarmento não pode por si mesmo dar fruto, se não
permanecer na vinha; elo mesmo modo, vós também não, se em Mim não
permanecerdes. Aquele que em mim permanece, e Eu nele, esse dá muito fruto;
porque sem Mim nada podeis fazer".
155 - Visto que todo bem e todo vero vêm do Senhor, e que nada do bem, nem do vero
vem do homem, e visto que o bem que vem do homem não é o bem, segue-se que o
mérito não pertence a homem algum, mas pertence ao Senhor só. 0 Mérito do Senhor
consiste em que por Seu próprio poder Ele salvou o gênero Humano, e também em
que Ele salva aqueles que fazem por Ele o bem. Daí vern que, na Palavra, é chamado
justo aquele a quem o mérito e a justiça do Senhor são atribuídas, e Injusto aquele que
se atribui sua própria justiça e seu proprio mérito.
156 - O prazer mesmo que reside no amor de fazer o bem sem intuito de remuneração,
é a recompensa que permanece eternamente, pois o Céu e a felicidade eterna são
insinuados pelo Senhor nesse bem.
157 - Pensar e crer que aqueles que fazem o bem vão para o Céu, e também que é
necessário fazer o bem para ir para o Céu, não é encarar a recompensa como fim, nem
por conseqüência por o mérito lias obras; pois do mesmo modo também pensam e
crêem os que fazem o bem pelo Senhor; mas os que pensam, crêem e agem assim, e
que não estão no amor do bem pelo bem, encaram a recompensa como fim e põem o
mérito rias obras.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
158 - Ao Senhor só o Mérito e a justiça, nºs 9715, 9979. O Mérito e a Justiça do Senhor
consistem em que pelo próprio poder Ele salvou o Gênero Humano, nºs 1813, 2025 a
2027, 9715, 9805, 10019. O Bem da Justiça e do Mérito cio Senhor é o Bem que reina
no Céu, e este Bem é o Bem do Seu Divino Amor pelo qual Ele salvou o Gênero
Humano, nºs 9486, 9979. Nenhum homem pode por si mesmo tornar-se a justiça, nem
por direito algum arrogar-se-á, nº 1813. Quais são lia outra vida os que se arrogam a
justiça, nºs 942, 2027. Na Palavra é chamado justo aquele a quem a justiça e o Mérito
do Senhor são atribuídos, e injusto aquele que se atribui a sua própria justiça e o seu
proprio mérito, nºs 5069, 9263. Aquele que uma vez foi justo pelo Senhor deve ser
continuamente justo pelo Senhor, pois a justiça não se torna jamais apropria justiça do
homem, mas pertence continuamente ao Senhor, nº 9486. Aqueles que crêem na
Justificação ensinada na igreja sabem pouca cousa sobre a Regeneração, nº 5398.
Quanto mais o homem atribui ao Senhor e não a si mesmo todos os bens e todos os
veros, tanto mais tem a sabedoria, nº 10227. Visto que todo bem e todo vero vêm do
Senhor e que cousa alguma do bem nem do vero vem do homem, e visto que o bem
que vem do homem não é o bem, segue-se que o mérito não pertence a homem
algum, mas pertence ao Senhor, só, nºs 9975, 9981, 9953. Os que entram no Céu
renunciam a todo mérito de si mesmos, nº 4007, e não pensam em remuneração, pelos
bens que fazem, nºs 6478, 9174. Os que pensam pelo mérito estão longe de
reconhecer que todas as cousas pertencem à Misericórdia, nºs 6478, 9174. Os que
pensam pelo mérito pensam na recompensa e ria remuneração; querer merecer é,
portanto querer ser remunerado, nºs 5660, 6392, 9975. Estes não podem receber o Céu
em si, nºs 1805, 9977, 8480. A felicidade celeste consiste na afeição de fazer o bem
sem intento de remuneração, nºs 6388, 6478, 9174, 9984. Na outra vida, tanto mais
alguém faz o bem sem intuito de remuneração, tanto mais influi do Senhor a beatitude
com aumento, e esta beatitude é decepada logo se pensa em remuneração, nºs 6478,
9174.
O bem deve ser feito sem intuito de remuneração, nºs 6392, 6478; ilustrado, nº 9981. A
Caridade real é sem cousa alguma meritória, nºs 2343, 2371, 2400, 3887, 6388 a 6393;
porque procede do amor, por conseqüência do prazer de fazer o bem, nºs 3816, 3887,
6388, 6478, 9174. Pela recompensa na Palavra, entende-se o prazer e a felicidade
fazendo bem aos outros sem intuito de recompensa, e os que estão na caridade real
sentem e percebem este prazer e esta felicidade, nºs 3816, 3956, 6388.
Os que fazem o bem por causa da recompensa amam-se a si mesmos e não amam ao
próximo, nºs 8002, 9210. Na Palavra, pelos Mercenários entende-se, no sentido
espiritual, os que fazem o bem por causa da recompensa nº 8002. Os que fazem o
bem por causa da recompensa querem na outra vida, ser servidos, e jamais estão
contentes, nº 6393. Desprezam o próximo e se irritam contra o Senhor, por não
receberem recompensa, dizendo que a mereceram, nº 1976. Aqueles que em si
separam a fé da caridade, fazem meritórios, na outra vida, a fé, e também as boas
obras que fizeram na forma externa, portanto por eles mesmos, nº 2317. Quais são
alem disso, na outra vida os que põem o mérito nas obras, nºs 942, 1774-, 1877, 2027.
Lá estão na terra inferior e aparecem a si mesmos rachando lenha, nºs 1110, 4943,
8740; e isso porque a Madeira em particular, principalmente a Madeira de Schittim,
significa o bem do mérito, nºs 2784, 2812, 9472, 9486, 9715, 10178.
Os que fizeram o bem por causa da remuneração desempenham ofícios de
domesticidade no Reino do Senhor, nºs 6389, 6390. Os que põem o mérito nas obras
sucumbem nas tentações, nºs 2273, 9978. Os que estão nos amores de si e do mundo
não sabem o que é fazer o bem sem remuneração, nº 6392.
DA PENITENCIA E DA REMISSÃO DOS PECADOS
159 - Aquele que quer ser salvo deve confessar seus pecados e fazer penitência.
160 - Confessar os pecados é conhecer os males, vê-los em si, reconhecê-los,
declarar-se culpado, e por causa desses inales condenar-se; quando se faz isso diante
de Deus, é confessar os pecados.
161 - Fazer penitência é depois de ter assim confessado os pecados, e ter pedido com
unia oração humilde a remissão deles, renunciar a eles e levar uma vida nova, segundo
os preceitos da caridade e da fé.
162 - Aquele que somente de uma maneira geral reconhece que é um pecador, e se
declara culpado de todos os males sem se examinar, isto é, sem ver seus pecados; faz
uma confissão, mas não a confissão da penitencia; esse, porque não conhece seus
males, vive em seguida como dantes.
163 - Aquele que vive a vida da caridade e da fé faz penitência cada dia; refleti sobre
os males que estão em si, reconhecê-los, guarda-se contra eles, suplica ao Senhor
para lhe dar socorro; com efeito, o homem caí continuamente por si mesmo, mas é
continuamente levantado pelo Senhor e conduzido para o bem; tal é o estado daqueles
que estão no bem; aqueles, ao contrário, que estão no mal caem continuamente, e são
também levantados continuamente pelo Senhor, mas são unicamente retidos, com
medo que caiam em males mais graves, para os quais tendem por si mesmos com
todas as suas forças.
164 - O homem que se examina para fazer penitência deve examinar seus
pensamentos e as intenções de sua vontade e procurar aí o que ele faria se tivesse
licença, isto é, se não temesse a lei e a perda da reputação, da honra e do ganho; aí
estão os inales do homem; os males que o homem faz por meio do corpo provem todos
daí; os que não examinam os males do seu pensamento e da sua vontade não podem
fazer penitência, pois pensam e querem em seguida como antes; e entretanto querer
os males é fazê-los. Isso é, examinar-se.
165 - A penitência de boca sem a da vida não é a penitência; pela penitencia de boca
os pecados não são remidos, nem o são pela penitência da vida. Os pecados são
continuamente remidos do homem pelo Senhor, pois Ele é a Misericórdia mesma; mas
os pecados se ligam ao homem, ainda que ele creia que foram remidos, e não são
afastados dele senão por urna vida segundo os preceitos da verdadeira fé; quanto mais
ele vive segundo estes preceitos, tanto mais os pecados são afastados, e quanto mais
são afastados, tanto mais são remidos.
166 - Acredita-se que os pecados, quando são remidos, são apagados, ou lavados, por
assim dizer, como as imundices o são pela água; entretanto eles não são apagados,
mas são afastados, isto é, o homem é desviado deles, quando é mantido no bem pelo
Senhor; e quando é mantido no bem, parece que está sem pecado, portanto como se
eles estivessem apagados; e quanto mais o homem é reformado, tanto mais ele pode
ser mantido do no bem. No Doutrinal seguinte sobre a regeneração, será dito como o
homem é reformado. Aquele que acredita que os pecados são remidos de outro modo
está em um grande erro.
167 - Os sinais de que os pecados foram remidos, isto é, afastados, são os seguintes:
Percebe-se prazer adorando Deus por Deus, servindo o próximo pelo próximo, portanto
fazendo o bem pelo bem, e pronunciando o vero pelo vero; não se quer ter mérito por
cousa alguma da caridade e da fé; foge-se e têm-se em aversão os inales, tais como
as inimizades, os ódios, as vinganças, os adultérios, e os pensamentos mesmos com a
intuição concernente a estes males. Mas os sinais de que os pecados não foram
remidos, isto é, afastados, são os que se seguem: Adora-se a Deus não por Deus, e
serve-se o próximo não pelo próximo, portanto faz-se o bem e pronuncia-se o vero não
pelo bem nem pelo vero, mas por si mesmo e pelo mundo; quer ter-se mérito pelos
atos que se faz; sente-se prazer rios males, por exemplo, na inimizade, no ódio, na
vingança, nos adultérios, e por estes males leva-se com todo desregramento o
pensamento sobre eles.
168 - A penitência que se faz em um estado livre tem eficácia, mas a que se faz em um
estado constrangido não o tem; os estados constrangidos são os estados de doença, o
estado de abatimento por causa de infortúnio, o estado de unia morte iminente alem
disso também todo estado de temor que tira o uso da razão. Aquele que é mau, e no
estado de constrangimento promete fazer penitência, e mesmo faz o bem, esse quando
vem ao estado livre, volta à sua vida precedente do mal: é diferente com o homem
bom.
169 - Depois que o homem se examinou, reconheceu seus pecados e fez penitência,
deve permanecer constantemente no bem até ao fim da vida; pois se recai em seguida
em sua precedente vida do mal e se apega a isso, então profana, pois então o mal é
conjunto ao bem, dai seu ultimo estado, é pior que o primeiro segundo as palavras do
Senhor: "Quando o espírito imundo sabe do homem, percorre lugares áridos,
procurando repouso, mas não o encontra; então diz: Voltarei para minha casa donde
sai; e, tendo vindo, a encontra vazia, e varrida, e ornada para ele; então vai e se liga a
sete outros espíritos piores do que ele; e tendo entrado habitam lá: e o último (estado)
deste homem, torna-se pior do que o primeiro". Math XII, 43 a 45. O que é a profanação
vê-se no que se segue.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
170 - Do Pecado ou do Mal.
Há inumeráveis gêneros de males e de falsos, nºs 1188, 1212, 4818, 4822, 7574. Há o
mal pelo falso, há o falso pelo mal, e de novo por conseqüência, o mal e o falso, nºs
1679, 2243, 4818. 0 que é o mal do falso, e qual é este mal, nºs 2408, 4818, 7272,
8265, 8279. E o que é o falso do mal e qual é este falso nºs 6359, 7272, 9304, 10302.
Dos males que vêm da sua culpa, nºs 4171, 4172. Dos males provenientes do
entendimento, e dos males provenientes da vontade, nº 9009. Diferença entre
Prevaricação, Iniqüidade e Pecado, nºs 6563, 9156.
Todos os males são aderentes ao homem, nº 2116. Os males não podem ser tirados
do homem, o homem somente pode ser desviado, e ser mantido nos bens, nºs 865,
868, 887, 894, 1581, 4564, 8208, 8393, 8988, 9014, 9333, 9446, 9447, 9448, 9451,
10057, 10060. Ser desviado do mal e mantido no bem, é efetuado pelo Senhor só, nºs
929, 2406, 8206, 10060. Assim os males e os falsos são unicamente afastados, e isso
se faz sucessivamente, nºs 9334, 9335, 9336. Isso se faz pelo Senhor por meio da
regeneração, nºs 9445, 9452, 9453, 9454, 9938. Os males impedem o Senhor de entrar
nºs 5696. O homem deve se abster dos males para receber do Senhor o bem, nº
10109. O bem e o vero influem lia proporção em que se abstém dos males, nºs 2388,
2411, 10675. Ser desviado do mal e mantido no bem é a remissão dos pecados, nºs
8391, 8393, 9014, 9444 a 9450. Sinais de que os pecados estão ou não estão remidos,
nºs 9449, 9450. Pertence à remissão dos pecados considerar as cousas pelo bem e
não pelo mal, nº 7697.
O mal e o pecado são uma separação e um afastamento do Senhor, e é isso que é
significado na Palavra pelo mal e pelo pecado, nºs 4997, 5229, 5474, 5746, 5841, 9346.
São e significam uma separação e um afastamento do bem e do vero, nº 7589. São e
significam o que é contra a ordem Divina, nºs 4839, 5076. O mal é a danação e o
inferno, nºs 3513, 6279, 7155. Não se sabe o que é o inferno a menos que não se saiba
o que é o mal, nº 7181. Os males são por assim dizer pesados, e caiem por si mesmos
para o inferno, e também os falsos pelo mal, nºs 8279, 8298. Não se sabe o que é mal
a menos que não se saiba o que é o amor de si e do mundo, nºs 4997, 7178, 8318.
Destes amores provêm todos os males, nºs 1307, 1308, 1321, 1594, 1691, 3413, 7255,
7376, 7488, 7489, 8318, 9335, 9348, 10038, 10742.
Os homens quaisquer que eles sejam, nascem nos males de todo gênero, a ponto que
seu próprio não é senão mal, nºs 210, 215, 731, 874, 876, 987, 1047, 2307, 2308, 2318,
3701, 3812, 8480, 8550, 10283, 10284, 10731. O homem por conseqüência deve
renascer ou ser regenerado, afim de que receba a vida do bem, nº 3701.
O homem se lança, a si mesmo, no inferno quando faz o mal por consentimento, em
seguida por propósito deliberado, e enfim por prazer, nº 6203. Nos falsos de seu mal
estão aqueles que estão no mal da vida, quer o saibam, quer não o saibam, nºs 7577,
8094. O homem não se apropriaria do mal se cresse, como a cousa é realmente, que
todo mal vem do inferno, e que todo bem vem do Senhor, nºs 6206, 4151, 6324, 6371.
Na outra vida os males são afastados dos bons e os bens são afastados dos maus, nº
2256. Todos, na outra vida, são repostos nos seus interiores, portanto os maus são
repostos nos seus inales, nº 8870. Na outra vida, o mal tem em si o seu castigo e o seu
bem a sua remuneração, nºs 696, 967, 1857, 6559, 8214, 8223, 8226, 9049. O homem
na outra vida, não é punido pelos males hereditários, porque não é censurável por isso,
mas punido pelos seus males atuais, nºs 966, 2308. Os interiores do mal são sujos e
medonhos, ainda que apareçam de modo diferente na forma externa, nº 7046.
0 mal é atribuído ao Senhor lia Palavra, e entretanto d'Ele só procede o bem, nºs 2447,
6071, 6991, 6997, 7533, 7632, 7679, 7926, 8227, 8228, 8632, 9306. Semelhantemente
a cólera, nºs 5798, 6997, 8284, 8433, 9306, 10431. Porque é dito assim na Palavra, nºs
6071, 6991, 6997, 7643, 7632, 7679, 7710, 7926, 8282, 9010, 9128. O que é
significado por carregar a iniqüidade quando isso se diz do Senhor, nº 9937, 9965. O
Senhor vira o mal em bem nos bons que são infestados e tentados, nºs 8631. Deixar o
homem fazer o mal segundo seu livre, é permitir, nº 10778. Os males e os falsos são
governados pelo Senhor por meio das leis da permissão, e são permitidos por causa da
ordem, nºs 7877, 8700, 10778. A permissão do mal pelo Senhor é, não como de
alguém que quer, mas como de alguém que não quer, mas que não pode dar remédio
em razão de um fim urgente, nº 7877.
171 - Do Falso.
Há inumeráveis gêneros de falsos, a saber, tantos quantos há de males, e os falsos e
os males estão de acordo com as origens que são em grande número, nºs 1188, 1212,
4729, 4822, 7574. Há o falso segundo o mal ou o falso do mal e há o mal segundo o
falso ou o mal do falso, e de novo por conseqüência o falso, nºs 1679, 2243. De um
falso tomado por princípio, decorrem falsos em uma longa série, nºs 1510, 1511, 4717,
4721. Há o falso segundo as cobiças do amor de si e do mundo; e há o falso pelas
ilusões dos sentidos, nºs 1295, 4729. Há falsos de religião, e lia falsos da ignorância,
nºs 4729, 8318, 9258. Há o falso em que está o bem e o falso em que não está o bem,
nºs 2863, 9304, 10109, 10302. Há a falsidade, nºs 7318, 7319, 10648.
Do falso do mal, qual ele é, nºs 6359, 7272, 9304, 10302. Do mal do falso, qual ele é,
nºs 2408, 4818, 7272, 8265, 8279. Os falsos pelo mal aparecem como nevoeiros, e
como águas impuras acima dos infernos, nºs 8217, 8138, 8148. Tais águas significam
também os falsos, nºs 739, 790, 7307. Os que estão no inferno preferem os falsos
segundo o mal, nºs 1695, 7351, 7352, 7357, 7392, 7699. Os que estão no mal não
podem pensar senão o falso, quando pensam por si mesmos, nº 7437.
Há falsos de religião que estão em concordância com o bem, e os há que estão em
discordância, nº 9258. Os falsos de religião, se não estão em discordância com o bem,
não produzem o mal senão naqueles que estão no mal da vida, nº 8318. Os falsos de
religião são imputados, não a aqueles que estão no bem, mas a aqueles que estão no
mal, nºs 8051, 8149. Todo falso pode ser confirmado, e quando foi confirmado aparece
como vero, nºs 5033, 6865, 8521, 8780. É preciso abster-se bem de confirmar os falsos
de religião, porque dai vem principalmente à persuasão do falso, nºs 845, 8780. Quanto
é perigosa a persuasão do falso, nºs 794, 806, 5096, 7686. A persuasão do falso
suscita continuamente cousas que confirmam o falso, nºs 1510, 1511, 1675. Os que
estão na persuasão do falso estão interiormente presos, nº 5096. Quando os que estão
num forte persuasivo do falso aproximam-se dos outros na outra vida, fecham o seu
racional, e por assim dizer os sufocam, nºs 3895, 5128. Os veros não reais, e também
os falsos, podem ser consorciados com os veros reais, mas os falsos em que está o
bem, e não os falsos em que está o mal, nºs 3470, 3471, 4551, 4552, 7344, 8149, 9298.
Os falsos em que está o bem são recebidos pelo Senhor como veros, nºs 4736, 8149.
O bem cuja qualidade vem do falso é aceito pelo Senhor se há ignorância, e na
ignorância inocência, e fim bom, nº 7887.
O mal falsifica o vero, porque faz descer o vero para o mal e o aplica ao mal, nºs 8094,
8149. O vero se diz falsificado quando foi aplicado ao mal por confirmação, nº 8602. O
vero falsificado é contra o vero e o bem, nº 8062. Além disso, sobre as falsificações do
vero, nºs 7318, 7319, 10648.
172 - Do Profano e da Profanação, de que se fala na Doutrina acima nº 169.
A profanação é a mistura do bem e do mal, e também do vero e do falso, no homem, nº
6348. Profanar os bens e os veros, ou as cousas santas da Igreja e da Palavra,
ninguém o pode, a não ser o que primeiro as reconhece nelas acredita e, mais ainda,
se com elas conforma sua vida, e em seguida se afasta da fé, não as crê, e vive para si
e para o mundo, nºs 593, 1008, 1010, 1059, 3398, 3399, 3898, 4289, 4601, 8394,
10297. Aquele que em sua primeira juventude crê nos veros, e mais tarde não os
crêem, profana levemente, mas aquele que mais tarde confirma em si os veros, e em
seguida os nega, profana gravemente, nºs 6959, 6963, 6971. Profanam também
aqueles que crêem nos veros e vivem mal; e também aqueles que não crêem nos
veros e vivem, santamente, nº 8882. Se, após uma penitência de coração, o homem
recai nos males anteriores, profana; e então seu ultimo estado é pior do que o
precedente, nº 8394. Aqueles que no Mundo Cristão mancham as cousas santas da
Palavra por pensamentos e expressões impuras, profanam, nºs 4050, 5390. Há
diversos gêneros de profanação.
Aqueles que reconhecem as coisas santas, e com mais forte razão aqueles que não
tiveram conhecimento delas, não podem profaná-las nºs 1008, 1010, 1059, 9188,
10287. Aqueles que estão dentro da Igreja podem profanar as cousas santas, mas não
aqueles que estão fora da Igreja, nº 2051. Os gentios porque estão fora da Igreja e não
têm a Palavra, não podem profanar de modo algum, nºs 1327, 1328, 2051. Os judeus
também não podem profanar as cousas santas interiores da Palavra e da Igreja,
porque não a reconhecem de modo algum, nº 6963. É por isso que os veros interiores
não foram também descobertos aos judeus, pois se tivessem sido descobertos e
reconhecidos, eles os teriam profanado, nºs 3398, 3489, 6963. A profanação é
entendida pelas palavras do Senhor referidas acima: nº 169, a saber (Math. XII, 43 a
45): "Quando o espírito imundo sai do homem, percorre lugares áridos, procurando
repouso mas não o encontra; então diz: Voltarei para minha casa, donde sai; e, tendo
vindo, a encontra vazia e varrida, e ornada para ele; então se vai, e junta-se a sete
outros espíritos piores do que ele; e, tendo entrado, habitam ali; e o ultimo (estado)
deste homem torna-se pior do que o primeiro". Pelo espírito imundo que sane do
homem, entende-se a penitência daquele que está no mal; por percorrer os lugares
áridos, e não encontrar repouso entende-se que tal é para ele a vida do bem; pela casa
a que volta porque a encontra vazia e ornada para ele, entende-se o homem mesmo, e
que a sua vontade está sem o bem; pelos sete espíritos a que se junta, e com os quais
volta, entende-se o mal unido ao bem; pelo seu estado pior então que o primeiro,
entende-se a profanação; é este o sentido interno destas palavras, pois o Senhor falou
por correspondências. Cousa semelhante é entendido pelas palavras que o Senhor
dirige aquele que curou ria piscina de Bethesda (João V, 14): "Eis que estás curado,
não peques mais, com medo que alguma cousa pior não te aconteça". Também, por
estas palavras (João XII, 40): "Ele cegou seus olhos, e endureceu seus corações, com
medo que eles não vissem com os olhos e não compreendessem com o coração, e
que não se convertessem e eu não os curasse". Converter-se e ser curado, é profanar,
o que acontece quando os veros e os bens são reconhecidos e em seguida rejeitados;
e teria sido assim, se os judeus se tivessem convertido e tivessem sido curados, como
acabou de ser dito.
A sorte dos profanadores na outra vida é a pior de todas, porque o bem e o vero que
reconheceram permanecem, e também o mal e o falso, e como são coerentes, se
produz um dilaceramento da vida, nºs 571, 582, 6348. É por isso que é principalmente
provido pelo Senhor a que a profanação não tenha lugar, nºs 2426, 10287. Por
conseqüência, o homem é afastado do reconhecimento e da fé, se aí não pode
permanecer até ao fim de sua vida, nºs 3398, 3402. E é de preferência mantido na
ignorância e no culto externo, nºs 301 a 303, 1327, 1328. E mesmo o Senhor encerra
nos interiores do homem os veros e os bens que este recebeu reconhecendo-os, nº
6595.
Para que os veros, interiores não sejam profanados, eles; não são revelados senão
quando a Igreja está em seu fim, nºs 3395, 3399. É por isso que o Senhor veio ao
mundo e abriu os veros interiores, então que a Igreja tinha sido inteiramente devastada,
nº 3398. Ver o que foi referido sobre este assunto no Tratado do Julgamento Final e da
BabiIônia Destruída, nºs 73, 74.
Na Palavra, por Babel é significada a profanação do bem e por Chaldéa a profanação
do vero, nºs 1182, 1283, 1295, 1304, 1306, 1307, 1308, 1321, 1322, 1326. Estas
profanações correspondem aos grãos proibidos ou aos imundos adultérios de que se
fala na Palavra, nº 6348. A profanação foi representada na Igreja Israelita e judaica pela
ação de comer sangue; é por esta razão que isto foi severamente proibido, nº 1003.
DA REGENERAÇÃO
173 - Aquele que não recebe a vida espiritual, isto é, que não é engendrado de novo
pelo Senhor, não pode atingir o Céu, o Senhor o ensina em João III, 3: "Em verdade,
em verdade te digo: Se alguém não é, engendrado de novo, não pode ver o Reino de
Deus".
174 - O homem por seus pais não nasce na vida espiritual, mas nasce na vida natural:
a vida espiritual é amar Deus acima de todas as cousas, e amar ao próximo como a si
mesmo: e isso de acordo com os preceitos da fé que o Senhor ensinou na Palavra;
mas a vida natural é amar-se e amar ao mundo mais do que o próximo e mesmo mais
que a Deus.
175 - Cada homem por seus pais nasce no amor de si e do mundo: todo mal que pelo
hábito contraiu uma espécie de natureza é transmitido aos filhos, assim
sucessivamente do pai e da mãe, dos avós e dos antepassados, remontando em uma
longa série; dai a derivação do mal torna-se enfim tão grande, que toda a vida própria
do homem não é absolutamente senão mal. Este derivar continuo não é quebrado e
mudado senão pela vida da fé e da caridade procedente do Senhor.
176 - O que o homem tira do hereditário pende continuamente para este hereditário e
aí tomba; por conseguinte, o homem confirma este mal em si, e ajunta a isso também,
por si mesmo, vários males. Estes males são absolutamente contrários à, vida
espiritual, eles a destroem; se portanto o homem não recebe do Senhor, uma vida
nova, que é a vida espiritual, por conseqüência se não é concebido de novo, si não
nasce de novo, e não é de novo educado, isto é, se não é criado de novo, é danado;
pois não quer outra cousa mais, e por conseguinte não pensa em outra cousa mais,
senão no que tem relação consigo mesmo e com o mundo, como se faz no inferno.
177 - Ninguém pode ser regenerado si não souber as cousas que pertencem à vida
nova, isto é, à vida espiritual: as cousas que pertencem à vida nova, ou à vida
espiritual, são os veros que é preciso crer, e os bens que é preciso fazer; aqueles
pertencem à fé e estes à caridade. Ninguém os pode saber por si mesmo, pois o
homem não apreende senão o que vem ao encontro dos seus sentidos; é por aí que
ele adquire a luz (luer) que se chama luz natural; por esta luz vê unicamente as cousas
que pertencem ao mundo e as que lhe pertencem, mas não as que pertencem ao Céu,
nem as que pertencem a Deus; estas, ele deve aprendê-las pela revelação. Portanto
deve aprender que o Senhor, que de toda eternidade é Deus, veio ao mundo para
salvar o gênero humano; que a Ele pertence todo poder no Céu e sobre a terra; que
tudo o que é da fé e tudo o que é da caridade, por conseqüência todo vero e todo bem,
vêm d'Ele; que há um Céu e que há um inferno; que o homem deve viver eternamente;
rio Céu, se agiu bem; no inferno, se agiu mal.
178 - Estas cousas e varias outras são veros da fé, que o homem, que deve se
regenerar, precisa saber; pois aquele que as sabe pode pensá-los, em seguida querê-
los, e enfim fazê-los, e portanto ter unia vida nova. Por exemplo, aquele que não sabe
que o Senhor é o Senhor do gênero humano, não pode ter fé n'Ele, nem amá-lo nem
por conseguinte fazer o bem por causa d'Ele; aquele que não sabe que todo bem vem
d'Ele não pode pensar que a sua salvação vem d'Ele, nem com mais forte razão querer
que isso seja assim, por conseqüência não pode viver por Ele; aquele que não sabe
que lia um inferno, que há um Céu, que há uma vida eterna, não pode mesmo pensar
na vida do Céu, nem se aplicar em recebê-la; do mesmo modo para o resto.
179 - Há em cada um, um homem Interno e um homem Externo; o Interno é o que se
chama homem espiritual, e o Externo é o que se chama ]tomem natural; um e outro
deve ser regenerado, afim de que o homem seja regenerado. No homem que não foi
regenerado, o homem Externo ou natural governa, e o homem Interno ou espiritual
serve; dai é evidente que, no homem, desde o nascimento, a ordem da vida está
invertida, a saber, que o que deve governar, serve, e o que deve servir, governa; esta
ordem deve ser invertida a fim de que o homem possa ser salvo; e esta inversão não
pode existir jamais senão pela regeneração operada pelo Senhor.
180 - O que se deve entender pelo homem Interno governando e o homem Externo
servindo, e pelo homem Externo governando e o homem Interno servindo, pode ser
assim ilustrado: Se o homem coloca todo bem no que lhe é agradável, no lucro e no
fausto, e se acha prazer no ódio e na vingança, e interiormente procura em si mesmo
razões que o confirmem, então o homem Externo governa e o homem Interno serve.
Mas quando o homem sente o bem e o prazer pensando e querendo com bondade,
sinceridade e justiça, e no exterior, falando e agindo semelhantemente, então o homem
Interno governa e o homem Externo serve.
181 - O homem Interno é regenerado em primeiro lugar pelo Senhor, e em seguida o
homem Externo, e este é regenerado por meio daquele; com efeito, o homem Interno é
regenerado por pensar as cousas que pertencem à fé e à caridade, e o homem Externo
é regenerado pela vida segundo estas cousas. Isso é entendido pelas palavras do
Senhor (João III, 5): "Se alguém não é engendrado da água e do espírito, não pode
entrar no Reino de Deus". A água no sentido espiritual é o vero da fé, e o espírito é a
vida segundo este vero.
182 - O homem que foi regenerado está, quanto a seu homem interno, no Céu e aí é
anjo com os anjos; entre os quais viverá também após a morte; então poderá viver a
vida do Céu, amar o Senhor, amar o próximo, compreender o vero, saborear o bem, e
perceber a beatitude que dele procede.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
183 - O que é a regeneração e por que é feita.
Sabe-se pouca cousa hoje sobre a regeneração; causas, nºs 33761, 4136, 5398. O
homem nasce nos males de todo gênero; e por conseguinte, quanto a seu próprio por
nascimento, não é senão mal, nºs 2191 215, 731, 874 a 876, 987, 1047, 2307, 2308,
3518, 3710, 3812, 8480, 8549, 8550, 8552, 10283, 10284, 10286, 10731. O hereditário
do homem é só mal, ver a Coletânea acima, nesta Doutrina, nº 83. O próprio homem
também é só mal, ver a mesma Coletânea, nº 82. O homem mesmo considerado
segundo o hereditário e o próprio, é pior que os brutos, nºs 637, 3175. É por isso que
por si mesmo ele dirige continuamente suas vistas para o inferno, nºs 694, 8480. Se
portanto o homem fosse conduzido por seu próprio jamais poderia ser salvo, nº 10731.
A vida natural do homem é contraria à vida espiritual, nºs 3912, 3928. O bem que o
homem faz por si mesmo ou segundo o próprio, não é bem porque ele o faz para si
mesmo e para o mundo, nº 8480. O próprio do homem deve ser afastado, para que o
Senhor e o Céu possam estar presentes, nºs 1023, 1044. O próprio do homem é
afastado na atualidade, quando o homem é regenerado pelo Senhor, nºs 9334 a 9336,
9452, 9454, 9938. É por isso que o homem deve ser criado de novo, isto é,
regenerado, nºs 8549, 9450, 9937. Na Palavra por criar o homem e significado
regenerá-lo, nºs 16, 88, 10634.
O homem pela regeneração é conjunto ao Senhor, nºs 2004, 9334. É também
consorciado aos anjos no Céu, nºs 2574. O homem não atinge ao Céu antes de estar
em estado de ser conduzido pelo Senhor por meio do bem, o que acontece quando é
regenerado, nºs 8516, 8539, 8722, 9139, 9832, 10367.
No homem que não foi regenerado o homem Externo ou natural governa, e o homem
Interno serve, nºs 3167, 8743. Assim o estado do homem é invertido por nascimento, e
é por isso que deve ser inteiramente mudado para que o homem possa ser salvo, nºs
6507, 8552, 8553, 9258. O fim da regeneração é que o homem Interno ou espiritual
governe, e o homem Externo ou natural sirva, nº 911 a 913; é mesmo o que acontece
quando o homem foi regenerado, nºs 5128, 5651, 8743; pois após a regeneração não é
mais o amor de si e do mundo que reina, mas é o amor para com o Senhor e o amor
em relação ao próximo, portanto o Senhor e não o homem, nºs 8856, 8857. Dai é
evidente que o homem si não for regenerado, não poderá ser salvo, nºs 5280, 8548,
8772, 10156.
A regeneração é um plano para aperfeiçoar a vida do homem durante a eternidade, nºs
9334. O homem regenerado é aperfeiçoado também na eternidade, nºs 6648, 100118.
Qual é o homem regenerado, e qual é o homem não regenerado, nºs 977, 986, 10156.
184 - Quem é regenerado?
0 homem não pode ser regenerado antes de ter sido instruído sobre os veros da fé e os
bens da caridade, nºs 677, 679, 711, 8635, 8638, 8639, 8640, 10729. Aqueles que
estão unicamente nos veros, e não nos bens, não podem ser regenerados, nºs 6567,
8725. Ninguém é regenerado si não for dotado de caridade, nº 989. Só os que têm
consciência é que podem ser regenerados, nºs 2689, 5470. Cada um é regenerado de
acordo com a faculdade de receber o bem do amor para com o Senhor e o da caridade
em relação ao próximo pelos veros da fé segundo a doutrina de Igreja, tirada da
Palavra, nºs 2967, 2975. Quais são os que podem ser regenerados e quais os que não
o podem, nº 2689. Os que vivem a vida da fé e da caridade, e que não são
regenerados no mundo, são regenerados na outra vida, nºs 989, 2490.
185 - A regeneração é feita pelo Senhor só.
Só o Senhor regenera o homem; o homem e o anjo não contribuem absolutamente em
nada, nº 10067. A regeneração do homem é a imagem da glorificação do Senhor, isto
é, do mesmo modo porque o Senhor fez Divino o Seu Humano, também faz espiritual o
homem que Ele regenera, nºs 3043, 3138, 3212, 3296, 3490, 4402, 5688, 10057,
10076. 0 Senhor quer ter inteiramente o homem que Ele regenera, e não uma parte, nº
6138.
186 - Varias particularidades sobre a regeneração.
O homem é regenerado pelos veros da fé e pela vida segundo esses veros, nºs 1904,
2046, 9088, 9959, 10028. Isso é entendido pelas palavras do Senhor (João III, 5): "Se o
homem não for engendrado da água e do espírito, não pode entrar no Reino de Deus".
Pela água é significado o vero da fé, e pelo espírito à vida segundo este vero, nº 10240.
Na Palavra pela água é significado o vero da fé, nºs 2702, 3058, 5668, 8568, 10238. A
purificação espiritual, que é a dos males e dos falsos, é feita também pelos veros da fé,
nºs 2799, 5954, 7044, 7918, 9088, 10229, 10237. Os veros quando o homem é
regenerado são implantados no bem, para que se tornem cousas da vida, nºs 880,
2189, 2574, 2697. Quais devem ser os veros, para que possam ser implantados no
bem, nº 8725. Na regeneração o vero é iniciado e conjunto ao bem, e o bem o é ao
vero reciprocamente, nºs 5365, 8516. Como se faz a iniciação e a conjunção recíproca,
nºs 3155, 10067. O vero é implantado no bem, quando se torna cousa da vontade,
porque então torna-se cousa do amor, nº 10367.
Há dois estados para o homem que se regenera; o primeiro, quando é conduzido pelo
vero ao bem; o segundo, quando pelo bem ele age, e pelo bem vê o vero, nºs 7923,
7992, 8505, 8506, 8510, 8512, 8516, 8643, 8648, 8658, 8690, 8701, 8772, 9227, 9230,
9274, 9297, 10048, 10057, 10060, 10076. Qual é o estado do homem quando o vero
está em primeiro lugar, e o bem em segundo, nº 3610. Dai é evidente que quando o
homem está sendo regenerado, pelo vero olha para o bem, mas quando está
regenerado, pelo bem encara o vero, nº 6247. Portanto, se faz, por assim dizer, um
reviramento nisto, pois o estado do homem é invertido, nº 6507.
É preciso, porém, que se saiba que a cousa se passa assim: Quando o homem está
sendo regenerado, o vero está em primeiro lugar e o bem em segundo, não em
atualidade, mas somente em aparência; quando porém o homem está regenerado, o
bem está em primeiro lugar e o vero em segundo em atualidade e de uma maneira
perceptível, nºs 3324, 3325, 3330, 3336, 3494, 3539, 3548, 3556, 3563, 3570, 3576,
3603, 3701, 4243, 4245, 4247, 4925, 4926, 4928, 4930, 4977, 5351, 6256, 6269, 6269,
6273, 8516, 10110. Portanto o bem é o primeiro e o ultimo da regeneração, nº 9337.
Como o vero parece estar em primeiro lugar, e o bem em segundo, quando o homem
está sendo regenerado, ou o que é a mesma cousa, quando o homem está se tornando
Igreja, é em razão dessa aparência que era um assunto de controvérsia, entre os
Antigos, se o vero da fé era o primogênito da Igreja, ou se era o bem da caridade, nºs
367, 2435. O bem da caridade é o primogênito da Igreja em atualidade, e o vero da fé o
é unicamente em aparência, nºs 3325, 3494, 4925, 4926, 4928, 4930, 8042, 8080. Na
Palavra também, pelo primogênito, é significado o primeiro da Igreja, ao qual pertence
à prioridade e a superioridade, nº 3325. E por isso que o Senhor é chamado o
Primogênito porque todo bem do amor, da caridade e da fé, está n'Ele e vem d'Ele, nº
3325.
Não se deve voltar do estado posterior em que o vero é considerado segundo o bem,
para o estado anterior no qual o bem é considerado segundo o vero: porque, nºs 2454,
3650 a 3655, 5895, 5897, 7857, 7923, 8505, 8506, 8510, 8512, 8516, 9274, 10184; aí
são explicadas as Palavras do Senhor em: Math. XXIV, 18: "Que aquele que então
(estiver) no campo não volte para trás para buscar suas roupas"; e em Luc. XVII, 31,
32: "Que quem quer que esteja no campo não volte para trás; lembrai-vos da esposa
de Loth". Pois é isso que é significado por estas palavras.
Progresso da regeneração do homem; como ele tem lugar é descrito nos nºs 1555,
2343, 2490, 2657, 2979, 3057, 3286: 3370, 3316, 3332, 3470, 3701, 4353, 5113, 5126,
5270, 5280, 5342, 6717, 8772, 9043, 9103, 10021, 10057, 10367. Os arcanos da
regeneração são inumeráveis, visto como a regeneração se faz durante toda a vida do
homem, nºs 2679, 3179, 3584, 3665, 3690, 3701, 4377, 4551, 4552, 5122, 5126, 5398,
5912, 6751, 9103, 9258, 9296, 9297, 9334. Apenas alguma cousa desses arcanos
chega ao conhecimento e à percepção do homem, nºs 3179, 9336; é isso que é
entendido por estas palavras do Senhor (João III, 8): "O vento sopra onde quer e tu lhe
ouves o som; mas não sabes donde ele vem nem onde vai; é como todo aquele que é
engendrado do espírito''. Do progresso da regeneração do homem da Igreja espiritual,
nºs 2675, 2678, 2679, 2682; e do progresso da regeneração do homem da Igreja
celeste; qual é a diferença, nºs 5113, 10124.
Acontece com o homem que está sendo regenerado o mesmo que com unia
criancinha, que a principio aprende a falar, depois a pensar, em seguida a viver bem,
até que todas estas cousas se fazem espontaneamente como por ele mesmo, nºs 3203,
9296, 9297. Assim o que está sendo regenerado a princípio é conduzido pelo Senhor
como uma criancinha, depois como um rapaz, em seguida como um adulto, nºs 3665,
3690, 4377, 4378, 4379, 6751. O homem, quando está sendo regenerado pelo Senhor,
está a principio no estado de inocência externa, que é o estado de sua infância, em
seguida é sucessivamente conduzido ao estado da inocência interna que é o estado de
sua sabedoria, nºs 9334, 9335, 10021, 10210. O que é e qual é a inocência da infância,
e o que é e qual é a inocência da sabedoria, nºs 1616, 2305, 2306, 3494, 4563, 4797,
5608, 9301, 10021. Comparação da regeneração do homem com a concepção e
formação no útero, nºs 3570, 4931, 9258. É por isso que as gerações e os nascimentos
na Palavra, significam gerações e nascimentos espirituais, isto é, que pertencem à
regeneração, nºs 613, 1145, 1255, 2020, 2584, 3860, 3868, 4070, 4668, 6239, 10249. A
regeneração do homem ilustrada pelas germinações no reino vegetal, nºs 5115, 5116.
A regeneração do homem representada no arco-íris, nºs 1042, 1043, 1053.
Um e outro homem, tanto o Interno ou espiritual como o Externo ou natural, deve ser
regenerado, e um pelo outro, nºs 3869, 3870, 3872, 3876, 3877, 3882. O homem
Interno é regenerado antes do homem Externo, porque o homem Interno está na luz do
Céu, e o homem Externo está na luz do mundo, nºs 3321, 3325, 3469, 3493, 4353,
8747, 9325. O homem Externo ou natural é regenerado pelo homem Interno ou
espiritual, nºs 3286, 3288, 3321. O homem não está regenerado enquanto o seu
homem Externo ou natural não está ainda regenerado, nºs 8742 a 8747, 9043, 9046,
9061, 9325, 9334. Se o homem natural não é regenerado, o homem espiritual é
fechado, nº 6299. E é como cego quanto aos veros e aos bens da fé e do amor, nºs
3493, 3969, 4353, 4588. Quando o homem natural está regenerado, todo o homem
está regenerado, nºs 7442, 7443. Isso é significado pela lavagem dos pés dos
discípulos e por estas palavras do Senhor (João III, 9, 10): "Aquele que está lavado não
tem necessidade, senão quanto aos pés, de ser lavado, e estará limpo
completamente", nº 10245. A ablução na Palavra significa a ablução espiritual, que é a
purificação dos males e dos falsos, nºs 3147, 10237; e à pés significam as cousas que
pertencem ao homem natural, nºs 2162, 3761, 3986, 4280, 4938 a 4952; portanto lavar
os pés, é purificar o homem natural, nºs 3147, 10241.
Como é regenerado o homem natural, nºs 3502, 3508, 3509, 3518, 3573, 3576, 3579,
3616, 3762, 5373, 5647, 5656, 5651, 5660. Qual é o homem natural quando foi
regenerado, e qual ele é quando não foi regenerado, nºs 8744, 8745. O homem está
regenerado quando o homem natural não combate contra o homem espiritual nº 3286.
Quando está regenerado o, homem natural percebe os espirituais pelo influxo, nº 5651.
O sensual, que é o ultimo do homem natural, não é regenerado hoje, mas o homem é
elevado acima dele, nº 7442. Os que são regenerados são elevados em atualidade
acima dos sensuais na luz do Céu, nºs 6183, 6454. 0 que é e qual é o homem sensual,
ver acima nas coletâneas, nº 50.
0 homem é regenerado pelo influxo nos conhecimentos do vero e do bem que possui,
nºs 4096, 4097, 4364. Quando o homem está sendo regenerado, é introduzido por bens
e veros intermediários, nos bens e veros reais, e em seguida os bens e veros
intermediários são abandonados, e os reais os substituem, nºs 3665, 3686, 3690, 3974,
4063, 4067, 4145, 9382. Então é introduzida uma outra ordem entre os veros e os
bens, nºs 4250, 4251, 9931, 10303; eles são dispostos segundo os fins, nº 4104.
Aqueles que estão sendo regenerados passam por vários estados, e são sem cessar
conduzidos mais interiormente no Céu, portanto mais para perto do Senhor, nº 6645. O
regenerado está na ordem do Céu, nº 8512. O seu interno está aberto no Céu, nºs 8512,
8513. 0 homem pela regeneração atinge à inteligência angélica; entretanto ela se
mantêm escondida em seus interiores, enquanto ele vive no mundo, mas é aberta lia
outra vida, e então há nele uma sabedoria semelhante à dos anjos, nºs 2494, 8747.
Estado daqueles que são regenerados, quanto à ilustração, nºs 2697, 2701, 2704. O
homem pela regeneração recebe um entendimento novo, nº 2657. Como se opera a
frutificação do bem e a multiplicação do vero naqueles que são regenerados, nº 984.
Os veros segundo os bens no regenerado fazem como uma pequena estrela por
derivações sucessivas, e se multiplicam ao redor, nº 5912. Os veros segundo o bem rio
regenerado foram dispostos nesta ordem, afim de que os veros reais do bem, de que
procedem os outros como de seus pais, estejam rio meio, e que em seguida estes
outros se sucedam em ordem segundo os parentescos e as afinidades até aos últimos,
onde está a obscuridade, nºs 4129, 4551, 4552, 5134, 5270. Os veros pelo bem rio
regenerado são dispostos na forma do Céu, nºs 3316, 3470, 3584, 4302, 5704, 5709,
6028, 6690, 9931, 10303, e no Tratado do Céu e do Inferno, no Artigo da Forma do
Céu segundo a qual aí se estabelecem as consorciações e as comunicações, nº 200 a
212; e no Artigo da Sabedoria dos Anjos no Céu, nº 265 a 275.
No regenerado há correspondência entre os espirituais e os naturais, nº 2850. A ordem
da vida foi inteiramente mudada no regenerado, nºs 3332, 5159, 8995. O homem
regenerado é inteiramente novo quanto ao espírito, nº 3212. O regenerado aparece
semelhante quanto aos externos ao que não é regenerado, mas não quanto aos
internos, nº 5159. O bem espiritual que consiste em querer e fazer o bem segundo a
afeição do amor do bem, não existe no homem senão pela regeneração, nº 4538. Os
veros são também reproduzidos pela afeição que os fazem entrar, nº 5893. Quanto
mais os veros são privados da vida proveniente do próprio do homem, tanto mais são
conjuntos ao bem e recebem a vida espiritual, nºs 3507, 3610. Quanto mais são
afastados os males provenientes do amor de si e do mundo, tanto mais os veros têm
vida, nº 3610.
A primeira afeição do vero no homem que está sendo regenerado não é pura, mas é
sucessivamente purificada, nºs 3089, 8413. Os males e os falsos no homem que está
sendo regenerado são afastados lentamente, e não prontamente, nºs 9334, 9335. Os
males e os falsos que são próprios do homem ficam sempre, e são somente afastados
pela regeneração, nºs 865, 868, 929, 1581, 2406, 4564, 8206, 8393, 8988, 9014, 9333 a
9336, 9445, 9447, 9448, 9451 a 9454, 9938, 10057, 10060. O homem não pode jamais
ser de tal modo regenerado que se possa perfeito, nºs 894, 5122, 6648. Os maus
espíritos não ousam absolutamente atacar o regenerado, nº 1695. Os que crêem na
justificação na Igreja sabem pouca cousa sobre a regeneração, nº 5398.
O homem deve ser livre para que possa se regenerar, nºs 1937,1947, 2876, 2881, 3145,
3146, 3158, 4031, 8700. O homem é introduzido no livre celeste pela regeneração, nºs
2874, 2875, 2882, 2892. Pelo constrangimento não há conjunção alguma do bem e do
vero, por conseqüência nenhuma regeneração, nºs 2875, 2881, 4031, 8700. Quanto ás
outras cousas sobre o livre a respeito da regeneração, ver acima na Doutrina, o Artigo
sobre o Livre.
Aquele que está sendo regenerado deve necessariamente sofrer tentações, nºs 3696,
8403; visto que as tentações têm lugar para a conjunção do berne do vero e também
para a conjunção do homem Interno e do homem Externo, nºs 4248, 4572, 5773.
DA TENTAÇÃO
187 - Só os que estão sendo regenerados é que sofrem tentações espirituais; pois as
tentações espirituais são dores do mental introduzidas pelos maus espíritos naqueles
que estão nos bens e nos veros; quando estes espíritos excitam os males que estão
nos regenerados, nasce uma ansiedade que pertence à tentação; o homem não sabe
donde ela vem porque não conhece esta origem.
188 - Com efeito, há em cada homem espíritos maus e espíritos bons; os maus
espíritos estão em seus males e os bons em seus bens; os maus espíritos quando se
aproximam fazem sair seus males, e os bons espíritos, ao contrario, fazem sair seus
bens; dai uma colisão e um combate, donde resulta para o homem uma ansiedade
interior, que é a tentação. Por isso, é evidente que as tentações são produzidas pelo
inferno e não pelo Céu; isto está também conforme com a fé da Igreja, a saber, que
Deus não tenta a ninguém.
189 - Há também ansiedade interiores naqueles que não estão nos bens e nos veros,
mas são ansiedades naturais e não espirituais; são distinguidas pelo fato das
ansiedades naturais terem por objeto cousas mundanas, e as ansiedades espirituais as
cousas celestes.
190 - Nas tentações trata-se da dominação do bem sobre o mal, ou do mal sobre o
bem; o mal que quer dominar está no homem natural ou externo, e o bem no homem
espiritual ou interno; si o mal é vitorioso, então o homem natural domina; si o bem é
vitorioso, então o homem espiritual domina.
191 - Estes combates se fazem pelos veros da fé que são tirados da Palavra; o homem
deve combater por estes veros contra os males e os falsos; se combate por outros que
não estes não obtêm a vitória, porque nos outros não há o Senhor. Como o combate se
faz pelos veros da fé, é por isso que o homem não é admitido a este combate, antes de
estar no conhecimento do vero e do bem, e de ter adquirido por isso alguma vida
espiritual; eis por que estes combates não existem no homem antes que esteja na
idade adulta.
192 - Se o homem sucumbe, seu estado após a tentação torna-se pior do que seu
estado antes da tentação; com efeito o mal adquiriu então poder sobre o bem, e o falso
sobre o vero.
193 - Como hoje a fé é rara porque não há caridade, pois a Igreja está no seu fim, é por
isso que, hoje, lia poucos homens que sejam admitidos em algumas tentações
espirituais; dai vem que apenas se sabe o que elas são e ao que conduzem.
194 - As tentações conduzem a dar ao bem a dominação sobre o mal, e ao vero a
dominação sobre o falso; depois também a confirmar os veros, e conjuntá-los aos
bens, e ao mesmo tempo a dissipar os males e, por conseguinte os falsos; conduzem
ainda a abrir o homem interno espiritual, e a submeter a ele o homem natural; depois
também, a reprimir os amores de si e do Mundo, e a domar as cobiças que deles
provêm. Isto feito há para o homem ilustração e percepção do que é o vero e o bem, e
do que é o falso e o mal; em conseqüência há no homem inteligência e sabedoria que
em seguida crescem dia a dia.
195 - Só o Senhor combate pelo homem nas tentações; si o homem não crê que só o
Senhor combate por ele e é vencedor por ele, então sofre apenas uma tentação
externa que não lhe é de utilidade alguma.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
196 - Antes de dar sumariamente o que foi escrito sobre as tentações nos Arcanos
Celestes, convêm dizer em primeiro lugar, alguma cousa sobre elas, afim de que se
saiba ainda mais claramente donde elas vêm. A tentação se diz espiritual, quando
dentro do homem são atacados os veros da fé que o homem crê de todo o coração e
segundo os quais estima viver, e principalmente quando é atacado o bem do amor em
que ele coloca a vida espiritual. Estes ataques têm lugar de diversas maneiras, por um
influxo de escândalos rios pensamentos e também na vontade contra os veros e os
bens, alem disso, também por uma emersão e uma lembrança continua dos males que
o homem fez e dos falsos que pensou, assim por urna inundação de semelhantes
cousas; e ao mesmo tempo também por um aparente fechamento dos interiores do
mental, e conseqüentemente da comunicação com o Céu, o que o impede de pensar
segundo sua fé e de querer segundo seu amor; estas cousas são feitas pelos maus
espíritos que estão no homem; e quando têm lugar apresentam-se sob a aparência de
ansiedades interiores e de dores da consciência, porque estas cousas afetam e
atormentam a vida espiritual do homem, crendo ele que elas vêm, não dos maus
espíritos, mas dele mesmo nos interiores; se o homem não sabe que elas vêm dos
maus espíritos, é porque não sabe que há espíritos nele, maus nos seus males e bons
nos seus bens, e que estão nos seus pensamentos e nas suas afeições. Estas
tentações são muito graves quando estão conjuntas a dores infligidas ao corpo, e mais
ainda si estas dores duram longo tempo e aumentam, e que a Divina Misericórdia seja
implorada sem que haja libertação; dai o desespero, que é o fim. Aqui serão referidas
algumas particularidades segundo os Arcanos Celestes concernentes aos espíritos no
homem, porque é deles que vêm as tentações: Em cada homem há espíritos e anjos,
nºs 697, 5846 a 5866. Eles estão em seus pensamentos e em suas afeições, nºs 2888,
5846, 5848. Se os espíritos e os anjos fossem retirados, o homem não poderia viver,
nºs 2887, 5499, 5954, 5993, 6321; porque pelos espíritos e pelos anjos o homem tem
com o mundo espiritual uma comunicação e uma conjunção sem as quais não haveria
vida para o homem, nºs 697, 2796, 2886, 2887, 4047, 4048, 5846 a 5866, 5976 a 5993.
Os espíritos no homem são mudados segundo suas afeições que pertencem ao amor,
nº 5851. Os espíritos do inferno estão nos próprios amores do homem, nºs 5852, 5979 a
5993. Os espíritos entram em todas as cousas da memória do homem, nºs 5853, 5857,
5859, 5860, 6192, 6193, 6198, 6199. Os anjos entram nos fins, segundo os quais e
pelos quais o homem pensa, quer e age de tal maneira e não de tal outra, nºs1317,
1645, 5854. O homem não é visível para os espíritos, e os espíritos não o são para o
homem, nº 5862. Por conseqüência os espíritos não podem, pelo homem, ver nada do
que está em nosso mundo solar, nº 1880. Ainda que os espíritos e os anjos estejam no
homem, em seus pensamentos e em suas afeições, o homem entretanto está sempre
no livre de pensar, de querer e de agir, nºs 5982, 6477, 8209, 8307, 10777, e alem disso
no Tratado do Céu e do Inferno, no Artigo da Conjunção do Céu com o gênero
humano, nº 291 a 302.
197 - Donde vêm e quais são as tentações.
As tentações vêm dos maus espíritos que estão no homem, e que espalham
escândalos contra os bens e os veros que o homem ama e crê, e excitam também os
males que tem feito e os falsos em que tem pensado, nºs 741, 751, 761, 3927, 4307,
4572, 5036, 6657, 8960. Os maus espíritos servem-se então de toda espécie de
astúcias e de malícias, nº 6666. O homem que está nas tentações está próximo do
inferno, nº 8131. Nas tentações duas forças agem: uma procedente do Senhor age pelo
interior, e a outra proveniente do inferno age pelo exterior, e o homem está no meio, nº
8168.
Nas tentações o amor reinante do homem é assaltado, nºs847, 4274. Os maus espíritos
atacam somente as cousas que pertencem à fé e ao amor do homem, portanto as que
pertencem à sua vida espiritual; é por isso que se trata então de sua vida eterna, nº
1820. O estado das tentações é comparado ao estado de um homem no meio dos
ladrões, nº 5246. Nas tentações, os anjos, pelo Senhor, mantém o homem nos veros e
nos bens que estão nele, mas os maus espíritos o mantém nos falsos e nos males que
estão nele; dai um conflito e um combate, nº 4249.
A tentação é um combate entre o homem Interno ou espiritual e o homem Externo ou
natural, nºs 2183, 4256, portanto entre os prazeres do homem Interno e os prazeres do
homem Externo, que então são opostos uns aos outros, nºs 3928, 8351. Este combate
existe por causa do debate entre eles, nº 3928, portanto trata-se da dominação de um
sobre o outro, nºs 3928, 8961.
Ninguém pode ser tentado, a menos que não esteja no reconhecimento do vero e do
bem, e na afeição por ele, porque de outro modo não se faz o combate, pois não lia
espiritual agindo contra o natural, portanto não se trata da dominação de um sobre o
outro, nºs 3929, 4299. É tentado aquele que adquiriu alguma vida espiritual, nº 8963. As
tentações existem naqueles que têm consciência, por conseguinte que estão no amor
espiritual, porém mais graves naqueles que têm a percepção, por conseguinte que
estão no amor celeste, nºs 1668, 8963. Os homens mortos, isto é, que não estão na fé e
no amor para com Deus, nem no amor em relação ao próximo, não são admitidos nas
tentações, porque sucumbiriam, nºs 270, 4274, 4299, 8964, 8968; e é por isso que hoje
há poucos que sejam admitidos ás tentações espirituais, nº 8965. Há naqueles
ansiedades por diversas causas do mundo, causas passadas, presentes e futuras, que
costumam estar conjuntas com uma fraqueza do mental (animus) e uma enfermidade
do corpo; estas não são as ansiedade das tentações, nºs 762, 8164. As tentações
espirituais são ás vezes conjuntas com dores do corpo, e ás vezes não conjuntas, nº
8164. O estado da tentação é um estado imundo e sujo, porque os males e os falsos aí
são injetados, e também as duvidas a respeito dos bens e dos veros, nº 5246; demais
por que nas tentações há indignações, dores do mental (animus), e varias afeições que
não são boas, nºs 1917, 6929. Há também obscuridade e duvida concernente ao fim, nº
1820, 6829; e também concernente à Divina Providencia e assistem, porque rias
tentações às preces não são estendidas como fora das tentações, e parece estar-se na
danação, nº 6097. Se é assim é porque o homem sente distintamente as cousas que
se fazem rio homem externo, portanto as cousas que os maus espíritos injetam e
evocam, segundo as quais também o homem pensa sobre o seu estado; mas não
sente as cousas que se fazem no homem Interno, portanto as cousas que influem do
Senhor pelos anjos, pelas quais, por conseqüência, não pode julgar o seu estado, nºs
10236, 10240.
As tentações de ordinário são levadas até ao desespero, que é o seu ultimo ponto, nºs
1787, 2694, 5279, 5280, 6144, 7147, 7155, 7166, 8165, 8567. Causas nº 2694. Na
tentação mesma há também desesperos, mas eles terminam em um desespero geral,
nº 8567. No desespero, o homem pronuncia palavras duras, mas o Senhor não lhes dá
atenção, nº 8165. Terminada a tentação há a principio flutuação entre o vero e o falso,
nºs 848, 857; mas em seguida o vero brilha, e há serenidade e alegria, nºs 3696, 4572,
6S29, 8367, 8370.
Aqueles que estão sendo regenerados sofrem as tentações não uma vez somente,
mas varias vezes, visto como há um grande numero de males e falsos a afastar, nº
8403. Aqueles que adquiriram alguma vida espiritual, si não sofressem tentações no
mundo, sofreriam na outra vida, nº 7122. Como se fazem as tentações na outra vida, e
onde elas se fazem, nºs 537 a 539, 699, 1106 a 1113, 1122, 2694, 4728, 4940 a 4951,
6119, 6928, 7000, 7122, 7127, 7186, 7317, 7474, 7502, 7541, 7542, 7545, 7768, 7990,
9331, 9763. Do estado de ilustração daqueles que saem das tentações e são elevados
ao Céu, e de sua recepção do Céu, nºs 2690, 2704.
Tentação por falta do vero, e desejo do vero então; qual é ele, nºs 2682, 8352. Qual é
na outra vida a tentação das crianças pela qual aprendem a resistir aos males, nº 2294.
Qual é a diferença entre as tentações, as infestações e as vastações, nº 7474.
198 - Como e quando têm lugar as tentações.
Os combates espirituais têm lugar principalmente pelos veros da fé, nº 8962. O vero é
a primeira cousa do combate, nº 1685. Os homens da Igreja espiritual são tentados
quanto aos veros da fé, é por isso que para eles há combate pelos veros; mas os
homens da Igreja celeste são tentados quanto aos bens do amor, é por isso que para
eles há combate pelos bens, nºs 1668, 8963. Aqueles que são da Igreja espiritual
combatem, na maior parte, não pelos veros reais, mas por cousas que acreditam ser
veros pelo doutrinal de sua Igreja; este doutrinal entretanto deve ser tal que possa ser
conjunto ao bem, nº 6765.
Aquele que está sendo regenerado deve sofrer tentações, e sem elas não pode ser
regenerado, nºs 5036, 8403; e por conseqüência as tentações são necessárias nº 7090.
O homem que está sendo regenerado entra nas tentações quando o mal se esforça por
dominar sobre o bem, e o homem natural sobre o espiritual, nºs 6657, 8961; e entra
nelas quando o bem deve manter o primeiro lugar, nºs 4248, 4249, 4256, 8962, 9963.
Aqueles que estão sendo regenerados são a principio postos em um estado de
tranqüilidade depois nas tentações, e em seguida voltam a um estado de tranqüilidade
da paz, que é o fim, nº 3696.
199 - Que bem produzem as tentações.
O que produzem as tentações em geral, nºs 1692, 1717, 1740, 6144, 8958 a 8969.
Pelas tentações o homem espiritual ou interno adquire a dominação sobre o homem
natural ou externo, por conseqüência, o bem sobre o mal, e o vero sobre o falso,
porque no homem espiritual está o bem, pois sem o bem não lia homem espiritual, e no
homem natural está o mal, nº 8961. Visto que a tentação é um combate entre eles
trata-se portanto da dominação, a saber, se ela pertencerá ao homem espiritual sobre o
homem natural, por conseqüência ao bem sobre o mal, ou vice-versa; por
conseqüência, si ela pertencerá ao Senhor ou ao inferno sobre o homem, nºs 1923,
3928. Pelas tentações o homem Externo ou natural recebe os veros correspondentes à
afeição por eles no homem interno ou espiritual, nºs 3321, 3928. Pelas tentações o
homem Interno espiritual é aberto, e é conjunto com o homem Externo, afim de que o
homem possa ser elevado quanto a um e a outro, e dirigir suas vistas para o Senhor, nº
10685. Se pelas tentações o homem Interno espiritual é aberto e conjunto com o
homem Externo, é porque o Senhor age pelo interior e influi dai no homem Externo, e
aí repele e subjuga os males, e submete com os males o homem Externo e o
subordina ao homem Interno, nº 10685.
As tentações têm lugar pela conjunção do bem e do vero e pela dispersão dos falsos
que estão aderentes aos veros e aos bens, nº 4572. Portanto pelas tentações o bem é
conjunto ao vero, nº 9272. Pelas tentações os vasos recipientes do vero são adoçados,
e tomam um estado próprio a receber o bem, nº 3318. Pelas tentações são
confirmados e implantados os v e os bens, portanto as cousas que pertencem a fé e a
caridade, nºs 8351, 8924, 8966, 8967; e são afastados os males e os falsos, deste
modo é dado lugar aos bens e aos veros, nº 7122. Pelas tentações são reprimidos os
amores de si e do mundo, donde provêm todos os inales e todos os falsos, nº 9356; e
assim o homem torna-se humilde, nºs 8966, 8967. Pelas tentações os males e os falsos
são domados, separados e afastados, mas não aniquilados, nº 868. Pelas tentações
são domados os corporais e suas cobiças, nºs 857, 868. Pelas tentações o homem
aprende o que é o bem e o vero, mesmo, pela relação com os opostos, que são os
males e os falsos, nºs 5356. Aprende também que em se não há senão mal, e que todo
bem que está nele vem do Senhor, e aí está por Sua Misericórdia, nº 2334.
Pelas tentações em que o homem tem vencido, os maus espíritos são privados do
poder de agir ulteriormente contra ele, nºs 1695, 1717. Os infernais não ousam se
levantar aqueles que sofreram tentações e que venceram, nºs 2183, 8273.
Após as tentações, em que o homem venceu, há uma alegria que tem sua fonte na
conjunção do bem e do vero, ainda que o homem não saiba que essa alegria tira dai a
sua origem, nºs 4572, 6829. Há então ilustração do vero que pertence à fé e percepção
do bem que pertence ao amor, nºs 8367, 8370. Por conseguinte há inteligência e
sabedoria, nºs 8966, 8967. Após as tentações os veros crescem imensamente, nº 6663.
0 bem ocupa o primeiro lugar ou está no primeiro plano, e o vero no segundo, nº 5773.
E o homem quanto ao homem Interno espiritual, é introduzido nas sociedades
angélicas, portanto, no Céu, nº 6611.
Antes do homem ser submetido a tentações, os veros com os bens são dispostos em
ordem nele pelo Senhor, a fim de que ele possa resistir aos males e aos falsos que,
nele vêm do inferno e são excitados, nº 8131. Nas tentações o Senhor provê ao bem,
em quanto que os espíritos infernais se propõem ao mal, nºs 6574. Após as 'tentações o
Senhor repõe em uma nova ordem os veros com os bens e os dispõe em tinia forma
celeste, nºs 10685. Os interiores do homem espiritual foram dispostos em uma forma
celeste, ver no Tratado do Céu e do Inferno o Artigo sobre a forma do Céu segundo a
qual aí se estabelecem as consorciações e as comunicações, nº 200 a 212.
Aqueles que sucumbem nas tentações chegam à danação, porque os inales e os
falsos são vencedores, e o homem natural prevalece sobre o homem espiritual, e em
seguida o domina; e então o seu último estado torna-se pior do que o primeiro, nºs
8165, 8169, 8961.
200 - 0 Senhor combate pelo homem nas tentações.
SÓ o Senhor combate no homem nas tentações, e o homem não combate em cousa
alguma por si mesmo, nºs 1692, 8172, 8175, 8176, 8273. O homem não pode de
maneira alguma, por si mesmo, combater contra os inales e os falsos, porque seria
combater contra todos os infernos que ninguém mais, senão o Senhor só, pode domar
e vencer, nº 1692. Os infernos combatem contra o homem e o Senhor combate pelo
homem, nº 8159. O homem combate pelos veros e os bens, portanto pelos
conhecimentos e as afeições dos veros e dos bens que estão nele, mas é o Senhor
que combate por meio deles e não o homem, nº 1661. Nas tentações o homem crê que
o Senhor está ausente, porque então as preces não são atendidas do mesmo modo
que o são fora das tentações, mas não obstante, o Senhor está então mais presente, nº
840. Nas tentações o homem deve combater como por si mesmo e não ficar de braços
cruzados, nem esperar um socorro imediato, mas deve, contudo crer que o combate é
feito pelo Senhor, nºs 1712, 8179, 8969. O homem não pode de outro modo, receber o
próprio celeste, nºs1937, 1947, 2882, 2883, 2891. Qual é este próprio? Ele pertence
não ao homem, mas ao Senhor no homem, nºs 1937, 1947, 2882, 2883, 2891, 8497. A
tentação de nada serve e não produz bem algum, a menos que o homem não creia
todavia após as tentações que o Senhor combateu e venceu por ele, nº 8069. Aqueles
que colocam o mérito nas obras não podem combater contra os males, porque
combatem pelo próprio, e não permitem ao Senhor combater por eles, nº 9978.
Aqueles que crêem ter merecido o Céu pelas tentações dificilmente fiei podem ser
salvos, nº 2273.
0 Senhor não tenta, mas livra e introduz o bem, nº 2768. Parece que as tentações vêm
do Divino, ainda que entretanto elas não venham dele, nº 4299. Como devem ser
entendidas na Oração Dominical estas palavras: "Não nos induzas em tentação";
segundo a experiência, nº 1875. Nas tentações o Senhor não concorre permitindo,
conforme a idéia que o homem tem da permissão nº 2768.
Em toda tentação ha o livre, ainda que não pareça que ele aí esteja mas este livre está
interiormente no homem pelo Senhor, e é por isso que ele combate e quer vencer, e
não ser vencido, o que não faria sem o livre, nºs 1937, 1947, 2881. O Senhor, sem o
homem saber, faz isso por meio da afeição do vero e do bem impressos no homem
interno, nº 5044. Pois todo livre pertence à afeição ou ao amor, e está de acordo com a
qualidade do amor, nºs 2870, 3158, 8987, 8990, 9585, 9591.
201 - Das tentações do Senhor.
O Senhor, mais que todos, sofreu gravíssimas e cruéis tentações, que pouco foram
descritas no sentido da letra da Palavra, mas amplamente no sentido interno, nºs 1663,
1668, 1787, 2776, 2786, 2795, 2814, 9528. O Senhor combateu pelo Seu Divino Amor
em relação a todo o gênero humano, nºs 1690, 1691, 1812, 1813, 1820. O Amor do
Senhor foi a salvação do gênero humano, nº 1820. O Senhor combateu por Seu próprio
poder, nºs 1692, 1813, 9937. Pelas tentações e pelas vitórias obtidas por Seu próprio
poder o Senhor tornou-se, Ele só, justiça e Mérito, nºs 1813, 2025 a 2027, 9715, 9809,
10019. Pelas tentações o Senhor uniu a Seu Humano o Divino Mesmo que estava
n'Ele por concepção e fez Divino este Humano, do mesmo modo que pelas tentações
Ele faz o homem espiritual, nºs 1724, 1729, 1733, 1737, 3318, 3381, 3382, 4286. As
tentações do Senhor foram também, no fim, levadas até ao desespero, nº1787. Pelas
tentações admitidas em si, o Senhor subjugou os infernos, e repôs todas as cousas em
ordem nos infernos e nos céus, e ao mesmo tempo glorificou Seu Humano, nºs 1737,
4287, 4295, 9528, 9937. O Senhor só, combateu contra todos os infernos, nº 8273. Dai
vern que Ele tenha admitido em Si as tentações, nºs 2816, 4295.
O Senhor não foi tentado quanto ao Divino, porque os infernos não podem atacar o
Divino; é por isso que Ele tomou de uma mãe um Humano tal que pudesse ser tentado,
nºs 1414, 1444, 1573, 5041, 5157, 7193, 9315. Pelas tentações e pelas vitórias Ele
expulsou todo o hereditário que tinha recebido de sua mãe, e despojou-se do Humano
que tinha dela a um tal ponto que em fim Ele não era mais seu filho, nºs 2159, 2574,
2649, 3036, 10830. Jeová que estava n'Ele pela concepção, parecia como ausente nas
tentações, nº 1815. Era este o estado de humilhação do Senhor, nºs 1785, 1999, 2159,
6866. Sua última tentação e Sua última vitória, pelas quais plenamente subjugou os
infernos e fez Divino Seu Humano, tiveram lugar em Gethsemane e sobre a cruz, nºs
2776, 2803, 2813, 2814, 10655, 10659, 10828.
Não comer pão e não beber água durante quarenta dias, significa o estado inteiro das
tentações, nº 10686. Quarenta anos, quarenta meses ou quarenta dias significam o
estado completo das tentações desde o começo até ao fim; e este estado é significado
pelos quarenta dias de duração do Dilúvio, pelos quarenta dias durante os quais
Moisés ficou sobre a montanha do Sinai; pelos quarenta anos durante os quais os
filhos de Israel ficaram no deserto; e pelas tentações do Senhor no deserto durante
quarenta dias, nºs 730, 862, 2272, 2273, 8098.
DO BATISMO
202 – O batismo foi instruído para sinal de que o homem é da Igreja e para memorial
de que o homem deve ser regenerado; com efeito, o Banho do Batismo não é outro
senão o Banho espiritual, que é a Regeneração.
203 - Toda Regeneração é feita pelo Senhor por meio dos veros da fé, e de uma vida
segundo estes veros; o Batismo atesta portanto que o homem é da Igreja, e que ele
pode ser regenerado; pois na Igreja o Senhor, que regenera é reconhecido, e aí está a
Palavra, onde estão os veros da fé, pelos quais há a regeneração.
204 - O Senhor ensina isto em João III, 5: "Se alguém não for engendrado da água e do
espírito, não pode entrar no Reino de Deus". A água no sentido espiritual é o vero da fé
pela Palavra; o espírito é a vida segundo este vero; e ser engendrado deles é ser
regenerado.
205 - Como todo aquele que se regenera sofre tentações, que combates espirituais
contra os males e os falsos, é por isso que as tentações são também significadas pelas
águas do Batismo.
206 - Como o Batismo é um sinal e um memorial, é por isso que o homem pode ser
batizado em criança, e si não o foi então, pode sê-lo como adulto.
207 - Que os que são balizados saibam portanto que o Batismo mesmo não dá nem a
fé nem a salvação; mas atesta que se recebeu a fé, e que se salvará si se regenerar.
208 - Dai pode-se ver o que é entendido pelas palavras do Senhor em Marcos XVI, 16:
"Aquele que tiver crido e tiver sido batizado, será salvo; mas aquele que não tiver crido,
será condenado". Aquele que tiver crido, é o que reconheceu o Senhor, e recebe d'Ele
os Divinos veros pela Palavra; aquele que tiver sido batizado, é o que o Senhor
regenera por estes veros.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
209 - O Batismo significa a Regeneração pelo Senhor por meio dos veros da fé
segundo a Palavra, nºs 4255, 5120, 9088, 10239, 10386 a 10388, 10392. O Batismo é
para sinal de que o homem é da Igreja, onde é reconhecido o Senhor de que procede a
regeneração, e onde está a Palavra de que são tirados os veros da fé pelos quais há
regeneração, nº 10388. O Batismo não dá nem a fé riem a salvação, mas atesta que os
que são regenerados as receberão, nº 10391.
As abluções nas Igrejas antigas, e na Igreja Israelita, representavam e por conseguinte
significavam as purificações dos males e dos falsos, nºs 3147, 9088, 10237, 10237,
10239. As lavagens das roupas significavam que o entendimento era purificado dos
falsos, nº 5954. O lava-pés significava a purificação do homem natural, nºs 3147,
10241. Explicação do que é significado pelo lava-pés dos discípulos pelo Senhor, nºs
10243.
As águas significam os veros da fé, nºs 28, 2702, 3058, 5668, 8568, 10238. A fonte e o
poço de águas vivas significavam os veros da fé procedente do Senhor, portanto, a
Palavra, nº 3424. O pão e a água significavam todos os bens do amor e todos os veros
da fé, nºs 4976, 9323. O espírito significa a vida do vero, ou a vida da fé, nºs 5222,
9281, 9818. O que é o espírito e a carne; o espírito significa a vida pelo Senhor, e a
carne a vida pelo homem, nº 10283. Por aí vê-se claramente o que é significado por
estas palavras do Senhor (João III, 5): "Se alguém não for engendrado da água e do
espírito não pode entrar rio Reino de Deus". A saber, que se um homem não for
regenerado pelos veros da fé e pela vida segundo esses veros, ele não poderá ser
salvo, nº 10240. Toda regeneração se faz pelos veros da fé, e pela vida segundo esses
veros, nºs 1904, 2046, 9088, 9959, 10028.
A ablução total, que tinha lugar por unia imersão nas águas do Jordão significava a
Regeneração mesma, com a significação o Batismo, nºs 9088, 10238. O que
significavam as águas do Jordão, e o que significava o Jordão, nºs 1585, 4255.
O Dilúvio e a inundação das águas significam as tentações, nºs 660, 705, 739, 756,
790, 5725, 6853. O Batismo as significa semelhantemente, nºs 5120, 10389. Como o
Batismo foi representado no Céu, nº 2299.
DA SANTA CEIA
210 - A Santa Ceia foi instituída pelo Senhor, afim de que por ela haja conjunção da
Igreja com o Céu, por conseqüência com o Senhor; é portanto a cousa mais santa do
culto.
211 - Aqueles, porém, que nada sabem do sentido interno ou espiritual da Palavra não
compreendem como pela Santa Ceia se faz a conjunção, pois não pensam alem do
sentido externo, que é o sentido da letra. Pelo sentido interno ou espiritual da Palavra,
sabe-se o que significam o corpo e o sangue, e o que significam o pão e o vinho, e
também o que significa a manducação.
212 - Neste sentido, o corpo ou a carne do Senhor é o Bem do amor, dá-se o mesmo
com o pão; e o sangue do Senhor é o Bem da fé, e dá-se o mesmo com o vinho; e a
manducação é a apropriação e a conjunção. Os anjos que estão no homem que
participa do sacramento da Ceia não entendem de outro modo estas cousas, pois
percebem todas as cousas espiritualmente; daí vem que o santo do amor e o santo da
fé influem então dos anjos no homem, portanto do Senhor pelo Céu; dai à conjunção.
213 - Por isto é evidente que o homem, quando toma o pão, que é o corpo, é conjunto
com o Senhor pelo bem do amor para com Ele; e que quando toma o vinho, que é o
sangue, é conjunto ao Senhor pelo Bem da fé para com Ele por Ele. E preciso, porém,
que se saiba que a conjunção com o Senhor pelo sacramento da Ceia se faz
unicamente naqueles que estão no bem do amor e da fé para com o Senhor; nestes
pela Santa Ceia lia conjunção, nos outros há presença e não conjunção.
214 - Além disso a Santa Ceia encerra e compreende todo Culto Divino instituído na
Igreja Israelita; pois os holocaustos e os sacrifícios, em que consistia principalmente o
culto desta Igreja, eram chamados, em uma palavra, o Pão; dai também a Santa Ceia é
o seu complemento.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
Como não se pode saber o que envolve a Santa Ceia, a menos que não se saiba o que
significam aí cada uma das cousas, pois estas cousas correspondem a espirituais, é
preciso, por conseguinte referir o que é significado pelo Corpo e a Carne, pelo Sangue,
pelo Pão, pelo Vinho, por Comer e Beber; alem disso também dizer porque os
Sacrifícios, em que consistia principalmente o Culto da Igreja Israelita, eram chamados
o Pão.
215 - Da Ceia.
Os jantares e as Ceias significavam a consorciação pelo amor, nºs 3598, 3832, 4745,
5161, 7996. A Cela Pascal significava a consorciação no Céu, nºs 7936, 7997, 8001. A
Festa dos Azemos ou da Páscoa significava a libertação da danação pelo Senhor, nºs
7093, 7867, 9286 a 9292, 10655; e no sentido intimo, a lembrança da Glorificação do
Humano do Senhor, porque dai veio a Libertação, nº 10655.
216 - Do Corpo e da Carne.
A Carne do Senhor significa o Divino Bem de Seu Divino Amor, que pertence ao Divino
Humano, nºs 3813, 7850, 9127, 10283. Semelhantemente o Corpo, nºs 2343, 3735,
6135. A carne em geral significa o Voluntário, portanto o Próprio do homem que,
considerado em si, é o mal; mas que, vivificado pelo Senhor, significa o bem, n. 148,
149, 780, 999, 3813, 8409, 10283. Por conseguinte lia Palavra a Carne é o homem
completo, e todo homem nºs 574, 1050, 10283.
Aqui e no que segue, se diz que estas cousas significam; e isso porque elas
correspondem; pois tudo o que corresponde, significa, nºs 2896, 2179, 2897, 2989,
3002, 3225. A Palavra foi escrita por puras correspondências, e dai seu sentido interno
ou espiritual, de que não se pode conhecer nem a natureza, nem apenas a existência,
sem a ciência das correspondências, nºs 3131, 3472 a 3485, 8615, 10687. E por isso
que pela Palavra lia conjunção do Céu com o homem da Igreja, nº 10687. Ver sobre
este assunto vários detalhes no Tratado do Céu e do Inferno, nº 303 a 310, onde se
trata da conjunção do Céu com o homem da Igreja pela Palavra.
217 - Do Sangue.
O Sangue do Senhor significa o Divino Vero procedente do Divino Bem do Divino
Amor, nºs 4735, 6978, 7317, 7326, 7846, 7850, 7877, 9127, 10026, 10033, 10152,
10210. O Sangue espalhado sobre o Altar, em redor e em sua base, significava a união
do Divino Vero e do Divino Bem do Senhor, nº 10047. O sangue das uvas significa o
vero da fé pelo bem da caridade, nº 6378. As uvas e o cacho significam o bem
espiritual que é o bem da caridade, nº 5117. Derramar sangue é fazer violência ao
Divino Vero, nºs 374, 1005, 4735, 5476, 9127. O que é significa pelo sangue e a água
que saíram do lado do Senhor, nº 9127. O que é significado quando se diz que o
Senhor resgatou o homem por Seu sangue, nº 10152.
218 - Do Pão.
O Pão, quando se trata do Senhor, significa o Divino Bem do Divino Amor do Senhor, e
o recíproco do homem que come, nºs 2165, 2177, 3735, 3815, 4211, 4217, 4735, 4976,
9323, 9545. O Pão envolve e significa toda nutrição em geral, nºs 2165, 6118. O
alimento significa tudo o que nutre a vida espiritual do homem, nºs 4976, 5147, 5915,
6277, 8418. Portanto o Pão significa todo o alimento celeste e espiritual, nºs 276, 680,
2165, 2177, 3478, 6118, 8410. Portanto tudo que sabe da boca de Deus, segundo as
palavras do Senhor, em Math. IV, 4; nº 681. O Pão em geral significa o bem do amor,
nºs 2165, 2177, 10686; acontece o mesmo com o trigo de que se faz o pão, nºs 3941,
7605. Na Palavra quando se diz o Pão e a Água, é significado o bem do amor e o vero
da fé, nº 9323. Partir o pão era o representativo do amor mutuo nas Igrejas antigas, nº
5405. O alimento espiritual é a ciência, a inteligência e a sabedoria, portanto o Bem e o
Vero porque aquelas procedem destes, nºs 3114, 4459, 4792, 5147, 5293, 5340, 5342,
5426, 5576, 5582, 5655, 8562, 9003; e porque alimentam o mental, nºs 4459, 5293,
5576, 6277, 8418. A sustentação pelo alimento significa a nutrição espiritual, e o influxo
do bem e do vero pelo Senhor, nºs 4976, 5915, 6277.
Os pães sobre a mesa no Tabernáculo significavam o Divino Bem do Divino Amor do
Senhor, nºs 3478, 9545. Nos sacrifícios os minchahs, que eram bolos e filhozes,
significavam o Culto pelo bem do amor, nºs 4581, 10079, 10137. 0 que significavam em
particular os diversos minchahs, nºs 7978, 9992 a 9994, 10079.
Quando os Antigos diziam o Pão entendiam todo o alimento em geral; ver Gênesis
XLIII, 16 e 31; Êxodo XVIII, 12; Juizes XIII, 15, 16; I Samuel XIV 28, 29, XX, 24, 27; II
Samuel IX, 7, 10; I Reis IV, 22, 23; II Reis XXV, 29.
219 - Do Vinho.
O vinho quando se trata do Senhor, significa o sangue, nºs 1071, 1798, 6377. O vinho
em geral significa o bem da caridade, nº 6377. O mosto significa o vero pelo bem no
homem natural, nº 3580. O vinho era chamado sangue das uvas, nº 6378. A vinha
significa a Igreja quanto ao vero, nºs 9139, 3320. Nos sacrifícios a libação, que era de
vinho, significava o bem espiritual que é o santo do vero, nº 1072. Só o Senhor é santo,
por conseqüência toda cousa santa procede d'Ele, nºs 9229, 9680, 10359, 10360. O
Divino Vero procedente do Senhor, é o que na Palavra, é chamado o Santo, nºs 6788,
8302, 9229, 9820, 10361.
220 - Comer e Beber.
Comer significa ser apropriado e conjunto pelo amor e a caridade, nºs 2187, 2343,
3168, 3513, 5643. Por conseguinte significa ser consociado, nº 8001. Comer se diz da
apropriação e da conjunção do vero, nºs 3168, 3313, 3832, 9412. O que significa comer
e beber no Reino do Senhor, nº 3832. E dai que na Palavra ter fome e estar faminto
significa desejar com afeição o bem e o vero, nºs 4958, 10227.
As cousas que acabam de ser ditas os anjos não as compreendem senão de acordo
com o sentido interno ou espiritual, porque eles estão no Mundo espiritual, nº 10521.
Por conseguinte o santo influi do Céu nos homens da Igreja, quando participam
santamente do Sacramento da Ceia, n.O 6789. E dai vem a conjunção do Senhor, n.O
3464, 3735, 5915, 10519, 10521, 10522.
221 - Dos Sacrifícios.
Os Holocaustos e os Sacrifícios significavam todas as cousas do Culto pelo bem do
amor e os veros da fé, nºs 923, 6905, 8680, 8936, 10042. Os Holocaustos e os
Sacrifícios significavam os Divinos Celestes que são os internos da Igreja pelos quais
existe o Culto, nºs 2180, 2805, 2807, 2830, 3519. Com variações e diferenças segundo
as variedades do Culto, nºs 2805, 6905, 8936. É por isso que havia vários gêneros de
Sacrifícios, e diversas maneiras de os fazer, e também diversos animais com que eram
feitos, nºs 2830, 9391, 9990. As diversas cousas que eles significavam em geral podem
ser vistas por cada particularidade desenvolvida por meio do sentido interno, nº 10042.
O que significam em particular os animais que eram sacrificados, nº10042. Nos Ritos e
Cerimoniais dos Sacrifícios estão contidos Arcanos do Céu, nº 10057; em geral os
Arcanos da Glorificação do Humano do Senhor, e no sentido respectivo, da
regeneração e da purificação dos males e dos falsos no homem; é por isso que havia
sacrifícios para diversos pecados, delitos e purificações, nºs 9990, 10042, 10022,
10053, 10057. O que era significado pela ação de pôr as mãos sobre os animais que
eram sacrificados, nº 10023. O que era significado, nos Holocaustos, pela ação de
colocar as partes inferiores dos animais imolados sobre suas partes superiores, nºs
10051. O que era significado pelos minchahs que se faziam então defumar também, nº
10079; pelas libações, nºs 4581, 10137; pelo sal que era também empregado, nº 10300,
pelo altar e tudo que dele dependia, nºs 921, 2777, 2784, 2811, 2812, 4489, 4541,
8935, 8940, 9388, 9389, 9714, 9726, 9964, 10028, 10123, 10151, 10242, 10245,
10344; pelo fogo do Altar nºs 934, 6314, 6832; pelos repastos em comum com as
cousas santificadas, nºs 2187, 8682. Os Sacrifícios não foram ordenados, mas a
Caridade e a Fé o foram, assim os sacrifícios unicamente foram permitidos; mostrado
pela Palavra, nºs 922, 2180. Porque eles foram permitidos nºs 2180, 2818.
Os Holocaustos e os Sacrifícios que se faziam de cordeiros, de cabras, de ovelhas, de
cabritos, de bodes, de novilhos, de bois eram chamados em uma palavra, o Pão;
pode-se vê-lo por estas frases: "0 Sacerdote os fará queimar sobre o Altar, (será) o Pão
de ignição a Jeová" (Levit. III, 11, 16); "Os filhos de Aliarão serão santos a seu Deus, e
não profanarão o Nome de seu Deus, porque eles oferecem as Ignições a Jeová, o Pão
de seu Deus. Tu o santificarás porque ele oferece o Pão de teu Deus. 0 homem da
semente de Aharão, em que houver uma mancha, não se aproximará para oferecer o
Pão de seu Deus" (Levit. XXI, 6, 8, 17, 21). "Ordena aos filhos de Israel, e diz-lhes:
Minha oferta, meu Pão, nas ignições de cheiro de repouso, vós observareis para me
oferecer no seu tempo marcado” (Num. XXVIII, 2). "Aquele que tiver tocado alguma
cousa impura, não comerá das cousas santificadas, mas lavará sua carne em água e
então comerá das cousas santificadas, porque estas são o seu Pão" (Levit. XXII, 6, 7).
"Ofereceis sobre o meu Altar um Pão mundo" (Malach. I, 7). É portanto por isso que foi
dito acima no nº 214: "A Santa Ceia encerra e compreende todo o Culto Divino
instituído na Igreja Israelita; pois os holocaustos e os sacrifícios, em que consistia
principalmente o Culto desta Igreja, eram chamados em uma palavra, o Pão; dai
também a Santa Ceia é o seu complemento".
Por tudo o que acaba de ser dito, pode-se ver o que é entendido pelo Pão em João VI,
31 a 35, 47 a 51: "Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não
vos deu o Pão do Céu, mas meu Pai vos dá o Pão do Céu, o verdadeiro; pois o Pão de
Deus é aquele que desce do Céu, e que dá a vida ao mundo. Eles lhe disseram:
Senhor, dá-nos sempre deste Pão. Jesus lhes disse: Eu sou o Pão da vida; quem vem
a mim não terá fome, e quem crê em mim não terá jamais sede. Quem crê em mim
tem a vida eterna; Eu sou o Pão da vida. Está aqui o Pão que do Céu desceu, a fim de
que quem quer que dele comer não morra. Eu sou o Pão vivo, que do Céu desceu, se
alguém comer deste Pão, viverá eternamente". Por estas passagens e as precedentes,
é evidente que o Pão é todo Bem que procede do Senhor, pois o Senhor mesmo está
em Seu Bem; e assim o Pão e o Vinho na Santa Ceia são todo o Culto do Senhor pelo
Bem do Amor e da fé.
222 - Será acrescentado aqui alguma cousa tirada dos Arcanos Celestes, nº 9127:
"Aquele que não conhece cousa alguma do sentido interno ou espiritual da Palavra não
pode saber outra cousa senão que pela Carne e o Sangue, na Palavra, entende-se a
carne e o sangue; mas no sentido interno ou espiritual trata-se não da vida do corpo,
mas da vida da alma do homem, isto é, de sua vida espiritual, de que ele deve viver
durante a eternidade; esta vida é descrita no sentido da letra da Palavra por cousas
que pertencem à vida do corpo, a saber, pela carne e pelo sangue; e como a vida
espiritual do homem subsiste pelo bem do amor e pelo vero da fé, eis porque no
sentido interno da Palavra o bem do amor é entendido pela carne e o vero da fé pelo
sangue; é isto o que é entendido no Céu pela carne e o sangue, semelhantemente pelo
pão e, o vinho, porque pelo pão entende-se absolutamente a mesma cousa que pela
carne, e pelo vinho absolutamente a mesma cousa que pelo sangue. Mas aqueles que
não são homens espirituais não compreendem isto; que eles permaneçam portanto em
sua fé, desde que creiam que na Santa Cela e na Palavra há o santo, porque uma e
outra procedem do Senhor; é verdade que não sabem onde está este santo, não
obstante, que os que gozam de alguma percepção interior, examinam si a carne é
entendida pela carne e o sangue pelo sangue nas passagens seguintes do Apocalipse
XIX, 17, 18: "Eu vi um anjo que estava no Sol; e clamava com uma grande voz, dizendo
a todos os pássaros que voavam no meio do Céu: Reuni-vos para a Ceia do grande
Deus, afim de comer carne de reis e carne de kiliarcas, e carne de poderosos, e carne
de cavalos, e dos que os montam, carne de todos, livres e escravos, pequenos e
grandes". Quem compreenderá jamais estas palavras, se não souber o que no sentido
interno significam a carne, e o que significam os reis, os kiliarcas, os poderosos, os
cavalos, os que os montam, os livres e os escravos? E em Ezequiel XIX, 17 a 21:
"Assim disse o Senhor Jeová: Diz a todo o pássaro do Céu, a todo animal do campo:
Ajuntai-vos e vinde, congregai-vos ao redor sobre meu sacrifício, que eu sacrifico para
vós, grande sacrifício sobre as montanhas de Israel, afim de que comais carne e bebeis
sangue; a carne dos fortes comereis e o sangue dos príncipes da terra bebereis, e
comereis a gordura à saciedade, e bebereis o sangue até à embriagues, no meu
sacrifício que sacrificarei para vós; sereis saciados, sobre a minha mesa, de cavalo e
de carro, de (homem) forte, e de todo homem de guerra; assim darei a minha gloria
entre as nações". Aí se trata da convocação de todos para o Reino do Senhor, e
especialmente da instauração da Igreja entre as Nações; e por comer a carne e beber o
sangue, é significado apropriar-se do Divino Bem e do Divino Vero, portanto do Santo
que procede do Humano do Senhor; quem não pode ver que ahi pela carne não se
entende a carne, nem pelo sangue o sangue, portanto quando se diz que eles
comeriam a carne dos fortes, que beberiam o sangue dos príncipes da terra, que
beberiam o sangue até à embriaguez; depois também que seriam saciados de cavalo,
de carro, de homem forte e de todo homem de guerra? O que é significado pelos
pássaros do céu e pelos animais do campo no sentido espiritual, vê-se no Tratado, do
Céu e do Inferno, nº 110, na nota (1). Que se examine agora o que o Senhor disse de
Sua carne e de Seu sangue, em João VI, 50 a 58: "O Pão que Eu darei é minha Carne.
Em verdade, em verdade vos digo: Si não comerdes a carne do Filho do Homem e não
beberdes seu sangue não tereis a vida em vós; aquele que come a minha carne e bebe
o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no ultimo dia; pois minha carne é
verdadeiramente um alimento, e meu sangue é verdadeiramente uma bebida; aquele
que come a minha carne e bebe o meu sangue, em Mim reside, e Eu nele; é este o
Pão que do Céu desceu". Que a carne do Senhor seja o Divino Bem, e o sangue o
Divino Vero, um e outro procedente do Senhor, pode-se ver em que é este bem e este
vero que nutrem a vida espiritual do homem; é dai que se diz: "Minha carne é
verdadeiramente um alimento, e meu sangue é verdadeiramente uma bebida"; e como
o homem é conjunto ao Senhor pelo Divino Bem e pelo Divino Vero, é também por isso
que se diz: "Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue, terá a vida eterna";
e ele morará em Mim e Eu nele"; e mais acima, no mesmo capítulo: "Trabalhai, não
pelo alimento que perece, mas pelo alimento que fica para a vida eterna" (Vers. 27).
Permanecer no Senhor, é estar no amor para com Ele; o Senhor Mesmo o ensina em
João, V, 2 a 12.
DA REDENÇÃO
223 - 0 homem foi criado de tal sorte que quanto a seu interno elle não pode morrer;
com efeito, ele pode crer em Deus, e também amar a Deus, por conseqüência ser
conjunto a Deus pela fé e pelo amor; e ser conjunto a Deus é viver eternamente,
224 - Este Interno está em todo homem que nasce; seu Externo é aquilo pelo qual ele
efetua as cousas que pertencem à fé e ao amor. O Interno é o que se chama Espírito, e
o Externo é o que se chama Corpo. O Externo, chamado corpo, foi acomodado aos
usos do mundo natural; este externo é rejeitado quando o homem morre; mas o
Interno, chamado Espírito, foi acomodado aos usos do mundo espiritual, este não
morre; o Interno será então um Espírito bom e um Anjo, se o homem foi bom no
mundo; e um espírito mau, se o homem foi mau no mundo.
225 - O espírito do homem após a morte do corpo aparece no mundo espiritual na
forma humana, absolutamente como no mundo; goza também a faculdade de ver, de
ouvir, de falar e de sentir como no mundo; e possui em alto grão toda a faculdade de
pensar, de querer e de fazer como no mundo; em uma palavra, é um homem quanto a
todas as cousas, em geral e em particular, exceto que não está envolto pelo corpo
grosseiro que tinha no mundo; deixou-o ao morrer e não o retomará jamais.
226 - É esta continuação da vida que se entende pela Ressurreição. Se os homens
crêem que não ressuscitarão senão no Julgamento Final, quando deve perecer tudo
que há de visível no mundo, é porque não compreendem a Palavra, e porque os
homens sensuais colocam no corpo a vida e crêem que se esse corpo não revivesse, o
homem estaria perdido.
227 - A vida do homem após a morte, é a vida do seu amor e a vida de sua fé. Por
conseqüência sua vida permanece eternamente tal qual foi seu amor e tal qual foi sua
fé enquanto viveu no mundo; a vida do inferno é para aqueles que se amaram, e
amaram ao mundo acima de todas as cousas; e a vida do Céu é para aqueles que
amaram a Deus acima de todas as cousas e ao próximo como a si mesmos; estes são
os que têm a fé, aqueles porém são os que não têm a fé. A vida do Céu é o que se
chama a Vida eterna; e a vida do inferno é o que se chama Morte espiritual.
228 - Que o homem vive após a morte, é o que ensina a Palavra; por exemplo, que
Deus é um Deus não de mortos mas de vivos, Math., XXII, 31, 32;que Lazaro após a
morte foi elevado ao Céu, e o rico lançado no inferno, Luc. XVI 22, 23 e seguintes; que
Abraham, Isaac e Jacob estão no Céu, Math. VIII, 11, XXII, 31, 32; Luc, XX, 37, 38; que
Jesus disse ao ladrão: "Hoje comigo estarás no Paraíso" (Luc. XXII, 43).
229 - É inutil referir aqui alguma cousa dos Arcanos Celestes, porque as cousas que
concernem, à Ressurreição e à vida do homem depois da morte foram plenamente
expostas no Tratado do Céu e do Inferno; ver por conseqüência nesse tratado os
artigos seguintes: I - Todo homem é um espírito quanto a seus interiores, nº 432 a 444.
II - Da Ressurreição do homem dentre os mortos, e de sua entrada na vida eterna, nº
445 a 1-52. III - O homem após a morte está em uma perfeita forma humana, nº 453 a
460. IV - O homem após a morte está em todos os seus sentidos, na memória, no
pensamento, na afeição que ele tinha no mundo, e não deixa senão seu corpo
terrestre, nº 461 a 469. V - O homem após a morte, é tal qual foi sua vida no mundo, nº
470 a 484. VI - Os prazeres da vida de cada um são mudados em prazeres
correspondentes, nº 485 a 490. VII - Do primeiro estado do homem após a morte, nº
491 a 498. VIII - Do segundo estado do homem após a morte, nº 499 a 511. IX - Do
terceiro estado do homem após morte, o qual é o estado de instrução daqueles que
vão para o Céu nº 512 a 520. X - O Céu e o Inferno provêm do gênero humano, nº 311
a 317.
Quanto ao Julgamento Filial, de que se disse acima, nº 226, que não teria lugar com a
destruição do Mundo, ver no Opúsculo do julgamento Final e da Babilônia destruída,
desde o começo até ao fim.
DO CÉO E DO INFERNO
230 - Há duas cousas que fazem a vida do espírito do homem: o Amor e a Fé; o amor
faz a vida de sua vontade, e a fé faz a vida de seu entendimento. 0 amor do bem e por
conseguinte a fé do vero fazem a vida do Céu; o amor do mal e por conseguinte a fé do
falso fazem a vida do Inferno.
231 - O amor para com o Senhor e o amor em relação ao próximo, fazem o Céu; a Fé
também o faz, mas tanto quanto tem a vida segundo estes amores; e como estes dois
amores, e por conseguinte a fé, procedem do Senhor, é bem evidente que o Senhor faz
o Céu.
232 - O Céu está em cada um de acordo Com a recepção do amor e da fé que
procedem do Senhor; e aqueles que recebem o Céu quando vivem no mundo, vão para
o Céu após a morte.
233 - Aqueles que recebem do Senhor o Céu, são os que têm o Céu em si, pois o Céu
está no homem; é também o que o Senhor ensina (Luc. XVII, 21): "Não se dirá do
Reino de Deus: Ei-lo aqui! ou ei-lo lá! pois eis, o Reino de Deus está dentro de vós".
234 - O Céu no homem está no seu interno, portanto no querer e no pensar pelo amor
e pela fé, e por conseqüência no externo que é fazer e falar segundo o amor e a fé;
mas não está no externo sem o interno, pois todos os hipócritas podem fazer o bem e
falar bem, mas não querem o bem nem pensam o bem.
235 - Quando o homem chega na outra vida, o que acontece logo depois da morte,
vê-se claramente se nele há o Céu, mas não se dá o mesmo quando vive no mundo,
pois no mundo o externo se mostra, e não o interno; mas na outra vida o interno se
manifesta, pois que então o homem vive,quanto ao espírito.
236 - A felicidade eterna que é também chamada alegria celeste, pertence aos que
estão no amor e na fé para com o Senhor pelo Senhor; este amor e esta fé têm em si
esta alegria; o homem que tem o Céu em si vive nesta alegria depois da morte; por ora
ela fica escondida no seu interno. Nos céus há comunhão, de todos os bens; a paz, a
inteligência, a sabedoria e a felicidade de todos aí são comunicadas a cada um,
contudo a cada um segundo a recepção do amor e da fé pelo Senhor; por aí se vê
claramente quanto há paz, inteligência, sabedoria e felicidade no Céu.
237 - Do mesmo modo que o amor para com o Senhor e o amor em relação ao
próximo, fazem a vida do Céu no homem; assim também o amor de si e o amor do
mundo, quando reinam, fazem a vida do Inferno nele; pois estes amores são opostos
aos precedentes; é por isso que aqueles em que reinam os amores de si e do mundo
nada podem receber do Céu, mas o que eles recebem vem do inferno; com efeito, tudo
o que o homem ama e tudo o que ele crê, vem ou do Céu ou do inferno.
238 - Aqueles em que reinam o amor de si e o amor do mundo não sabem o que é o
Céu, nem o que é a felicidade do Céu; e parece-lhes incrível que haja felicidade em
outros amores que não sejam os seus, quando entretanto não entra felicidade do Céu
senão na proporção em que se afastam estes amores como fins; quando eles foram
afastados a felicidade que os substitui é tão grande que ultrapassa toda concepção do
homem.
239 - A vida do homem não pode ser mudada depois da morte, permanece então tal
qual foi; pois o espírito do homem é inteiramente tal qual é seu amor, e o amor infernal
não pode ser transformado em um amor celeste, visto como estes amores são opostos;
o que é compreendido pelas palavras de Abrahão ao rico no inferno: "Entre nós e vós
um abismo imenso foi estabelecido, de sorte que os que querem atravessar daqui para
vós não o podem, também os de lá para nós (não podem) passar" (Luc. XVI, 26). Daí é
bem evidente que os que vão para o inferno lá permanecem eternamente, e que os que
vão para o Céu lá ficam eternamente.
240 - Como se tratou do Céu e do Inferno em uma obra especial, e o que os concerne
nos Arcanos Celestes aí foi referido, é por conseguinte inútil acrescentar aqui alguma
cousa.
DA IGREJA
241- O que faz o Céu no homem faz também a Igreja, pois do mesmo modo que o
amor e a fé fazem o Céu, também o amor e a fé fazem a Igreja; em conseqüência, pelo
que acaba de ser dito sobre o Céu, vê-se o que é a Igreja.
242 - Diz-se que há Igreja onde o Senhor é reconhecido, e onde há a Palavra; pois os
essenciais da Igreja são o amor e a fé para com o Senhor pelo Senhor, e a Palavra
ensina como o homem deve viver para que receba do Senhor o amor e a fé.
243 - Para que haja Igreja é necessário que haja uma Doutrina pela Palavra, visto
como sem doutrina a Palavra não é compreendida; mas a doutrina só não faz a Igreja
no homem, é a vida segundo a doutrina que a faz; dai resulta que o que faz a Igreja, é
a vida da fé, que é a caridade, e não a fé só. A doutrina real é a doutrina da caridade e
ao mesmo tempo da fé e não a doutrina da fé sem a da caridade; pois a doutrina da
caridade e ao mesmo tempo da fé é a doutrina da vida; mas não é o mesmo a doutrina
da fé sem a doutrina da caridade.
244 - Aqueles que estão fora da Igreja, e que entretanto reconhecem um único Deus, e
vivem segundo sua religiosidade em uma espécie de caridade em relação ao próximo,
estão em comunhão com os que são da Igreja, porque nenhum homem que crê em
Deus e vive bem, é danado; daí é evidente que a Igreja do Senhor está por toda parte
sobre o globo inteiro, ainda que esteja especialmente onde o Senhor é reconhecido e
onde há a Palavra.
245 - Todo homem em que há a Igreja é salvo; mas todo homem em que não há a
Igreja é condenado.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
246 - A Igreja está especialmente ente onde há a Palavra, e onde por ela o Senhor é
conhecido, por conseqüência onde os Divinos Veros são revelados, nºs 3857, 10761.
Todavia, entretanto, não são por isso da Igreja aqueles que nasceram onde há a
Palavra e onde o Senhor é reconhecido; mas são da Igreja aqueles que são
regenerados pelo Senhor por meio dos veros segundo a Palavra, e estes são os que
vivem a vida da caridade, nºs 6637, 10143, 1053, 10578, 10645, 10829. Os que são da
Igreja ou nos quais há a Igreja, estão na afeição do vero pelo vero, isto é, amam o vero
porque é o vero; esses examinam também pela Palavra si as doutrinais da Igreja em
que nasceram, são veros, nºs 5432, 6047. De outro modo o vero para cada um seria o
que ele recebeu de um outro e do solo natal, nº 6047.
A Igreja do Senhor está em todos os que, sobre o Globo, vivem no bem segundo a sua
religiosidade, nºs 3263, 6637, 10765. Todos os que vivem no bem, em qualquer lugar
que estejam, e que reconhecem um Deus, são aceitos pelo Senhor e vão para o Céu,
visto como todos que estão no bem reconhecem o Senhor, e isso porque o bem vem
do Senhor, e o Senhor está no bem, nºs 2589 a 2604, 2861, 2863, 4190, 4197, 6700,
9256. A Igreja universal está diante do Senhor como um único homem, nºs 7396, 9276;
da mesma maneira que o Céu, porque a Igreja é o Céu ou o Reino do Senhor nas
terras, nºs 2853, 2996, 2998, 3624 a 3649, 3636 a 3643, 3741 a 3745, 4625. Mas a
Igreja onde o Senhor é conhecido, e onde há a Palavra, é como o Coração e como o
Pulmão no homem, relativamente ás outras partes do corpo, que vivem por estes dois
órgãos como pelas fontes de sua vida, nºs 637, 931, 2054, 2853. Dai vem que si não
existisse uma Igreja onde lia a Palavra e onde por ela o Senhor é conhecido, o Gênero
humano não seria salvo, nºs 468, 637, 931, 4545, 10452, A Igreja é o fundamento do
Céu, nº 4060.
A Igreja é Interna e Externa, nºs 1242, 6587, 9375, 9680, 10762. O Interno da Igreja é o
amor para cora o Senhor e a caridade em relação ao próximo; por conseqüência os
que estão na afeição do bem e do vero pelo amor para com o Senhor e segundo a
caridade em relação ao próximo, constituem a igreja Interna, e aqueles que estão no
Culto externo pela obediência e pela fé, constituem a Igreja Externa, nºs 1083, 1098,
4288, 6380, 6587, 7840, 8762. Saber o vero e o bem e agir por isso, é o Externo da
Igreja, mas querer e amar o vero e o bem, e agir por isso, é o Interno da Igreja, nºs
4899, 6775. O Interno da Igreja está rio Culto daqueles que são da Igreja Externa,
ainda que aí esteja no obscuro, nº 6775. A Igreja Interna e a Igreja Externa fazem uma
única Igreja, nºs 409, 10762. O homem tem um Interno e um Externo, um Interno à
imagem do Céu, e um Externo à imagem do mundo, e por conseqüência para que o
homem seja da Igreja, seu Externo deve fazer um com seu Interno, nºs 3628, 4523,
4524, 6057, 6314, 9706, 10742. A Igreja está no Interno do homem, e ao mesmo tempo
no Externo, mas não no Externo sem o Interno, nºs 1795, 6580, 10691. O Interno da
Igreja está de acordo com os veros e a qualidade dos veros, e de acordo com sua
implantação no bem pela via, nº 1238.
A Igreja como o Céu, está no homem; e portanto a Igreja nó comum se compõe de
homens nos quais está a Igreja, n.O 3884. Para que haja a Igreja é preciso que haja
uma doutrina de vida, isto é, uma doutrina de Caridade, nºs 3445, 10763, 10764. É a
caridade e não a fé separada da caridade que faz a Igreja, nº 916; por conseqüência
não é a doutrina da fé separada da caridade, mas é a Doutrina da fé conjunta à
caridade, e de acordo com a qual se vive, nºs 809, 1798, 1834, 1844, 4468, 4672, 4674,
4766, 5826, 6637. Não há Igreja no homem si os veros da doutrina não foram
implantados nele, no bem da caridade, por conseqüência na vida, nºs 3310, 3910,
5826. Não há Igreja alguma no homem si ele está somente nos veros que se chamam
veros da fé, nº 5826. Quantos bens haveria na Igreja si a caridade estivesse em
primeiro lugar e a fé em segundo, nº 6269. Quantos males há quando a fé está em
primeiro lugar, nº 6272. Nas Igrejas Antigas a caridade era o principal e o essencial da
Igreja, nº 4680. A Igreja seria como o Céu si todos tivessem caridade, nºs 2385, 2853.
Se o bem fosse o caráter da Igreja e não o vero sem o bem, por conseqüência se a
caridade fosse o seu caráter e não a fé separada, a Igreja seria uma, e pouco
importaria que se diferisse quanto aos doutrinais da fé e quanto aos cultos externos, nºs
1285, 1316, 2982, 3267, 3445, 3451.
Toda Igreja começa pela caridade, mas com o decorrer do tempo se afasta dela, nºs
494, 501, 1327, 3793, 4689; e portanto se volta para os falsos que provêm do mal e
enfim para os males, nºs 1834, 1835, 2910, 4683, 4689. Comparação de uma Igreja em
seu começo e em seu declínio com a infância e a velhice do homem, nº 10134; e
também com o levantar e pôr do sol, nº 1837. Dos estados sucessivos da Igreja cristã
até ao seu ultimo estado; aí são explicadas as cousas que o Senhor tinha predito sobre
a consumação do século e sobre sua vinda, em Math. XXIV, desde o começo até ao
fim, nºs 3353 a 3356, 3486 a 3489, 3650 a 3655, 3751 a 3759, 3897 a 3901, 4056 a
4060, 4229 a 4231, 4332 a 4335, 4422 a 4424, 4635 a 4638, 4661 a 4664, 4807 a
4810, 4954 a 4959, 5063 a 5071. A Igreja cristã está hoje em seu fim, não tendo mais
fé porque não tem caridade alguma, nºs 3489, 4689. O julgamento Final é o ultimo
tempo da Igreja, nºs 2118, 3353, 4057, 4333, 4535. Da vastação da Igreja, nº 407a 411.
A consumação do século e a vinda do Senhor são o ultimo tempo da velha Igreja e o
primeiro da nova, nºs 2243, 4535, 10622. Quando uma velha Igreja está em vastação,
os veros interiores são revelados para servir a uma nova Igreja que então é instaurada,
nºs 3398, 3786. Da instauração da Igreja entre os gentios, nºs 1366, 2986, 4747, 9256.
247 - Das Igrejas Antigas.
A primeira e Antiqüíssima Igreja sobre esta terra foi a que é descrita nos primeiros
capítulos da Gênesis, e era urna Igreja celeste, a principal de todas, nºs 607, 895, 1121
a 1124, 2896, 4493, 8891, 9942, 10545. Quais são os desta Igreja no Céu, nº 1114 a
1125. Eles estão na maior luz, nºs 1116, 1117. Após o Dilúvio houve diversas Igrejas,
que em uma palavra são chamadas a Igreja Antiga, nºs 1125 a 1127, 1327, 10355. Em
quantos reinos da Ásia se estendeu a Igreja Antiga, nºs 1238, 2385. O que foram os
homens da Igreja Antiga, nºs 609, 895. A Igreja Antiga era uma Igreja representativa, e
seus representativos foram reunidos em um por alguns homens da Antiqüíssima Igreja,
nºs 519, 521, 2896. Na Antiga Igreja havia uma Palavra, mas esta Palavra foi perdida,
n.O 2897. 0 que foi a Antiga Igreja quando começou a declinar, nº 1128. Diferença
entre a Antiqüíssima Igreja e a Igreja Antiga, nºs 597, 607, 641, 765, 784, 895, 4493. A
Antiqüíssima Igreja e a Igreja Antiga estiveram também na terra de Canaã e dai os
Representativos dos lugares, nºs 3686, 4447, 4454. Da Igreja começada por Eber,
Igreja que foi chamada Hebraica, nºs 1238, 1241, 1343, 4516, 4517. Diferença entre a
Igreja Antiga e a Igreja Hebraica, nºs 1343, 4974. Eber instituiu os sacrifícios,
inteiramente desconhecidos nas Igrejas Antigas, nº 1343. As Antigas Igrejas
concordavam com a Igreja Cristã quanto aos Internos, mas não quanto aos Externos,
nºs 3478, 4489, 4772, 4904, 10149. Na Antiqüíssima Igreja a Revelação era imediata,
na Igreja Antiga era por correspondências; na Igreja judaica de viva voz; e na Igreja
Cristã pela Palavra, nº 10355. O Senhor era o Deus da Antiqüíssima Igreja e era
chamado Jeová, nºs 1343, 6846. O Senhor é o Céu e é a Igreja, nºs 4766, 10125,
10151, 10157. O Divino do Senhor faz o Céu, ver no Tratado do Céu e do Inferno, nº 07
a 12 e 78 a 86; por conseqüência também a Igreja, visto que no homem o que faz o
Céu faz também a Igreja, como foi dito acima na Doutrina.
248 - Da Igreja Judaica e dos Judeus.
Os Estatutos, os julgamentos e as Leis que foram dados na Igreja judaica, eram quanto
à maior parte semelhantes aos que existiam na Igreja Antiga, nºs 4449, 4835. Sob que
aspecto os ritos representativos da Igreja judaica, diferiam dos ritos representativos da
Igreja Antiga, nºs 4288, 10149. Foi instituída na Nação Judaica unia Igreja
representativa, li-ias lia própria nação não houve Igreja alguma, nºs 4899, 4912. É por
isso que quanto à nação mesma, houve tini representativo de Igreja e não uma Igreja,
nºs 4281, 42882 4311, 4500, 6304, 7048, 9320, 10396, 10526, 10531, 10698. A nação
Israelita e judaica não foi escolhida, mas foi recebida para representar a Igreja por
causa da obstinação com que seus Pais e Moisés persistiam em pedí-lo, nºs 4290,
4293, 7051, 7439, 10430, 10535, 10632. Seu culto era inteiramente externo sem
nenhum culto interno, nºs 1200, 3147, 3479, 8871. Eles não conheciam absolutamente
os internos do culto, e não os queriam conhecer, nºs 301 a 303, 3479, 4429, 4433,
4680, 4844, 4847, 10396, 10401, 10407, 10694, 10701, 10707. Como consideram os
internos do culto, da Igreja e da Palavra, nº 865. Seus interiores eram sujos, cheios dos
amores de si e do mundo, e de avareza, nº 3480, 9962, 10454 a 10457, 10462 a
10466, 10575. É por isso que os internos da Igreja não lhes foram descobertos, porque
os teriam profanado, nºs 2520, 3398, 3480, 4289. A Palavra era inteiramente fechada
para eles, nº 3769. Eles vêm a Palavra por fora e não por dentro, nº 10549 a 10551. É
por isso que seu interno, quando estavam no Culto, era fechado, nºs 8788, 8806, 9320,
9380, 9377, 9962, 10296, 10401, 10407, 10492, 10498, 10500, 10575, 10629, 10694.
Esta nação também era tal, que podia estar no santo externo, estando fechado o
interno, mais que todas as outras, nºs 4293, 4311, 4903, 9373, 9377, 9380. Seu estado
então, nº 4311. É também por isso que eles foram conservados até hoje, nº 3479. Seu
santo externo era miraculosamente elevado pelo Senhor ao Céu, e assim os interiores
do Culto, da Igreja e da Palavra aí eram percebidos, nºs 3480, 4307, 4311, 6304, 8588,
10492, 10500, 10602. Para que isso tivesse lugar, eles eram constrangidos por meios
externos a observar estritamente os ritos na forma externa, nºs 3147, 4281, 10149.
Como podiam estar no santo externo sem o santo interno, puderam representar as
cousas santas da Igreja e do Céu, nºs 3479, 3881, 4208, 6306, 6588, 9377, 10430,
10500, 10570. Entretanto estas cousas santas não os afetavam, nº 3479. Por que
pouco importa qual seja a pessoa que representa, visto como o representativo diz
respeito à cousa e não à pessoa, nºs 665, 1097, 1361, 3147, 3881, 4208, 4281, 4288,
4292, 4307, 4444, 4500, 6304, 7048, 7439, 8588, 8788, 8806.
Esta nação era pior que todas as outras nações; é descrito qual ela era, mesmo na
Palavra de um e de outro Testamento, nºs 314, 4316, 4317, 4444, 4503, 4750, 4751,
4815, 4820, 4383, 5057, 5998, 7248, 8819, 9320, 10454 a 10457, 10462 a 10466. A
Tribo de Judá tornou-se pior que as outras tribos, nº 4815. Com que crueldade eles
tratavam, por prazer, as nações, nºs 5057, 7248, 9320. Esta nação era idolatra de
coração, e mais que todas as outras, adorava outros deuses, nºs 3732, 4208, 4444,
4825, 5998, 6977, 7401, 8301, 8871, 8882. Seu culto também foi considerado
idolátrico, na própria ilação porque era externo sem ser interno, nºs 4281, 4825, 8871,
8882. Ela adorava Jeová somente quanto ao Nome, nºs 6877, 10559, 10560, 10556; e
somente por causa dos milagres, nº 4299. Pensam de uma maneira errônea os que
acreditam que os judeus, no fim da Igreja se converterão e voltarão à terra de Canaã,
nºs 4848, 7051, 8301. Alega-se sobre este assunto várias passagens da Palavra que
entretanto devem ser compreendidas segundo o sentido interno, portanto de outro
modo que segundo a letra, nº 7051. A Palavra quanto ao sentido externo, foi mudada
por causa desta nação, mas não entretanto quanto ao sentido interno, nºs 10453,
10461, 10603, 10604. Jeová sobre a Montanha do Sinai lhes apareceu de acordo com
a sua qualidade, em um fogo consumidor, em uma nuvem espessa e em uma fumaça
como de uma fornalha, nºs 1861, 6832, 8814, 8819, 9434. O Senhor aparece cada um
segundo a qualidade de cada um; como um fogo vivificante e recriador a aqueles que
estão no bem; e como um fogo consumidor a aqueles que estão no mal, nºs 934, 1861,
16832, 8819, 9434, 10551. Uma das
origens desta ilação é tirada de unia canaanita, e as duas outras da escortação de Judá
com sua nora, nºs 1167, 4818, 4820, 4874, 4899, 4913. Por estas origens foi significado
qual seria sua conjunção com a Igreja, a saber, como a conjunção com uma cananita, e
como a escortação de uma nora, nºs 4868, 4874, 4899, 4911. Do seu estado na outra
vida, nºs 939, 940, 5057.
Visto que esta nação não obstante ser tal, representa a Igreja, e visto que a Palavra foi
escrita nela e trata dela, é por isso que os Divinos Celestes foram significados por seus
nomes, por exemplo, por Rubens Simeão, Levi, Judá, Efraim, José e outros. Por Judá
no sentido interno é significado o Senhor quanto ao amor celeste, e o Reino Celeste do
Senhor nºs 3654, 3881, 5583, 5603, 5782, 6363. Explicação da profecia de Israel sobre
Judá, na qual se trata do Senhor (Gên. XLIX, 8 a 12), n 6363 a 6381. A tribo de Judá e
a Judéa significam a Igreja Celeste, nºs 3654, 6364. As doze tribos representam e, por
conseguinte significam todas as cousas do amor e da fé no complexo, nºs 3858, 3926,
4060, 6335; por conseqüência também o Céu e a Igreja, nºs 6337, 6637, 7836, 7891.
Eles significam conforme a ordem em que são nomeados, nºs 3862, 3926, 3939, 4603
e seguintes, nºs 6337, 6640. As doze tribos foram divididas em dois Reinos afim de que
os judeus representassem o Reino Celeste e os Israelitas o Reino Espiritual, nºs 8770,
9320. Pela semente de Abrahão, de Isaac e de Jacob são significados os bens e os
veros da Igreja, nºs 3373, 10445.
DA ESCRITURA SANTA OU DA PALAVRA
249 - O homem sem unia revelação procedente do Divino nada pode saber da vida
eterna, nem mesmo saber cousa alguma de Deus, nem com mais forte razão saber
alguma cousa do amor e da fé para com Deus; com efeito, o homem nasce em uma
completa ignorância, e em seguida deve pelas cousas mundanas aprender todas
aquelas pelas quais formará seu entendimento; nasce também, pelo hereditário, em
todo mal que pertence ao amor de si e do mundo: os prazeres que dai provêm reinam
continuamente, e sugerem cousas que são diametralmente opostas ao Divino; dai vem
portanto que o homem por si mesmo nada sabe da vida eterna; em conseqüência, é
indispensável que haja uma Revelação, pela qual tenha conhecimento disso.
250 - Que os males do amor de si e do mundo introduzem uma tal ignorância das
cousas que pertencem à vida eterna, é o que se vê claramente por aqueles que, dentro
da Igreja, ainda que saibam pela Revelação que há um Deus, que há um Céu e um
Inferno, que há uma vida eterna, e que se deve adquirir esta vida pelo bem do amor e
da fé, caem entretanto no negativo sobre estes pontos, tanto os eruditos como os que
não o são. Por aí se vê de novo quão grande seria a ignorância si não houvesse uma
Revelação.
251 - Pois que o homem vive após a morte, e então eternamente, e que a vida lhe
permanece de acordo com seu amor e sua fé, segue-se que o Divino, pelo amor para
com o gênero humano, revelou as cousas que devem conduzir a esta vida, e contribuir
para a salvação do homem. 0 que o Divino revelou é, em nós, a Palavra.
252 - Como a Palavra é a Revelação procedente do Divino, ela é Divina em todas e
cada unia às cousas que a compõem; pois o que procede do Divino não pode ser outra
cousa. O que procede do Divino desce pelos céus até ao homem; é por isso que a
Palavra nos céus foi acomodada a sabedoria dos anjos que aí estão, e nas terras foi
acomodada à concepção dos homens que as habitam; é por isso que na Palavra há
para os anjos um sentido interno que é espiritual, e para os homens um sentido
externo, que é natural; dai vem que é pela Palavra que há conjunção do Céu com o
homem.
253 - O sentido real da Palavra não é apreendido senão por aqueles que foram
ilustrados; e só são ilustrados aqueles que estão no amor e na fé para com o Senhor;
pois seus interiores são elevados pelo Senhor até à luz do Céu.
254 - A Palavra, na letra, não pode ser compreendida senão por meio de unia Doutrina
feita segundo a Palavra por um homem ilustrado; pois o sentido da letra foi acomodado
à concepção dos homens, mesmo simples; é por isso que a Doutrina tirada da Palavra
lhes servirá de archote.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
255 - Da necessidade e da excelência da Palavra. Pela luz natural nada se sabe sobre
o Senhor, sobre o Céu e o Inferno, sobre a vida do homem após a morte, nem sobre os
Divinos veros pelos quais o homem possui a vida espiritual e eterna, nºs 8944, 10318 a
10320. Podemos nos convencer pelo fato de que muitos homens, e entre eles eruditos,
não crêem nestas cousas ainda que tenham nascido em paises onde existe a Palavra,
e tenham sido instruídos pela Palavra, nº 10309. Foi portanto necessário que houvesse
alguma Revelação do Céu, pois o homem nasceu para o Céu, nº 1775. E por isso que
em todos os tempos houve Revelação, nº 2895. Das diversas espécies de Revelação
que se sucederam sobre a Terra, nºs 10355, 10632. Entre os Antiqüíssimos que
viveram antes do Dilúvio, no tempo que se chamou Século de Ouro, a Revelação era
imediata, e por conseguinte o Divino Vero era inscrito em seus corações, nº 2896. Nas
Igrejas Antigas que existiram após o Dilúvio, houve uma Palavra Histórica e Profética,
nºs 2686, 2897. Ver a respeito destas Igrejas, acima o nº 247. A parte histórica era
chamada as Guerras de Jeová, e a parte profética, os Enunciados, nº 28,97. Esta
Palavra era semelhante à nossa Palavra quanto à inspiração, nº 2897. Moisés fez
menção dela, nº 2686, 2897. Mas esta Palavra foi perdida, nº 2897. Houve também
Revelações proféticas entre outros, como se vê pelas palavras proféticas de Bileam
(Balaam), nº 2898.
A Palavra é Divina em todas e em cada uma das cousas que contém, nºs 639, 680,
10321, 10637. A Palavra é Divina e Santa quanto a cada jota e quanto a cada acento;
segundo a experiência, nº 9349. Como hoje se explica que a Palavra foi inspirada
quanto a cada jota, nº 1886.
A Igreja em particular existe onde há a Palavra, e onde por ela o Senhor é conhecido e
os Divinos Veros são recebidos, nºs 3857, 10761. Entretanto não são por isso da Igreja
aqueles que nasceram onde há a Palavra, e onde por Ela o Senhor é conhecido; mas
são da Igreja aqueles que são regenerados pelo Senhor por meio dos veros tirados da
Palavra; são os que vivem segundo os veros que ela contém, por conseqüência
aqueles que vivem a vida do amor e da fé, nºs 6637, 10143, 10153, 10578, 10645,
10829.
256 - A Palavra não é compreendida senão por aqueles que são ilustrados.
O racional humano não pode discernir os Divinos, nem mesmo os espirituais, se não
for ilustrado pelo Senhor, nºs 2196, 2203, 2209, 2654. Assim só os ilustrados discernem
a Palavra, nº 10323. O Senhor dá aos que são ilustrados a faculdade de compreender
o vero, e de discernir as cousas que na Palavra parecem se contradizer, nºs 9382,
10659. A Palavra no sentido da letra não é semelhante a ela mesma, e parece algumas
vezes se contradizer, nº 9025; e é por isso que os que não foram ilustrados podem
explicá-la e torcê-la de maneira a confirmar toda espécie de opiniões e de heresias e a
proteger todo amor mundano e corporal, nºs 4783, 10330, 10400. São ilustrados
segundo a Palavra àqueles que a lêem pelo amor do vero e do bem, mas não aqueles
que a lêem pelo amor da reputação, do ganho e da honra, e portanto pelo amor de si,
nºs 9382, 10548, 10551. São ilustrados os que estão no bem da vida, e, por
conseguinte na afeição do vero, nº 8694. São ilustrados aqueles, cujo interior foi aberto,
por conseqüência àqueles que podem ser elevados à luz do Céu quanto a seu homem
Interno, nºs 10400, 10402, 10691, 10694. A ilustração é uma abertura atual (dos
interiores que pertencem ao mental), e também urna elevação à luz do Céu, nº 10330.
O Santo influi do Interno, isto é, do Senhor pelo Interno naqueles que consideram a
Palavra como Santa, e isto sem eles saberem, nº 6789. Aqueles que são conduzidos
pelo Senhor são ilustrados e vêm os veros na Palavra; mas não aqueles que são
conduzidos por si mesmos, nº 10638. Aqueles que são conduzidos pelo Senhor, são os
que amam o vero porque é o vero, e estes são também os que gostam de viver
segundo os Divinos veros, nºs 10578, 10829. A Palavra é vivificada no homem segundo
a vida de seu amor e de sua fé, nº 1776. As cousas que vêm da própria inteligência
não têm a vida em si mesmas porque cousa algurna do bem não procede do próprio
homem, nºs 8941, 8944. Aqueles que muito se confirmaram em uma doutrina falsa não
podem ser ilustrados, nºs 10640.
É o Entendimento que é ilustrado, nºs 6608, 9300; porque o Entendimento é o
recipiente do vero, nºs 6222, 6608, 10659. Sobre cada doutrinal da Igreja há idéias,
segundo as quais há entendimento do assunto, nºs 3310, 3825. As idéias dó homem
em quanto vive no mundo, são naturais, por que o homem pensa então no natural; mas
a verdade é que idéias espirituais estão encerradas nestas idéias naturais naqueles
que estão na afeição do vero pelo vero, nºs 10237, 10240, 10551. Sem as idéias não lia
percepção alguma, nº 3825. As idéias sobre as cousas da fé são abertas na outra vida;
e lá elas são vistas pelos anjos tais quais são, nºs 1869, 3310, 5510, 6200, 8885. E por
isso que a Palavra não é compreendida senão pelo homem racional; pois crer alguma
cousa sem idéia do assunto e sem a intuição da razão, é unicamente reter de memória
uma palavra destituída de toda vida da percepção e da afeição, o que não é crer, nº
2553. O sentido literal da Palavra é o que é ilustrado, nºs 3619, 9824, 9905, 1054.
257 - A Palavra não é compreendida Senão por uma Doutrina segundo a Palavra.
A Doutrina da Igreja deve ser tirada da Palavra, nºs 3463, 5402, 6832, 10763, 10765. A
Palavra sem a Doutrina não é compreendida, nºs 9025, 9409, 9424, 9430, 10324,
10431, 10582. A verdadeira Doutrina é uni archote para aqueles que lêem a Palavra, nº
10400. A Doutrina real deve ser dada por aqueles que estão na ilustração vinda do
Senhor, nºs 2510, 2516, 2519, 9424, 10105. A Palavra é compreendida por meio de
uma Doutrina feita por alguém que foi ilustrado, nº 10321. Os que estão na ilustração
fazem para si uma doutrina pela Palavra, nºs 9382, 10659. Diferença entre os que
ensinam e aprendem unicamente segundo o sentido da letra da Palavra; qual é esta
diferença, nº 9025. Os que estão no sentido literal da Palavra sem uma doutrina, não
alcançam entendimento algum sobre os veros Divinos, nºs 9409, 9410, 10582. Caiem
em vários erros, nº 10431. Aqueles que estão na afeição do vero pelo vero quando se
tornam adultos e podem ver por seu entendimento, não permanecem simplesmente
nos Doutrinais de sua Igreja, mas examinam atentamente se eles são verdadeiros
segundo a Palavra, nºs 5402, 5432, 6017. De outro modo cada um teria o vero por um
outro ou pelo solo natal, quer fosse judeu ou grego, nº 6017. Entretanto as cousas que
se tornaram cousas de fé pelo sentido literal da Palavra não devem ser extintas senão
por uma completa intuição, nº 9039.
A verdadeira Doutrina da Igreja é a Doutrina da caridade e da fé, nºs 2417, 4766,
10762, 1064. O que faz a Igreja não é a Doutrina da fé, mas é a vida da fé que é a
caridade, nºs 809, 1798, 1799, 1834, 4468, 4677, 4766, 5826, 6637. Os Doutrinais nada
são si a vida não for confirmada por eles, nºs 1515, 2049, 2116. Hoje, nas Igrejas, há a
Doutrina da fé, e não a da caridade; e a Doutrina da caridade foi relegada para a
ciência que se chama Teologia moral, nº 2417. A Igreja seria uma si se fosse
reconhecido por homem da Igreja pela vida, por conseqüência segundo a caridade, nºs
1285, 1316, 2982, 3267, 3445, 3451, 3452. Quanto à doutrina da caridade supera a
doutrina da fé separada da caridade, nº 4844. Aqueles que não têm noção alguma da
caridade estão na ignorância a respeito das cousas celestes, nº 2435. Em quantos
erros caiem aqueles que têm somente a doutrina da fé e não ao mesmo tempo a da
caridade, nºs 2383, 2417, 3146, 3325, 3412, 3413, 3416, 3773, 4672, 4730, 4783, 4925,
5351, 7623 a 7627, 7752 a 7762, 7790, 8094, 8313, 8530, 8765, 9186, 9224, 10555.
Os que estão unicamente na doutrina da fé e não na vida da fé, que é a caridade,
foram outrora chamados Incircuncisos ou Filisteus, nºs 3412, 3413, 8093. Entre os
Antigos houve a Doutrina do amor para com o Senhor e a da caridade em relação ao
próximo, e a doutrina da fé estava a seu serviço, nºs 2417, 3419, 4844, 4955.
A doutrina feita por um homem ilustrado pode em seguida ser confirmada pelos
racionais c assim é compreendida mais plenamente e é corroborada, nºs 2553, 2719,
2720, 3052, 3310, 6047. Vê-se várias cousas sobre este assunto, acima no nº 51.
Aqueles que estão na fé separada da caridade querem que se creia simplesmente nos
doutrinais da Igreja, sem nenhuma intuição racional, nº 3394.
É próprio de um homem sábio, não confirmar o dogma, mas ver si ele é verdadeiro
antes de ser confirmado; e é o que fazem aqueles que estão na ilustração, nºs 1017,
4741, 7012, 7680, 7950. A luz da confirmação é uma luz natural, não espiritual,
podendo existir mesmo entre os maus, nº 8780. Todas as cousas, mesmo as falsas,
podem ser confirmadas, até parecer como veros, nºs 2482, 2490, 5033, 6865, 8321.
258 - Na Palavra há um sentido espiritual que é chamado sentido interno.
Não se pode saber o que é o sentido interno da Palavra, a menos que não se saiba o
que é a Correspondência, nºs 2895, 4322. Todas as cousas em geral e em particular,
até as menores, que existem rio mundo natural, correspondem ás cousas espirituais, e
por conseguinte as significam, nºs 1886 a 1889, 2987 a 3003, 3213 a 3227. Os
espirituais aos quais correspondem os naturais, aparecem no natural sob uma outra
face de sorte que não se pode discerni-los nºs 1887 2395, 8920. Há apenas alguém
hoje que saiba onde está o Divino na Palavra, quando entretanto o Divino está no seu
sentido interno ou espiritual, de que se ignora hoje a existência, nºs 2899, 4989. O
místico da Palavra não é outra cousa senão o que contem o seu sentido interno ou
espiritual no qual se trata do Senhor, do Seu Reino e da Igreja, e não de cousas
naturais que estão no mundo, nº 4923. Os proféticos em uni grande numero de
passagens não são compreendidos, e não são por conseqüência de uso algum, sem o
sentido interno; mostrado por exemplos, nºs 2608, 8020, 8393. Assim o que é
Significado pelo cavalo branco no Apocalipse nº 2760 e seguintes. O que é significado
pelas chaves do Reino dos céus dadas a Pedro; prefácio do capítulo XXII da Gênesis e
o nº 9410. O que é significado pela carne, o sangue, o pão e o vinho da Santa Ceia, e
portanto porque foi ela instituída pelo Senhor, nº 8682. O que é significado pelas
profecias de Jacob sobre seus filhos, Gên. Cap. XLIX, nºs 6306, 6333 a 6465. O que é
significado por varias profecias sobre Judá e Israel, profecias que não têm relação com
esta nação e que não apresentam coincidência segundo o sentido da letra, nºs 6333,
6361, 6415, 6438, 6444. Além de inumeráveis outros exemplos, nº 2608.
Sobre o sentido interno ou espiritual da Palavra em geral, nºs 1767, 177, 1869 a 1879.
Há um sentido interno em todas e em cada uma das cousas da Palavra, nºs 1143,
1984, 2135, 2333, 2395, 2619. Este sentido não aparece no sentido da letra, mas a
verdade é que ali está, no interior, nº 4442.
259 - O sentido interno ia Palavra é principalmente para os anjos, o é também
Para os homens.
Para que se saiba o que é o sentido interno, vou dizer aqui em geral o que ele é, e
donde vem: Pensa-se e fala-se no Céu de outro modo que no mundo; no Céu
espiritualmente, no mundo naturalmente, é por isso que, quando o homem lê a Palavra,
os anjos que estão no homem a percebem espiritualmente, enquanto que os homens a
entendem naturalmente. Daí os estão no sentido Interno enquanto que os homens
estão no sentido externo; mas entretanto estes sentidos fazem um pela
correspondência. A Palavra é compreendida pelos anjos de outro modo que pelos
homens nas terras; o sentido interno ou espiritual é para os anjos, e o sentido externo
ou natural para os homens, nºs 1887, 2395. Os anjos percebem a Palavra no sentido
interno e não no sentido externo; pela experiência daqueles que no Céu falaram
comigo, quando eu lia a Palavra, nºs 1769 a 1772. As idéias dos anjos e também suas
palavras são espirituais, enquanto que as idéias e as palavras dos homens são
naturais; é por isso que o sentido interno, que é espiritual, é para os anjos, ilustrado
pela experiência, nº 2333. Entretanto, o sentido literal da Palavra serve de meio para as
idéias espirituais dos anjos, da mesma maneira que as palavras da linguagem servem
ao homem para o sentido da cousa, nº 2143. As cousas que pertencem ao sentido
interno da Palavra caiem nas cousas que pertencem à luz do Céu, e portanto na
percepção angélica, nºs 2618, 2619, 2629, 3086. As cousas que os anjos percebem da
Palavra lhes são por isso mesmo preciosas, nºs 2540, 2541, 2545, 2551. Os anjos não
compreendem mesmo uma única palavra do sentido literal da Palavra, nºs 64, 65, 1434,
1929. Eles não sabem também os nomes de pessoas e de lugares que estão na
Palavra, nºs 1434, 1888, 4442, 4480. Os nomes não podem entrar no Céu, nem aí ser
enunciados, nºs 1876, 1888. Todos os nomes na Palavra significam coisas e são
mudados no Céu em idéias da cousa que eles significam, nºs 768, 1888, 4310, 4442,
5225, 5287, 10329. Os anjos pensam mesmo abstrativamente das pessoas, n 6613,
8343, 8595, 9007. Quanto é elegante o sentido interno da Palavra, quando mesmo não
é composto senão de nomes; provado por exemplos tirados da Palavra, nºs 1224, 1888,
2395. E mesmo uma serie de vários nomes exprime no sentido interno uma única
cousa, nº 5095. Todos os números na Palavra significam também cousas, nºs 482, 487,
647, 648, 755, 813, 1963, 1988, 2075, 2252, 3252, 4264, 6175, 9488, 9659, 10217,
10253. Os espíritos percebem também a Palavra no sentido interno conforme os seus
interiores tenham sido abertos para o Céu, nº 1771. O sentido literal da Palavra, que é
natural, é transformado imediatamente em sentido espiritual nos anjos, porque há
correspondência, nº 5648. E isso sem que eles ouçam e sem que conheçam o que há
no sentido da letra ou no sentido externo, n 10215. Assim o sentido da letra ou o
sentido externo está unicamente no homem e não vai mais longe, nº 2015.
Há um sentido interno na Palavra, e também um sentido intimo ou supremo; sobre
estes dois sentidos, ver nºs 9407, 106041 10614. 10627. Os anjos espirituais, isto é,
aqueles que são do Reino espiritual do Senhor, percebem a Palavra no sentido interno;
e os anjos celestes, isto é, aqueles que estão no Reino celeste do Senhor, percebem a
Palavra no sentido íntimo, nºs 2157, 2275.
A Palavra é para os homens e também para os anjos; foi acomodada para uns e
outros, nºs 7381, 8862, 10332. É a Palavra que une o Céu à terra, nºs 2310, 2495, 9212,
9216, 9357. Na Palavra há conjunção do Céu com o homem, nºs 9396, 9400, 9401,
10452. É por isso que a Palavra é chamada aliança, nº 9396; porque a aliança significa
a conjunção, nºs 665, 666, 1023, 1038, 1864, 1996, 2003, 2021, 6804, 8767, 8778,
9396, 10632. Há um sentido interno na Palavra, porque a Palavra desceu do Senhor
pelos três Céus até ao homem, nºs 2310, 6397, e assim ela foi acomodada para os
anjos dos três Céus e também para os homens, nºs 7387, 8862. É dai que a Palavra é
Divina, nºs 2899, 4989; e é Santa, nº 10276; e é Espiritual, nº 4480; e que a Palavra foi
inspirada pelo Divino, nº 9094. É isso a Inspiração, nº 9094.
O homem que foi regenerado está mesmo, em atualidade, no sentido interno da
Palavra, ainda que não o saiba; pois nele foi aberto o homem interno, ao qual pertence
à percepção espiritual, nº 10400; mas nele o espiritual da Palavra influi nas idéias
naturais e se apresenta assim naturalmente, porque quando vive no mundo, pensa no
homem natural, nº 5614. Dai naqueles que são ilustrados, a luz do vero vem do seu
interno, isto é, do Senhor pelo interno, nºs 10691, 10694. É também por esse caminho
que o santo influi naqueles que consideram a Palavra como santa, nº 6789. Visto que o
homem regenerado está em atualidade no sentido interno da Palavra, e rio santo desse
sentido, ainda que o ignore, é por isso que após a morte ele vem por si mesmo a este
sentido, e não está mais no sentido da letra, nºs 3242, 3343.
260 - No Sentido Interno ou Espiritual da Palavra há Arcanos inumeráveis.
A Palavra, no sentido interno, contem cousas inumeráveis que ultrapassam a
concepção humana, nº 3086. Elas são mesmo inexplicáveis, nº 1965. Apresentam-se
unicamente aos anjos e são compreendidas por eles, nº 167. O sentido interno da
Palavra contém os Arcanos do Céu, que concernem ao Senhor e ao Seu Reino rios
céus e nas terras, nºs 01 a 04 e 937. Estes Arcanos não se mostram no sentido da
letra, nºs 937, 1502, 2161. Varias cousas que nos profetas parecem como descosidas,
apresentam-se no sentido interno, ligadas entre si em uma ordem admirável, nºs 7153,
9022. Não há uma única palavra, nem mesmo um único jota que possa ser tirado do
sentido literal da Palavra, sem que haja interrupção no sentido interno; e é por isso que
pela Divina Providencia do Senhor, a Palavra foi conservada tão completa quanto a
toda palavra e a todo acento, nº 7933. Há cousas inumeráveis em cada particularidade
da Palavra, nºs 6617, 6620, 8920; e em cada vocábulo, nº 1869. Há inúmeras na
Oração Dominical, e em cada uma de suas expressões, nº 6619; e nos preceitos do
Decálogo, no sentido externo dos quais há entretanto cousas que eram conhecidas de
todas as nações sem revelação, nºs 8867, 8900.
Na Palavra, sobretudo na Palavra Profética, há duas expressões que parecem designar
a mesma cousa, irias unia se refere ao bem, e a outra ao vero, portanto uma ao celeste
e a outra ao espiritual, nºs 683, 707, 2516, 8339. Na Palavra os bens e os veros estão
conjuntos de uma maneira admirável, e esta conjunção é manifesta unicamente para
aqueles que conhecem o sentido interno nº 10554. E assim na Palavra e em cada uma
de suas cousas há o casamento Divino e o casamento celeste, nºs 683, 793, 801, 2173,
2516, 2712, 5138, 7022; o casamento Divino que é o casamento do Divino Bem e do
Divino Vero, portanto o Senhor em Quem unicamente existe este Casamento, nºs 3004,
3005, 3009, 5138, 5194, 5502, 6343, 7945, 9263, 9314. Por Jesus é significado o
Divino Bem, e por Cristo o Divino Vero, e por um e outro o Casamento Divino no Céu, o
qual é o Casamento do Divino Bem e do Divino Vero, nºs 3004, 3005, 3009. Em cada
uma das cousas da Palavra, em seu sentido interno há este Casamento, por
conseqüência o Senhor, quanto ao Divino Bem e ao Divino Vero, n 5502. O Casamento
do Bem e do Vero pelo Senhor no Céu e na Igreja, é o que se chama Casamento
Celeste, nºs 2508, 2618, 3004, 3211, 3952, 6179. Assim, sob este aspecto a Palavra é
uma espécie de Céu, nºs 2173, 10126. O Céu é assimilado ao casamento na Palavra,
por causa do casamento do bem e do vero que há lá, nºs 2758, 3132, 4434, 4835.
O Sentido interno é a Doutrina mesma da Igreja, nºs 9025, 9430, 10400. Aqueles que
compreendem a Palavra segundo o seu sentido interno conhecem a verdadeira
Doutrina da Igreja, porque o sentido interno a contém, nºs 9025, 9430, 10400. O interno
da Palavra é também o interno da Igreja, e semelhantemente o interno do Culto, nº
10460. A Palavra é a Doutrina do amor para com o Senhor e da caridade em relação
ao próximo, nºs 3419, 3420.
A Palavra n a letra é como um a nuvem, e no sentido interno é uma Gloria, Gên. XVIII,
nºs 5922, 6343, onde são explicadas estas palavras: "O Senhor deve vir nas nuvens do
Céu com Gloria". A nuvem na Palavra significa também a Palavra no sentido da letra, e
a Gloria a Palavra no sentido interno, Gên XVIII, nºs 4060, 4391, 6343, 6752, 8106,
8781, 9430, 10551, 10574. As cousas que estão no sentido da letra são em relação ás
que encerra o sentido interno como traços grosseiros projetados em torno de um
cilindro óptico polido, pelos quais, entretanto se apresenta rio cilindro unia bela imagem
ele homem, nº 1871. Aqueles que não querem e não reconhecem senão o sentido da
letra são representados no mundo espiritual por lima velha decrépita; mas aqueles que
querem e reconhecem ao mesmo tempo o sentido interno são representados por uma
virgem decentemente vestida, nº 1774. A Palavra em todo o complexo é uma imagem
do Céu, porque a Palavra é o Divino Vero, e o Divino Vero faz o Céu; e o Céu
assemelha-se a um Homem; a Palavra é sob este aspecto como a imagem de um
homem, nº 1871. Ver no Tratado do Céu e do Inferno que o Céu em um só complexo
assemelha-se a um homem, nºs 59 a 67; e que o Divino Vero procedente do Senhor faz
o Céu, nºs 126 a 140, 200 a 212. A Palavra se apresenta diante dos anjos com beleza e
com encanto, nºs 1767, 1768. O sentido da letra é como o corpo, e o sentido interno é
como a alma desse corpo, nº 8943. Por isso a Palavra tem a vida pelo sentido interno,
nºs 1405, 4857. A Palavra é pura no sentido interno, e não aparece assim no sentido da
letra, nºs 2362, 2395. As cousas que estão no sentido da letra da Palavra são santas
pelas cousas internas, nºs 10126, 10728.
Nos históricos da Palavra, há também um sentido interno, mas está no interior desses
históricos, nº 4989. Portanto os históricos da Palavra do mesmo modo que os
proféticos contêm arcanos do Céu, nºs 755, 1659, 1709, 2310, 2333. Os anjos os
percebem não historicamente, mas espiritualmente, nº 6884. Os arcanos interiores que
estão nos históricos se apresentam mais claramente ao homem que os que estão nos
proféticos; porque, nºs 2176, 6597.
Qual é alem disso o sentido interno da Palavra; demonstrado, nºs 1756, 1984, 2004,
2663, 3035, 7089, 10604, 10614; e ilustrado por comparações, nº 1873.
261 - A Palavra foi escrita por Correspondências e, portanto por Representativos.
A Palavra quanto ao sentido da letra foi escrita por puras correspondências, portanto
por cousas que significam e representam os espirituais pertencentes ao Céu e à Igreja,
nºs 1404, 1408, 1409, 1540, 1619, 1659, 1709, 1783, 2179, 2763, 2899. Isto foi feito por
causa do sentido interno em cada uma das cousas da Palavra, nº 2899; portanto por
causa do Céu, porque os que estão no Céu compreendem a Palavra, não segundo o
sentido da Letra, que é natural, mas segundo o sentido tido interno que é espiritual, nº
2899. O Senhor falou por correspondências, por representativos e significativos, porque
Ele falava pelo Divino, nºs 9048, 9063, 10126, 10728. Portanto o Senhor falou ao
mesmo tempo diante do mundo e diante do Céu, nºs 2533, 4807, 9048, 9063, 9086. As
cousas que o Senhor pronunciou encheram todo o Céu, nº 4637. Os históricos da
Palavra são representativos, as palavras são significativas, nºs 1540, 1659, 1709, 1783,
2686. Para que houvesse pela Palavra comunicação e conjunção com os céus ela não
podia ser escrita em um outro estilo, nºs 2899, 6943, 9481. Quão grosseiramente se
enganam aqueles que desprezam a Palavra por causa do estilo em aparência simples
e pouco polido, e que pensam que teriam recebido a Palavra se ela fosse escrita em
um outro estilo, nº 8783. A maneira de escrever e o estilo entre os Antiqüíssimos era
também por meio de representativos e por significativos, nºs 605, 1756, 7942. Os
sábios antigos faziam suas delícias da Palavra, porque aí achavam Representativos e
Significativos, provado pela experiência, nºs 2592, 2593. Se o homem da Antiqüíssima
Igreja lesse a Palavra veria claramente as cousas que estão no sentido interno e
obscuramente as que estão rio sentido externo, nº 4493. Os filhos de Jacob foram
levados à Terra de Canaã porque nesta Terra todos os lugares, desde os tempos
antiqüíssimos, tinham se tornado representativos, nºs 1585, 3686, 4447, 5136, 6516; e
por conseqüência afim de que lá fosse escrita a Palavra, na qual estes lugares deviam
ser mencionados por causa do sentido interno, nºs 3686, 4447, 5136, 6516. Mas
entretanto, a Palavra foi mudada quanto ao sentido externo por causa desta nação;
porém não quanto ao sentido interno, nºs 10453, 10461, 10603, 10604. Afim de que se
saiba o que são e quais são as Correspondências e os Representativos na Palavra,
dir-se-á também alguma cousa sobre isso. Todas as cousas que correspondem
representam também, e por conseguinte significam, de sorte que as Correspondências
e os Representativos são um, nºs 2179, 2896, 2899, 2987, 2989, 2991, 3002, 3225. O
que são as Correspondências e os Representativos; mostrado pela experiência e pelo
exemplo, nºs 2763, 2987 a 3002, 3213 a 3226, 3337 a 3352, 3472 a 3485, 4228, 928O.
A ciência das Correspondências e dos Representativos foi a principal ciência entre os
Antigos, nºs 3021, 3419, 4280, 4749, 4844, 4964, 4966, 6004, 7729, 10252; sobretudo
entre os Orientais, nºs 5702, 6692, 7097, 7779, 9391, 10252, 10407; no Egito mais que
nos outros países, nºs 5702, 6692, 7097, 7779, 9391, 10407; e também entre os
gentios, por exemplo na Grécia e outros lugares, nºs 2762, 7729. Hoje está no numero
das ciências inteiramente perdidas, sobretudo na Europa, nºs 2894, 2895, 2994, 3630,
3632, 3747 a 3749, 4581, 4966, 10252. Entretanto esta ciência sobrepuja todas as
ciências, visto que sem ela não se compreende a Palavra, ignora-se o que significam
os Ritos da Igreja judaica de que se fala na Palavra, não se sabe o que é o Céu, nem o
que é o Espiritual, nem como o Influxo espiritual age rio natural, nem varias outras
cousas, nº 4280 e nos lugares acima citados. Todas as cousas que aparecem aos
anjos e aos espíritos são Representativos segundo as Correspondências das cousas
que pertencem ao amor e à fé, nºs 1971, 3213 a 3226, 3475, 3485, 9481, 9574, 9576,
9577. Os céus estão cheios de representativos, nºs 1521, 1532, 1619. Os
representativos são tanto mais belos, e tanto mais perfeitos, quanto mais interiormente
estão no Céu, nº 3475. Os Representativos aí são aparências reais, porque são
produzidos peja luz do Céu que é o Divino Vero; e este Vero é o essencial mesmo da
existência de todas as cousas, nº 3485.
Se todas as cousas, em geral e em particular, que estão no Mundo espiritual são
representadas no mundo natural, é porque o interno se reveste de cousas que lhe
convém no externo, e pelas quais se torna visível e se manifesta, nºs 6275, 6284, 6299.
Assim o fim se reveste de cousas que lhe convém para se fixar como causa, em unia
esfera inferior e em seguida para se fixar como efeito em unia esfera ainda inferior; e
quando pela causa o fim se tornou efeito, torna-se visível ou se manifesta diante dos
olhos, nº 5711. Isto é ilustrado pelo influxo da alma no corpo, a saber, que no corpo a
alma se reveste de cousas pelas quais tudo que ele pensa e quer pode se manifestar e
se apresentar visivelmente; também o pensamento quando penetra no corpo é
representado por gestos e afeições que correspondem, nº 2988. As afeições que
pertencem ao mental são representadas de unia maneira manifesta sobre a face por
suas diferentes expressões, a ponto de aí se tornarem visíveis, nºs 4791 a 4805, 5695.
E' evidente por isso que em todas as cousas da natureza, em geral e em particular, lia
interiormente escondida uma causa e um fim vindos do inundo espiritual, nºs 3562,
5711; visto como as cousas que estão na Natureza, são os últimos efeitos nos quais os
anteriores estão contidos, nºs 4240, 4939, 5051, 6275, 6284, 6299, 9216. Os internos
são as cousas que são representadas, e os externos as que representam, nº 4292.
Como todas as cousas na Natureza são representativos de cousas espirituais e
celestes, é por isso que nos tempos Antigos, houve Igrejas em que todos os externos,
que eram Ritos, tinham sido representativos; estas Igrejas, por essa razão chamam-se
Igrejas representativas, nºs 519, 521, 2896. A Igreja entre os filhos de Israel foi
instituída, como Igreja representativa, nºs 1003, 2179, 1014. Todos os Ritos aí eram
externos que representavam internos pertencentes ao Céu e à Igreja, nºs 4288, 4874.
Os representativos da Igreja e do Culto cessaram quando o Senhor veio ao mundo
porque o Senhor abriu os internos da Igreja, e porque todos os externos da Igreja no
sentido supremo Lhe concerniam, nº 4832.
262 - Do sentido literal ou externo da Palavra.
O sentido literal da Palavra está de acordo com as aparências no mundo, nºs 589, 926,
2719, 2720, 1832, 2242, 2520, 2533; e ao alcance dos simples, nºs 533, 9048, 9063,
9086. A Palavra no sentido da letra é natural, nº 8783; e isso porque o natural é o
ultimo no qual terminam os espirituais e os celestes, e sobre, o qual subsistem como
uma casa sobre seu fundamento; de outro modo, o sentido interno sem o externo, seria
como uma casa sem fundamento, nºs 9360, 9430, 9824, 9433, 10044, 10436. A
Palavra, porque é tal, é o continente do sentido espiritual e do sentido celeste, nº 9407;
e porque é tal, é o santo Divino no sentido da letra quanto a tudo que encerra em geral
e em particular, até em cada jota, nºs 639, 680, 1869, 1870, 919S, 10321, 10637. As
Leis praticadas pelos filhos de Israel, ainda que abolidas, são sempre a santa Palavra,
por causa do sentido interno que está nelas, nºs 9211, 9259, 9349. Entre as Leis, os
julgamentos e os Estatutos para a Igreja Israelita e judaica, que era uma Igreja
Representativa, há alguns que ainda estão em vigor em um e outro sentido, o externo e
o interno; há alguns que devem ser inteiramente observados segundo o sentido
externo; há outros que podem ser postos em uso, si se julgar conveniente; e há outros
que estão inteiramente abolidos; ver quais são, nº 9349. A Palavra é Divina, mesmo
quanto ás cousas que foram abrogadas, nº 10637.
O que é a Palavra no sentido da letra, se não é compreendida ao mesmo tempo,
quanto ao sentido interno, ou o que é a mesma cousa, segundo a verdadeira doutrina
tirada da Palavra, nº 10402. Surgem heresias em numero imenso do sentido da letra
sem o sentido interno, ou sem a Doutrina real tirada da Palavra, nº 10400. Os que
estão no externo sem estar no interno não suportam os interiores da Palavra, nº 10694.
Os Judeus foram destes, e são ainda assim hoje, nºs 301 a 303, 3479, 4429, 4433,
4680, 4844, 4847, 10396, 10401, 10407, 10694, 10701, 10707.
263 – O Senhor é a Palavra.
No sentido interno da Palavra trata-se unicamente do Senhor, e aí são descritos todos
os estados da Glorificação do Seu Humano, isto é, da união com o Divino mesmo; e ao
mesmo tempo todos os estados da subjugação dos infernos, e da ordenação de todas
as cousas que estão nos infernos e nos Céus, nºs 2249, 7014. Portanto neste sentido é
descrita toda a vida do Senhor rio mundo, e por isso há presença continua do Senhor
rios anjos, nº 2523. Por conseqüência o Senhor só, está no intimo da Palavra, e é dai
que vem o Divino e o Santo da Palavra, nºs 1873, 9357. Estas palavras do Senhor, que
tudo o que foi escrito d'Ele foi cumprido, significam que todas as cousas que estão no
sentido interno foram cumpridas, nº 7933.
A Palavra significa o Divino Vero, nºs 4692, 5075, 9987. O Senhor é a Palavra, porque
Ele é o Divino Vero, nº 2533. O Senhor é a Palavra porque também a Palavra vem
d'Ele e trata d'Ele, nº 2859; e porque ela só trata do Senhor no sentido intimo, portanto
o Senhor mesmo esta neste sentido, nºs 1873, 9357; e porque em todas e cada uma
das cousas da Palavra há o Casamento do Divino Bem e do Divino Vero, nºs 3004,
5502. Jesus é o Divino Bem e Cristo é o Divino Vero, nºs 3004, 3009. O Divino Vero é o
Real único e esse em que ele está, vindo do Divino, é o substancial único, nºs 5272,
6880, 7004, 8200. E como o Divino vero procedente do Senhor é a Luz do Céu, e o
Divino Bem é o calor do Céu, e como por eles todas as cousas aí existem, e como o
mundo natural existe pelo Céu ou pelo mundo espiritual, é evidente que todas as
cousas que foram criadas o foram pelo Divino Vero, por conseqüência pela Palavra, de
acordo com estas expressões de João I, 123, 14: "No começo era a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e Deus ela era, a Palavra! E por ela foram feitas todas as
cousas que foram feitas; e a Palavra carne foi feita", nºs 2803, 2894, 5272, 6880. De
mais, sobre a criação de todas as cousas pelo Divino Vero, portanto pelo Senhor, ver
no Tratado do Céu e do Inferno, nº 137; e mais plenamente rios dois Artigos desse
Tratado nºs 116 a 125, e n 126 a 140.
Há pela Palavra, por meio do sentido interno conjunção do Senhor com o homem, nº
10375. Há conjunção por todas e por cada uma das cousas da Palavra, e é dai que a
Palavra é mais admirável do que qualquer outro escrito, nºs 10632 a 10634. Depois que
a Palavra foi escrita o Senhor fala por ela com os homens, nº 10290.
264 - Dos que são contra a Palavra.
Dos que desprezam, metem a ridículo e profanam a Palavra, nº 1878. O que eles são
na outra vida, nºs 1761, 9222. Eles representam à viscosidade do sangue, nº 5719.
Quantos perigos resultam da profanação da Palavra, nºs 571, 582. Quão prejudicial é
confirmar pela Palavra os princípios do falso, e sobretudo os princípios que favorecem
o amor de si e o amor do mundo, nº 589. Os que não estão em afeição alguma do vero
pelo vero rejeitam inteiramente o sentido interno da Palavra, e experimentam desgosto
por ele; provado pela experiência, nº 5702. De alguns na outra vida que rejeitaram os
interiores da Palavra, eles são privados da racionalidade, nº 1879.
265 - Diversas outras cousas concernentes à Palavra.
O nome Palavra na língua hebraica tem diferentes significações; significa Discurso,
Pensamento do Mental, tudo que existe realmente, e também alguma cousa, nº 9987.
A Palavra significa o Divino Vero e o Senhor, nºs 4692, 5075, 9987. As Palavras
significam os veros, nºs 4692, 5075; significam os Doutrinais, nº 1288. As Dez Palavras
significam todos os Veros Divinos, nº 10688. Significam as cousas que existem
realmente, nºs 1785, 5075, 5272.
Há na Palavra, sobretudo na Palavra Profética, duas expressões de uma mesma
cousa; uma se refere ao bem e a outra ao vero que assim são conjuntos, nºs 683, 707,
2516, 8339. E só pelo sentido interno da Palavra que se pode saber qual a expressão
que se refere ao bem e qual a expressão que se refere ao vero, porque há palavras
particulares para exprimir as cousas que pertencem ao bem, e palavras particulares
para exprimir as que pertencem ao vero, nºs 793, 801; e isso a tal ponto que se
reconhece só pelo emprego das palavras, se é do bem ou se é do vero que se trata, nº
2722. Algumas vezes também uma das expressões envolve o comum, e a outra
alguma cousa de determinado segundo o comum, nº 2212. Há na Palavra uma maior
espécie de reciprocidade; fala-se disso no nº 2240. A maior parte das cousas na
Palavra têm também o sentido oposto, nº 4816. O sentido interno segue de uma
maneira atributiva seu sujeito, nº 4502.
Aqueles que puseram seu prazer na Palavra recebem na outra vida o calor do Céu em
que está o amor celeste, conforme a qualidade e a quantidade do prazer pelo amor, nº
1773.
266 - Quais são os livros da PaIavra.
Os Livros da Palavra são todos aqueles que têm o sentido interno; mas os livros que
não têm esse sentido não são a Palavra. Os Livros da Palavra no Antigo Testamento
são: Os cinco Livros de Moisés, o Livro de Josué, o Livro dos Juizes, os dois Livros de
Samuel, os dois Livros dos Reis, os Salmos de David; os Profetas Isaías, Jeremias, as
Lamentações, Ezequiel, Daniel, Hoséas, Joel, Amós, Obadias,
Jonas, Michéas, Nahum, Habakuk, Sophonias, Haggeu, Zacharias, Malachias; e no
Novo Testamento, os quatro Evangelistas, Matheus, Marcos, Lucas e João; e o
Apocalipse. Os outros Livros não têm o sentido interno, nº 10325.
DA PROVIDENCIA
267 - O Governo do Senhor nos Céus e nas Terras chama-se Providência; e como todo
bem que pertence, ao amor, e todo vero que pertence à fé, pelos quais há salvação,
procedem do Senhor, e como absolutamente nada disso vem do homem, é bem
evidente que a Divina Providencia do Senhor está em todas e em cada uma das
cousas que contribuem para a salvação do Gênero humano; o Senhor o ensina assim
em João XIV, 6: "Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida"; e em outro ponto XV, 4, 5:
"Como o sarmento não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na cepa, do
mesmo modo vós também não, se não permanecerdes em mim; sem mim nada podeis
fazer".
268 - A Divina Providencia do Senhor existe quanto aos inimigos singulares da vida do
homem, pois só lia unia fonte única de vida é o Senhor, pelo Qual somos, vivemos e
agimos.
269 - Aqueles que pensam sobre a Providencia Divina de acordo com as cousas
mundanas, concluem que ela é somente universal, e que os singulares dependem do
homem; mas estes não conhecem os arcanos do Céu, pois não tiram as suas
conclusões senão dos amores de si e do mundo e de sua volúpia, quando, portanto
vem os maus se elevar ás honras e adquirir mais riquezas do que os bons, e vêm
também os maus serem bem sucedidos em seus artifícios, dizem em seu coração que
isso não seria assim se a Divina Providencia estivesse em todas e em cada uma das
cousas; mas estes homens não consideram que a Providencia Divina tem em vista,
não o que passa em pouco tempo e tem fim com a vida do homem no mundo, mas o
que permanece eternamente, por conseguinte o que não tem fim. O que não tem fim,
isso E; mas o que tem fim, isso relativamente não É; aquele que o pode considere si
cem mil anos são alguma cousa em comparação com a eternidade, e perceberá que
nada são; o que são então alguns anos de vida no mundo?
270 - Quem quer que seja judicioso pode saber que a Proeminência e a Opulência no
mundo não são reais Bençãos Divinas, ainda que o homem, pela satisfação que
encontra nelas, as chame assim, pois elas passam e seduzem também muitas
pessoas, e desviam do Céu, mas que a vida eterna e sua felicidade são reais Bençãos
que procedem do Divino; é mesmo o que o Senhor, ensina em Lucas XII, 33, 34: "Fazei
um tesouro nos Céus, que não se gasta, onde os ladrões não se aproximam, e onde a
traça não corrompe; pois onde está vosso tesouro, ali também estará vosso coração".
271 - Se os maus são bem sucedidos em seus artifícios, é porque é da ordem Divina
que cada um faça pela razão o que faz, e também faça pelo livre; si portanto não fosse
deixado ao homem fazer segundo sua razão de acordo com o livre, e por conseqüência
também si os artifícios que dai provem não fossem bem sucedidos, o homem não
poderia de modo algum ser disposto a receber a vida eterna, pois esta vida é insinuada
quando o homem está no livre e sua razão é ilustrada; ninguém, com efeito, pode ser
constrangido ao bem, porque cousa alguma do que é constrangido não se liga (a ele),
pois isso não pertence ao homem; o que é feito pelo livre segundo a razão torna-se
cousa do homem mesmo, pois pelo livre se faz o que vem da vontade ou do amor
mesmo do homem; si o homem fosse constrangido ao que ele não quer, inclinar-se-ia
sempre em intenção para o que quer; e, além disso, cada um tende para o que é
proibido; e isso, por uma causa latente, porque tende para o livre; dai é evidente que si
o homem não fosse mantido no livre, não poderia ser provido o bem para ele.
272 - Deixar o homem pensar, querer e tanto quanto as leis não o proíbam fazer o mal,
pelo seu livre, isso se chama Permitir.
273 - Ser conduzido ás cousas felizes, no mundo, por habilidade, parece ao homem
como si isso proviesse da própria prudência, mas a verdade é que a Divina Providência
acompanha sem cessar permitindo e afastando continuamente do mal; ao contrário,
ser conduzido ás cousas felizes no Céu, sabe-se e percebe-se que não o é pela própria
prudência, porque isso vem do Senhor, e é feito pela Sua Divina Providência dispondo
e conduzindo continuamente ao bem.
274 - Que isso seja assim, o homem não o pode compreender pela luz fugidia da
natureza, pois por esta luz ele não conhece as leis da ordem Divina.
275 - É preciso que se saiba que na Providencia e Previdência, é o bem que é Provido
pelo Senhor, e é o mal que é Previsto pelo Senhor; uma eleve estar com a outra, pois o
que vem do homem não é outra cousa senão o mal e o que vem do Senhor não é outra
cousa senão o bem.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
Visto que todo bem que é provido pelo Senhor para o homem, influi, é necessário
também, no que segue referir segundo os Arcanos, as cousas que concernem ao
Influxo; e como o Senhor provê a todas as cousas segundo a Ordem Divina, é
necessário igualmente referir o que concerne à Ordem.
276 - Da Providencia.
A Providencia é o Governo do Senhor nos Céus e nas Terras, nº 10773. O Senhor pela
Providencia governa todas as cousas segundo a Ordem, e por conseqüência o
Governo segundo a Ordem é a Providencia, nºs 1755, 2447. E Ele governa todas as
cousas ou por Vontade, ou por Indulgência, ou por Permissão, portanto sob uma
relação diferente segundo a qualidade do homem, nºs 1755, 2447, 3701, 9940. A maior
parte das cousas que são feitas pela Providencia, aparecem ao homem como
contingentes, nº 5508. Se a Providência age de uma maneira invisível, é afim de que o
homem não seja por cousas visíveis constrangido a crer, e por conseqüência afim de
que seu livre não seja ferido; pois se o homem não tiver o livre, não poderá ser
reformado, nem por conseqüência ser salvo, nºs 1937, 1947, 2876, 2881, 3854, 5508,
5982, 6477, 8209, 8987, 9588, 10409, 10777. A Providencia Divina considera não as
cousas temporais que passam rápido, mas as cousas eternas, nºs 52, 64, 8717, 10776;
ilustrado, nº 6591. Aqueles que não compreendem isso crêem que as riquezas e as
dignidades rio mundo são as únicas cousas a que é provido; em conseqüência as
chamam Bençãos Divinas, e entretanto elas não são consideradas pelo Senhor como
Bençãos, mas unicamente como meios para a vida do homem no mundo; o Senhor
porem considera as cousas que conduzem à felicidade eterna do homem, nºs 10409,
10776. Aqueles que estão na Divina Providência do Senhor são levados em todas as
cousas, em geral e em particular, para as felicidades eternas, n 8478, 8480. É o que
não pensam, e não compreendem aqueles que atribuem todas as cousas à natureza e
à própria prudência e nada ao Divino, nºs 6484, 10409, 10775.
A Divina Providencia do Senhor não é como se crê no mundo, unicamente universal; e
os particulares ou singulares não dependem da prudência do homem, nºs 8717, 10775.
O universal não existe senão pelos singulares e com eles, visto como os singulares
tomados em conjunto são chamados o universal, do mesmo modo que os particulares
tomados em conjunto são chamados o comum, nºs 1919, 6157, 6338, 6482 a 6484.
Tais são os singulares de que é composto e com os quais existe o universal, tal é o
universal, nºs 917, 1040, 8857. A Providência do Senhor é universal, porque está nos
singularíssimos, nºs 1919, 2694, 4329, 5122, 5949, 6058, 6481 a 6486, 6490, 7004,
7007, 8717, 10774; confirmado pelo Céu, nº 6486. Se a Providencia Divina do Senhor
não fosse universal pelos singularíssimos, nada poderia subsistir, nº 6338. Por isso
todas as cousas foram dispostas na ordem, e são mantidas na ordem, no comum e na
parte, nº 6338. Como isso tem lugar comparativamente com um Rei sobre a terra, nºs
6482, 10800. A própria prudência do homem é como um grão de areia no universo, e a
Providencia Divina é respectivamente como o próprio universo, nº 6485. Os homens no
mundo compreendem dificilmente que isso seja assim, nº 8717, 10775, 10780; porque
um grande número de ilusões os assaltam e os cegam, nº 6481. De um certo homem,
na outra vida, que no mundo havia acreditado por confirmação que todas as cousas
dependiam da própria prudência, e nada pertencia à Providencia Divina. Tudo nele
aparecia infernal, nº 6484.
Qual é a Providencia do Senhor em relação aos maus, nºs 6481, 6495, 6574, 10777,
10779. Os males são regidos pelo Senhor por meio das leis de permissão, e são
permitidos por causa da ordem, nºs 8700, 10778. A permissão do mal pelo Senhor não
é como de alguém que quer, mas como de alguém que não quer, e que não pode dar
remédio por causa, da urgência do fim, que é a salvação, nº 7877, Deixar ao homem
pensar e querer o mal pelo livre, e fazê-lo tanto quanto as leis não o proíbem, é
permitir, nº 10778. Sem o livre, assim sem está permissão, o homem não pode ser
reformado, nem por conseqüência ser salvo; ver acima na Doutrina sobre o Livre os nºs
141 a 149.
Há no Senhor a Providencia e a Previdência, e uma não e sem a outra, nºs 5195, 6489.
O Senhor provê ao bem e prevê o mal, nºs 5155, 5195, 6489, 10781.
Não há Predestinação ou Destino, nº 6481. Todos são predestinados para o Céu, e
ninguém o foi para o inferno, nº 6488. Não há no homem necessidade alguma absoluta
proveniente da Providência, mas há plena liberdade; Ilustrado por uma comparação, nº
6487. Pelos Eleitos, na Palavra, entendem-se aqueles que estão na vida do bem e na
vida do vero, nºs 3755, 3900, 5057, 5058. Como devem ser entendidas estas palavras
(Êxodo, XX1, 13): "Deus fez encontrar sob a mão, nº 9010.
A Fortuna que em muitas circunstâncias no mundo parece admirável é a operação da
Divina Providencia no último da ordem, segundo o estado do homem, e pode servir
para confirmar que a Divina Providencia está nos singularíssimos de todas as cousas,
nºs 5049, 5179, 6494. Ela vem do mundo espiritual, e de lá provém suas variações;
também segundo a experiência, nºs 5179, 6493, 6404.
277 - Do Influxo.
Do influxo do Céu no mundo, e do influxo da alma em todas as cousas do corpo,
segundo a experiência, nºs 6053 a 6058, 6189 a 6215, 6307 a 6327, 6466 a 6495, 6598
a 6626. Cousa alguma existe por si, mas por um anterior a si, portanto todas as cousas
existem por uni Primeiro, nºs 4523, 4524, 6040, 6056. Do modo porque todas as cousas
têm existido, desse mesmo modo elas subsistem, porque a subsistência é uma
perpetua existência, nºs 2886, 2888, 3627, 3628, 3648, 4523, 4524, 6040, 6056.
Segundo esta ordem se faz o influxo, nº 7270. Dai é evidente que todas as cousas
subsistem perpetuamente pelo Primeiro Ser, porque elas existiram por Ele, nºs 4523,
4524, 6040, 6056. O todo da vida influi do Primeiro, porque deriva dele, por
conseqüência influi do Senhor, nºs 3001, 3318, 3337, 3338, 3344, 3484, 3628, 3741 a
3743, 4318 a 4320, 4417, 4524, 4882, 5847, 5986, 6325, 6468, 6469, 6470, 6479,
9276, 10196. Todo existir vem de um Ser, a menos que em SI tenha seu Ser, nºs 4523,
4524, 6040, 6056.
Todas as cousas que o homem pensa e quer vêm por influxo; provado pela
experiência, nºs 904, 2886 a 2888, 4151, 4319, 4320, 5846, 6189, 6191, 6194, 6197 a
6199, 6213, 7147, 10219. Se o homem pode considerar as cousas, pensar e
analiticamente concluir, é pelo influxo, nºs 2888, 4319, 4320. O homem não poderia
viver um só momento, se o influxo do mundo espiritual lhe fosse tirado; e contudo o
homem está no livre; provado pela experiência, nºs 2887, 5849, 5854, 6321. A vida que
influi do Senhor é variada segundo o estado do homem, e segundo a recepção, n 2069,
5986, 6472, 7343. Nos maus o bem que influi do Senhor é mudado em mal, e o vero
em falso; provado pela experiência, nºs 3643, 4632. O bem e o vero que influem
continuamente do Senhor não são recebidos senão quando o mal e o falso não opõem
obstáculo, nºs 2411, 3142, 3147, 5828.
Todo bem influi do Senhor, e todo mal influi do inferno, nºs 904, 4151. O homem hoje
crê que todas as cousas estão nele e vêm dele, quando entretanto elas influem, e isso
ele o sabe pelo doutrinal da Igreja, que ensina que todo bem vem do Céu e todo mal
vem do inferno, nºs 4249, 6193, 6206; mas se ele cresse, assim como a cousa é
realmente, não se apropriaria do mal, pois o rejeitaria de si para o inferno, e não faria
seu o bem e não tiraria por conseqüência nenhum mérito dele, nºs 6206, 6324,
6325.Quão feliz seria então o estado do homem! Pois do interior veria, pelo Senhor, o
bem e o mal, nº 6325. Aqueles que negam o Céu ou nada sabem do Céu, ignoram que
haja qualquer influxo que venha dele, nºs 4322, 5619, 6193, 6479. O que é o influxo,
ilustrado por comparações, nºs 6128, 9407.
O influxo é espiritual e não físico, portanto o influxo vern do Mundo Espiritual ao Mundo
Natural, e não do Mundo Natural ao Mundo Espiritual, nºs 3219, 5119, 5259, 5427,
5428, 5477, 6322, 9109, 9110. Há influxo pelo homem interno no homem externo, e
não vice-versa, nºs 1702, 1707, 1940, 1954, 5119, 5259, 5779, 6322, 9380; porque o
homem interno está no Mundo Espiritual, e o homem externo no Mundo Natural, nºs
978, 1015, 3628, 4459, 4523, 6057, 6309, 9701 a 9709, 10156, 10472. Parece que o
influxo vern dos externos aos internos, mas é uma ilusão nº 3721. No homem o influxo
é nos seus racionais, e por estes rios científicos e não vice-versa, nºs 1495, 1707, 1940.
Qual é a ordem do influxo, nºs 775, 880, 1096, 7270.
O influxo vem imediatamente do Senhor, e também mediatamente pelo Mundo
Espiritual ou o Céu, nºs 6063, 6307, 6472, 9682, 9683. Há influxo imediato do Senhor
nos singularíssimos de todas as cousas, nºs 6058, 6474 a 6478. 8717, 8728. Do influxo
mediato do Senhor pelo Céu, nºs 4067, 6982, 6985, 6996, ele se faz por espíritos e por
anjos que são adjuntos ao homem, n 697, 5846 a 5866. O Senhor pelos anjos influi nos
fins, segundo os quais e pelos quais o homem pensa, quer e age de tal ou de tal
maneira, nºs 1317, 1645, 5846, 5854; e nas cousas que pertencem à consciência no
homem, nºs 6207, 6213, mas pelos espíritos nos pensamentos e por conseguinte nas
cousas da memória, nºs 4186, 5754, 5858. 6192, 6193, 6198, 6319. Isto dificilmente
pode ser crido pelo homem, nº 6214. O Senhor influi nos primeiros e ao mesmo tempo
nos últimos ou nos íntimos e ao mesmo tempo nos extremos; como, nºs 5147, 5150,
6473, 7004, 7007, 7270. O influxo do Senhor no homem é no bem, e pelo bem no vero,
mas não vice-versa, nºs 5482, 5649, 6027, 8685, 1053. O bem dá a faculdade de
receber do Senhor o influxo, mas o vero sem o bem não a dá, nº 8321. Aquilo que entra
no pensamento não é prejudicial em cousa alguma, mas o que entra na vontade pode
ser prejudicial, porque isto é apropriado pelo homem, nº 6308. O Divino nos supremos
é tácito e pacifico, mas à medida que desce para os inferiores, no homem, torna-se não
pacifico e tumultuoso, por causa das cousas em desordem que aí estão, nº 8823.
Influxo do Senhor nos profetas; qual é ele, nº 6212.
Há um influxo comum, fala-se dele no nº 5850. Este influxo é um esforço continuo para
agir segundo a Ordem, nº 6211. Este influxo está na vida dos animais e também nos
seres do reino vegetal, nº 3648. É também segundo o influxo comum que o
pensamento se transmite à linguagem, e a vontade aos gestos do homem, nºs 5862,
5962, 6192, 6211.
278 - Do Influxo da Vida no homem em particular.
Há uma Vida única pela qual todos vivem tanto no Céu como no Mundo, nºs 1954,
2021, 2536, 2658, 2886 a 2889, 3001, 3484, 3742, 5847, 6467. Esta vida vem do
Senhor só; ilustrado por diversas causas, nºs 2886 a 2889, 3344, 3484, 4319, 1-320,
4524, 4882, 6325, 6468, 6470, 9276, 10196. O Senhor é a vida mesma, ver João I, 1,
4; V, 26 e XIV, 6. A vida influi do Senhor nos Anjos, nos Espíritos, e nos homens, de
urna maneira admirável nºs 2886 a 2889, 3337, 3338, 3484, 3742. O Senhor influi por
seu Divino Amor; que é de tal natureza que deseja que o que lhe pertence, pertença a
um outro, nºs 3742, 4320. Assim é todo amor, por conseqüência infinitamente mais o
Divino Amor, nºs 1820, 1865, 2253, 6872. Como conseqüência a vida aparece como no
homem, e não como influindo, nºs 3742, 4320. Se a vida aparece como no homem, é
também porque a causa principal, que é a vida influindo do Senhor, e a cousa
instrumental, que é a forma recipiente, fazem uma única cousa, que é sentida na cousa
instrumental, nº 6325. O principal da sabedoria e da inteligência dos Anjos é perceber e
saber que o todo da vida vem do Senhor, nº 4318. Da alegria dos anjos, percebida e
confirmada por sua conversação comigo, de que vivem não por eles mesmos, mas
pelo Senhor, nº 6469. Os maus não querem ser convencidos de que a vida influi, nº
3743. As dúvidas sobre o influxo da vida procedente do Senhor não podem ser
afastadas enquanto reinam as ilusões, a ignorância e o negativo, nº 6479. Todos os da
Igreja sabem que todo bem e todo vero vêm do Céu, isto é, de Deus pelo Céu, e que
todo mal e todo falso vêm do inferno, e, entretanto o todo da vida se refere ao bem e ao
vero, e ao mal e ao falso, a ponto que sem eles não há nada da vida, nºs 2893, 4151. E
também o que diz o doutrinal da Igreja tirado da Palavra, nº 4249. Não obstante, o
homem não crê que a vida influi, nº 4249. Se a comunicação e a ligação com os
espíritos e os anjos fossem retiradas, o homem morreria no mesmo instante, nº 2887.
Dai é evidente ainda que o todo da vida influi do Primeiro Ser da vida, porque cousa
alguma existiu por si, mas por anteriores a si, portanto todas as cousas em geral e em
particular pelo Primeiro; e porque do modo pelo qual uma cousa existiu, desse mesmo
modo ela subsiste absolutamente, visto como a subsistência é uma perpetua
existência, nºs 4523, 4524. Os anjos, os espíritos e os homens foram criados para
receber a vida, por conseqüência são unicamente formas recipientes da vida, nºs 2021,
3001, 3318, 3344, 3484, 3742, 4151, 5114, 5986. Tal é a maneira porque recebem, tais
formas são eles, nºs 2888, 3001, 3484, 5847, 5986, 6467, 6472. E por isso que os
homens, os espíritos e os anjos são tais quais são as formas recipientes da vida
influente do Senhor, nºs 2888, 5847, 5986, 6467, 6472. O homem foi criado de maneira
que nos seus íntimos, e por conseqüência lias cousas que seguem em ordem possa
receber o Divino, ser elevado para o Divino e ser conjunto ao Divino pelo bem do amor
e pelos veros da fé, e que por conseqüência viva eternamente, o que não acontece
com os animais, nº 5114.
A vida influi também do Senhor nos maus, por conseqüência também nos que estão no
inferno, nºs 2706, 3743, 4417, 10196; mas eles viram o bem em mal e o vero em falso,
assim a vida em morte espiritual, pois tal é o homem tal é a recepção da vida, nºs 4319,
4320, 4417. Os bens e os veros influem também continuamente do Senhor neles, mas
ou os rejeitam, ou os abafam, ou os pervertem, nº 3743. Os que estão nos males e, por
conseguinte nos falsos não têm a vida real; qual é a sua vida, nºs 726, 4623, 7342,
10284, 10286.
279 - Da Ordem.
É do Divino Vero procedente do Senhor que vem a Ordem, nºs 1728, 2258, 8700, 8988.
O Senhor é a Ordem, visto como o Divino Bem e o Divino Vero procedem do Senhor, e
são mesmo o Senhor nos Céus e nas terras, nºs 1919, 2011, 5110, 5703, 10336,
10619. Os Divinos Veros são as Leis da Ordem, n 2447, 7995. Onde está a Ordem, aí
o Senhor está presente, mas onde não está a Ordem, aí o Senhor não está presente nº
5703. Visto que o Divino Vero é a ordem, e que o Divino Bem é o essencial da Ordem,
é por isso que todas e cada uma das cousas do universo se referem ao, Bem e ao
Vero, para que sejam alguma cousa, porque se referem à Ordem, nºs 2452, 2166,
4390, 4409, 5232, 7256, 10122, 10555. 0 Bem porque é o essencial da Ordem, dispõe
os veros na Ordem, mas não vice-versa, n 3316, 3470, 4302, 5704, 5709, 6028, 6690.
O Céu inteiro, quanto a todas as sociedades angélicas, foi disposto pelo Senhor
segundo a Sua Ordem Divina, porque o Divino do Senhor, nos anjos, faz o Céu, nºs
6338, 7211, 9128, 9338, 10125, 10151, 10157. Por conseguinte a forma do Céu é uma
forma segundo a Ordem Divina, n 4040 a 4043, 6607, 9877.
Quanto mais o homem vive segundo a Ordem, assim quanto mais vive rio bem
segundo os Divinos Veros que são as leis da Ordem, tanto mais é homem, nº 4839. E
mesmo quanto mais vive assim, tanto mais na outra vida aparece como um homem
perfeito e belo; mas quanto mais não vive assim, tanto mais aparece como um
monstro, n 4839, 6605, 6626. Dai é evidente que é no homem que todas as cousas da
Ordem foram reunidas, e que por criação ele é a Ordem Divina em uma forma, nºs
4219, 4220, 4223, 4523, 4524, 5114, 5850, 6013, 6057, 6605, 6626, 9706, 10156,
10472. Cada anjo, porque é um recipiente da Ordem procedente do Senhor está em
uma, forma humana perfeita e bela, conforme a recepção, nºs 322, 1880, 1881, 3633,
3804, 4622, 4735, 4797, 4985, 5199, 5530, 6054, 9879, 10177, 10594. O Céu angélico
em todo complexo está também em unia forma como Homem; e isso porque o Céu
inteiro, quanto a todas as sociedades angélicas que aí estão, foi disposto pelo Senhor
segundo a Ordem Divina, nºs 2996, 2998, 3624 a 3649, 3636 a 3643, 3741 a 3745,
4625. Dai é evidente que é do Divino Humano que procedem todas as cousas, nºs
2996, 2998, 3624 a 3649, 3741 a 3745. Segue-se também dai, que o Senhor é o único
Homem, e que são homens aqueles que recebem o Divino procedente d'Ele, nº1894.
Quanto mais O recebem, tanto mais são imagens do Senhor, nº 8547.
O homem nasce não no bem e no vero, mas no mal e no falso, portanto não na Ordem
Divina, mas no contrario da Ordem, e é por isso que ele nasce em uma inteira
ignorância, e por conseguinte deve imprescindivelmente nascer de novo, isto é, ser
regenerado, o que se faz pelos Divinos veros, afim de que seja introduzido na ordem, e
assim se torne homem, nºs 1047, 2307, 2308, 3518, 3812, 8480, 8550, 10283, 10284,
10286, 10731. O Senhor, quando regenera o homem, dispõe todas as cousas nele
segundo a Ordem, isto é, segundo a forma do Céu, nºs 5700, 6690, 9931, 10303. 0
homem que é conduzido pelo Senhor, é conduzido segundo a Ordem Divina, nº 8512.
Os interiores que pertencem ao mental foram abertos para o Céu, até ao Senhor, no
homem que está na Ordem Divina, e foram fechadas naquele que não está na Ordem
Divina, nº 8513. Quanto mais o homem vive segundo a Ordem, tanto mais tem
inteligência e sabedoria, nº 3592.
O Senhor governa os primeiros da Ordem e os últimos, os primeiros pelos últimos, e os
últimos pelos primeiros, e assim contem todas as cousas em um encadeamento e na
ordem, nºs 3702, 3739, 6040, 6056, 9828. Da Ordem sucessiva e do Ultimo da Ordem
em que os sucessivos estão juntos também em sua Ordem, nºs 634, 3691, 4145, 5114,
5897, 6239, 6326, 6465, 8603, 9215, 9216, 9828, 9836, 10041, 10099, 10329, 10335.
Os males e os falsos são contra a Ordem, e a verdade é que eles são governados pelo
Senhor, não segundo a Ordem, mas pela Ordem, nºs 4839, 7877, 10778. Os males e
os falsos são governados pelas leis de permissão; e isto por causa da Ordem, nºs 7877,
8700, 10778. O que é contra a Ordem Divina e impossível; por exemplo, é impossível
que o homem, que vive no mal, possa ser salvo só pela Misericórdia; é impossível que,
na outra vida os maus possam ser consociados com os bons e dá-se o mesmo corri
muitas outras cousas, nº 8700.
DO SENHOR
280 - Há um único Deus que é Criador do universo e Conservador do universo, por
conseqüência que é Deus do Céu e da terra.
281 - Há duas cousas que fazem a vida do Céu no homem, o Bem do Amor e o Vero
da fé; esta vida vem de Deus ao homem, e nada absolutamente vem do homem; é por
isso que o principal da Igreja é reconhecer Deus, crer em Deus e amá-LO.
282 - Aqueles que nasceram dentro da Igreja devem reconhecer o Senhor, Seu Divino
e Seu Humano, crer n'Ele e amá-LO; pois do Senhor procede toda a salvação; é o que
ensina o Senhor em João III, 36: "Aquela que crê no Filho tem a vida eterna; mas
aquele que não crê não verá a vida, mas a cólera de Deus permanecerá sobre ele"; no
mesmo VI, 40: "É vontade daquele que me enviou que quem quer que veja o Filho e
creia n'Ele, tenha a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no ultimo dia"; no mesmo XI, 25,
26: "Jesus disse: Eu sou a ressurreição e a vida aquele que crê em Mim, ainda que
morra viverá; mas quem quer que vive e crê em Mim, não morrerá durante a
eternidade.
283 - Aqueles, portanto, que dentro da Igreja, não reconhecem o Senhor, nem Seu
Divino, não podem ser conjuntos a Deus, nem por conseqüência partilhar de maneira
alguma a sorte dos anjos, no Céu; com efeito, ninguém pode ser conjunto a Deus
senão pelo Senhor e no Senhor. Que ninguém possa ser conjunto a Deus senão pelo
Senhor, é o que o Senhor ensina em João I, 18: "Deus, ninguém o viu jamais; o Filho
Unigênito, que está no seio do Pai Ele O expôs", no mesmo V, 37: "Nem a voz do Pai
não a ouvistes jamais, nem vistes o Seu aspecto"; em Matheus XI, 27: "Ninguém
conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho 0 quiser revelar" e em João XI,
27: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai Senão por Mim". Que
ninguém possa ser conjunto a Deus senão no Senhor, é porque o Pai está n'Ele, e
porque são um como o ensina também em João XIV, 7 a 11: "Se me conhecêsseis,
Meu Pai também conheceríeis; quem Me vê, vê o Pai; Philippe, não crês que Eu estou
no Pai, e que o Pai está em Mim? Crede-Me que estou no Pai, e que o Pai está em
Mim"; e no mesmo X, 30, 38: "O Pai e Eu somos um. Afim de que conheçais e que
acrediteis que Eu (estou) no Pai, e que o Pai (está) em Mim".
284 - Visto que o Pai está no Senhor e que o Pai e o Senhor são Um, e visto que é
necessário crer n'Ele, e que aquele que crê n'Ele tem a vida eterna, é bem evidente
que o Senhor é Deus. Que o Senhor seja Deus, a Palavra o ensina, por exemplo, em
João I, 1, 3, 14: "No começo era a Palavra, e a Palavra estava em Deus, e Deus ela
era, a Palavra. Todas as cousas por Ela foram feitas, e sem Ela não foi feito nada do
que foi feito, e Ela habitou entre nós e vimos a sua glória, glória como o Unigênito do
Pai"; em Isaías IX, 5: "Uma criança nos nasceu, um Filho nos foi dado; sobre Seu
ombro estará o principado, e será chamado seu Nome, Deus, Herói, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz" e no mesmo VII, 14: "A virgem conceberá e parirá um filho, e será
chamado seu Nome, Deus conosco"; Math I, 23; e em Jeremias XXIII, 5, 6 e XXXIII, 15,
16: "Eis que os dias virão em que suscitarei a David um germe justo, que reinará Rei, e
prosperará; e eis seu Nome, pelo qual se chamará: Jehovah nossa justiça".
285 - Todos os que são da Igreja e estão na luz procedente do Céu, vêm o Divino no
Senhor; mas aqueles que não estão na luz procedente do Céu não vêm senão o
Humano no Senhor, quando entretanto o Divino e o Humano n'Ele foram de tal modo
unidos que são um, como o Senhor também o ensinou, aliás, em João XVII, 10:"Pai,
todas as minhas cousas são tuas, e todas as tuas cousas são minhas".
286 - Que o Senhor tenha sido concebido de Jehovah, o Pai, e que assim Ele tenha
sido Deus por concepção, é o que é conhecido na a Igreja; e aí se sabe que Ele
ressuscitou com todo Seu corpo, pois Ele nada deixou rio sepulcro; é mesmo o que Ele
confirmou em seguida a seus discípulos, dizendo: "Vê-de minhas mãos e meus pés,
pois sou Eu mesmo, toca-Me e vê-de, pois um Espírito não tem carne e osso, como
vós Me vedes ter" (Luc. XXIV, 39), e ainda que fosse homem quanto à carne e aos
ossos, contudo entrou estando as portas fechadas; e depois que se manifestou,
tornou-se invisível, João, XX, 19, 26 e Luc. XXIV, 31. E de outro modo com qualquer
outro homem, pois o homem ressuscita unicamente quanto ao espírito, e não quanto
ao corpo; é por isso que quando Ele diz que não é como um Espírito, diz que não é
como um outro homem. Dai, é evidente que no Senhor o Humano também é Divino.
287 - Todo homem recebe de seu pai o ser de sua vida, que se chama alma, o existir
da vida que dai provem é o que se chama corpo; por isso, o corpo é a efígie da alma,
pois pelo corpo a alma dirige sua vida à vontade, dai vern que os homens nascem à
semelhança de seus pães, e que as famílias são distinguidas. Por isso pode-se ver
qual foi o Corpo ou qual foi o Humano do Senhor, a saber, que foi como o Divino
mesmo, que era o Ser de Sua vida ou a Alma procedente do Pai; Ele disse também:
"Quem Me vê, vê o Pai" (João, XIV, 9).
288 - Que o Divino e o Humano do Senhor sejam uma única Pessoa é também
admitido pela fé recebida em todo o Mundo cristão, que é esta: "Ainda que Cristo seja
Deus e Homem, contudo Ele não é dois, mas um só Cristo; é mesmo absolutamente
um e uma só Pessoa; porque do mesmo modo que o corpo e a alma são uni único
homem, também Deus e o Homem, são um só Cristo". Isto é tirado do Símbolo de
Atanásio.
289 - Aqueles que têm da Divindade a idéia de três Pessoas não podem ter a idéia de
um só Deus. Se de boca dizem um, a verdade é que pensam em três, mas aqueles
que têm da Divindade a idéia de Três em uma única pessoa podem ter a idéia de um
único Deus, e podem dizer um só Deus, e também pensar em um só Deus.
290 - Tem-se a idéia de Três em uma só Pessoa, quando se pensa que o Pai está no
Senhor, e que o Espírito Santo procede do Senhor; então o Trino no Senhor é o Divino
mesmo que é chamado Pai, o Divino Humano que é chamado Filho, e o Divino
Procedente que é chamado Espírito Santo.
291 - Como no Senhor tudo é Divino, dai vem que Ele tem todo Poder nos céus e nas
terras; é também o que Ele mesmo diz em João III, 35: "O Pai deu todas as cousas na
mão do Filho"; no mesmo XVII, 2: "O Pai deu ao Filho poder sobre toda carne"; em
Matheus XI, 27: "Todas as cousas me foram entregues pelo Pai"; no mesmo XXVIII, 18:
"Ele me deu todo poder no Céu e sobre a terra". Um tal poder é Divino.
292 - Aqueles que fazem o Humano do Senhor semelhante ao humano de um outro
homem não refletem sobre sua concepção pelo Divino mesmo; não consideram que o
corpo de cada um é a efígie de sua alma. Não pensam também em Sua Ressurreição
com todo o corpo; nem em Sua Transfiguração, durante qual os discípulos viram sua
face resplandecer como o Sol. Não pensam também que as cousas que o Senhor
disse da fé n'Ele, da União com o Pai, da Glorificação, e do Poder sobre o Céu e sobre
a terra, são cousas Divinas e foram ditas de Seu Humano. Não se lembram também
que o Senhor é Onipotente, mesmo quanto ao Humano, Math. XXVIII, 20; dai,
entretanto a fé em Sua Onipresença na Santa Ceia; a Onipresença é Divina. Talvez
mesmo não pensem que o Divino, que é chamado Espírito Santo, procede do Seu
Humano; e entretanto Ele procede de Seu Humano Glorificado, pois se diz: "Não havia
ainda Espírito Santo, porque Jesus não estava ainda glorificado", João VII, 39.
293 - O Senhor veio ao mundo para salvar o Gênero Humano que de outro modo teria
perecido pela morte eterna; e ele o salvou por isso que subjugou os infernos que
infestavam todo homem que vinha ao mundo e sabia do inundo; e ao mesmo tempo
porque glorificou Seu Humano, pois assim Ele pode manter os infernos subjugados
eternamente. A subjugação dos infernos, e ao mesmo tempo a glorificação do Seu
Humano, foram feitas pelas tentações admitidas no Humano que Ele tinha de uma
mãe, e então por continuas vitórias; Sua Paixão sobre a cruz foi a ultima tentação e a
completa vitória.
294 - Que o Senhor tenha subjugado os infernos, Ele mesmo o ensina em João XII, 27,
28, 31; quando estava próxima a Paixão da cruz, Jesus disse então: "É agora o
julgamento deste mundo, agora príncipe deste mundo será lançado fora'', no mesmo
XVI, 33: "Tende confiança, Eu venci o Mundo" e em Isaias LXIII, 1 a 8; LIX, 16 a 21:
"Quem (é) aquele que vern de Edom, avançando na multidão de sua força, grande para
salvar? Meu braço me assegurou a salvação; é por isso que ele se tornou para eles um
Salvador". Que Ele tenha glorificado Seu Humano, e que a Paixão da cruz tenha sido a
ultima tentação e a completa vitória pela qual foi glorificado, é o que Ele ensina
também em João XIII, 31, 32: "Depois que Judas sábio, Jesus disse: Agora foi
glorificado o Filho do Homem, e Deus O glorificou em Si mesmo, e neste instante Ele O
glorificará", no mesmo XVII, 1, 5: "Pai! À hora é chegada, glorifica Teu Filho afim de
que Teu Filho Te glorifique"; no mesmo XII, 27, 28: "Agora minha alma está perturbada,
Pai, glorifica Teu Nome; e sábio uma voz do Céu: E eu o tenho glorificado, e de novo o
glorificarei" e em Lucas XXIV, 26: "Não cumpria que o Cristo sofresse estas cousas e
que entrasse em sua glória!” Estas cousas foram ditas de Sua Paixão; glorificar é fazer
Divino. Dai portanto, é evidente que si o Senhor não viesse ao mundo, e não fosse feito
homem, e por este meio não livrasse do inferno todos aqueles que crêem n'Ele e que O
amam, nenhum dos mortais teria podido ser salvo; é assim que se entende que sem o
Senhor não há salvação.
295 - Quando o Senhor glorificou plenamente o Seu Humano, despiu o Humano
proveniente da mãe e revestiu o Humano proveniente do Pai, que é o Divino Humano;
é por isso que Ele então não era mais o Filho de Maria.
296 - A Primeira e a Principal cousas da Igreja, é conhecer e reconhecer um Deus; pois
sem este conhecimento e sem este reconhecimento não há conjunção; portanto não há
conjunção na Igreja sem o reconhecimento do Senhor. O Senhor o ensina em João III,
36: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; ora, aquele que não crê no Filho não
verá a vida, mas a cólera de Deus permanecerá sobre ele". E em outra parte VIII, 24:
"Se não acreditardes que Eu sou, morrereis em vossos pecados".
297 - Que no Senhor há um Trino, a saber, o Divino mesmo, o Divino Humano, e o
Divino Procedente, é um arcano vindo do Céu, e para aqueles que serão da Santa
Jerusalém.
SEGUNDO OS ARCANOS CELESTES
298 - O Senhor teve o Divino pela própria concepção.
O Senhor teve o Divino pelo Pai, nºs 4641, 4963, 5041, 5157, 6716, 10125. A semente
para o Senhor só foi o Divino, nº 1438. Sua Alma era Jehovah, nº 1999, 2004, 2005,
2018, 2025. Assim o intimo do Senhor era o Divino mesmo; o invólucro vinha de uma
mãe, nº 5041. O Divino mesmo era o Ser da vida do Senhor; deste Divino o Humano
em seguida sábio, e se tornou o Existir segundo este Ser, nºs 3194, 3210, 10269,
10372.
299 - O Divino do Senhor deve ser reconhecido.
Dentro da Igreja onde está a Palavra, e onde por ela o Senhor é conhecido, não se
deve negar o Divino do Senhor, nem o Santo procedente d'Ele, nº 2359. Aqueles que,
dentro da Igreja, não reconhecem o Senhor, não têm conjunção com o Divino; é outra
cousa para aqueles que estão fora da Igreja, nº 10205. O essencial da Igreja é
reconhecer o Divino do Senhor e sua união com o Pai, nºs 10083 10370, 10730, 10112,
10738, 10516, 10818, 10820.
300 - O Senhor no mundo glorificou o Seu Humano.
Na Palavra em muitos lugares, se trata da Glorificação do Senhor, nº 10828; e no
sentido interno da Palavra, trata-se disso por toda parte, nºs 2249, 2523, 3245. O
Senhor glorificou Seu Humano, e não Seu Divino, porque este estava glorificado em Si,
nº 10057. O Senhor veio ao mundo para glorificar Seu Humano, nºs 3637, 4180, 9315.
O Senhor glorificou Seu Humano pelo Divino que estava n'Ele por concepção, nº 4727.
Pode-se ter uma idéia da glorificação do Humano do Senhor pela idéia da
Regeneração do homem, visto que o Senhor regenera o homem da mesma maneira
por que glorificou o Seu Humano, nºs 3043, 3183, 3212, 3296, 3490, 4402, 5688.
Alguns dos Arcanos concernentes à Glorificação do Humano do Senhor, nº 10057. O
Senhor salvou o Gênero humano porque glorificou o Seu Humano, nºs 1676, 4180. Do
estado de Glorificação e do estado de Humilhação do Senhor, nºs 1785, 1999, 2159,
6866. A Glorificação, quando se trata do Senhor, é a união do Seu Humano com o
Divino; e glorificar é fazer Divino, nºs 1603, 10053, 10828.
301 - O Senhor pelo Humano subjugou os infernos quando o estava no mundo.
O Senhor subjugou todos os infernos quando estava no mundo, e repôs então todas as
cousas em ordem, nos céus e nos infernos, nºs 4075, 4287, 9937. O Senhor libertou,
então, dos Antidiluvianos, o Mundo Espiritual, nº 1266. Quais eram estes
Antidiluvianos, nºs 310, 311, 560, 562, 563, 570, 581, 607, 805, 808, 1035, 1120, 1265
a 1272. O Senhor, pela subjugação dos infernos, e ao mesmo tempo pela Glorificação
do Seu Humano, salvou os homens, nºs 4180, 10019, 10152, 10655, 10659, 10828.
302 - A Glorificação do Humano do Senhor e a subjugação dos infernos foram
feitas pelas tentações.
O Senhor, mais que todos, sofreu gravíssimas tentações, nºs 1663, 1668, 1787, 2776,
2786, 2795, 2816, 4295, 9528. O Senhor combateu pelo Seu Divino Amor para com o
Gênero humano, nºs 1690, 1691, 1812, 1813, 1820. O Amor do Senhor foi a salvação
do Gênero humano, nº 1820. Os infernos combateram contra o Amor do Senhor, nº
1820. O Senhor só, e pelo próprio poder, combateu contra os infernos, e os venceu, nºs
1692, 1813, 2816, 4295, 8273, 9937. Por conseguinte o Senhor só, foi feito Justiça e
Mérito, nºs 1813, 2025 a 2027, 9715, 9809, 10019. A ultima tentação do Senhor foi em
Gethesemane e sobre a cruz, e então teve lugar também a completa vitória, pela qual
Ele subjugou os infernos e ao mesmo tempo glorificou o Seu Humano, nºs 2776, 2803,
2818, 2854, 10655, 10659, 10828. O Senhor não podia ser tentado quanto ao Divino
mesmo, nºs 2795, 2803, 2814. É por isso que Ele tomou de uma mãe o fraco humano
no qual admitiu as tentações, nºs 1414, 1444, 1573, 5041, 5157, 7193, 9315. Pelas
tentações e pelas vitórias Ele rejeitou tudo o hereditário proveniente da mãe e despiu o
humano que recebeu dela a uni tal ponto que, enfim, não era mais seu filho, nºs 2159,
2574, 2649, 3036, 10830. Jehovah que estava n'Ele, parecia como ausente durante as
tentações; e isto em quanto o Senhor estava no Humano proveniente da mãe, nº 1815.
Este estado era o estado de humilhação do Senhor, nºs 1785, 1999, 2159, 6866. Pelas
tentações e pelas vitórias o Senhor também dispôs todas as cousas em ordem nos
céus, nºs 4287, 4295, 9528, 9937. Pelas mesmas também uniu o Seu Humano ao
Divino, isto é, Glorificou o Seu Humano, nºs 1725, 1729, 1733, 1737, 3318, 3382, 4286,
4287, 9397, 4295, 9937.
303 - O Humano do Senhor era o Divino Fero, quando Ele estava no Mundo.
O Senhor fez Divino Vero Seu Humano, pelo Divino Bem que estava n'Ele, quando Ele
estava no Mundo, nºs 2803, 3194, 3195, 3210, 6716, 6864, 7014, 7499, 8127, 8724,
9199. O Senhor então dispôs em Si todas as cousas na forma celeste que está de
acordo com o Divino Vero, 1928, 3633. Conseqüentemente, o Céu então está no
Senhor, e o Senhor é como o Céu, nºs 911, 1900, 1928, 3624 a 3631, 3634, 3884,
4041, 4279, 4523 a 4525, 6013, 6057, 6690, 9279, 9632, 9931, 10303. O Senhor falou
pelo Divino Vero mesmo, nº 8127. É por isso que o Senhor na Palavra falou por
correspondências, nºs 3131, 3472 a 3485, 8615, 10687. Por isso, o Senhor é a Palavra,
e é chamado a, Palavra, que é o Divino Vero, nºs n 2533, 2815, 2859, 2894, 3712. Na
Palavra, o Filho do Homem significa o Divino Vero, e é o Pai significa o Divino Bem, nºs
2803, 3704, 7499, 8724. 9194. Porque o Senhor era o Divino Vero, era também a
Divina Sabedoria, nºs 2500, 2572. O Senhor só teve por Si mesmo a Percepção e o
Pensamento, e bem acima de toda percepção e de todo pensamento angélico, nºs
1904, 1914, 1919. O Vero Divino pode ser tentado, mas não o Divino Bem, nº 2814.
304 - O Senhor uniu o Divino Vero ao Divino Bem, portanto Seu Humano ao
Divino mesmo.
O Senhor foi instruído da mesma forma que um outro homem, nºs 1864, 2033, 2632,
3141, 4585, 7014, 10076. Quanto mais o Senhor estava unido ao Pai, tanto mais falava
com Ele como consigo mesmo; em outras ocasiões falava com Ele como com um
outro, nºs 1745, 1999, 7058. O Senhor pelo próprio poder uniu o Humano ao Divino, nºs
1616, 1749, 1752, 1813, 1921, 2025, 2026. 2523, 3141, 5005, 5045, 6716. O Senhor
uniu o Divino Vero, que era Ele mesmo, com o Divino Bem que estava n'Ele, nºs 10047,
10052, 10076. A união foi recíproca, nºs 2004, 10067. O Senhor quando deixou o
Mundo fez Divino Bem o Seu Humano, nºs 3194, 3210, 6864, 7499, 8724, 9199, 10076.
Portanto Ele saiu do Pai e voltou para o Pai, n 3194, 3210. Assim Ele foi feito um com o
Pai, nºs 2751, 3704, 4766. O Senhor na união com o Divino mesmo, que estava n'Ele,
tinha em vista a conjunção de Si mesmo com o Gênero humano, nº 2034. Depois da
união, o Divino Vero procede do Senhor, nºs 3704, 3712, 3969, 3969, 4577, 5704, 7499,
8127, 8241, 9199, 9398. Como procede o Divino Vero; ilustrado, nºs 7270, 9407.
Se o Divino não estivesse no Humano do Senhor pela concepção o Humano não teria
podido ser unido ao Divino mesmo, por causa do ardor do Amor Infinito no qual está o
Divino mesmo, nº 6849. É por isso que jamais algum anjo pode ser unido ao Divino
mesmo, a não ser à distância e por meio de um véu, de outro modo seria consumido,
nº 6849. O Divino Amor é assim, nº 8644. Por aí se pode ver que o Humano do Senhor
não era como o Humano de um outro homem, nºs 10125, 10826. A união do Senhor
com o Pai, de quem vinha Sua Alma, não foi como entre dois, mas como entre a Alma
e o Corpo, nºs 3737, 10824. A união se diz do Humano do Senhor com o Divino, e a
conjunção se diz do homem com o Divino, nº 2021.
305 - Desta maneira o Senhor fez Divino o Seu Humano.
O Humano do Senhor é Divino, porque Ele vinha do Ser do Pai, que era a Alma do
Senhor; ilustrado pela semelhança do Pai nos filhos, nºs 10269, 10372, 10823; e
porque Ele vinha do Divino Amor que estava n'Ele, nº 6872. Cada homem é tal qual é
seu amor, e é seu amor, nºs 6872, 10177, 10284. O Senhor foi o Divino Amor, 2177,
2253. O Senhor fez Divino todo o Seu Humano, tanto o interno como o externo, nºs
1603, 1815, 1902, 2093, 2803. É por isso que Ele ressuscitou ao corpo inteiramente, o
que não tem lugar com homem algum, nºs 1729, 2083, 5078, 10825. Que o Humano do
Senhor seja Divino é reconhecido pela Onipresença de Seu Humano na Santa Ceia, nºs
2343, 2359; e isso é evidente pela Sua transfiguração diante dos três discípulos, nº
3212; e também pela Palavra, nº 10154; e por que Ele aí é chamado Jehovah, nºs
1603, 1736, 1815, 1902, 2921, 3035, 5110, 6303, 6281, 8864, 9194, 9315. No sentido
da letra se faz uma distinção entre Jehovah e o Senhor, mas não no sentido interno da
Palavra, no qual estão os anjos do Céu, nº 3035. O Mundo Cristão não reconhece o
Humano do Senhor por Divino, em conseqüência de unia decisão tomada em um
concilio por causa do papa, afim de que ele fosse reconhecido por vigário do Senhor;
provado por uma conversação na outra vida com membros desse concílio, nº 4738.
O Divino Humano de toda a eternidade e era o Divino Vero no Céu, portanto o Divino
Existir que mais tarde no Senhor foi feito o Divino Ser, de que (procede) o Divino Existir
no Céu, nºs 3061, 6280, 6880, 10579. Estado do Céu antes qual era, nºs 6371, 6372,
6373. O Divino não é perceptível, nem, por conseguinte recebível senão quando passa
através do Céu, nºs 6982, 6996, 7004. O Senhor de toda a eternidade era o Divino Vero
no Céu, nºs 2803, 3195, 3704. É este Divino que é o Filho de Deus de toda a
eternidade, nºs 2628, 2798.
No Céu não é percebido outro Divino senão o Divino Humano, nºs 6475, 9303, 9303,
9356, 10067. Os Antiqüíssimos não puderam adorar o Ser Infinito, mas adoraram o
Existir Infinito que é o Divino Humano, nºs 4687, 5321. Os Antigos reconheceram o
Divino, porque Ele aparecia em unia forma humana e este Divino era o Divino Humano,
nºs 5110, 5663, 6846, 10737. Os habitantes de todas as Terras adoram o Divino sob
lima forma Humana, e se regozijam quando sabem que Deus é realmente Homem, nºs
6700, 8541 a 8547, 9361, 10736 a 10738; ver no Opúsculo das Terras em nosso
Mundo Solar e no Céu Astral. Não se pode pensar a respeito de Deus senão
representando-O em urna forma Humana, e o que é incompreensível não cabe em
idéia alguma, nºs 9359, 9972. O homem pode adorar aquilo de que tem alguma idéia,
mas não aquilo de que não tem idéia alguma, nºs 4733, 5110, 5663, 7211, 9356, 10067.
É por isso que a maior parte, sobre todo o globo, adora o Divino sob tinia forma
Humana, e isso tem lugar pelo influxo vindo do Céu, nº 10159. Todos os que estão no
bem quanto à vida, quando pensam no Senhor, pensam no Divino Humano, e não no
Humano separado do Divino, nºs 2326, 4724, 41731, 4766, 8878, 9193, 9198. Hoje lia
Igreja, os que estão rio mal quanto à vida, e os que estão na fé separada da caridade,
pensam rio Humano do Senhor sem o Divino, e não compreendem tão pouco o que é o
Divino Humano. Por quê? Nºs 3212, 3241, 4698, 4692, 4724, 4731, 5321, 6371, 8878,
9193, 9188.
306 - Há um Trino no Senhor.
Os cristãos na outra vida foram examinados em relação à idéia que tinham de Deus
único, e foi descoberto que eles tinham a idéia de três deuses, nºs 2329, 5256, 10736 a
10738, 10821. Pode-se conceber o Trino Divino em uma única Pessoa, e, portanto um
só Deus, mas não em três pessoas, nºs 10738, 10821, 10822. O Trino em uma só
Pessoa, portanto no Senhor, é o Divino mesmo que se chama o Pai, o Divino Humano
que se chama o Filho, e o Divino Procedente que se chama o Espírito Santo, e assim o
Trino é Um, nºs 2149, 2156, 2288, 2321, 2329, 2447, 6993, 7182, 10738, 10822, 10823.
O Trino Divino no Senhor é reconhecido no Céu, nºs 1415, 1729, 2005, 5256, 9303. O
Senhor é um com o Pai, portanto é o Divino mesmo e o Divino Humano, nºs 1729,
2004, 2005, 2018, 2025, 2751, 3704, 3736, 4766. Seu Divino Procedente é também
Seu Divino no Céu, Divino que se chama o Espírito Santo, nºs 3969, 4673, 6788, 7499,
8127, 8302, 9129, 9228, 9229, 9278, 9407, 9818, 9820, 10330. Portanto o Senhor só é
o Único Deus, nºs 1607, 2149, 2156, 2329, 2447, 2751, 3194, 3704, 3712, 3938, 4577,
4687, 5321, 6288, 6371, 6849, 6993, 7014, 7091, 7182, 7209, 8241, 8724, 8760, 8864,
8865, 9194, 9303.
307 - Do Senhor no Céu.
O Senhor aparece no Céu como Sol e como Lua, como Sol aos que estão no Reino
Celeste, e como Lua aos que estão no Reino Espiritual, nºs 1053, 1521, 1529 a 1531,
3636, 3641, 4321, 5097, 7078, 7083, 7173, 7270, 8812, 10809. A luz que procede do
Senhor como Sol, é e Divino Vero donde os anjos têm toda sabedoria e toda a
inteligência nºs 1053, 1521 a 1533, 2766, 3188, 3905, 3222, 3225, 3339, 3341, 3636,
3643, 3993, 4180, 4302, 4415, 5400, 9399, 9407, 9548, 9571, 9684. E o calor que
procede do Senhor como Sol é o Divino Bem donde os anjos têm o Amor, 3338, 3636,
3643, 5215. O Divino mesmo do Senhor está muito acima do Seu Divino no Céu, nºs
7270, 8760. O Divino Vero não está no Senhor, mas procede do Senhor, do mesmo
modo que a luz não está no Sol, mas procede do Sol, nº 3939. No Senhor está o Ser, e
do Senhor vem o Existir, nº 3938. O Senhor é o Centro comum, para o qual se voltam
todos os anjos no Céu nºs 3633, 9828, 10130, 10189. Entretanto os anjos não se
voltam para o Senhor, mas o Senhor os volta para Si, nº 10189; porque não há
presença dos anjos no Senhor, mas há presença do Senhor nos anjos, nº 9415. A
presença do Senhor nos anjos está de acordo com a recepção do bem do amor e da
caridade procedente d'Ele, nºs 904, 4198, 4206, 4211, 4320, 6280, 6832, 7042, 8819,
9680, 9682, 9683, 10106, 10810. O Senhor está presente em todos no Céu, e também
em todos no inferno, nº 2776. O Senhor pelo Divino Amor quer conduzir todos os
homens para Si no Céu, nº 6645. O Senhor está em um continuo esforço de conjunção
com os homens, mas o influxo e a conjunção são impedidos pelos próprios amores do
homem, nºs 2041, 2053, 2711, 5696.
O Divino Humano do Senhor influi no Céu e faz o Céu, e não há conjunção alguma
com o Divino mesmo no Céu, mas há conjunção com o Divino Humano, nºs 3038,
4211, 4724, 5663. E este Divino influi do Céu e pelo Céu nos homens, nº 1925. O
Senhor é tudo no Céu e é a vida do Céu, nºs 7211, 9128. O Senhor habita nos anjos
naquilo que Lhe pertence, nºs 9338, 10125, 10151, 10157. Por isso aqueles que estão
no Céu estão no Senhor, nºs 3637, 3638. O Céu corresponde ao Divino Humano do
Senhor, e o homem quanto a todas as cousas em geral e em particular, corresponde
ao Céu e por conseguinte o Céu no comum é como um só Homem, o qual por isso
mesmo chama-se Macro homo, nºs 2988, 2996, 3624 a 3649, 3636 a 3643, 3741 a
3745, 4625. O Senhor é o Único Homem e são homens somente aqueles que recebem
d'Ele o Divino, nº 1894. Quanto mais eles O recebem, tanto mais são imagens do
Senhor, nº 8547. Os anjos são formas do amor e da caridade em uma forma humana e
isso pelo Senhor, nºs 3804, 4735, 4797, 4985, 5199, 5530, 9889, 10177.
308 - Todo Bem e todo Vero vêm do Senhor.
O Senhor é o Bem mesmo e o Vero mesmo, nºs 2011, 5110, 10336, 10610. Todo Bem
e todo Vero vem do Senhor, por conseguinte toda Paz, toda Inocência, todo Amor, toda
Caridade e toda Fé, nºs 1614, 2016, 2751, 2882, 2883, 2891, 2892, 2904; e também
toda Sabedoria e toda inteligência, nºs 109, 112, 121, 124. Do Senhor não vem senão o
bem, mas os maus torcem para o mal o bem que vem de, Senhor, nºs 7643, 7710,
8632. Os anjos sabem que todo bem e todo vero vêm do Senhor, mas os maus não o
querem saber, nºs 6193, 9128. Os anjos pela presença do Senhor estão cada vez mais
no bem, mas os infernais pela presença do Senhor estão cada vez mais no mal, nº
7989. Os maus com a presença do Senhor se lançam no inferno, nºs 8137, 8265. O
Senhor julga todos os homens pelo bem, nº 2335. O Senhor encara todos os homens
pela Misericórdia, nº 223. Jamais o Senhor se encoleriza contra quem quer que seja
não faz o mal a quem quer que seja, não envia ao inferno quem quer que seja, nºs 245,
1683, 2335, 8622. Como é preciso entender o que é dito na Palavra, que Jehovah ou o
Senhor se encoleriza, mata, lança no inferno, e várias outras cousas semelhantes nºs
592, 696, 1093, 1874, 1875, 2395, 2447, 3607, 3614, 6071, 6997.
309 - O Senhor tem todo poder nos Céus e sobre a Terra.
Todo o Céu pertence ao Senhor, nºs 2751, 7086; e o poder nos Céus e sobre a terra é
do Senhor, nºs 1607, 10089, 10827. Como o Senhor governa todo o Céu, governa
também, todas as cousas que dele dependem, portanto todas as cousas do Mundo, nºs
2026, 2027, 4523, 4524. Governa também os infernos, nº 3642. O Senhor governa
todas as cousas segundo o Divino pelo Divino Humano, nºs 8864, 8865. O Senhor
governa todas as cousas segundo a Ordem Divina, e a Ordem Divina se refere ás
cousas que são de Sua vontade, as quais se fazem por Sua Inteligência, e ás que se
fazem por Sua Permissão, nºs 1755, 2447, 6574, 9910; sobre a Ordem ver acima o nº
279. O Senhor governa os últimos pelos primeiros, e os primeiros pelos últimos, e dai
vem que Ele seja chamado o Primeiro e o Último, nºs 3702, 6040, 6056. O Senhor só,
tem o poder de afastar os infernos, de afastar dos inales, e de sustentar no bem, por
conseqüência de salvar, nº 10019. O Julgamento pertence ao Senhor, nºs 2319, 2320,
2321, 10810, 10811. O que é o Sacerdócio do Senhor, e o que é a Realeza do Senhor,
nºs 1728, 2015.
310 - Como devem ser entendidas na Palavra certas expressões concernentes ao
Senhor.
O que é a Semente da mulher, na profecia sobre o Senhor, nº 256. O que significam o
Filho do Homem e o Filho de Deus na Palavra, nºs 2159, 2813. O que significam os
dois nomes de Jesus e de Cristo, nº 3004 a 3011. O que é significado quando se diz do
Senhor que Ele foi enviado pelo Pai, nºs 2397, 6831, 10561. Como se deve entender
que o Senhor carregou as iniqüidades de todos, nº 9937. Como se deve entender que o
Senhor resgatou o homem por seu sangue, nº 10152. Como se deve entender que o
Senhor cumpriu todas as cousas da Lei, n 10239. Como se deve entender que sem o
Senhor não lia salvação alguma, n 10828. Não lia salvação pela intuição do Pai ou pela
prece ao Pai afim de que Ele tenha piedade por causa do Filho, pois o Senhor diz: "Eu
sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por Mim”, João XIV, 6,
nº 2854. Contradições contidas na fé recebida, a saber, que o Senhor pela Paixão da
cruz reconciliou o Gênero humano com o Pai, n 10659. A vinda do Senhor é Sua
presença na Palavra, nºs 3900, 4060. O Senhor não quer para Si mesmo a gloria da
parte do homem, mas a quer para a salvação do homem, nºs 5957, 10646. O Senhor
na Palavra, quando é chamado Senhor, significa o Divino Bem, nºs 4973, 9167, 9194;
quando é chamado Cristo significa o Divino Vero, nºs 3008, 3004, 3005, 3009.
O verdadeiro reconhecimento e o verdadeiro culto do Senhor é fazer seus preceitos
mostrado pela Palavra, nºs 10143, 10153, 10578, 10645, 10829.
DO GOVERNO ECLESIÁSTICO E CIVIL
311 Há ditas espécies de cousas que nos homens devem estar na ordem, a saber, as
cousas que pertencem ao Céu e as que pertencem ao Mundo; as que, se relerem ao
Céu chamam-se Eclesiásticas; as que se referem ao Mundo chamam-se civis.
312 - A Ordem não pode ser mantida no Mundo sem chefes encarregados de fiscalizar
tudo o que se faz conformemente à Ordem, e tudo o que se faz contra a Ordem, e de
recompensar os que vivem conformemente à Ordem, e de punir os que a infringem se
isso não se fizesse o Gênero humano pereceria; pois todo homem pelo hereditário
nasce com a tendência para querer Mandar os outros e possuir as riquezas dos outros;
donde decorrem as inimizades, as invejas, as trapaças, as crueldades e vários outros
males; é por isso que, si os homens não forem mantidos nos vínculos, pelas Leis e
pelas recompensas convenientes a seus amores, isto é, por honras e proveitos para
aqueles que fazem bens, e por punições contrarias a seus amores, isto é, pela perda
das honras, das posses e da vida, para aqueles que fazem males, o Gênero humano
pereceria.
313 - Haverá por conseqüência chefes que manterão as reuniões de homens na
Ordem; estes chefes serão versados nas leis, cheios de sabedoria, e terão temor a
Deus. Haverá também entre os chefes uma ordem afim de que algum deles, por
comprazer ou ignorância não permita, males contra a Ordem, e por conseqüência não
a destrua, o que é evitado quando há chefes superiores e chefes inferiores, entre os
quais existe uma subordinação.
314 - Os chefes propostos sobre o que entre os homens se refere ao Céu ou sobre as
cousas eclesiásticas, são chamados Sacerdotes. Os chefes prepostos sobre o que,
entre os homens, se refere ao Mundo ou sobre as cousas civis, são chamados
Magistrados, e o primeiro dentre eles, nos países onde existe uma autoridade suprema,
é chamado Rei.
315 - Quanto ao que concerne aos Sacerdotes, eles ensinarão aos homens o caminho
que conduz ao Céu, e, além disso, os dirigirão; os ensinarão conformemente à Doutrina
de sua Igreja pela Palavra, e os dirigirão para que vivam segundo esta Doutrina. Os
Sacerdotes que ensinam os veros, e que por estes veros conduzem ao bem da vida, e
por conseqüência ao Senhor, são os bons Pastores de ovelhas; mas os que ensinam, e
não conduzem ao bem da vida, nem por conseqüência ao Senhor, são maus Pastores.
316 - Os Sacerdotes não se arrogarão poder algum sobre as amas dos homens,
porque não sabem em que estado estão os interiores do homem; não se arrogarão,
com mais forte razão, o poder de abrir ou de fechar o Céu, visto como este poder
pertence ao Senhor só.
317 - Haverá para os Sacerdotes dignidade e honra por causa das cousas santas que
pertencem a suas funções; mas aqueles dentre eles que forem sábios atribuirão a
honra ao Senhor de Quem procedem as cousas santas, e não a eles próprios; aqueles,
ao contrario, que não são sábios atribuem-se a honra, estes roubam ao Senhor.
Aqueles que se atribuem a honra por causa das cousas santas que pertencem a suas
funções preferem a honra e o ganho à salvação das almas, a que devem velar; mas os
que atribuem a honra ao Senhor e não a si mesmos, preferem a salvação das almas à
honra e ao ganho. A honra de uma função não reside na pessoa, mas é adjunta à
pessoa segundo a dignidade da cousa que ela administra e o que é adjunto não
pertence à pessoa mesma, e também é separado dela com a função. A honra na
pessoa é a honra da sabedoria e do temor ao Senhor.
318 - Os Sacerdotes ensinarão ao povo, e o conduzirão pelos veros ao bem da vida;
mas, entretanto não constrangerão a quem quer que seja, visto como ninguém pode
ser constrangido a crer o contrario do que pensa rio fundo do coração ser verdade;
aquele que crê diferentemente do sacerdote e não causa perturbações será deixado
em paz; mas aquele que causa perturbações será separado; pois isso pertence
também à Ordem pela qual o sacerdote foi estabelecido.
319 - Do mesmo modo porque os Sacerdotes foram prepostos para administrar as
cousas que concernem à Lei Divina e ao Culto, os Reis e os Magistrados o foram para
administrar as cousas que se referem à Lei civil e ao Julgamento.
320 - Como o Rei só não pode administrar todas as cousas, tem em conseqüência sob
ele chefes, a cada um dos quais é confiado o encargo de administrar o que o Rei não
pode administrar e não tem a faculdade de administrar; estes chefes tomados em
conjunto constituem a Realeza, mas o Rei mesmo é o Chefe supremo.
321 - A Realeza mesma não está na pessoa, mas é adjunta à pessoa; o Rei que
acredita que a Realeza está em sua pessoa, e o chefe que acredita que a dignidade de
sua função está em sua pessoa, não são sábios.
322 - A Realeza consiste em administrar segundo as leis do Reino, e em julgar
segundo estas leis pelo justo. O Rei que considera as Leis como acima dele é sábio;
mas o Rei que se considera como acima das leis não é sábio. O Rei que considera as
leis como acima dele coloca a Realeza na Lei, e a Lei domina sobre ele, pois sabe que
a. Lei é a justiça e que toda justiça que é a justiça, é Divina; mas o Rei que considera
as leis como abaixo dele, coloca a Realeza em si mesmo e acredita ou que ele mesmo
é a Lei, ou que a Lei, que é a Justiça vem dele. Daí o que é Divino ele se arroga.
Abaixo do Divino, entretanto ele deve estar.
323 - A Lei que é a justiça deve ser estabelecida no Reino por jurisconsultos sábios e
tementes a Deus; pois o Rei e os súbditos viverão segundo está. O Rei que vive
segundo a lei estabelecida, é dá o primeiro exemplo aos súbditos, é verdadeiramente
Rei.
324 - O Rei que tem um poder absoluto, e que acredita que seus súbditos são de tal
modo escravos que ele tem o direito sobre suas posses e sobre sua vida, não é um
Rei, se exerce um tal direito, mas é um tirano.
325 - Deve se obedecer ao Rei segundo as leis do Reino e não ultrajá-lo de modo
algum, nem por fatos, nem por palavras, pois daí depende a segurança pública.
(FIM)