Post on 22-Oct-2021
Nome da Escola
Nome do Estudante
Ano/Ciclo
2º Ano
Ciências
Humanas
EM
Coordenação Geral
Rosa Maria Araújo Luzardo
Irene de Souza Costa
Equipe de Coordenação
Adriano Sabino Gomes
Edwaldo Dias Bocuti
Isaltino Alves Barbosa
Lucia Aparecida dos Santos
Simone de Barros Berte
Richard Carlos da Silva
Grupo de trabalho
Adriana Nezeir de Almeida Duarte - CBA- História
Cristiane dos Santos Silva - Líder de Equipe
Francisco Miranda Filho - ROO - Geografia
Gerson Ribeiro da Rosa - Geografia
Karina Aparecida Geraldo - CBA - História
Maureci Moreira de Almeida -PLA - Filosofia
Patrícia Simone da Silva Carvalho - Sociologia - Líder de Equipe
Revisores
Waldney Jorge de Lisboa– Revisor
Suleima Cristina Leite de Moraes – Revisora
Audiovisual
Mizael Teixeira Silva
Realização
Mauro Mendes Ferreira
Governador do Estado de Mato Grosso Otaviano Olavo Pivetta
Vice-Governador de Mato Grosso Marioneide Angélica Kliemachewsk
Secretária de Estado de Educação de Mato Grosso Rosa Maria Araújo Luzardo
Secretária Adjunta de Gestão Educacional Richard Carlos da Silva
Superintendente de Políticas de Educação Básica Adriano Sabino Gomes
Superintendente de Políticas de Desenvolvimento Profissional Rosangela Maria Moreira
Superintendente de Políticas de Gestão Escolar Lúcia Aparecida dos Santos
Superintendente de Políticas de Diversidades Educacionais
1. HISTÓRIA
A outra história do descobrimento do Brasil
Parece absurdo, mas é isso o que aprendemos na escola: os portugueses descobriram o
Brasil, onde já viviam os índios. Ficamos tão acostumados a pensar assim, que não nos
perguntamos como isso é possível. Os historiadores também não costumavam fazer essa
pergunta. Sabiam que os índios viviam aqui antes da chegada de Cabral, mas falavam do
descobrimento como se o Brasil fosse uma terra virgem. Será possível que um lugar já
habitado possa ser virgem, isto é, intocado? Bem, só se ele não for habitado por pessoas.
Quando falamos em floresta virgem, por exemplo, não estamos dizendo que ela não é
habitada por animais, mas, sim, que ela não foi alterada pelo homem. Quando afirmamos que
"essas terras virgens foram descobertas por Cabral", estamos tratando seus habitantes
originais, os índios, como se eles não fossem pessoas, mas, sim, parte da paisagem natural. A
palavra 'descobrimento', portanto, está no lugar de outro termo que não costumamos utilizar:
'conquista'. Na verdade, as terras que viriam a ser o território do Brasil não foram
descobertas, mas conquistadas pelos portugueses.
Quando os europeus chegaram à costa brasileira, encontraram diversos grupos
indígenas, cujos costumes e línguas eram muito parecidos. No conjunto, esses grupos ficaram
conhecidos como Tupi-Guarani, embora possamos distinguir dois grandes blocos: os Tupi,
que dominavam o litoral desde o sul do estado de São Paulo até, pelo menos, ao Ceará; e os
Guarani, que viviam mais ao sul, na bacia dos rios Paraná-Paraguai e em nossa costa
meridional. Não se deve pensar, porém, que os Tupi e os Guarani formavam, cada qual, uma
grande nação. Ao contrário, eles estavam divididos em diferentes grupos, geralmente
inimigos entre si. E os europeus souberam bem se aproveitar das brigas internas dos Tupi-
Guarani, unindo-se a alguns grupos para atacar outros.
A aliança entre brancos e índios dava-se pela oferta de presentes (como machados de
metal, facas, espelhos, tecidos trocados por farinha, caça, filhotes de animais e madeira), pela
participação comum em atividades de guerra e pelo casamento de índias com brancos. Muitas
CIÊNCIAS HUMANAS Unidade
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vezes, os conquistadores estimulavam a inimizade entre os índios para dominar o território
com mais facilidade. Mesmo quando os Tupi conseguiam reunir um número considerável de
aldeias para atacar áreas sob domínio português, tinham de enfrentar índios fiéis aos
colonizadores. Assim, embora fossem maioria, os índios acabaram sendo derrotados. Não foi
só como parceiros na guerra e na troca que os europeus encontraram um lugar no mundo
indígena. Talvez porque chegassem pelo mar, em grandes navios, trazendo objetos
desconhecidos, como armas de fogo e ferramentas de metal, os Tupi associaram os europeus
a seus grandes pajés, que andavam de aldeia em aldeia, curando, profetizando e falando de
uma terra de abundância. Esses pajés eram chamados pelos Tupi de Caraíba e os europeus
ficaram conhecidos por esse nome. Até hoje, muitos grupos indígenas chamam os não índios
de Caraíba. Os jesuítas - padres enviados ao Brasil com a missão de convencer os índios a se
tornarem católicos - aproveitaram-se dessa associação do europeu com os grandes pajés
nativos, para facilitar seu trabalho.
O discurso e as práticas dos padres, como José de Anchieta, concorriam com os dos
pajés. Muitos grupos indígenas foram convencidos a abrigar-se nos aldeamentos jesuítas sob
a proteção espiritual dos missionários. Outros fugiram para o interior, para escapar tanto dos
padres como dos soldados portugueses. Esse medo tinha razão de existir. Alguns autores
estimam que havia cerca de um milhão de índios na costa brasileira, em 1500. Um século
depois, essa população havia praticamente desaparecido. A maior parte morreu nas guerras de
conquista, por maus-tratos e pelas doenças trazidas pelos conquistadores.
O despovoamento do Brasil.
Nem todos os habitantes da costa morreram. Muitos fugiram para o interior; este,
porém, já estava povoado. Tanto a Amazônia como o Brasil Central, estavam ocupados por
diversos grupos indígenas, a maioria deles com costumes e línguas muito diferentes dos Tupi.
Essa fuga para o interior provocou uma reação em cadeia (como quando derrubamos peças de
dominó enfileiradas). Ao invadir os territórios de outros povos, os Tupi do litoral causavam
novas guerras e transmitiam as novas doenças adquiridas no contato com os europeus.
Os portugueses, por sua vez, passaram a buscar escravos cada vez mais longe da
costa. As famosas bandeiras paulistas e os bandeirantes são os representantes mais
conhecidos desse processo de colonização violenta do interior, que levou não ao povoamento
do Brasil, como se costuma dizer, mas a seu despovoamento, matando e escravizando
dezenas de milhares de índios. Entre 1580 e 1640, as expedições paulistas concentraram-se
na captura dos Guarani - que viviam no interior dos atuais estados de São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul - para forçá-los a trabalhar na lavoura. Com o
esgotamento dessa fonte de mão-de-obra, os paulistas voltaram-se para a região dos rios
Araguaia e Tocantins, que já vinham explorando irregularmente desde o começo daquele
século.
As mortes causadas pelas doenças serviam de combustível às expedições de
escravização. Criava-se um círculo vicioso: a falta de mão-de-obra indígena nas imediações
das vilas aumentava as ações de escravização no interior; a escravização expunha cada vez
mais as populações indígenas às epidemias; com as epidemias, tornava-se necessário a
realização de novas expedições no interior. Foi assim que o Brasil foi sendo despovoado. Ali,
onde havia uma população indígena numerosa, foram-se criando vazios populacionais,
territórios livres para serem ocupados pelos colonizadores. Mas não pense que isto tudo é
passado. Ainda hoje, os cerca de 300 mil índios vivendo no Brasil têm de lutar para garantir a
posse de suas terras contra a invasão de madeireiros, fazendeiros e garimpeiros - estes
colonizadores dos nossos dias, que descobriram novos métodos para retirar os índios de suas
terras e as riquezas que nelas existem.
Sugestão de vídeo aula: Disponível em: <https://youtu.be/32yOeie37Z0>. Acesso
em: 14 abr. 2020.
Referências
FAUSTO, Carlos. A outra história do descobrimento do Brasil. Revista Ciência Hoje
das Crianças. Rio de Janeiro:SBPC, Ano 13, Ed. 101, Abril, 2000.
Disponível em:
<http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/arquivos/File/ceert/EF1_guiaideias2.pdf>. >. Acesso
em: 14 abr. 2020.
2. GEOGRAFIA
1. Hidreletricidade
Os rios que apresentam declividade acentuada em seu curso em geral possuem
potencial hidrelétrico, principalmente se seu suprimento de água for garantido por clima ou
hidrografia favoráveis. Para gerar eletricidade a partir da água dos rios, é necessário que haja
desníveis onde barragens possam ser construídas de maneira que uma represa seja criada.
Trata-se de uma forma considerada não poluente, relativamente barata e renovável de
obtenção de energia, embora o alagamento de grandes áreas, por causa da construção das
barragens e do represamento da água, cause profundos impactos socioambientais. Observe
nas ilustrações a seguir que, em terrenos mais planos, ocorre inundação de extensas áreas. Já
em terrenos que possuem desnível mais acentuado a superfície inundada é menor. A energia
tende a ser produzida com maior eficiência quanto maior for a diferença de altura obtida entre
o nível de água e a turbina. Em terrenos com maior declividade é possível obter maiores
desníveis, com menor superfície de água represada. Embora gere energia elétrica mais limpa
e barata do que outras fontes e melhore o abastecimento de água, a construção de uma
hidrelétrica gera, necessariamente, impactos, como o desalojamento de populações, o
alagamento de vegetação nativa ou de áreas agrícolas, além da alteração na vazão dos rios,
entre outros impactos socioambientais. Por isso, deve ser precedida de minucioso estudo das
consequências ambientais, sociais e arqueológicas, para mensurar a viabilidade técnica,
social, ambiental e econômica do represamento.
Na prática, a produção de energia hidrelétrica depende da energia solar, pois a água,
em seu ciclo, é transportada para compartimentos mais elevados do relevo pela evaporação e
posterior precipitação. Por isso, os países de relevo ondulado, grande extensão territorial
(portanto, maior área de insolação) e muitos rios, em geral, apresentam grande potencial
hidráulico. É o caso do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos, da China, da Rússia e da
Índia. Observe, na tabela abaixo, que o Brasil ocupa posição importante na produção total de
energia hidrelétrica em escala global, destacando-se também entre os países que possuem
maior participação da hidroeletricidade no total da energia elétrica gerada.
2. Hidrelétricas no Brasil*
A energia elétrica atende cerca de 92% dos domicílios no país. As hidrelétricas no
Brasil correspondem a 90% da energia elétrica produzida no país. A instalação de barragens
para a construção de usinas iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi após
a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser
relevante na produção de energia brasileira.
Apesar de o país apresentar o terceiro maior potencial hidráulico do mundo (atrás
apenas de Rússia e China), o Brasil importa parte da energia hidrelétrica que consome. Isso
porque a maior hidrelétrica das Américas e segunda maior do mundo, a Usina de Itaipu, não é
totalmente brasileira. Por se encontrar na divisa do país com o Paraguai, 50% da produção da
usina pertence ao país vizinho que, na incapacidade de consumir esse montante, vende o
excedente para os brasileiros. Além do mais, o Brasil também compra energia produzida
pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Yaceritá.
O país está entre os que possuem a maior estrutura de recursos naturais para geração
de energia do mundo:
1) Usina Hidrelétrica de Itaipu: Estado:Paraná|Rio: Paraná|Capacidade:14.000 MW
2) Usina Hidrelétrica de Belo Monte: Estado:Pará|Rio: Xingú|Capacidade: 11.233 MW
3) Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós: Estado:Pará|Rio:Tapajós|Capacidade:8.381 MW
4) Usina Hidrelétrica de Tucuruí:Estado: Pará | Rio: Tocantins| Capacidade: 8.370 MW
5) Usina Hidrelétrica de Santo Antônio:Estado: Rondônia|Rio: Madeira|Capacidade: 3.300 MW
6) Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira:Estado:São Paulo|Rio: Paraná|Capacidade: 3.444 MW
7) Usina Hidrelétrica de Jirau: Estado: Rondônia|Rio: Madeira|Capacidade: 3.300 MW
8) Usina Hidrelétrica de Xingó: Estados: Alagoas e Sergipe| Rio:São Francisco| Capacidade: 3.162
MW
9) Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso IV: Estado: Bahia|Rio: São Francisco|Capacidade: 2.462
MW
10) Usina Hidrelétrica Jatobá: Estado: Pará|Rio: Tapajós| Capacidade: 2.338 MW
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=a49KBqhOzss>. Acesso em: 15 abr. 2020.
Sugestão de vídeo aula: Hidrelétricas. Disponível em:
<https://plataformaintegrada.mec.gov.br/recurso?id=3402&name=Aproveitamento%20hidroe
l%C3%A9trico%20de%20castelo%20de%20bode>. Acesso em: 15 de abr. 2020.
Referências
MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização: ensino médio. (Orgs.) MOREIRA, João Carlos Moreira & SENE, Eustáquio de,
3ª ed., São Paulo: Scipione, 2016.
Disponível em:
<https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html
>. Acesso em: 14 abr. 2020.
3. FILOSOFIA.
Disponível em: <http://giulianofilosofo.blogspot.com/2009/07/aristoteles.html.>. Acesso em: 14 abr. 2020.
Orientação para a leitura: tenha em mão um dicionário ou acesso a internet para
consultar as palavras que você não compreende o significado. É importante que copie a
palavra e o significado dela no caderno ou em suas anotações.
O filósofo Aristóteles1 sustenta que a virtude é um hábito e, portanto, não só pode,
mas também deve ser ensinada, constituindo-se talvez numa das tarefas mais importantes da
educação do homem.
Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande
parte, a excelência intelectual deve, tanto o seu nascimento quanto o seu desenvolvimento, à
instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto
do hábito, razão pela qual seu nome é derivado, com uma ligeira variação, da palavra
“hábito”. É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas de excelência moral se
constitui em nós por natureza, pois nada que existe por natureza pode ser alterado pelo
hábito. Por exemplo, a pedra, que por natureza se move para baixo, não pode ser habituada a
mover-se para cima, ainda que alguém tente habituá-la jogando-a dez mil vezes para cima;
tampouco o fogo pode ser habituado a mover-se para baixo, nem qualquer outra coisa que por
natureza se comporta de certa maneira pode ser habituada a comportar-se de maneira
diferente. Portanto, nem por natureza, nem contrariamente à natureza, a excelência moral é
engendrada em nós, mas a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se
1 Texto extraído do autor: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. 6.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
aperfeiçoa com o hábito. Além disto, em relação a todas as faculdades que nos vêm por
natureza, recebemos primeiro a potencialidade, e somente mais tarde exibimos a atividade
(isto é claro no caso dos sentidos, pois não foi por ver repetidamente ou repetidamente ouvir
que adquirimos estes sentidos; ao contrário, já os tínhamos antes de começar a usufrui-los, e
não passamos a tê-los por usufrui-los); quanto às várias formas de excelência moral, todavia,
adquirimo-las por havê-las efetivamente praticado, tal como fazemos com as artes. As coisas
que temos de aprender antes de fazer, aprendemo-las fazendo-as — por exemplo, os homens
se tornam construtores construindo, e se tornam citaristas tocando cítara; da mesma forma,
tornamo-nos justos praticando atos justos, moderados agindo moderadamente, e corajosos
agindo corajosamente. Esta asserção é confirmada pelo que acontece nas cidades, pois os
legisladores formam os cidadãos habituando-os a fazerem o bem; esta é a intenção de todos
os legisladores; os que não a põem corretamente em prática falham em seu objetivo, e é sob
este aspecto que a boa constituição difere da má.
Ademais, toda excelência moral é produzida e destruída pelas mesmas causas e pelos
mesmos meios, tal como acontece com toda parte, pois é tocando a cítara que se formam
tanto os bons quanto os maus citaristas, e uma afirmação análoga se aplica aos construtores e
a todos os profissionais; os homens são bons ou maus construtores por construírem bem ou
mal. Com efeito, se não fosse assim não haveria necessidade de professores, pois todos os
homens teriam nascido bem ou mal dotados para as suas profissões. Logo, acontece o mesmo
com as várias formas de excelência moral; na prática de atos em que temos de engajar-nos
dentro de nossas relações com outras pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; na prática de
atos em situações perigosas, e adquirindo o hábito de sentir receio ou confiança, tornamo-nos
corajosos ou covardes. O mesmo se aplica aos desejos e à ira; algumas pessoas se tornam
moderadas e amáveis, enquanto outras se tornam concupiscentes ou irascíveis, por se
comportarem de maneiras diferentes nas mesmas circunstâncias. Em uma palavra, nossas
disposições morais resultam das atividades correspondentes às mesmas. É por isto que
devemos desenvolver nossas atividades de uma maneira predeterminada, pois nossas
disposições morais correspondem às diferenças entre nossas atividades. Não será pequena a
diferença, então, se formarmos os hábitos de uma maneira ou de outra desde nossa infância;
ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva.
Sugestão de vídeo aula: “Ética a Nicômaco”. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Cls6BYhGpyc>. Acesso em: 14 abr. 2020.
4. SOCIOLOGIA
Organização social do trabalho e o cenário atual: desemprego, subemprego e tempo
livre
O trabalho, de uma forma ou de outra, está sempre presente na vida cotidiana. Nesta
aula, veremos como a organização social do trabalho é pensada pela Sociologia e como esta
organização influencia a dinâmica da vida social e da relação entre os indivíduos. Com o
desenvolvimento cada vez mais rápido da tecnologia, surgem novas configurações nas
relações trabalhistas que podem acarretar o aumento de desempregos e subempregos.
Quando compramos e utilizamos um produto como uma simples calça jeans, por
exemplo, nem sempre paramos para pensar em todo o processo de produção. Para produzi-la,
foi necessário o cultivo do algodão nos campos e fazendas, sua transformação em um tecido,
o corte e costura para transformá-lo em calça jeans, o transporte até as lojas para, finalmente,
a roupa ser vendida para você. Quanto trabalho envolvido numa única peça de roupa, não é
mesmo? Hoje em dia, podemos até comprar essa peça de roupa via internet, o que requer
outros tipos de trabalho envolvidos até o produto chegar até você.
Quando pensamos na produção de um determinado produto, além do que cerca os
trabalhos formais, no presente podemos verificar outras condições que derivam do processo
de produção de bens materiais. Esse é o caso de subempregos, empregos informais e
desemprego. Mas, será que as coisas sempre foram assim?
Em algumas sociedades antigas já havia a hierarquização entre os diferentes trabalhos,
que eram utilizados como forma de diferenciar e classificar as pessoas. O trabalho braçal, por
exemplo, era entendido como uma atividade repugnante e, muitas vezes, associado à servidão
e escravidão. Enquanto isso, o trabalho intelectual era mais valorizado. A partir da chamada
Idade Moderna, com o estabelecimento do capitalismo como principal forma de sistema de
produção, a organização social do trabalho sofreu transformações profundas que ainda
reverberam nos dias atuais.
Para o sociólogo alemão Max Weber, a explicação da transformação dos
entendimentos acerca da ideia de trabalho – antes visto de forma negativa – está na ascensão
do protestantismo, pois o movimento religioso considerava o trabalho como algo que
dignifica o ser humano.
Conforme Weber afirma em seu famoso livro “A ética protestante e o espírito do
capitalismo”, o protestantismo pregava que o caminho para a salvação espiritual era uma vida
regrada e voltada para o trabalho. Além disso, a religião condenava a preguiça, o ócio e o
luxo. Sendo assim, o sucesso no trabalho era sinônimo de boa conduta e desenvolvimento
espiritual e, portanto, de salvação. A ideologia protestante ainda indicava a acumulação dos
frutos do trabalho no lugar do consumo, o que, para Weber, foi fundamental para o
desenvolvimento do capitalismo.
Nos diferentes momentos históricos do processo de desenvolvimento do capitalismo,
é possível constatar a transformação das relações trabalhistas vigentes. Devemos considerar
que as relações de trabalho estabelecidas em um dado momento da história influenciam e
determinam diretamente a vida cotidiana, assim como as relações sociais existentes entre os
indivíduos.
Importante destacar que é no âmbito da organização social do trabalho nas sociedades
capitalistas que podemos diferenciar as ideias de trabalho e emprego, sendo esse último
entendido como a relação contratual estabelecida entre quem organiza o trabalho e quem
realiza o trabalho.
Para o alemão Karl Marx, é o modo de produção que determina a divisão entre os
indivíduos de uma sociedade. Isso significa dizer que a organização social em classes é
definida pelo posicionamento dos indivíduos no processo de produção. Na sociedade
capitalista, esta divisão é verificada entre os proprietários dos meios de produção (donos de
fábricas e terras) e os não proprietários (trabalhadores e camponeses) chamados,
respectivamente, de burgueses e proletários.
Para Marx, na sociedade capitalista o trabalho passa a servir para produzir uma
mercadoria que gera o lucro para a burguesia em detrimento da exploração da força de
trabalho do proletariado. Para o autor, a transformação de uma matéria-prima por meio do
trabalho agrega valor a este produto.
O trabalho, por sua vez, pode ser visto como uma mercadoria – vendida pelo
trabalhador e comprada pelo burguês. O valor pago por esta mercadoria, no entanto, não é
adequado. A diferença entre a quantidade de trabalho utilizada para produzi-la e o valor pago
ao trabalhador é apropriada pelos donos dos meios de produção na forma de lucro.
A organização social do trabalho na sociedade capitalista, portanto, teria por
consequência a desigualdade social, já que o aumento da produtividade (e, portanto, o
aumento do trabalho) não garante melhores condições de vida ao trabalhador. Ao mesmo
tempo, a dinâmica aumenta o lucro dos burgueses.
Sugestão de vídeo aula: Quem é Max Weber? Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=25NSWMwZV4o>. Acesso em: 14 abr. 2020.
Referência
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.