Post on 24-Jul-2020
Andreia Gameiro Neves Duarte
RELATÓRIO DE ESTÁGIO A TRADUÇÃO AUDIOVISUAL: TRADUÇÃO E LEGENDAGEM DO EPISÓDIO “OPPOSITES-A-FRACK” DE OS SIMPSONS
Relatório de estágio no âmbito do Mestrado em Tradução (português e inglês) orientado pela Professora Doutora Cornelia Plag e coorientado pela Dra. Katrin Pieper, apresentado ao
Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
setembro de 2018
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1
Faculdade de Letras
A tradução audiovisual:
tradução e legendagem do episódio
“Opposites-A-Frack” de Os Simpsons
Ficha Técnica:
Tipo de trabalho Relatório de estágio
Título A tradução audiovisual: tradução e legendagem
do episódio “Opposites-A-Frack” de Os Simpsons
Autor/a Andreia Gameiro Neves Duarte
Orientador/a Cornelia Elisabeth Plag
Coorientador/a Katrin Pieper
Júri Presidente: Doutora Maria da Conceição Carapi-
nha Rodrigues
Vogais:
1. Doutor Jorge Manuel Costa Almeida e Pinho
2. Drª. Katrin Pieper
Identificação do Curso 2º Ciclo em Tradução
Área científica Tradução
Especialidade/Ramo Português e uma língua estrangeira (Inglês)
Data da defesa 3-10-2018
Classificação 14 valores
2
Agradecimentos
À minha família, em especial ao meu pai e à minha mãe, pela educação que me
prestaram até hoje e por permitirem que este projeto se realizasse.
À minha irmã, pela companhia e entusiasmo.
Ao meu namorado, pelo apoio incondicional.
À orientadora Cornelia Plag e à coorientadora Katrin Pieper, pela disponibili-
dade e rigor.
Aos meus amigos, em especial, à Stefani Garrido, pelo incentivo e compreensão.
A todos o meu sincero agradecimento.
3
Resumo
O presente relatório de estágio foi elaborado no âmbito do estágio curricular
proposto nos planos de estudo do Mestrado em Tradução, da Faculdade de Letras, da
Universidade de Coimbra. O estágio em questão foi realizado entre outubro e dezembro
de 2017, na empresa Wordzilla, sediada em Leiria.
O relatório subdivide-se em três capítulos e tem como principal objetivo a análi-
se na íntegra da tradução e legendagem do episódio número cinco da vigésima sexta
temporada da série Os Simpsons, que tem como título “Opposites-A-Frack”.
Em primeiro lugar, será apresentada a entidade de acolhimento de estágio e os
trabalhos realizados durante este período. De seguida, far-se-á uma abordagem teórica
no âmbito da tradução audiovisual e serão apresentados alguns conceitos deste tipo de
tradução, tais como o conceito de tradução e legendagem. Por último, a série televisiva
Os Simpsons será apresentada e serão analisados o registo e humor, bem como as difi-
culdades, alternativas e soluções de tradução que foram encontradas durante o processo.
Palavras – chave: Tradução Audiovisual; Legendagem; Registo; Humor; Parâmetros.
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Abstract
This internship report was elaborated within the scope of the internship proposed
in the study plans of the Master’s degree in Translation, Faculty of Arts and Humani-
ties, University of Coimbra. The internship was carried out between October and De-
cember 2017 at Wordzilla.
The report is broken down into three chapters, and its main objective is to fully
analyze the subtitling of the episode "Opposites-A-Frack" from the series The Simp-
sons.
Thus, in the extension of this report, Wordzilla and the work done during this
period will be described. Next, a theoretical approach will be given in the scope of au-
diovisual translation, presenting some concepts of this type of translation, such as the
concept of subtitling. And finally, the television series "The Simpsons" will be present-
ed and it will be analyzed the register and humor of it as well as the difficulties, alterna-
tives and translation solutions found during the translation of this project.
Keywords: Audiovisual Translation; Subtitling; Register; Humor; Parameters.
5
Anexos
Anexo 1. Parâmetros utilizados na empresa
Anexo 2. Tradução do Episódio
Lista de Abreviaturas
AVT- Audiovisual translation
TAV – Tradução audiovisual
LC – Língua de chegada
LP – Língua de partida
6
Índice
Agradecimentos ................................................................................................................ 2
Resumo ............................................................................................................................. 3
Abstract ............................................................................................................................. 4
Índice de Ilustrações ......................................................................................................... 7
Índice de tabelas ............................................................................................................... 7
Introdução ......................................................................................................................... 8
I – Estágio Curricular ....................................................................................................... 9
1. Caraterização da entidade de acolhimento ............................................................ 9
2. O software – Spot Subtitling Software ................................................................ 10
3. Tarefas realizadas durante o período de estágio .................................................. 12
II-Tradução Audiovisual................................................................................................. 17
1. A tradução audiovisual ........................................................................................ 17
1.1 Tradução e legendagem ................................................................................... 19
1.1.1 Parâmetros da tradução e legendagem ........................................................... 22
III – Análise do episódio ................................................................................................ 29
1. Apresentação da série Os Simpsons .................................................................... 29
2. Análise ................................................................................................................. 32
2.1 Registo ............................................................................................................. 32
2.1.1 Exemplos ........................................................................................................... 34
2.2 Humor ................................................................................................................... 36
2.2.1 Exemplos ........................................................................................................... 40
2.3 Métodos de tradução ............................................................................................. 44
2.3.1 Classificação de Vinay e Darbelnet ............................................................... 47
2.3.2 Classificação de Díaz Cintas e Remael .......................................................... 48
7
2.3.3 Exemplos ........................................................................................................... 50
2.4. Outras dificuldades de tradução ........................................................................... 54
2.4.1 Exemplos ........................................................................................................ 54
Considerações Finais ...................................................................................................... 62
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 64
Anexos ............................................................................................................................ 67
Anexo 1 – Parâmetros utilizados na empresa ............................................................. 67
Anexo 2 – Tradução do Episódio ............................................................................... 72
Índice de Ilustrações
Ilustração 1- Interface do Spot – Subtitle Editor 6 ......................................................... 11
Ilustração 2- Categorização das diferentes práticas de TAV segundo Gambier (2015:
896-898) ................................................................................................................. 17
Ilustração 3- Classificação de legenda segundo Díaz Cintas e Remael (2009: 14) ........ 20
Ilustração 4- Relação entre o riso e o que é humorístico, tendo em conta que um não
resulta do outro. Veiga (2006: 201) ........................................................................ 37
Ilustração 5- Legenda 173 - Humor Internacional.......................................................... 40
Ilustração 6- Legenda 30 ................................................................................................ 43
Ilustração 7- Ilustração de exemplo – Humor Visual ..................................................... 43
Ilustração 8 – Classificações de Catford, Malone e Van Leuven-Zwart em Gambier
(2009: 68) ............................................................................................................... 46
Ilustração 9- Óráculo 1 ................................................................................................... 55
Ilustração 10- Oráculo 2 ................................................................................................. 56
Índice de tabelas
Tabela 1- Trabalhos realizados no período de estágio ................................................. 166
Tabela 2- Códigos semióticos em produtos audiovisuais Gambier (2015: 896) .......... 188
8
Introdução
O presente Relatório de Estágio é elaborado no âmbito do estágio curricular pro-
posto nos planos de estudo do Mestrado em Tradução, da Faculdade de Letras, da Uni-
versidade de Coimbra. O estágio em questão foi realizado entre outubro e dezembro de
2017, na empresa Wordzilla, sediada em Leiria.
Através deste Relatório, que será dedicado à tradução audiovisual, pretende-se
analisar minuciosamente o episódio “Opposites-A-Frack” da série televisiva americana
Os Simpsons relativamente ao registo e humor utilizados. Serão esmiuçadas as dificul-
dades, alternativas e soluções de tradução, entre outros aspetos, que foram encontradas
durante a tradução e legendagem deste projeto.
Destarte, no primeiro capítulo do presente trabalho será feita uma breve descri-
ção da entidade de acolhimento bem como dos métodos e software de trabalho utiliza-
dos e também dos trabalhos realizados durante o período de estágio contando com a
ajuda de uma tabela.
De seguida, no segundo capítulo, far-se-á uma abordagem teórica no âmbito da
tradução audiovisual, de modo a dar a conhecer algumas competências e especificidades
que derivam deste tipo de tradução, como por exemplo, os parâmetros e alguns concei-
tos técnicos.
Por último, o terceiro capítulo trata da análise do episódio. Primeiramente será
feita a apresentação da série televisiva em questão. Depois de dar a conhecer a série, e
em segundo lugar, serão objetivos deste relatório analisar o tipo de registo presente nes-
ta série, bem como apresentar os vários tipos de registo existentes. Logo depois, será
analisado o humor presente na série e também será expressa a dificuldade existente na
tradução e legendagem do humor, visto que o humor é relativo a vários fatores, tais co-
mo as referências culturais. Serão abordados os métodos e procedimentos de tradução,
fazendo referência a várias classificações. Pretende-se também expor as diferentes su-
gestões e soluções de tradução encontradas para este projeto.
Finalmente serão apresentados as considerações finais e os anexos, que incluem
os Parâmetros de Legendagem e a Tradução do Episódio.
9
I – Estágio Curricular
1. Caraterização da entidade de acolhimento
Optei pela realização de um estágio curricular numa empresa de tradução com o in-
tuito de entrar em contacto com o mundo de trabalho e ter um novo entendimento sobre
o funcionamento interno e processamento de trabalhos de tradução, nestas empresas.
O estágio curricular, realizado no âmbito do Mestrado em Tradução da Faculdade de
Letras da Universidade de Coimbra, teve lugar na empresa Wordzilla durante os meses
de outubro, novembro e dezembro de 2017. Teve a duração prevista de trezentas horas,
tal como estipulado pela Faculdade de Letras como duração mínima de estágio.
A Wordzilla, anteriormente designada por Crosswords AVT, tem sede em Leiria e
uma pequena filial no Porto, e foi fundada em 2014 pela Dra. Helena Fernandes.
Esta empresa, de pequena dimensão, realiza diversos trabalhos de tradução, atuando
em diversas áreas de especialização da tradução técnica e literária, tais como na área
jurídica, na área de marketing e publicidade, na área de farmácia e medicina e na área
do lazer, entre outras.
A empresa realiza também trabalhos de dobragem e locução, interpretação e de tra-
dução e legendagem, apresentando este último o maior volume de trabalho.
A Wordzilla é composta por três departamentos: marketing, informática e tradução,
contando ao todo com sete colaboradores internos e vários colaboradores externos, que
trabalham como freelancer.
Como referido no website da Wordzilla, a confidencialidade e o cumprimento de
prazos são requisitos mínimos da empresa. É também mencionado no website que, de-
vido à conjunção da qualidade do serviço com a personalização de soluções inovadoras,
a empresa conta com uma rede de clientes de renome internacional.
Durante o estágio foi possível utilizar todos os meios existentes na Wordzilla (v.g.
sala de reuniões, computadores, etc.), o que me permitiu inserir cabalmente na dinâmica
de trabalho e interagir com todos os elementos da equipa.
Foram minhas supervisoras de estágio a Dra. Maria João Fernandes, responsável por
realizar traduções e legendagens e revisões, e, posteriormente, a Dra. Catarina Tavares,
gestora de projetos e tradutora audiovisual.
10
O workflow na Wordzilla é semelhante ao de outras empresas de tradução e também
semelhante ao processo a que Díaz Cintas e Remael (2009:30-34) apelidam de “The
subtitling process”. Geralmente, depois de o cliente contactar a empresa, o gestor de
projetos encarrega-se de distribuir a tarefa de tradução aos seus colaboradores, quer
sejam internos ou externos, informando-os dos parâmetros a seguir e do prazo de entre-
ga.
Idealmente, caso o tradutor audiovisual tenha acesso ao guião, lê-o antes de realizar
a tarefa. No entanto, como os prazos de entrega são por vezes muito curtos, o tradutor
pode excluir esta etapa e passar imediatamente à tradução do guião sem o ter lido previ-
amente.
Concluída a tarefa de tradução e legendagem, esta é revista pelos revisores e é de
novo entregue ao gestor de projetos que faz o controlo de qualidade e procede ao envio
do projeto ao cliente.
Como previsto, esta tarefa de tradução e legendagem foi revista. Porém, como o
prazo de entrega desta tradução e legendagem coincidiu com o último dia de estágio,
não obtive feedback da revisão deste trabalho pelo que apenas me foi possível identifi-
car erros e contemplar outras propostas de tradução quando visualizei o episódio emiti-
do, em meados de janeiro.
Díaz Cintas e Remael (2009:70) referem que, nos dias de hoje, para realizar uma
tradução e legendagem, os tradutores audiovisuais necessitam de um computador, de
um software de legendagem e de uma cópia do programa a legendar.
No subcapítulo seguinte, irei apresentar o software utilizado para traduzir e legendar
na empresa Wordzilla, o Spot.
2. O software – Spot Subtitling Software
This equipment [software de legendagem] permits them [tradutores audiovisuais] to
have simultaneously open on the computer monitor a word processor and a window
to watch the program, allowing them to spot the dialogue in the original, do the
translation, use a spell checker, synchronize their own subtitles with the image on
the screen, and simulate the final copy. (Díaz Cintas & Remael, 2009:9)
De acordo com a informação que consta do website, o Spot foi criado em 1997,
na Holanda, por vários tradutores audiovisuais. Os seus criadores afirmam que “we're
11
subtitlers ourselves, we know which tools you need to get the job done as quickly and as
accurately as possible.”
Nas suas opções, o software permite-nos configurar os parâmetros para a legen-
dagem, tais como o tempo mínimo de intervalo entre legendas, o número de carateres
por linha, o número máximo de linhas a ter na legenda, entre outros.
Estes parâmetros são geralmente definidos pelo cliente e, no caso de existirem
legendas que não cumpram os parâmetros, o programa informa o tradutor, para que este
os possa alterar.
Na interface do software é possível ver três janelas distintas: a barra de ferra-
mentas, para a gestão do programa e controlo de qualidade, a área de vídeo e controlos e
a área de edição de legendas, para que o tradutor possa criar e formatar as legendas. A
interface também permite que o tradutor veja o vídeo, a barra de som, a legenda ante-
rior, a legenda em que se está a trabalhar e permite ver ainda a legenda seguinte, como
mostra a seguinte figura.
Ilustração 1- Interface do Spot – Subtitle Editor 6
Os diversos atalhos de teclado facilitam o processo de alterar os tempos de entra-
da e de saída das legendas assim como também auxiliam no desempenho de outras tare-
fas.
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O programa possui ainda outras funcionalidades que auxiliam o tradutor audio-
visual, não só nas questões técnicas, mas também na tradução, como o conversor de
medidas e o bloco de notas (que possibilita a tomada de notas por parte do tradutor, sem
ser necessário sair do programa).
Como mencionado por Díaz Cintas e Remael (2009: 71), as funcionalidades deste
tipo de programas encontram-se em constante revisão de modo a que a produtividade
dos tradutores audiovisuais seja maximizada e, em consequência, sejam minimizados os
custos laborais.
Por outro lado, Díaz Cintas e Remael (2009: 71) expõem também que o grande
obstáculo do tradutor audiovisual é o preço inviável deste tipo de software, em especial
para os tradutores que realizam este tipo de tradução esporadicamente.
Esta característica dos software repercutiu-se no ensino da tradução audiovisual
pois muitas das universidades não têm rendimentos suficientes para investir neste tipo
de programas e em equipamento informático.
Por ser criado por tradutores audiovisuais para tradutores audiovisuais e conter um
vasto leque de funcionalidades, (entre outros motivos), é o software de eleição da
Wordzilla e foi utilizado para realizar todas as tarefas durante o período de estágio.
3. Tarefas realizadas durante o período de estágio
Na fase inicial do estágio, foi realizado um curso cujos autores são colabo-
radores da empresa, tendo sido oferecido a todos os estagiários da empresa e que
também pode ser adquirido por particulares através da plataforma Wizzilla, com o
principal intuito de dar a conhecer algumas definições e familiarizar os estagiários
com o software a utilizar.
Durante este curso, designado por “Curso de Tradução Audiovisual e de
Legendagem”, visionei diversos vídeos explicativos cujos locutores, os colaborado-
res da empresa, explicavam e instruíam sobre diversos conteúdos. No fim de cada
vídeo, tinha de responder a um questionário sobre o conteúdo do mesmo, podendo
apenas visualizar o vídeo seguinte caso obtivesse uma classificação de 100%.
Este curso dividia-se em quatro módulos. O primeiro “Introdução Teórica”
era constituído por oito aulas sendo elas subordinadas aos seguintes temas:
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1. A História da Tradução Audiovisual – Apresentação da história da tradução
audiovisual que, de acordo com o curso, se iniciou com a chegada do cinema
mudo;
2. Modalidades de Tradução Audiovisual – Legendagem - Apresentação de vá-
rias modalidades de TAV como por exemplo a dobragem, a tradução e legen-
dagem, a tradução e legendagem para surdos, etc. e ainda a definição da le-
gendagem, pelos autores do curso, como a aplicação de texto escrito na parte
inferior de um ecrã simultaneamente com um texto de partida;
3. Vantagens e Desvantagens da Legendagem – Apresentação de algumas van-
tagens, como o caráter didático da legendagem, bem como algumas desvan-
tagens, como a contaminação da imagem;
4. Tipos de Legendagem – Esclarecimento dos vários tipos de legendagem, sen-
do eles legendagem interlinguística, a legendagem intralinguística, legenda-
gem em direto, ao vivo, em aberto e fechada. Contudo, Díaz Cintas e Remael
apenas caraterizam três tipos de legendagem: a interlinguística, a intralinguís-
tica e a bilingue, como referido no capítulo seguinte;
5. Etapas da Tradução para Legendagem – De acordo com os responsáveis do
curso, existem quatro passos essenciais a tomar quando se pretende realizar
uma tradução e legendagem. Estas quatro etapas encontram-se detalhadas no
próximo capítulo;
6. Restrições – Nesta aula foram abordadas as restrições que o tradutor audiovi-
sual encontra ao realizar uma tradução e legendagem. As restrições são de
tempo, relacionando-se com o tempo mínimo e máximo de uma legenda, e de
espaço, relacionando-se com o número de carateres e de linhas permitido,
como esclarecido no capítulo “Parâmetros da Tradução e Legendagem”;
7. Parâmetros de Tradução Para Legendagem - Apresentação dos parâmetros
técnicos da tradução e legendagem, como o tempo mínimo e máximo de uma
legenda, o intervalo mínimo e o número de carateres possíveis numa legenda;
8. Especificidades da Tradução para a Legendagem – Nesta aula, os autores do
curso afirmavam que as legendas devem ser discretas e fáceis de ler, não se
devendo sobrepor à imagem e preferenciar a utilização de um vocabulário
mais acessível, que não cause estranheza.
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O segundo módulo “Normas do Texto Audiovisual” era também composto
por oito aulas:
1. Apresentação de Texto – Foram apresentadas as diretrizes para a apresenta-
ção de texto no ecrã. Por exemplo: as legendas não devem cobrir a boca do
falante e também não devem tapar os créditos do filme. Como é esclarecido
no próximo capítulo, as legendas devem ter no máximo duas linhas e devem
ser tipograficamente justificadas;
2. Sincronização – Esclareceu-se que as legendas devem estar sincronizadas
com o início e o fim das falas;
3. Cartas, Poesias, Canções – Nesta aula, foram mencionadas brevemente as di-
retrizes a seguir no caso de tradução de cartas, de poesias ou de canções;
4. Componente Linguística – Na criação de legendas deve definir-se um estilo e
registo e deve ser feita uma adaptação contextual. Por exemplo, no caso do
humor deve-se manter o mesmo tipo, isto é, um humor que produza o mesmo
efeito, como será esclarecido no capítulo III;
5. Segmentação de Legendas – Os colaboradores esclareceram que as legendas
devem ser segmentadas em unidades de sentido independentes, como será re-
ferido no capítulo II;
6. Divisão de Frases por Legendas – Semelhante à aula anterior, embora tenha
sido esclarecido que as frases nas legendas devem ser divididas de modo a
que se poupe tempo de leitura, com frases diretas e simples;
7. Pontuação – Eram apresentados os sinais de pontuação e a sua utilização;
8. Outros Parâmetros – Discriminação de outros parâmetros da tradução e le-
gendagem. Estes serão esclarecidos quer no capítulo II, (para além de outros
aspetos), quer nos anexos (Anexo 1);
O terceiro módulo “Spot Software”, através do qual foi apresentado o soft-
ware, era constituído por um maior número de aulas que os outros módulos. Aqui
fiquei a conhecer as diversas funcionalidades do software e as teclas de atalho a utili-
zar. Foi fornecido um ficheiro PDF com as teclas de atalho e guia do utilizador.
No quarto módulo “Caso Prático” foram-me dados cinco trechos de vídeos,
de aproximadamente cinco minutos cada, juntamente com os respetivos guiões, e
pediram-me que traduzisse e legendasse cada trecho.
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Mais tarde, os trechos foram avaliados pela supervisora que me informou
sobre os aspetos negativos e positivos da tradução e legendagem de cada um deles.
Terminado o curso, a Dra. Maria João Fernandes, (até à data minha supervi-
sora), entregou-me a tarefa de tradução e legendagem de um episódio da série “Mal-
colm in the Middle”, seguindo-se um episódio da série Os Simpsons e mais tarde, um
episódio da série “Empire”.
De seguida, enquanto realizava esta última tarefa de tradução e legendagem,
foi-me pedido pela Dra. Catarina Tavares que a suspendesse, temporariamente, para
me dedicar à realização da legendagem de um episódio da série “The Walking Dead”
de Inglês-Inglês, pertencente a um projeto de legendagem que tomou a maior parte
do tempo de estágio.
Este projeto não envolvia tradução mas sim spotting, que Díaz Cintas e
Remael (2009: 88) também apelidam de cueing e definem como a determinação dos
tempos de entrada e de saída de uma legenda, isto é, numa tarefa de spotting, o
tradutor audiovisual seleciona, usualmente através de teclas de atalho do software, o
timecode de entrada e de saída para cada legenda.
Díaz Cintas e Remael (2009: 93) designam timecode como um número de oito
dígitos que identifica cada fotograma (frame1) do vídeo e que geralmente se encontra
gravado na parte superior ou inferior do vídeo. As tarefas deste projeto de legendagem
que me foram entregues eram maioritariamente de spotting. Não obstante, existiam
tarefas em que apenas se utilizava uma função do software Spot que tinha o nome recut
e que permitia adiantar ou atrasar os timecodes de todos os tempos de entrada e de saída
de legendas, de uma só vez, ao invés de o fazer individualmente para cada legenda.
Ainda antes de terminar a tarefa de tradução e legendagem do episódio de “Em-
pire”, realizei outra tarefa de spotting de Alemão-Alemão. Terminada a tradução e le-
gendagem da série “Empire”, recebi diversas tarefas relativas ao projeto suprarreferido e
que decorreram até ao penúltimo dia de estágio. Nesse dia foi-me atribuída a tarefa de
tradução e legendagem final de um episódio de Os Simpsons que, posteriormente, foi
transmitido em televisão e que será analisado no presente trabalho. Para realizar esta
1 Díaz Cintas & Remael (2009:72) referem que cada filme é medido pelas unidades imperiais fotograma
(frame) ou metro, daí as designações metragens ou filmes. Cada segundo de filme é composto por 24
frames.
16
tarefa, entregaram-me o guião do episódio e o seu vídeo, ambos extraídos da base de
dados online do cliente.
O trabalho realizado na empresa durante o período de estágio pode ser observa-
do pormenorizadamente através da seguinte tabela.
Tabela 1- Trabalhos realizados no período de estágio
Trabalho realizado
Língua de
Partida
Língua de
Chegada
Duração da
realização
Data da realização
Curso
(parte teórica)
N.A.
N.A.
15 horas
De 09/10/2017
A 10/10/2017
Curso
(parte prática)
Inglês
Português
21 horas
De 11/10/2017
A 16/10/2017
Tradução e legendagem:
Malcom in the Middle 101
Inglês
Português
23 horas
De 16/10/2017
A 18/10/2017
Tradução e legendagem:
Os Simpsons 2522
Inglês
Português
16 horas
De 18/10/2017
A 19/10/2017
Tradução e legendagem:
Empire 305
(Imcompleto)
Inglês
Português
24 horas
De 22/10/2017
A 25/10/2017
Projeto de Legendagem:
The Walking Dead 201
Inglês
Inglês
4 horas
De 25/10/2017
A 25/10/2017
Projeto de Legendagem:
Graceland 302
Alemão
Inglês
4 horas
De 29/10/2017
A 29/10/2017
Tradução e legendagem:
Empire 305
(Continuação)
Inglês
Português
6 horas
De 29/10/2017
A 30/10/2017
Projeto de Legendagem
(The X-Files, The Walking
Dead)
Alemão
Inglês
182 horas
De 2/11/2017
A 20 /12/2017
Projeto Final-Tradução e le-
gendagem
Os Simpsons 2605
Inglês
Português
15 horas
De 21/12/2017
A 22/12/2017
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II-Tradução Audiovisual
1. A tradução audiovisual
Como referido por Díaz Cintas e Neves (2015: 1) a tradução audiovisual (TAV) é
“[...] seen by many scholars as one of the most thriving branches of Translation Studi-
es;” devido à relação próxima que a TAV tem com a tecnologia, que se encontra em
constante avanço.
A tradução audiovisual é um ramo dos estudos de tradução que abrange várias práti-
cas, tais como a tradução e legendagem, a dobragem, a tradução para surdos, entre ou-
tros. Tendo em conta o vasto de leque de práticas da TAV, Díaz Cintas afirma que a
TAV é “[…] the umbrella term used to refer to the translation of programs in which the
verbal dimension is only one of the many shaping the communication process.” (Díaz
Cintas, 2010: 344)
O professor Yves Gambier (2015: 896) defende que os diferentes tipos de tradução
audiovisual se podem classificar em duas categorias principais: a intralinguística e a
interlinguística. A tradução audiovisual intralinguística refere-se à tradução entre códi-
gos (orais ou escritos) na mesma língua e desmembra-se em quatro práticas de tradução.
A tradução audiovisual interlinguística refere-se à tradução entre diversas línguas e
desmembra-se em oito práticas de tradução.
Ilustração 2- Categorização das diferentes práticas de TAV segundo Gambier
(2015: 896-898)
Intralingual translation
•Intralingual subtitles
•Live subtitiling
•Audio description
•Audiosubtitling
Interlingual translation
•Script/ Scenario translation
•Interlingual subtitiling
•Simultaneous or sight translation
•Dubbing
•Free commentary
•Interpreting
•Voice-over
•Surtitling
18
Díaz Cintas (2010: 345) sustenta que a interação de diferentes camadas semióticas
através dos canais visuais (imagens, texto escrito, gestos) e áudio (música, ruído, diálo-
go) torna a tarefa do tradutor particularmente desafiante.
Gambier (2015: 895) afirma, igualmente, que um produto ou performance audiovi-
sual é constituído por códigos significantes que operam simultaneamente na produção
de significado e que um dos principais desafios para a prática e pesquisa da tradução
audiovisual é identificar os tipos de relações entre sinais verbais e não-verbais.
Por conseguinte, Gambier sumariou 14 códigos semióticos ativos em vários níveis
na produção de significado, como demonstra a seguinte tabela.
Audio channel Visual channel
Verbal ele-
ments
(signs)
linguistic code (dialogue, mon-
ologue, comments/voices off,
reading)
paralinguistic code (delivery,
intonation, accents)
literary and theater codes (plot, narrative, sequences, dra-
matic progression, rhythm)
graphic code (written forms: let-
ters, headlines, menus, street
names, advertising, brands, interti-
tles, subtitles)
Nonverbal
elements
(signs)
sound arrangement code mu-
sical code paralinguistic code (voice quality, pauses, silence,
volume of voice, vocal noise:
crying, shouting, coughing)
iconographic code
photographic code (lighting, per-
spective, colors)
scenographic code (visual envi-
ronment signs)
film code (shooting, framing, cut-
ting/editing, genre conventions)
kinesic code (gestures, manners,
postures, facial features, gazes)
proxemics code (movements, use
of space, interpersonal distance)
dress code (hairstyle, makeup)
Tabela 2- Códigos semióticos em produtos audiovisuais Gambier (2015: 896)
Gambier (2015: 898) conclui que as diversas práticas da TAV não se traduzem da
mesma maneira pois não são utilizados os mesmos códigos.
Some emphasize the oral dimension (dubbing, interpreting, voice-over, and free
commentary); others switch from oral to written (interlingual, intralingual, live sub-
titling, and surtitling), from written to written (scenario translation), from pictures to
oral (audio description), or from written to oral (sight translation, audio subtitling).
(Gambier, 2015: 898)
19
A prática da tradução audiovisual sobre a qual o presente relatório se irá debruçar é
a tradução e legendagem.
Díaz Cintas e Remael (2009: 9) sugerem que qualquer programa que contenha leg-
endas é composto por três componentes: as falas, a imagem e as legendas: “The interac-
tion of these three components, along with the viewer’s ability to read both the images
and the written text at a particular speed, and the actual size of the screen, determine the
basic characteristics of the audiovisual medium.” (Díaz Cintas & Remael 2009: 9)
1.1 Tradução e legendagem
Para efeitos deste relatório irei utilizar as seguintes definições terminológicas suge-
ridas por Xavier (2009: 42), que cita Diana Sanchez (2004).
1. Tradução: Tradução da lista de diálogos ou do guião.
2. Legendagem / Spotting: Introdução dos timecodes de entrada e de saída de uma
legenda.
3. Revisão: Visionamento do filme com o ficheiro completo de legendas e
verificação da sincronização da entrada e saída de legendas.
Por ser um ramo da TAV que conjuga a tradução de uma lista de diálogos ou de um
guião com a introdução dos timecodes de entrada e de saída de uma legenda, irei deno-
minar a legendagem por tradução e legendagem. Veiga (2006: 23) apelida esta tarefa
também por tradução e legendagem referindo que até os profissionais desta área deno-
minam o seu trabalho como tradução e legendagem, como se pode ver nas legendas
finais que contêm o nome do tradutor.
A tradução e legendagem pode ser definida, como referem Díaz Cintas e Remael
(2009: 8), como uma prática que consiste na aplicação de texto na parte inferior do ecrã
(legendas) de modo a que este texto seja a tradução do texto de partida, isto é, a
tradução das falas e vários outros elementos presentes no vídeo, tais como inscrições,
sinais de trânsito e outros - denominados por oráculos - bem como de canções ou de
outros elementos que sejam relevantes: “Subtitles always give priority to dialogue over
written text or songs, although they must also try to cover any relevant information
rendered visually.” (Díaz Cintas & Remael 2009: 60).
20
Como mencionado acima, uma das aulas do segundo módulo do “Curso de
Tradução Audiovisual e Legendagem”, foi sobre os prós e contras da tradução e
legendagem. Os autores do curso defendem que as vantagens das legendas são os
fatores económicos, tendo em conta que, por exemplo, a dobragem tem custos mais
elevados do que a tradução e legendagem, é acessível às pessoas com dificuldades de
audição, o espectador tem acesso às vozes originais, melhora a aprendizagem de línguas
estrangeiras, o espectador fica em contacto com elementos culturais estrangeiros, (o que
também auxilia na aprendizagem de outras línguas).
Em contrapartida, é mencionado no curso que as desvantagens da tradução e
legendagem são a contaminação da imagem, o facto de as crianças pequenas não
saberem ler ou lerem mais devagar, o facto de não abranger a comunidade analfabeta e
o facto do espectador pode perder-se na sequência do filme, caso falhe a leitura de uma
legenda.
Apesar de não ter sido referido nas aulas do curso, na minha ótica, o maior
contra da tradução e legendagem é a perda de informação. Ao traduzir o texto falado
para texto escrito é inevitável que se perca alguma informação. Além do mais, e ainda
que as legendas sejam o mais fluidas possível, o espectador perde sempre alguma
informação visual. Este assunto irá ser debatido no próximo subcapítulo e
exemplificado no capítulo “2.4 Outras dificuldades de tradução”.
Díaz Cintas e Remael (2009: 13,14) afirmam que, de modo a fornecer uma visão
geral mais fácil de compreender, as legendas são categorizadas em vários tipos, sendo
que uma das mais tradicionais classificações se centra na dimensão linguística.
Ilustração 3- Classificação de legenda segundo Díaz Cintas e Remael (2009: 14)
21
Contudo, no “Curso de Tradução Audiovisual e Legendagem” foram
mencionados mais quatro tipos de legenda. A legenda aberta (eletrónica), as legendas
sobrepostas à imagem (que vemos normalmente na televisão), a legenda fechada
(legendas que são ativadas através do sistema de teletexto), a legenda em direto (que é
preparada antecipadamente mas apenas inserida no vídeo aquando da emissão do
programa) e as legendas ao vivo (que são criadas e inseridas numa emissão em direto).
Segundo o mesmo curso, a tradução e legendagem é uma tarefa que se realiza
de melhor forma se se seguirem quatro passos:
O primeiro é a tradução do guião ou lista de diálogos. Os tradutores audiovisuais
mais experientes traduzem de ouvido e apenas verificam o guião caso o áudio seja
pouco percetível.
O segundo passo a tomar será a adaptação, ou seja, o texto deve ser segmentado
em unidades de sentido que permitam uma compreensão mais fácil.
De seguida, deve-se proceder à sincronização ou spotting, isto é, introduzir os
tempos de entrada e de saída de uma legenda.
Por fim, como em todos os trabalhos de tradução, deve fazer-se uma revisão da
tradução e do spotting, sendo que, neste caso em especial, o tradutor deve visualizar o
vídeo com as legendas sincronizadas. Obviamente, e devido aos prazos de entrega, nem
sempre se efetuam os três primeiros passos individualmente, mas sim em conjunto.
Assim, no meu entender, a tradução e legendagem torna-se mais rápida de
realizar quando se efetua primeiro o spotting, de seguida e à medida que se avança no
vídeo, a tradução do guião em conjunto com a adaptação - visto que, (como irá ser
referido), na maioria das legendas irá ser necessário retirar alguma informação – e por
último proceder à revisão.
Ao criar as legendas, o tradutor audiovisual encontra algumas restrições de
espaço e tempo que podem estar relacionadas com o spotting, tema que irá ser debatido
e esclarecido no próximo subcapítulo.
22
1.1.1 Parâmetros da tradução e legendagem
Os parâmetros da tradução e legendagem são, como foi referido no curso, de-
terminados por cada cliente, ou seja, por cada canal televisivo e, por vezes, por cada
produtora de filmes.
Os parâmetros da tradução e legendagem têm que ver com aspetos técnicos, tais
como a duração mínima e máxima de uma legenda, o tempo de leitura, o intervalo mí-
nimo entre legendas, o número máximo de carateres por linha, o número de linhas per-
mitidas e o alinhamento.
Os parâmetros têm como finalidade principal viabilizar uma fácil leitura das le-
gendas. Para garantir a clara compreensão das legendas, há uma sequência cronológica
de condicionantes a cumprir, como irá ser referido.
O primeiro parâmetro da tradução e legendagem que me foi apresentado, (defi-
nido pelo cliente da Wordzilla), era a criação de uma legenda zero. Esta primeira legen-
da deve ser composta pelo P0 (número identificativo do vídeo), o par de línguas para a
tradução, por exemplo EN-PT, (no caso de uma tradução audiovisual de inglês para
português), e o nome da série e do episódio a traduzir.
A primeira condicionante da sequência cronológica é o spotting, um dos princí-
pios da tradução, conforme referido por Ivarsson e Carroll (1998: 158), “Spotting must
reflect the rhythm of the film”. Para que este fenómeno aconteça e a leitura se torne
descomplicada, a legenda deve aparecer no início de uma fala e desaparecer quando a
fala terminar. Díaz Cintas e Remael (2009: 89) referem que, no caso de a legenda não
desaparecer exatamente quando a fala termina, o espectador tem a tendência de voltar a
ler essa mesma legenda.
Por outras palavras, o que os autores pretendem esclarecer é se a legenda não
começar e terminar quando as falas começam e terminam, o leitor tende a reler
escusadamente a legenda, o que na minha perspectiva pode causar desconcentração e
desinteresse ao espectador.
Para evitar esta segunda leitura desnecessária, estabeleceu-se um limite máximo
para a duração da legenda, que é de seis segundos. Este tempo máximo de duração da
legenda é também adotado na empresa onde decorreu o estágio.
23
O facto de as legendas necessitarem de estar sincronizadas com o início e fim
das falas das personagens pode originar alguns desafios ao traduzir e legendar,
relacionados com o tempo de leitura e o tempo mínimo de duração de uma legenda.
Díaz Cintas e Remael (2009: 95) referem que estes problemas se iniciam quando
uma personagem se expressa muito rapidamente, o que significa que, para que a legenda
fique completamente sincronizada, o espectador não terá tempo de a ler, ficando assim
com a sensação de que “[...] have ‘read’ rather than ’watched’ the film”. Assim, foi
estipulado um tempo de duração mínima de uma legenda que, segundo Ivarsson e
Carroll (1998: 65), é de um segundo e meio, o que permite que a legenda tenha um
tempo de leitura razoável. Díaz Cintas e Remael (2009: 96) afirmam que um espectador
consegue ler sem esforço 74 carateres em seis segundos. Na empresa de acolhimento do
estágio, o tempo de leitura mínimo permitido era de 11 carateres por segundo, o tempo
máximo de leitura era de 25 carateres por segundo, sendo a duração mínima um
segundo.
De modo a solucionar o problema de falta de tempo de leitura, as legendas
devem ter um número máximo de carateres por linha. Os autores Díaz Cintas e Remael
(2009: 85) referem que o número máximo de carateres depende do alfabeto da língua de
chegada, por exemplo, no caso das línguas japonesa e coreana, o número máximo de
carateres é de 12 a 14. No entanto, em Portugal, o número máximo permitido é de 35 a
42 carateres, sendo que o número de carateres que o cliente da Wordzilla permite é no
máximo de 36 por linha. Devem também ter um intervalo de pelo menos 4 frames entre
cada para que o espectador possa ter intervalos na leitura.
A segunda condicionante é a segmentação das legendas. Como referido no “Cur-
so de Tradução Audiovisual e de Legendagem”, as legendas devem ter apenas duas
linhas, que se devem encontrar ao centro e devem estar justificadas, para não poluir a
imagem, devendo-se sempre evitar que as legendas cubram a boca das personagens ou
os créditos do vídeo. Devem também ser sempre segmentadas em unidades semânticas
ou frases, como mencionado no capítulo I.
No referido curso foram esclarecidas algumas diretrizes para a segmentação de
legendas:
Não iniciar uma segunda frase na mesma linha, a não ser que as frases sejam
muito curtas;
Numa frase complexa, não separar a conjunção da oração por ela introduzida;
24
Não separar o artigo do nome;
Na estrutura lógica do grupo nominal, não separar o nome do seu modificador;
Quando existirem frases compostas relativas, dividir as frases antes do pronome
relativo;
Sempre que possível, manter o verbo e o seu complemento numa mesma linha;
Não separar um verbo transitivo do seu complemento;
No grupo verbal, não separar uma forma verbal composta;
Não separar uma expressão preposicional do grupo nominal;
Não dividir uma legenda entre o título e o nome de uma pessoa ou entre dois
nomes próprios;
Não dividir uma legenda a meio de uma palavra, mesmo que seja hifenizada;
As legendas de um diálogo devem ter travessão nas duas linhas;
Quando o diálogo continua numa outra legenda e a primeira frase é a
continuação da legenda anterior, só se coloca travessão na segunda fala.
Além do mais, a correta utilização dos sinais de pontuação auxilia o tradutor a
segmentar corretamente as legendas.
Segue-se um sucinto compêndio do uso da pontuação na tradução e legendagem,
com base nos trabalhos de Ivarsson e Carroll (1998), de Díaz Cintas e Remael (2009) e
também com base no curso inicial fornecido pela empresa. Estes usos serão esclarecidos
através de exemplos obtidos no projeto de legendagem realizado durante o período de
estágio já referido.
Os sinais de pontuação ponto final, vírgula e ponto e vírgula não serão mencio-
nados neste compêndio pois apenas são utilizados na tradução e legendagem de acordo
com as regras de gramática, como é referido no “Curso de Tradução Audiovisual e Le-
gendagem”.
Dois pontos (:)
Como mencionado no curso, os dois pontos devem ser de uso moderado. Em
adição, Díaz Cintas e Remael (2009:106) referem que este sinal de pontuação assinala
uma pausa breve para despertar o interesse do espectador para o que se segue. Os auto-
res referem também que algumas empresas deixam um espaço em branco
25
imediatamente antes dos dois pontos pois afirmam que, deste modo, o sinal de
pontuação se destaca mais no ecrã.
Travessão (–)
Tanto Ivarsson e Carroll (1998: 111) como Díaz Cintas e Remael (2009:111)
consideram que o uso do travessão tem como objetivo principal marcar um diálogo de
duas pessoas na mesma legenda.
Exemplo 1
Ou seja, este não é um sinal de pontuação que deva ser utilizado de acordo com
as regras da gramática pois, de acordo com Díaz Cintas e Remael (2009: 111), na
expressão escrita, o travessão é geralmente utilizado para dividir uma palavra quando
esta continua na linha seguinte, o que não pode acontecer na tradução e legendagem
visto que torna a leitura mais difícil.
Ademais, Ivarsson e Carroll (1998: 112) explicam que algumas empresas
utilizam o travessão para indicar frases incompletas ou, em casos de tradução e
legendagem para surdos ou pessoas com dificuldades de audição, o travessão pode
também ser utilizado para dividir palavras longas de forma a facilitar a compreensão.
Reticências (...)
Como Ivarsson e Carroll (1998: 113) referem, o uso das reticências na
tradução e legendagem pode indicar uma pausa, uma omissão ou uma interrupção.
Além do mais, Díaz Cintas e Remael (2009: 113) esclarecem que este sinal de
pontuação, no caso específico da tradução e legendagem, não deve levar espaços entre
si, de modo a manter um menor número de carateres. Os autores afirmam que algumas
empresas utilizam as reticências para indicar a continuação de uma frase.
–That's why I can't be there.
–That's why you have to be there.
26
Exemplo 2
Díaz Cintas e Remael (2009: 114) explicam também que as reticências são
utilizadas quando o diálogo contém uma breve pausa, fazendo com que sejam
necessárias duas legendas para o traduzir e legendar. Nestes casos, utilizam-se as
reticências no fim da primeira legenda mas não se utilizam no início da segunda
legenda.
Exemplo 3
Díaz Cintas e Remael (2009: 15) referem que este tipo de sinal de pontuação
pode ser utilizado em outros casos, tais como situações em que uma lista de itens esteja
incompleta, quando é necessário enfatizar a gagueira intencional de um personagem ou
quando um personagem acaba uma frase que foi iniciada por outro personagem.
Ponto de interrogação (?) e ponto de exclamação (!)
Como citado no “Curso de Tradução Audiovisual e Legendagem”, o uso do
ponto de interrogação deve ser feito quando existem frases interrogativas e o uso do
ponto de exclamação deve ser feito de acordo com as regras gramaticais em vigor, po-
dendo também ser utilizado após o ponto de interrogação de forma a exprimir increduli-
dade ou indignação.
So, if someone
knocks on your door...
...you let us in.
I'm gonna die, so...
there's nothing wrong
with me anymore.
27
Exemplo 4
Por outro lado, Díaz Cintas e Remael (2009: 109) explicam que o ponto de exclamação
dá a percepção ao espectador de que algo foi dito de modo mais alto ou intenso e pode
ainda ajudar a transmitir vários sentimentos como a raiva, surpresa e felicidade, entre
outros. Os autores indicam também que o uso do ponto de exclamação não deve ser
feito seguido de um ponto final, nem com espaçamentos entre o ponto de exclamação e
a frase.
Aspas (“”)
Ivarsson e Carroll (1998: 114) referem que as aspas são utilizadas
principalmente “to indicate quotations” e podem apresentar variações dependendo da
língua que está a ser usada (“” ou «»). Tanto os autores (1998: 114) como o cliente da
Wordzilla referem que o uso de aspas também se aplica às situações em que uma
personagem lê uma carta em voz alta.
Exemplo 5
Os autores explicam que este sinal de pontuação também pode ser utilizado
para alcunhas, jogos de palavras, um erro deliberado de tradução ou ainda para chamar a
atenção para algumas palavras. Por outro lado, um dos clientes da Wordzilla tinha como
preferência o uso de itálico para enfatizar palavras, erros, alcunhas e jogos de palavras.
A terceira condicionante é a condensação de texto, isto é, reduzir ou reformular
o texto de partida. Díaz Cintas e Remael (2009: 146) referem que é importante
condensar o texto por três motivos: o primeiro, porque os espectadores conseguem
absorver um diálogo mais rapidamente do que um texto escrito e, por isso, as legendas
devem ter o tempo suficiente para que o espectador registe e perceba o que está escrito
na parte inferior do ecrã; o segundo motivo, porque os espectadores também necessitam
You belong to me, right?!
He said, "Suck my nuts."
28
de ver a ação no ecrã e ouvir os sons então, deve ser-lhes dado o tempo suficiente para
que consigam ler, ver e ouvir, em simultâneo; por último, o texto deve ser condensado
porque as legendas apenas podem ter duas linhas.
De resto, os autores (2009: 146) afirmam que existem dois tipos de condensação
de texto: a parcial e a total. Atinge-se a redução parcial através da condensação e de
uma tradução mais concisa do texto de partida e a condensação total atinge-se ao omitir
ou eliminar itens lexicais.
Deste modo, é possível concluir que é inevitável eliminar ou omitir informação
na tradução e legendagem. Geralmente, a omissão de texto leva à reformulação, sendo
que, em alguns casos, é mais fácil para o tradutor reformular ao invés de eliminar a
informação por completo. Conforme enfatizam os autores (2009: 162), cabe ao tradutor
audiovisual distinguir o que é essencial manter para que a mensagem do texto original
seja preservada, eliminando a menor informação possível.
É a interação entre estas três condicionantes que permite tornar a leitura das
legendas mais fácil e descontraída para que o espectador não fique com a sensação de
que esteve apenas a ler.
Os restantes parâmetros, que não carecem de uma abordagem tão intensiva,
(como por exemplo os itálicos, as abreviaturas, a moeda e a unidade de medida, entre
outros), encontram-se nos anexos (Anexo 1) para uma mais fácil e rápida compreensão.
29
III – Análise do episódio
Neste capítulo, far-se-á primeiramente uma apresentação da série americana Os
Simpsons indicando a sua origem, o ano do seu início, o número de temporadas e episó-
dios transmitidos em televisão, entre outros. De seguida, será apresentada uma breve
sinopse do 5º episódio da 26ª temporada, “Opposites-A-Frack”, da série em questão e
por fim proceder-se-á à análise do episódio recorrendo ao uso de exemplos, debatendo-
se o registo da série, o humor - quer na tradução e legendagem, quer na série em questão
-, bem como os problemas de tradução encontrados pelo tradutor, em vários campos,
durante o processo de tradução.
Todos os exemplos doravante apresentados obedecem ao mesmo critério: a) é o
texto na língua de partida, b) é a minha proposta de tradução (em algumas situações b)
pode ser uma proposta de tradução provisória) e c) é a proposta de tradução com a qual
o episódio foi transmitido.
É também importante notar que alguns dos exemplos se inserem em vários quadros
de análise.
1. Apresentação da série Os Simpsons
Esta série americana de animação e comédia surgiu no ano 1989, sendo seus direto-
res executivos Matt Groening, Al Jean e James L. Brooks. É atualmente produzida pela
empresa Gracie Films em conjunto com a 20th Century Fox Television. Através do hu-
mor e sátira presentes em cada episódio, Os Simpsons ganharam, como é indicado no
website da Fox, 32 Emmy Awards, 34 Annie Awards, e ainda o prémio, People Choice
Awards de 2016. Nos Estados Unidos da América, está a ser transmitida a 29ª tempora-
da de Os Simpsons através do canal televisivo Fox, assim como em Portugal, que tam-
bém está a transmitir a mesma temporada pelo canal televisivo Fox Comedy.
A série Os Simpsons relata a vida de uma família norte-americana, cujo patriarca é
Homer Simpson2, um pai e marido dedicado que, ao mesmo tempo, é a perfeita sátira ao
2 Em https://simpsonswiki.com/wiki/Homer_Simpson a 15 de Março de 2018
30
estereótipo norte-americano, pois tem excesso de peso, é egoísta, preguiçoso e insensí-
vel.
Homer trabalha numa central nuclear onde é inspetor de segurança e onde passa a
maior parte do tempo a dormir e a comer donuts, aspetos que mais uma vez podem re-
meter para o estereótipo americano. Esta família de cinco elementos é também compos-
ta por Marge Simpson3, a mãe dedicada e doméstica a tempo inteiro. Esta personagem é
conhecida por ser o alicerce da família Simpson e por tentar incutir valores morais à
família.
Apesar de ser doméstica com orgulho, Marge, ao longo do desenvolvimento da sé-
rie, já teve diversas profissões temporárias, tais como polícia, ativista e até mesmo pas-
teleira numa pastelaria erótica.
Homer e Marge Simpson são pais de três crianças, sendo o mais velho Bart Sim-
pson4. Bart é o membro da família mais rebelde, tem pouco sucesso escolar e gosta de
pregar partidas. Esta faceta maliciosa pode ser considerada o resultado da frustração de
Bart pois os habitantes de Springfield (cidade onde se desenrola a ação) apenas o julgam
pelas suas más ações e não pelas boas.
Segue-se Lisa Simpson5, a filha do meio de Marge e Homer, que é uma aluna com
um bom aproveitamento escolar e que tem um QI acima da média. Lisa é uma persona-
gem que também incute alguns valores morais na família e é muito carismática, inde-
pendente e liberalista. A personagem é vegetariana por razões éticas e tem como religi-
ão o budismo.
Por último, apresenta-se o membro mais novo da família, Maggie Simpson6, que
sendo um bebé que ainda não fala, é uma personagem que aparece menos vezes em al-
guns episódios. Ainda assim esta personagem expressa-se através de gestos e tende a ter
uma relação mais próxima com a mãe.
No episódio “Opposites-A-Frack”, Marge tenta persuadir Homer a deixar ficar as
suas irmãs, Patty e Selma, em sua casa. No entanto, como Homer não concorda com a
sua presença, refere que apenas as deixa ficar se elas não fumarem. Assim, o patriarca
da família Simpson instala detetores de fumo por toda a casa, mas deixa a casa de banho
desprotegida.
3 Em https://simpsonswiki.com/wiki/Marge_Simpson a 16 de Março de 2018
4 Em https://simpsonswiki.com/wiki/Bart_Simpson a 25 de Março de 2018
5 Em https://simpsonswiki.com/wiki/Lisa_Simpson a 27 de Março de 2018
6 Em https://simpsonswiki.com/wiki/Maggie_Simpson a 29 de Março de 2018
31
Ao descobrirem esta falha, Patty e Selma vão fumar para a casa de banho e, ao
acenderem os cigarros, causam uma enorme explosão, pois a água pega fogo. Lisa, ao
ver a água canalizada pegar fogo, descobre que Mr. Burns, dono da central nuclear da
cidade, vem a realizar uma operação de fracturação hidráulica (fracking), em Springfi-
eld.
O fracking7 é um método para extrair gás natural de camadas subterrâneas de xisto.
Ao injetar líquido composto por alguns elementos químicos numa camada subterrânea
de xisto, a rocha parte e as suas fissuras libertam o gás natural que será mais tarde reco-
lhido na superfície, podendo causar vários danos ambientais8.
Ao aperceber-se, que Springfield está em risco, Lisa contacta Maxine Lombard, uma
congressista liberal, para que esta termine a operação de fracking. No entanto, a con-
gressista e Mr.Burns apaixonam-se, independentemente das diferenças que os separam.
Como é referido no guião que me foi entregue para realizar esta tarefa, o nome do
episódio “Opposites-A-Frack” é um trocadilho9 que faz alusão à paixão imprevista entre
Maxine Lombard e Mr.Burns, fazendo referência ao idiomatismo “Opposites Attract”,
(em português “os opostos atraem-se”), e, simultaneamente, fazendo também alusão ao
fracking ao juntar o termo “frack” à expressão idiomática.
Este episódio de Os Simpsons é um pouco mais realista que os restantes tendo em
conta o seu género de animação pois, como Perkins (2014) afirma, trata de assuntos
atuais, neste caso, o fracking. Perkins (2014), com o qual concordo, refere ainda que o
facto de Patty e Selma não conseguirem deixar de fumar, fez com que se descobrisse
que a água pegava fogo, e assim deixa transparecer alguma responsabilidade no episó-
dio.
7 Em http://www.asmaa-algarve.org/en/threats/fracking/proibido-em-paises-da-europa-portugal-quer-
usar-fraturamento-hidraulico-para-explorar-gas-de-xisto a 2 de Abril 2018
8 A ENMC autorizou a empresa Australis a fazer um furo de prospeção e exploração de gás natural em
Aljubarrota (e outras zonas do centro), em 2019. Se for utilizado o fracking“ [...] o furo de prospeção, de
3200 metros na vertical e entre 300 e 700 metros na horizontal, deverá ser realizado em dois a três meses
e envolver até 50 trabalhadores.” Em https://www.jornaldeleiria.pt/noticia/australianos-procuram-gas-em-
alcobaca-batalha-pombal-e-fatim-8417 a 9 deAgosto 2018
9 Dirk Delabastita refere-se ao trocadilho como “[...] the general name for the various textual phenomena
in which stuctural features of the languages used are exploited in order to bring about a communicatively
significant confrontation of two of more linguistic structures with more or less similar similar forms and
different meanings” e afirma que existem quatro estruturas que são a base dos trocadilhos (estrutura lexi-
cal, estrutura morfológica, estrutura fonética e grafológica e estrutura sintática). Delabastita (2014)
32
2. Análise
Na presente análise irei abordar o registo, quer num panorama mais genérico, quer
em relação à série visada, utilizando exemplos. Irei, outrossim, estudar o humor, quer na
tradução e legendagem quer na tradução, tendo em conta que a série pertence ao género
de animação e comédia, apresentando e exemplificando algumas abordagens teóricas e a
classificação de tipos de humor segundo Zabalbeasoca.
Posteriormente, irei fazer uma abordagem teórica sobre métodos e procedimentos
de tradução. Irei ainda mencionar os métodos e procedimentos que Vinay e Darbelnet
sugerem, bem como as estratégias de tradução propostas por Díaz Cintas e Remael,
exemplificando-os.
No último capítulo, “Outras dificuldades de tradução”, exemplifico as restantes di-
ficuldades e os desafios de tradução encontrados durante a tarefa de tradução e legenda-
gem.
2.1 Registo
Como referem Ivarsson e Carroll (1998: 157) no “Código de Boas Práticas na
Tradução e Legendagem”, para que a tradução e legendagem seja o mais próximo do
texto original possível o “[...] language register must be appropriate and correspond
with the spoken word.”
De seguida irei definir o conceito de registo e identificar o tipo de registo em uso
nesta série, recorrendo a exemplos.
We use the term register in the sense of a variety of language determined by topic,
subject matter or activity, such as the register of mathematics, the register of medi-
cine, or the register of pigeon fancying. In English, this is almost entirely a matter
of lexis, although some registers, notably the register of law, are known to have
special syntactic characteristics. (Trudgill, 1999: 121)
Díaz Cintas e Remael (2009: 189) referem que o conceito de registo é utilizado
para evidenciar uma linguagem produzida por uma situação social em particular e é
caraterizado pelos diferentes níveis de formalidade associados a essa situação.
33
Os autores (2009: 189) afirmam ainda que enquanto um registo técnico pode in-
dicar uma profissão, outros registos podem revelar a situação social de uma determinada
personagem. Assim sendo, o tradutor audiovisual deve respeitar os registos utilizados.
De modo a poder identificar qual o tipo de registo utilizado nesta série televisi-
va, irei recorrer ao quadro sistemático de Xavier (2009) composto por quatro tipos de
registos e que teve por base a análise de três dicionários.
Xavier (2009:107) afirma que o primeiro registo a considerar é o registo “padrão:
palavras que correspondem ao conhecimento comum da variedade padrão vista como
‘língua oficial, de cultura e de ensino (Ferreira, 1996: 483)’”.
De seguida, Xavier (2009: 108) refere que o segundo tipo de registo a considerar
é o registo informal, uma denominação dada a elementos que não se incluem nem no
registo padrão nem no registo tabu ou calão. A autora afirma que “este registo foi
subcategorizado em ‘coloquial’ e ‘popular’.” Para ela (2009: 108) e segundo o
dicionário Porto Editora10
, o calão é um “nível de língua de caráter expressivo,
humorístico, transgressor ou ofensivo, usado em situações informais de comunicação”.
Por fim, a autora define o registo tabu, tema central da sua dissertação de mestrado,
recorrendo a uma citação de Villar: “tabu: de acordo com Villar (2001: 2) ‘são as
palavras, locuções ou acepções tabu, consideradas chulas, grosseiras ou ofensivas
demais na maioria dos contextos; trata-se dos palavrões e afins,[...]’”. (Xavier, 2009:
108).
Na minha opinião, para obter um quadro mais completo e para poder realizar
uma análise justa do registo utilizado em Os Simpsons, devem ser também considerados
o registo técnico-científico, caraterizado pela Escola Virtual11
como “linguagem
caraterizada pelo uso de vocabulário específico de uma área técnica, do saber ou
ciência” e o registo cuidado, caraterizado também pela Escola Virtual como o registo
que “usa um vocabulário mais rico e uma sintaxe mais elaborada que a norma.”.
É possível constatar que nesta série predomina o registo informal, por se tratar
do retrato do dia-a-dia de uma família. Contudo, alguns dos episódios, (como é o caso
do presente), abrangem um leque mais amplo de registos, como o calão ou o técnico-
10 Em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/cal%C3%A3o a 4 de Maio de 2018
11Em Escola Virtual http://www.escolavirtual.pt/assets/conteudos/downloads/8por/8por160401.pdf a 4
de Maio de 2018 – utilizou-se esta fonte devido à simplicidade da explicação
34
científico, neste caso, relacionado com a área técnica da extração de combustíveis, o
fracking.
2.1.1 Exemplos
Exemplo 1 – Registo padrão
Exemplo 2 – Registo informal
Este exemplo surge quando Patty e Selma descobrem que Homer não colocou
detetores de fumo na casa de banho e Patty utiliza o coloquialismo12
“Let’s roll” para
convidar a sua irmã a ir fumar para a casa de banho. Numa primeira abordagem, traduzi
o coloquialismo por “Vamos lá”. Contudo, após uma nova observação e mantendo o
mesmo registo, a tradução mais próxima ao original seria “Bora lá” que de acordo com
o dicionário online Priberam13
, é uma redução do advérbio “embora” e é utilizado para
instigar a retirada ou saída.
12 1. característica do que é coloquial; informalismo; familiaridade “Coloquialismo” em Dicionário info-
pédia da Língua Portuguesa em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/coloquialismo a
07 de Setembro de 2018
13 "Bora" em Dicionário Priberam da Língua Portuguesa em https://www.priberam.pt/dlpo/bora a 07 de
Setembro de 2018
a) Let’s roll.
b) Vamos lá.
c) Bora lá.
a) Wait, wait. Turn on the faucet so no one'll get sus-
picious.
c) Espera, abre a torneira para ninguém desconfiar.
35
a) Screw this. We’ll just go outside.
Exemplo 3 – Registo calão
Do que se considera registo calão ou uma linguagem tabu, é importante
notar que a tradução deste tipo de linguagem é também feita de acordo com os
parâmetros fornecidos pelo cliente. Ou seja, dependendo do género do material
de tradução, o cliente dará algumas diretivas sobre como se devem traduzir cer-
tas palavras tabu ou de registo calão.
No exemplo seguinte, é possível verificar que o cliente da Wordzilla
permitia que se traduzissem alguns termos com o mesmo registo.
Para alcançar tal solução foi necessário questionar sobre este assunto à supervi-
sora de estágio que rapidamente me informou que existia uma certa liberdade em rela-
ção à tradução destes termos, porém sempre optando por um termo menos agressivo
pois o texto escrito pode ter um impacto mais forte que o texto verbal.
Assim, optei por traduzir ”Screw this” por “Que se lixe”. Por outro lado, tinha
considerado ainda outra opção de tradução, que seria “Não importa”, caso fosse neces-
sário omitir palavras do registo calão.
Exemplo 4 – Registo técnico-científico
Para que se pudesse chegar a um termo fidedigno para fracking, foram tidas em
consideração várias pesquisas em diversos websites sobre o assunto mas foi o Mestre
Pedro Brás, responsável por grande parte das traduções técnicas realizadas na empresa,
que afirmou que o termo mais correto a utilizar seria fracking e não fracturação hidráu-
lica.
c) Que se lixe. Vamos lá para fora.
b) Não importa. Vamos lá para fora.
b) Declaro encerrada a sua operação de fracking.
a) […] your fracking operation is hereby shut down.
36
Esta solução tornou-se bastante útil para a tradução e legendagem, visto que o
primeiro termo ia ocupar menos carateres do que o segundo, permitindo realizar uma
construção frásica mais agradável com menos esforço.
2.2 Humor
Sendo esta série televisiva de comédia, é fulcral procurar definir o conceito de
humor, quer na tradução, quer na tradução e legendagem. Segue-se uma análise da ma-
téria tendo em conta que alguns dos desafios encontrados durante a tradução e legenda-
gem do episódio advieram da problemática da intraduzibilidade do humor.
Como Vandaele (2010: 147) afirma, numa primeira observação, o humor parece
fácil de definir tendo em conta que se trata de algo que causa entretenimento e uma gar-
galhada ou um sorriso espontâneo.
No entanto, e como Díaz Cintas e Remael (2009: 212) referem, “[…]defining it is
such a tricky undertaking that definitions of humour and approaches to its study have
accumulated over time, and continue to do so”.
Jeroen Vandaele (2010: 147) afirma que para conceptualizar o humor, é necessá-
rio entender a sua relação com o riso, uma manifestação externa do humor no ser huma-
no, mas que não é uma manifestação que apenas se revela nos humanos.
Vandaele afirma que o riso “[…] relates to symbolically created and mediated
surprises, uncertainties and insights – to humor”. Por conseguinte, é possível afirmar
que a surpresa, o humor e a incerteza, em conjunto com outros fatores, causam o riso.
Por outro lado, Veiga (2006: 201) afirma que, no seu entender, o riso, apesar de
ser considerado o resultado da comunicação entre pelo menos dois interlocutores, pode
ser também “[...] fruto de uma criação ou reflexão momentânea, espontânea, puramente
individual e solitária. [...]”.
Desta feita, a autora (2006: 201) refere que existe de facto uma relação entre “[...]
o que é humorístico e o riso (Figura 1); porém, o primeiro não desencadeia necessaria-
mente o segundo, e vice-versa (Figura 2):”
37
Ilustração 4- Relação entre o riso e o que é humorístico, tendo em conta que um não resul-
ta do outro. Veiga (2006: 201)
Como Díaz Cintas e Remael (2009: 214) explicam, traduzir o humor na tradução e
legendagem requer não só criatividade e discernimento como também uma capacidade
de estabelecer prioridades, uma vez que o humor pode surgir a vários níveis, quer seja
ao nível de uma interação entre a imagem e as palavras, de um jogo de palavras ou até
mesmo de uma parte integral do enredo.
Assim, os autores sustentam (2009: 215) que é crucial identificar qual a medida de
envolvência do humor no filme ou série objeto da tradução. No entanto, identificar o
humor nem sempre é uma tarefa de fácil realização, quer seja pelo tradutor audiovisual,
quer seja pelo espectador.
Detecting humour is facilitated in some soaps and television comedies by
the use of so-called ‘canned laughter’; wich indicates the very place where humor
occurs. On the other hand, in films and other types of TV programms, the device is
never used, and it certainly does not offer any help in understanding what is going
on, in evaluating target context, or producing an equivalent in the target text. (Díaz
Cintas e Remael, 2009: 216)
Destarte, para que a identificação e tradução do humor seja mais descomplicada,
Zabalbeascoa (1996: 17) afirma que é útil categorizar os tipos de humor através da
maneira como estes podem ser traduzidos. Desta forma, o autor faz distinção entre seis
tipos de piadas/humor utilizados na dobragem para a televisão, mas que, segundo a
minha ótica, se aplicam às restantes práticas da tradução audiovisual.
Irei enumerar e clarificar cada tipo de humor recorrendo a exemplos extraídos do
episódio a analisar.
1 - Humor internacional ou bi-nacional (international or bi-national jokes):
Zabalbeascoa (1996: 17) refere que este tipo de humor não depende de uma
38
língua específica ou da familiarização com aspetos específicos da cultura de
origem. No entanto, o autor prefere a utilização do termo “bi-national jokes”
pois é mais seguro referirem-se a um par de línguas e culturas, tendo em conta
que, para algumas culturas, a transferência dos termos pode causar alguns
desafios. Díaz Cintas e Remael (2009: 217) indicam que este tipo de humor,
quer seja na sua forma internacional ou na forma “bi-nacional”, não deve causar
problemas durante a tradução e legendagem.
2 - Piadas que se referem a uma cultura nacional ou a uma instituição
(national-culture and institutions jokes): segundo o autor (1996: 18), neste tipo
de humor há a necessidade de adaptar as referências culturais, nacionais ou
institucionais à cultura de chegada, de modo a manter o efeito humorístico. Díaz
Cintas e Remael (2009: 217) afirmam que a tradução deste tipo de humor se
baseia no que os tradutores esperam que o seu público saiba, ou seja, se o
tradutor considerar que o público está familiarizado com o termo em questão,
este irá permanecer na legenda.14
3 - Sentido de humor nacional (national sense of humour joke): Patrick (1996: 18)
refere-se a este tipo de humor em que se utilizam “[…]certain joke-types and
joke-themes that are apparently more popular in some countries or communities
than in others and constitute a kind of tradition or intertextual frame of
understanding.” Díaz Cintas e Remael (2009: 221) referem-se a este tipo de
humor como “o humor que reflete o sentido de humor de uma comunidade”
pois, apesar de o humor poder ser inspirado numa conotação religiosa ou num
evento histórico, é muito mais vezes inspirado pelo preconceito ou até o
racismo, logo pode ser entendido por comunidades étnicas e não apenas pelas
nações.
14 Nord (2005: 105) refere-se a este conceito como pressuposição. É aquilo que o orador, neste caso o
tradutor audiovisual, pressupõe implicitamente que é do conhecimento do ouvinte, neste caso do especta-
dor.
39
4 - Humor que depende da língua (language-dependent jokes): o humor depende
de determinadas características de uma língua, tal como a polissemia, a
homofonia ou o zeugma.
5 - Humor complexo (complex jokes): o humor que faz uma combinação de dois
ou mais tipos de humor suprarreferidos, sendo que a combinação entre o humor
visual e o sentido de humor nacional pode ser uma das combinações que causam
mais problemas na tradução e legendagem.
6 - Humor visual (visual jokes): Díaz Cintas e Remael (2009: 227) referem que es-
te tipo de humor é unicamente transmitido através de informação visual. Pode
ser transmitido através da edição, das expressões dos atores ou outros.
Díaz Cintas (2003: 264), acrescentou uma categoria de humor à classificação
original, o 7 – humor fonético (aural jokes), o humor que provém de sons ou de
características linguísticas de um discurso, como por exemplo o humor proveniente de
sotaques ou da entoação utilizada, tal como mencionado em Díaz Cintas e Remael
(2009: 227). Os autores (2009: 227) defendem que “Aural jokes are here considered to
be similar to visual jokes in that they do not require translation because they do not rely
on sounds that are linguistically meaningful, but rather in noises that ‘speak for
themselves’”.
A categorização dos diferentes tipos de humor/piadas facilita a tarefa do tradutor
audiovisual de entender e interpretar o que é humorístico no texto de partida, o que Díaz
Cintas e Remael (2009: 214) consideram ser a primeira etapa para traduzir algo de cariz
humorístico. Os autores consideram que avaliar “[…] how the target viewer will see and
interpret a particular instance is the next; rephrasing the humor is the final outcome”
(Díaz Cintas e Remael, 2009: 214).
Por outras palavras, os autores defendem que a tradução do humor deve ser feita
seguindo dois passos: o primeiro é interpretar e entender o que é humorístico na LP, o
segundo é fazer uma avaliação sobre a percepção do público-alvo de um caso particular.
O resultado final da junção destes dois passos é a tradução do humor que será
reescrito ou adaptado.
40
Seguem-se os exemplos da classificação de Zabalbeascoa. Contudo, é importan-
te notar que na extensão do episódio não foram encontrados exemplos para o 7 – humor
fonético (aural jokes) nem para o 4 – humor que depende da língua.
2.2.1 Exemplos
Exemplo 1 – Humor internacional ou bi-nacional
Neste exemplo, podemos ver Homer no escritório, diante de uma caixa de
donuts onde se vê um oráculo “Take one”, “Leve um”, para que cada empregado
levasse apenas um. No entanto, Homer junta todos os donuts da caixa criando um donut
gigante e, ao mesmo tempo, produzindo uma situação humorística que não depende da
familiarização com aspetos específicos da cultura de origem.
Exemplo 2 - Piadas que se referem a uma cultura nacional ou a uma
instituição
Depois de Maxine Lombard ter encerrado a operação de fracking de Mr.Burns,
este segue-a até ao seu escritório onde passam a noite juntos e, no dia seguinte, aperce-
bem-se de que estão apaixonados. Mr. Burns refere que este tinha sido o melhor encon-
tro que já tinha tido, incluindo o encontro com Nellie Taft, a primeira-dama dos Estados
Unidos de 1909 a 1913.
Como referido anteriormente, surge aqui o tipo de humor que Zabalbeascoa de-
fine como humor que se refere a uma cultura nacional ou instituição, referindo-se, neste
Ilustração 5- Legenda 173 - Humor Internacional
41
caso, à cultura norte-americana. Mr. Burns menciona que teve um encontro com Nellie
Taft, o que faz com que o espectador imagine que Mr. Burns é tão velho que teve um
encontro com uma primeira-dama do início do século passado, criando uma situação
humorística.
Enquanto tradutora audiovisual, o meu primeiro instinto foi recorrer à adaptação,
proposta por Vinay e Darbelnet, pois ao traduzir este tipo de humor devemos ter em
conta o que o público sabe. Tendo em conta que na cultura portuguesa os presidentes e
primeiras-damas dos Estados Unidos da América não são suficientemente conhecidos
pelo público em geral, optei pela proposta “E já incluindo a Maria Barroso”, proposta
esta que tinha um sentido de humor semelhante. Contudo, após apresentar a minha
proposta à supervisora, esta indicou-me que geralmente não faziam adaptações nestes
casos e assim a proposta que prevaleceu foi “E já incluindo a Nellie Taft”.
No entanto, após uma pesquisa não condicionada pelo tempo e caso fosse
necessário adaptar, optaria pela proposta “E já incluindo a Lucrécia de Arriaga”. Esta
proposta transmite a mesma mensagem já que Lucrécia de Arriaga15
foi primeira-dama
em Portugal de 1911 a 1915.
Exemplo 3 – Sentido de humor nacional
Patty e Selma tentam fumar na rua antes de descobrirem que não existem deteto-
res de fumo na casa de banho. Contudo, este plano não lhes corre de feição pois está a
chover torrencialmente. Homer, ao ver as suas cunhadas, provoca-as, dizendo-lhes que a
única previsão meteorológica era de precipitação. No entanto, fá-lo de forma insultuosa,
pois refere-se às cunhadas como bears. De acordo com o Urban Dictionary16
, esta é uma
forma pejorativa de apelidar homens homossexuais que têm excesso de peso e bastantes
pelos corporais.
15
Em https://pt.wikipedia.org/wiki/Lucr%C3%A9cia_de_Arriaga a 7/09/2018
16 Em https://www.urbandictionary.com/define.php?term=bear a 10 de Maio de 2018
b) E já incluindo a Maria Barroso.
c) E já incluindo a Nellie Taft.
a) And that includes... Nellie Taft.
42
c) Más notícias.
b) Más notícias, felpudas.
Como não existia um termo na LC que tivesse o exato significado do termo na
LP, recorri à ajuda da minha supervisora para chegar a um termo que fosse semelhante.
Assim, chegámos à solução b) “Más notícias, felpudas.”. Esta solução não tinha a cono-
tação sexual pretendida, mas mostrava ao espectador a abundância de pelos de Patty e
Selma. No entanto, o episódio foi transmitido com a proposta c) ”Más notícias.”.
Esta legenda é, na língua de partida, um exemplo de humor inspirado pelo pre-
conceito. O público tem a perceção de que Homer insinua que Patty e Selma se asseme-
lham a homens e que são homossexuais, até porque, depois de Homer o referir, pode-
mos ver as duas irmãs a subir as escadas enquanto mostram os seus fartos pelos corpo-
rais.
Na minha opinião, transmitir o episódio com a proposta c) foi uma decisão sen-
sata, pois, a proposta b), a que cheguei com a ajuda da minha supervisora, não tinha o
mesmo significado nem o mesmo cariz sexual. Ao utilizar apenas o termo “felpudas” a
legenda poderia ter uma conotação ainda mais ofensiva que a conotação do texto de
partida.
Contudo, subsistiu o cariz humorístico, pois apesar de os espectadores não terem
a perceção de que Homer chamou homossexuais e peludas a Patty e Selma, como já foi
referido, logo depois de este o proferir, podemos ver as duas irmãs a subir as escadas
enquanto mostram os seus fartos pelos corporais, criando uma situação de humor visual,
de acordo com Zabalbeascoa (1996: 20). Ou seja, esta legenda enquadra-se em dois
tipos de humor.
Exemplo 5 – Humor complexo
Nesta altura do episódio, Marge tenta convencer Homer a deixar que as suas ir-
mãs, Patty e Selma, fiquem em sua casa por um pequeno período de tempo. No entanto,
a) Bad news, bears.
43
Homer, como não as deseja em sua casa, alerta Marge para o facto de Patty e Selma
fumarem dentro de casa. De acordo com Díaz Cintas e Remael (2009: 215) e como já
foi referido, o humor pode ser o resultado entre a interação de palavras e imagens, algo
que acontece nesta situação.
Logo após Patty dizer que não necessitam de fumar “We can stop whenever we
want. See?” em português “Podemos parar quando quisermos. Vês?”, elas apagam os
cigarros e instantaneamente aparece um cigarro nas suas bocas, deixando Patty e Selma
sem reação e criando uma situação humorística.
Ilustração 6- Legenda 30
Exemplo 6 – Humor visual
Ilustração 7- Ilustração de exemplo – Humor Visual
44
Nesta ilustração podemos ver o exemplo do humor visual. Após Mr. Burns, que é
conhecido por ser insensível, terminar a sua relação com Maxine Lombard vemos o seu
coração a tornar-se pedra novamente.
2.3 Métodos de tradução
Neste capítulo, será primeiramente dada uma definição de estratégia e de pro-
cedimento, bem como uma breve abordagem teórica. Seguidamente, será apresentada a
classificação de métodos/procedimentos de tradução descritos por Jean Paul Vinay e
Jean Darbelnet. Posteriormente, será apresentada a classificação de estratégias de tradu-
ção proposta por Díaz Cintas e Remael, estratégias mais recentes. Por fim, será feita
uma classificação pessoal de estratégias, contendo as que considero que melhor se ade-
quam à tradução e legendagem, exemplificando-as.
Munday (2016: 22-24), que faz primeiramente referência ao mapa de van Do-
orslaer, estudioso em relação a estratégias e procedimentos, afirma que “[...] uma estra-
tégia é a orientação global de um tradutor [...] ao passo que um procedimento é uma
técnica ou método usado pelo tradutor num determinado momento do texto”, isto é, um
procedimento pode ser considerado uma técnica que o tradutor pode usar de maneira a
obter um texto de chegada com a mesma mensagem do texto de partida.
Ademais, Munday (2016: 15) refere que “the more systematic, linguistic-oriented,
approach to the study of translation began to emerge in the 1950s and 1960s.” Isto por-
que, como também é referido pelo autor, as “Foundations of a General Theory of Trans-
lation” de Andrei Fedorov influenciaram Vinay e Darbelnet a criar a “Stylistique com-
parée du français et de l’anglais”, em 1958, um estudo que compara formas da língua
francesa e da língua inglesa e através do qual foram introduzidos novos conceitos que
descrevem a tradução e que, por sua vez, influenciou outros trabalhos de pesquisa nesta
área.
Within translation studies, numerous scholars have divised different classifications
of the strategies on offer, labelling and re-labelling them in an attempt to achieve a
comprehensive story. Still, all existing classifications have minor deficiencies, since
categories are always bound to overlap to some extent. (Díaz Cintas & Remael,
2009: 201)
45
Por outras palavras, vários estudiosos criaram diferentes classificações ou adap-
taram-nas à sua perspetiva sendo que, de acordo com Gambier (2010: 413), a maioria
das classificações têm 5 a 7 procedimentos e têm como base outras classificações, o que
fez com que as várias classificações se sobrepusessem, em alguns níveis.
Como referido por Schäffner (2009: 117) foi proposta por Vermeer, em 1978,
uma nova teoria dos estudos da tradução, a Skopostheorie. Segundo a autora (2009:
117), esta teoria implica que a tradução não seja vista como “[...] a process of transco-
ding [...]”, mas como uma ação humana que é determinada pela sua finalidade, sendo
que a palavra skopos, derivada do grego, é o termo técnico para finalidade, objetivo,
propósito de uma tradução.
Schäffner (2009: 117) cita “Vermeer (1978: 100) postulates that, as a general
rule, it must be the intended purpose of the target text that determines translation meth-
ods and strategies.” Ou seja, é a finalidade ou o propósito da tradução que dita os méto-
dos e estratégias de tradução a utilizar.
Gambier (2010: 413-414) aborda quatro classificações diferentes por ordem cro-
nológica. A primeira, de Vinay e Darbelnet, (1958), o autor considera ser um bom
exemplo dos procedimentos de tradução. Vinay e Darbelnet dividem a classificação em
“tradução direta”, (com três tipos de procedimentos) e “tradução oblíqua”, (com sete
tipos de procedimentos). Segundo o autor Gambier (2010: 413) “These procedures op-
erate on three linguistic levels (lexical, morphosyntactic and semantic).”
De seguida, Gambier apresenta-nos a classificação de Nida, (1964). Nida, de
acordo com Gambier, usa o termo “[...] techniques of adjustment” to refer to processes
whose aim is ‘to produce correct equivalents’”. As cinco técnicas de Nida auxiliam a
adequar a mensagem do texto de partida aos requisitos estruturais da LC, produzindo
estruturas semânticas equivalentes e apropriados estilisticamente.
Seguidamente, Gambier menciona a classificação de Newmark, (1988), que
também nos fala de (quinze) procedimentos, aplicados a frases e às menores unidades
da linguagem mas distingue-os dos (oito) métodos baseados no texto.
Por último, Gambier (2010: 414) afirma que para Chesterman as estratégias são
ferramentas e tipos de processos para realizar uma boa tradução, estando relacionadas
com “how the translator manipulates the linguistic material in order to produce an
appropriate TT” (Chesterman: 1997: 92) citado em Gambier (2010: 414). Yves Gambier
salienta também que Chesterman faz duas distinções importantes, entre estratégias glo-
46
bais e locais e entre estratégias de produção e de compreensão, fazendo também refe-
rência ao facto de Chesterman não se prolongar muito sobre este tópico.
Além destas classificações, Gambier em Stratégies et tactiques en traduction et
interpretation, aborda as classificações de Catford, (1965), de Malone, (1986) e de Van
Leuven-Zwart, (1989), representadas na imagem seguinte:
Pelo exposto, é possível verificar que existem numerosas classificações de estra-
tégias e procedimentos de tradução, sendo que a finalidade ou o propósito dita as estra-
tégias ou procedimentos a serem aplicados.
Passarei a expor duas classificações de estratégias e procedimentos: a classifica-
ção de Vinay e Darbelnet e a classificação fundamentada por Díaz Cintas e Santamaria
Guinot.
Optei pelas estratégias e procedimentos de Vinay e Darbelnet pois, no meu en-
tender, apesar de não serem recentes, são a base das classificações das estratégias estu-
dadas até ao presente. Além do mais, o facto de serem apresentadas irá possibilitar uma
comparação entre as estratégias e procedimentos de Vinay e Darbelnet e a classificação
Ilustração 8 – Classificações de Catford, Malone e Van Leuven-
Zwart em Gambier (2009: 68)
47
sugerida em Díaz Cintas e Remael (2009: 200-207), que tem por base as classificações
de Díaz Cintas e de Santamaria Guinot.
2.3.1 Classificação de Vinay e Darbelnet
Vinay e Darbelnet sugerem duas estratégias de tradução, sendo elas a tradução
direta ou literal e a tradução oblíqua (direct and oblique translation). Estas duas estraté-
gias desmembram-se em sete procedimentos, sendo estes o 1) empréstimo (borrowing),
o 2) decalque (calque), a 3) tradução literal (literal translation), a 4) transposição
(transposition), a 5) modulação (modulation), a 6) equivalência (equivalence) e a 7)
adaptação (adaptation).
1. Empréstimo – consiste em transferir diretamente o termo da língua de partida
(LP) para a língua de chegada (LC). Os autores afirmam que este procedimento
deve ser utilizado quando não existir um significante na LC que tenha o mesmo
significado que o significante empregado no texto de partida.
2. Decalque – é caraterizado por ser um “special kind of borrowing” (Vinay e
Darbelnet 1995: 32). Através deste procedimento, a expressão ou a estrutura do
sintagma da LP podem transferir-se para a LC, ao passo que no empréstimo
apenas uma palavra é transferida para a LC.
3. Tradução literal – “[...] the direct transfer of a SL text into a grammatically and
idiomatically appropriate TL text […]” (1995: 31-32).
4. Transposição – envolve “[...]replacing one word class with another[...]”. Ou
seja, ao utilizar este procedimento, o tradutor audiovisual pode necessitar, por
exemplo, de traduzir um adjetivo da LP por um substantivo na LC, de modo a
manter a mesma mensagem.
48
5. Modulação – Vinay & Darbelnet (1995: 36) justificam que, por vezes, uma
tradução literal pode causar estranheza na LC, algo que tem como solução a
mudança do ponto de vista da frase.
6. Equivalência – é um procedimento utilizado quando nenhum dos restantes
procedimentos se adequa à tradução e é geralmente associado à tradução de
onomatopeias, idiomatismos e provérbios.
7. Adaptação – Os autores referem que este procedimento é utilizado “[...] in those
cases where the type of situation being referred to by the SL message is un-
known in the TL culture.” Assim, o tradutor audiovisual necessita de encontrar
uma situação análoga na língua de chegada, de modo a manter a mesma mensa-
gem. É um procedimento frequente na tradução de títulos de filmes ou livros.
2.3.2 Classificação de Díaz Cintas e Remael
Díaz Cintas e Remael propõem nove procedimentos de tradução, que têm por
base os trabalhos de Díaz Cintas e de Santamaria Guinot, ambos estudiosos da tradução
audiovisual. As estratégias são: 1) Empréstimo (Loan), 2) Decalque ou Tradução literal
(Calque), 3) Explicitação (Explicitation), 4) Substituição (Substitution), 5) Transposição
(Transposition), 6) Recriação lexical (Lexical Recreation), 7) Compensação (Compen-
sation), 8) Omissão (Omission) e 9) Adição (Addition).
1. Empréstimo – Semelhante à definição da estratégia “Empréstimo” de Vinay
e Darbelnet, esta estratégia consiste em manter o termo a traduzir da LP na
LC, pois não há uma tradução possível e as línguas usam a mesma palavra
para o mesmo efeito.
2. Decalque ou tradução literal – Os autores referem que um decalque é uma
tradução literal.
3. Explicitação – Através desta estratégia, o tradutor procura tornar o texto de
partida mais acessível ao público-alvo, através da explicitação, usando um
49
hipónimo ou um hiperónimo. Os autores (2009: 203) ainda referem que na
tradução e legendagem é bastante comum o uso de hiperónimos.
4. Substituição – a substituição é uma variante da explicitação. Os tradutores
recorrem a esta estratégia, também bastante comum na tradução e legenda-
gem, quando as restrições espaciais não permitem a inserção de um termo
mais longo.
5. Transposição – No caso da transposição, de acordo com Díaz Cintas e Re-
mael, “[...] a cultural concept from one culture is replaced by a cultural con-
cept from another.” Os tradutores recorrem a esta estratégia quando pressu-
põem que o público-alvo não irá perceber a referência do TP e não existe es-
paço para explicação. Na minha ótica, esta estratégia é semelhante à estraté-
gia proposta por Vinay e Darbelnet “Adaptação”.
6. Recriação lexical – É também apelidada pelos autores (2009: 206) de inven-
ção de um neologismo. Usa-se quando é necessário criar um neologismo na
LC ou quando no TP existe uma palavra inventada.
7. Compensação – É, de acordo com os autores (2009: 206), uma estratégia
popular na tradução e legendagem e é considerada por estes uma grande aju-
da na tradução do humor. Consiste em compensar uma perda causada pela
tradução. Contudo, os autores referem que nem sempre é possível recorrer a
esta estratégia devido à coabitação oral e visual das línguas de partida e de
chegada.
8. Omissão – Esta estratégia é por vezes inevitável, graças às restrições espá-
cio-temporais ou porque não existe um termo equivalente na língua de che-
gada.
9. Adição – Como Díaz Cintas e Remael referem (2009: 207) esta estratégia é
utilizada “[...] especially in passages containing cultural references that are
expected to cause comprehension problems but are essential for a good un-
50
derstanding of the programm.”, e consiste em adicionar informação, como
uma forma de explicação.
No meu entender, as estratégias de tradução que melhor se aplicam na tradução e
legendagem são o decalque, a equivalência e a adaptação, propostas por Vinay e Dar-
belnet, e as estratégias de tradução propostas por Díaz Cintas e Remael, baseada nas
propostas de Díaz Cintas e Santamaria Guinot. Deste modo, recorrendo a exemplos do
episódio irei ilustrar as estratégias que penso serem as mais adequadas à finalidade do
texto de partida, a tradução e legendagem.
É importante notar que não foram encontrados exemplos da estratégia 7. Com-
pensação e que as estratégias “Adaptação ” de Vinay e Darbelnet e a estratégia proposta
por Díaz Cintas e Remael “ Transposição” são idênticas, pelo que apenas serão exempli-
ficadas uma vez.
2.3.3 Exemplos
Classificação de Vinay e Darbelnet
Exemplo 2- Decalque
Neste exemplo, podemos observar uma ocorrência de decalque. Como referido,
através deste procedimento, a expressão ou a estrutura do sintagma da LP podem trans-
ferir-se para a LC. Na língua portuguesa, o determinante possessivo é empregue depois
do nome, isto é, a tradução literal para este termo seria “caverna do Batman”. No entan-
to, o termo da LP sofreu um decalque, chegando-se ao termo Batcaverna.
Exemplo 6 – Equivalência
a) You can't invite a couple of Riddlers to stay in the Batcave!
c) Não podes convidar uns Riddlers para a Batcaverna.
a) [...] for sticking their noses [...]
c) [...]por meterem o nariz [...]
51
O idiomatismo stick the nose in something foi traduzido para o idioma-
tismo “meter o nariz onde não é chamado”.
Classificação proposta por Díaz Cintas e Remael
Exemplo 1 – Empréstimo
O termo nacho (nachos pl.) é um empréstimo do Espanhol para Inglês e
para a língua portuguesa, isto é, consta da língua portuguesa.
Exemplo 2 – Decalque ou tradução literal
Exemplo 3 – Explicitação
c) Pornografia e nachos.
a) Pornography and nachos.
b) Lembraste-te de desligar o parque aquático, Henry?
a) Henry, did you remember to turn off the Slip 'N Slide?
c) Lembraste-te de desligar o escorrega de água, Henry?
a) I don’t know. The water caught on fire
c) Não sei. A água pegou fogo.
52
Neste exemplo podemos ver uma discordância entre a minha proposta e a
proposta com que o episódio foi emitido. No entanto, a proposta c) é a mais
indicada pois contém um hiperónimo que abrange o termo Slip’N Slide, um es-
correga de água, e os restantes escorregas de água.
Exemplo 4 – Substituição
Neste exemplo de substituição, o termo succubus17
, uma lenda de um
demónio feminino que atraía os homens para os torturar, foi substituído pelo
termo diaba, que é explicativo e tem menos carateres.
Exemplo 5 – Transposição
É exemplo da transposição, a proposta b) do exemplo referido neste capí-
tulo:
Ao substituir o nome Nellie Taft por Maria Barroso, iria adaptar o termo
à cultura de chegada, mantendo-se uma mensagem semelhante.
17 Em https://mythology.net/demons/succubus/ a 6/09/2018
a) Likewise, you planet-saving succubus!
c) Igualmente, sua diaba salvadora de planetas
b) E já incluindo a Maria Barroso.
c) E já incluindo a Nellie Taft.
b) And that includes... Nellie Taft.
53
Exemplo 6 – Recriação lexical
Quando Homer ouve os queixumes de Mr. Burns sobre ter terminado a
relação com Maxine Lombard, vários bulldozers invadem a sala de estar da
mansão de Mr.Burns. Homer, ao vê-los na sua direção, apelida-os de killdozers,
um neologismo talvez inspirado pelo desacato18
entre o estado do Colorado, nos
EUA, e Marvin Heemeyer, que modificou um bulldozer, apelidado de killdozer,
e tentou destruir a casa do mayor do Colorado.
Assim, o uso de um neologismo na LP obrigou à criação de um neolo-
gismo na LC, combinando-se o verbo matar com o substantivo bulldozer.
Exemplo 7 – Omissão
Neste exemplo da estratégia “Omissão”, o termo little foi omitido devido
às restrições temporais.
Exemplo 8 – Adição
Neste exemplo de “Adição”, é possível notar que o determinante posses-
sivo “sua” adiciona informação e é explicativo. A tradução literal poderia ter
18 Em https://allthatsinteresting.com/marvin-heemeyer-killdozer a 6/09/2018
a) Killdozers
c) Matadozers
a) Oh, Monty, you're such a sexy little Nosferatu.
c) Monty, és um Nosferatu tão sexy.
a) Mr. Simpson, rebuttal?
c) Mr. Simpson,a sua refutação?
54
sido usada neste caso “ Refutação, Mr. Simpson?”. Contudo, apesar de ser pos-
sível compreender a mensagem, causava alguma estranheza.
2.4. Outras dificuldades de tradução
Neste subcapítulo, encontram-se outras dificuldades de tradução como, por
exemplo, legendas em que um termo tenha requerido alguma pesquisa ou a não-
tradução de alguns oráculos.
Estas dificuldades serão exemplificadas, seguindo o código anterior, em que a) é
o texto na LP, b) a proposta de tradução e c) é a proposta final com que o episódio foi
emitido.
2.4.1 Exemplos
Exemplo 1- Oráculo 1
Ivarsson e Carroll (1998: 157) referem, no “Code of Good Subtitling Practice ”,
que “all important written information in the images (signs, notices, etc.) should be
translated wherever possible.”
Durante o episódio, maioritariamente no início, é possível ver uma grande quan-
tidade de oráculos que não puderam ser traduzidos pois surgiam no ecrã aquando das
legendas das falas ou o número de carateres era demasiado grande para o tempo possí-
vel do seu aparecimento no ecrã, o que ia criar um tempo de leitura superior ao deseja-
do.
É possível notar de forma mais explícita a perda de informação durante a tradu-
ção e legendagem, tendo em conta que muitos dos oráculos contêm algum tipo de hu-
mor ou informação.
a) Generic Pride Ravioli
b) RAVIOLIS GENÉRICOS
55
Neste exemplo, Homer tenta convencer Luigi, dono de um restaurante de comida
italiana, que os novos trabalhadores irão gastar os seus rendimentos em comida italiana
autêntica. Contudo, é possível ver Luigi a abrir uma lata de comida onde se lê “Generic
Pride Ravioli”. Como o oráculo aparecia, aquando de uma legenda, não foi possível
traduzi-lo mas a minha proposta de tradução é a que vemos acima em b).
Este oráculo cria mais uma situação humorística pois, caso pudesse ser traduzi-
do, o espectador iria aperceber-se que neste restaurante não é servida comida italiana
autêntica, mas sim comida italiana enlatada e todos os clientes estão a ser enganados.
Ilustração 9- Óráculo 1
Exemplo 2 – Oráculo 2
Este exemplo demonstra outro oráculo que não pôde ser traduzido pois surgia no
ecrã, tal como no exemplo anterior, aquando da legenda de uma fala. Por outro lado,
este segundo exemplo não demonstra de forma tão enfática a perda de informação pois,
nesta situação, um homem está a fazer chegar a Maxine Lombard a queixa de Lisa, algo
que o espectador já pressupõe que irá acontecer já que, pouco antes, Lisa refere que
conhece alguém que pode ajudar a parar a operação de fracking.
b) Lisa Simpson Complaint File
a) QUEIXA DE LISA SIMPSON
56
Exemplo 3 – Títulos de séries ou de filmes
Um dos parâmetros do cliente da empresa de acolhimento é o de apenas traduzir
os títulos, salvo indicação do cliente. Se o título for igual em português, não se deve
inserir nas legendas. Neste caso, no início do episódio surge um oráculo com o título da
série e o procedimento a seguir, de acordo com os parâmetros, era traduzir o título da
série para a LC.
No meu entender, os títulos deveriam ser traduzidos pois, em alguns casos, a
não-tradução do título faz com que se perca alguma informação, visto que alguns nomes
de séries ou filmes são bastante elucidativos.
Por exemplo, o título da série americana “How I Met Your Mother” é traduzido
para “Foi Assim Que Aconteceu”. O título dá a entender ao espectador que através desta
série se dá a conhecer uma história ou um relato de acontecimentos.
No caso da série em análise, o título The Simpsons foi traduzido por OS SIM-
PSONS, um título que não adiciona qualquer informação nova.
Como se tratava de um oráculo, e cumprindo os parâmetros, todas as letras de-
viam estar em maiúsculas.
Exemplo 4 – Termo spat
Ilustração 10- Oráculo 2
a) [...] spat – snapping [...]
b) [...] que partiu polainas [...]
c) [...] que desabotoou polainas [...]
57
Ocorreu uma dificuldade na tradução quando fui confrontada com o termo spat.
Este termo aparece depois de Mr. Burns e Maxine dormirem juntos e considera-
rem que este acontecimento foi um erro, de acordo com as suas palavras: “[...] impulsi-
ve, reckless, knee – buckling, spat- snapping, spanx- shredding [...] ”.
A dificuldade surgiu quando, depois de pesquisar uma tradução em corpora e
dicionários, não encontrei qualquer termo com o mesmo significado na língua de che-
gada.
Em muitos dos dicionários, o termo spat surgia como o particípio passado do
verbo spit, no entanto, através do contexto entendi que não poderia ter esse significado.
O próximo passo foi pesquisar o termo no motor de busca, o que me levou até
imagens e à definição “a piece of cloth or leather covering the ankle and part of the shoe
and fastening on the side, worn in the past by men” 19
.
Tendo conhecimentos vagos em equitação sabia que neste desporto se utilizava
um equipamento que tinha um uso semelhante. Perguntando a um entendido da área
cheguei ao termo “polainas”. Ao voltar a pesquisar no motor de busca, obtive a confir-
mação de que se tratava do mesmo termo e que numa época mais antigas as polainas
tinham botões e eram utilizadas para proteger o calçado, chegando assim à tradução
final c).
Exemplo 5 – Cumprimento dos parâmetros
A próxima proposta de tradução demonstra a dificuldade com que o tradutor au-
diovisual lida, por vezes, ao ter de cumprir os parâmetros fornecidos pelo cliente.
Mostra também a criatividade e seleção de informação que o tradutor audiovi-
sual necessita de ter para fazer chegar a mesma mensagem ao espectador. Neste caso,
após Homer ser promovido a diretor de marketing de inovação energética tem de persu-
adir os habitantes de Springfield a venderem os seus direitos de prospeção a Mr. Burns.
Homer consegue atingir o seu objetivo ao fazer acreditar aos donos dos negócios locais
que a operação de fracking vai gerar novos postos de trabalho e que os novos trabalha-
19 Em “spat” em https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/spat a 22 de Dezembro de 2017
58
dores irão gastar os seus rendimentos em produtos dos negócios locais, neste caso, na
loja de banda desenhada.
Para esta legenda, a primeira decisão a tomar foi traduzir “Expensive toys for
grown-ups” por “Brinquedos que os adultos compram,” pois ao fazer uma tradução lite-
ral “Brinquedos para adultos”, o texto na LC podia ter uma conotação sexual.
Optando pela proposta de tradução c), que já completava os 36 carateres, foi ne-
cessário retirar alguma informação de modo a poder reunir toda a mensagem numa só
legenda, pois não iria existir a possibilidade de criar outra legenda, tendo em conta que
a fala seguinte era bastante próxima.
Como já foi referido, a tradução e legendagem obriga por vezes à eliminação de
algum conteúdo, através de um processo de seleção de informação, de modo a que se
possam cumprir todos os parâmetros. Assim, foi retirada a informação de que os brin-
quedos são caros e que os adultos não os abrem. No entanto, e no meu entender, mante-
ve-se o significado da mensagem pois, ao referir que se os adultos não utilizam estes
brinquedos, significa que também não os abrem.
Exemplo 6 – Termo mineral rights
Sendo este um episódio com um registo técnico-científico sobre a fraturação hi-
dráulica, foi necessário realizar bastante pesquisa sobre o termo em questão. Para além
de outros termos relacionados com o fracking, que deixaram algumas dúvidas, como
por exemplo a tradução de drilling operation por “operação de perfuração”, o termo
mineral rights requereu também bastante pesquisa.
a) Expensive toys for grown-ups they don't open or play with.
b) Brinquedos para adultos, que não são utilizados.
c) Brinquedos que os adultos compram, mas nem brincam com eles.
59
Neste exemplo, a) é um trecho do texto na LP, b) é a minha proposta de tradução
para o trecho e c) é a proposta de tradução que foi exibida aquando do episódio. Porém,
discordo da proposta de tradução que foi exibida “[...] direitos minerais[...]” pois, apesar
de ser difícil chegar a uma tradução fidedigna apenas através de pesquisa na internet, é
possível constatar que este termo se utiliza com mais frequência no português brasileiro.
No entanto, também não concordo com a minha proposta de tradução.
Tendo em conta que este projeto apenas durou quinze (15) horas, o tempo para
pesquisa foi limitado. Depois de finalizar este projeto e através de uma pesquisa mais
intensiva, cheguei ao termo “direito de prospeção”. A meu ver, é um termo adequado,
pois enquadra-se em todos os tipos de prospeção, quer seja o fracking ou a extração de
petróleo, e é um termo comummente utilizado no português europeu.
Apesar de discordar da proposta de tradução que foi exibida “[…] direitos mine-
rais [..]”, também não concordo com a minha própria proposta pois constatei que o ter-
mo (direitos minerais) se utiliza com mais frequência no português brasileiro. Assim é
de relevar a dificuldade de chegar a uma tradução fidedigna apenas através de pesquisa
na internet.
Uma vez que este projeto durou apenas quinze horas, o tempo para pesquisa foi,
assim, limitado. Após finalizar este projeto e através de uma pesquisa mais específica,
encontrei o termo “direito de prospeção”. A meu ver, é o termo adequado por se enqua-
drar em todos os tipos de prospeção, seja ele o fracking ou a extração de petróleo, sendo
um termo comummente utilizado no português europeu.
a) […] i have to buy mineral rights […]
b) […] tenho de comprar os direitos mineiros […]
c) [...] tenho de comprar os direitos minerais [...]
60
Exemplo 7 – Termo stroke e termo homework
Tendo em conta que não obtive feedback da revisão da tarefa de
tradução, deparei-me com alguns termos traduzidos indevidamente quando as-
sisti à emissão do episódio.
Um dos termos indevidamente traduzidos foi o termo stroke. Apesar de ter feito
uma pesquisa sobre o termo, no compêndio onde o fiz a palavra que teria o mesmo sig-
nificado seria “derrame”. No entanto, depois de visualizar o episódio, fiz uma nova pes-
quisa e concluí que o termo mais utilizado para traduzir stroke será AVC.
A substituição do termo stroke pelo termo AVC teria sido mais vantajosa tendo
em conta que continha menos carateres que o termo derrame, podendo facilitar a tarefa.
Em relação ao termo homework, este foi substituído corretamente por “trabalhos
de casa”. No entanto, não recorri ao uso do acrónimo TPC ao realizar a tarefa o que,
mais uma vez, podia ser vantajoso para o cumprimento dos parâmetros.
Exemplo 8 – Cumprimento de parâmetros e condensação de texto
Antes de os bulldozers demolirem parte da casa de Mr. Burns, Homer
tenta explicar-lhe que Marge e Homer também são diferentes. Neste exemplo,
podemos ver como as restrições de tempo geram a condensação ou omissão de
texto.
a) Wait a minute, I'm not having a stroke, am I?
b) Espera aí, não estou a ter um derrame pois não?
c) Espera aí, não estou a ter um AVC pois não?
a) Laundry, homework, pranks […]
b) Roupa lavada, trabalhos de casa e partidas.
c) Roupa lavada, TPC e partidas.
d)
61
a) I like movies where there's only one day a year when
murder is legal.
Como se pode observar, a proposta b), (a minha primeira proposta de tradução),
teve que ser reformulada pois os carateres e o tempo de leitura da legenda eram mais
que os permitidos. Assim, omiti o termo “only” visto que sem este a mensagem do texto
de partida era a mesma que a do texto de chegada. No entanto, apesar desta omissão, o
número de carateres era ainda elevado. Para solucionar este desafio realizei uma tradu-
ção literal substituindo o verbo “permitidos” por “são legais”.
b) Eu gosto de filmes em que apenas um dia por ano, são
permitidos os assassinatos.
c) Eu gosto de filmes em que um dia por ano os assassina-
tos são legais.
62
Considerações Finais
Como foi referido, a minha intenção de realizar um estágio curricular era entrar
em contacto com o mundo de trabalho e ter um novo entendimento sobre o funciona-
mento interno e processamento de trabalhos de tradução nestas empresas, como se veio
a concretizar.
Foi-me também possível entender quais os métodos mais utilizados e quais os
passos a seguir para realizar uma tradução e legendagem, no contexto de empresa.
Para além destes aspetos, considero que, no âmbito da componente técnica, im-
porta destacar a possibilidade de trabalhar com um software de legendagem, neste caso,
o Spot.
Em contrapartida, considero um aspeto menos positivo o facto de não ter obtido
feedback da revisão do episódio que foi analisado, por parte da empresa. Acresce o fac-
to de ter realizado poucas tarefas de tradução e legendagem, o que se ficou a dever à
circunstância de o início do estágio coincidir com o início do projeto de legendagem
acima referido, que não envolvia tradução.
Além do mais, é fulcral fazer referência à importância do mestrado e das suas
disciplinas que me dotaram de ferramentas que permitiram a realização do estágio.
Através do exposto, é possível concluir que Os Simpsons são uma série televisi-
va americana de animação e comédia que tem um registo informal, calão e, no caso des-
te episódio, um registo técnico-científico.
O episódio aqui analisado, “Opposites-A-Frack”, pode ser considerado um epi-
sódio mais realista e de teor educativo devido às noções de fracking e as suas conse-
quências que foram dadas a conhecer ao espectador durante o episódio. Ainda assim, o
episódio também teve um cariz humorístico, vindo a verificar-se que a tradução do hu-
mor se tornou um desafio, como se pode constatar através dos exemplos acima apresen-
tados. Ainda em relação ao humor, não me foi possível exemplificar o humor fonético e
o humor que depende da língua, pois não surgiu nenhum exemplo destes tipos de humor
durante o episódio.
Considero que o tipo de humor mais utilizado, recorrendo à classificação de hu-
mor de Zabalbeascoa, foi o humor internacional, talvez por permitir abranger uma maior
quantidade de espectadores. De seguida, o tipo de humor mais utilizado foi o humor
63
visual, sendo que nem sempre foi possível a sua transmissão aos espectadores, como no
caso dos oráculos que não puderam ser traduzidos.
Em relação aos métodos e procedimentos, é possível concluir que existem várias
classificações de estratégias e procedimentos de tradução, de vários autores, como por
exemplo Catford, Nida e Chesterman, sendo que a finalidade/propósito ditam as estraté-
gias ou procedimentos a serem usados. Considero que para a finalidade pretendida, (a
tradução e legendagem), os procedimentos mais utilizados são a omissão, o empréstimo,
a tradução literal, a equivalência e a substituição. Todavia, não existiram exemplos do
procedimento de tradução “7. Compensação” para analisar.
Como já foi mencionado, apesar de a realização de algumas legendas ter sido
desafiante já que alguns dos termos requereram bastante pesquisa, (o que demonstra que
o tradutor está em constante aprendizagem), considero que esta tradução se cumpriu
num prazo de tempo menor que o planeado e sem grandes obstáculos, dado à linguagem
informal utilizada no episódio.
Em suma, a realização do estágio curricular e do presente relatório aprofunda-
ram amplamente os meus conhecimentos na área da tradução audiovisual. A experiência
de realizar a tradução e legendagem de um episódio de uma série foi do meu agrado e
espero enveredar por esta área da tradução audiovisual.
64
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Comedies.pdf a 14/08/2018
67
Anexos
Anexo 1 – Parâmetros utilizados na empresa
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Máximo de 36 carateres por linha.
Intervalo obrigatório entre legendas: 4 frames
Duração mínima da legenda: 01:00
Duração máxima da legenda: 06:00
Tempo de leitura: entre 11 e 25 cps. Nunca deixar legendas com mais de 25 de tempo
de leitura.
A legenda 0 tem uma duração de 8 frames, deverá ser alinhada à esquerda e conter o
título do programa em maiúsculas e o número de episódio, como indicado abaixo:
MODERN FAMILY 108 de 00:00:00:00 a 00:00:00:08
Tipo de ficheiro: .STL ou .PAC
Gravar ficheiro com o nome tal qual surge no vídeo, por exemplo:
DV014322-PT_PT
Títulos e subtítulos: NUNCA TRADUZIR, salvo indicação do cliente. Quando o título
for igual em português, não legendar.
LEGENDAS
Sempre centradas. Nunca dividir palavras, nem elementos nominais e/ou verbais.
A entrada e saída das legendas deverá ser sincronizada com as falas.
Mudanças de plano – Caso seja necessário manter uma legenda no ar aquando da mu-
dança de plano, (para cumprir parâmetros, por exemplo) a mesma deverá permanecer
entre 10 e 14 frames no ar.
As legendas em diálogo devem ter travessão nas duas linhas, com espaço (NUNCA
deixara fala colada ao travessão de fala):
- Sai daqui e não voltes!
- Não saio!
Quando o diálogo continua numa outra legenda e a primeira frase é a continuação da
legenda anterior, só tem travessão a segunda fala:
por isso, trouxe-te este.
- Obrigado.
SUBIR sempre legendas que tapem créditos.
MAIÚSCULAS
Títulos e subtítulos sempre em MAIÚSCULAS.
Oráculos devem ser legendados em maiúsculas.
Acrónimos sempre em maiúsculas, sem pontos e nunca separados: FBI, CIA, EUA,
NASA,SMS.
68
ITÁLICOS
Os itálicos devem usar-se unicamente nas seguintes situações:
voz off (narrador)
jogos de palavras e/ou para realçar alguma palavra:
Dei-lhe umas loções básicas
de francês.
representar palavras estrangeiras. Deve dar-se espaço entre o símbolo do itálico e a pa-
lavra anterior e a seguinte. Os sinais de pontuação devem ser colocados dentro dos itáli-
cos.
É muito amável, mon ami.
conversas por telefone
rádio
televisão
vozes eletrónicas
flashbacks
sonhos
canções
Os itálicos não se devem usar em falas de personagens fora de cena.
ASPAS
As aspas devem usar-se nos seguintes casos:
Títulos de programas, séries, filmes, livros, revistas, jornais, músicas, álbuns.
Lembras-te do dia em que vimos
“A Conspiração da Aranha”?
Já leste “A Sombra do Vento”?
Citações:
“Com a chegada
da Segunda Guerra Mundial,
“muitos olhos europeus
voltaram-se desesperados
“para a liberdade das Américas.”
69
CARTAS
Quando surgem cartas na imagem, devem ser indicadas de acordo com as seguintes es-
pecificações:
O autor pensa para si enquanto escreve a carta = monólogo interior – Itálico
O autor pensa em voz alta enquanto escreve a carta = discurso audível - Tipo
normal
O autor lê a carta em voz alta depois de a escrever = citação - Tipo normal +
Aspas
Ouve-se a voz do autor da carta enquanto o destinatário a lê – Itálico
O destinatário lê a carta em voz alta - Tipo normal + Aspas
Ouve-se a voz do destinatário enquanto ele lê a carta sem mexer os lábios -
Itálico + Aspas
A poesia deverá seguir estes mesmos parâmetros, com a exceção de que não deve ser
colocada pontuação final.
CANÇÕES
Devem traduzir-se todas as canções que sejam relevantes para o desenredo da sé-
rie/filme.
Devem vir centradas e em itálico, para se diferenciarem das legendas normais.
Cada linha deve começar por maiúscula e não ter pontuação final:
Pombas brancas
Que voam altas
Riscando as sombras
Das nuvens largas
Lá vão
Pombas que não voltam
Trazem dentro
Das asas prendas
ORÁCULOS
Os oráculos e/ou cartazes que surjam na imagem, e que sejam relevantes, devem tradu-
zir-se sempre e aparecer na imagem.
Sempre em MAIÚSCULAS.
Quando houver oráculos que não precisem de ser traduzidos e a legenda fique sobrepos-
ta, poderá optar-se por subir um pouco a legenda.
O mesmo se aplica quando houver legendas noutra língua no ecrã e se sobreponham às
legendas da língua de chegada.
70
TÍTULOS DOS FILMES
Só se traduzem quando já exista uma tradução prévia no cinema ou na televisão.
Nos créditos dos filmes, legendar: Realização, Produção, Argumento.
NOMES
Capitalizar e grafar em português (caso já exista uma tradução) todos os nomes de paí-
ses, lugares, cidades, etc.
Não traduzir: nomes de empresas, revistas, jornais
Traduzir: títulos de livros caso já haja uma tradução
NÚMEROS
De 1 a 9 devem escrever-se por extenso, à exceção das datas.
Numericamente: 40, 50, 300, 125, etc.
Números longos:
10 000 / 100 000 / 50 000 (...) devem grafar-se sempre da seguinte forma: 10 mil, 100
mil, 50 mil.
Outros números grandes devem escrever-se sempre em grupos de três e sem uso de
vírgula ou ponto: 125 340 180
UNIDADES DE MEDIDA
Todas as medidas devem converter-se para o sistema métrico, salvo as devidas exce-
ções.
Ter em conta que em português as décimas são indicadas com vírgula ao contrário do
sistema
inglês, em que se usa um ponto:
1 foot = 30,48 cm
1 inch = 2,54 cm
1 pound = 454 g
Converter sempre-Fahrenheit para graus Celsius: 20ºC ou 20 graus.
TEMPO
As horas devem indicar-se sempre da seguinte forma:
8h45 (se a.m.)
20h45 (se p.m.)
DATAS
Nunca escrever datas por extenso. Exemplo correto: 5 de outubro de 1910
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MOEDA
Nunca converter dólares ou qualquer outra moeda estrangeira para euros, exceto
quando o contexto do programa assim o exigir.
Nunca usar o símbolo de moeda ($, €), escrever sempre por extenso: 25 dólares, 30
euros,60 ienes, etc.
ABREVIATURAS
Deve evitar-se o uso de abreviaturas, mas poderão usar-se nos seguintes casos:
Prof. André
Dr. Afonso
Não traduzir para português as formas de tratamento em inglês Mr., Mrs. e/ou Miss
OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
Interjeições: Não usar interjeições como “oh”, “ah”, “ei”.
Não usar estrangeirismos, caso já exista uma tradução, por exemplo: uísque;toucinho
fumado.
Não esquecer de efetuar spelling e checks após terminar a tradução e legendagem do
ficheiro.
LEGENDA FINAL
Tradução e Legendagem
Nome do Tradutor / Empresa
[Inserir no final uma legenda em branco, com tempos de entrada e saída e com a dura-
ção de um segundo.]
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Anexo 2 – Tradução do Episódio
Homer:
Whoo! Pork chops with gravy! Wait. But
today's not Pork Chop Tuesday. Or Gravy
Thursday!
Costeletas de porco com molho
Espera, mas hoje não é terça-feira
de costeletas de porco.
Nem quinta-feira de molho.
Marge: I also set up some mirrors so you
could watch hockey fights while you eat.
Também dispus uns espelhos
para veres
lutas de hóquei enquanto comes.
Homer: Oh, I love Canadian-on-Canadian
violence. Oh, baby, this is so great! Thank
you so much.
Adoro violência entre canadianos.
Que bom, querida.
Muito obrigado.
Marge: I'm just happy you're happy.
Fico feliz por estares feliz.
Homer : Wait a minute, that's not some-
thing people really feel. What's going on?
Espera aí,
isso não é algo
que as pessoas sintam.
O que se passa?
Marge: Well, I do have a favor. Patty and
Selma came home early from their vaca-
tion, but the cleaners still haven't gotten all
the black mold out of their apartment.
Bem, realmente
preciso de te pedir um favor.
A Patty e a Selma já voltaram das férias
, mas os empregados de limpeza ainda não se
livraram do bolor.
Marge: So they need a place to stay. Here. Elas precisam ficar em algum lado.
Por exemplo, aqui.
Patty: Paris was a bust.
Paris foi um falhanço.
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They wouldn't even let us see the Mona
Lisa.
Nem nos deixaram ver a Mona Lisa.
Selma: They kept yelling, "La Joconde!
Her smile will die!"
Só gritavam " "A Gioconda",
o sorriso dela vai morrer."
Homer: No, Marge, no! You can't invite a
couple of Riddlers to stay in the Batcave!
Não, Marge.
Não.
Não podes convidar
uns <i>Riddlers</i> para a Batcaverna.
Marge: You ate the food and looked in
the mirrors. They're staying!
Comeste a comida
e olhaste para os espelhos.
Elas vão ficar.
Homer:
Oh, honey, one teensy problem with this
plan. I'm a teensy bit concerned about them
smoking around the children. You know,
their lungs are so teensy. Mwah! Mwah!
Querida, só há
um pequenino problema neste plano.
Estou um bocadinho preocupado
por elas fumarem ao pé das crianças.
Os pulmões delas são
tão pequeninos.
Marge: Hmm. He has a point. Ele tem razão.
Selma:
No, no. No, no, we don't have to smoke.
Não, não.
Nós não precisamos de fumar.
Patty: We can stop whenever we want.
See?
Podemos parar quando quisermos.
Vês?
Selma:
Okay, how about this-- if you catch us smok-
ing in the house, even one time, you can throw
us out on the street.
Muito bem.
Então fazemos assim,
se nos apanharem a fumar em casa
nem que seja uma vez,
podem expulsar-nos de casa.
Marge: You know what? I trust them not
to smoke.
Sabes que mais?
Eu confio nelas.
Homer: And if you trust them, I trust
them, too.
Se tu confias nelas,
eu confio nelas.
Homer: Safety first! Segurança em primeiro lugar.
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Patty:
Screw this. We'll just go outside.
Nature is God's ashtray.
Que se lixe.
Vamos lá para fora.
A natureza é o cinzeiro de Deus.
Homer:
Bad news, bears. Forecast calls for nothing
but rain.
Más notícias, felpudas.
A previsão hoje é de chuva.
Selma:
Here we go. Problem solved. Here we go.
Problem solved.
Aqui está, problema resolvido.
Cigarros eletrónicos.
Selma:
Choke on our harmless fumes.
Asfixiem-se
com os nossos vapores inofensivos.
Homer:
Well, if you fall asleep with them, will you
even burn to death?
Se adormecerem com eles
podem morrer queimadas?
Patty:They call these cigarettes? They
don't stain my fingers, my hair smells like
hair, and what do I stub out in my scram-
bled eggs?
Chamam a isto cigarros?
Não mancham os dedos,
o meu cabelo cheira a cabelo,
e o que é que vou apagar
nos meus ovos mexidos?
Selma: Sure, it's got the nicotine, but
where's the tar?
Where's the stab from every breath that
reminds me I'm alive?
É certo que têm nicotina,
mas então e o alcatrão?
Onde está a pontada
a cada respiração
que me diz que estou viva?
Selma:
No smoke detector! Let's roll!
Não tem detetores de fumo.
Bora lá.
Selma: Wait, wait. Turn on the faucet so Espera, abre a torneira
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no one'll get suspicious. para ninguém desconfiar
Homer:
I gotcha! You can't resist smoking in the
house any more than I can resist drinking
in the car.
Apanhei-vos!
Não conseguem resistir
a fumar em casa
tal como eu não resisto
a beber enquanto conduzo.
Marge: What happened? O que aconteceu?
Selma:
I don't know. The water caught on fire.
Não sei.
A água pegou fogo.
Homer:
And now I banish you from paradise. I'm
glad I never bothered to learn which one of
you is which.
E agora, expulso-vos do paraíso.
Fico contente
por nunca me ter incomodado
em saber distinguir-vos.
Patty: Please, show some compassion for
two good people who just can't stop smok-
ing.
Por favor, tem compaixão
por duas boas pessoas
que não conseguem deixar de fumar.
Homer:
Hmm... hmm. I know just the place.
Sei exatamente onde vos deixar.
SPRINGFIELD DOG TRACK PISTA DE CORRIDA DE CÃES
DE SPRINGFIELD
Oh! Tobacco!
Tabaco!
Patty: Who needs Paris? This is our City
of Lights!
Quem é que precisa de Paris?
Esta é
a nossa "Cidade das Luzes".
Lisa: Flaming tap water. I saw something
about that in a documentary.
Água da torneira flamejante.
Vi alguma coisa sobre isso
num documentário.
Lisa: Sad.
Sad.
Triste.
Triste.
Lisa: Sad. Triste.
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Cute. Giro.
Lisa: This one! Este.
Narrador:
In this rural community, hydraulic fractur-
ing
<i>Nesta comunidade rural,</i>
<i>a fraturação hidráulica</i>
Narrador:
or fracking, was greeted as a windfall.
ou <i>fracking</i>, foi como
um lucro inesperado.
WELCOME!/ ENERGY INNOVATORS BEM -VINDOS
INOVADORES DE ENERGIA
Narrador:
By pumping high-pressure liquid in-
to…underground shale deposits,
<i>Ao injetar líquido a alta pressão</i>
<i>em depósitos de xisto subterrâneos,</i>
Narrador:
fracking releases natural gas,
<i>o</i> fracking
<i>gera gás natural.</i>
Narrador:
can lead to devastating environmental con-
sequences.
<i>O que pode causar consequências</i>
<i>ambientais devastadoras.</i>
Henry:
Yep, used to be you could try burning your
water all day and nothing would happen.
Antigamente, podíamos tentar pegar
fogo à água
mas não acontecia nada.
Woman: Henry, did you remember to turn
off the Slip 'N Slide?
Lembraste-te de desligar
o parque aquático, Henry?
Henry:
Well, I... reckon not.
Não me parece.
Lisa: I think someone is fracking under our
neighborhood. And I know who.
Acho que alguém faz <i>fracking</i>
por de baixo do nosso bairro.
E eu sei quem é.
Lisa: It's you, Mr. Texan. Oil wasn't
enough-- now you're…
É você, Mr. Texan.
O petróleo não é suficiente.
Lisa: …going after our natural gas. Também quer o nosso gás natural.
Mr. Texan: Aw, now, ain't nothing natural Ora então, não há nada
natural
77
about gas. If you can't dance in it, I ain't
drilling for it. I don't do this for the money.
no gás.
Se não se pode dançar nele,
não faço furos à procura dele.
Não faço isto pelo dinheiro.
Mr. Texan:
…it's the dancing. It's always been the
dancing.
É pela dança.
Foi sempre pela dança.
Bart:
Oh, man.
Meu.
Bart:
He made us watch him dance for three
hours, and he really only has one move.
Fez-nos vê-lo a dançar
durante três horas.
E ele só sabe um passo.
Marge:
If someone was fracking in our neighbor-
hood, wouldn't we know it?
Não saberíamos, se alguém fizesse
<i>fracking</i> no nosso bairro?
Lisa:
Maybe a satellite picture will give us a
clue.
Talvez esta imagem por satélite
nos dê uma pista.
Lisa:
Hmm, this is clearly a fracking site. How
are they keeping people away?
Isto é obviamente
um local de <i>fracking</i>.
Como é que afastam as pessoas?
WOMEN‟S BASKETBALL/ HALL OF
FAME
<i>HALL OF FAME</i>
DO BASQUETEBOL FEMININO
Lisa:
Aw, it's a terrific sport...
É um desporto maravilhoso...
Lisa:
This whole building is just a façade for a
drilling operation.
O edifício é uma fachada para
esconder uma operação de perfuração.
Mr. Burns:Indeed it is.
Realmente é.
78
Evergreen Terrace is built atop a mas-
sive…
<i>Evergreen Terrace</i> foi construída
sob um depósito de xisto enorme.
Mr. Burns:…shale deposit. Think of it--
all that poor natural gas trapped underneath
your shanties and lean-tos. Smithers, give
these two brats what they deserve for stick-
ing their noses in my business.
Pensem.
Todo aquele pobre gás natural,
preso debaixo
dos vossos casebres e cabanas.
Smithers, dá a estes dois fedelhos
o que eles merecem
por meterem o nariz no meu negócio.
Lisa:
Stopping Mr. Burns may be beyond the
power of an eight-year-old girl with a book
report due on Beezus and Ramona, but I
know someone who can help…
Parar o Mr. Burns pode ser demais
para uma miúda de oito anos
que fez um relatório
sobre "Beezus e Ramona".
Mas conheço alguém que pode ajudar.
Lisa:
the first female Speaker of the State As-
sembly, a politician who would never ig-
nore fellow environmentalist in need, my
hero, Maxine Lombard.
A primeira oradora
da Assembleia de Estado,
Uma política que nunca ia ignorar
uma ambientalista em dificuldades,
a minha heroína, Maxine Lombard.
Maxine Lombard: Charge the electric
limo-- we're going to Springfield.
Ponham a limusina elétrica a carregar.
Vamos a Springfield.
Man: What about your cool-down period? - E o seu período de relaxamento?
- O que é que tem?
79
Maxine Lombard: What about it?
Homer: Lisa! Motorcade! Lisa!
Comitiva!
Lisa: Assemblywoman Lombard! You got
my e-mails!
Recebeu os meus e-mails,
Congressita Lombard.
Maxine Lombard: I'll go anywhere, any-
time, to defend our precious Bay Area val-
ues.
Eu vou a qualquer lado,
a qualquer hora
para defender os valores
da Baía de São Francisco.
Maxine Lombard: Terrible! Just shock-
ing. D-Does anybody have a baby we can
hold near the flames?
Que terrível!
Simplesmente chocante.
Alguém tem um bebé
para o pormos ao pé das chamas?
Marge: I guess I do. Parece que eu tenho.
Maxine Lombard:I'm gonna hit this Mr.
Burns with a politician's most powerful weap-
on:an invitation to a committee hearing.
Vou usar a arma mais poderosa
de um político neste Mr. Burns.
Um convite
para uma Audiência de Comité.
Maxine Lombard: Mr. Burns, do you
admit that you illegally pump toxic chemi-
cals into the groundwater below Evergreen
Terrace?
Mr. Burns, admite ter injetado
químicos ilegalmente
nas águas subterrâneas
de <i>Evergreen Terrace</i>?
Mr. Burns: I... don't recall. Não me lembro.
Maxine Lombard:Mr. Burns! Have you
no regard for the life and health of your
fellow human beings?
Mr. Burns,
não tem respeito pela vida e saúde
dos seus semelhantes?
Mr. Burns: I... don't recall. Não me lembro.
Maxine Lombard:You can't drill under-
neath people's homes without their permis-
Não pode fazer furos debaixo de casas
sem a permissão das pessoas.
Como congressista
80
sion. As chairwoman of this Committee on
Energy, Natural Resources and Blimp
Safety, your fracking operation is hereby
shut down.
deste Comité sobre energia,
recursos naturais
e segurança de dirigíveis.
Declaro encerrada
a sua operação de <i>fracking</i>.
Mr. Burns: I demand to see that capital-
ism-castrating suffragette this instant! You
haven't bested me. I will find a way to shat-
ter that shale.
Exigo ver essa sufragista,
castradora do capitalismo, agora.
Ainda não me superou.
Vou arranjar maneira
de despedaçar aquele xisto.
Maxine Lombard: What makes men like
you think you can do whatever you want to
our planet?
Porque é que os homens pensam
que podem fazer tudo ao planeta?
Mr. Burns: Maybe the planet wants a
strong man to take her by the hand and lead
her.
Talvez o planeta só queira
que um homem forte o lidere.
Maxine Lombard: You don't know what
the planet wants.
You don't know what the planet wants.
Mr. Burns: Oh, and I suppose you do? E você deve saber, não é?
Maxine Lombard: The planet wants to be
protected and nourished and maybe even...
O planeta quer ser protegido,
nutrido e até talvez
Mr. Burns e Maxine Lombard: Kissed.
Beijado?
Mr. Burns Wait a minute, I'm not having
a stroke, am I?
Espera, não estou
a ter um derrame, pois não?
Maxine Lombard: No. Am I? Não.
E eu estou?
Mr. Burns: I don't think so.
Maxine Lombard:Oh, good.
- Acho que não.
- Ainda bem.
Mr. Burns: You!
Maxine Lombard:You!
- Tu?!
- Eu?!
81
Maxine Lombard:This was all a mistake. Isto foi tudo um erro.
Maxine Lombard: an impulsive...
Mr. Burns: reckless...
- Um erro impulsivo.
- E imprudente.
Maxine Lombard:knee-buckling...
Mr. Burns: spat-snapping...
- Que fez estalar os joelhos.
- Que desabotoou polainas.
Maxine Lombard: Spanx-shredding mis-
take. (sighs) Oh, it was great.
Mr. Burns:Best I've ever had. And that
includes... Nellie Taft.
E que despedaçou cintas.
- Foi fantástico.
- O melhor que já tive.
Maxine Lombard: So, Monty, shall we
find a way to continue this... purely pas-
sionate affair?
E já incluindo a Nellie Taft.
Então, Monty, arranjamos maneira
de continuar este caso amoroso?
Mr. Burns:But you're a softhearted liber-
al!
Maxine Lombard: And you're a hard-
hearted capitalist.
- Mas tu és uma liberal benevolente.
- E tu és um capitalista insensível.
Mr. Burns: Enemies by day, lovers by
night.
Inimigos de dia,
amantes de noite.
Maxine Lombard: Now, get out of my
office.
Agora, sai do meu escritório.
Mr. Burns: As soon as I collect my things. Assim que arrumar as minhas coisas.
Mr. Burns: Uh, derringer, sword cane,
derringer cane, sword derringer. All right,
it's all here.
Pistola, bengala com espada,
bengala com pistola,
espada com pistola.
Sim, está tudo.
Mr. Burns: If I want to resume fracking… Para continuar com o <i>fracking</i>,
Mr. Burns: I have to buy the mineral tenho de comprar
82
rights for every single parcel of land in
Evergreen Terrace. To win people over, I'll
need a salesman whose folksy facade
masks a deep gusher of greed.
os direitos mineiros de todo o bairro.
Para chegar às pessoas,
preciso de um vendedor
cuja fachada esconda
um desejo incontrolável de ganância.
TAKE ONE
LEVE UM
Mr. Burns: Congratulations, Simpson!
You're now my chief energy innovation
marketing officer.
Parabéns, Simpson!
A partir de agora, é o diretor de
<i>marketing</i>de inovação energética.
Mr. Burns: All you've got to do is sell
fracking to your friends and neighbors.
Apenas tem devender
operações de <i>fracking</i>
aos seus vizinhos e amigos.
Homer: I don't know, "fracking" is one of
those scary Lisa words.
Não sei, fracking é
uma das palavras estranhas da Lisa.
Mr. Burns: Bah! Fracking produces
enough clean natural gas to make America
independent of sheiks, caliphs and... Scan-
dinavians. Not to mention it doesn't create
any of that awful worker-mutating nuclear
waste.
O <i>fracking</i> produz
gás natural suficiente
para livrar os EUA
dos califas, xeques e escandinavos.
E não gera resíduos
nucleares como os operários mutantes.
Man: Homer, game starts in an hour. Don't
forget to set your fantasy lineup.
Homer: Thanks, Charlie. Maybe fracking
isn't so bad.
O jogo começa daqui
a uma hora, Homer.
- Lembra-te da tua tática fantasia.
- Obrigado, Charlie.
Talvez o <i>fracking</i>
não seja assim tão mau.
Mr. Burns: Then say yes to this raise, this
promotion and this flannel shirt, which
says: "I'm not screwing you over."
Então, aceita este aumento,
esta promoção
e esta camisa de flanela para verem
que não estás a enganar ninguém.
Homer: I'm not screwing you over. No, Não te estou a enganar. Não.
83
uh, I'm not screwing you over. I'm not
screwing you over.
Não te estou a enganar.
Não te estou a enganar.
Bart: I'm so proud of you, Papa.
Estou tão orgulhoso de ti, papá.
Homer: Some folks will tell you that
fracking's no good, but what they don't tell
you is, hydraulic fracturing creates jobs.
Alguns podem dizer
que o <i>fracking</i> é mau.
Mas o que não vos dizem
é que a fraturação hidráulica
gera postos de trabalho.
Homer: And all those new workers are
gonna want to spend their earnings buying
what you're selling-- beer.
E todos os trabalhadores
vão querer gastar os rendimentos
a comprar o que tu vendes.
Cerveja.
Homer: Authentic Italian food. Comida italiana autêntica
Homer: Useless left-handed crap.
Porcarias inúteis para esquerdinos.
Homer: Magical nonsense.
Disparates mágicos.
Homer: Expensive toys for grown-ups
they don't open or play with.
Brinquedos que os adultos compram,
mas nem brincam com eles.
Homer: Pornography and nachos. Pornografia e<i>nachos</i>.
Homer: High-quality Spanish-language
programming.
Programação em espanhol
de alta qualidade.
Homer: High-quality methamphetamines. Metanfetaminas de alta qualidade.
Homer: Laundry, homework, pranks,
poop, poop and poop.
Roupa lavada,
trabalhos de casa, partidas.
Cocó, cocó e cocó.
Marge: But our water was on fire.
Mas a nossa água estava a arder.
Lisa: How could you sell fracking for Mr.
Burns?
Como é que pudeste vender as
operações de <i>fracking</i> do Mr. Burns?
84
Homer: Because I've never gotten a pro-
motion before. Once I thought I had, but it
turned out to be a beautifully-worded fir-
ing, so judge me all you want.
Lisa: I am judging you.
Porque nunca tinha sido promovido.
Uma vez pensei que sim.
Mas afinal, era só
um despedimento muito floreado.
- Por isso, podes julgar-me.
- Estou a julgar-te!
Homer: Good. Judge away.
Boa, julga-me à vontade.
Lisa: Judge, judge, judge, judge, judge.
Homer: Don't care. Don't care.
- Estou a julgar-te
- Não me importo.
Lisa: Judge, judge, judge, judge, judge.
Homer: Don't care. Don't care.
- Estou a julgar-te
- Não me importo.
Kennt Brockman:Pumping frack cash. It's
a gas cash... blast?
Injetando os lucros do <i>fracking</i>.
Os lucros do gás
são mesmo explosivos?
Kennt Brockman: Residents of Evergreen
Terrace are undecided whether to sell their
mineral rights to Mr. Burns.
Os habitantes de Evergreen Terrace
não sabem se devem vender
os seus direitos minerais
ao Mr. Burns.
Maxine Lombard: Mr. Burns is a vam-
pire sucking the lifeblood of this town and
lining his coffin with cash.
O Mr. Burns é um vampiro
que suga a alma desta cidade
enquanto forra o seu caixão
com dinheiro.
Mr. Burns: Oh, Maxine, no one insults me
in a sound bite the way you do.
Ninguém me insulta com tão
poucas palavras como tu, Maxine.
Maxine Lombard: Oh, Monty, you're
such a sexy little Nosferatu.
Monty, és
um<i>Nosferatu</i>tão<i>sexy</i>.
Mr. Burns: Same time tomorrow night?
I'll bring the oxygen.
Maxine Lombard: Better bring two tanks.
Amanhã à mesma hora?
- Eu trago o oxigénio.
- É melhor trazeres duas garrafas.
Frink: And so, (on camera) we see a clear
E assim, podemos ver uma correlação entre os
85
correlation between and water table con-
tamination well outside the... margin of
error.
hidrocompostos industriais
e a contaminação dos lençóis de água,
muito afastada da margem de erro.
Chalmers: Mr. Simpson, rebuttal? Mr. Simpson, a sua refutação?
Homer: Everyone who signs over their
mineral rights to Mr. Burns gets $5,000.
Quem vender os direitos mineiros
recebe cinco mil dólares.
Carl: 5,000 smackers?! Cinco mil mocas?
Moe: Money is like a job you don't even
have to do!
O dinheiro é como um trabalho
que não temos de fazer.
Bumblebeeman: Ay, dinero.
Disco Stu: Signing Stu.
-<i>Ay, dinero.</i>
- O Stu está a assinar.
Frink: I think my arguments were more
cogent-- bo-hyvik.
Acho que o meu argumento
foi mais convincente.
Lisa: What?!
Frink: Cogent-- bo-hyvik!
- Foi o quê?
- Convincente.
Homer: Mr. Burns, we did it! Everyone in
the neighborhood sold us their gas rights!
Conseguimos, Mr. Burns.
Todos os habitantes venderam
os direitos de mineração.
Homer: Excellent. Excelente.
Mr. Burns: No, no. It's excellent. It's ex-
cellent. Uh, maybe you can help me, Simp-
son. You've had a relationship or two in
your life.
Sim, é excelente.
Excelente.
Talvez me possas ajudar, Simpson.
Já tiveste uma ou duas relações
na tua vida.
Homer: Well... one. Bem...
Tive uma.
Mr. Burns: I have embarked on a "benefi-
cial friendship" with a woman with whom I
have nothing in common. Her opinions are
Fiz uma amizade benéfica
com uma mulher
que não tem nada
em comum comigo.
86
abhorrent to me, but the passion. Well,
look at these racy texts she sends me.
As opiniões dela
são abomináveis. Mas a paixão.
Bem, veja as mensagens picantes
que ela me manda.
Homer: Oh, baby. Querida.
Mr. Burns: How long can I sustain this
high-wire act of loathing and lust?
Durante quanto tempo posso manter
esta ato de luxúria e de aversão?
Homer: Well, I'm no Carl when it comes
to this stuff, but I ain't no Lenny, neither.
And I would say... no matter how much
you try to keep things casual, someone
always gets hurt.
Bem, não sou nenhum Carl
no que toca a estas coisas.
Mas também não sou um Lenny.
Eu diria que por muito
que as coisas sejam casuais,
há sempre alguém que se magoa.
Mr. Burns: Hmm. Well, then I must hard-
en my heart against such an outcome.
Bem, tenho de ser
ainda mais insensível
para superar tais resultados.
SPRINGFIELD PHARMACY/ HEART
SOFTENERS
AMOLECEDORES DE CORAÇÃO.
Mr. Burns:I appreciate the counsel, Simp-
son. Now, please trap-door yourself out.
Agradeço o conselho, Simpson.
Agora, por favor,
saia pelo alçapão sozinho.
Homer: Glad I could be of help! Ainda bem que pude ajudar!
FRACKING DAY DIA DO<i>FRACKING</i>
Presidente: Do you have the signed gas
leases?
Têm os contratos assinados?
Mr. Burns: Hold on.
This feels light. Ah. One of these deeds is
Espera,isto parece leve.
Uma destas escrituras
87
missing a signature. The gas rights transfer
form for 742 Evergreen Terrace was never
signed by... Marge (os) Simpson.
não foi assinada.
O formulário de transferência
de 742 Evergreen Terrace
não foi assinado
pela Marge Simpson.
Homer: Marge, why didn't you sign?
Marge: Our water was on fire!
- Porque é que não assinaste, Marge?
- A nossa água estava a arder.
Presidente: I'm sorry, but the law states
that unless every single resident sells their
rights, Burns can't frack drop one!
Peço desculpa.
Mas a Lei afirma
que todos os residentes
têm de vender os seus direitos,
para o Mr. Burns poder
fazer <i>fracking</i>.
Lenny: Oh, I was counting on that money
to pay for my other calf implant.
Fiz conta com o dinheiro para pagar
o meu outro implante de gémeos.
Mr. Skinner: I already felt the pride of
energy independence.
Eu já estava orgulhoso
da independência energética.
Homer: Marge Simpson, I'm as mad at
you as you usually are at me!
Marge, estou tão zangado contigo
como costumas estar comigo.
Maxine Lombard: Cheer up, Monty. All
you lost was money, but what you get is...
me.
Alegra-te, Monty.
Só perdeste dinheiro.
Mas ganhaste-me a mim.
Mr. Burns: All I lost was money? (laughs)
Let me make one thing perfectly clear. Our
dalliance meant nothing to me! You were
but a sprig of parsley garnishing my beef-
steak.
Só perdi dinheiro?
Deixa-me esclarecer uma coisa.
O nosso caso foi
insignificante para mim.
Eras apenas um ramo de salsa
que guarnecia o meu bife.
Mr. Burns: Now I cast you aside for the Agora deixo-te de lado
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busboys to gnaw upon. para os empregados comerem.
Mr. Burns: Considered this ill-conceived
affair terminated!
Dá por terminado
este caso mal concebido.
Smithers: I played this just perfectly. Foi mesmo perfeito.
Homer: Oh, yeah, great.
Great, Marge, great work. Thanks to you,
Springfield will never be a natural gas
boomtown, and like all boomtowns, it
would have lasted forever.
Sim, boa. Boa, Marge.
Bonito serviço.
Graças a ti, Springfield nunca vai ser
uma cidade próspera.
E como todas as cidades prósperas,
iria existir para sempre.
Marge: Oh! Our water was on fire!
A nossa água estava a arder.
Homer: Oh! Was on fire. Was! I finally
get a job I was good at, and now I have to
give it up!
Estava a arder?
Estava?
Encontrei um trabalho em que era bom
e agora tenho de desistir dele.
Mr. Burns: So, you've come begging not
to be fired?
Então, vieste implorar
para não seres despedido.
Mr. Burns: Smithers, turn my back on
this man! Maximum huff!
Smithers, vira as minhas costas
para este homem. Com muita raiva.
Homer: Wait, Mr. Burns. I'm here to man
up. It was all my wife's fault! (sighs heavi-
ly) Sometimes I think she and I have noth-
ing in common!
Espere, Mr. Burns.
Estou aqui para ser corajoso.
Foi tudo culpa da minha mulher.
Às vezes parece
que não temos nada em comum.
Mr. Burns: Nothing in common, eh? Tell
me more.
Nada em comum?
Conta-me mais.
Homer: Marge likes sushi. I like gum that
squirts in your mouth. She's into romantic
comedies.
A Marge gosta de <i>sushi</i>. Eu gosto
de pastilhas elásticas com recheio.
Ela gosta de comédias românticas.
89
I like movies where there's only one day a
year when murder is legal. Yep, Marge and
I see the world in totally different ways.
Eu gosto de filmes em que um dia por
ano os assassinatos são legais.
Sim, eu e a Marge vemos o mundo
de uma forma muito diferente.
Mr. Burns: Hmm. Different, exactly.
That's why I had to give my woman the old
heave-ho.
Diferente.
Exatamente.
Foi por isso
que despachei a minha mulher.
Homer: So, you don't miss that politics
lady at all?
Então, não sente falta
daquela senhora da política?
Mr. Burns: Not for one Chinese second.
And I'm sure she's forgotten all about me.
Nem por um pequeno segundo.
E aposto que ela já me esqueceu.
Homer: Killdozers. <i>Matadozers.</i>
Mr. Burns: Whatever are you doing,
man?!
O que é que está a fazer?
Construtor: We're tearing down this place
and putting up a recycling center, slash
Native American history museum, slash
condor sanctuary.
Vamos demolir este edifício
e criar um centro de reciclagem,
em conjunto com um museu
da história indígena americana
e com um santuário de condores.
Mr. Burns: Hmm. A project this bloated
and ill thought out could only be the work
of an angry liberal. (gasps) Maxine! My ex
is using the thing I hate most against me--
big government.
Um projeto
tão mal concebido e inflacionado
só pode ter sido um liberal enraivecido.
Maxine.
A minha ex está a usar
o que mais odeio contra mim.
Um grande governo.
Mr. Burns: Stop this ribbon cutting! This
is private property!
Parem de cortar a fita.
Isto é propriedade privada.
90
Maxine Lombard: What's the matter, Mr.
Burns? Never heard of eminent domain?
O que se passa, Mr. Burns?
Nunca ouviu falar em desapropriação?
Mr. Burns: You're just doing this to get
back at me for dumping you!
You're just doing this to get back at me for
dumping you!
Maxine Lombard: That is ridiculous. Isso é ridículo.
Mr. Burns: The Antonin Scalia bedroom!
O quarto Antonin Scalia.
Robert Siegel:It's a National Public Radio
broadcast center now.
Agora é o centro de transmissão
da <i>National Public Radio</i
Mr. Burns: Who are you?
Robert Siegel: I'm Robert Siegel, and this
is All Things Considered.
- Quem é você?
- Eu sou o Robert Siegel,
e este é o <i>"All Things Considered"</i>.
Mr. Burns: top laying about, you!
There's work to be done!
Levante-se.
Há trabalho a fazer.
Homer: Gravy Thursday. Quinta-feira do molho.
Mr. Burns: If that woman thinks she's
been scorned now, she ain't seen nothing
yet!
Se aquela senhora pensa
que está a ser desprezada
ainda não viu nada.
Mr. Burns: It's fracking time. É hora do <i>fracking</i>.
Marge: Is one of the side effects of frack-
ing earthquakes?
Os terramotos são
um efeito secundário do <i>fracking</i>?
Lisa: Yes! Sim!
Maxine Lombard: What are you doing?
(on camera) You're destroying this neigh-
borhood.
O que estás a fazer?
Estás a destruir este bairro.
Mr. Burns: Just like you destroyed my
mansion.
Tal como destruiste
a minha mansão.
Maxine Lombard: I don't know what I
Não sei o que é que vi em ti.
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ever saw in you, you planet-ruining mon-
ster!
328
01:18:18,320 --> 01:18:20,440
Seu monstro arruinador de planetas.
Mr. Burns: Likewise, you planet-saving
succubus!
Igualmente, sua diaba
salvadora de planetas.
Marge: Homer, turn off that horrible ma-
chine!
Desliga essa máquina terrível, Homer.
Homer: You don't know anything about
hydraulic fracturing! You've just been
brainwashed by liberal TV shows who use
fracking as an easy bad guy, but it can save
this country!
Não sabes nada sobre
fraturação hidráulica.
Os programas de televisão liberais
fizeram-te uma lavagem cerebral
e utilizaram o <i>fracking</i>
como vilão.
Mas o <i>fracking</i>
pode salvar o país.
Marge: Our... water... was... on... fire! A... nossa... água
estava... a... arder!
Homer: Wait. I finally get what you're
saying. Fracking is great, but the only place
it should ever happen is in other people's
towns! Hmm.
Espera, estou a perceber
o que querias dizer.
O <i>fracking</i> é fantástico.
Mas apenas se deve fazer
em outras cidades.
Marge: Mm. You always do the right
thing... sort of.
Fazes sempre o que é correto.
Mais ou menos.
Mr. Burns : What is he doing? He was
furious at that woman, now he's embracing
her. He told me himself they had nothing in
common.
O que está ele a fazer?
Estava furioso com a mulher
e agora, está a abraçá-la.
Ele disse-me
que não tinham nada em comum.
Maxine Lombard: Nothing except pas-
sion.
Nada em comum exceto a paixão.
Mr. Burns : I was a fool to break up with Fui um tolo
por ter acabado
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you, Maxine. contigo, Maxine.
Maxine Lombard: I'm sorry I turned your
home into a liberal paradise.
Desculpa por ter transformado
a tua casa num paraíso liberal.
Mr. Burns : You think we could make us
work?
Achas que podemos
ter futuro?
Maxine Lombard: I don't know. We're
pretty different.
Não sei,
somos muito diferentes.
Mr. Burns : But we've got passion, and as
long as we've got that, our lives will never
get boring.
Mas temos paixão
e enquanto a tivermos,
as nossas vidas nunca
vão ser aborrecidas.
Maxine Lombard: Well, there's free jazz
on Saturdays at the art museum.
Há concertos de <i>jazz</i>
no museu de arte, aos sábados.
Mr. Burns : Now they say omega-3 pills
are bad for you.
Agora, dizem que os comprimidos
de Omega 3 fazem mal.
Maxine Lombard: My sister's dog had
puppies.
A cadela da minha irmã
teve cachorrinhos.
Mr. Burns : What kind? De que raça?
Maxine Lombard: What kind of what? Raça de quê?
Mr. Burns : What kind of dog does your
sister have?
De que raça é a cadela
que a tua irmã tem?
Maxine Lombard: I don't know. Não sei.
Maxine Lombard: What color drawer
pulls did you want? Nickel or brush nickel?
Queres os puxadores de gaveta
em níquel ou níquel escovado?
Mr. Burns : Oh, I wish we'd bought the
more expensive theater tickets. I'll never
see anything in row BB.
Devíamos ter comprado
os bilhetes de teatro mais caros.
Não vou conseguir
ver nada da fila BB.
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Maxine Lombard: There's a sale on lawn
furniture at the Lawns Plus.
Há uma promoção na <i>"Lawns Plus"</i>
em mobília de jardim.
Mr. Burns : Why are all cars black or gray
now? It's like if you see a red one, it's a big
deal.
Porque é que os carros só
são pretos ou cinzentos?
Como se fosse uma grande coisa
ver um vermelho.
Maxine Lombard: I'm thinking about
wearing a watch again.
Estou a pensar em voltar
a usar relógio.
Tradução e Legendagem
Andreia Duarte/Wordzilla